Resumo de Direito Administrativo

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RESUMO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

SUMÁRIO

1. Organização da administração pública;


2. Órgãos públicos;
3. Entidades do terceiro setor;
4. Agentes públicos;
5. Ato administrativo;
6. Poderes administrativos;
7. Princípios da administração;
8. Responsabilidade civil do estado;
9. Lei de improbidade administrativa (8429/92);
10. Lei do processo administrativo (9784/99);
11. Controle da administração pública;
12. Serviços públicos.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SEUS SENTIDOS:

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO FORMAL, SUBJETIVO OU ORGÂNICO: É um


conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes que o nosso ordenamento jurídico identifica como
administração pública, não importando a atividade que exerçam. (como regra, esses órgãos, enti-
dades e agentes desempenham função administrativa).

Critério formal de Administração Pública = ADM DIRETA e ADM INDIRETA (autarquias,


fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista).

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO MATERIAL, OBJETIVO OU FUNCIONAL: É o


conjunto de atividades que costumam ser consideradas próprias da função administrativa. O con-
ceito faz referência a ATIVIDADE REALIZADA e NÃO QUEM A EXERCE.

 FORMAL/ SUBJETIVO /ORGÂNICO (QUEM REALIZA): São as entidades administrativas,


órgãos públicos, agentes e pessoas jurídicas.
 MATERIAL/ OBJETIVO /FUNCIONAL (O QUE É REALIZADO): São serviços públicos, po-
lícia administrativa, fomento e intervenção.

No Brasil, o Decreto-lei 200/67, em seu art. 4º, estabelece a organização da administração pú-
blica federal, conforme abaixo transcrito:

Art. 4º. A Administração Federal compreende:

I - A ADMINISTRAÇÃO DIRETA, que se constitui dos serviços integrados na estrutura admi-


nistrativa da Presidência da República e dos Ministérios;

II - A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA, que compreende as seguintes categorias de entidades, do-


tadas de personalidade jurídica própria:

 Autarquias;
 Fundações Públicas;
 Empresas Públicas;
 Sociedades de Economia Mista.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA: são, por exemplo, os ministérios, que estão subordina-
dos à Presidência da República. Não possuem personalidade jurídica própria.

 Federal: Presidência e seus ministérios;


 Estadual/Distrital: Governadoria e suas secretarias;
 Municipal: Prefeitura e suas secretarias.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA: conjunto de entes personalizados que, vinculados a


um ministério e/ou secretaria, prestam serviços públicos ou de interesse público. Estes en-
tes possuem personalidade jurídica própria e executam atividades de governo de forma des-
centralizada.

 Autarquias;
 Fundações públicas;
 Empresas públicas;
 Sociedades de economia mista.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA: União, Estados, D.F e Municípios.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA: é formada mediante a Descentralização Administrati-


va por Outorga legal, a qual transfere a titularidade e a execução do serviço, é composta por:

1. Autarquias > Personalidade Jurídica de Direito Público > Realizam atividades típicas da
Administração Pública > Sua criação depende de lei específica.
2. Fundações Públicas > Podem ter Personalidade Jurídica de Direito Público ou Privado >
Sua criação depende de lei autorizativa.
3. Empresas Públicas > Personalidade Jurídica de Direito Privado > Capital totalmente públi-
co > Servidores Públicos Celetistas > Sua criação depende de lei autorizativa > Realizam
atividades de caráter econômico.
4. Sociedade de Economia Mista > Personalidade Jurídica de Direito Privado > Capital mis-
to, desde que a maioria seja público > Servidores Públicos Celetistas > Sua criação depende
de lei autorizativa > Realizam atividades de caráter econômico.

OBS 1: As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministé-


rio em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade. Esse controle vincu-
lado é denominado de TUTELA OU SUPERVISÃO MINISTERIAL OU CONTROLE FINALÍS-
TICO. Seu maior objetivo é observar se as entidades da Administração Pública Indireta estão
exercendo suas funções em compatibilidade com a finalidade a que foram criadas.

OBS 2: As entidades da Administração Pública Indireta NÃO estão subordinadas aos seus
órgãos criadores, ou seja, não se subordinam a Administração Pública Direta. Não existe um
controle de subordinação, ou seja, aquelas entidades não se subordinam ao Poder Hierárquico.

OBS 3: Entretanto, existe incidência do Poder Hierárquico, ou seja, subordinação, dentro da


mesma pessoa jurídica, como ocorre com a chamada Desconcentração Administrativa, em que
uma Entidade cria um Órgão Público, desconcentrando um serviço dentro de uma mesma pessoa
jurídica. Assim sendo, existe esta relação de hierarquia entre um Órgão Público e uma Entidade.

OBS 4: “os conselhos reguladores de profissão têm natureza jurídica de AUTARQUIA,


uma vez que atuam no exercício do poder de polícia, ao estabelecer restrições ao
exercício da liberdade profissional e que tal poder é indelegável a particulares."

OBS 5: Todos os entes (União, Estados, Municípios e DF) e poderes (Legislativo, Exe-
cutivo e Judiciário) possuem Administração Pública Indireta. No tocante aos poderes,
embora não seja comum Legislativo e Judiciário possuírem entidades de Administra-
ção Indireta, não existe qualquer vedação constitucional nesse sentido.
Para o STF, a OAB não é uma autarquia, ela não se encontra na mesma situação dos conse-
lhos fiscalizadores de profissões regulamentadas. Trata-se de entidade ímpar, “sui generis”,
um “serviço público independente”, que não integra a administração pública, nem pode ser classi-
ficada em categoria alguma prevista em nosso ordenamento jurídico.

Os conselhos regionais e federais de fiscalização de profissão, com exceção da OAB, são autarqui-
as federais (conhecidas como autarquias corporativas ou profissionais), consoante entendimento
do STF.

DICA!

 Conselhos regionais ou federais São autarquias.


 O conselho da OAB não é uma autarquia e não está sujeito a controle da adminis-
tração.

DIFERENÇAS ENTRE:

CENTRALIZAÇÃO: ocorre quando a própria União, o Estado, DF ou o município exerce


diretamente suas atribuições. Exemplo: Serviço de ensino fornecido pela Secretaria de Educa-
ção de uma cidade.
ATENÇÃO: Veja que a Secretaria de Educação é um órgão da administração direta, ou seja, não
possui personalidade jurídica própria. Portanto, nada mais é do que a própria figura do município.

DESCENTRALIZAÇÃO: Ocorre quando o Estado transfere suas atribuições a outras pessoas,


públicas ou privadas. Neste caso, quem recebe tais atribuições possui uma personalidade jurídica
distinta daquela do ente político. Além disso, vale lembrar que não há relação de subordinação
entre quem delega e quem exerce as atribuições delegadas, mas sim apenas uma espécie de con-
trole finalístico (de desempenho) nesse sentido. Ex: Município que cria uma empresa pública
destinada a executar serviços de tratamento de esgoto.

HÁ DUAS FORMAS DE DESCENTRALIZAÇÃO:

DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA LEGAL/TÉCNICA/ POR SERVIÇOS /FUNCIONAL:


 Estado cria a entidade administrativa;
 Transfere a titularidade e a execução;
 Mediante lei.

DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO/COLABORAÇÃO:


 Estado não cria entidade;
 Transfere somente a execução da atividade (titularidade não);
 Mediante contrato administrativo por PRAZO DETERMINADO.

CONCENTRAÇÃO: trata-se de uma técnica administrativa que visa transferir para os órgãos cen-
trais as atividades exercidas pelos órgãos periféricos, de forma que estes sejam eliminados e haja
um menor número de unidades administrativas. É a Técnica administrativa que promove
a extinção de órgãos públicos.
DESCONCENTRAÇÃO: é o processo inverso da concentração, ou seja, é a realocação interna de
competências dos órgãos centrais para órgãos e unidades administrativas periféricas.
ATENÇÃO: Os processos de concentração e desconcentração ocorrem sempre no âmbito interno
de uma mesma entidade, dentro da mesma pessoa jurídica.

Relação ADMINISTRAÇÃO DIRETA x ADMINISTRAÇÃO INDIRETA:

Pode:
 Vinculação;
 Tutela administrativa;
 Controle finalístico;
 Supervisão ministerial.

Não pode:
 Hierarquia;
 Subordinação;
 Controle hierárquico.

ART. 37, XIX DA C.F- somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autori-
zada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.

DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO

A desconcentração é uma distribuição interna de competências, ou seja, uma distri-


buição de competências dentro da mesma pessoa jurídica e se refere somente
aos órgãos que fazem parte do seu corpo funcional.

Já a descentralização é a distribuição de competências de uma para outra pessoa, físi-


ca ou jurídica, e pode ser através de outorga legal/técnica/por serviços/funcional,
quando há a transferência da titularidade e da execução do serviço público, ou por
meio de delegação, que é a mera transferência da execução destes serviços.

 DESCONCENTRAÇÃO --> Cria Órgãos (sem personalidade jurídica)


 DESCENTRALIZAÇÃO --> Cria Entidades (com personalidade jurídica)

DIFERENÇAS ENTRE:

AUTARQUIAS: são entidades de direito público, criadas por meio de lei para desempe-
nhar atividades típicas do Estado.
 Pessoas jurídicas de direito público;
 Criadas por lei específica (lei ordinária);
 Possuem patrimônio próprio;
 Possuem autonomia administrativa e financeira;
 Seus bens são impenhoráveis;
 Não se submetem ao regime falimentar;
 Possuem privilégios processuais, como prazo em DOBRO para contestar e para
recorrer;
 Inscrição de seus créditos em dívida ativa;
 Responsabilidade objetiva e direta;
 Exemplos: INSS, BANCO CENTRAL, ANAC, ANATEL, IBAMA, INCRA, ANVISA, AN-
CINE, IPHAN etc.

FUNDAÇÕES PÚBLICAS: são entidades de direito público ou privado, criadas para a


prestação de atividades de interesse público (social, educacional ou cultural) e com
um patrimônio próprio personalizado.
 Pessoas jurídicas de direito público ou privadas;
 Se de direito público, são chamadas de fundações autárquicas ou autarquias fun-
dacionais e possuem as mesmas características das autarquias (criação por meio
de lei específica, por exemplo). Se de direito privado, são somente autorizadas
por lei, dependendo do registro de seus atos constitutivos para a criação;
 Possuem patrimônio próprio;
 Possuem autonomia administrativa e financeira;
 Se de direito público, possuem os mesmos privilégios processuais das autarqui-
as;
 Não se submetem ao regime falimentar;
 Independentemente do tipo de constituição (Pública ou Privada) AS FUNDAÇÕES
PÚBLICAS NÃO PODEM EXERCER ATIVIDADES ECONÔMICAS;
 Exemplos: IBGE, FUNAI, PROCON, etc.

A criação de uma fundação pública de direito público realmente ocorre por meio de
uma lei ordinária específica, pois esta será equiparada a uma autarquia. Portanto, não
cabe cogitar qualquer espécie de inscrição de atos constitutivos, pois a própria lei é o
ato constitutivo da entidade. Diferentemente do que ocorre com as pessoas jurídicas
de direito privado, que só adquirem personalidade jurídica com a inscrição de seus
atos constitutivos no respectivo registro (Código Civil, art. 45).

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: são pessoas jurídicas de direito privado, criadas


por meio de autorização legislativa, para prestar serviço público ou explorar atividade
econômica, contando com um capital misto.
 Pessoas jurídicas de direito privado;
 São autorizadas por lei;
 Possuem patrimônio próprio;
 Possuem autonomia administrativa e financeira;
 Seus bens são penhoráveis;
 Capital misto, público/privado;
 Pode adotar somente a forma de Sociedade Anônima (S/A);
 Não podem gozar de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado;
 Se prestadoras de serviço público, não se submetem ao regime falimentar (para
preservar a continuidade do serviço). Já se forem exploradoras de atividade eco-
nômica, podem falir;
 Exemplos: Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás, etc.
EMPRESAS PÚBLICAS: são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por meio de
autorização legislativa, para prestar serviço público ou explorar atividade econômica,
contando com um capital inteiramente público.
 Pessoas jurídicas de direito privado;
 São autorizadas por lei;
 Possuem patrimônio próprio;
 Possuem autonomia administrativa e financeira;
 Seus bens são penhoráveis;
 Capital 100% público;
 Pode adotar qualquer forma societária;
 Não podem gozar de privilégios fiscais não extensivos ao setor privado;
 Se prestadoras de serviço público, não se submetem ao regime falimentar (para
preservar a continuidade do serviço). Já se forem exploradoras de atividade eco-
nômica, podem falir;
 Precisa está com a inscrição dos atos constitutivos no Registro competente;
 Exemplos: Caixa Econômica Federal, Correios, BNDES, etc.

MUITO CUIDADO:

1. SERVIÇO PÚBLICO PERSONIFICADO > AUTARQUIA.


2. PATRIMÔNIO PÚBLICO PERSONIFICADO > FUNDAÇÃO PÚBLICA.

De acordo com a Lei 13.303 Art. 27. A empresa pública e a sociedade de economia
mista terão a função social de realização do interesse coletivo ou de atendimento a
imperativo da segurança nacional expressa no instrumento de autorização legal para a
sua criação.

SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA


MISTA:

EMPRESA PÚBLICA

AUTORIZADA POR LEI + REGISTO;


Personalidade jurídica: Direito Privado;
Finalidade: prestar serviço público ou explorar atividade econômica;
Regime jurídico: híbrido = Direito Público + Direito Privado;
Responsabilidade civil:
Se prestadora de serviço público = responsabilidade civil objetiva;
Se exploradora de atividade econômica = responsabilidade civil SUBJETIVA.
Regime pessoal: CLT;
Capital: 100% Público;
Constituição: qualquer forma admitida em direito;
Competência judicial: Justiça Federal OU Estadual.
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

AUTORIZADA POR LEI + REGISTO;


Personalidade jurídica: Direito Privado;
Finalidade: prestar serviço público ou explorar atividade econômica;
Regime jurídico: híbrido = Direito Público + Direito Privado;
Responsabilidade civil:
Se prestadora de serviço público = responsabilidade civil OBJETIVA;
Se exploradora de atividade econômica = responsabilidade civil SUBJETIVA.
Regime pessoal: CLT;
Capital: 50% + 1% Público;
Constituição: obrigatoriamente na forme de SOCIEDADE ANÔNIMA;
Competência judicial: somente Justiça Estadual.

ENTES, ENTIDADES OU PESSOAS POLÍTICAS são pessoas jurídicas de direito público in-
terno, que no Brasil são: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. As entidades
políticas possuem a característica principal de gozarem de autonomia política (tradu-
zida pela capacidade de auto-organização).

ENTES, ENTIDADES OU PESSOAS ADMINISTRATIVAS, por sua vez, são as pessoas jurídi-
cas que integram a administração pública sem dispor de autonomia política. Elas com-
põem a administração indireta, como a autarquia, por exemplo.

CONTROLE FINALÍSTICO/SUPERVISÃO MINISTERIAL --> é um meio de controle administra-


tivo exercido sobre as entidades integrantes da administração indireta em relação ao
ministério a que estejam vinculadas (é um controle que depende de lei que o estabe-
leça, determine os meios de controle, as autoridades responsáveis pela sua realização,
bem como as suas finalidades). Esta vinculação não é uma subordinação hierárquica,
já que as entidades têm autonomia e independência. É um controle quanto ao objetivo
das atividades desenvolvidas e é limitado.

Professor Hely Lopes Meirelles: O controle hierárquico é pleno e ilimitado e o controle


das autarquias e das entidades paraestatais, em geral, sendo apenas um controle fina-
lístico, é sempre restrito e limitado aos termos da Lei que o estabelece.

De forma exaustiva, a relação entre ENTES POLÍTICOS E ADMINISTRATIVOS é de:

 Vinculação;
 Controle finalístico;
 Supervisão ministerial (na esfera federal);
 Tutela administrativa;
 Controle de metas ou controle de resultados.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da administra-


ção indireta, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante os seus
servidores estarem sujeitos ao regime celetista.
PRINCÍPIO DA DESCENTRALIZAÇÃO OU ESPECIALIDADE: Constituem princípios fun-
damentais da organização administrativa:

 Planejamento;
 Coordenação;
 Controle;
 Descentralização;
 Delegação de Competência.

O princípio da descentralização ou especialidade recomenda que, sempre que possível


as funções administrativas devem ser desempenhadas por pessoas jurídicas autôno-
mas, criadas por lei especificamente para tal finalidade. É o caso das autarquias, funda-
ções públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Ocorre a chamada descentralização administrativa quando o Estado desempenha algumas de


suas atribuições por meio de outras pessoas, e não pela sua administração direta. A descentrali-
zação pressupõe duas pessoas distintas: o Estado (a União, o Distrito Federal, um es-
tado ou um muni ípio e a pessoa que e e utar o servi o, por ter re e ido do stado
essa atribuição.

A descentralização pode ocorrer mediante outorga legal, também denominada descentraliza-


ção por serviços, t cnica ou funcional ou mediante delegação, tamb m chamada descentrali-
ação por colaboração alertamos que se trata de termos cunhados pela doutrina alguns autores
prop em outras e press es, tais como “delegação legal", no lugar de "outorga", e “delegação ne-
gocial’’, em ve de simplesmente “delegação”“.).

A des entra i a o ser efetivada mediante outorga quando o stado cria uma entidade pes-
soa jurídica) e a ela transfere determinado serviço público. outorga pressup e obrigatoriamente
a edição de uma lei que institua a entidade, ou autori e a sua criação, e normalmente seu pra o
indeterminado.

A doutrina aponta como fundamento dessa modalidade de des entra i a o o assim


hamado prin ípio da espe ia i a o ou da espe ia idade : um ente federado - União,
estados, istrito ederal ou munic pios - edita uma lei por força da qual ompet n ias espe-
ífi as, ne a dis riminadas, que originariamente foram a ele atribuídas, passarão a ser
exercidas por uma pessoa jurídica distinta uma entidade de sua administração indireta), no
pressuposto te rico de que essa especiali ação propiciar maior capacitação para o desempenho
timo daquelas compet ncias.

AGÊNCIA EXECUTIVA: é uma qualificação dada à autarquia ou fundação que cele-


bre contrato de gestão com o órgão a que se ache vinculada, para a melhoria da efici-
ência e redução de custos. “S o, na rea idade, autarquias ou funda ões que, em de-
corrência dessa qualificação, passam a submeter-se a regime jurídi o espe ia ”.
Características das agencias executivas:

 É uma qualificação dada por decreto presidencial;


 Pode ser autarquia ou fundação;
 Celebra contrato de gestão com o órgão que se ache vinculado com o objetivo de melhorar
a eficiência do serviço e diminuir seus custos;
 A autarquia ou fundação que recebe essa qualificação passa a submeter-se a regime jurídi-
co especial;
 Não se configura como uma nova pessoa jurídica.

AGÊNCIA REGULADORA: As Agências Reguladoras são autarquias em regime especial,


criadas por lei, são pessoas jurídicas de direito público, dotadas de autonomia. Logo são
integrantes da Administração Pública Indireta. Sua finalidade é de regular/fiscalizar a ativida-
de de determinado setor da economia.

Os dirigentes das agências reguladoras são nomeados pelo Presidente da Repúbli-


ca após prévia aprovação pelo Senado Federal. Estes dirigentes gozam de mandatos com
prazo fixo e só saem do cargo mediante renúncia ou condenação judicial. Encerrado o mandato,
os dirigentes estão sujeitos à “quarentena”, per odo no qual ficam impossibilitados por 6 meses
de trabalharem no mesmo ramo de atividade na iniciativa privada. A quarentena é remunerada.

Característica das agências reguladoras:

 Autarquia sob-regime especial;


 PJ de Direito Público;
 Maior autonomia administrativa;
 Poder normativo técnico;
 Autonomia decisória;
 Independência administrativa;
 Autonomia econômico-financeira;
 Não são independentes.

CUIDADO: Não confundir com AGÊNCIA EXECUTIVA, constituída através da qualifica-


ção de uma autarquia ou fundação pública e possui autonomia administrativa de acor-
do com a previsão do contrato de gestão.
ORGÃOS PÚBLICOS
ÓRGÃOS PÚBLICOS são unidades integrantes da estrutura de uma mesma pessoa jurí-
dica nas quais são agrupadas competências a serem exercidas por meio de agentes
públicos.

 São meros centros de competências;


 Não possuem personalidade jurídica própria;
 São resultados da técnica de organi a o administrativa onhe ida omo “des-
on entra o”.

REGRA: os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica.

EXCEÇÃO: entretanto, alguns órgãos são dotados de capacidade processual (podem ir


ao judiciário para defender interesse de sua instituição, MS para garantir suas prerro-
gativas por exemplo).

Teorias sobre a Natureza do Órgão

1. Teoria Subjetiva: estabelece que o Órgão Público é o próprio agente público, sendo criti-
cada pela doutrina já que se o agente público desaparecer, o Órgão deixa de existir;
2. Teoria Objetiva: o Órgão Público é um conjunto de atribuições, abstraindo-se completa-
mente a figura do agente (o agente seria desnecessário). Também criticada, pois sem o
agente, o Estado não tem como manifestar sua vontade, abstrato que é;
3. Teoria Eclética ou Mista: há uma composição das duas Teorias citadas anteriormente,
exprimindo a vontade do Estado. Em outras palavras, o Órgão Público não se con-
funde com o agente público, mas sem ele (agente), o Órgão não pode manifestar
a vontade estatal (Teoria mais aceita pela doutrina).

ATENÇÃO: Câmara municipal não tem personalidade jurídica, mas ela tem personali-
dade judiciaria (capacidade processual).

Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas


personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus
direitos institucionais.

EXTRA-ATENÇÃO: Somente os órgãos independentes e autônomos possuem capacida-


de processual!

TEORIA DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS:

No Brasil, adota-se a TEORIA DO ÓRGÃO/TEORIA DA IMPUTAÇÃO, idealizada pelo ju-


rista Otto Gierke, que destaca como principal característica o Princípio da Imputação
Volitiva, ou seja, imputação de vontade. Tem-se a ideia de que os atos não são impu-
tados ao agente que os pratica, mas ao Órgão ou Entidade em nome do qual ele atua.
Considerações:

 Pelo fato do órgão não possuir personalidade jurídica (despersonalizado), a atu-


ação do órgão é imputada à pessoa jurídica que ele integra.
 A responsabilidade pelo fato praticado pelo agente é da Pessoa Jurídica.
 Decorre, também, deste princípio, que o ato praticado pelo agente de fato (TEO-
RIA DA APARÊNCIA) é considerado válido, salvo comprovada a má-fé.

TEORIA DO MANDATO: o agente público seria considerado mandatário do Estado;


TEORIA DA REPRESENTAÇÃO: o agente público seria representante do Estado.

REGRA -> Os órgãos públicos não possuem capacidade processual.


EXCEÇÃO -> Os órgãos independentes e autônomos tem tal capacidade em defesa de
suas competências.

PEGADINHA: Os órgãos independentes e autônomos não possuem personalidade jurí-


dica, mas possuem personalidade judiciária.

CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS:

POSIÇÃO ESTATAL:

ÓRGÃOS INDEPENDENTES: São órgãos que não estão hierarquicamente subordinados a ne-
nhum outro, uma vez que se encontram no topo da hierarquia daquele Poder estatal, se sujeitan-
do somente ao controle que é exercido entre os Poderes estruturais do Estado.

 Previstos na CF;
 Topo da hierarquia;
 Exercido por agentes políticos.

1. Para Di Pietro são: as casas legislativas, chefia do Executivo e Tribunais.


2. Para Hely são: as casas legislativas, chefia do Executivo, Tribunais, MP e Tribunal
de Contas.

ÓRGÃOS AUTÔNOMOS: São os subordinados diretamente à cúpula da Administração. Têm


grande autonomia administrativa, financeira e técnica, caracterizando-se como órgãos diretivos,
com funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle das atividades que constituem
sua área de competência. Seus dirigentes são, em geral, agentes políticos nomeados em comis-
são. São os Ministérios e Secretarias, bem como a AGU (Advocacia-Geral da União),
Ministério Público, Defensoria Pública e as Procuradorias dos Estados e Municípios.

ÓRGÃOS SUPERIORES: Possuem poder de direção, controle, decisão e comando dos assuntos
de sua competência específica. Representam as primeiras divisões dos órgãos independentes e
autônomos. Ex.: Gabinetes, Coordenadorias, Departamentos, Divisões, etc.

ÓRGÃOS SUBALTERNOS: São aqueles que se destinam à execução dos trabalhos de rotina,
cumprem ordens superiores. Ex.: Postos de atendimento da Receita Federal.
ESTRUTURA:

1. ÓRGÃOS SIMPLES: Também conhecidos por unitários, são aqueles que possuem apenas
um único centro de competência, sua característica fundamental é a ausência de outro ór-
gão em sua estrutura, para auxiliá-lo no desempenho de suas funções.

2. ÓRGÃOS COMPOSTOS: São aqueles que em sua estrutura possuem outros órgãos meno-
res, seja com desempenho de função principal ou de auxilio nas atividades, as funções são
distribuídas em vários centros de competência, sob a supervisão do órgão de chefia.

COMPOSIÇÃO (FORMA DE ATUAÇÃO FUNCIONAL)

1. ÓRGÃOS SINGULARES: São aqueles que decidem e atuam por meio de um único agente,
o chefe. Possuem agentes auxiliares, mas sua característica de singularidade é desenvolvida
pela função de um único agente, em geral o titular.

2. ÓRGÃOS COLETIVOS: São aqueles que decidem pela manifestação de muitos membros,
de forma conjunta e por maioria, sem manifestação de vontade de um único chefe. A von-
tade da maioria é imposta de forma legal, regimental ou estatutária.

ESFERA DE AÇÃO

1. CENTRAIS: Exercem atribuições em todo o território nacional, estadual, distrital e munici-


pal. Assim, temos os ministérios e as secretarias.
2. LOCAIS: Atuam em parte do território, como delegacias de polícia, postos de saúde etc.

RESUMO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS

 Integram a estrutura de uma pessoa política (União, estados, DF ou municípios) ou de uma


pessoa jurídica administrativa (autarquia, fundação pública, empresa pública ou sociedade
de economia mista);
 Não possuem personalidade jurídica;
 São resultados da DesCOncentração (criar órgãos);
 Alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira;
 Podem firmar, por meio de seus administradores, contrato de gestão com outros órgãos ou
com pessoas jurídicas;
 Não tem capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que integra;
 Alguns têm capacidade processual (independentes e autônomos) para defesa em juízo de
suas prerrogativas funcionais;
 Não possuem patrimônio próprio.
ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR

As ENTIDADES PARAESTATAIS ou do 3º SETOR, ou ADMINISTRAÇÃO DIALÓGICA são


entidades PRIVADAS que atuam ao lado do estado SEM FINS lucrativos. NENHUMA delas integra a
administração pública, tão menos prestam serviço público, mas sim serviços DE INTERESSE PÚ-
BLICO.

Exemplos de Entidades Paraestatais:

1. Serviço Social Autônomo (Sistema "S") - criada mediante autorização de LEI;


2. Entidade de Apoio - criada mediante CONVÊNIO;
3. Organização Social - criada por CONTRATO DE GESTÃO;
4. Organização da Sociedade Civil (OSC) - poderá ser criada por TERMO DE COLABORA-
ÇÃO ou por TERMO DE FOMENTO, ou por ACORDO DE COOPERAÇÃO, a depender.
5. Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)- criada por TERMO DE
PARCERIA;

SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS: não possuem fins lucrativos e não integram a ad-
ministração pública indireta.

Principais características dos SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS:

 São aquelas entidades que colaboram com o Poder Público, a que são vinculadas, atra-
vés da execução de alguma atividade caracterizada como serviço de utilidade pública.
 São pessoas jurídicas de direito privado;
 Não integram a Administração Indireta, razão por que seria impróprio considerá-las
pessoas administrativas;
 Criação depende de lei autorizadora;
 Personalidade tem início com a inscrição de seu estatuto no cartório próprio;
 Prestação de um serviço de utilidade pública, beneficiando certos grupamentos sociais ou
profissionais. Ex: SESI, SESC, SENAI e SENAC;
 AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA;
 Sistema S (SESC, SESI, SENAC, SENAI.);
 Instituídas por Lei;
 Personalidade jurídica de direito privado;
 Atividade de ministrar assistência ou ensino para: categorias sociais ou grupos profissionais;
 Não tem fins lucrativos;
 Mantidos por dotações orçamentárias e contribuições parafiscais (tributos);
 Patrimônio próprio;
 Não estão obrigadas ao dever de licitar.

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS): CONTRATO DE GESTÃO.

 Deve ter personalidade jurídica de direito privado;


 Não pode ter finalidade lucrativa;
 Deve atuar nas atividades de ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnoló-
gico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura ou saúde.
 NÃO INTEGRA A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA.
 Celebra CONTRATO DE GESTÃO.
ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL (OSC): as organizações da sociedade ci-
vil (OSC) são entidades privadas e sem fins lucrativos, cujas atividades buscam atender o interes-
se público.
A LEI 13.019/14 Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para as parcerias entre a administra-
ção pública e organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a con-
secução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de
projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colabora-
ção, em termos de fomento ou em acordos de cooperação.

 Acordo de cooperação (não transfere recursos);


 Termo de colaboração (transfere recursos, proposto pela Administração);
 Termo de fomento (transfere recursos, proposto pela OSC).

ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP): TERMO


DE PARCERIA;

CARACTERÍSTICA DAS OSCIPs

 É pessoa jurídica de direito privado SEM fins lucrativos;


 As OSCIPs prestam serviços sociais não exclusivos do Estado;
 Possuem vínculo jurídico junto ao Poder Público por meio de TERMO DE PARCERIA;
 Ato vinculado por Portaria Ministerial do Ministério da Justiça;
 Vedada à transformação das OSs ou Fundação Pública em OSCIP;
 Não dispõe de previsão legal para recebimento de recursos orçamentários, permissão de
bens públicos, e cessão de servidores;
 É facultativa a participação do Poder Público nas OSCIPs, se houver conselho de adminis-
tração (Facultativo o conselho);
 Funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos;
 Dirigentes recebem remuneração.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTES OSs E OSCIPSs:

OSs OSCIPSs

1. Celebra contrato de gestão; 1. Celebra contrato de parceria;


2. Qualificada pelo ministro de estado; 2. Qualificada pelo ministro da justiça;
3. Pode ser contratada com dispensa de lici- 3. Não há previsão de dispensa de licitação.
tação;

DICA:

1. OS - Organização Social - Contrato de GeStão;


2. OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - Termo de Parceria;
3. OSC - Organização da Sociedade Civil - Termo de Colaboração, Cooperação ou Fomento.
AGENTES PÚBLICOS

Reputa-se AGENTE PÚBLICO todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades da
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território.

AGENTES PÚBLICOS (GÊNERO)

1 - Agentes Políticos;
2 - Agentes Administrativos:
A - Servidor Público -- Exerce Cargo Público
B - Empregado Público -- Exerce Emprego Público
C– servidor Temporário -- Função Pública
3 -Agentes delegados;
4- Agentes credenciados;
5- Agentes honoríficos.

Segundo a classificação proposta por Hely Lopes Meirelles:

AGENTES POLÍTICOS: São os ocupantes do mais alto escalão do poder público, sendo
investidos no cargo através de nomeação, eleição, designação ou delegação.

São agentes políticos:

 Chefes do Executivo (Presidente da República, governadores e prefeitos).


 Auxiliares imediatos dos chefes do Executivo (ministros, secretários estaduais e mu-
nicipais).
 Membros do Poder Legislativo (senadores, deputados e vereadores).

Consideram-se também agentes políticos:

1. Os membros da magistratura (juízes, desembargadores e ministros de tribunais


superiores);
2. Os membros do Ministério Público (promotores de justiça e procuradores da Re-
pública);
3. Os membros dos Tribunais de Contas (ministros e conselheiros);
4. Os representantes diplomáticos.

Os AGENTES POLÍTICOS são todos aqueles que exercem funções políticas do Estado e titulari-
zam cargos ou mandatos de altíssimo escalão, somente se subordinando à Constituição Fe-
deral. São os agentes que estão funcionalmente posicionados no escalão máximo da
estrutura do Estado.
AGENTES ADMINISTRATIVOS: São aqueles que estão sujeitos a uma hierarquia constitucional,
independente de a administração pública ser direta ou indireta. Os servidores públicos e em-
pregados públicos em geral são exemplos de agentes administrativos.

AGENTES DELEGADOS: Estes recebem um encargo estatal com a finalidade de presta-


ção de determinado serviço. Podemos tomar como exemplo de agentes delegados
os concessionários.

AGENTES CREDENCIADOS: São aqueles que recebem a incumbência da administração para


representá-la em determinado ato ou praticar certa atividade específica, mediante remuneração
do poder público credenciante.

AGENTES HONORÍFICOS: São aqueles requisitados para temporariamente desempenharem


uma função pública. Os mesários e os jurados são exemplos desse tipo de agente.

DIFERENÇAS ENTRE:

1. CARGO PÚBLICO: regidos pelo Estatuto do Servidor Público; são os estatutários; geral-
mente são os agentes da Administração Direta, Autarquias e Fundações Públicas.
2. EMPREGO PÚBLICO: regidos pela CLT; são os empregados públicos; geralmente são os
agentes de Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
ATO ADMINSITRATIVO
Para Hely Lopes Meirelles, Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vonta-
de da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato ad-
quirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obriga-
ções aos administrados ou a si própria.

Para Di Pietro, Ato administrativo é a declaração do Estado ou de quem o represente,


que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico
de direito público e sujeita a controle pelo Poder judiciário.

Ato administrativo não pode ser confundido com ato da administração. A expressão
ato da administração é abrangente e representa todos os atos praticados no exercício
da função administrativa.

Ato administrativo é praticado pelo poder executivo, poder legislativo (função atípica), pelo poder
judiciário (função atípica) e ainda pelos particulares no exercício da função administrativa delega-
da.

Os atos administrativos se situam num plano superior de direitos e obrigações, eis que
visam atender aos interesses públicos primários, denominados difusos e coletivos, Por
isso são atos de regime público, sujeitos a pressupostos de existência e validade diversos dos es-
tabelecidos para os atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na Lei de Ação Popular e na Lei
do Processo Administrativo Federal. Ao invés de autonomia da vontade, haverá a obrigatoriedade
do cumprimento da lei e, portanto, a administração só poderá agir nestas hipóteses desde que
esteja expressa e previamente autorizada por lei.

Um ato administrativo pode ser representado das seguintes formas:

1. Escrita;
2. Verbal;
3. Gestual;
4. Luminosa;
5. Simbólica;
6. Sonora;
7. Eletrônica.

A teoria da aparência é adotada pelo direito administrativo brasileiro em decorrência da Teoria


do Órgão, na qual consideram que o Estado manifesta sua vontade por meio de seus órgãos pú-
blicos, de modo que quando os agentes públicos atuam, tal atuação é imputada ao Estado. Assim,
suponhamos o caso de alguém que tenha sido investido irregularmente no serviço público por
meio da fraude em concurso público. Cinco anos depois, foi descoberta a fraude. Naturalmente, a
nomeação deste servidor (funcionário de fato) será anulada. E os atos praticados por ele? Serão
anulados? Se por e emplo esse “servidor” fosse do STJ e tivesse protocolado 300 petiç es iniciais
durante o período em que trabalhou, serão esses processos anulados também? Não! Nenhum
usu rio do serviço público poderia supor que ele tivesse fraudado o concurso. O “agente” tinha
aparência de servidor e, por isso, os atos por ele praticados licitamente não poderão ser anulados.

CUIDADO: A teoria da aparência é abrigada pelo direito administrativo brasileiro


SILÊNCIO ADMINISTRATIVO

 REGRA: O silêncio da administração é um fato administrativo.


 EXCEÇÃO: Nos casos previstos em lei será um ato administrativo.

O silêncio pode consistir em omissão, ausência de manifestação de vontade, ou não. Em deter-


minadas situações poderá a lei determinar a Administração Pública manifestar-se
obrigatoriamente, qualificando o silêncio como manifestação de vontade. Nesses casos, é pos-
sível afirmar que estaremos diante de um ato administrativo.

Neste sentido, explica Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ”até mesmo o silêncio pode significar
forma de manifestação da vontade, quando a lei assim o prevê; normalmente ocorre quando a lei
fi a um pra o, findo o qual o sil ncio da dministração significa concordância ou discordância”.

Desta forma, quando o silêncio é uma forma de manifestação de vontade, produz efeitos de ato
administrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao silêncio determinado efeito jurídico, após o de-
curso de certo prazo.

DOUTRINA:

--> Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “at mesmo o sil ncio pode significar forma de manifesta-
ção da vontade, quando a lei assim o prevê; normalmente ocorre quando a lei fixa um prazo, fin-
do o qual o sil ncio da dministração significa concordância ou discordância”.

--> Bandeira de Mello e de Carvalho Filho, "o silêncio administrativo, isto é, a omissão da
Administração quando lhe incumbe o dever de se pronunciar, quando possuir algum efeito jurídi-
co, não poderá ser considerado ato jurídico e, portanto, também não é ato administrativo." Dessa
forma, os autores consideram o silêncio como um fato jurídico administrativo.

--> Alexandre Mazza: "É certo que o silêncio não é um ato administrativo por ausência de exte-
riorização de comando prescritivo. Trata-se de simples fato administrativo porque o silêncio nada
ordena".

ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO:

 Competência: poder legal conferido ao agente para o desempenho de suas atribuições;


 Finalidade: o ato administrativo deve se destinar ao interesse público (finalidade geral) e
ao objetivo diretamente previsto na lei (finalidade específica);
 Forma: é o modo de exteriorização do ato;
 Motivo: situação de fato e de direito que gera a vontade do agente que pratica o ato;
 Objeto: também chamado de conteúdo, é aquilo que o ato determina, é a alteração no
mundo jurídico que o ato se propõe a processar, ou seja, o efeito jurídico do ato.

CUIDADO COM ESSA DIFERENÇA:

1. Finalidade -------> MEDIATA ------->ambas iniciadas com consoante.


2. Objeto ------------> IMEDIATO-------> ambas iniciadas com vogais.
CO - FI - FO - MO – OB

 COmpetência -----------VINCULADO
 FInalidade ---------------VINCULADO
 FOrma ---------------------VINCULADO
 MOtivo --------------------VINCULADO OU DISCRICIONÁRIO
 OBjeto -------------------- VINCULADO OU DISCRICIONÁRIO

COMPETÊNCIA: é o poder atribuído ao agente para o desempenho específico de suas funções.


As competências resultam de lei e por ela são delimitadas.

São características da competência:

 Obrigatória;
 Irrenunciável;
 Intransferível;
 Imodificável pela vontade do agente;
 Imprescritível.

O art. 11 da Lei do Processo Administrativo estabelece que a competência é irrenunciável e se


exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delega-
ção e avocação legalmente admitidos

A delegação de competência envolve a transferência da execução ou da incumbência da prestação


do serviço, sendo que a titularidade permanece com o delegante, que poderá, a qualquer momen-
to, revogar a delegação.

Um “ rgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, eco-
nômica, jur dica ou territorial”.

Não podem ser objeto de delegação:

 A edição de atos de caráter normativo;


 A decisão de recursos administrativos;
 As matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

De acordo com a Lei 9.784/99, ser permitida, “em ar ter e ep iona e por motivos re-
levantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a
órg o hierarqui amente inferior”

FINALIDADE: A finalidade é o objetivo de interesse público a atingir. É o resultado mediato do


ato administrativo. Todo ato administrativo deve ser praticado com o fim público. Dessa forma, a
finalidade é um elemento vinculado do ato administrativo, pois não se concebe a atuação dos
órgãos e agentes públicos fora do interesse público ou da finalidade expressamente prevista em
lei.
FORMA: A forma é o elemento exteriorizador do ato administrativo, constituindo um elemento
vinculado.

MOTIVO: O motivo, também chamado de causa, é a situação de direito ou de fato que determina
ou autoriza a realização do ato administrativo.

O motivo pode estar previsto em lei, caso em que será um elemento vinculado; ou po-
de ser deixado a critério do administrador, quando teremos um ato discricionário.

MOTIVO E MOTIVAÇÃO SÃO COISAS DISTINTAS.

 MOTIVO: corresponde aos pressupostos de fato e de direito do ato administrativo;


 MOTIVAÇÃO: corresponde à exposição ou declaração POR ESCRITO do motivo da reali-
zação do ato.

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

Pela Teoria dos Motivos Determinantes, não importa se deve haver ou não a motivação do
ato administrativo, pois o administrador fica vinculado aos motivos declarados para a
prática do ato. Uma vez feita a motivação ou o motivo declarado, existiu e é verdadeiro ou o ato
é nulo.

OBJETO: é o resultado imediato do ato administrativo. O objeto é o conteúdo do ato adminis-


trativo.

ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DO ATO ADMINISTRATIVO

PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE/VERACIDADE (JURIS TANTUM): os atos administrativos sem-


pre serão tidos como válidos e legais, porém, admite-se prova em contrário, ou seja, é relativa.

1. A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei; em decor-


rência desse atributo, presume-se, até prova em contrário, que os atos administrativos fo-
ram emitidos com observância na lei.

2. Di Pietro afirma que: “A presunção de veracidade diz respeito aos fatos; em decor-
rência desse atributo, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Adminis-
tração. Assim ocorre com relação às certidões, atestados, declarações, informa-
ões por e a forne idos, todos dotados de fé pú i a”

AUTOEXECUTORIEDADE: significa que a Administração Pública poderá executar diretamente as


suas decisões, sem necessitar de prévia autorização do Poder Judiciário. A autoexecutoriedade
só ocorre nos seguintes casos: quando a Lei autorizar ou em situações de emergência.

Desdobra-se EM:

1. Exigibilidade: coerção indireta (ex. Aplicação de multas). É o atributo do ato adminis-


trativo que impele o destinatário à obediência das obrigações por ele impos-
tas, sem necessidade de qualquer apoio judicial, se traduz na noção de que o
particular é obrigado a cumprir a obrigação.
2. Executoriedade: coerção direta (ex. Demolição de obra irregular). A Administração
emprega meios diretos de coerção, compelindo materialmente o administrado a
fazer alguma coisa, utilizando-se inclusive da força.

TIPICIDADE: o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei co-
mo aptas à produção de efeitos.

IMPERATIVIDADE: permite que a administração possa impor unilateralmente obrigações aos


particulares, independentemente de sua concordância.

P Presunção de legitimidade PRESENTE EM TODOS

A Autoexecutoriedade NÃO PRESENTE EM TODOS

T Tipicidade PRESENTE EM TODOS

I Imperatividade NÃO PRESENTE EM TODOS

CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:

QUANTO AOS DESTINATÁRIOS: gerais e individuais

 Gerais: são aqueles que possuem caráter geral e abstrato, sem destinatário determinado.
 Individuais: são aqueles que possuem destinatários certos e determinados.

QUANTO AO ALCANCE: atos internos e externos

 Atos internos: são aqueles cujos efeitos restringem-se á própria administração.


 Atos externos: são aqueles cujos efeitos extrapolam as fronteiras da administração e
atingem os administrados.

QUANTO AO OBJETO: atos de império, atos de gestão e atos de expediente.

 Atos de império: são aqueles praticados pela administração pública com o uso de sua su-
premacia.
 Atos de gestão: são aqueles praticados pela administração em condições de igualdade
com o administrado (são regidos pelo direito privado).
 Atos de expediente: são os atos de rotina interna, sem cunho decisório.

QUANTO AO REGRAMENTO: atos vinculados e atos discricionários

 Atos vinculados: quando o administrador não tem liberdade de escolha diante de uma si-
tuação.
 Atos discricionários: quando o administrador possui certa liberdade de escolha sempre
dentro dos limites da lei.
QUANTO À FORMAÇÃO DA VONTADE: atos simples, complexo e composto.

 Ato simples: a formação da vontade decorre de um só órgão.


 Ato complexo: (1-2-2): um ato; duas vontades; dois ou mais órgãos. OBS: A APOSEN-
TADORIA É UM ATO COMPLEXO.
 Ato composto: (2-2-1): dois atos, um principal e o outro acessório; duas vontades; um
órgão como a aprovação do outro.

QUANTO À EFICÁCIA: ato válido, nulo, anulável e inexistente.

 Ato válido: é aquele que possui todos os elementos de validade.


 Ato nulo: é aquele que tem vício insanável.
 Ato anulável: é aquele que tem vício sanável.
 Ato inexistente: é aquele que aparenta ser ato, mas não é.

OBSERVAÇÃO:

 Ato perfeito: É aquele que completou seu ciclo de formação.


 Ato válido: Está de acordo com a legislação.
 Ato eficaz: É o que está apto à produção de efeitos.
 Ato consumado: É aquele que exauriu seus efeitos.

RESUMO PARA A PROVA:

Atos administrativos quanto à (ao):

1. Formação: simples, composto e complexo;


2. Conteúdo: normativo, ordinatório, negocial, enunciativo e punitivo;
3. Grau de liberdade: discricionário e vinculado;
4. Destinatário: gerais e individuais;
5. Objeto: atos de império, de expediente e de gestão;
6. Resultado: ampliativo ou restritivo;
7. Estrutura: concretos e abstratos;
8. Efeito: constitutivo ou declaratório;
9. Alcance: interno ou externo;
10. Retratabilidade: irrevogável, revogável ou suspensivo;
11. Exequibilidade: perfeitos, imperfeitos, pendentes e consumados.

ESPÉCIE DE ATOS ADMINISTRATIVOS

 Normativos
 Ordinatórios
 Negociais
 Enunciativos
 Punitivos
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

ATOS NORMATIVOS:

 São os atos que possuem caráter geral e abstrato;


 Destinado a todas as pessoas que estejam na situação por eles regulada;
 São submissos a lei;
 É a manifestação do poder regulamentar.

Exemplo de atos normativos:

 Decreto;
 Instrução normativa;
 Regimento;
 Resolução
 Deliberação.

ATOS ORDINATÓRIOS:

 Disciplina o funcionamento da administração e a conduta de seus agentes;


 É a manifestação do poder hierárquico.

Exemplo de atos ordinatórios:

 Instrução;
 Circular;
 Aviso;
 Portaria;
 Ordem de serviço;
 Despacho;
 Ofício.

ATOS NEGOCIAIS:

 Existe concordância de vontade entre a administração pública e o particular;


 Produz efeitos concretos e individuais para o administrado;
 Não há imperatividade.

Exemplo de atos Negociais:

 Licença;
 Autorização;
 Permissão;
 Admissão;
 Aprovação;
 Homologação;
 Visto;
 Dispensa.
Observações:

 A licença é um ato vinculado e definitivo.


 A autorização é um ato discricionário e precário.

ATOS ENUNCIATIVOS

 Certifica ou atesta um fato ou emite uma opinião;


 Não há manifestação de vontade.

Exemplo de atos enunciativos:

 Certidão;
 Atestado;
 Parecer;
 Apostila.

ATOS PUNITIVOS

 Impõe sansão

Exemplos de atos punitivos:

 Multa;
 Interdição de atividades;
 Destruição de coisas.

Tem R é discricionário: PERMISSÃO / AUTORIZAÇÃO / RENÚNCIA.

Não tem R é vinculado: LICENÇA /ADMISSÃO / HOMOLOGAÇÃO.

EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:

1. Anulação;
2. Revogação;
3. Cassação;
4. Caducidade;
5. Contraposição ou derrubada;
6. Renúncia.

ANULAÇÃO: a anulação é a extinção do ato administrativo por razões de ilegalidade. Nesse


caso, o ato possui algum vício que o contamina e não sendo possível a convalidação, deve haver a
invalidação.

A competência para anular um ato administrativo é da própria administração, de oficio


ou a pedido, e do poder judiciário, mediante provocação.

Qualquer ato administrativo pode ser anulado, vinculado ou discricionário, porque mesmo neste
os elementos de validade devem estar presentes.

SÚMULA 473 DO STF: “a Administra o pode ANULAR seus próprios atos, quando ei-
vados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou RE-
VOGÁ-LOS, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos ad-
quiridos, e ressa vada, em todos os asos, a apre ia o judi ia ”.

A administração pública federal tem o prazo de 5 ANOS para anular os atos administrativos com
efeitos favoráveis ao destinatário, desde que não haja má fé.

A anulação possui efeitos EX TUNC.

REVOGAÇÃO: a revogação é a extinção de ato administrativo válido ou de seus efeitos por ra-
zões de conveniência e oportunidade, em face do interesse público.

A competência para revogar é privativa da administração e não depende de provocação, não sen-
do permitido ao poder judiciário, no exercício da função jurisdicional, fazê-lo.

O objeto da revogação é um ato administrativo válido ou os efeitos válidos decorrentes. Os efei-


tos da revogação não retroagem (EX NUNC) e, assim, o ato revogador somente produz efeitos
futuros (prospectivos).

LEI 9.784/99 - Art. 53: A Administração deve anular seus próprios atos, quando eiva-
dos de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportuni-
dade, respeitados os direitos adquiridos.

Não podem ser objeto de revogação: VCPODEDA

 Atos vinculados;
 Atos consumados;
 Atos que integram um procedimento administrativo;
 Atos Declaratórios/enunciativos;
 Atos que geraram direitos adquiridos.

CASSAÇÃO: é o desfazimento de um ato válido em virtude de descumprimento pelo


beneficiário das condições que ele deveria manter para continuar gozando do ato. A
cassação tem como características:

 É ato vinculado, pois a cassação somente poderá ocorrer nas hipóteses definidas em lei;
 Trata-se de ato sancionatório, pois tem como fundamento as faltas cometidas pelo be-
neficiário do ato.

CADUCIDADE: Uma nova norma jurídica proíbe situação antes permitida.

CONTRAPOSIÇÃO OU DERRUBADA: um novo ato é praticado, como fundamento em compe-


tência diversa, cujos efeitos são contrapostos ao anterior.

RENÚNCIA: Ocorre pela vontade do beneficiário de desistir do ato administrativo, ou seja, não
irá mais desfrutar de uma vantagem por escolha pessoal e então o ato se extingue.

CONVALIDAÇÃO: é o suprimento da invalidade de um ato com efeitos retroativos. Convalidar


é tornar válido um ato inválido, por meio de outro ato que supre vício sanável, com efeitos
em tunc (retroativos).
O DEFEITO É:

Sanável, quando estiver nos elementos Forma e Competência, desde que não seja competên-
cia exclusiva ou forma essencial do ato.

Insanável, quando estiver nos elementos Motivo, Objeto ou Finalidade.

Art. 55 da lei 9784/99: Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao inte-
resse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
poderão ser convalidados pela própria Administração.

A convalidação não é possível:

 Quando o vício estiver nos elementos: motivo, objeto ou finalidade.


 Quando o vício estiver nos elementos: forma e competência e se tratar de competência ex-
clusiva ou forma essencial do ato.
 Quando o vício foi impugnado administrativa ou judicialmente;
 Quando houver a estabilização do vício pela prescrição ou decadência;
 Quando a convalidação causar lesão ao interesse público;
 Quando a convalidação causar prejuízo a terceiros.

Espécies de Convalidação:

Ratificação >> É a correção da Forma ou da Competência se não for Competência exclusiva ou


em relação à matéria ou desde que a Forma não seja essencial à validade do ato.

Reforma >> Retira a parte ilegal e mantém a parte legal.

Conversão >> Retira à parte inválida e acrescenta uma outra parte válida.

Todos os atos administrativos são passíveis de controle judicial, incluindo os atos dis-
cricionários. A ressalva é que, nos atos discricionários, o Poder Judiciário não poderá invadir o
mérito legitimamente valorado pela Administração.

A AB-ROGAÇÃO é um desfazimento total (absoluto), enquanto a DERROGAÇÃO é um


desfazimento parcial. Porém, Diógenes Gasparini explica que mesmo na ab-rogação (desfazi-
mento total) apenas os efeitos próprios do ato são desfeitos. Ele explica falando de uma
desapropriação. Se ela for totalmente revogada, o imóvel desapropriado voltará para o proprietá-
rio anterior. Assim, todos os efeitos próprios do ato serão desfeitos. Porém, se os agentes
públicos, durante o período da desapropriação, causarem algum dano ao imóvel, o Es-
tado terá o dever de indenizar. Esse seria um efeito impróprio do ato, que não será
desfeito, nem mesmo na ab-rogação.

ATOS CONCRETOS: Os que dispõem para um único e específico caso, esgotando-se nesta única
aplicação. Exemplo: a exoneração de um funcionário. (QUADRIX).

ATOS ABSTRATOS: Os que preveem reiteradas e infindas aplicações, as quais se repetem cada
vez que ocorra a reprodução da hipótese neles prevista, alcançando um número indeterminado e
indeterminável de destinatários. Exemplo: o regulamento cujas disposições colherão sempre no-
vos casos tipificáveis em seu modelo abstrato.
PODERES ADMINISTRATIVOS

SÃO PODERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO

1. Poder Vinculado
2. Poder Discricionário
3. Poder Hierárquico
4. Poder Regulamentar
5. Poder Disciplinar
6. Poder de polícia

SÃO DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO

1. Poder-Dever de Agir
2. Dever de Eficiência
3. Dever de Probidade
4. Dever de Prestar Contas

Nas palavras de Di Pietro, Embora o vocábulo poder dê a impressão de que se trata de faculdade
da Administração, na realidade trata-se de poder-dever, já que reconhecido ao poder público
para que o exerça em benefício da coletividade; os poderes são, pois, irrenunciáveis.

PODER VINCULADO

É aquele em que não há margem de escolha para tomada de decisão do agente, ou se-
ja, a Administração tem o dever de agir de determinada forma, sendo-lhe vedada
qualquer análise quanto à conveniência ou oportunidade dos atos a serem praticados.
Exemplo: É o caso, por exemplo, do agente de trânsito que, atuando nesta qualidade,
presencia uma infração de trânsito. Ele tem o poder-dever de multar o infrator, não
podendo analisar se é ou não conveniente, se é ou não oportuna à autuação.

PODER DISCRICIONÁRIO

Permite ao gestor público avaliar a conveniência e oportunidade de praticar determi-


nado ato administrativo. portanto, é aquele que confere prerrogativa para a Adminis-
tração praticar atos discricionários, isto é, atos cuja execução admite certa margem de
flexibilidade por parte dos agentes, os quais, dessa forma, podem usar seu juízo pes-
soal para escolher, entre várias condutas possíveis previstas em lei, a que traduz mai-
or conveniência e oportunidade para o interesse público.

PODER HIERÁRQUICO

É o poder de que dispõe o Executivo para organizar e distribuir as funções de seus ór-
gãos, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de
pessoal. O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corri-
gir as atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública. Do po-
der hierárquico são decorrentes certas faculdades implícitas ao superior, tais como dar
ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições e rever atos dos
inferiores.

Lei 9784/99, Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimen-
to legal, DELEGAR parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não
lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Lei 9784/99, Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes
devidamente justificados, a AVOCAÇÃO temporária de competência atribuída a órgão
hierarquicamente inferior.

Lei 9784/99, Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade

Poder hierárquico é FOCADAS

 Fiscaliza;
 Ordena;
 Controla;
 Avoca;
 Delega;
 Aplica Sanção.

OBS:

1. Delegação: Tanto no sentido vertical como horizontal (não precisa haver hierarquia, ne-
cessariamente).
2. Avocação: Apenas no sentido Vertical (precisa haver hierarquia, necessariamente).

PODER DISCIPLINAR

1. Aplica sanções aos servidores e aos particulares que tenham algum vínculo com
a administração pública.
2. Pune internamente as infrações funcionais de seus servidores (aqui deriva do
poder hierárquico);
Pune infrações administrativas cometidas por particulares a ela ligados mediante
algum vínculo jurídico específico (por ex, a administração punindo um particular
que tenha celebrado contrato administrativo e tenha descumprido obrigações)
Tal poder é vinculado e discricionário, como assim? Ele é vinculado, pois DEVE
ser apurada a infração, mas é discricionário em relação a como será aplicada.

Conforme Di Pietro: ”Poder disciplinar o que cabe à dministração Pública para apurar infra-
ções e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina adminis-
trativa ...)”. Não abrange as sanções impostas a particulares não sujeitos à disciplina
interna da Administração, porque, nesse caso, as medidas punitivas encontram seu fundamen-
to no poder de polícia do Estado. O poder disciplinar se aplica a todos que estão sujeitos à
disciplina da administração, - ainda que inexista hierarquia -, e não somente aos servido-
res que cometem infrações funcionais.

Hely Lopes Meirelles diz que poder disciplinar é a faculdade de punir internamente as infra-
ções funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da
Administração. É uma supremacia especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se vincu-
lam à Administração por relações de qualquer natureza, subordinando-se às normas de funciona-
mento do serviço ou do estabelecimento que passam a integrar definitiva ou transitoriamente.

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo dizem que o Poder Disciplinar está intimamente relacio-
nado com o Poder Hierárquico e traduz-se no poder-dever que possui a Administração de punir
internamente as infrações funcionais de seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos
órgãos e serviços da Administração.

CUIDADO COM A DIFERENÇA ABAIXO:

1. PODER DISCIPLINAR → APLICA SANÇÕES AOS SERVIDORES E AOS PARTICULARES


QUE TENHAM ALGUM VÍNCULO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
2. PODER DE POLÍCIA → ATINGE O PARTICULAR SEM NENHUM VÍNCULO COM A ADMINIS-
TRAÇÃO PÚBLICA.

PODER REGULAMENTAR

É a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais para complementar as leis
e possibilitar sua efetiva aplicação. Seu alcance é apenas de norma complementar à lei;
não pode, pois, a Administração, alterá-la a pretexto de estar regulamentando-a. Se o
fizer, cometerá abuso de poder regulamentar, invadindo a competência do Legislativo.

O poder regulamentar é dividido em dois:

Decreto Regulamentar/Decreto de Execução/Regulamento Executivo - É a regra

 Editável pelos chefes do Poder executivo;


 Não inova o ordenamento jurídico e necessita de amparo de uma lei;
 É de competência exclusiva, não pode ser delegável;
 Natureza secundária ou derivada.

Decreto Autônomo – É a exceção

 Somente pode ser editado pelo presidente da república;


 Inova a lei nos casos do artigo 84, IV, a e b do texto constitucional;
 É de competência privativa e pode ser delegável de acordo com o Art. 84, § único
da CF/88.
 Natureza primária ou originária

OBS: O Poder regulamentar serve apenas para EXPLICAR, COMENTAR ou COMPLEMENTAR a lei.
Não pode RESTRINGIR, ALTERAR e nem AMPLIAR a lei. (GRAVE ESSES VERBOS).

LEMBRE-SE: só a LEI INOVA NA ORDEM JURÍDICA, ou seja, só ela cria direitos e obri-
gações!!!

É vedado à administração extrapolar os limites de seu ato normativo no exercício do


poder regulamentar. Inclusive, caso isso ocorra, é competência exclusiva do CN sustar
o ato.

Art. 49 DA CF/88. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


(...)
 V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regu-
lamentar ou dos limites de delegação legislativa.

RESTRIÇÕES AO PODER REGULAMENTAR:

1. Não inova o ordenamento jurídico;


2. Não pode alterar a lei;
3. Não pode criar direitos e obrigações.

Caso o decreto regulamentar extrapole os limites da lei, haverá quebra do princípio da


legalidade. Nessa situação, se o decreto regulamentar for federal, caberá ao Congres-
so Nacional sustar os seus dispositivos violadores da lei.

O poder regulamentar, em regra, não pode inovar na ordem jurídica, ou seja, não pode
criar direitos e obrigações. Contudo, os regulamentos podem criar as chamadas obri-
gações secundárias, subsidiárias, derivadas, que são aquelas que decorrem de uma
obrigação primária.

1. EDITAR ATOS NORMATIVOS - PODER HIERÁRQUICO


2. EDITAR ATOS GERAIS OU NORMAS PARA COMPLEMENTAR LEIS - PODER REGULAMEN-
TAR

PODER DE POLÍCIA

PODER DE POLÍCIA, segundo Hely Lopes Meirelles, é a faculdade de que dispõe a Ad-
ministração Pública para condicionar ou restringir o uso ou gozo de bens, atividades e
direitos individuais, em beneficio da coletividade ou do próprio Estado.

O termo "PODER DE POLÍCIA" refere-se a uma das prerrogativas e funções do Estado,


exercido principalmente pelo Poder Executivo, com o objetivo de regulamentar, fisca-
lizar e controlar atividades da sociedade, visando à proteção do interesse público e à
manutenção da ordem, da segurança, da saúde, do meio ambiente, e do bem-estar da
população em geral.
O PODER DE POLÍCIA envolve a capacidade do Estado de criar normas e regulamen-
tos, bem como de aplicar medidas coercitivas quando necessário, para garantir o cum-
primento dessas normas e proteger os direitos coletivos. Ele é exercido em diversas
áreas da vida social, como:

 Segurança Pública;
 Saúde Pública;
 Meio Ambiente;
 Trânsito.

É importante ressaltar que o exercício do poder de polícia deve ser sempre pautado
pelos princípios da legalidade, proporcionalidade, razoabilidade e respeito aos direitos
individuais. Além disso, os agentes públicos encarregados de exercer esse poder de-
vem agir de forma imparcial e justa, evitando abusos e garantindo a proteção dos di-
reitos dos cidadãos. Em caso de discordância ou conflito em relação às medidas toma-
das pelo poder de polícia, os cidadãos têm o direito de recorrer aos órgãos judiciais
para buscar soluções adequadas.

De acordo com o Art. 78 do CTN Considera-se PODER DE POLÍCIA atividade da admi-


nistração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regu-
la a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado,
ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos indi-
viduais ou coletivos.

De acordo com o conceito clássico ligado à concepção liberal do século XVIII, o poder de po-
lícia envolvia a atividade do Estado que limitava o exercício dos direitos individuais em favor da
segurança;

Pelo conceito moderno, adotado no direito brasileiro, o poder de polícia é a atividade do Es-
tado consistente em Limitar o exercício dos direitos individuais em beneficio do interesse público.
Conforme Di Pietro, o poder de polícia abrange: Regulamentação de leis; Controle preventivo
(ordens, notificações, licenças ou autorizações); e Controle repressivo (imposição de medidas
coercitivas).

Com efeito, a aplicação de restrições deve ocorrer sempre nos limites previstos em lei, medi-
ante adequada motivação e respeitando o devido processo legal.

O exercício do poder de polícia abrange qualquer área de interesse coletivo, inserindo-se nos mais
diversos setores, como a segurança pública, a ordem pública, higiene, saúde pública, meio ambi-
ente, urbanismo, trânsito, defesa do consumidor, patrimônio cultural, propriedade, etc.

Ademais, o fundamento do poder de polícia está no predomínio do interesse público sobre o


particular (princípio da supremacia do interesse público), que coloca a Administração em
posição de hegemonia perante os administrados. Trata-se de uma supremacia geral da Adminis-
tração, que alcança indistintamente todos os cidadãos que estão sob o império das leis adminis-
trativas.

CICLO DO PODER DE POLÍCIA:

LEGISLAÇÃO (ORDEM): Edição das normas de polícia, como as leis (poder de polícia
em sentido amplo) e os regulamentos e demais atos normativos;
CONSENTIMENTO: Anuência prévia do poder público para que o administrado possa
exercer legitimamente determinadas atividades;
FISCALIZAÇÃO: Controle realizado para averiguar se a legislação de polícia e as regras
de consentimento estão sendo observadas;
SANÇÃO: Aplicação de penalidades pelo descumprimento das normas de polícia e das
condições do consentimento.

CUIDADO COM AS INFORMAÇÕES ABAIXO:

REGRA GERAL: PODER DE POLÍCIA SÓ PODE SER DELEGADO PARA PESSOA JURÍDICA
DE DIREITO PÚBLICO.
EXCEÇÃO 1: As fases de consentimento e fiscalização podem ser delegadas para Pes-
soa Jurídica de direito privado (inclusive particulares).

EXCEÇÃO 2: A fase de sanção pode ser delegada para EP e SEM desde que por lei, ex-
clusivamente prestadoras de serviço público e em regime não concorrencial.

SEGUNDO O STF: "É constitucional a delegação de poder de polícia, por meio de lei, as pesso-
as jurídicas de direito privado integrante da administração pública indireta de capital social majori-
tariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do esta-
do e em regime não concorrencial."

CUIDADO COM AS DIFERENÇAS ABAIXO!!!!

1. POLÍCIA ADMINISTRATIVA: Atua sobre atividades privadas, bens ou direitos, vi-


sa evitar a prática de infrações administrativas; tem natureza preventiva, entretanto,
em alguns casos ela pode ser repressiva.
2. POLÍCIA JUDICIÁRIA: Atua sobre as pessoas, visa reprimir a infração criminal e
tem natureza repressiva, mas, em alguns casos, pode ser preventiva.

PODER DE POLÍCIA ORIGINÁRIO E PODER DE POLÍCIA DELEGADO

O poder de polícia originário é aquele desempenhado diretamente pelas entidades políticas


(União, estados, Distrito Federal e municípios), por intermédio de seus órgãos administrativos. Em
termos mais simples, o poder de polícia originário é aquele exercido pela Administração Pública
direta.

Por outro lado, o poder de polícia delegado ou outorgado é aquele desempenhado pelas en-
tidades da Administração Pública indireta, que receberam tal competência por meio de outorga
legal. Nesse caso, a entidade polícia procede a descentralização por outorga, criando uma entida-
de administrativa para o desempenho de atividade de polícia.

Súmula 561-STJ: Os conselhos regionais de Farmácia possuem atribuição para fiscalizar e au-
tuar as farmácias e drogarias quanto ao cumprimento da exigência de manter profis-
sional legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período de funcionamento dos
respectivos estabelecimentos.

Súmula 434 do STJ - O pagamento da multa por infração de trânsito não inibe a dis-
cussão judicial do débito.

ABUSO DE PODER é quando a autoridade, ao exercer o poder, ultrapasse os limites de


sua competência ou o utilize para fins diversos do interesse público.

O ABUSO DE PODER SE DIVIDE EM DUAS ESPÉCIES:

1. DESVIO DE PODER (OU DESVIO DE FINALIDADE): Ocorre quando a autoridade prati-


ca um ato que é de sua competência, mas o utiliza para uma finalidade diversa
da prevista ou contrária ao interesse público.
2. EXCESSO DE PODER: Ocorre quando a autoridade atua extrapolando os limites da
sua competência.
Abuso de Poder é o GÊNERO e compreende duas ESPÉCIES:

 Desvio de Poder ------------> Atua com desvio de FINALIDADE.


 Excesso de Poder ----------> Atua fora dos limites da sua COMPETÊNCIA.

MACETE:

 FDP - FINALIDADE = DESVIO DE PODER


 CEP - COMPETÊNCIA = EXCESSO DE PODER

IMPORTANTE: O Abuso de Poder pode tanto revestir a forma comissiva como a forma
omissiva, porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão ao direito indivi-
dual do administrado.

MEMORIZE O QUADRO ABAIXO, ELE VAI ESTAR NA SUA PROVA!!!!!!


PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
O regime jurídico-administrativo fundamenta-se, conforme entende a doutrina, nos
princípios da supremacia do interesse público sobre o privado e na indisponibilidade
do interesse público.

Não há uma hierarquia ou subordinação entre os princípios da administração pública.


Todavia, alguns autores entendem que há dois princípios basilares, um tipo de super princípio do
qual todos os outros derivam, sendo eles: supremacia do interesse público sobre o privado
e indisponibilidade do interesse público.

O PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO estabelece


que, em situações de conflito entre o interesse público e o interesse privado, o interesse público
deve prevalecer. Isso significa que as decisões e ações do poder público devem ser orientadas
para o bem comum e para o interesse coletivo, mesmo que isso possa limitar ou afetar os interes-
ses individuais.

Já o PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO estabelece que o inte-


resse público não pode ser renunciado ou negociado de forma arbitrária ou individualizada. Isso
significa que a administração pública não pode abrir mão do interesse público em troca de benefí-
cios particulares ou vantagens pessoais.

Art. 37 da CF: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao se-
guinte (...)

SÃO PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS OU EXPRESSOS, DO ART. 37 DA CF/88.

1. Legalidade;
2. Impessoalidade;
3. Moralidade;
4. Publicidade;
5. Eficiência.

SÃO PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS OU INFORMATIVOS:

1. Supremacia do interesse público sobre o privado;


2. Indisponibilidade do interesse público;
3. Presunção de legitimidade ou veracidade;
4. Especialidade;
5. Autotutela;
6. Controle;
7. Continuidade dos serviços públicos;
8. Hierarquia;
9. Razoabilidade e proporcionalidade;
10. Motivação;
11. Segurança jurídica;
12. Proteção à confiança e boa fé.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS – LIMPE

LEGALIDADE: Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. En-


quanto na administração particular é lícito fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza ou determina.

PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: ela só pode fazer o que a lei autoriza ou determina.
(STRICTU SENSU)

PARA OS PARTICULARES: Pode fazer tudo aquilo que a lei não proibir. (LATO SENSU)

Di Pietro diz que o princípio da legalidade nasceu com o Estado de Direito e constitui
uma das principais garantias de respeito aos direitos individuais.

IMPESSOALIDADE OU FINALIDADE: São Características do Princípio da impessoalida-


de:

1. A finalidade é a lei;
2. Princípio da isonomia;
3. Veda a promoção pessoal dos agentes públicos;
4. Agir de forma imparcial;
5. Princípio da imputação volitiva.

Art. 37 § 1º da CF/88 A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas


dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Tanto a Administração Pública direta (União, Estados, Municípios e DF) quanto a Indi-
reta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista) de-
vem obedecer aos princípios da CF/88 e, consequentemente, será vedada a prática de
nepotismo.

Súmula Vinculante 13 (trata sobre o nepotismo) - A nomeação de cônjuge, companheiro ou


parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou as-
sessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função grati-
ficada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recípro-
cas, viola a Constituição Federal.

CUIDADO: Primo é parente de 4º grau. Você conta: pais (1º); avós (2º); tios (3º); e
primos (4º).
MORALIDADE: O princípio da moralidade no direito administrativo refere-se à exigência
de que a administração pública atue de acordo com os princípios éticos e morais, além
de obedecer ao cumprimento das leis. Esse princípio visa garantir a integridade, ho-
nestidade e transparência nas ações do poder público.

É sabido que o administrador público tem que ser honesto, tem que ter probidade e,
que todo ato administrativo, além de ser legal, tem que ser moral, sob pena de sua nu-
lidade. Um exemplo de aplicação do princípio da moralidade no direito administrativo é quan-
do um servidor público utiliza recursos públicos para benefício próprio, em vez de usá-los para o
interesse público. Isso pode incluir situações como desvio de verbas, corrupção, nepotismo, entre
outras condutas que vão contra os princípios éticos e morais.

PUBLICIDADE: É a divulgação oficial dos atos da Administração para a ciência do pú-


blico em geral, com efeito de iniciar a sua atuação externa, ou seja, de gerar efeitos
jurídicos. Esses efeitos jurídicos podem ser de direitos e de obrigações. Em regra todo
ato da administração tem que ser público, Exceto nos casos de segurança nacional,
nos casos de investigação policial ou nos casos de atos internos da Administração Pú-
blica. Nestes, por não haver interesse da coletividade, não há razão para serem públi-
cos.

CUIDADO: Processos administrativos tem que ser públicos, entretanto somente de-
terminadas fases processuais.

Artigo 5º, CF: XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
cindível à segurança da sociedade e do Estado.

EFICIÊNCIA: O princípio da eficiência é o “mais jovem” prin ípio onstitu iona . Foi
incluído no artigo 37 pela Emenda Constitucional 19/98 como decorrência da reforma
gerencial, iniciada em 1995.

Segundo Di Pietro, o princípio da eficiência apresenta dois aspectos:

1. Modo de atuação do agente público: espera-se a melhor atuação possível, a fim de ob-
ter os melhores resultados.
2. Modo de organizar, estruturar e disciplinar a administração pública: exige-se que
seja a mais racional possível, permitindo que se alcancem os melhores resultados na pres-
tação dos serviços públicos. Nesse segundo contexto, exige-se um novo modelo de gestão:
a Administração Gerencial. Assim, os controles administrativos deixam de ser predomi-
nantemente por processos para serem realizados por resultados.

Finalizando, é importante destacar que a busca da eficiência deve ocorrer em harmonia


com os demais princípios da Administração Pública. Por exemplo, se um agente público
deixar de realizar a licitação em determinada situação, contratando a empresa de um amigo seu
sobre o pretexto de que a contratação foi mais célere, barata e com mais qualidade, o ato será
mais eficiente, porém será ilegal, imoral e contra a impessoalidade. Dessa forma, deverá ser con-
siderado nulo.
OUTROS PRINCÍPIOS!!!!!!!

O regime jurídico-administrativo brasileiro está fundamentado em dois princípios dos


quais todos os demais decorrem, a saber: o princípio da supremacia do interesse pú-
blico sobre o privado e o princípio da indisponibilidade do interesse público.

PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA: Significa que a Administração Pública possui o poder-dever de


rever os seus próprios atos, seja para anulá-los por vício de legalidade, seja para revogá-los
por questões de conveniência e de oportunidade.

OBS: O poder-dever de autotutela da Administração Pública impõe o dever de anulação de atos


ilegais e a possibilidade de revogação de atos inconvenientes e inoportunos.

SÚMULA 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de ví-
cios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE: Representa, em verdade, uma


das vertentes do princípio da razoabilidade. Isso porque a razoabilidade exige, entre outros
aspectos, que haja proporcionalidade entre os meios utilizados pelo administrador público e os
fins que ele pretende alcançar.

Principio da razoabilidade = proporcionalidade (cespe considera os dois princípios sinôni-


mos) Nem mais nem menos.

1. Se fizer mais ----- abuso de poder


2. Se fizer menos --- prevaricação

Art. 2º da Lei 9.784/99: A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princí-
pios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralida-
de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e


sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do in-
teresse público.

OBS: Costuma-se decompor o princípio da proporcionalidade em TRÊS elementos, a serem ob-


servados nos casos concretos:

1. Adequação;
2. Necessidade;
3. Proporcionalidade.
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO: Art 50 da lei 9784/99. Os atos administrativos deverão ser
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;


II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pare-
ceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrati-
vo.

PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE: É que, ao contrário do que parece, a Administra-


ção perde liberdade de ação. Na legalidade clássica, a Administração estava vinculada
unicamente aos ditames da lei. Com a juridicidade, além da submissão à lei, deve a
Administração observar os princípios constitucionais e os regulamentos que ela mes-
ma produz, aumentando a possibilidade de revisão judicial de seus atos.

A partir da mutação do princípio da legalidade surge o conceito de Juridicidade. Prin-


cípio da juridicidade é que, ao contrário do que parece, a Administração perde liberda-
de de ação.

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: O Estado só deve atuar quando o particular não tiver


condições de atuar sozinho, hipótese em que deve estimular, ajudar, subsidiar a iniciativa privada.

PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO À CONFIANÇA: Principio da confiança legítima dá destaque aos


administrados (sujeitos), restringindo a possibilidade de que estes, ao presumirem a legitimidade
dos atos editados pela Administração, sejam surpreendidos e prejudicados por uma repentina de-
claração retroativa de nulidade de tais atos pelo próprio Poder Público. Conforme i Pietro, “prin-
cípio da proteção à confiança leva em conta a boa-fé do cidadão, que acredita e espera que
os atos praticados pelo Poder Público sejam lícitos e, nessa qualidade, serão mantidos e respeita-
dos pela pr pria dministração e por terceiros”.

O principio da proteção à confiança, desdobramento do princípio da segurança jurídica, impede a


administração de adotar posturas manifestadamente contraditórias, ou seja, externando posicio-
namento em determinado sentido, para, em seguida, ignorá-lo, frustrando a expectativa dos cida-
dãos de boa-fé.

PRINCÍPIO DA TUTELA: ”di que a Administração Pública direta fiscaliza as atividades dos refe-
ridos entes, com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais”.

Art. 6º do DL 200/67: As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguin-


tes princípios fundamentais:
1. Planejamento.
2. Coordenação.
3. Descentralização.
4. Delegação de Competência.
5. Controle.

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA: “ segurança jur dica tem muita relação com a ideia
de respeito à boa-f ”. Se a Administração adotou determinada interpretação como a correta e a
aplicou a casos concretos, não pode depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que os
mesmos foram praticados com base em errônea interpretação. Se o administrado teve reco-
nhecido determinado direito com base em interpretação adotada em caráter uniforme
para toda a Administração, é evidente que a sua boa-fé deve ser respeitada. Se a lei
deve respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, por respeito ao princí-
pio da segurança jurídica, não é admissível que o administrado tenha seus direitos flutuando ao
saber de interpretações jurídicas variáveis no tempo.

A segurança jurídica pode ser analisada por duas dimensões:

SENTIDO OBJETIVO = estabelece limites à retroatividade de atos estatais, impedindo que


prejudiquem o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Pode ser invocado
tanto pelo Estado quanto pelo Particular.

SENTIDO SUBJETIVO = também chamado de princípio da proteção à confiança legítima.


– seu conteúdo exige uma previsibilidade emanada dos atos estatais. A proteção à confi-
ança só pode ser impugnada pelo Particular, nunca pelo Estado.

PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: É o princípio que assegura a todos o direito


a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias constitucio-
nais. Se no processo não forem observadas as regras básicas, ele se tornará nulo. É considerado
o mais importante dos princípios constitucionais, pois dele derivam todos os demais.

O devido processo legal abarca uma série de normas ou princípios constitucionais que asseguram
o direito de ação e o direito de defesa, a saber: ampla defesa, contraditório, juiz natural, publici-
dade dos atos processuais, duração razoável do processo, motivação das decisões, tratamento
paritário conferido às partes envolvidas no processo etc.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS: A continuidade também é


conhecida como o princípio da permanência, que prevê que os serviços públicos não
podem sofrer interrupções, ou seja, devem ser prestados em caráter de continuidade,
salvo algumas exceções em casos excepcionais.

PRINCÍPIO DA FÉ PÚBLCIA: é a confiança atribuída pelo estado democrático


de direito aos agentes públicos e aos atos praticados pela Administração pública , cuja
veracidade e legalidade se presumem, devendo ser exercida nas exatas limitações
constitucionais e legais, sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Evolução das teorias sobre a Responsabilidade civil do Estado:

1. Teoria da Irresponsabilidade: Quando o Estado não responde pelos danos causados pe-
los seus agentes.
2. Teoria da Responsabilidade Objetiva (Risco Administrativo): O Estado responde in-
dependente de dolo ou culpa do agente. (Pode haver a exclusão ou diminuição da respon-
sabilidade do Estado). Predominante hoje.
Teoria da Responsabilidade Subjetiva (Culpa administrativa): Quando o Estado res-
ponde pelos danos causados pelos seus agentes, desde que comprovado dolo ou culpa.
4. Teoria do Risco Integral: O Estado sempre responderá pelos danos causados pelos seus
agentes, não pode excluir ou atenuar. (EX: Danos nucleares e ambientais)

O tipo de teoria a ser utilizada dependerá da atividade exercida pelo Estado:

1. Legislar: Teoria da Irresponsabilidade;


2. Julgar: Teoria da Irresponsabilidade;
3. Administrar:
 Ação: Teoria da Responsabilidade Objetiva;
 Omissão: Teoria da Responsabilidade Subjetiva.

A teoria da irresponsabilidade do Estado jamais foi adotada no Brasil. No entanto, em


sua primeira fase, o Direito Brasileiro adotou as teorias civilistas fundadas na responsabilidade
subjetiva, tal como previsto no art.15 do Código Civil de 1916.

Somente com a Constituição de 1946, passou-se a adotar no Brasil, além da responsa-


bilidade subjetiva, também a responsabilidade objetiva do Estado.

Art. 37, § 6º DA CF: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado pres-
tadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.

No Brasil, aplica-se a teoria do risco administrativo, que fundamenta a responsabilida-


de civil objetiva do Estado. Por esse motivo, o Estado poderá ser responsabilizado in-
dependentemente de dolo ou culpa.

Além disso, a responsabilidade civil decorre de uma conduta, do nexo de causalidade e


do dano. Logo, não importa se a conduta é lícita ou ilícita para que se configure a res-
ponsabilidade civil.

Responsabilidade Civil do Estado (também conhecida como extracontratual):

 Pode decorrer de um ato lícito, ilícito, culposo, doloso ou omissivo;


 Obrigação de reparar economicamente um dano.
Teoria do risco administrativo (teoria da responsabilidade OBJETIVA): Tem que possu-
ir os seguintes elementos:

 Conduta;
 Nexo Causal - relação de causalidade;
 Dano;
 Independe de dolo ou culpa do agente. Ou seja, ocorreu o dano, tem que indenizar o tercei-
ro;
 A falta de nexo causal exclui a responsabilidade do Estado.

Excludentes de responsabilidade (quebra do nexo causal)

 Culpa exclusiva da vítima ou de terceiro;


 Caso fortuito ou força maior.

CUIDADO: A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus
agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal.

Responsabilidade Objetiva do Estado:

1. É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima baleada em ra-
zão de tiroteio ocorrido entre policiais e assaltantes.
2. O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de custodiado em unidade
prisional.
3. O Estado responde objetivamente pelo suicídio de preso ocorrido no interior de estabeleci-
mento prisional.

A responsabilidade civil do Estado, para o STF, no caso de morte de detento em presí-


dio é objetiva, ante a regra do Art. 37º, §6º, da CF/88, que reafirma a teoria do risco adminis-
trativo, tanto por atos comissivos quanto por omissivos, desde que demonstrado o nexo causal
entre o dano e a omissão do Poder Público.

Agentes de fato:

1. Agente putativo (regime igual ao do funcionário de fato) quando um servidor é inves-


tido na função pública com violação das normas legais, mas é reputado como
agente de direito;
2. Agente necessário é o indivíduo que em estado de necessidade pública assume certas
funções públicas agindo como o faria o servidor competente.

Os danos causados pelos agentes de fato acarretam responsabilidade para a adminis-


tração pública. Ou seja, ainda que o vínculo entre o agente e o Estado esteja maculado por um
vicio insanável, a mera atuação na condição de agente público atrai a responsabilidade
do Estado.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO SERVIDOR:

 Subjetiva (Apenas nas hipóteses de dolo ou culpa);


 Responde regressivamente pelo dano causado.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO (ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU INDIRETA)

 Atos comissivos: responsabilidade objetiva - teoria do risco administrativo;


 Atos omissivos: responsabilidade subjetiva - culpa anônima ou culpa administrativa.

IMPORTANTE: A conduta omissiva pode ser:

1. Genérica: responsabilidade subjetiva. Ex.: o Estado não consegue evitar todos os furtos de
carro.
2. Específica: responsabilidade objetiva. Ex.: o Estado tem o dever de vigilância sobre alguém
e não evita o dano.

TEORIA DA DUPLA GARANTIA: O Supremo Tribunal Federal, ao interpretar este dispositivo


(art. 37, §6º, CF), consagrou o entendimento de que o particular lesado somente poderá deman-
dar o ente público ou a pessoa jurídica de direito privado objetivando a reparação do dano
causado, não sendo possível ajuizar ação contra o agente causador do ano. Tal faculdade cabe,
apenas, a pessoa jurídica de direito público ou a pessoa jurídica de direito privado prestadora de
serviços públicos.

Constitui-se, assim, uma dupla garantia. A primeira para o particular que terá assegurada a res-
ponsabilidade objetiva, não necessitando comprovar dolo ou culpa do autor do dano; a segunda
para o servidor, que somente responderá perante o ente estatal.

A responsabilidade objetiva independe de dolo ou culpa, porém caso haja alguma cau-
sa excludente de responsabilidade o Estado não será responsável. “Não responder ,
igualmente, quando o dano decorrer de fato exclusivo da vítima, caso fortuito ou força maior e
fato de terceiro, por isso que tais fatores, por não serem agentes do Estado, excluem o nexo cau-
sal.”

A responsabilidade civil constitui uma sanção civil, por decorrer de infração de norma
de direito privado, cujo objetivo é o interesse particular, e, em sua natureza, é com-
pensatória, por abranger indenização ou reparação de dano causado por ato ilícito,
contratual ou extracontratual e por ato lícito.

Causas de EXCLUSÃO da Responsabilidade Civil do Estado:

 Culpa Exclusiva da Vítima ou de terceiro;


 Caso Fortuito ou Força Maior.
Causas que ATENUAM OU REDUZEM a Responsabilidade Civil do Estado:

 Culpa Concorrente da Vítima ou de terceiro.

A teoria da culpa do serviço é a chamada teoria da culpa anônima ou da falta do servi-


ço. Nesta teoria, não é necessária a demonstração de culpa do agente público, pois o
que importa é se o serviço não funcionou, funcionou mal ou funcionou atrasado.

A teoria da culpa administrativa leva em consideração a falta objetiva do serviço em si mes-


mo, como fato gerador da obrigação de indenizar o dano causado à terceiro. Nesta teoria não
há indagação quanto à culpa do agente administrativo, sendo que exige do lesionado
que comprove a falta do serviço para obter a indenização, devendo ser ressaltado que esta
falta do serviço apresenta-se nas modalidades de inexistência do serviço, mau funcionamento do
serviço ou retardamento do serviço. Ocorrendo qualquer destas modalidades surge a obri-
gação de indenizar.

IMPORTENTE: A Teoria do Risco Social possui como foco da responsabilidade civil a vítima e
não o autor do dano, de modo que a reparação estaria a cargo de toda a coletividade, dando en-
sejo ao que se denomina de socialização dos riscos – sempre com o intuito de que o lesado não
deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido.

O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que há responsabilidade civil objetiva (de-
ver de indenizar danos causados independente de culpa) das empresas que prestam
serviço público mesmo em relação a terceiros, ou seja, aos não usuários.

Há responsabilidade subsidiária do Poder Concedente, em situações em que


o concessionário não possuir meios de arcar com a indenização pelos prejuízos a que
deu causa.

Questões ajudam a fixar:

(CESPE - MS - 2013) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado


prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não
usuários do serviço prestado. (CERTO)

(CESPE - SERPRO - 2013) Segundo entendimento do STF, a responsabilidade civil das


pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva tanto em
relação aos usuários, quanto aos não usuários de um serviço público. (CERTO)

Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato
é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência, a
imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que
pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. Nesse tipo de respon-
sabilidade - subjetiva -, além de ser necessária a comprovação da conduta, do dano e da existên-
cia do nexo de causalidade, a pessoa lesada deve comprovar o dolo ou culpa do Estado.
Além disso, segue um julgado sobre o assunto para complementar: “Evidenciados o nexo
de causalidade entre o refluxo do esgoto sanitário advindo da tubulação defeituosa da via pública
e os danos materiais e morais causados aos proprietários do imóvel, a culpa da autarquia mu-
nicipal por omissão e negligência na fiscalização e manutenção da rede de esgotos,
impõe-se sua condenação ao pagamento de indenização, em sede de responsabilidade
subjetiva."

INFO 640 DO STJ: Concessionária de rodovia não responde por roubo e seques-
tro ocorridos nas dependências de estabelecimento por ela mantido para a utilização
de usuários.

Atenção! O STF decidiu que nos casos de FURTO há responsabilidade objetiva da con-
cessionária.

A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabili-


dade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas depen-
dências, nos termos do art. 37, § 6º, da CF/88. O Supremo reconheceu a responsabilidade civil
da prestadora de serviço público, ao considerar que houve omissão no dever de vigilância e falha
na prestação e organização do serviço.

REGRA: Estado não responde civilmente pela atividade legislativa.

EXCEÇÕES:

1. Edição de lei inconstitucional;


2. Edição de lei de efeitos concretos;
3. Omissão legislativa.

STJ – Edição nº 61: “A Administra o Pú i a pode responder civilmente pelos danos


causados por seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente
de ilicitude penal”.

1. Quando a Empresa Pública e a Sociedade de Economia Mista prestarem serviços


públicos a responsabilidade será objetiva.
2. Quando a Empresa Pública e a Sociedade de Economia Mista explorarem atividades
econômicas a responsabilidade será subjetiva.

Responsabilidade das Empresas Públicas e das Sociedades de Economia Mista:

1. Quando Prestadora de serviço público >> Objetiva


2. Quando Exploradora de atividade econômica >> Subjetiva

Prescrição para as ações de reparação civil:

1. Particular X Estado: 05 anos;


2. Estado X Agente: 03 anos.
LEI 8429 DE 92

(NOVA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA)

CAPÍTULO I

Das Disposições Gerais

Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa tu-


telará a probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções, como
forma de assegurar a integridade do patrimônio público e social, nos termos desta Lei.

§ 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as condutas dolosas tipificadas


nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais.

§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito


tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do agente.

§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem


comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de im-
probidade administrativa.

§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Lei os princípios


constitucionais do direito administrativo sancionador.

§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organização do Estado e no


exercício de suas funções e a integridade do patrimônio público e social dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como da administração direta e indireta, no
âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patri-
mônio de entidade privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
entes públicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo.

§ 7º Independentemente de integrar a administração indireta, estão sujeitos às


sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade
privada para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu pa-
trimônio ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à reper-
cussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência in-


terpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo que
não venha a ser posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou
dos tribunais do Poder Judiciário.

Art. 2º Para os efeitos desta Lei consideram-se AGENTE PÚBLICO o agente políti-
co, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra for-
ma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades refe-
ridas no art. 1º desta Lei.

Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às san-


ções previstas nesta Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a ad-
ministração pública convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de par-
ceria, termo de cooperação ou ajuste administrativo equivalente.

Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo
não sendo agente público, induza ou concorra DOLOSAMENTE para a prática do ato de
improbidade.

§ 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa jurídica de


direito privado não respondem pelo ato de improbidade que venha a ser imputado à
pessoa jurídica, salvo se, comprovadamente, houver participação e benefícios diretos,
caso em que responderão nos limites da sua participação.

§ 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, caso o ato de impro-
bidade administrativa seja também sancionado como ato lesivo à administração públi-
ca de que trata a lei específica.

Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade que conhecer dos


fatos representará ao Ministério Público competente, para as providências necessá-
rias.

Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário ou que se en-
riquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de repará-lo até o limite do
valor da herança ou do patrimônio transferido.

Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na
hipótese de alteração contratual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão socie-
tária.

Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a responsabilidade da


sucessora será restrita à obrigação de reparação integral do dano causado, até o limite
do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta
Lei decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão ou da incorpora-
ção, exceto no caso de simulação ou de evidente intuito de fraude, devidamente com-
provados.

CAPÍTULO II

Dos Atos de Improbidade Administrativa

Seção I

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam ENRIQUECIMENTO ILÍCITO

Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa importando em enriquecimen-


to ilícito auferir, mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de vantagem patri-
monial indevida em razão do exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego
ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:

I - RECEBER, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou pre-
sente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação
ou omissão decorrente das atribuições do agente público;
II - PERCEBER vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta
ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no
art. 1° por preço superior ao valor de mercado;

III - PERCEBER vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta
ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao va-
lor de mercado;

IV - UTILIZAR, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, de propriedade


ou à disposição de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Lei, bem como o
trabalho de servidores, de empregados ou de terceiros contratados por essas entida-
des;

V - RECEBER vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para


tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de
tal vantagem;

VI - RECEBER vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer de-
claração falsa sobre qualquer dado técnico que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens forneci-
dos a qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Lei;

VII - ADQUIRIR, para si ou para outrem, no exercício de mandato, de cargo, de emprego


ou de função pública, e em razão deles, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descri-
tos no caput deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do
agente público, assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem dessa evolução;

VIII - ACEITAR emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento


para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

IX - PERCEBER vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de


verba pública de qualquer natureza;

X - RECEBER vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omi-


tir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI - INCORPORAR, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - USAR, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo pa-
trimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

Seção II

Dos Atos de Improbidade Administrativa que CAUSAM PREJUÍZO AO ERÁRIO

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda pa-
trimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres
das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:
I - FACILITAR OU CONCORRER, por qualquer forma, para a indevida incorporação ao pa-
trimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, de verbas ou de valores inte-
grantes do acervo patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei;

II - PERMITIR OU CONCORRER para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º
desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III - DOAR à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das enti-
dades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamenta-
res aplicáveis à espécie;

IV - PERMITIR OU FACILITAR a alienação, permuta ou locação de bem integrante


do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - PERMITIR OU FACILITAR a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por pre-


ço superior ao de mercado;

VI - REALIZAR operação financeira sem observância das normas legais e regula-


mentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - CONCEDER benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades le-
gais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - FRUSTRAR A LICITUDE DE PROCESSO LICITATÓRIO OU DE PROCESSO SE-


LETIVO para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-
los indevidamente, acarretando perda patrimonial efetiva;

IX - ORDENAR OU PERMITIR a realização de despesas não autorizadas em lei ou regula-


mento;

X - AGIR ILICITAMENTE na arrecadação de tributo ou de renda, bem como no que diz


respeito à conservação do patrimônio público;

XI - LIBERAR verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - PERMITIR, FACILITAR OU CONCORRER para que terceiro se enriqueça ilicitamen-


te;

XIII - PERMITIR que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipa-
mentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das enti-
dades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades.

XIV – CELEBRAR contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de servi-
ços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;

XV – CELEBRAR contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação or-
çamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei;
XVI - FACILITAR OU CONCORRER, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimô-
nio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos
pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a obser-
vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XVII - PERMITIR OU CONCORRER para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada me-
diante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie;

XVIII - CELEBRAR parcerias da administração pública com entidades privadas sem a obser-
vância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XIX - AGIR para a configuração de ilícito na celebração, na fiscalização e na análise das


prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;

XX - LIBERAR recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades pri-
vadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
aplicação irregular;

XXII - CONCEDER, APLICAR OU MANTER benefício financeiro ou tributário contrário ao


que dispõem a lei especifica;

§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades legais ou regulamentares não impli-


car perda patrimonial efetiva, não ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento
sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei.

§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade econômica não acarretará


improbidade administrativa, salvo se comprovado ato doloso praticado com essa fina-
lidade.

Seção III

Dos Atos de Improbidade Administrativa que ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princí-
pios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de ho-
nestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes
condutas:

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e
que deva permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação privile-
giada ou colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado;

IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilida-


de para a segurança da sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas em
lei;

V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso pú-


blico, de chamamento ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de bene-
fício próprio, direto ou indireto, ou de terceiros;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que dispo-
nha das condições para isso, com vistas a ocultar irregularidades;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respec-


tiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço
de mercadoria, bem ou serviço.

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de


contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privada;

XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afi-


nidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mes-
ma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designa-
ções recíprocas;

XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato de


publicidade que contrarie o disposto no §1 do ART. 37/CF, de forma a promover ine-
quívoco enaltecimento do agente público e personalização de atos, de programas, de
obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos.

§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, somente


haverá improbidade administrativa, na aplicação deste artigo, quando for comprovado
na conduta funcional do agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido
para si ou para outra pessoa ou entidade.

§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer atos de improbidade administrati-


va tipificados nesta Lei e em leis especiais e a quaisquer outros tipos especiais de improbidade
administrativa instituídos por lei.

§ 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria de que trata este artigo pressupõe


a demonstração objetiva da prática de ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação
das normas constitucionais, legais ou infralegais violadas.

§ 4º Os atos de improbidade que atenta contra os princípios da administração pú-


blica exigem lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis de
sancionamento e independem do reconhecimento da produção de danos ao erário e de
enriquecimento ilícito dos agentes públicos.

§ 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por


parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de dolo com
finalidade ilícita por parte do agente.

CAPÍTULO III

Das Penas

Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se


efetivo, e das sanções penais comuns e de responsabilidade, civis e administrativas
previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito
às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de
acordo com a gravidade do fato:

I - Na hipótese de ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, perda dos bens ou valores acrescidos ili-


citamente ao patrimônio, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 14 (cator-
ze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibição de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo não superior a 14 (catorze) anos;

II - Na hipótese de PREJUÍZO AO ERÁRIO, perda dos bens ou valores acrescidos ilicita-


mente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos até 12 (doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano e
proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou credi-
tícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio ma-
joritário, pelo prazo não superior a 12 (doze) anos;

III - Na hipótese de ATOS QUE ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINIS-


TRAÇÃO PÚBLICA, pagamento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remu-
neração percebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de receber bene-
fícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos.

§ 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses de ENRIQUECIMENTO ILÍ-


CITO ou PREJUÍZO AO ERÁRIO, atinge apenas o vínculo de mesma qualidade e natureza que
o agente público ou político detinha com o poder público na época do cometimento da infração,
podendo o magistrado, na hipótese de ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, e em caráter excepcional,
estendê-la aos demais vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e a gravidade da infração.

§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz considerar que, em virtude
da situação econômica do réu, o valor calculado na forma dos incisos I, II e III
do caput deste artigo é ineficaz para reprovação e prevenção do ato de improbidade.

§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser considerados os efeitos


econômicos e sociais das sanções, de modo a viabilizar a manutenção de suas ativida-
des.

§ 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a sanção de


proibição de contratação com o poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de
improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das sanções, de forma a preservar a
função social da pessoa jurídica.

§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tutelados por esta Lei, a
sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem prejuízo do ressarcimento do dano e da
perda dos valores obtidos.

§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano a que se refere esta Lei
deverá deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por
objeto os mesmos fatos.

§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na de respon-


sabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a
administração pública, nacional ou estrangeira, deverão observar o princípio constitu-
cional do NON BIS IN IDEM.
§ 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público deverá constar do Cadastro
Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS), observadas as limitações territoriais contidas
em decisão judicial.

§ 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser executadas após o


trânsito em julgado da sentença condenatória.

§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos polí-
ticos, computar-se-á retroativamente o intervalo de tempo entre a decisão colegiada e
o trânsito em julgado da sentença condenatória.

CAPÍTULO IV

Da Declaração de Bens

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresenta-


ção de declaração de imposto de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha
sido apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arqui-
vada no serviço de pessoal competente.

§ 2º A declaração de bens será atualizada anualmente e na data em que o agente


público deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.

§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabí-
veis, o agente público que se recusar a prestar a declaração dos bens dentro do prazo
determinado ou que prestar declaração falsa.

CAPÍTULO V

Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial

Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa compe-


tente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de im-
probidade.

§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a


qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação
das provas de que tenha conhecimento.

§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho funda-


mentado, se esta não contiver as formalidades legais. A rejeição não impede a repre-
sentação ao Ministério Público.

§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração


dos fatos, observada a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao
agente.

Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tri-


bunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apu-
rar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requeri-
mento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.

Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá ser formulado, em caráter
antecedente ou incidente, pedido de indisponibilidade de bens dos réus, a fim de ga-
rantir a integral recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de en-
riquecimento ilícito.

§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens poderá ser formulado independen-


temente de representação.

§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens incluirá a investigação, o


exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no
exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.

§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens apenas será deferido mediante a de-


monstração no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado
útil do processo, desde que o juiz se convença da probabilidade da ocorrência dos atos
descritos na petição inicial com fundamento nos respectivos elementos de instrução,
após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias.

§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu,


sempre que o contraditório prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da
medida ou houver outras circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não po-
dendo a urgência ser presumida.

§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores declarados indis-


poníveis não poderá superar o montante indicado na petição inicial como dano ao erá-
rio ou como enriquecimento ilícito.

§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de dano indicada na petição inicial,


permitida a sua substituição por caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judici-
al, a requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a instrução do processo.

§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da demonstração da sua efetiva con-


corrência para os atos ilícitos apurados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser processado na forma da lei proces-
sual.

§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei, no que for cabível, o regime
da tutela provisória de urgência prevista no Código de Processo Civil.

§ 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à indisponibilidade de bens caberá


agravo de instrumento, nos termos do Código de Processo Civil.

§ 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem exclusivamente o in-


tegral ressarcimento do dano ao erário, sem incidir sobre os valores a serem eventu-
almente aplicados a título de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de
atividade lícita.

§ 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via terrestre, bens
imóveis, bens móveis em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades
simples e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de
contas bancárias, de forma a garantir a subsistência do acusado e a manutenção da atividade
empresária ao longo do processo.
§ 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens do réu, observará
os efeitos práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarretar prejuízo
à prestação de serviços públicos.

§ 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 (quarenta)


salários mínimos depositados em caderneta de poupança, em outras aplicações finan-
ceiras ou em conta-corrente.

§ 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se com-


provado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.

Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei será proposta
pelo MINISTÉRIO PÚBLICO e seguirá o procedimento comum previsto no Código de
Processo Civil.

§ 4º-A A ação para a aplicação das sanções deverá ser proposta perante o foro do
local onde ocorrer o dano ou da pessoa jurídica prejudicada.

§ 5º A propositura da ação prevenirá a competência do juízo para todas as ações posterior-


mente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

§ 6º A petição inicial observará o seguinte:

I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os elementos probatórios mí-


nimos que demonstrem a ocorrência das hipóteses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de
sua autoria, salvo impossibilidade devidamente fundamentada;

II - será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios sufici-


entes da veracidade dos fatos e do dolo imputado ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
vigente.

§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas provisórias adequadas e


necessárias.

§ 6º-B A petição inicial será rejeitada, bem como quando não preenchidos os requisitos, ou
ainda quando manifestamente inexistente o ato de improbidade imputado.

§ 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz mandará autuá-la e orde-


nará a citação dos requeridos para que a contestem no prazo comum de 30 (trinta)
dias, iniciado o prazo na forma do código de processo civil.

§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação
caberá agravo de instrumento.

§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, poderão as partes reque-


rer ao juiz a interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 (no-
venta) dias.

§ 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o autor, o juiz:

I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo, observada a eventual inexis-


tência manifesta do ato de improbidade;

II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimizar a instrução processual.


§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá decisão na qual indica-
rá com precisão a tipificação do ato de improbidade administrativa imputável ao réu,
sendo-lhe vedado modificar o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo au-
tor.

§ 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação de improbidade ad-
ministrativa que:

I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido na petição inicial;

II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele tempestivamente


especificadas.

§ 11. Em qualquer momento do processo, verificada a inexistência do ato de im-


probidade, o juiz julgará a demanda improcedente.

§ 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica interessada será intima-
da para, caso queira, intervir no processo.

§ 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa jurídica, serão observadas as


regras previstas no código de processo civil.

§ 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a existência de ilegalidades


ou de irregularidades administrativas a serem sanadas sem que estejam presentes to-
dos os requisitos para a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo passivo
da demanda, poderá, em decisão motivada, converter a ação de improbidade adminis-
trativa em ação civil pública, regulada pela lei especifica.

§ 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em ação civil pública caberá agravo
de instrumento.

§ 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado sobre os fatos de que
trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio não implicarão confissão.

§ 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:

I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia;

II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma do Código de Processo Civil;

III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo


mesmo fato, competindo ao Conselho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos
de atribuições entre membros de Ministérios Públicos distintos;

IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem re-


solução de mérito.

§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia dos atos admi-
nistrativos praticados pelo administrador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso
este venha a responder ação por improbidade administrativa, até que a decisão transite em julga-
do.

§ 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento, inclusive da de-


cisão que rejeitar questões preliminares suscitadas pelo réu em sua contestação.
Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso concre-
to, celebrar acordo de não persecução civil, desde que dele advenham, ao menos, os
seguintes resultados:

I - o integral ressarcimento do dano;

II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que


oriunda de agentes privados.

§ 1º A celebração do acordo de não persecução civil dependerá, cumulativamente:

I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou posterior à pro-


positura da ação;

II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério


Público competente para apreciar as promoções de arquivamento de inquéritos civis,
se anterior ao ajuizamento da ação;

III - de homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou


depois do ajuizamento da ação de improbidade administrativa.

§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo de não persecução civil considera-


rá a personalidade do agente, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercus-
são social do ato de improbidade, bem como as vantagens, para o interesse público,
da rápida solução do caso.

§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do
Tribunal de Contas competente, que se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no
prazo de 90 (noventa) dias.

§ 4º O acordo de não persecução civil poderá ser celebrado no curso da investiga-


ção de apuração do ilícito, no curso da ação de improbidade ou no momento da execu-
ção da sentença condenatória.

§ 5º As negociações para a celebração do acordo de não persecução civil ocorrerão entre o


Ministério Público, de um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.

§ 6º O acordo de não persecução civil poderá contemplar a adoção de mecanismos e proce-


dimentos internos de integridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades e a
aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso,
bem como de outras medidas em favor do interesse público e de boas práticas administrativas.

§ 7º Em caso de descumprimento do acordo de não persecução civil, o investigado


ou o demandado ficará impedido de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos,
contado do conhecimento pelo Ministério Público do efetivo descumprimento.

Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere esta Lei deverá, além
de observar o disposto no Código de Processo Civil:

I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram os elementos a que


se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que não podem ser presumidos;

II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre que decidir com base


em valores jurídicos abstratos;
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das
políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados e das cir-
cunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agen-
te;

IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada ou cumulativa:

a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;

b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;

c) a extensão do dano causado;

d) o proveito patrimonial obtido pelo agente;

e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes;

f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequências advindas de sua conduta


omissiva ou comissiva;

g) os antecedentes do agente;

V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das sanções relativas ao


mesmo fato já aplicadas ao agente;

VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, quando for o caso,


a sua atuação específica, não admitida a sua responsabilização por ações ou omissões
para as quais não tiver concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patrimoni-
ais indevidas;

VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objetivos que justifi-


quem a imposição da sanção.

§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não configura ato de


improbidade.

§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocorrerá no limite da participação e


dos benefícios diretos, vedada qualquer solidariedade.

§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata esta Lei.

Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repressiva, de caráter sancio-


natório, destinada à aplicação de sanções de caráter pessoal previstas nesta Lei, e não
constitui ação civil, vedado seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas
públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de ou-
tros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.

Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle de legalidade de políticas públi-
cas e a responsabilidade de agentes públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais,
por danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, históri-
co, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à
ordem urbanística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos e ao patrimônio
público e social submetem-se aos termos da lei da ação civil pública de responsabilidade
por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artís-
tico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei conde-
nará ao ressarcimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiri-
dos, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá


a essa determinação e ao ulterior procedimento para cumprimento da sentença referente ao res-
sarcimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens.

§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências a que se refere o § 1º


deste artigo no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da sentença de proce-
dência da ação, caberá ao Ministério Público proceder à respectiva liquidação do dano e ao cum-
primento da sentença referente ao ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão
dos bens, sem prejuízo de eventual responsabilização pela omissão verificada.

§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ser descontados os serviços


efetivamente prestados.

§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (quarenta e oito) parcelas


mensais corrigidas monetariamente, do débito resultante de condenação pela prática
de improbidade administrativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de saldá-
lo de imediato.

Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento da sentença, o juiz unificará


eventuais sanções aplicadas com outras já impostas em outros processos, tendo em vista a even-
tual continuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes, observado o seguinte:

I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior sanção aplicada, aumentada


de 1/3 (um terço), ou a soma das penas, o que for mais benéfico ao réu;

II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.

Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de


contratar ou de receber incentivos fiscais ou creditícios do poder público observarão o
limite máximo de 20 (vinte) anos.

CAPÍTULO VI

Das Disposições Penais

Art. 19. CONSTITUI CRIME a representação por ato de improbidade contra agente
público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.

Pena: detenção de seis a dez meses e multa.

Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o de-
nunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efeti-
vam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do agen-


te público do exercício do cargo, do emprego ou da função, sem prejuízo da remunera-
ção, quando a medida for necessária à instrução processual ou para evitar a iminente
prática de novos ilícitos.
§ 2º O afastamento do agente público do exercício do cargo, do emprego ou da
função será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, me-
diante decisão motivada.

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:

I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de


ressarcimento e às condutas previstas no art. 10 desta Lei;

II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo


Tribunal ou Conselho de Contas.

§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão considerados pelo juiz


quando tiverem servido de fundamento para a conduta do agente público.

§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as correspondentes de-


cisões deverão ser consideradas na formação da convicção do juiz, sem prejuízo da
análise acerca do dolo na conduta do agente.

§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbi-


dade quando concluírem pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria.

§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão co-
legiada, impede o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fun-
damentos de absolvição previstos no Código de Processo Penal.

§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser compensa-


das com as sanções aplicadas nos termos desta Lei.

Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a re-
querimento de autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o
disposto no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo asse-
melhado e requisitar a instauração de inquérito policial.

Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantida ao in-
vestigado a oportunidade de manifestação por escrito e de juntada de documentos
que comprovem suas alegações e auxiliem na elucidação dos fatos.

CAPÍTULO VII

Da Prescrição

Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8
(oito) anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações perma-
nentes, do dia em que cessou a permanência.

§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para apuração dos ilícitos


referidos nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta)
dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo, es-
gotado o prazo de suspensão.

§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365
(trezentos e sessenta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período, median-
te ato fundamentado submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme
dispuser a respectiva lei orgânica.

§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo
de 30 (trinta) dias, se não for caso de arquivamento do inquérito civil.

§ 4º O prazo da prescrição para a aplicação das sanções interrompe-se:

I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;

II - pela publicação da sentença condenatória;

III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Re-


gional Federal que confirma sentença condenatória ou que reforma sentença de im-
procedência;

IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que


confirma acórdão condenatório ou que reforma acórdão de improcedência;

V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que con-


firma acórdão condenatório ou que reforma acórdão de improcedência.

§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção,


pela metade do prazo previsto para a aplicação das sanções.

§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos os


que concorreram para a prática do ato de improbidade.

§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e
a interrupção relativas a qualquer deles estendem-se aos demais.

§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a reque-


rimento da parte interessada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e
decretá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo
previsto no § 5º deste artigo.

Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capacitação aos agentes pú-
blicos e políticos que atuem com prevenção ou repressão de atos de improbidade ad-
ministrativa.

Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não haverá adiantamento
de custas, de preparo, de emolumentos, de honorários periciais e de quaisquer outras
despesas.

§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais despesas processuais


serão pagas ao final.

§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação


de improbidade se comprovada má-fé.

Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações,
serão responsabilizados nos termos da lei especifica.
LEI Nº 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999

Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âm-
bito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos
direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislati-
vo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.

§ 2o Para os fins desta lei, consideram-se:

I - ÓRGÃO - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta


e da estrutura da Administração indireta;

II - ENTIDADE - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;

III - AUTORIDADE - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legali-


dade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de-
fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os


critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de


poderes ou competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pesso-


al de agentes ou autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo


previstas na Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e


sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do in-
teresse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;


VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos admi-
nistrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certe-


za, segurança e respeito aos direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à


produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resul-
tar sanções e nas situações de litígio;

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em


lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos


interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o aten-


dimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpre-
tação.

CAPÍTULO II

DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS

Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem


prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:

I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o
exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;

II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a con-


dição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e
conhecer as decisões proferidas;

III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão


objeto de consideração pelo órgão competente;

IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a


representação, por força de lei.

CAPÍTULO III

DOS DEVERES DO ADMINISTRADO

Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de ou-


tros previstos em ato normativo:

I - expor os fatos conforme a verdade;

II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;


III - não agir de modo temerário;

IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclare-


cimento dos fatos.

CAPÍTULO IV

DO INÍCIO DO PROCESSO

Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interes-


sado.

Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida so-
licitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:

I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

II - identificação do interessado ou de quem o represente;

III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;

IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;

V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.

Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de


documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de
eventuais falhas.

Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formu-


lários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes.

Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e


fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo pre-
ceito legal em contrário.

CAPÍTULO V

DOS INTERESSADOS

Art. 9o São legitimados como interessados no processo administrativo:

I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interes-


ses individuais ou no exercício do direito de representação;

II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que
possam ser afetados pela decisão a ser adotada;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e inte-


resses coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou in-
teresses difusos.

Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito
anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.

CAPÍTULO VI

DA COMPETÊNCIA

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a


que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente
admitidos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimen-
to legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que es-
tes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão
de circunstâncias de índole Técnica, Social, Econômica, Territorial ou Jurídica.
(TSE/TJ)

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio ofici-
al.

§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites


da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível,
podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.

§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e


considerar-se-ão editadas pelo delegado.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devida-
mente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierar-
quicamente inferior.

Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais


das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em
matéria de interesse especial.

Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deve-


rá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.
CAPÍTULO VII

DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade


que:

I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;

II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou represen-


tante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e
afins até o terceiro grau;

III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respec-


tivo cônjuge ou companheiro.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o


fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar.

Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta


grave, para efeitos disciplinares.

Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade
íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônju-
ges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.

Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso,


sem efeito suspensivo.

CAPÍTULO VIII

DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada


senão quando a lei expressamente a exigir.

§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a


data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.

§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver
dúvida de autenticidade.

§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão adminis-
trativo.

§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencialmente e rubrica-


das.

Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de
funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cu-
jo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessa-
do ou à Administração.

Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade respon-


sável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no
prazo de CINCO DIAS, salvo motivo de força maior.

Parágrafo único. O prazo de CINCO DIAS pode ser dilatado até o dobro (10 DIAS), medi-
ante comprovada justificação.

Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do ór-


gão, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização.

CAPÍTULO IX

DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo de-
terminará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de dili-
gências.

§ 1o A intimação deverá conter:

I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;

II - finalidade da intimação;

III - data, hora e local em que deve comparecer;

IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;

V - informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento;

VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de TRÊS DIAS ÚTEIS quanto à


data de comparecimento.

§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com
aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência
do interessado.

§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio in-


definido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial.

§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições le-
gais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.

Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade


dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla
defesa ao interessado.

Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado
em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os
atos de outra natureza, de seu interesse.

CAPÍTULO X

DA INSTRUÇÃO

Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados


necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão
responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atua-
ções probatórias.

§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à de-
cisão do processo.

§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizar-


se do modo menos oneroso para estes.

Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios
ilícitos.

Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o ór-
gão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pú-
blica para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver preju-
ízo para a parte interessada.

§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de
que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de
alegações escritas.

§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do


processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá
ser comum a todas as alegações substancialmente iguais.

Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância


da questão, poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do
processo.

Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão es-


tabelecer outros meios de participação de administrados, diretamente ou por meio de
organizações e associações legalmente reconhecidas.

Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de participação de


administrados deverão ser apresentados com a indicação do procedimento adotado.

Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros órgãos ou entida-
des administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou
representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do
dever atribuído ao órgão competente para a instrução.

Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em do-
cumentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro
órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obten-
ção dos documentos ou das respectivas cópias.

Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão,


juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir ale-
gações referentes à matéria objeto do processo.

§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da deci-


são.

§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas


propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
protelatórias.

Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de


provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim,
mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento.

Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender
relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.

Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem


necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pe-
la Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo.

Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência ordenada, com an-
tecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização.

Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer
deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou compro-
vada necessidade de maior prazo.

§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado,


o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se
quem der causa ao atraso.

§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fi-


xado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem
prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.

Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente obtidos
laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro
órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalente.

Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no


prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamen-
te adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado.

Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias repro-
gráficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de tercei-
ros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.

Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará
relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta
de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente.

CAPÍTULO XI

DO DEVER DE DECIDIR

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos proces-
sos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua compe-
tência.

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o


prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressa-
mente motivada.

CAPÍTULO XI-A

DA DECISÃO COORDENADA

Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as decisões administrativas


que exijam a participação de 3 (três) ou mais setores, órgãos ou entidades poderão
ser tomadas mediante decisão coordenada, sempre que:

I - for justificável pela relevância da matéria; e

II - houver discordância que prejudique a celeridade do processo administrativo


decisório.

§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada a instância de natureza inte-
rinstitucional ou intersetorial que atua de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o
processo administrativo mediante participação concomitante de todas as autoridades e agentes
decisórios e dos responsáveis pela instrução técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a
compatibilidade do procedimento e de sua formalização com a legislação pertinente.

§ 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade originária de cada órgão


ou autoridade envolvida.

§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da legalidade, da eficiência e


da transparência, com utilização, sempre que necessário, da simplificação do procedi-
mento e da concentração das instâncias decisórias.

§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos administrativos:

I - De licitação;

II - Relacionados ao poder sancionador;


III - Em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distintos.

Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coordenada, na qualidade de ouvintes,


os interessados de que trata o art. 9º desta Lei.

Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir direito a voz, será deferida por
decisão irrecorrível da autoridade responsável pela convocação da decisão coordenada.

Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável pela elaboração de documento
específico sobre o tema atinente à respectiva competência, a fim de subsidiar os trabalhos e inte-
grar o processo da decisão coordenada.

Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão coordenada deverá ser mani-
festado durante as reuniões, de forma fundamentada, acompanhado das propostas de solução e
de alteração necessárias para a resolução da questão.

Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao objeto da convocação.

Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada será consolidada em


ata, que conterá as seguintes informações:

I - relato sobre os itens da pauta;

II - síntese dos fundamentos aduzidos;

III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação;

IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das propostas de atos gover-
namentais relativos ao objeto da convocação;

V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura atuação governamental em maté-


ria idêntica ou similar;

VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria sujeita à sua competência.

§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fundamentação da de-


cisão da autoridade ou do agente a respeito de matéria de competência do órgão ou
da entidade representada.

CAPÍTULO XII

DA MOTIVAÇÃO

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;


VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de


pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato adminis-


trativo.

§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em de-


claração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, de-
cisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.

§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio


mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique di-
reito ou garantia dos interessados.

§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões


orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

CAPÍTULO XIII

DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO

Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou


parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.

§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem


a tenha formulado.

§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o


prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público
assim o exige.

Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida
sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por
fato superveniente.

CAPÍTULO XIV

DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

Art. 53. A Administração deve ANULAR seus próprios atos, quando eivados de vício
de legalidade, e pode REVOGÁ-LOS por motivo de conveniência ou oportunidade, res-
peitados os direitos adquiridos.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decor-


ram efeitos favoráveis para os destinatários decai em CINCO ANOS, contados da data
em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á


da percepção do primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrati-
va que importe impugnação à validade do ato.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse públi-
co nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
CONVALIDADOS pela própria Administração.

CAPÍTULO XV

DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO

Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalida-
de e de mérito.

§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a


reconsiderar no prazo de CINCO DIAS, o encaminhará à autoridade superior.

§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de


caução.

§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vin-


culante, caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar,
antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabili-
dade da súmula, conforme o caso.

Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias adminis-
trativas, salvo disposição legal diversa.

Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:

I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;

II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela deci-


são recorrida;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e inte-


resses coletivos;

IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de DEZ DIAS o prazo para interposição
de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão
recorrida.

§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser
decidido no prazo máximo de TRINTA DIAS, a partir do recebimento dos autos pelo
órgão competente.

§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual


período, ante justificativa explícita.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente deverá expor
os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.

Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.

Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente
da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido,
dar efeito suspensivo ao recurso.

Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá inti-
mar os demais interessados para que, no prazo de CINCO DIAS ÚTEIS, apresentem
alegações.

Art. 63. O RECURSO NÃO SERÁ CONHECIDO QUANDO INTERPOSTO:

I - fora do prazo;

II - perante órgão incompetente;

III - por quem não seja legitimado;

IV - após exaurida a esfera administrativa.

§ 1o Na hipótese de órgão incompetente, será indicada ao recorrente a autoridade compe-


tente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.

§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofí-


cio o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.

Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar,
anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência.

Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação
do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.

Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o


órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.

Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de
enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente
para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos
semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revis-
tos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circuns-
tâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.

Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da san-


ção.
CAPÍTULO XVI

DOS PRAZOS

Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, exclu-
indo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.

§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o venci-


mento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora
normal.

§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.

§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do


vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como ter-
mo o último dia do mês.

Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos proces-
suais não se suspendem.

CAPÍTULO XVII

DAS SANÇÕES

Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza
pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o
direito de defesa.

CAPÍTULO XVIII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei


própria, aplicando-se lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.

Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os pro-


cedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado:

I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;

II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;

IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna,


hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkin-
son, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados
avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, sín-
drome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão
da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do
processo.
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Noções introdutórias
Segundo Carvalho Filho, pode-se denominar de controle da Administração Pública “o con-
junto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se exerce o poder
de fiscalização e revisão da atividade administrativa em qualquer das esferas de Po-
der”.

Por sua vez, Di Pietro dispõe que o controle da Administração Pública pode ser definido como
“o poder de fis a i a o e orre o que so re e a e er em os órg os dos Poderes Judi-
ciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atua-
o om os prin ípios que he s o impostos pe o ordenamento jurídi o”.

Enfim, o controle da Administração Pública é um poder-dever de fiscalização e revisão da atuação


administrativa para garantir a conformação com o ordenamento jurídico e com a boa administra-
ção. Isso quer dizer que o controle vai além da legalidade e legitimidade, alcançando, inclusive,
aspectos de eficiência, eficácia e efetividade.

Natureza e aspectos da fiscalização


Art. 70 da CF/88. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patri-
monial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalida-
de, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, se-
rá exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.

Controle quanto à origem ou ao posicionamento do órgão controlador


Interno: É aquele exercido dentro de um mesmo Poder ou de uma mesma entidade;
Externo: É o efetuado por órgãos alheios à Administração;
CUIDADO, o MP não é órgão integrante da administração pública, mas tem a finalidade
de fiscalizar e exercer o controle do poder público e dos direitos e garantias individuais
num contexto geral. Sendo, portanto, importante contribuinte no exercício do controle externo.
Art. 129 da CF/88. São funções institucionais do Ministério Público:
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar
mencionada no artigo anterior;

Controle interno
Pontua Hely Lopes Meirelles que o controle interno é todo aquele realizado pela entidade ou
órgão responsável pela atividade controlada, no âmbito da própria Administração. Dessa
forma, o controle realizado pelo Poder Executivo sobre seus serviços e agentes é considerado in-
terno. Da mesma forma, será interno o controle realizado pelo Legislativo ou Judiciário, por seus
órgãos administrativos, no exercício de suas funções atípicas de administrar.

Na CF/88, o controle interno encontra-se disciplinado especialmente no art. 74, que impõe que os
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário mantenham, de forma integrada, sistema
de controle interno com a finalidade de:
Controle externo
O controle externo é aquele realizado por um Poder sobre os atos administrativos pra-
ticados por outro Poder.

Nesse contexto, podemos exemplificar o controle externo quando o Poder Judiciário anula um ato
administrativo do Poder Executivo; quando o Congresso Nacional susta os atos normativos do Po-
der Executivo que exorbitem do poder regulamentar; quando o Congresso Nacional julga as con-
tas prestadas anualmente pelo Presidente da República; quando o Senado Federal aprova a esco-
lha do Presidente e dos dirigentes do Banco Central; quando o Tribunal de Contas da União julga
as contas dos administradores e demais responsáveis por recursos públicos.

Controle popular
Patrimônio público não pertence aos administradores, mas à população. É por isso que um dos
princípios basilares da Administração Pública é o princípio da indisponibilidade do interesse públi-
co. Por conseguinte, o texto constitucional apresenta diversos dispositivos que facultam o controle
popular, seja ele exercido diretamente ou por meio dos órgãos com essa função institucional.

Nesse contexto, o §3º, art. 37, CF, dispõe que a lei disciplinará as formas de participação do usu-
ário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: as reclamações relativas
à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimen-
to ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; o acesso dos
usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, com exceção das res-
salvas previstas no próprio texto constitucional; a disciplina da representação contra o exercício
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.

Outro exemplo consta no art. 74, §2º, da Constituição que prevê que “qualquer cidadão, par-
tido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar
irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União”.

Controle quanto ao fundamento ou amplitude

Controle hierárquico
O controle hierárquico se observa quando há o escalonamento vertical de órgãos, situação em
que os órgãos inferiores encontram-se subordinados aos superiores. Por conseguinte, os órgãos
de cúpula possuem controle pleno sobre os subalternos, sem precisar de uma lei ou outra norma
específica para lhe outorgar a competência de controle.

Nesse contexto, o controle hierárquico possui quatro características principais: é pleno, pois
abrange o mérito e a legalidade; é permanente, uma vez que pode ser exercido a qualquer
tempo; é absoluto, porque independe de previsão legal e será sempre um controle interno,
uma vez que ocorre no âmbito da mesma Administração.

Segundo Hely Lopes Meirelles, o controle hierárquico “pressupõe as faculdades de super-


visão, coordenação, orientação, fiscalização, aprovação, revisão e avocação das ativi-
dades controladas, bem como os meios corretivos dos agentes responsáveis”.

Controle finalístico
É o controle exercido pela Administração Direta sobre a Indireta, ou seja, é aquele em
que não existe hierarquia, mas vinculação. Segundo Hely Lopes Meirelles, o controle finalís-
tico é o que a norma legal estabelece para as entidades autônomas, indicando a autoridade con-
troladora, as faculdades a serem exercitadas e as finalidades objetivadas. Por esse motivo, trata-
se de um controle que será sempre limitado e externo.

Como não há hierarquia na relação, esse controle é bem menos amplo que o controle hierárquico,
ocorrendo dentro dos limites previstos em lei. Vale dizer, enquanto o controle hierárquico é
amplo e independe de previsão legal, o controle finalístico depende de previsão legal,
que estabelecerá as hipóteses e os limites de atuação.

Controle quanto ao momento


1. Controle prévio, preliminar ou preventivo: realizado sobre os insumos e efetuado
antes da ocorrência do evento, com o fim de evitar que ocorram variações no plano.
2. Controle concomitante, simultâneo ou em tempo real: realizado sobre o processo,
no mesmo tempo da ocorrência do evento, com o fim de corrigir o desempenho du-
rante a execução.
3. Controle posterior, de feedback ou de retroação: realizado sobre os resultados e
após a ocorrência do evento, com vistas a avaliar os desvios, as causas e corrigir o
desempenho programado.

Controle quanto ao aspecto

Quanto ao aspecto, o controle pode ser de legalidade e legitimidade e de mérito.

O controle de legalidade e legitimidade possui o objetivo de verificar a conformação do ato ou


procedimento administrativo com as normas legais e os preceitos administrativos. Essa é uma hi-
pótese de controle que pode ser exercida tanto pela própria Administração, quanto pelos Poderes
Legislativo e Judiciário. A diferença é que a Administração o exerce de ofício ou por provocação;
enquanto o Legislativo só poderá exercê-lo nos casos previstos na Constituição; e, por fim, o Po-
der Judiciário só atuará mediante provocação, através da devida ação judicial. Com efeito, os atos
ilegais ou ilegítimos são passíveis apenas de anulação, já que não se pode falar em revogação
daquilo que não se encontra em conformação com a lei.
O controle de mérito, por outro lado, atua sobre a conveniência ou oportunidade do
ato controlado. Logo, é um controle que ocorre sobre os atos discricionários.

Em geral, este tipo de controle é exercido pela própria Administração que executou o ato. Assim,
em regra, somente o Poder que editou um ato administrativo poderá exercer o controle do mérito
desse ato. Isso porque o mérito se expressa em um ato válido, sendo que o seu desfa-
zimento se faz pela revogação.

Todavia, não se deve confundir mérito com discricionariedade. O Poder Judiciário pode sim
analisar os atos discricionários, verificando se eles encontram-se dentro dos parâmetros definidos
na lei e no Direito. Se, eventualmente, um ato discricionário mostrar-se desarrazoado ou despro-
porcional, o Poder Judiciário poderá anulá-lo em virtude de sua ilegalidade ou ilegitimidade.

Controle exercido pela Administração Pública


O controle exercido pela Administração Pública, ou simplesmente controle administrativo,
ocorre quando a própria Administração controla os seus atos. Com efeito, será sempre um contro-
le interno, vez que se instaura dentro de um mesmo Poder.

Conforme Hely Lopes Meirelles “Controle administrativo é todo aquele que o Executivo e
os órgãos de administração dos demais Poderes exercem sobre suas próprias ativida-
des, visando a mantê-los dentro da lei, segundo as necessidades do serviço e as exi-
gências técnicas e econômicas de sua realização, pelo quê é um controle de legalidade
e mérito”.

A base do controle administrativo é o exercício da autotutela, conforme se expressa na Súmula


473 do Supremo Tribunal Federal, nos seguintes termos:

Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de ví-
cios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressal-
vada, em todos os casos, a apreciação judicial.

CUIDADO: TUTELA É DIFERENTE DE AUTOTUTELA

TUTELA: É basicamente o controle que Administração Direta faz sobre a indireta; Não
há hierarquia; Depende de Lei, já que essa que vai permitir tanto a criação da entidade
como definir a sua área de atuação.

AUTOTUTELA: Administração pode Anular seus próprios atos quando forem Ilegais; ou
a Administração pode Revogar seus atos a critérios de conveniência e oportunidade;
HÁ HIERARQUIA.

Controle legislativo
O controle exercido pelo Poder Legislativo sobre a Administração Pública costuma ser chamado de
controle legislativo. Esse controle ocorre em qualquer esfera de governo, seja federal, estadu-
al, distrital ou municipal.
Inicialmente, devemos observar que o Poder Legislativo também realiza o controle interno sobre
os seus próprios atos. Nesse caso, o órgão nada mais está fazendo do que o controle administra-
tivo sobre o exercício de sua função atípica de administrar.

Assim, chama-se de controle legislativo somente o exercício da função típica de fiscalização que o
Poder Legislativo exerce sobre os atos dos demais poderes, sobremaneira do Poder Executivo e de
sua Administração Indireta.

Basicamente, o controle legislativo manifesta-se de duas maneiras: Controle político, também


chamado de controle parlamentar direto, que é aquele exercido diretamente pelo Congresso
Nacional, por suas Casas, pelas comissões parlamentares, ou diretamente pelos membros do Po-
der Legislativo e o Controle exercido pelo Tribunal de Contas (também chamado de con-
trole parlamentar indireto ou simplesmente controle técnico).

Exemplo de Controle parlamentar direto:

1. Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;
2. Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios
sobre a execução dos planos de governo;
3. Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Execu-
tivo, incluídos os da administração indireta;
4. Competência da Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comis-
sões, para convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subor-
dinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre as-
sunto previamente determinado;
5. Competência das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para encaminhar
pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos di-
retamente subordinados à Presidência da República;
6. Exercer, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da Administração Pública federal, mediante controle
externo;

Controle exercido pelo Tribunal de Contas da União


Art. 70 da CF/88. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patri-
monial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalida-
de, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, se-
rá exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestarão contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante
parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimen-
to;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e


valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e socieda-
des instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário pú-
blico;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressal-
vadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessó-
rio;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de


Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, finan-
ceira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Po-
deres Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a


União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante con-


vênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal
ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas
Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, finan-
ceira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e ins-
peções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de


contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
proporcional ao dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao


exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à


Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

Controle Judicial
Em primeiro lugar, este é um controle de legalidade e legitimidade. Isso não significa que ele
se limite estritamente ao texto da lei, pois cabe ao Judiciário analisar a observância dos princípios
administrativos, como a moralidade, razoabilidade e proporcionalidade.
Assim, diante de um ato ilegal, ilegítimo ou imoral, caberá ao Poder Judiciário anular o
ato administrativo. Por outro lado, não é possível analisar o mérito, ou seja, o juízo de
conveniência e oportunidade do agente público.

Por fim, sabemos que o controle judicial só ocorre quando provocado, ou seja, não po-
de o Poder Judiciário anular um ato ilegal de ofício, pois é necessário que alguém, ou
alguma instituição, dê início à ação judicial com essa finalidade.

São instrumentos de controle judicial:

1. Ação popular;
2. Ação civil pública;
3. Mandado de injunção;
4. Mandado de segurança;
5. Habeas data;
6. Ação de improbidade administrativa.

CUIDADO: O controle ministerial é o exercido pelos Ministérios sobre os órgãos de sua es-
trutura administrativa E também sobre as pessoas da Administração Indireta federal.
Naquele caso o controle é interno e por subordinação e neste é externo e por vinculação.
LEI Nº 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995.

SERVIÇOS PÚBLICOS

Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos


previsto no Art 175 da constituição federal.

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de serviços


públicos reger-se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, por esta Lei, pelas normas
legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispensáveis contratos.

Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a revi-


são e as adaptações necessárias de sua legislação às prescrições desta Lei, buscando atender as
peculiaridades das diversas modalidades dos seus serviços.

Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:


I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja com-
petência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de
concessão ou permissão;

II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder conce-
dente, mediante licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica
ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco e por prazo determinado;

III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a cons-


trução, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de
interesse público, delegados pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade concor-
rência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capaci-
dade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária
seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determina-
do;

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da


prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

Art. 3o As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalização pelo poder conce-


dente responsável pela delegação, com a cooperação dos usuários.

Art. 4o A concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pú-


blica, será formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei,
das normas pertinentes e do edital de licitação.

Art. 5o O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando a


conveniência da outorga de concessão ou permissão, caracterizando seu objeto, área e prazo.

Capítulo II
DO SERVIÇO ADEQUADO

Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado


ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas per-
tinentes e no respectivo contrato.

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuida-


de, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modi-
cidade das tarifas.

§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instala-


ções e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.

§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em


situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não po-


derá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia anterior a feri-
ado.

Capítulo III

DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS

Art. 7º. São direitos e obrigações dos usuários:

I - receber serviço adequado;

II - receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa


de interesses individuais ou coletivos;

III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores
de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente.

IV - levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularida-


des de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;

V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela conces-


sionária na prestação do serviço;

VI - contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através
dos quais lhes são prestados os serviços.

Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos


Estados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário,
dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os
dias de vencimento de seus débitos.

Serviços públicos próprios: são aqueles que se relacionam intimamente com as atri-
buições do Poder Público (segurança, polícia, higiene, saúde pública, judiciário etc.) e
para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os adminis-
trados. Por esta razão, só devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas, em
regra sem delegação a particulares.

Serviços Públicos Impróprios: serviços públicos impróprios são aqueles que satisfazem
os interesses da comunidade, porém não são atividades típicas do Estado, são de utili-
dade pública, podendo ser feito por particulares sem delegação. Obs.: quando esse
serviço for prestado por particular, sem qualquer delegação, ou pelo terceiro setor,
não será considerado serviço público, mas serviço de utilidade pública.

Capítulo IV

DA POLÍTICA TARIFÁRIA

Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta
vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no
edital e no contrato.

§ 1o A tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos casos ex-
pressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço públi-
co alternativo e gratuito para o usuário.

§ 2o Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de


manter-se o equilíbrio econômico-financeiro.

§ 3o Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer


tributos ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto,
implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso.

§ 4o Em havendo alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio econômi-
co-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração.

§ 5º A concessionária deverá divulgar em seu sítio eletrônico, de forma clara e de


fácil compreensão pelos usuários, tabela com o valor das tarifas praticadas e a evolu-
ção das revisões ou reajustes realizados nos últimos cinco anos.

Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do contrato, considera-se mantido seu
equilíbrio econômico-financeiro.

Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder conce-
dente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes
provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com
ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas.

Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo serão obrigatoriamente


consideradas para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técni-
cas e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de
usuários.

Classificação dos serviços públicos quanto aos destinatários

Capítulo V

DA LICITAÇÃO

Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra
pública, será objeto de prévia licitação, nos termos da legislação própria e com obser-
vância dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, do julgamento
por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório.

Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos seguintes critérios:

I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;

II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da


concessão;
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos I, II e VII;

IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;

V - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tari-


fa do serviço público a ser prestado com o de melhor técnica;

VI - melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta pela


outorga da concessão com o de melhor técnica;

VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas


técnicas.

§ 3o O poder concedente recusará propostas manifestamente inexequíveis ou fi-


nanceiramente incompatíveis com os objetivos da licitação.

§ 4o Em igualdade de condições, será dada preferência à proposta apresentada


por empresa brasileira.

Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de exclusividade,


salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica justificada no ato.

Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta que, para sua viabilização, necessite de
vantagens ou subsídios que não estejam previamente autorizados em lei e à disposição de todos
os concorrentes.

§ 1o Considerar-se-á, também, desclassificada a proposta de entidade estatal alheia à esfera


político-administrativa do poder concedente que, para sua viabilização, necessite de vantagens ou
subsídios do poder público controlador da referida entidade.

§ 2o Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que trata este artigo, qualquer tipo de trata-
mento tributário diferenciado, ainda que em consequência da natureza jurídica do licitante, que
comprometa a isonomia fiscal que deve prevalecer entre todos os concorrentes.

Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder concedente, observados,
no que couber, os critérios e as normas gerais da legislação própria sobre licitações e
contratos e conterá, especialmente:

I - o objeto, metas e prazo da concessão;

II - a descrição das condições necessárias à prestação adequada do serviço;

III - os prazos para recebimento das propostas, julgamento da licitação e assina-


tura do contrato;

IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, aos interessados, os dados,


estudos e projetos necessários à elaboração dos orçamentos e apresentação das pro-
postas;
V - os critérios e a relação dos documentos exigidos para a aferição da capacida-
de técnica, da idoneidade financeira e da regularidade jurídica e fiscal;

VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, complementares ou acessórias,


bem como as provenientes de projetos associados;

VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da concessionária em relação


a alterações e expansões a serem realizadas no futuro, para garantir a continuidade
da prestação do serviço;

VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa;

IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a serem utilizados no julga-


mento técnico e econômico-financeiro da proposta;

X - a indicação dos bens reversíveis;

XI - as características dos bens reversíveis e as condições em que estes serão


postos à disposição, nos casos em que houver sido extinta a concessão anterior;

XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus das desapropriações necessá-


rias à execução do serviço ou da obra pública, ou para a instituição de servidão admi-
nistrativa;

XIII - as condições de liderança da empresa responsável, na hipótese em que for


permitida a participação de empresas em consórcio;

XV - nos casos de concessão de serviços públicos precedida da execução de obra


pública, os dados relativos à obra, dentre os quais os elementos do projeto básico que
permitam sua plena caracterização, bem assim as garantias exigidas para essa parte
específica do contrato, adequadas a cada caso e limitadas ao valor da obra;

XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de adesão a ser firmado.

Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e
julgamento, hipótese em que:

I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances, será aberto


o invólucro com os documentos de habilitação do licitante mais bem classificado, para verificação
do atendimento das condições fixadas no edital;

II - verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será declarado vencedor;

III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os documentos habilitatórios


do licitante com a proposta classificada em segundo lugar, e assim sucessivamente, até que um
licitante classificado atenda às condições fixadas no edital;
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao vencedor nas
condições técnicas e econômicas por ele ofertadas.

Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação de empresas em consórcio,


observar-se-ão as seguintes normas:

I - comprovação de compromisso, público ou particular, de constituição de con-


sórcio, subscrito pelas consorciadas;

II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;

III - apresentação dos documentos por parte de cada consorciada;

IV - impedimento de participação de empresas consorciadas na mesma licitação,


por intermédio de mais de um consórcio ou isoladamente.

§ 1o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do con-


trato, a constituição e registro do consórcio.

§ 2o A empresa líder do consórcio é a responsável perante o poder concedente pelo cum-


primento do contrato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade solidária das demais con-
sorciadas.

Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que previsto no edital, no interes-
se do serviço a ser concedido, determinar que o licitante vencedor, no caso de consór-
cio, se constitua em empresa antes da celebração do contrato.

Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, projetos, obras e despesas ou investi-


mentos já efetuados, vinculados à concessão, de utilidade para a licitação, realizados pelo poder
concedente ou com a sua autorização, estarão à disposição dos interessados, devendo o vencedor
da licitação ressarcir os dispêndios correspondentes, especificados no edital.

Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de certidão sobre atos, con-
tratos, decisões ou pareceres relativos à licitação ou às próprias concessões.

Capítulo VI

DO CONTRATO DE CONCESSÃO

Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:

I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;

II - ao modo, forma e condições de prestação do serviço;

III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da qualidade do


serviço;
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos para o reajuste e a revi-
são das tarifas;

V - aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da concessionária,


inclusive os relacionados às previsíveis necessidades de futura alteração e expansão
do serviço e consequente modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipa-
mentos e das instalações;

VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização do serviço;

VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos, dos métodos e


práticas de execução do serviço, bem como a indicação dos órgãos competentes para
exercê-la;

VIII - às penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita à concessioná-


ria e sua forma de aplicação;

IX - aos casos de extinção da concessão;

X - aos bens reversíveis;

XI - aos critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indenizações devidas


à concessionária, quando for o caso;

XII - às condições para prorrogação do contrato;

XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de contas da conces-


sionária ao poder concedente;

XIV - à exigência da publicação de demonstrações financeiras periódicas da con-


cessionária; e

XV - ao foro e ao modo amigável de solução das divergências contratuais.

Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de serviço público precedido da


execução de obra pública deverão, adicionalmente:

I - estipular os cronogramas físico-financeiros de execução das obras vinculadas


à concessão; e

II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das obrigações rela-


tivas às obras vinculadas à concessão.

Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos pri-


vados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a
arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da lei.
Art. 25. Incumbe a concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe
responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a
terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue
essa responsabilidade.

§ 1o Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este artigo, a concessioná-


ria poderá contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessó-
rias ou complementares ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos
associados.

§ 2o Os contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros reger-se-ão pe-


lo direito privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros e
o poder concedente.

§ 3o A execução das atividades contratadas com terceiros pressupõe o cumprimento das


normas regulamentares da modalidade do serviço concedido.

Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previstos no contrato de conces-


são, desde que expressamente autorizada pelo poder concedente.

§ 1o A outorga de subconcessão será sempre precedida de concorrência.

§ 2o O subconcessionário se sub-rogará todos os direitos e obrigações da subconcedente


dentro dos limites da subconcessão.

Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia


anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.

§ 1o Para fins de obtenção da anuência de que trata o caput deste artigo, o pretendente
deverá:

I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica


e fiscal necessárias à assunção do serviço; e

II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.

Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de concessão, o poder concedente autori-
zará a assunção do controle ou da administração temporária da concessionária por seus financia-
dores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, para promover sua rees-
truturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços.

§ 2o A assunção do controle ou da administração temporária autorizadas na forma


do caput deste artigo não alterará as obrigações da concessionária e de seus controladores para
com terceiros, poder concedente e usuários dos serviços públicos.

§ 4o Configura-se a administração temporária da concessionária por seus financiadores e ga-


rantidores quando, sem a transferência da propriedade de ações ou quotas, forem outorgados os
seguintes poderes:
I - indicar os membros do Conselho de Administração, a serem eleitos em Assembleia Geral
pelos acionistas, ou administradores, a serem eleitos pelos quotistas, nas demais sociedades;

II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem eleitos pelos acionistas ou quotistas con-
troladores em Assembleia Geral;

III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta submetida à votação dos acionistas ou
quotistas da concessionária, que representem, ou possam representar, prejuízos aos fins previstos
no caput deste artigo;

§ 5o A administração temporária autorizada na forma deste artigo não acarretará


responsabilidade aos financiadores e garantidores em relação à tributação, encargos,
ônus, sanções, obrigações ou compromissos com terceiros, inclusive com o poder con-
cedente ou empregados.

§ 6o O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da administração temporária.

Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessionárias poderão oferecer em garantia os


direitos emergentes da concessão, até o limite que não comprometa a operacionalização e a con-
tinuidade da prestação do serviço.

Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de longo prazo, destinados a investimentos rela-
cionados a contratos de concessão, em qualquer de suas modalidades, as concessionárias pode-
rão ceder ao mutuante, em caráter fiduciário, parcela de seus créditos operacionais futuros, ob-
servadas as seguintes condições:

I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser registrado em Cartório de Títulos e Docu-
mentos para ter eficácia perante terceiros;

II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste artigo, a cessão do crédito não terá
eficácia em relação ao Poder Público concedente senão quando for este formalmente notificado;

III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo serão constituídos sob a titularidade
do mutuante, independentemente de qualquer formalidade adicional;

IV - o mutuante poderá indicar instituição financeira para efetuar a cobrança e receber os


pagamentos dos créditos cedidos ou permitir que a concessionária o faça, na qualidade de repre-
sentante e depositária;

V - na hipótese de ter sido indicada instituição financeira, conforme previsto no inciso IV do


caput deste artigo, fica a concessionária obrigada a apresentar a essa os créditos para cobrança;

VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser depositados pela concessionária ou


pela instituição encarregada da cobrança em conta corrente bancária vinculada ao contrato de
mútuo;

VII - a instituição financeira depositária deverá transferir os valores recebidos ao mutuante à


medida que as obrigações do contrato de mútuo tornarem-se exigíveis; e
VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à concessionária dos recursos exce-
dentes, sendo vedada a retenção do saldo após o adimplemento integral do contrato.

Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão considerados contratos de longo prazo
aqueles cujas obrigações tenham prazo médio de vencimento superior a 5 (cinco) anos.

Capítulo VII

DOS ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE

Art. 29. Incumbe ao poder concedente:

I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar permanentemente a sua presta-


ção;

II - aplicar as penalidades regulamentares e contratuais;

III - intervir na prestação do serviço, nos casos e condições previstos em lei;

IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Lei e na forma prevista no


contrato;

V - homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na forma desta Lei, das
normas pertinentes e do contrato;

VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares do serviço e as cláu-


sulas contratuais da concessão;

VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e solucionar queixas e
reclamações dos usuários, que serão cientificados, em até trinta dias, das providências
tomadas;

VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do serviço ou


obra pública, promovendo as desapropriações, diretamente ou mediante outorga de
poderes à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas indeniza-
ções cabíveis;

IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins de instituição de ser-


vidão administrativa, os bens necessários à execução de serviço ou obra pública, pro-
movendo-a diretamente ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em
que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis;

X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, preservação do meio-


ambiente e conservação;

XI - incentivar a competitividade; e
XII - estimular a formação de associações de usuários para defesa de interesses
relativos ao serviço.

Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder concedente terá acesso aos dados
relativos à administração, contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros
da concessionária.

Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita por intermédio de órgão técnico do po-
der concedente ou por entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme previsto em
norma regulamentar, por comissão composta de representantes do poder concedente, da conces-
sionária e dos usuários.

Capítulo VIII

DOS ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA

Art. 31. Incumbe à concessionária:

I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei, nas normas técnicas
aplicáveis e no contrato;

II - manter em dia o inventário e o registro dos bens vinculados à concessão;

III - prestar contas da gestão do serviço ao poder concedente e aos usuários, nos
termos definidos no contrato;

IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as cláusulas contratuais da


concessão;

V - permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso, em qualquer época, às


obras, aos equipamentos e às instalações integrantes do serviço, bem como a seus re-
gistros contábeis;

VI - promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder


concedente, conforme previsto no edital e no contrato;

VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação do serviço, bem como
segurá-los adequadamente; e

VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros necessários à prestação do


serviço.

Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-de-obra, feitas pela concessio-


nária serão regidas pelas disposições de direito privado e pela legislação trabalhista,
não se estabelecendo qualquer relação entre os terceiros contratados pela concessio-
nária e o poder concedente.

Capítulo IX
DA INTERVENÇÃO

Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar
a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas con-
tratuais, regulamentares e legais pertinentes.

Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que con-
terá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da
medida.

Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta


dias, instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes
da medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa.

§ 1o Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais


e regulamentares será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente
devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização.

§ 2o O procedimento administrativo deverá ser concluído no prazo de até cento e


oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a intervenção.

Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração do


serviço será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo inter-
ventor, que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.

Capítulo X

DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO

Art. 35. Extingue-se a concessão por:

 I - advento do termo contratual;


 II - encampação;
 III - caducidade;
 IV - rescisão;
 V - anulação; e
 VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapa-
cidade do titular, no caso de empresa individual.

§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e


privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato.

§ 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente,


procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessárias.

§ 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder


concedente, de todos os bens reversíveis.
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização
das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados
ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade
e atualidade do serviço concedido.

Art. 37. Considera-se ENCAMPAÇÃO a retomada do serviço pelo poder concedente


durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autoriza-
tiva específica e após prévio pagamento da indenização.

Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder


concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções con-
tratuais, respeitadas as normas convencionadas entre as partes.

§ 1o A CADUCIDADE da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente


quando:

I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por


base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do servi-
ço;

II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou


regulamentares concernentes à concessão;

III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as


hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;

IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais


para manter a adequada prestação do serviço concedido;

V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos de-


vidos prazos;

VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de


regularizar a prestação do serviço; e

VII - a concessionária não atender a intimação do poder concedente para, em 180


(cento e oitenta) dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal, no
curso da concessão.

§ 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da ina-


dimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa.

§ 3o Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de co-


municados à concessionária, detalhadamente, os descumprimentos contratuais, dan-
do-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para o enquadra-
mento, nos termos contratuais.
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a cadu-
cidade será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de inde-
nização prévia, calculada no decurso do processo.

§ 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer


espécie de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compro-
missos com terceiros ou com empregados da concessionária.

Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessi-
onária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente,
mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim.

Parágrafo único. Os serviços prestados pela concessionária não poderão ser inter-
rompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.

Capítulo XI

DAS PERMISSÕES

Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de


adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital
de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato
pelo poder concedente.

Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta Lei.

Capítulo XII

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, permissão e autorização
para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens.

Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas anteriormente à entrada em vigor des-
ta Lei consideram-se válidas pelo prazo fixado no contrato ou no ato de outorga, observado o dis-
posto no art. 43 desta Lei.

§ 1o Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato de outorga, o serviço poderá


ser prestado por órgão ou entidade do poder concedente, ou delegado a terceiros,
mediante novo contrato.

§ 2o As concessões em caráter precário, as que estiverem com prazo vencido e as que esti-
verem em vigor por prazo indeterminado, inclusive por força de legislação anterior, permanecerão
válidas pelo prazo necessário à realização dos levantamentos e avaliações indispensáveis à orga-
nização das licitações que precederão a outorga das concessões que as substituirão, prazo esse
que não será inferior a 24 (vinte e quatro) meses.
Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de serviços públicos outorgadas sem
licitação na vigência da Constituição de 1988.

Parágrafo único. Ficam também extintas todas as concessões outorgadas sem licitação ante-
riormente à Constituição de 1988, cujas obras ou serviços não tenham sido iniciados ou que se
encontrem paralisados quando da entrada em vigor desta Lei.

Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se encontrem atrasadas, na data da pu-
blicação desta Lei, apresentarão ao poder concedente, dentro de cento e oitenta dias, plano efeti-
vo de conclusão das obras.

Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente o plano a que se refere este artigo ou
se este plano não oferecer condições efetivas para o término da obra, o poder concedente poderá
declarar extinta a concessão, relativa a essa obra.

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