Novos Critérios de Resistência para Materiais de Alta Performance
Novos Critérios de Resistência para Materiais de Alta Performance
Novos Critérios de Resistência para Materiais de Alta Performance
Leonardo Marconsine
RESUMO
Neste trabalho foi realizada a caracterização mecânica e análise microestrutural do aço AISI
4350 de ultra/alta resistência com médio teor de carbono e baixa liga, os aspectos
microestruturais foram correlacionados com as propriedades mecânicas alcançadas. Esta
análise é importante para entender quais estruturas resultantes apresentam melhor correlação
entre resistência e ductilidade/tenacidade. Após um tratamento térmico especial, esse aço
utilizado na indústria aeroespacial apresenta uma microestrutura complexa que pode ser
constituída por diferentes frações volumétricas de fases como ferrita, bainita, martensita. No
método experimental, uma barra cilíndrica de aço AISI 4350 foi feito eletroerosão a fio para
obter CDP’s planos, que foram processados de diversas maneiras para formar microestruturas
multifásicas. A caracterização mecânica foi então realizada por meio de ensaios de tração e
dureza. A análise dos dados gerados permitiu avaliar a equivalência dos tratamentos térmicos
aplicados das microestruturas formadas e das propriedades mecânicas alcançadas. Descobriu-
se que a fase martensítica tem uma contribuição importante para a tenacidade, enfatizando a
estrutura bifásica ferrítica-martensítica, porém diminui a resistência. O tratamento isotérmico
para formar bainita (superior ou inferior) com ou sem ferrita foi considerado o mais vantajoso,
alcançando alta resistência e mantendo boa ductilidade.
ABSTRACT
In this work, the mechanical characterization and microstructural analysis of AISI 4350
ultra/high strength steel with medium carbon content and low alloy was carried out, the
microstructural aspects were correlated with the mechanical properties achieved. This analysis
is important to understand which resulting structures present the best correlation between
strength and ductility/toughness. After a special heat treatment, this steel used in the aerospace
industry has a complex microstructure that can be made up of different volumetric fractions of
phases such as ferrite, bainite, martensite. In the experimental method, a cylindrical bar of AISI
4350 steel was wire EDMed to obtain flat CDPs, which were processed in various ways to form
multiphase microstructures. Mechanical characterization was then carried out through tensile
and hardness tests. The analysis of the data generated allowed evaluating the equivalence of the
thermal treatments applied to the microstructures formed and the mechanical properties
achieved. It was discovered that the martensitic phase has an important contribution to
toughness, emphasizing the two-phase ferritic-martensitic structure, but decreasing strength.
Isothermal treatment to form bainite (upper or lower) with or without ferrite was considered the
most advantageous, achieving high strength and maintaining good ductility.
1. INTRODUÇÃO
Na indústria da aviação, estes aços são utilizados em fixadores muito fortes, motores e foguetes,
estruturas e eixos de pouso, hélices, pinos, molas, etc., ou seja, em componentes onde a relação
resistência/peso é importante a escolha (CHIAVERINI, 1986).
Os aços temperados foram durante algum tempo favorecidos pelos seus maiores valores de
resistividade em comparação aos aços bainíticos, mas a tecnologia moderna permite a formação
de microestruturas de bainita de alta resistividade. Em geral, a microestrutura da bainita requer
a utilização de um microscópio eletrônico de varredura para melhor caracterizar sua
microestrutura, pois esta estrutura é muito complexa e bastante refinada, podendo também
apresentar diferentes morfologias (por exemplo, na forma de ripas, plaquetas, colunar e
nodular). Atualmente sabe-se que as razões para evitar a alta resistência dos aços biônticos são
a presença de carbonetos grossos como blocos de cementita e austenita em sua microestrutura.
A cementita, que é uma fase frágil neste componente, pode rachar quando assujeitada à
influência de tensões e então se difundir em ferrita bainítica sob condições apropriadas de
temperatura e tensão. Assim, uma forma de amenizar, senão resolver completamente, este
problema é adicionar elementos de liga como o silício, que a 1,5% em peso, segundo alguns
estudos, pode evitar a precipitação a partir da austenita, no decorrer da formação da bainita,
uma vez que a precipitação da resistividade é reduzida quando a cementita absorve parte da
fase original.
Tais estudos mostram que a bainita sem carboneto, também conhecida como pico de ferrita, é
inicialmente uma microestrutura ideal devido à ausência de carbonetos, o aço tem alta
resistência à fratura em termos de mecanismo de fissuração e formação de vazios.
Tanto a resistência quanto a durabilidade também podem ser melhoradas pelo tamanho de grão
ultrafino das placas de ferrita bainítica e um possível aumento na durabilidade devido à
deformação ou alteração causada pelo fenômeno TRIP (CABALLERO et al., 2009).
2. DESENVOLVIMENTO
Segundo Bhadeshia (2001), uma forma mais adequada de classificar a original microestrutura
do aço bainita é aquela que corresponde à estrutura formada pelo material de enchimento ferrita
não lamelar metaestável e carbonetos como a cementita, que são preparados a partir da
transformação de austenita ocorrendo a uma temperatura inferior à formação de perlita, e
variam para temperaturas superiores à temperatura na qual a formação de martensita começa,
como, por exemplo ilustra as figuras a seguir:
Os aços bainita obtêm resistência a partir de uma estrutura muito fina com muitos
deslocamentos, o que lhes confere grande resistência. Enquanto os aços perlíticos obtêm sua
resistência dos finos grãos de perlita (AGLAN et al., 2004; COLPAERT, 2008).
Atualmente, uma especial atenção tem sido dada à microestrutura da bainita, já que alguns
estudos científicos recentes mostram a contribuição significativa que a predominância de uma
microestrutura bainítica específica pode dar ao desempenho excepcional dos aços modernos,
proporcionando uma excelente relação entre resistência, durabilidade e ductilidade em
comparação com outras estruturas dominadas por outra fase, como ferrita, austenita retida ou
martensita. Isso ocorre porque nesses aços sua resistência ocorre quando grãos de ferrita finos
ou ultrafinos de ferrita bainítica são misturados com finas estruturas de fase secundária
uniformemente distribuídas.
Na figura a seguir é possível visualizar a imagem obtida por microscopia eletrônica da câmera
de tratamento térmico, ou seja, digitalização (SEM) da amostra recozida no forno, onde as
regiões mais escuras correspondem à ferrita e a região constituída pela estrutura com formato
das lamelas corresponde à perlita.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas informações apresentadas no texto e nas figuras fornecidas, podemos concluir
que a microestrutura da bainita desempenha um papel fundamental nas propriedades dos aços
modernos. Esta estrutura é caracterizada pela presença de ferrita bainítica e carbonetos, e sua
formação ocorre em temperaturas abaixo daquelas que produzem a perlita e acima daquelas em
que a martensita começa a se formar.
Vale ressaltar que é importante observar que a composição química do aço, a temperatura e a
duração da isoterma têm um impacto significativo na formação da microestrutura da bainita, ou
seja, pode resultar na presença de austenita não transformada ou na formação de diferentes
fases, como a martensita ou carbonetos.
A microscopia eletrônica mostrada na figura final destaca as diferenças visuais entre a ferrita e
a perlita, demonstrando a importância de compreender e controlar a microestrutura para
alcançar as propriedades desejadas nos aços.
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