Presidência Da República: Casa Civil
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Casa Civil
Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei institui o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Cozinha Solidária, altera as
Leis nºs 12.512, de 14 de outubro de 2011, e 14.133, de 1º de abril de 2021 (Lei de Licitações e Contratos
Administrativos), com o objetivo de promover o acesso à alimentação, à segurança alimentar e à inclusão econômica
e social, bem como revoga dispositivos das Leis nºs 11.718, de 20 de junho de 2008, 11.775, de 17 de setembro de
2008, e 14.284, de 29 de dezembro de 2021.
CAPÍTULO II
Art. 2º Fica instituído o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com as seguintes finalidades:
III - incentivar o consumo e a valorização dos alimentos produzidos pela agricultura familiar, pela pesca
artesanal, pela aquicultura, pela carcinicultura e pela piscicultura nacionais;
V - apoiar a formação de estoque pelas cooperativas e demais organizações da agricultura familiar, da pesca
artesanal, da aquicultura, da carcinicultura e da piscicultura nacionais;
X - incentivar a produção por povos indígenas, comunidades quilombolas e tradicionais, assentados da reforma
agrária, pescadores artesanais, negros, mulheres, juventude rural e agricultores familiares urbanos e periurbanos nos
termos do regulamento;
XI - incentivar a produção agroecológica e orgânica, bem como a adoção de quaisquer práticas associadas à
conservação da água, do solo e da biodiversidade nos imóveis da agricultura familiar;
XII - reduzir as desigualdades sociais e regionais brasileiras; e
XIII - fomentar a produção familiar de agricultores que possuam pessoas com deficiência entre seus
dependentes.
Art. 3º Ato do Poder Executivo federal instituirá o Grupo Gestor do PAA, órgão colegiado de caráter deliberativo,
com composição e atribuições a ser estabelecidas em regulamento.
Parágrafo único. A participação social no Grupo Gestor do PAA e em seus comitês consultivos será
estabelecida em regulamento.
Art. 4º O Poder Executivo federal, estadual, distrital e municipal poderá adquirir, dispensada a licitação, os
alimentos produzidos pelos beneficiários fornecedores de que trata o art. 5º desta Lei, observada a disponibilidade
orçamentária e financeira e desde que atendidos, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - os preços sejam compatíveis com os preços vigentes no mercado, em âmbito local ou regional, aferidos e
definidos conforme metodologia instituída pelo Grupo Gestor do PAA;
II - o valor máximo anual para aquisições de alimentos em cada modalidade, por unidade familiar, por
cooperativa ou por outras organizações da agricultura familiar, seja respeitado, nos termos do regulamento;
III - os alimentos adquiridos sejam de produção própria dos beneficiários e cumpram os requisitos de controle
de qualidade previstos na legislação; e
IV - as demais normas estabelecidas para compra específica de cada modalidade sejam observadas, na forma
estabelecida pelo Grupo Gestor do PAA.
§ 2º São considerados de produção própria os seguintes produtos resultantes das atividades dos beneficiários
de que trata o art. 5º desta Lei, na forma estabelecida pelo Grupo Gestor do PAA:
I - in natura;
II - processados;
III - artesanais;
IV - beneficiados; ou
V - industrializados.
Art. 5º Poderão fornecer produtos ao PAA os agricultores familiares, os pescadores artesanais, os aquicultores,
os carcinicultores e os piscicultores que se enquadrarem no disposto na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, bem
como os demais públicos beneficiários que produzam em áreas rurais, urbanas e periurbanas, conforme regulamento.
§ 1º As aquisições dos produtos para o PAA poderão ser efetuadas diretamente dos beneficiários individuais de
que trata o caput deste artigo ou indiretamente, por meio de suas cooperativas, associações de produtores e demais
organizações, observada a disponibilidade orçamentária e financeira.
Art. 6º O Grupo Gestor do PAA estabelecerá critérios de acesso ao Programa dos seguintes grupos prioritários:
I - as famílias incluídas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico);
II - povos indígenas;
V - pescadores;
VI - negros;
VII - mulheres;
IX - pessoas idosas;
Parágrafo único. Fica o Poder Executivo autorizado a regulamentar modalidade de compra de sementes, de
mudas e de materiais propagativos para alimentação humana ou animal para doação a beneficiários consumidores ou
fornecedores.
Art. 8º Do total de recursos destinados, no exercício financeiro, à aquisição de gêneros alimentícios pelos
órgãos e pelas entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, pelas empresas públicas e
pelas sociedades de economia mista, percentual mínimo de 30% (trinta por cento) será destinado, sempre que
possível, à aquisição de produtos de agricultores familiares e de suas organizações, por meio de modalidade
específica, nos termos do regulamento.
§ 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se às contratações realizadas pela administração pública federal
direta, autárquica e fundacional, pelas empresas públicas e pelas sociedades de economia mista em que houver
aquisição ou fornecimento de gêneros alimentícios, por meio de obrigação atribuída à contratada, conforme disposto
em regulamento.
Art. 9º Os produtos adquiridos pelo PAA terão as seguintes destinações, obedecidas as regras estabelecidas
pelo Grupo Gestor do PAA:
II - formação de estoques; ou
III - atendimento às demandas de gêneros alimentícios e de materiais propagativos por parte da administração
pública, direta, autárquica e fundacional, federal, estadual, distrital ou municipal.
§ 1º Nos Municípios em situação de emergência ou em estado de calamidade pública reconhecidos nos termos
dos §§ 1º e 2º do art. 3º da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010, será admitida a aquisição de produtos
destinados à alimentação animal para doação ou venda com deságio pelos beneficiários da Lei nº 11.326, de 24 de
julho de 2006, observada a disponibilidade orçamentária e financeira.
§ 2º Os hospitais públicos e privados sem fins lucrativos e as entidades públicas e privadas sem fins lucrativos
que integram a rede socioassistencial, preferencialmente de atendimento a pessoas idosas e a pessoas com
deficiência, podem ter as suas demandas de gêneros alimentícios atendidas pela administração pública com produtos
do PAA.
I - mediante termo de adesão firmado por órgãos ou por entidades da administração pública estadual, distrital
ou municipal, dispensada a celebração de convênio;
II - mediante descentralização de créditos para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nos termos
do regulamento; ou
III - diretamente pelo órgão comprador, na modalidade a que se refere o art. 8º desta Lei.
Art. 11. Para a execução das ações de implementação do PAA, fica a União autorizada a efetuar pagamentos
aos executores do Programa, nos termos do regulamento, com a finalidade de contribuir com as despesas de
operacionalização das metas acordadas e de assistência técnica e extensão rural, conforme disponibilidade
orçamentária e financeira.
Parágrafo único. Os serviços de assistência técnica e extensão rural de que dispõe o caput deste artigo têm o
objetivo de auxiliar a articulação, a elaboração, a organização e a gestão dos projetos de venda ao PAA,
especialmente o público beneficiário prioritário de que trata o art. 6º desta Lei.
Art. 12. O pagamento aos beneficiários fornecedores será efetuado diretamente pela União.
§ 1º O pagamento de que trata o caput deste artigo será efetuado por meio das instituições financeiras oficiais
ou de cooperativas de crédito e bancos cooperativos, dispensada a realização de licitação, na forma prevista em
regulamento.
§ 2º Para efetuar o pagamento de que trata o caput deste artigo, será admitido, como comprovação da entrega
e da qualidade dos produtos, termo de recebimento e aceitabilidade, atestado por representante da entidade que
receber os produtos, na forma prevista em regulamento.
§ 3º Para fins do disposto no § 1º deste artigo, o documento fiscal será atestado pela unidade executora, à qual
compete a guarda dos documentos, na forma prevista em regulamento.
§ 4º Na aquisição de produtos agropecuários no âmbito do PAA, compete à União arcar com os seguintes
custos de pagamento:
II - contribuição do produtor rural pessoa física ou jurídica ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS); e
III - contribuição do produtor rural pessoa física ou jurídica ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
§ 5º Os custos de pagamento serão efetuados pela União por meio da conta do PAA.
Art. 13. Os conselhos de segurança alimentar e nutricional são instâncias de controle e participação social do
PAA.
CAPÍTULO III
Art. 14. Fica instituído o Programa Cozinha Solidária, com o objetivo de fornecer alimentação gratuita e de
qualidade à população, preferencialmente às pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social, incluída a
população em situação de rua, e de insegurança alimentar e nutricional, conforme regulamento. (Regulamento)
V - incentivar práticas alimentares saudáveis, com sustentabilidade social, econômica, cultural e ambiental;
VII - adquirir alimentos produzidos preferencialmente pela agricultura familiar e pela agricultura urbana e
periurbana; e
VIII - articular com outros equipamentos públicos e programas de segurança alimentar e nutricional e de
assistência social a organização e a estruturação de sistemas locais de abastecimento, de forma a compreender
desde a produção até o consumo dos alimentos.
Art. 15. O preparo e a oferta dos alimentos do Programa Cozinha Solidária deverão ocorrer em espaços
sanitariamente adequados.
Art. 16. As refeições distribuídas nas cozinhas solidárias devem combater a insegurança alimentar e nutricional
e respeitar a cultura alimentícia regional.
Art. 17. Poderão ser estabelecidas parcerias entre instituições públicas e entidades da sociedade civil para a
execução do Programa Cozinha Solidária.
Art. 18. No âmbito do Programa Cozinha Solidária, a União poderá firmar contratos de parceria com os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios e consórcios públicos constituídos como associação pública, bem como com
organizações da sociedade civil, observado o disposto na Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014.
§ 1º Os parceiros de que trata o caput deste artigo poderão contratar entidades privadas sem fins lucrativos
para a execução do Programa Cozinha Solidária, conforme regulamento específico.
§ 2º Os recursos financeiros para custeio do Programa Cozinha Solidária repassados às entidades privadas
sem fins lucrativos serão destinados, conforme regulamento e observada a disponibilidade orçamentária e financeira,
para:
I - ofertar refeições; e
II - cobrir despesas de custeio, pessoal, manutenção e pequenos investimentos, que concorram para a garantia
do funcionamento e melhoria da infraestrutura física dos estabelecimentos.
§ 3º Com o objetivo de uniformizar a execução do Programa Cozinha Solidária, ato do Poder Executivo disporá
acerca de modelos de atendimento, de valores de referência, de prestação de contas e de instrumentos jurídicos a ser
utilizados pelos parceiros de que trata o caput deste artigo.
Art. 19. Do total dos recursos financeiros repassados para aquisição de alimentos do Programa Cozinha
Solidária, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados, sempre que possível, na aquisição de gêneros
alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações e dos
agricultores urbanos e periurbanos, conforme regulamento, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as
comunidades tradicionais indígenas e as comunidades quilombolas.
Art. 20. Caberá ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome organizar e
estruturar o Programa Cozinha Solidária, conforme critérios a ser estabelecidos em regulamento.
Art. 21. Regulamento do Poder Executivo federal disporá sobre a organização e a implementação do Programa
Cozinha Solidária, especialmente quanto a:
V - plano de fiscalização do Programa, com o objetivo de estabelecer as diretrizes e as metas para fiscalizar e
coibir possíveis irregularidades e para a adoção de providências tempestivas com vistas a saná-las;
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 22. Os atos normativos infralegais que dispõem sobre o Programa Alimenta Brasil, no que forem
compatíveis com o disposto nesta Lei, permanecerão em vigor até a edição do regulamento do PAA.
Art. 23. As adesões de Estados, de Municípios e do Distrito Federal, no âmbito do Programa Alimenta Brasil,
ficam convalidadas para a execução do PAA.
Art. 24. O art. 31 da Lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 31. Os recursos de que tratam os arts. 6º, 13 e 15-B desta Lei poderão ser
majorados pelo Poder Executivo federal em razão da dinâmica socioeconômica do País e
de estudos técnicos sobre o tema, observada a disponibilidade orçamentária e financeira.”
(NR)
Art. 25. O art. 75 da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), passa
a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 75.
...........................................................................................................................
....................................................................................................................................................
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de insumos
estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental ou estatutariamente,
tenha por finalidade apoiar órgão da Administração Pública direta, sua autarquia ou
fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional,
científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e
financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII
deste caput, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada
em vigor desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado;
............................................................................................................................................
” (NR)
Art. 26. Fica autorizada a concessão de subvenção econômica de que trata a Lei nº 8.427, de 27 de maio de
1992, para a venda do produto do estoque público com deságio aos beneficiários da Lei nº 11.326, de 24 de julho de
2006, nos Municípios em situação de emergência ou em estado de calamidade pública reconhecidos nos termos dos
§§ 1º e 2º do art. 3º da Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010.
§ 1º A despesa de subvenção de que trata o caput deste artigo observará a disponibilidade orçamentária e
financeira e ocorrerá à conta das dotações orçamentárias consignadas à subvenção econômica nas aquisições do
governo federal, observado o disposto nos arts. 2º e 3º da Lei nº 8.427, de 27 de maio de 1992.
§ 2º A compra do produto para a venda de que trata o caput deste artigo observará o disposto na Lei nº 14.293,
de 4 de janeiro de 2022.
III - o inciso I do caput do art. 4º, o inciso I do caput do art. 11 e os arts. 13-A e 25 da Lei nº 12.512, de 14 de
outubro de 2011; e