CT Coele 2016 1 04
CT Coele 2016 1 04
CT Coele 2016 1 04
CAMPUS CURITIBA
ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA / ELETROTÉCNICA
CURITIBA
2016
LUCAS ARAUJO DA SILVA
MANUEL ENRIQUE HELMFELT GARCETE
MATHEUS GABRIEL DE ASSIS
CURITIBA
2016
LUCAS ARAUJO DA SILVA
MANUEL ENRIQUE HELMFELT GARCETE
MATHEUS GABRIEL DE ASSIS
____________________________________
Prof. Emerson Rigoni, Dr.
Coordenador de Curso
Engenharia Elétrica
____________________________________
Profa. Annemarlen Gehrke Castagna, Ma.
Coordenadora dos Trabalhos de Conclusão de Curso
de Engenharia Elétrica do DAELT
______________________________________ _____________________________________
Joaquim Eloir Rocha, Dr. Joaquim Eloir Rocha, Dr.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Orientador
_____________________________________ _____________________________________
Gustavo Rafael Collere Possetti, Dr. Ednilson Soares Maciel, Me.
Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Coorientador
_____________________________________
Gustavo Rafael Collere Possetti, Dr.
Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar)
À Deus, que com sua força e bondade, permitiu que concluíssemos essa difícil
etapa de nossas vidas, sempre com muita fé e dedicação.
Agradecemos às nossas famílias e amigos que, independentemente da
situação ou distância, estiveram presentes em nossas vidas e que de alguma maneira
nos deram apoio e suporte para alcançarmos nossos objetivos.
Prestamos nossos agradecimentos à Companhia de Saneamento do Paraná,
em nome do Eng. Dr. Gustavo Rafael Collere Possetti, pela coorientação deste
trabalho, apoio no desenvolvimento do projeto, disponibilização das informações e
local para a instalação, além do investimento financeiro necessário, de tal forma que
tornou possível a conclusão deste desafio.
Por fim, agradecemos também ao Prof. Dr. Joaquim Eloir Rocha, que,
cordialmente, teve interesse em orientar este trabalho, colaborando com suas
correções, opiniões e avaliações importantes.
RESUMO
SILVA, Lucas Araujo da; GARCETE, Manuel Enrique Helmfelt; ASSIS, Matheus
Gabriel de. Desenvolvimento e avaliação de um sistema piloto de microgeração
hidroenergética na rede de abastecimento de água de Curitiba. 2016. 129f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso Superior de Engenharia
Industrial Elétrica – ênfase em Eletrotécnica. Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Curitiba, 2016.
O cenário energético do Brasil exige a busca por alternativas para geração de energia
elétrica de maneira mais eficiente e sustentável. Nesse contexto, as companhias de
saneamento possuem locais e dispositivos, como válvulas de controle, que
apresentam desperdício de energia potencial que a água pode oferecer. Desta forma,
uma solução para aproveitamento desta energia é a substituição de válvulas por um
sistema de microgeração de energia elétrica, de maneira que este possa, ainda, impor
a perda de carga necessária na rede de abastecimento. Tendo em vista que a
bibliografia existente se limita a estudos de potenciais e ensaios laboratoriais, o
objetivo deste trabalho é desenvolver um projeto piloto, implementá-lo e avaliá-lo
quanto ao seu funcionamento e a energia que será capaz de produzir. Para tanto, o
sistema deverá ser composto por uma bomba funcionando como turbina e um motor
de indução assíncrono funcionando como gerador autoexcitado por capacitores.
Baseado em metodologias propostas por pesquisadores da área, critérios foram
estabelecidos para escolha do local de instalação e para o seu dimensionamento.
Uma vez devidamente dimensionados os equipamentos necessários, um projeto
executivo foi elaborado para a implementação do sistema piloto. Com a sua instalação
obteve-se geração de energia com tensão e frequência elétricas aceitáveis por
normas da ANEEL, com potência de 17,83 kW e rendimento próximo de 54 %. Os
resultados obtidos com a execução deste estudo validam a metodologia aplicada e
comprovam que esta é uma alternativa viável para o aproveitamento energético em
sistemas de abastecimento de água.
SILVA, Lucas Araujo da; GARCETE, Manuel Enrique Helmfelt; ASSIS, Matheus
Gabriel de. Development and evaluation of a pilot system of hydropower
microgeneration in the water’s supply network of Curitiba. 2016. 129f. Graduation
Conclusion Work – Superior Course in Industrial Eletrical Engineering – emphasis in
Eletrotechnic. Paraná’s Federal Technological University, Curitiba, 2016.
The energy scenario in Brazil requires the search for alternatives for power generation
more efficient and sustainable way. In this context, the sanitation companies have
locations and devices, like control valves, which have potential energy waste that water
can offer. Thus, an solution to use that potential energy is the replacement of valves
by an electric power microgeneration system, so that it can, yet, impose the pressure
drop required in the supply network. Considering that the existing bibliography is
limited to potential analysis and laboratory experiments, the objective of this final
project is to develop a pilot project, implement it and evaluate it as its operation and
the power that it will be able to produce. Therefore, the system must be composed of
a pump working as a turbine and an asynchronous induction motor working as
generator and self-excited by capacitors. Based on methodologies proposed by
researchers of the field, criteria were established to choose the installation location, for
your sizing and operational evaluation. Once properly sized the necessary equipment,
an executive project was designed to implement the pilot system. With the installation
of the system, power generation was obtained with acceptable voltage and electrical
frequency by ANEEL’s standards, with power 17,83 kW and 54% of efficiency. The
results obtained with the implementation of this study validate the methodology applied
and prove that this is a viable alternative to energy use in water supply systems.
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 16
1.1. TEMA................................................................................................................ 16
1.1.1. Estado da Arte ......................................................................................... 16
1.2. PROBLEMAS E PREMISSAS .......................................................................... 18
1.3. OBJETIVOS ..................................................................................................... 19
1.3.1. Objetivo Geral .......................................................................................... 19
1.3.2. Objetivos Específicos .............................................................................. 19
1.4. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 19
1.5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................... 20
1.6. RECURSOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DO TRABALHO ............. 22
1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................... 22
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 24
2.1 ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL ................................................................... 24
2.2 MICROGERAÇÃO E GERAÇÃO DISTRIBUÍDA .............................................. 29
2.2.1 Oportunidades e Barreiras da Microgeração Distribuída .................................. 30
2.3 SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ................................................. 33
2.3.1 Captação ................................................................................................. 34
2.3.2 Estação elevatória ................................................................................... 35
2.3.3 Estação de tratamento de água (ETA) .................................................... 35
2.3.4 Adutoras .................................................................................................. 36
2.3.5 Reservatórios........................................................................................... 37
2.3.6 Rede de distribuição ................................................................................ 37
2.4 CONTROLE DE PRESSÃO ............................................................................. 38
2.4.1 Válvulas Redutoras de Pressão............................................................... 39
2.5 GERAÇÃO HIDROENERGÉTICA .................................................................... 45
2.5.1 Tipos de Arranjos e Componentes .......................................................... 46
2.5.2 Máquinas Hidráulicas .............................................................................. 47
2.5.3 Turbinas ................................................................................................... 48
2.5.4 Utilização da Energia Hidráulica .............................................................. 48
2.6 BOMBAS FUNCIONANDO COMO TURBINA .................................................. 49
2.6.1 Bombas hidráulicas ................................................................................. 49
2.6.2 Inversão de Fluxo de Água ...................................................................... 51
2.6.3 Vantagens e Desvantagens das Bombas Funcionando como Turbinas.. 53
2.6.4 Seleção das Bombas Funcionando como Turbina .................................. 55
2.7 MOTOR DE INDUÇÃO ASSÍNCRONO COMO GERADOR............................. 58
2.7.1 Máquinas de Indução Assíncronas .......................................................... 58
2.7.2 Funcionamento do motor e do gerador de indução ................................. 60
2.7.3 Autoexcitação do Gerador ....................................................................... 62
2.7.4 Seleção do Gerador e do Banco de Capacitores para Autoexcitação ..... 65
3. SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE CURITIBA
E REGIÃO METROPOLITANA................................................................................... 69
3.1. POTENCIAIS DE GERAÇÃO HIDROENERGÉTICA ....................................... 69
3.2. CRITÉRIOS PARA ESCOLHA DO LOCAL PARA REALIZAÇÃO
DO PROJETO PILOTO ............................................................................................... 73
4. SISTEMA PILOTO DE MICROGERAÇÃO HIDROENERGÉTICA ...................... 78
4.1. DESCRIÇÃO DO LOCAL ................................................................................. 78
4.2. AQUISIÇÃO DE DADOS .................................................................................. 81
4.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................. 82
4.4. DIMENSIONAMENTO E ESPECIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS .............. 91
4.4.1. Dimensionamento da bomba funcionando como turbina ......................... 91
4.4.2. Dimensionamento do motor de indução assíncrono operando
como gerador ........................................................................................................... 100
4.4.3. Dimensionamento do capacitor para autoexcitação .............................. 102
4.5. PROJETO EXECUTIVO ................................................................................. 104
4.6. IMPLEMENTAÇÃO......................................................................................... 106
4.7. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO .................................................................. 112
4.7.1. Avaliação do sistema operando sem carga ........................................... 113
4.7.2. Avaliação do sistema operando com carga ........................................... 114
4.8. CUSTOS E RETORNO DO INVESTIMENTO ................................................ 120
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 123
5.1. CONCLUSÕES .............................................................................................. 123
5.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 124
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 126
APÊNDICE ................................................................................................................ 132
ANEXOS ................................................................................................................. 1444
16
1. INTRODUÇÃO
1.1. TEMA
1.3. OBJETIVOS
1.4. JUSTIFICATIVA
piloto, assim como o seu projeto executivo. Por fim, também são expostos os detalhes
e resultados da implementação e monitoramento do sistema em operação
No quinto capítulo, por sua vez, são relatadas as considerações finais acerca do
trabalho, descrevendo as conclusões e as sugestões de trabalhos futuros.
Ao final do documento são apresentadas as referências utilizadas para o
desenvolvimento do projeto, os anexos e os apêndices.
24
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 3: Geração de energia elétrica no mundo por tipo de combustível nos anos 1973 e 2006.
Fonte: ANEEL - Atlas de Energia Elétrica do Brasil (3ª edição, 2008).
A energia transmitida através dos sistemas de Com a inclusão da geração distribuída, as perdas
transmissão e distribuição gera perdas devido à envolvidas com a distribuição de energia elétrica
impedância de alimentadores e transformadores, podem ser reduzidas devido a redução do fluxo de
Redução de Perdas normalmente na ordem de 4 a 7% da potência total potência resultante.
transmitida (Dias et al (2005) apud Public Utility
Commision of Texas, 2001).
As contribuições da geração distribuída devem ser A geração distribuída pode contribuir para a melhoria
consideradas, pelo menos, em três pontos de vista na qualidade da energia em áreas congestionadas, no
(Dias et al (2005) apud Cowart, 2001): final de trechos longos e em locais onde uma alta
• Ponto de vista de clientes individuais; qualidade de energia é exigida, além de prover
• grupo de clientes e sua companhia local de capacidade de geração local sob o controle de clientes
Confiabilidade distribuição; que demandam serviço ininterrupto.
• mercado como um todo e operadores do sistema. A geração distribuída pode desempenhar também um
papel importante no caso de interrupções devido a
acidades naturais, evitando longos períodos sem
fornecimento de energia.
Comunidades localizadas em áreas remotas ou Existem muitos projetos, principalmente com a
isoladas, onde se torna difícil a construção e utilização de resíduos derivados do extrativismo ou da
acesso de linhas de transmissão ou distribuição, agricultura para produção de energia, visando o
podem ser beneficiadas pela geração distribuída. atendimento à comunidades isoladas.
Outra contribuição diz respeito à pequenas cargas
Atendimento à Comunidades Isoladas localizadas em pontos distantes do sistema de
distribuição que sofrem problemas de queda de
tensão. Nestes casos a geração distribuída
contribui para a melhoria do perfil de tensão.
O aumento na parcela de energia gerada localmente Evitaria a necessidade de construção de novas usinas,
por geração distribuída contribuiria para atender reduzindo assim o impacto ambiental e social relativo à
Redução de Áreas Alagadas eventuais aumentos na demanda. grandes áreas alagadas.
Manter níveis adequados de tensão no sistema é Circuitos longos com cargas concentradas nos
essencial para o bom funcionamento, eficiência e extremos podem apresentar queda de tensão
satisfação do consumidor. significativa. A inserção da geração distribuída no local
Níve de Tensão apropriado contribui para melhorar o perfil de tensão,
elevando-a nos trechos em que apresentam-se for a dos
limites permitidos.
O conceito de micro-redes consiste em um grupo Para os consumidores, as micro-redes oferecem uma
de cargas e unidades de geração distribuída forma confiável para o fornecimento de energia e calor.
operando para aumentar a confiabilidade e a Para o sistema como um todo, as micro-redes podem
Micro-Redes qualidade do sistema de forma controlada. ser despachadas e podem responder rapidamente aos
comandos do operador do sistema. Isto traz uma
segurança maior ao sistema, contribuindo para
mudanças na matriz energética.
A vantagem da cogeração é a alta eficiência de Dependendo das necessidades relativas de calor e
conversão em energia útil: até 85% da energia do eletricidade, o cogerador pode produzir excedentes de
gás natural (ou mais em casos especiais), elevando eletricidade e, neste caso, vender ao sistema ao qual
Aumento da Eficiência de Uso do Combustível a uma considerável economia de energia primária. está conectado, proporcionando, desta forma, uma
receita adicional e, para o setor elétrico, pode
desempenhar um papel importante para regularizar o
sistema, se houver sinalização de preço adequado.
O alto custo das tecnologias utilizadas na geração O custo da eletricidade gerada com o sistema de
distribuída se apresenta com um dos fatores que geração distribuída ainda é alto se comparado com o
impossibilitam um maior crescimento no mercado, das distribuidoras, o que desestimula os investimentos
desestimulando os investidores do setor. Também na mesma.
Custo das Tecnologias há de se mencionar a dificuldade, por parte das
empresas de pequeno porte, de obtenção de
financiamentos para a aquisição de equipamentos.
O nível de produção de energia está, atualmente, Este fato contribui para desestimular a entrada de
Níveis de Consumo Atuais de Energia atendendo à demanda solicitada pelo sistema novas alternativas para a geração de energia elétrica.
elétrico, com folga.
O planejamento da operação apresenta maiores Muitas concessionárias não estão preparadas para
dificuldades operativas devido à fluxos de energia conectar unidades de geração distribuída devido à falta
bidirecionais. Como o sistema de distribuição é de estudos sobre o impacto desta interconexão na rede
essencialmente radial, a inserção de geradores e também por falta de adequação técnica do sistema.
poderia mudar esta configuração, migrando para
Procedimentos de Operação e Proteção um sistema em anel. A proteção convencional
largamente utilizada não é adequada para detectar
fluxo bidirecional de potência e outras condições
provenientes desta reconfiguração do sistema.
Portanto, toda a proteção deverá ser reconfigurada
para esta nova condição.
Uma das principais barreiras quanto a viabilidade Estudos de sensibilidade mostraram que uma redução
econômica para a implementação da cogeração na tarifa de gás natural na ordem de 30% reduziria o
Custo de Combustível ainda é o alto preço do gás natural e do GLP. prazo de retorno em mais de 50% (Dias et al (2005) apud
P&D B08, 2004).
Distorções econômicas como a questão de Faz-se necessário uma forte regulação de tarifas
subsídios cruzados existentes entre os grupos vigentes para interconexão aos sistemas de
tarifários das concessionárias, as diferenças transmissão e distribuição, de modo a assegurar sua
demasiadamente pronunciadas entre as tarífas nos modicidade.
Tarifas diferentes postos tarifários (ponta e fora de ponta) e
o fato das tarifas do gás serem desacopladas
economicamente das tarifas de eletricidade.
de energia elétrica e dá outras providencias. Esta resolução também atende ao que diz
respeito a barreiras envolvendo tarifas.
Os custos das tecnologias, por sua vez, reduziram significativamente à medida
que a microgeração distribuída foi se expandindo no país. Segundo Nakabayashi
(2014), os custos relacionados aos sistemas fotovoltaicos tendem a cair, principalmente
devido aos processos produtivos e um amadurecimento do mercado. Além disso, há
uma trajetória crescente nas tarifas de energia elétrica, a qual torna a microgeração
cada vez mais atrativa.
Benedito (2009) concluiu com sua dissertação que as perspectivas para inserção
da tecnologia de geração fotovoltaica de forma distribuída, no futuro, são positivas, pois
há uma tendência da alta na tarifa convencional, impulsionada pelo crescimento da
demanda, ao mesmo tempo em que o custo da aquisição de equipamentos
fotovoltaicos tende a diminuir, devido à evolução dos processos produtivos. Ainda,
Benedito (2009) aponta que os resultados obtidos na análise econômica indicaram que,
em menos de uma década, será verificada a paridade entre o kWh fotovoltaico e a tarifa
convencional em grande parte das cidades brasileiras, confirmadas as premissas
adotadas. Levando em conta este mesmo cenário, estas tendências se aplicam
também para as demais fontes de microgeração distribuída.
Outro ponto muito importante de se destacar é que, em 2005, a demanda de
energia era suprida com folga pela produção, como é possível observar no quadro 2
(níveis de consumo atuais de energia), ao passo que, em 2015, o país enfrenta uma
grave crise energética e essa folga não é mais verdade.
De modo geral, as questões que dizem respeito às oportunidades da geração
distribuída continuam muito atuais de 2005 até hoje, ganhando ainda mais incentivo
com o passar dos anos. Já em relação às barreiras, percebe-se que muitas já foram
superadas e que muitos avanços continuam sendo realizados neste sentido.
2.3.1 Captação
2.3.4 Adutoras
2.3.5 Reservatórios
Segundo Oliveira (2013), de maneira geral, a VRP pode ser dividida em duas
partes, o corpo principal e o castelo ou veio, cada um englobando alguns componentes.
O corpo principal, é a parte inferior, onde se situam os orifícios de entrada e saída da
água e as extremidades de ligação nas adutoras. O castelo é a parte superior, onde se
encontram os componentes que determinam o funcionamento da VRP, esta parte pode
ser desmontada e retirada.
42
e mínima devem ser conhecidas, já que as VRPs possuem limites de operação correta.
No caso das pressões de trabalho, deve-se conhecer as faixas de pressão às quais a
VRP estará submetida ao longo do dia, e normalmente os fabricantes utilizam de
normas para determinação das classes, como por exemplo ANSI 125, para pressões
até 150 mca. A pressão de regulagem deve levar em consideração limites normativos
para pressão nos sistemas de distribuição de água, assim possibilitando o
funcionamento adequado do setor. Para que as VRPs tenham um bom funcionamento,
também deve-se levar em consideração seus aspectos de resistência estrutural e
química, e o próprio desempenho hidráulico. Segundo Gonçalves et al. (2007), “a
especificação de válvulas reguladoras de pressão e sua correta instalação são
fundamentais para o seu bom funcionamento” (GONÇALVES et al., 2007).
Todas as válvulas redutoras de pressão estão sujeitas ao aparecimento de um
fenômeno problemático chamado cavitação, que causa desgastes físicos às válvulas e
tubulações à jusante e ainda gera níveis altos de ruídos. A cavitação é causada quando
um fluído está sujeito a uma pressão menor do que a pressão mínima em que ocorre a
vaporização do mesmo, ocorrendo assim, a formação de bolhas de vapor que ao longo
do tempo provocam os desgastes na válvula.
Segundo Gonçalves et al. (2007), a regulagem de pressão de jusante da VRP
define a diferença entre pressão de entrada e saída e indica caso irá operar em zona
de cavitação, conforme o gráfico apresentado na Figura 12.
2.5.3 Turbinas
diferentes. Bombas são máquinas geratrizes enquanto que turbinas são máquinas
motrizes que convertem energia potencial gravitacional, no caso coluna de água, em
energia mecânica no seu eixo.
Para que uma bomba funcione como turbina, o sentido de fluxo de água deverá
ser invertido, havendo inversão no sentido de rotação do seu eixo. As Figuras 20 e 21
ilustram uma bomba centrifuga funcionando como bomba e como turbina,
respectivamente. No funcionamento como bomba, o líquido entra na sucção em baixa
pressão, o rotor transforma energia cinética em alta pressão e o líquido sai pela
descarga. Já no funcionamento como turbina, o líquido entra com energia de pressão
na descarga, aciona o rotor em reverso e sai com baixa pressão (VIANA, 2012).
Figura 23: Comparação de custo entre BFT e Turbina convencional para 24,36 kW.
Fonte: Adaptado de VIANA, 2013.
55
Figura 24: Comparação de custo entre BFT e Turbina convencional para 53,4 kW.
Fonte: Adaptado de VIANA, 2013.
Nesse sentido, as centrais hidrelétricas operadas por BFTs devem ser muito
bem dimensionadas por meio de um estudo hidrológico detalhado, e caso ocorram
variações nos parâmetros ao longo do ano, é recomendada a utilização de várias
BFTs em paralelo para um melhor aproveitamento (VIANA, 2012).
Segundo Lima (2013), diversos estudos foram realizados para que a seleção
da BFT em micro centrais hidrelétricas seja feita da melhor maneira possível, dentre
eles, os métodos considerados mais práticos e com melhores resultados são aqueles
56
baseados na rotação específica da bomba (nqA), onde se considera que uma bomba
com a mesma rotação específica irá operar em condições de vazão e altura similares
como turbina. Neste conceito, destacam-se os trabalhos de Viana (1987), Viana
(2012) e Chapalaz (1992).
No entanto, o método proposto por Viana (2012) é o que fornece melhores
resultados de forma prática para rotação especifica na faixa de 40 a 200. Este,
consiste na definição da altura e vazão de bombas comerciais para operar em reverso,
por meio da utilização de coeficientes obtidos experimentalmente pelo autor e nos
trabalhos de Kittredge (1961), Buse (1981), Nogueira (1990) e Ricardo (2007)
mostrados na Figura 25.
Dadas a vazão de projeto de turbina Qt e a altura de queda líquida da turbina
Ht, obtidas do aproveitamento, calcula-se o nqA, por meio da equação 2.1, utilizando-
se inicialmente a rotação de 3600 rpm. Caso a rotação específica não se encontre
dentro da faixa de 40 a 200, recalcula-se o nqA utilizando nt de 1800 rpm. Com o nqA,
determinam-se na Figura 25 os coeficientes de altura ka e vazão kq. De posse dos
coeficientes determina-se a altura e a vazão da bomba com a equação 2.2. Com os
valores da vazão e altura seleciona-se em gráficos fornecidos pelos fabricantes de
bombas, a bomba adequada que operará em reverso como turbina (VIANA, 2012).
As rotações de 3600 rpm e 1800 rpm são adotadas prioritariamente por
questões econômicas: quanto maior a rotação, o custo do grupo gerador é menor
(VIANA, 2012).
× ×
= (2.1)
( × ) ,
Em que:
nqA[1] – rotação específica no sistema internacional;
nt[rps] – rotação da BFT;
Qt[m3/s] – vazão da BFT;
Ht[m] – altura de queda líquida da BFT;
g[m/s2] – aceleração da gravidade.
= × ; = × (2.2)
Em que:
Qb[m3/s] – vazão da bomba;
kq[1] – coeficientes de vazão;
Qt[m3/s] – vazão da BFT;
Hb[m] – altura de queda líquida da bomba;
ka[1] – coeficientes de altura;
Ht[m] – altura de queda líquida da BFT.
"
= × ; = ! × (2.3)
Em que:
Qbc[m3/s] – vazão da bomba corrigida;
nnb[rpm] – rotação nominal da bomba (catálogo do fabricante);
nt[rpm] – rotação da BFT;
Qb[m3/s] – vazão da bomba;
Hbc[m] – altura da bomba corrigida;
Hb[m] – altura da bomba.
Sempre deve haver uma velocidade relativa entre o campo magnético girante
e o campo originado pela corrente induzida no rotor para que a máquina produza
torque. Esta velocidade relativa é denominada escorregamento e pode ser descrita
pela equação 2.4.
61
$% &
#= (2.4)
$
Em que:
S[1] – fator de escorregamento;
ns[rpm] – velocidade do campo magnético girante ou velocidade
síncrona;
nr[rpm] – velocidade do rotor.
" ×(
' = (2.5)
)
Em que:
ns[rpm] – velocidade do campo magnético girante ou velocidade
síncrona;
f[Hz] – frequência síncrona;
P[1] – número de polos da máquina.
)+
* = ,+ (2.6)
,
Em que:
Pn[kW] – potência nominal do motor que será utilizado como gerador;
Pet[kW] – potência de eixo fornecida pela turbina;
Pet/Pn[1] – relação experimental (Figura 32).
66
Em que:
r1[Ω/fase] – resistência do circuito do estator;
r2[Ω/fase] – resistência do circuito do rotor;
rm[Ω/fase] – resistência do circuito magnético;
X1[Ω/fase] – reatância do circuito do estator;
X2[Ω/fase] – reatância do circuito do rotor;
Xm[Ω/fase] – reatância do circuito magnético.
proposto para máquinas de quatro polos e 50 Hz, mas mostrou-se satisfatório para as
máquinas cuja frequência é de 60 Hz.
Conhecida a potência nominal do motor que será utilizado como gerador,
determina-se a relação sen(ϕg)/sen(ϕm) da Figura 34, que foi obtida
experimentalmente para máquinas de 50Hz.
Em que:
Pelm[kW] – potência elétrica absorvida pelo motor de indução;
Pn[kW] – potência nominal do motor;
nn[1] – rendimento do motor a plena carga.
Então, calcula-se a energia reativa absorvida pelo motor de indução por meio
da equação 2.8.
Em que:
Qm[kVAr] – potência reativa absorvida pela máquina operando como
motor;
Pelm[kW] – potência elétrica absorvida pela máquina operando como
motor;
Φm[°] – ângulo de fase do motor, que pode ser determinado com base
no fator de potência.
Em que:
Qg[kVAr] – potência reativa necessária a autoexcitação da máquina
operando como gerador;
'- (56 )
[1] – relação experimental (Figura 34);
'- (50 )
8
7 = 8 × (2.10)
7
Em que:
Q60[kVAr] – potência reativa a 60 Hz;
Q50[kVAr] – potência reativa a 50 Hz.
Válvula Tipo
Válvula Gravidade Bairro Alto VRP
Válvula Gravidade Piraquara I VRP
Válvula Gravidade Piraquara II VRP
Válvula Gravidade Piraquara III VRP
Isaías Bevilaqua x Visconde do Rio Branco VRP
Rodovia da Uva x Santos Dumont VRP
Válvula São Gabriel – Rod da Uva VRP
André Nardolny x Rio Japurá VRP
Matinhos x José Milek Filho VRP
José Milek Filho x Matinhos VRP
Prof. Alberto Piekas x Pedro Milek VRP
CR SJ central VCV
CR SJ Aeroporto VCV
Fonte: APD-Sanepar, 2014.
Pressão útil
Válvula
(mca)
São Gabriel – Rod da Uva 42,51
Rodovia da Uva x Santos Dumont 38,24
CR SJ central 37,57
CR SJ Aeroporto 31,75
Isaías Bevilaqua x Visconde do Rio Branco 24,00
Prof. Alberto Piekas x Pedro Milek 20,00
José Milek Filho x Matinhos 20,00
71
*-. = 9 × × ×: ×: ×: (3.11)
Em que:
Pel[W] – Potência elétrica do gerador;
g[m/s²] – aceleração da gravidade;
Qt[L/s] – vazão nominal;
Ht[mca] – pressão útil;
η< [1] – rendimento da BFT;
η [1] – rendimento do gerador;
η [1] – rendimento do acoplamento.
72
36000
32000
28000
Potência (W)
24000
20000
16000
12000
8000
4000
0
• Operação da válvula.
• Espaço físico para instalação do novo sistema.
• Condições de interrupção do abastecimento de reservatório para
realização da obra.
• Disponibilidade de equipamentos conforme dados operacionais da
adutora e o potencial preliminar do sistema.
*= = *- − ? −* (4.12)
Em que:
Pu[mca] – pressão útil;
Pe[mca] – pressão de entrada da válvula;
Hr[mca] – nível manométrico do reservatório;
Pc[mca] – perda de carga.
grandeza por meio do software computacional Minitab. Este tipo de gráfico permite
visualizar a distribuição das ocorrências de intervalos de valores e a tendência de
localização da média. As Figuras 42 a 45 apresentam os histogramas, valores de
média e desvio padrão dos dados obtidos de vazão, pressão útil, potência e energia,
respectivamente.
1000
900
800
700
Ocorrências
600
500
400
300
200
100
0
0 60 120 180 240 300 360
Vazão (L/s)
500
400
Ocorrências
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Pressão útil (mca)
1000
800
Ocorrências
600
400
200
0
0 9000 18000 27000 36000 45000 54000
Potência (W)
1000
800
Ocorrência
600
400
200
0
0 6000 12000 18000 24000 30000 36000
Energia calculada (kWh/mês)
medições são valores mais altos e próximos do máximo, o que faz com que a média
seja um valor central.
No caso das pressões úteis, cada barra do histograma representa as
ocorrências em um intervalo de 0,5 mca. Analisando este gráfico, observa-se que a
distribuição dos valores é restrita a ao intervalo de 15 a 35 mca, havendo poucos
valores abaixo desta janela e, ainda, percebe-se que existem valores muito pequenos
que não influenciam na média. Com esta análise, pode-se considerar que em grande
parte do tempo não haverá grandes variações de pressão útil, e quando houver, estas
ocorrem com diferenças pequenas.
Observando os gráficos de potência e energia, identifica-se que ambos
possuem distribuição semelhante à das vazões. Isto ocorre justamente pelo fato de
que a vazão é uma variável diretamente proporcional à potência.
Como as medições ao longo de um ano apresentam muitas variações, para se
chegar à conclusões mais consistentes é necessária uma análise mais detalhada.
Para isto, por meio da ferramenta computacional já citada, foram elaborados gráficos
chamados gráficos de intervalos. Estes gráficos mostram as médias mensais
juntamente com os intervalos de valores com 95% de confiança, considerando o
desvio padrão para cada uma delas. Figuras 46 a 49 apresentam estes gráficos
obtidos dos valores de vazão, pressão útil, potência e energia, respectivamente.
180
170
Vazão (L/s)
160
150
140
130
il
i ro iro ç o r ai
o
nh
o
lh
o
st
o
br
o r o
br
o
br
o
ne re ar Ab M Ju Ju o m ub
Ja ve M Ag te ut ve
m em
Fe Se
O o ez
N D
25,0
24,5
Pressão útil (mca)
24,0
23,5
23,0
il
iro iro ç o r ai
o
nh
o
lh
o t o
br
o
br
o
br
o
br
o
ne er
e ar Ab M Ju Ju os m u
Ja v M Ag te ut ve
m em
Fe Se
O o ez
N D
27000
26000
25000
Potência (W)
24000
23000
22000
21000
20000
il
iro ei
ro ç o r ai
o
nh
o
lh
o
st
o
br
o r o
br
o
br
o
ne er ar Ab M Ju Ju o m ub
Ja v M Ag te ut ve
m em
Fe Se
O o ez
N D
21000
19000
18000
17000
16000
il
iro i ro ç o r ai
o
nh
o
lh
o
st
o
br
o r o
br
o
br
o
ne re ar Ab M Ju Ju o m ub
Ja v e M Ag te ut ve
m em
Fe Se
O o ez
N D
(L/s) Vazão
250,00
200,00
150,00
100,00
50,00
0,00
Figura 50: Gráfico das médias de vazão por horário de todos os dias de 2014.
Fonte: Os autores, 2015.
(mca) Pressão
30
25
20
15
10
Figura 51: Gráfico das médias de pressão útil por horário de todos os dias de 2014.
Fonte: Os autores, 2015.
89
30000
25000
20000
15000
10000
5000
Figura 52: Gráfico das médias de potência calculada por horário de todos os dias de 2014.
Fonte: Os autores, 2015.
20000
15000
10000
5000
Figura 53: Gráfico das médias de energia calculada por horário de todos os dias de 2014.
Fonte: Os autores, 2015.
da vazão tende a se manter igual ou ainda aumentar nos anos subsequentes, pois a
demanda de fornecimento de água da região tende a aumentar, é possível concluir
que apesar desta variação, haverá vazão suficiente para geração de energia na maior
parte do tempo de funcionamento do sistema, desde que valores considerados no
dimensionamento sejam corretamente aplicados. Pode-se observar também, que há
significativa diminuição de vazão.
Observando a Figura 51, conclui-se que a pressão útil apresenta pouca
variação e que a diferença entre a máxima e a mínima é de aproximadamente 5 mca,
características estas que já haviam sido observadas nos gráficos anteriores. Ao
analisar a Figura 50 em paralelo com a Figura 51, percebe-se que em momentos que
a vazão diminui consideravelmente, a pressão útil tem um aumento esperado devido
ao fechamento parcial da válvula.
Ao fazer uma análise das Figuras 52 e 53, identifica-se que de maneira análoga
aos gráficos de intervalos das Figuras 48 e 49, as potências e energias calculadas
apresentam comportamento de variação muito semelhante à variação das vazões.
Com as análises estatísticas foram extraídas informações, tais como média,
mediana, desvio padrão, coeficiente de variação, valor máximo e mínimo para cada
grandeza. No caso da vazão e pressão útil estas informações serão utilizadas para
dimensionamento dos equipamentos a serem aplicados no sistema piloto. Já para
potência e energia ilustram como deverá ser o comportamento elétrico do sistema.
Tais informações foram retiradas tanto dos gráficos obtidos quanto do software
utilizado nas análises. A Tabela 4 apresenta uma síntese destas informações.
serem utilizados nos dimensionamentos são as medianas, o que pode garantir que
maior parte do tempo haverá ocorrência destes valores ou bem próximos. Isto
considerando que o sistema tenha comportamento semelhante ao do ano de 2014.
Com a utilização da mediana há mais confiabilidade na operação do sistema,
visto que utilizando valores máximos, estes estariam presentes em poucos momentos,
enquanto que com a utilização de valores próximos do mínimo haveria pouco
aproveitamento do potencial disponível.
Para tal dimensionamento, foi utilizado o método proposto por VIANA (2012)
exposto no capítulo 2.6.4. Seguindo este método, inicialmente calcula-se a rotação
especifica da bomba para uma rotação de 3600 rpm e 1800 rpm por meio da equação
2.1.
Como apenas o nqa para 1800 rpm se encontra entre 60 e 200, essa deverá ser
a rotação adotada para a operação da BFT.
O próximo passo, é a determinação dos coeficientes ka e kq por meio da Figura
54.
≅ 0,80
≅ 0,73
1750
= × = × 118,11 = OOY, Z[ \/]
1800
" 1750 "
=^ _ × =^ _ × 19,41 = OZ, [Q `ab
1800
A partir dos dados obtidos, pode-se selecionar a BFT nos catálogos dos
fabricantes de bombas. Para o sistema piloto proposto, por se tratar de um projeto de
cunho experimental, decidiu-se selecionar uma BFT disponível, assim parte dos
custos com equipamentos pode ser diminuída. Esta bomba atende a especificação de
altura manométrica porém opera com vazão menor do que a disponível no sistema.
Os dados de placa são mostrados na Figura 55.
A estratégia adotada torna-se interessante porque futuramente mais BFTs
podem ser associadas em paralelo, obtendo um melhor aproveitamento de geração
de energia elétrica por conta da variação de vazão ao longo do dia que pôde ser
observada na Figura 50. De modo que, em momentos em que existe vazão maior do
que a admitida por uma das BFTs, as outras poderão ser acionadas sucessivamente.
94
inverso da metodologia para poder calcular a vazão que a bomba selecionada irá
operar funcionando como turbina para depois determinar a potência de eixo disponível
para o dimensionamento do MIG.
Com os dados da Tabela 6, utilizando a equação 2.1 calcula-se a rotação
específica da bomba selecionada. Segundo Viana (2012), por se tratar de uma bomba
de rotor de dupla sucção, a vazão utilizada para o cálculo da rotação especifica deverá
ser dividida por dois. Assim Qb = 22,5 L/s.
≅ 0,71
Desse modo, calcula-se pela equação 2.2 o valor da vazão para o equipamento
operando como turbina.
97
55
= = = cc, Yc \/]
0,71
× × ×d
*- = (4.13)
Em que:
Pet[kW] – potência de eixo da BFT;
g[m/s²] – aceleração da gravidade;
Qt[L/s] – vazão nominal;
Ht[mca] – pressão útil;
η< [1] – rendimento da BFT.
Logo, tem-se:
Dessa forma, sabe-se que a BFT irá fornecer uma potência de 14,38 kW no
seu eixo, esta será entregue diretamente ao eixo do MIG por meio de um acoplamento
flexível do tipo ômega.
l/án- ≤ l p/ (4.14)
Em que:
l/án- [N/m2] – Tensão máxima aplicada no eixo;
l p/ [N/m2] – Tensão admissível do material do eixo.
)
l/án- = 0,81 × q×r
+
(4.15)
+
Em que:
Pe[W] – potência de eixo da BFT;
η[rpm] – rotação da BFT;
De[m] – diâmetro do eixo da BFT.
14380
l/án- = 0,81 × = 87669,56 s/E"
1800 × 0,045G
99
p ≤ 1,53 × (4.16)
Em que:
• Mancal
• Vedação do eixo
*-
≅ 1,10
*-
Assim, pela equação 2.6 calcula-se a potência nominal do motor que será
utilizado como gerador.
*- 14,38
* = = = 13,07 t
)+ 1,10
)
Como não existe motores de indução com esta potência padronizada nos
catálogos dos fabricantes, deve-se escolher um motor com potência nominal
imediatamente superior, portanto 15 kW. Porém, assim como aconteceu na seleção
da BFT, selecionou-se um motor disponível em estoque da companhia com
características construtivas adequadas ao acoplamento da BFT. Desta forma, o motor
selecionado foi de 18,50 kW cuja placa de identificação é apresentada na Figura 60 e
seus dados nominais são mostrados na Tabela 7.
102
Figura 61: Relação experimental entre sen(ϕg) do gerador e sen(ϕm) do motor em função
da potência nominal do motor de 18,5 kW.
Fonte: Adaptado de CHAPALLAZ et al., 1990.
Uu (v )
≅ 1,29
Uu (v/ )
* 18,5
*-./ = = = 19,98 t
/ 0,926
Uu (4 )
= × / = 1,29 × 14,46 = 18,66 zWC
Uu (4/ )
50 50
7 = 8 × = 18,66 × = OQ, QQ e{|}
60 60
Como pode ser visto na Figura 62, a adução de água para o sistema piloto foi
realizada por de um “T” de derivação (01) na adutora de 300 mm antes da passagem
pela FCV01. Esta conduz a água sob pressão por meio de uma tubulação enterrada
de mesmo diâmetro até uma derivação em 45° com redução para 200 mm (06). Na
entrada da BFT, foi instalado um medidor de vazão eletromagnético (23) e um
manômetro de ponteiro. A derivação em 45° (6) foi escolhida por permitir que o
sistema seja expandido com a instalação de mais conjuntos BFT-MIG futuramente.
Foram instaladas duas válvulas borboletas (12 e 15) e uma de gaveta (17) para
estanqueidade do sistema em situações de manutenção da BFT. A válvula borboleta
12 opera também como controle de vazão da BFT, esta denominada FCV02.
Para suporte dos esforços solicitados pelo sistema hidráulico em questão, uma
empresa especializada foi contratada para realizar o dimensionamento de blocos de
ancoragem (BL1 ao BL6) e uma caixa para instalação do conjunto BFT-MIG, todos
em concreto armado. Conforme a Figura 63, esta caixa foi projetada com 4,00 m de
106
4.6. IMPLEMENTAÇÃO
A tubulação era prevista para ser executada em ferro fundido dúctil com flanges
padrão PN10, porém, por recomendação da contratada, para a realização dos
serviços utilizou-se de tubulação em aço mantendo o padrão das flanges.
Após a recomposição do terreno, foram executados os acabamentos como
guarda corpo da caixa da BFT, escada para acesso e pintura geral. A Figura 67
demonstra essa etapa da instalação concluída.
Por fim, para monitoramento dos parâmetros elétricos do sistema, foi utilizado
o “software” RedeMB versão 6.04 de propriedade da Kron. Esse “software” foi
conectado ao multimedidor por meio da porta serial RS-485.
O primeiro ensaio do sistema foi realizado sem carga no MIG para verificar a
sua operação à vazio, dessa forma pode-se ter uma primeira análise de operação do
sistema sem riscos aos equipamentos envolvidos. Preliminarmente, a válvula de saída
da BFT, denominada FBV05, foi totalmente aberta. Na sequência, a válvula de
entrada, denominada FCV02, foi aberta gradativamente para liberar o fluxo de água
através do sistema, variando a sua abertura em aproximadamente 10 L/s por medição
realizada. Pela Figura 74 é possível verificar o comportamento do MIG sem carga.
300
250
200
150
100
50
0 (L/s)
0 10 20 30 40 50 60
Em que:
Ig[A] – corrente no MIG;
Icap[A] – corrente média trifásica nos capacitores;
Ic[A] – corrente média trifásica na carga.
116
= √3 × • × ~ • (4.18)
Em que:
Qg[kVAr] – potência reativa do MIG;
Vg[V] – tensão gerada;
Icap[A] – corrente média trifásica nos capacitores.
# = √3 × • × ~ (4.19)
Em que:
Sg[kVAr] – potência aparente do MIG;
Vg[V] – tensão gerada;
Ig[A] – corrente no MIG.
Assim, foi calculado o fator de potência do MIG por meio da equação 4.20.
)6
cos v = (4.20)
…6
Em que:
cosφg[1] – fator de potência do MIG;
Pg[kW] – potência ativa do MIG;
Sg[kVA] – potência aparente do MIG.
*- = *-. + * × − 1! (4.21)
0
Em que:
Peg[kW] – potência de eixo do MIG;
Pelg[kW] – potência elétrica gerada pelo MIG;
117
93,00 35,00 209,41 59,70 16,13 58,94 14,02 21,38 0,75 17,61
94,80 35,00 216,33 60,20 17,21 60,85 14,95 22,80 0,75 18,69
96,20 35,00 220,12 60,50 17,83 62,17 15,62 23,70 0,75 19,31
* Dados calculados a partir de grandezas elétricas medidas.
Fonte: Os autores, 2016.
)+†6
= × 100 (4.22)
)+6
Em que:
ng[1] – rendimento do MIG;
Pelg[kW] – potência elétrica gerada pelo MIG;
Peg[kW] – potência de eixo do MIG.
Como o acoplamento entre BFT e MIG é efetuado de forma direta, ou seja, não
há perdas significativas entre eles, é possível afirmar que a potência de eixo da BFT
é a mesma potência de eixo do MIG.
118
*- = *-
Em que:
Peg[kW] – potência de eixo do MIG;
Pet[kW] – potência de eixo da BFT.
× × ×d ×)+6
*- = → = (4.23)
× ×
Em que:
η< [1] – rendimento da BFT;
Peg[kW] – potência de eixo do MIG;
g[m/s²] – aceleração da gravidade;
Qt[L/s] – vazão nominal;
Ht[mca] – pressão útil.
92,34%, que é muito próximo do seu rendimento nominal (92,6%, conforme Figura
55). No entanto, observa-se na Tabela 9 que a potência de eixo necessária para se
obter este rendimento foi de 19,31 kW, sendo este acima da nominal de 18,50 kW.
O rendimento de 58,46% da BFT, por sua vez, foi abaixo do nominal esperado,
tendo em vista que o rendimento da BFT é próximo do rendimento da BFB segundo
aponta (VIANA, 2012). Sendo assim, este rendimento deveria ser de
aproximadamente 78% (conforme mostrado na Figura 57). Porém, como o sistema
piloto operou em condições de pressão e vazão fora da curva característica da bomba
(Figura 75), este resultado é justificado.
Para este sistema de geração, espera-se que não exista distorção harmônica
presente porque a carga aplicada ao MIG é linear. Porém, observa-se na Tabela 11
que elas existem. Desta forma, pode-se concluir que a distorção harmônica na
corrente é consequência da distorção harmônica da tensão, e que para estes valores,
a efeitos de distorção harmônica, pode-se considerar que o MIG é um bom gerador
de energia elétrica.
Figura 76: Gráfico das médias de vazão por horário de todos os dias de 2014.
Fonte: Os autores, 2016
Como o sistema piloto está instalado dentro de uma unidade que contempla
todo um sistema de abastecimento de água local contendo bombas de recalque,
válvulas e equipamentos necessários para seu controle e operação, considerou-se
que a energia fornecida pelo MIG seria consumida internamente, sem sobra para
revenda a concessionária local de energia elétrica. Desta forma, para o cálculo do
tempo de retorno do investimento, foi considerado o custo atual por kWh, com
impostos, que a companhia de saneamento tem com a concessionária local de
energia elétrica. Os resultados obtidos desta análise são apresentados na Tabela 13.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Balanço Energético Nacional 2014, ano base 2013. EPE -Empresa de Pesquisa
Energética. Relatório síntese. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em:
<https://ben.epe.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2014.pdf>. Acesso em: 20
nov. 2014, 18:50, 20:35.
COSTA, Ana Cláudia Almeida. REDUÇÃO DAS PERDAS REAIS NUM SISTEMA DE
ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÁGUA PELA GESTÃO DA. Dissertação submetida
para obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Meio Ambiente. Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, Portugal, 2014.
Diagnóstico dos serviços de água e esgoto, ano base 2010. SNIS – Sistema
Nacional de Informações sobre saneamento - Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental, Brasília, 2010. Disponível em:
<http://www.snis.gov.br/PaginaCarrega.php?EWRErterterTERTer=95>. Acesso em
20 nov. 2014, 20:30
KSB (Várzea Paulista, SP). Folheto descritivo nº A1150.1P/1.: KSB ETA. Várzea
Paulista, ca. 2005. 5 p.
129
Página LM01/01
TERMO DE REFERÊNCIA
019/2015 – APD
1
Integra o escopo dos serviços a serem prestados ainda a montagem da
tubulação hidráulica em FD ou aço, bombas, válvulas e instrumentos, assim como o
desvio da tubulação hidráulica em PVC Defofo DN200, e interligação de rede
hidráulica, conforme desenhos em anexo.
2
instalação de cintas de vedação em aço inox nos itens 10 e 14, e luva de correr no
item 18 (ver desenho em anexo).
A programação para a execução dos serviços será realizada pela APD junto com
o CCO (Centro de Controle Operacional).
3
Toda documentação técnica deve ser impressa e estar disponível em mídia
digital, preferencialmente, em formato *.jpg, *.pdf ou *.doc.
O prazo para execução dos serviços aqui descritos é de 45 dias, contados após
comunicado de aceite por parte da Sanepar.
7. CONDIÇÕES GERAIS
4
que as atividades se desenvolvam com segurança às pessoas e aos
patrimônios da Contratante e Contratada, assim como apresentar com a
proposta, o certificado das NR inerentes aos serviços.
5
com qualificação, para responder pelos serviços que estão sendo
executados.
Caso a empresa interessada na prestação dos serviços não atenda aos critérios
requeridos, então deverá explicitar o escopo de sua proposição. Caso essa empresa
julgue oportuno realizar uma visita técnica para avaliação do local da prestação dos
serviços, então deverá comunicar a Sanepar com antecedência mínima de 24 horas.
6
A proposta formal deve ser encaminhada até às 17 horas e 30 minutos do dia
24/11/2015, via correio eletrônico para [email protected].
Informações adicionais sobre o assunto em pauta podem ser obtidas também via
correio eletrônico ou via telefone (41 3330-7259).
9. PROPOSTA VENCEDORA
7
10. ANEXOS
10.1 Lista de materiais;
8
144