O documento discute a proposta de Michel Collot de uma revisão da situação do sujeito lírico na poesia moderna, partindo de um afastamento do conceito hegeliano de lirismo. Collot argumenta que o poeta lírico não é uma "subjetividade fechada", mas opera um trânsito entre o "interior" e o "exterior". Isso é ilustrado pelos exemplos de Rimbaud e Ponge. O texto defende que o lirismo se deslocou para as coisas e a carne no mundo moderno, em busca do lirismo per
O documento discute a proposta de Michel Collot de uma revisão da situação do sujeito lírico na poesia moderna, partindo de um afastamento do conceito hegeliano de lirismo. Collot argumenta que o poeta lírico não é uma "subjetividade fechada", mas opera um trânsito entre o "interior" e o "exterior". Isso é ilustrado pelos exemplos de Rimbaud e Ponge. O texto defende que o lirismo se deslocou para as coisas e a carne no mundo moderno, em busca do lirismo per
O documento discute a proposta de Michel Collot de uma revisão da situação do sujeito lírico na poesia moderna, partindo de um afastamento do conceito hegeliano de lirismo. Collot argumenta que o poeta lírico não é uma "subjetividade fechada", mas opera um trânsito entre o "interior" e o "exterior". Isso é ilustrado pelos exemplos de Rimbaud e Ponge. O texto defende que o lirismo se deslocou para as coisas e a carne no mundo moderno, em busca do lirismo per
O documento discute a proposta de Michel Collot de uma revisão da situação do sujeito lírico na poesia moderna, partindo de um afastamento do conceito hegeliano de lirismo. Collot argumenta que o poeta lírico não é uma "subjetividade fechada", mas opera um trânsito entre o "interior" e o "exterior". Isso é ilustrado pelos exemplos de Rimbaud e Ponge. O texto defende que o lirismo se deslocou para as coisas e a carne no mundo moderno, em busca do lirismo per
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Em busca do lirismo perdido
Conheço a mosca em leite branco,
Conheço o homem pela veste, Conheço o tempo mau e o brando, Conheço o ramo e o cipreste, Conheço a fruta onde se colga, Conheço quando tudo é o mesmo, Conheço quem trabalha ou folga, Conheço bem, fora a mim mesmo.
Conheço o gibão no colete,
Conheço no hábito o monge, Conheço o patrão no valete, Conheço pelos véus a monja, Conheço o engano e a lisonja, Conheço o louco solto a esmo, Conheço o vinho bom de longe, Conheço bem, fora a mim mesmo.
Conheço o jegue e o ginete,
Conheço a carga que os assoma, Conheço Bia e Elizabete, Conheço a ficha que faz soma, Conheço a visão e o sonho, Conheço os hereges Boêmios, Conheço os poderes de Roma, Conheço bem, fora a mim mesmo.
Príncipe, bem conheço, em suma:
Conheço os bons e os enfermos, Conheço a morte e o que se esfuma, Conheço bem, fora a mim mesmo.
Balada das coisas sem importância, François Villon
trad. Sebastião Uchoa Leite
Evocando os poetas franceses, Arthur Rimbaud e Francis Ponge, principalmente, Michel
Collot propõe uma (re)visão da situação do sujeito lírico na poesia moderna. Sua tese parte de um afastamento do conceito hegeliano do lirismo, onde o poeta lírico se constituiria de “subjetividade fechada”. Contudo, faz ressalvas, Hegel considera necessário o trânsito entre o “interior” e o “exterior” operado pelo poeta lírico. E é a partir e com este trânsito que Collot elabora uma reflexão sobre o lugar do lirismo no mundo moderno. Os exemplos ilustram e elucidam a sua proposta. O “eu é um outro” de Rimbaud sintetiza a ideia de alteridade discutida como a máxima que o poeta lírico almeja. E o deslocamento desse lirismo para as coisas, para a carne, no mundo moderno, Collot ilustra excepcionalmente com as reflexões da poesia de Francis Ponge. Seu texto é uma abertura aos confins da modernidade onde o sujeito lírico se esconde. A busca pelo lirismo perdido em tempos de Narcisos obsessivos.