Artigo Direito À Cidade Sustentável
Artigo Direito À Cidade Sustentável
Artigo Direito À Cidade Sustentável
RESUMO
ABSTRACT
The present article intends to deal with the Right to the Sustainable Cities, germinated
from the chapter of Urban Politics of the Constitution of 1988, one of the chapters with
greater involvement of civil society. The main point of work is to investigate the city
and the right to the city as a locus preceding the implementation of various fundamental
rights, such as housing, leisure, work, the right to come and go (accessibility), equality,
the environment, among others. The work aims to identify the instruments of law that
enable the urban sustainability of Brazilian cities, according to the paradigms of
contemporary urban planning, which include participatory management as a focal point,
and innovations included by new information technologies, where he discusses the
concept of cybercidade.
Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília – DF
nos dias 20, 21 e 22 de novembro de 2008.
2311
Introdução
2312
descentralização político-administrativa e reconhecimento do município brasileiro como
parte integrante da federação e espaço privilegiado da gestão pública significa um
avanço político participativo, porém a ausência de correspondente capacidade de gestão
frente à complexidade das questões urbanas-ambientais são constatações trágicas que
alarmam os municípios brasileiros.
1. Sustentabilidade Urbana
2313
Sustentabilidade social – objetiva promover a melhoria da qualidade de vida e a
reduzir os níveis de exclusão social por meio de políticas públicas de justiça
redistributiva.
1.1. Moradia
2314
cotidiano do transporte público, comprometendo o orçamento familiar, devido ao custo
das tarifas de ônibus. De outro lado, a construção de condomínios fechados também
distantes dos centros, em áreas aprazíveis, leva ao espraiamento das cidades causando a
perda de áreas naturais e o uso do transporte motorizado, principalmente o automóvel,
contribuindo para o aquecimento global.
1.2. Lazer
O lazer também se configura como direito constitucional (art. 6, caput; 217, §3). Mas a
cidade moderna tem suprimido suas áreas de lazer e espaços públicos. Além disso, tem
sido construída em contraposição à natureza, virando as costas para seus recursos
naturais, perdendo tanto a qualidade (despejo de esgotos e lixo nos rios, por exemplo)
como as paisagens.
1.3. Trabalho
2315
verdade que pouco se tem escrito sobre a interpretação desta Lei das Cidades e poucos
princípios construídos visando à interpretação mais ampla de qualidade de vida urbana.
Os princípios urbanísticos, como se aduz a seguir, se restringem a preocupações mais
economiscistas, e até simplistas, o que não revela a riqueza de interpretações possíveis
das leis ambientais-urbanas e princípios constitucionais.
Em, 2007, pela primeira vez na história da humanidade, a população global estará
fixada mais na cidade do que no campo. O desafio maior estará em regiões como a
América Latina e a África, onde as cidades (que hoje ocupam apenas 0,4% da superfície
do planeta), vão crescer ainda mais do que no restante do mundo. No geral, por
consumirem 75% de todo o combustível fóssil usado na Terra, as cidades são
consideradas hoje as grandes vilãs do aumento do efeito estufa. Mas também são suas
maiores vítimas: das 33 metrópoles que devem ter mais de 8 milhões de pessoas em
2015, 21 delas estão na perigosa zona ameaçada pelo nível do mar. (Folha de São Paulo
de 14 de janeiro de 2007)
2316
de um aumento dos níveis de segurança e das oportunidades de escolha dos meios de
transporte.
2317
Destaca-se a interface da sustentabilidade política, como um fator que será abordado no
item gestão participativa das cidades, fortalecida e elaborada de forma minuciosa com o
advento do Plano Diretor Participativo, instrumento obrigatório e que encerra a
participação como elemento estrutural na sua elaboração.
A vida nas cidades tem evoluído junto com o próprio caminhar do homem na Terra. A
cidade caracteriza um determinado momento de organização social, por volta de 5.000
anos atrás, com a transformação das primeiras aldeias no Oriente Médio em espaços
mais complexos de divisão e especialização do trabalho, tendo como característica o
aparecimento da escrita. Das Necrópoles, baseadas nos encontros ritualísticos e
religiosos até hoje, a cidade reúne e reflete a organização da sociedade, diante de
diversos aspectos, sociais, econômicos, políticos, religiosos e técnicos. (HAROUEL,
1998, p.30)
A Polis grega, cidade política, berço da democracia como idéia, também era marcada
pela morada dos Deuses, reverenciando seus respectivos espaços: A Ágora, espaço de
debates e decisão sobre os desígnios dos cidadãos surge na polis, bem como a idéia de
cidadania, associado a habitante da Polis; e a Acrópole espaço divino. As cidades
medievais, cercadas por muralhas mantinham fora os inimigos e os maus espíritos, seus
marcos edilícios eram as Igrejas, mosteiros e castelos, em contraste com a civilização
romana que valorizava o lazer: o circo, as casas de banho, o anfiteatro, o estádio. A
cidade cósmica é o primeiro modelo de cidade, onde se buscava o traçado de acordo
com crenças e rituais, principalmente na Índia, China e Roma. Roma construiu suas
cidades sob fortes crenças, buscando a ordem cósmica, e contribuiu com os banhos
públicos como lugar de culto ao corpo e encontro. A cidade renascentista e barroca,
marcada pelo poder do rei, deu lugar à civilização urbana, marcada agora pelo trabalho
diário, pelas leis e pela razão. A cidade deixa de desempenhar o papel da representação
religiosa do cosmos (natureza), passando a ser a sede do direito, da razão e da equidade.
(LEAL, 2003, p. 10.)
A cidade do século XIX vai buscar outro referencial incluindo os diagnósticos, planos e
a higienização nos processos de pensar a cidade. A cidade como ser vivo (MUNFORD,
1974) que se reproduz e precisa ser tratada. Paris, Londres e Amsterdã retratam a cidade
como um corpo, indivisível. A cidade moderna, construída para automóveis, com seus
fluxos e sistemas, centro e periferia, um sistema de redes de comunicação e informação.
2318
Lefebvre em sua obra clássica, Direito à Cidade, ainda na década de 70, reflete sobre a
cidade a estrutura social e ambiental, de certa forma antecipa o conceito de redes e
informações que tem nas cidades seu ponto focal, e afirma:
É Castells (1972) que rompe como pensamento da Escola de Chicago, que previa um
modelo único de crescimento urbano baseado em centralidades, para destacar “que os
problemas urbanos não eram de integração e sim de gestão do sistema social e, portanto,
do conjunto urbano” (MARCONDES, 1999, p. 26)
2319
e difundido no mundo inteiro, apregoando uma forma de viver que tenha
responsabilidade com o futuro e ordene o uso do meio ambiente de forma a não exauri-
lo. Não só na esfera ecológica se refere a sustentabilidade, mas também a cultural,
social, econômica e urbana. Desde então só se expande a crise ambiental no planeta,
com ameaças cada dia mais globais e preocupantes, as taxas de extinção de espécies, a
perda de biodiversidade, o aquecimento global, a diminuição da qualidade de vida, o
aumento de doenças ligadas ao estresse urbano são alguns dos exemplos mais
lembrados.
Apesar dos problemas ambientais aparentemente nos remeterem à natureza, éna cidade
que está o desafio da gestão dos recursos naturais, visto que são as cidades que
concentram o maior consumo de energia, matérias primas e emissão de poluentes. Sobre
isso versará a próxima parte deste trabalho, sobre a gestão participativa e sustentável das
cidades.
A garantia processual do direito à cidade foi alcançada com o inciso inserido na Lei da
Ação Civil Pública, consolidando-o como direito difusoi (modificação efetuada pelo
Estatuto da Cidade). No entanto, não encontra ainda sua necessária consolidação,
principalmente porque o direito à cidade freqüentemente se choca com os interesses dos
direitos civis (ditos reais), como a própria expressão cunhada pelos civilistas, de valor
mais afirmativo no imaginário dos juristas. Como afirma Streck (2005, p. 54):
2320
(...) É este o dilema do brasileiro: não sufragamos a tese substancialista, porque o
judiciário, preparado para lidar com conflitos interindividuais, próprios de um modelo
liberal-individualista, não está preparado para o enfrentamento dos problemas
decorrentes da transindividualidade, própria do novo modelo do Estado Democrático de
Direito previsto na Constituição promulgada em 1988; por outro lado em face da
democracia delegativa em que vivemos, de cunho hobbesiano, no interior do qual o
legislativo é atropelado pelo decretismo do Poder Executivo, também não temos
garantido o acesso à produção democrática das leis e dos procedimentos que apontam
para o exercício dos direitos previstos na Constituição.
A Ação Civil Pública, ainda pouco utilizada no Brasil, é um dos instrumentos que
permite ao Judiciário apreciar o cumprimento dos direitos sociais (coletivos e difusos),
podendo interferir diretamente nas políticas públicas, como afirma Streck (2005, p. 55):
O estudo dos interesses coletivos e difusos surgiu e floresceu na Itália nos anos setenta.
Denti, Cappeletti, Proto Pisani, Vigoriti, Trocker anteciparam o Congresso de Pavia de
1974, que discutiu seus aspectos fundametais, destacando com precisão as
características que os distinguem: indeterminados pela tirularidade, indivisíveis com
relação ao objeto, colocados a meio caminho entre os interesses públicos e os provados,
próprios de uma sociedade de massa e resultado de conflitos de massa, carregados de
relevância política e capazes de transformar conceitos jurídicos estratificados, como a
responsabilidade civil pelos danos causados no lugar da responsabilidade civil pelos
prejuízos sofridos, como a legitimação, a coisa julgada, os poderes e a responsabilidade
do juiz e do ministério Público, o próprio sentido da jurisdição , da ação , do processo.
2321
Cidades européias são notadamente destacadas por sua gestão urbana-ambiental que
privilegia o ser humano, a história, patrimônio, o pedestre, enfim, é possível identificar
cidades-patrimônio (Paris, Granada), cidades-turísticas-portuárias (Barcelona,
Rotterdam), Cidades-pedestre-ciclistas ou que visam a acessibilidade (Amsterdã), para
citar algumas que apresentam características de sustentabilidade.
É importante transcrever aqui o pilar do Estatuto da Cidade, seu artigo segundo, que
define o Direito à Cidade:
Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
2322
transformações necessárias. A primeira questão que se coloca é a concepção de cidade
como espaço ambiental, meio ambiente construído (Fiorillo, 2004, p.48). O Direito
Ambiental e seus princípios e instrumentos são capazes de suprir e responder aos
urgentes clamores por uma cidade sustentável? Ou cidade é um espaço ambiente-cultura
que deve ser informado por princípio mais específicos do Direito Urbanístico que
garantam a sustentabilidade urbana? Esse é o primeiro aspecto discutido pela presente
pesquisa. Alguns juristas já iniciaram essa discussão:
- meio ambiente natural, constituído pelo solo, água, ar, flora, fauna, enfim pela
interação dos seres vivos e seu meio. (SILVA, 1994, p. 3).
Neste sentido, a dicotomia cidade versus meio ambiente, perde sentido, assim como
meio ambiente versus economia, pois não existe sustentabilidade possível se as políticas
urbanas e ambientais não forem tratadas de forma integrada para a construção de uma
sociedade justa e ambientalmente equilibrada. Como afirma Di Sarno (2004) é preciso
superar o antropocentrismo na aplicação do Direito:
Celso Fiorillo conceitua a cidade como bem ambiental. Diante da crise que se encontra
a vida na cidade atualmente, marcada pela exclusão social, virtualização das relações e
fortes impactos na qualidade de vida, é preciso a unificação das agendas ambientalistas
e urbanistas em prol de cidade sustentável.
Celso Fiorillo analisa o processo de exclusão das moradias espontâneas no Brasil, que
utilizou os mecanismos do Direito Administrativo e do Direito Civil na consolidação de
uma cidade para uma classe social, e afirma: “a idéia que sempre vigorou foi a de
oferecer moradias caras para a maioria da população, em quantidade absolutamente
insuficiente à necessidade”, ressalta, “a Constituição Federal reconhece a necessidade
2323
de erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais
(art 3, III).” Rogério Leal também comenta esta dicotomia da vida urbana:
O mais grave é que não existe uma consciência coletiva urbanística ou ambientalista
que se preocupe com a desordem da ocupação, que gera a deterioração da qualidade de
vida e o caos social. (LEAL, 2003, p.79)
Nesse sentido, compreendendo a cidade como espaço de realização dos direitos, mas
enfocando o Direito Administrativo Joyceanne Bezerra (2004) afirma:
2324
A Constituição afirma que a República Federativa do Brasil é formada pela união
indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. Todos autônomos. A divisão
de competências caracteriza como concorrente a atribuição de legislar sobre meio
ambiente e urbanismo, o que torna a questão mais complexo no que tange a gestão e os
conflitos de competências daí advindos. A fidelidade federal é um princípio que deve
respeitar a autonomia, nas palavras de Paulo Afonso Leme Machado “A União,
portanto, deve existir e subsistir através da felicidade dos entes dela fazem parte”. E
nada mais necessário à felicidade que o equilíbrio ambiental, a sustentabilidade que dá
suporte à dignidade da pessoa humana. Polêmicas questões se encerram no processo de
descentralização administrativa , como afirma Davidovich (apud MACHADO, p. 373,
2006):
2325
novas tecnologias é o descortinar de uma pletora de formas de ampliar a participação no
fazer político e aprofundar a democracia, sendo as cidades, o poder local, um espaço
ainda mais privilegiado para este desenrolar: a ciberdemocracia.
A democracia do Terceiro Milênio, sobre ser participativa. Será universal, pois dela
todos participarão; ignorando distinções econômicas ou sociais , ou raciais, ou de
gênero, ou de origem ou de naturalidade; a igualdade política abolirá a delegação , e
todos poderão participar ativa e diretamente, pois todos terão assento na nova Agora,
que construída eletronicamente, comportará toda a população.
Um dos mais profícuos teóricos da cibercultura Pierre Levy (apud MARQUES, 2003, p.
192) elabora essa definição de democracia eletrônica:
2326
O governo eletrônico é, atualmente, um experimento em construção, e sua dimensão
política mais avançada – a governança eletrônica – não pode ser considerada um mero
produto ofertado ao cliente em formato acabado, mas, considerando-se sua natureza
eminentemente política, e, portanto, pública, pode ser percebido como um bem público,
passível de acesso e desenvolvido por processos também sociais, o que o leva a
constantes transformações. Justamente essa dimensão faz com que a noção de
governança eletrônica, refira-se ao estado, em sua concepção republicana, e em teoria,
não se limite apenas a uma experiência de gestão por serviços ad hoc, reificada pelo
mercado, mas antes, possa servir de arena cívica, em contraponto a privatização da
esfera pública (RUEDIGUER, 2002, p 1).
Sobre a autonomia do Direito Urbanístico Carlos Ari Sunfeld (2003, p.49) afirma.
O direito urbanístico veio a ser tratado como disciplina jurídica pelo artigo 24, que
conferiu expressamente à União a competência legislativa para editar normas gerais
(...)Só que o mero status constitucional, embora importante, não contribui muito para
resolver o dilema existencial de todo ramo jurídico – o de seu caráter diferenciador.
Decidir se um tema, instrumento ou norma deve ser enquadrado no direito urbanístico,
civil ou no local pode ser um desafio insuperável, tendo como reflexo a indefinição
quanto ao titular da competência legislativa. Desse modo, continua sendo útil debater a
respeito da identidade – e portanto, autonomia – do direito urbanístico, pois disso
depende a solução, quando menos, de muitas dúvidas relativas à competência.
Junte-se essa falta de identidade a interpretação jurídica calcada ainda num modelo
liberal-individualista-normativista de produção do Direito (STRECK,2003, p. 35) o que
dificulta sobremaneira a efetivação do Direito à Cidade, mormente quando esse se
choca com os consagrados direitos privados, especulativos, ou ainda quando se choca
com o formalismo racional das escolhas políticas que engendram decisões
administrativas e obras excludentes. A abordagem da cidade como espaço de acesso aos
direitos e de realização da vida e a importância de sua organização espacial para a
efetivação dos direitos, também é rara na leitura jurídica, que mais se apega a retórica e
pouco se aproxima da realidade na interpretação do Direito.
2327
constitucionalismo programático a um constitucionalismo positivo. Em suma, a
trajetória do constitucionalismo político ao constitucionalismo jurídico nem por isso –
advirta-se , de necessidade – faz se perder a substância ou a natureza política que em
última análise lhe é ínsita.
Daniela Di Sarno que escreve sobre os princípios urbanísticos, em valoroso ensaio sobre
o Direito da Cidade, a análise breve destes princípios auxilia na consolidação da cidade
como lócus principal da realização dos direitos fundamentais e mesmo direito que
precede a efetivação destes direitos de forma plena.
A Constituição Federal tem como princípio a função social da propriedade (art 5°,
XXIII). O capítulo da Política Urbana (Art. 182, §2°) prevê que a propriedade cumpre
sua função social quando atende às exigências fundamentais expressas no plano diretor.
O plano é instrumento básico da política de desenvolvimento urbano. Este princípio é
confirmado ainda pelo artigo 170 da CF que afirma ser a função social um dos
princípios da atividade econômica.
A atividade urbanística deve impedir a desigual distribuição dos ônus e encargos entre
os proprietários afetados e determinar a justa distribuição dos benefícios, impedindo a
destinação de infra-estrutura apenas aos bairros e locais onde se encontram a população
com poder aquisitivo maior.
2328
Os proprietários beneficiados com obras públicas devem realizar gastos da
urbanificação, como compensação da mais-valia decorrente da transformação do solo. O
maior exemplo é a controversa contribuição de melhoria, que busca consolidar este
princípio, com várias críticas na sua implantação.
As decisões básicas sobre o urbanismo devem caber à Administração, isso não implica
em dizer que a sociedade não deva participar das decisões. Mas garante que o Poder
Público e não os interesses privados, catalisem as decisões sobre o futuro e gestão da
cidade.
A Constituição Federal no art 182 atribui ao Plano Diretor Municipal a condição básica
da política de desenvolvimento urbano e de expansão urbana e vincula a função social
da propriedade às exigências de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Esta
remissão implica não só nas abstenções no exercício do direito da propriedade, mas
também em obrigações positivas ou ativas.
Santos (2004, p. 209) define a cidadania interativa, modo surgido na sociedade em rede
, segundo afirma:
2329
A Constituição Federal tornou obrigatória a elaboração de planos diretores para cidades
com mais de vinte mil habitantes, impondo ao Poder Público o dever de planejar com
fins de atingir a sustentabilidade. Mas para além de planejar, esse planejamento urbano
proposto pela Lei pressupõe a participação da comunidade, não mais se viabiliza um
plano meramente tecnocrático, burocrático e fechado nas salas da administração
pública.
II - conferências municipais;
V - iniciativa popular;
VI - plebiscito;
2330
VII -referendo.
disponíveis;
II- ciência do cronograma e dos locais das reuniões, da apresentação dos estudos e
propostas sobre o plano
III- publicação e divulgação dos resultados dos debates e das propostas adotadas nas
diversas etapas do
processo;
Fica claro o compromisso com uma gestão realmente democrática, que em muito seria
enriquecida como uso das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) e
conciliando a internet com a democratização da informação, do acesso ao debate e a
instrumentos eficazes de tomada de opinião e até deliberação.
Considerações Finais
O direito à cidade foi constitucionalizado. E mais que isso, foram traçados mecanismos
de garantia desse direito, como a Ação Civil Pública e diversos instrumentos de
participação que asseguram uma gestão democrática e descentralizada das cidades. A
autonomia dos municípios preconizada pela Constituição Federal foi só o início, e hoje
se depara com possibilidades ilimitadas de democratização da decisão pública por meio
do uso das novas tecnologias e a construção da cibercidade e ciberdemocracia..
2331
A gestão e o estudo das cidades são, portanto, um dos maiores desafios para a
concretização da sustentabilidade como instrumento de qualidade de vida para todos,
principalmente porque direitos fundamentais como a moradia digna, o lazer, a
acessibilidade, o trabalho estão imbricados a consolidação de cidades sustentáveis de
democráticas.
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Advogado, 2005.
2334