Livro-Texto - Unidade I
Livro-Texto - Unidade I
Livro-Texto - Unidade I
Angela Martins Azevedo é engenheira civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2003) e mestre
em Engenharia de Transportes pela mesma instituição (2007). Realizou também cursos de especialização de curta
duração nas áreas de topografia, pavimentação e drenagem de rodovias.
É professora da Universidade Paulista (UNIP) desde 2006 nos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura nas disciplinas
correlatas à área de infraestrutura de transportes: Topografia, Geodésia e Estradas e Aeroportos.
Fora do âmbito acadêmico, atua como engenheira civil na coordenação de projetos na Planservi Engenharia Ltda.
e tem experiência na área de engenharia de transportes, com ênfase em projeto e construção de vias de transporte;
atuando principalmente nos temas relacionados à pavimentação e drenagem de pavimentos.
CDU 528.425
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Giovanna Oliveira
Aline Ricciardi
Sumário
Topografia
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 ESCALAS E FORMAS DE REPRESENTAÇÃO............................................................................................. 11
1.1 Escalas........................................................................................................................................................ 11
1.2 Formas de representação – plantas, cartas e mapas.............................................................. 16
2 ERROS EM MEDIDAS TOPOGRÁFICAS...................................................................................................... 20
2.1 Tipos de erros.......................................................................................................................................... 22
2.2 Análise estatística................................................................................................................................. 23
2.2.1 Atividade prática 1.................................................................................................................................. 28
3 MEDIÇÃO DE ÂNGULOS E DISTÂNCIAS................................................................................................... 29
3.1 Medição de distâncias......................................................................................................................... 29
3.1.1 Equipamentos........................................................................................................................................... 30
3.1.2 Levantamento........................................................................................................................................... 30
3.1.3 Atividade prática 2.................................................................................................................................. 33
3.2 Medição de ângulos............................................................................................................................. 35
3.2.1 Equipamentos disponíveis.................................................................................................................... 35
3.2.2 Sequência de operação......................................................................................................................... 36
3.2.3 Declinação magnética........................................................................................................................... 38
3.2.4 Medição de ângulos horizontais....................................................................................................... 39
3.2.5 Azimutes...................................................................................................................................................... 42
3.2.6 Medição de ângulos zenitais (verticais).......................................................................................... 44
3.2.7 Atividade prática 3.................................................................................................................................. 45
4 SISTEMAS DE COORDENADAS: LEVANTAMENTOS PLANIMÉTRICOS........................................... 48
4.1 Cálculo de azimutes em uma poligonal....................................................................................... 49
4.1.1 Levantamento de dados........................................................................................................................ 49
4.1.2 Aceite do levantamento e ajuste dos dados................................................................................. 50
4.1.3 Sequência de cálculo.............................................................................................................................. 51
4.2 Cálculo de coordenadas em uma poligonal............................................................................... 53
4.2.1 Determinação das coordenadas parciais........................................................................................ 53
4.2.2 Erro de fechamento................................................................................................................................ 53
4.2.3 Atividade prática 4.................................................................................................................................. 58
Unidade II
5 LEVANTAMENTO DE PONTOS DETALHE................................................................................................... 65
5.1 Levantamento......................................................................................................................................... 65
5.1.1 Atividade prática 5.................................................................................................................................. 69
6 SISTEMAS ALTIMÉTRICOS.............................................................................................................................. 70
6.1 Referências de nível............................................................................................................................. 71
6.2 Métodos de nivelamento................................................................................................................... 72
6.3 Nivelamento geométrico................................................................................................................... 73
6.3.1 Efeito de curvatura e refração atmosférica.................................................................................. 73
6.3.2 Levantamento........................................................................................................................................... 74
6.3.3 Erro de fechamento................................................................................................................................ 75
6.3.4 Sequência de cálculo.............................................................................................................................. 77
6.3.5 Atividade prática 6.................................................................................................................................. 82
7 CÁLCULO DE ÁREAS E VOLUMES............................................................................................................... 85
7.1 Cálculo de áreas..................................................................................................................................... 85
7.1.1 Processos analíticos................................................................................................................................ 85
7.1.2 Processos gráficos................................................................................................................................... 88
7.1.3 Processos computacionais................................................................................................................... 88
7.1.4 Processos mecânicos.............................................................................................................................. 89
7.2 Cálculo de volumes.............................................................................................................................. 89
7.2.1 Método das seções transversais......................................................................................................... 89
7.2.2 Método das superfícies equidistantes............................................................................................. 91
8 REPRESENTAÇÃO DO RELEVO..................................................................................................................... 91
8.1 Elementos de representação............................................................................................................. 91
8.2 Análise das curvas de nível................................................................................................................ 94
APRESENTAÇÃO
Olá, aluno!
A palavra topografia vem do grego topos (lugar) + graphen (descrição). Ou seja, vamos estudar a
ciência que se dedica à descrição do relevo de um dado local.
A descrição de uma área pode ser realizada de forma analítica, considerando ângulos e distâncias;
ou também de forma gráfica, por meio de plantas que representam as características naturais (relevo,
hidrografia) e artificiais (edificações, vias de transporte) de um local.
A topografia tem por objetivo a determinação dos limites, dimensões e caracterização em planta e
perfil de uma área limitada. A topografia também tem por finalidade a locação no terreno dos projetos
de engenharia.
Os levantamentos topográficos são a base de implantação de grande parte dos projetos de engenharia
com os quais você irá se deparar ao longo de sua carreira. Às vezes, o engenheiro civil é responsável
pela execução do levantamento. Nesse caso, deve conhecer as técnicas e cálculos necessários para a
caracterização da área em planta e perfil.
Outras vezes, o profissional recebe a base topográfica pronta. É importante que o profissional saiba
interpretar os dados de forma a visualizar a interação do relevo com a obra que deseja implantar. Um
exemplo é a implantação de rodovias: o profissional deve analisar o perfil do terreno existente a partir
da base topográfica para estabelecer o perfil da via a ser implantada, visando ao equilíbrio dos volumes
de cortes e aterros.
Nosso objetivo nesta disciplina é a capacitação dos futuros engenheiros civis para a execução e análise
de levantamentos planialtimétricos, por meio da obtenção e tratamento dos dados em planta e perfil do
terreno analisado. A disciplina também os capacitará para a leitura e interpretação de plantas topográficas.
• Levantamentos altimétricos.
• Representação do relevo.
Além dos aspectos teóricos que envolvem a caracterização do terreno, serão apresentados também
roteiros para as aulas práticas, além de estudos de caso.
Bom estudo!
INTRODUÇÃO
A Topografia é definida como a ciência que estuda os métodos para representar um terreno para fins
de projeto.
Relacionadas a essa disciplina, temos outras que tratam de temas correlatos e complementares. As
mais importantes são Geodésia e Cartografia.
A Geodésia é a ciência que estuda a forma, a dimensão e o campo gravitacional da Terra. Estuda o
geoide e o elipsoide e a amarração entre ambos. Visa, além disso, à descrição da superfície terrestre para
fins de cartografia e engenharia, através do estabelecimento de redes de vértices para determinação dos
sistemas de coordenadas e para a representação da Terra por meio de projeções cartográficas.
Dois termos foram citados na descrição da geodésia: geoide e elipsoide. Você já ouviu falar deles?
São conceitos importantíssimos para a compreensão da forma da Terra.
Há tempos, sabe-se que a Terra não é plana. Na escola, aprendemos que nosso planeta é redondo.
Mas a verdade é que a superfície terrestre não é uma esfera perfeita. A referência física que mais se
aproxima da forma real da Terra é o geoide, que equivale a uma superfície equipotencial materializada
pelo nível médio dos mares prolongado através dos continentes.
8
ca
opo gráfi
Geoid
rfí cie t e
Supe
PN
oide
Elips
PS
a - semi-eixo maior
b - semi-eixo menor
f - achatamento
a-b
f=
a
PN - Polo Norte
PS - Polo Sul
Figura 2 – Elipsoide
O elipsoide é definido pelo semieixo maior (a) e pelo achatamento f. A relação entre esses parâmetros
considera também o semieixo menor (b), conforme a expressão a seguir:
a−b b
f= ou f = 1 −
a a
9
No Brasil, desde 2015, é obrigatória a utilização do datum Sirgas 2000 (Sistema de Referência
Geocêntrico para as Américas) para o SGB (Sistema Geodésico Brasileiro), cujos dados estão indicados
na tabela a seguir:
Sistema a (m) f
Sirgas 2000 6.378.137 1/298,257 222
Ainda que a Terra não seja plana, a topografia considera essa afirmação válida sempre que possível,
uma vez que a simplificação da superfície para um plano facilita todos os cálculos a serem realizados
para a descrição. Assim, costuma-se assumir que o efeito da curvatura pode ser desprezado em valores
de 25 a 30 km.
A NBR 13133 indica que a dimensão máxima do plano de projeção (plano topográfico) é 80 km,
a partir da origem, de maneira que o erro relativo à esfericidade não ultrapasse 1:35.000 em uma
determinada dimensão.
Como principais consequências de consideração da Terra plana, temos erros na obtenção das
distâncias e nas cotas referentes à curvatura. Quanto maior a distância, maior o efeito obtido.
Os tópicos referentes aos sistemas geodésicos de referência e efeito da curvatura nas projeções serão
abordados em outras disciplinas. Por ora, estudaremos a obtenção dos dados no plano topográfico.
10
TOPOGRAFIA
Unidade I
1 ESCALAS E FORMAS DE REPRESENTAÇÃO
1.1 Escalas
A escala é a relação entre o valor de uma medida no terreno (real) e sua correspondente no desenho,
referente aos mesmos pontos, em medidas lineares.
A representação da escala numérica é da forma 1:M, onde M é o módulo da escala. Indica que 1
unidade no desenho equivale a M unidades na realidade. Exemplo: em uma planta na escala 1:1.000,
cada centímetro na planta corresponde a 1.000 cm no terreno, ou seja, a 10 m no real.
A escala gráfica é representada por uma linha ou barra graduada, contendo subdivisões
denominadas “talões”, conforme a figura. Cada talão apresenta a relação de seu comprimento com o
valor correspondente no terreno. Normalmente há a indicação da divisão principal e da fracionária.
10 0 10 20 km
Para a sua utilização, pode-se usar um compasso, a fim de medir na carta a distância que
se deseja medir e transportá-la para a escala. Caso ache mais fácil, você também pode copiar a
escala em um pedaço de papel separado e sobrepor no mapa para o cálculo da relação entre o
real e o representado.
Como você deve ter reparado, correlacionamos as medidas de escala na leitura das plantas nas
unidades centímetro, metro e quilômetro. Pela facilidade de trabalho, é comum o uso da régua ou
escalímetro para a medição na planta/carta plotada em centímetros. Entretanto, não costumamos
indicar as distâncias nessa unidade, mas sim em divisões superiores, como metro e quilômetro. A
tabela 2 indica a conversão de medidas lineares no Sistema Internacional para o metro, com valor
igual à unidade.
11
Unidade I
Às vezes, pode ser necessária a conversão de outras unidades de medidas, referentes ao sistema
inglês. A tabela a seguir indica algumas conversões mais frequentemente utilizadas.
Retomando o tema da escala, elas podem ser naturais, quando o objeto está representado no
tamanho real; de ampliação, quando a representação do objeto é maior do que o seu tamanho real ou
de redução, quando as dimensões representadas são inferiores às reais.
A escala a ser utilizada depende da finalidade do levantamento. Às vezes, há uma exigência específica
para que certo detalhe de dimensão D seja representado no desenho com dimensão d. Nesse caso, a
escala deve ser maior do que a relação D/d.
As plantas topográficas têm escala até 1:10.000, definidas especificamente para cada necessidade de
projeto. Usualmente, temos os seguintes valores:
Note que sempre optamos por um número inteiro arredondado para a escala. Raramente você
encontrará uma planta ou uma carta em uma escala “quebrada”, 1:272,45, por exemplo.
12
TOPOGRAFIA
Observação
Lembre-se também de que a maior dimensão de um formato é igual à menor dimensão do formato seguinte.
A ABNT, por meio da NBR 13133, sugere a escala do desenho e a equidistância das curvas de nível
em função da classe e finalidade do levantamento a ser realizado, conforme indicado na tabela.
Equidistância das
Levantamento Classe Escala curvas de nível
I PA 1:5.000 5m
II PA 1:2.000 2m
III PA 1:1.000 1m
IV PA 1:500 1m
V PA 2 m e/ou 16 pontos
1:2.000 ou 1.1000
Topográfico Seções Transv. cotados
planialtimétrico VI PA 1 m e/ou pontos
1:1.000 ou 1:500
Seções Transv cotados
VII PA 1 m e/ou pontos
1:500 cotados
Malha
VIII PA 1 m e/ou pontos
1:1.000 ou 1:500
Malha cotados
I PAC 1:1.000 1m
Planialtimétrico cadastral
II PAC 1:500 1m
13
Unidade I
Tendo em vista a acuidade visual e a qualidade das impressoras de plotagem (ou da habilidade
do desenhista, para desenhos feitos à mão), pode-se cometer um erro na demarcação de pontos no
desenho. Esse erro é chamado erro de graficismo, que consiste na menor dimensão gráfica que se
consegue representar em um desenho. Em geral, adota-se eg = 0,2 mm.
A precisão gráfica, ou precisão da escala (x), é a menor grandeza medida que pode ser representada
no terreno, em uma determinada escala. Matematicamente, pode ser definida como o produto do erro
de graficismo (eg) pelo módulo da escala (M).
x = eg ⋅ M
Por exemplo, em uma escala 1:10.000, x = 2,0 m. Assim, qualquer objeto a ser representado com
dimensões reais menores que 2,0 não será representado ou desenhado de forma distinta do real: uma
reta pode virar um ponto, um arco pode virar um trecho reto etc.
Assim, a escolha da escala a ser adotada também pode ser feita em função do erro de graficismo.
Em uma área que se deseja mapear com precisão de 0,2 mm para a qual se requer a distinção de feições
com mais de 5,0 m de extensão, deve-se utilizar uma escala que permita a visualização adequada.
Considerando a expressão anterior, podemos isolar o módulo da escala:
x
M=
eg
5
M= → M = 25.000
0, 0002
Assim, a escala adequada a ser adotada para essa representação é 1:25.000, a fim de permitir a
visualização de elementos com dimensões superiores a 5,0 m com precisão gráfica de 0,2 mm.
Observação
14
TOPOGRAFIA
Exemplo de aplicação
1. A distância entre dois pontos A e B, representados em uma planta em escala 1:2.000, é de 42,5
cm. Qual a distância real entre eles?
Solução
A planta está em escala 1:2.000, ou seja, 1 cm em planta equivale a 2.000 cm no real. Assim,
2. Um engenheiro dispõe de uma planta de um lote, um terreno retangular, cujos lados a e b medem
12 e 5 cm. Sabendo que a planta está em escala 1:500, qual a área do terreno?
Solução
a = 12 ⋅ 500 = 6.000 cm = 60 m
b = 5 ⋅ 500 = 2.500 cm = 25 m
A = a ⋅ b = 60 ⋅ 25
A = 1.500 m2
O conceito de escalas também pode ser aplicado na previsão de documentos de um projeto. Sabendo-
se as dimensões do que será representado e a escala a ser utilizada, pode-se estimar previamente
a quantidade de desenhos a ser produzida. Essa atividade é usual em projetos lineares, como os de
estradas, que normalmente são remunerados por documento elaborado.
Exemplo de aplicação
Solução
d = 5.000 / 10 = 500 cm
Uma folha A1 tem as dimensões 841 mm x 594 mm. Ou seja, 84,1 cm de largura. Para o desenho
de 500 cm de comprimento, a quantidade de folhas necessárias será a relação entre a extensão a ser
representada e a extensão disponível.
Como não é possível a consideração de 0,9 folhas, o engenheiro irá utilizar 6 folhas em formato A1
para a representação do trecho rodoviário de 5 km em escala 1:1.000.
Devemos lembrar que, às vezes, os formatos exigidos pelos órgãos para apresentação de documentos
têm bordas para a dobra, reduzindo a área útil do desenho.
Outro ponto a se considerar é a sinuosidade da via, que pode acarretar um trecho maior ou menor
que pode ser efetivamente representado em uma folha.
Ainda assim, mesmo com essas considerações, o número obtido tem confiabilidade e pode ser
utilizado como aproximação inicial.
Usualmente, as plantas topográficas para obras de engenharia estão representadas em escalas até
1:10.000, sendo que a escala é definida em função da necessidade de projeto. Já falamos sobre as
escalas utilizadas na construção civil, por exemplo, que normalmente são grandes (1:20 a 1:100) para
permitir a visualização de detalhes.
Existem também plantas oficiais, que têm finalidade cadastral, definem limites de propriedades e
indicam construções e o uso do solo. Elas têm escalas da ordem de 1:2.000 a 1:10.000. Na região
metropolitana de São Paulo, o órgão responsável pela emissão de tais plantas é a Empresa Paulista de
Planejamento Metropolitano (Emplasa).
Para planejamento local, regional ou nacional, pode ser necessário consultar documentos em escalas
ainda menores. Nesse caso, utilizamos as cartas ou mapas, com escalas de 1:10.000 a 1:100.000 ou
menores. A ABNT, por meio da NBR 13133, indica a seguinte definição para as cartas e mapas:
16
TOPOGRAFIA
Outra consideração importante é que se utilizam termos adjetivos para indicar a característica
representada na carta, para diferenciação do uso. Como exemplos, podemos citar: carta náutica, carta
aeronáutica, mapa geológico.
Nessa escala, a carta divide o globo terrestre em sessenta partes iguais, com seis graus de amplitude
cada, o que caracteriza o fuso. No sentido do Equador para os Polos, o globo é dividido em zonas, com
4° de amplitude. Dessa forma, a CIM considera cartas cuja abrangência são a região com 6° de longitude
e 4° de latitude. Em função da deformação da representação nos Polos, consideram-se limites da CIM
as latitudes de 84°N e 80°S.
Os fusos são numerados de 1 a 60, a partir do antimeridiano de Greenwich, de Oeste para Leste.
A carta ao milionésimo pode ser desdobrada em cartas de até 1:25.000, que é o limite adotado pela
Cartografia Sistemática, embora ainda seja possível ampliar além dessa escala. A tabela a seguir indica
o desdobramento da CIM, considerando j como latitude e l como longitude.
17
Unidade I
Para a carta na escala 1:1.000.000, a nomenclatura é do tipo XX-YY, sendo que XX são duas letras:
a primeira correspondente ao hemisfério (Norte – N ou Sul – S) e a segunda corresponde à zona de
abrangência. O termo YY corresponde ao fuso.
As cartas topográficas decorrentes da CIM no Brasil são 46, posicionadas entre as zonas NB (zona
B = latitudes entre 4° e 8° Norte) e SI (latitudes entre 32° e 36° S) e entre os fusos 18 e 25. A figura a
seguir indica a disposição das cartas ao milionésimo no território brasileiro.
78° 72° 66° 60° 54° 48° 42° 36° 30°
NB 18 19 20 21 22 23 24 25
4° 4°
NA 18
0° 0°
SA 18
4° 4°
SB 18
8° 8°
SC 18
12° 12°
SD 18 SD 21
16° 16°
SE 18
20° 20°
SF 18
24° 24°
SG 18
28° 28°
SH 18
32° 32°
SI 18
78° 72° 66° 60° 54° 48° 42° 36° 30°
Daqui a pouco faremos uma síntese da nomenclatura e alguns exemplos para melhor visualização.
Dividindo novamente por dois, temos a carta em escala 1:250.000. Aqui, as quatro cartas resultantes
são identificadas pelas letras A, B, C e D, da esquerda para a direita e de cima para baixo. Para a escala
1:100.000, a carta fica dividida em seis parcelas, numeradas de I a VI, em algarismos romanos. Na
18
TOPOGRAFIA
sequência, 1:50.000, quatro novas cartas, numeradas de 1 a 4, em números arábicos. Na escala 1:25.000,
a nomenclatura segue a orientação NO, NE, SO, SE.
Para obter-se a carta em escala 1:10.000, toma-se uma carta em escala 1:100.000, dividida em 25
cartas iguais na escala 1:20.000, numeradas em algarismos arábicos de 1 a 25. Dividindo por dois, temos
a carta em escala 1:10.000. As quatro cartas resultantes são numeradas de 1 a 4.
Pode até parecer confuso, mas não é! O esquema a seguir facilita o entendimento:
6º 3º 3º
V X 2º
4º 1.1.000.000
Y Z 2º
(cada carta em escala 1.500.000)
3º 1º30’ 1º30’
A B 1º
2º 1.500.000
C D 1º
(cada carta em escala 1.250.000)
19
Unidade I
30’ 6’ 6’ 6’ 6’ 6’
6’ 1 2 3 4 5
6’ 6 7 8 9 10
30’ 1.1.000.000 6’ 11 12 13 14 15
6’ 16 17 18 19 20
6’ 21 22 23 24 25
(cada carta em escala 1.20.000)
6’ 3’ 3’
3’ 1 2
6’ 1.20.000
3’ 3 4
(cada carta em escala 1.10.000)
Saiba mais
<http://www.igc.sp.gov.br/>.
a b c
Na figura da esquerda (a), todos os tiros passaram longe do alvo desejado. Entretanto, todos ficaram
bem próximos entre si. Já na figura central (b), os tiros estão espaçados, porém, próximos do alvo.
Apenas na figura da direita (c) todos os tiros foram precisos, diretos no alvo desejado. Diz-se, então, que
os tiros em (a) têm boa precisão, mas pouca acurácia ou exatidão. Os tiros em (b) têm exatidão, mas não
são precisos. Em (c), os dois requisitos são atendidos: os tiros têm precisão e exatidão.
A precisão refere-se ao grau de refinamento de uma medida, ou seja, é a proximidade de uma medida
com outra. Um equipamento tem alta precisão quando a reprodutibilidade das medidas for grande, ou
seja, caso uma medida seja feita diversas vezes, o resultado será próximo em todas elas.
A exatidão, ou acurácia, é o grau da perfeição obtida nas medições, ou seja, o quão próximo do valor
verdadeiro (alvo) está a grandeza medida.
Porém é importante entender que precisão e acurácia nem sempre andam juntas. De forma
complementar às situações apresentadas na figura anterior, temos a seguinte:
21
Unidade I
Na medição de distâncias, a precisão é definida como a relação entre o erro da medição e a distância
medida. Para representação, a relação é apresentada como uma fração da forma 1:X ou 1/X. Para uma
distância medida de 1 km (1000 m) cujo erro estimado é de 0,1 m, então a precisão é 0,1/1000. Na forma
usual, dizemos que a precisão do levantamento é 1:10.000 ou 1/10.000. Ou seja, para cada 10.000 m
medidos, o erro deverá ser de 1 m.
A norma ABNT para levantamentos topográficos e os órgãos rodoviários costuma indicar em seus
manuais qual a precisão exigida para os levantamentos em função da finalidade do uso dos dados ou
do grau de projeto a ser elaborado.
O erro é a diferença entre o valor verdadeiro da grandeza que se deseja conhecer e o valor obtido
na medição realizada.
A exatidão de uma observação ou medida pode ser influenciada por alguns fatores, sendo três
os mais importantes: o operador, por sua acuidade visual e cuidado na operação do instrumento;
o equipamento, por sua precisão, calibração e grau de desgaste e as condições do levantamento,
como temperatura, vento, umidade, variações magnéticas que podem provocar algum tipo
de influência no uso no equipamento. Uma trena pode, por exemplo, dilatar em um dia de
temperatura elevada.
alguns centímetros maior do que a nominal. Quando a trena é usada, sempre se obtém o mesmo erro
devido a essa diferença dimensional.
Se o comprimento da trena for usado em n etapas, então o erro da medição será a diferença dimensional
multiplicada por n. Por exemplo: se a trena possui 30 m de comprimento nominal, mas 0,05 m a menos na
prática, então, em uma medição de 150 m, ou seja, 5 vezes o comprimento da trena, o erro será de:
5 ∙ 0,05 = 0,25 m = 25 cm
0,25/150 = 1/600
Os erros sistemáticos podem ser evitados pelos mesmos métodos que evitam os erros grosseiros.
A determinação dos erros aleatórios e dos valores mais prováveis de um parâmetro é realizada com
base em princípios de estatística, considerando curvas de probabilidade.
Uma vez que os erros grosseiros e os erros sistemáticos possam ser desconsiderados da análise, o
valor mais provável e sua margem de erro podem ser determinados por meio do uso da estatística.
A distribuição dos erros aleatórios é considerada conforme a curva de probabilidade de Gauss. Por
essa teoria, as medidas tendem a se agrupar em torno de um valor, determinado o melhor valor ou
valor mais provável. Esse valor coincide com a média dos dados coletados. Ainda pela teoria de Gauss,
a probabilidade de ocorrência é máxima nas proximidades do valor médio e há simetria na ocorrência
dos resíduos.
Média
Dada uma sequência de dados coletados (xi), a média (x) é o valor mais provável dessa grandeza:
x=
∑xi
n
23
Unidade I
O erro médio quadrático ou desvio padrão (s) é determinado pela raiz quadrada da relação entre os
resíduos (vi) e o número de amostras menos 1:
vi = xi − x
σ=
∑vi2
n −1
Curva de probabilidade
curva de Gauss
p (esquema)
média
2 . Cp . σ
24
TOPOGRAFIA
A especificação dos equipamentos de topografia normalmente indica o desvio padrão associado ao uso.
Na prática, não são utilizados nem o desvio padrão (P = 68,3% de ocorrência), nem o erro provável (P =
50%; 0,6745 s). Os intervalos de confiança mais utilizados para as medidas são os de 95,4% (2,00s), 99%
(2,50s) e 99,7% (3,00s). A utilização do intervalo de confiança implica que a porcentagem P das medidas
estará dentro do intervalo limitado por x + Cp ⋅ σ . Ou seja, considerando a probabilidade de 99%, tem-se
que 99% das medidas efetuadas estarão dentro do intervalo x ± 2, 50 ⋅ σ . As medidas além do intervalo de
confiança podem ser descartadas, recalculando-se a média com os valores restantes. Deve, porém, ser claro
ao analista que os valores não devem ser descartados apenas para melhorar a média obtida. De preferência,
deve-se checar a consistência para eliminar apenas os erros grosseiros e sistemáticos da análise.
Exemplo de aplicação
Uma distância foi medida cinco vezes com um distanciômetro, sendo que foram obtidos os dados
relacionados na tabela a seguir. Determine o valor mais provável da distância (média), o erro médio
quadrático e os erros de 50%, 90% e 95% de probabilidade.
Tabela 8
Solução
25
Unidade I
x=
∑xi
n
142, 39 + 143,10 + 142, 78 + 142, 89 + 142, 87
x=
5
x = 142, 806 m
Para o cálculo do erro médio quadrático (desvio padrão), é melhor reproduzir a tabela original,
inserindo duas novas colunas: uma para o resíduo (vi) e outra para o quadrado do resíduo (vi2):
Tabela 9
σ=
∑vi2
n −1
0, 2713
σ=
5 −1
σ = 0, 260 m
Os erros para 50%, 90% e 95% são, respectivamente, iguais a ±0,6745s, ±1,6449s e ±1,9599s. Com
base no erro médio quadrático calculado, tem-se:
Tabela 10
Em topografia, as medidas são sempre tomadas em série, de forma sequencial. O profissional irá
medir, em um projeto, uma sequência de ângulos, distâncias e elevações.
26
TOPOGRAFIA
Como o erro tende a se acumular, deve-se determinar como será realizada essa consideração. A
equação a seguir pode ser utilizada para estimar o erro aleatório total em uma série com n medições,
considerando que todas as medidas têm a mesma precisão:
Esérie = ±E ⋅ n
A expressão também pode ser utilizada do modo inverso, quando se deseja saber qual deve ser a
precisão de um levantamento tendo um erro máximo admissível para a série.
Exemplo de aplicação
Uma série de 16 ângulos foi medida durante o levantamento de uma poligonal. Considerando que o
erro de cada medição é de ±15’’ de arco, qual o erro estimado total do levantamento?
Solução
Esérie = ±E ⋅ n
Esérie = ±15" ⋅ n
Esérie = ±60’’
Quando uma série de medidas não repetidas é tomada, cada qual com o seu respectivo erro provável,
o erro total provável para a série pode ser calculado pela expressão a seguir:
Um caso particular da expressão ocorre quando todos os erros prováveis são iguais. Nesse caso, a
equação é reduzida à forma apresentada no item ”Séries de medidas similares”.
Exemplo de aplicação
27
Unidade I
Solução
O roteiro a seguir explica como podem ser utilizados os equipamentos de medições lineares (como a
distância) e consolida o processo para o tratamento estatístico dos dados.
Definição: medidas lineares a serem obtidas por diastímetros, ou seja, trenas, fitas ou correntes, de
forma a estabelecer uma distância entre dois pontos. Utilização da unidade de medidas “metro” e de
seus divisores: decímetros (dm), centímetros (cm) e milímetros (mm).
Objetivo: essa prática tem por objetivo orientar todas as medições a serem realizadas utilizando
a trena e três balizas (no caso de distâncias superiores ao comprimento da trena), de forma a obter a
distância entre dois pontos com maior precisão possível, levando em consideração as possibilidades
de erro por: horizontalidade da trena, verticalidade das balizas, tensão aplicada à trena, observação na
leitura, condições do ambiente.
Equipamentos e materiais utilizados por grupo: trena de fibra com 20 m, 3 balizas, caderneta de
campo (ou caderno), 2 piquetes (2,5 x 2,5 x 15 cm) e 1 marreta.
Procedimento
2. Implantar os dois piquetes no solo (local ao ar livre, pode ser um gramado) com distância
aproximada de 80 passos um do outro.
3. No primeiro piquete, coloca-se um orientador com baliza na vertical. Um nível de mão pode ser
utilizado para aprumá-la.
28
TOPOGRAFIA
4. No segundo piquete, coloca-se um assistente com baliza na vertical. Um nível de mão pode ser
utilizado para aprumá-la.
5. Um segundo assistente leva o início da trena ao primeiro assistente, para colocar no centro da
baliza o “zero” da trena, em seguida, desenrola a trena até atingir os 20 metros.
6. O orientador passa a esse segundo assistente, que leva uma baliza, as instruções que deixarão
alinhadas todas as balizas, sendo que a terceira deve estar a exatos 20 metros do segundo piquete.
8. O primeiro assistente traz sua baliza para o próximo seguimento, que será a nova posição a ser
orientada, com 20 metros de distância – ou seja, estará a 40 metros do segundo piquete.
9. Fixa-se essa baliza dos 40 metros ao solo; caso faltem menos de 20 metros para o primeiro
piquete, apenas mede-se esse último intervalo.
10. Caso esse segmento seja superior a 20 metros, devem-se realizar novamente os passos anteriores,
de maneira a garantir o alinhamento das medidas.
12. Um novo grupo deverá realizar a mesma medição, chegando a um novo resultado.
13. Em seguida mais grupos poderão fazer a mesma medição, chegando a novos resultados.
Resultados: com os resultados de cada grupo, basta calcular a média e avaliar os erros para, em
seguida, discutir como evitá-los.
No plano topográfico, a distância entre dois pontos sempre se refere à projeção horizontal da reta
que os une.
29
Unidade I
3.1.1 Equipamentos
As medições podem ser realizadas com trena ou distanciômetros (que podem ou não estar acoplados
aos teodolitos, nas estações totais).
Para a medição com trena, o primeiro passo é definir os pontos para os quais se quer medir a distância.
O ideal é que seja implantado um marco físico, com um piquete ao menos, para definir os pontos.
lembrete
Saiba mais
Entre no endereço a seguir para ter mais informações sobre uma trena
a laser:
3.1.2 Levantamento
A correta medição exige que cada trecho seja horizontal e que sejam atenuados os erros referentes à
catenária, à falta de alinhamento, ao desnível entre as extremidades, à dilatação térmica e à deformação
elástica da trena.
30
TOPOGRAFIA
Os três primeiros erros sistemáticos citados sempre implicam leituras maiores que a distância real. Os
erros sistemáticos referentes à deformação da trena (térmica ou elástica) não têm um padrão em função
do evento gerador, implicando leituras maiores ou menores que a real.
Quando houver desnível entre as extremidades, sempre se deverá desconsiderar o efeito do desnível
para a tomada da distância.
L
∆h
l 2
d = L + ∆L
onde:
L = comprimento medido
Dh = desnível
∆h2
∆L = −
2 ⋅L
Para a falta de alinhamento, pode-se utilizar expressão de cálculo semelhante, alterando o desnível
para o deslocamento lateral da trena.
31
Unidade I
Exemplo de aplicação
A distância (inclinada) entre dois pontos, A e B, é de 154,32 m. A diferença de cotas entre eles
(desnível) é de 8,50 m. Determine a distância horizontal.
Solução
d = L + ∆L
∆h2
d=L −
2 ⋅L
8, 502
d = 154, 32 −
2 ⋅154, 32
d = 154, 09 m
2) Teorema de Pitágoras
a2 = b2 + c2
154, 322 = b2 + 8, 502
b = 154, 09 m
Em estações totais, são fornecidos a distância inclinada, a distância horizontal e o desnível. Esses
dois últimos são calculados a partir do ângulo vertical medido no teodolito eletrônico embutido.
A precisão das medidas de distância nas estações totais é expressa por dois números na forma (a + b).
O primeiro é a constante aditiva e o segundo é o fator escala, expresso em partes por milhão.
32
TOPOGRAFIA
P = ± (a + b ⋅ s )
onde:
a = constante aditiva, em mm
s = distância medida, em km
Exemplo de aplicação
Considere um distanciômetro com precisão (2+3). Sabendo que a distância medida é de 1600,432 m,
qual o erro obtido?
Solução
O erro seria:
P = ± (2 + 3 ⋅1600432
, )
P = ±6, 8 mm
O roteiro a seguir explica como pode ser realizada a medida de distâncias com o uso da trena. A
triangulação é um procedimento para comparar e verificar os dados levantados, visando “fechar” o
levantamento.
Objetivo: esse processo tem por objetivo obter medidas, de forma estruturada, para realizar desenho
com precisão dentro de parâmetros aceitáveis.
33
Unidade I
Equipamentos e materiais utilizados por grupo: trena de fibra com 20 m, 3 balizas, caderneta de
campo (ou caderno), 3 piquetes (2,5 x 2,5 x 15 cm) e 1 marreta.
Procedimento
2. Implantar três piquetes no solo (local ao ar livre, pode ser um gramado) com distância aproximada
de 80 passos uns dos outros, próximos aos detalhes a serem levantados (quinas de paredes, guias,
cercas etc.). Caso o piso seja concretado, utilizar pintura dos pontos do triângulo.
4. Medir as distâncias entre cada detalhe até dois pontos baseados no triângulo principal, de tal
forma que configurem novos triângulos secundários. Levantar oito pontos de detalhes.
Poste
1 20 A
Muro 35 Guia
2 3
20
25
20
20
10 5
30
Edificação
35
25
20
20
15
Cerca 15 15
4
25
6
20
20
20 20 20
B 5
C
Legenda
A Ponto do triângulo
1 Ponto de detalhe
20
Distância (em metros) entre balizas nas linhas dos triângulos
34
TOPOGRAFIA
Resultados: deve-se elaborar o desenho a lápis, em escala 1:100, utilizando material adequado
(régua, esquadros, compasso) para definir cada triângulo. Posteriormente, poderá ser utilizado o
programa AutoCAD.
Como esse trabalho não permite descobrir quais erros foram cometidos, sugere-se que as medições
de lados semelhantes sejam realizadas ao menos duas vezes ou por dois grupos para confirmação.
A medição de ângulos consiste na obtenção da direção desejada por meio do teodolito, que é o
equipamento que permite a obtenção de ângulos horizontais (ou azimutais) e verticais (ou zenitais).
Há diversos modelos de equipamentos, e eles divergem tanto em relação à finalidade de uso quanto
à precisão. Hoje, utilizam-se principalmente os teodolitos eletrônicos, mas já houve períodos em que se
utilizavam os equipamentos “clássicos”, nos quais a medição era feita de forma analítica. Os teodolitos
eletrônicos são usualmente associados a distanciômetros eletrônicos (medidor de distância), formando
o equipamento chamado de estação total.
Saiba mais
• colimação: eixo da linha de visada, definida pela ocular e pelo retículo; deve permanecer
perpendicular ao eixo secundário.
35
Unidade I
A visada, processo de leitura pela luneta, permite a obtenção do ângulo por meio de círculos graduados.
Os círculos azimutais (horizontais) são normalmente graduados de 0° a 360° (no sentido NESW: Norte –
Leste – Sul – Oeste). Os círculos zenitais (verticais) variam conforme o modelo, podendo apresentar apenas
um quadrante (0° a 90°), dois (0 a 180°) ou os quatro quadrantes da circunferência (0 a 360°).
Observação
Os teodolitos eletrônicos indicam a leitura digital dos ângulos medidos e permitem zerar o equipamento
em qualquer posição, o que facilita bastante a tomada de dados. O giro também é livre, tanto no sentido
horário quanto no anti-horário. Caberá ao responsável definir e padronizar o sentido do levantamento.
Saiba mais
<http://www.leica-geosystems.com.br/>.
<https://www.topconpositioning.com/pt-br/>.
<http://www.embratop.com.br/>.
<http://www.aleziteodolini.com.br/>.
<https://www.santiagoecintra.com.br/>.
O processo para a obtenção das medidas dos ângulos se inicia com o posicionamento do equipamento
em um ponto pré-determinado – etapa de estacionamento. Na sequência, o equipamento deve ser
corretamente nivelado sobre a base, operação que garante a posição correta dos eixos e dos círculos
graduados – etapa de nivelamento. Após essas duas etapas, o equipamento está pronto para o uso.
36
TOPOGRAFIA
Seguem-se então as etapas de orientação, que consiste no estabelecimento da origem (0°) em uma
direção pré-definida, e a colimação, que é a etapa de leitura propriamente dita, ou seja, a visada precisa
ao ponto, cuja orientação deve coincidir com o centro do retículo.
A etapa de orientação pode ser realizada pelo Norte Verdadeiro (ou Geográfico) – preferencialmente
– ou pelo Norte Magnético, obtido por meio de bússola. Pode-se adotar também um ponto qualquer
como origem do levantamento.
A determinação do Norte Verdadeiro exige o transporte da linha de uma direção conhecida por
meio da visada ao Sol ou às estrelas. Trata-se de um processo lento, já que devem ser realizadas diversas
visadas astronômicas para a determinação da posição.
Caso o Norte seja obtido pela utilização da bússola, pode-se correlacionar o Norte Verdadeiro com o
Norte Magnético por meio da declinação magnética atualizada.
0°53’49’’
16°19’
Fuso 23
37
Unidade I
Falamos agora há pouco sobre a declinação magnética. Pela figura anterior, podemos ver que ela é
o ângulo formado entre as direções do Norte Verdadeiro e do Norte Geográfico em um ponto específico
da superfície da Terra. Normalmente, a declinação magnética está indicada em cartas topográficas e
mapas de cada região.
A declinação magnética (d) não é igual em todo o planeta: varia de região para região, ou seja, é
função do par (latitude–longitude) de um ponto e varia ao longo do tempo. Existem mapas específicos
indicando curvas de igual valor dessa variável, as curvas isogônicas.
No Brasil, o órgão responsável pela elaboração das cartas de declinação é o Observatório Nacional.
A periodicidade de publicações é de 10 anos.
Para a obtenção do valor da declinação em um local específico, deve-se fazer uma interpolação das
curvas isogônicas. Na sequência, deve-se realizar uma interpolação temporal da declinação, por meio de
curvas isopóricas, que contêm linhas de variação anual dessa grandeza.
δ = δ 0 + v ( ∆t )
onde:
Dt = tempo transcorrido a partir da data em que as cartas foram elaboradas (ano e fração).
Exemplo de aplicação
Um levantamento topográfico foi realizado no dia primeiro de março de 1998 na área cuja carta
topográfica é a mesma representada na figura anterior. O norte foi determinado com a utilização da
bússola. Para a determinação do Norte Verdadeiro, é necessária a determinação da declinação magnética.
Considerando os dados apresentados na figura 7 (“Precisão e acurácia”), temos que o ano de obtenção
da declinação magnética é 1979. O valor da declinação é 16°19’ e a variação anual é de 9’W.
38
TOPOGRAFIA
Solução
Uma vez que a carta não especifica a data, vamos considerar que a declinação magnética é 1º de
janeiro de 1979, para a qual se obteve d = 16°19’.
δ = 16°19’ + 9’ ⋅19,16
δ = 16°19’ + 172, 44’
δ = 16°19’ + 2°52’
δ = 19°11’
α
2 (Vante)
P
39
Unidade I
Em um caso geral, em que o aparelho não está orientado, a origem situa-se em um ponto qualquer.
São efetuadas duas leituras L1 e L2, ambas a partir dessa origem pré-estabelecida. O ângulo a é
obtido pela diferença das duas leituras (vante menos ré). Caso o resultado seja negativo, devemos somar
360° para trabalhar sempre no intervalo da circunferência (0° a 360°).
α = L 2 − L1
Caso o aparelho esteja orientado pelo Norte Verdadeiro (0° = NV), as leituras dos ângulos são
chamadas de azimutes verdadeiros. Caso a origem seja o Norte Magnético (0° = NM), então os ângulos
são os azimutes magnéticos.
α = L 2 − L1 = A2 − A1
0° = N
L2 1 (Ré)
L1
α
2 (Vante)
P
Caso o aparelho esteja orientado por ré, então a origem coincide com a leitura inicial (L1 = 0°). A
leitura de vante é o próprio ângulo interno.
α = L2
0°
1 (Ré)
L2
α
2 (Vante)
P
40
TOPOGRAFIA
Caso o aparelho esteja orientado por vante, ou seja, L2 = 0°, temos então que a leitura L1 corresponde
ao ângulo externo. O ângulo interno desejado, a, é, então, a diferença entre a circunferência completa
e o ângulo externo.
α = 360° − L1
1 (Ré)
L1
α 2 (Vante)
P 0°
Em uma poligonal aberta, quando se segue um caminhamento como o traçado de estradas, utiliza-se
o método das deflexões. Nesse método, força-se a coincidência da leitura de ré com o ângulo de 180°,
o que equivale a ter a origem da graduação no prolongamento da ré.
Assim, o ângulo de deflexão é sempre igual a L2 (leitura de vante), sendo positivo ou negativo em
função da deflexão ser à direita ou à esquerda.
LV
D
V
α D = LV
r
180°
Exemplo de aplicação
41
Unidade I
Solução
Como não foi citada a origem do levantamento, considera-se o primeiro caso uma origem qualquer.
α = L 2 − L1
α = 20°35’30’’ − 311°45’22’’
α = 68°50’08’’
Repare que o resultado da expressão é um ângulo negativo. Para trabalhar sempre no intervalo da
circunferência (0° a 360°), somamos 360° ao resultado inicial.
3.2.5 Azimutes
Você deve ter observado que já citamos diversas vezes os termos azimute ou azimutal. Mas o que
significam?
Os ângulos azimutais, ou simplesmente azimutes, são os ângulos horizontais cuja origem é o Norte
– ou seja, que o Norte equivale a 0°. Quando se refere ao Norte Geográfico, são os azimutes geográficos
(ou verdadeiros). Quando se refere ao Norte Magnético, são os azimutes magnéticos.
Resumidamente, o azimute é um ângulo horizontal, entre o Norte e o alinhamento (em análise), que
varia de 0° a 360°, com origem no Norte.
Em trabalhos mais antigos, como descrição de imóveis (glebas), a descrição pode estar apresentada
por meio de rumos. O rumo é o menor ângulo entre a linha Norte-Sul e o alinhamento em análise.
Por convenção, a contagem dos rumos tem como origem o ponto Norte (N) ou o ponto Sul (S) e a sua
variação é de 0° a 90°. O rumo não possui valor negativo e é obrigatória a designação do quadrante a
que pertence o ângulo azimutal. Dessa forma, o ângulo sempre vem acompanhado dos pontos cardeais
relacionados ao quadrante em que se encontra (NE, NW, SE, SW), sendo que a primeira letra (N ou S) é a
origem a partir da qual se está medindo o ângulo e a segunda expressa a direção do giro.
O esquema gráfico e as fórmulas para a determinação dos rumos a partir dos azimutes estão
indicados na tabela a seguir:
42
TOPOGRAFIA
N
4º Q 1º Q
P1
P4
W E
Az2 = 120° 45’
Az3 = 210° 15’
P2
3º Q P3 2º Q
S
lembrete
Exemplo de aplicação
Solução
Para fazer a conversão para azimute, primeiro temos que checar em qual quadrante se encontra
cada rumo apontado. A tabela anterior irá nos ajudar a verificar qual expressão utilizar para a conversão.
A medida dos ângulos verticais é semelhante à dos horizontais, sendo que a orientação é feita pelo
zênite, pela horizontal ou pelo nadir.
Caso a origem seja o zênite, chama-se o ângulo de zenital. Caso seja a horizontal, ele é denominado
ângulo de elevação ou inclinação. Caso a origem seja o nadir, o ângulo é de elevação. A figura a seguir
indica os três ângulos e respectivas origens.
Z Z
H
1 1 P
Z
γ
P P N
1
H H
-Z
(A) (B) (C)
Figura 20 – Ângulos verticais zenitais, com origem no zênite (A); de elevação ou inclinação,
com origem no plano horizontal (B) e de elevação, com origem no nadir (C)
Em algumas publicações, o ângulo vertical, cuja origem é o plano horizontal, é chamado de ângulo
vertical de altura, para diferenciá-lo do ângulo com origem no nadir.
44
TOPOGRAFIA
A atividade prática tem por objetivo a familiarização do uso do teodolito na medição de ângulos
horizontais e verticais. Ressalta-se que é importante consultar o manual do equipamento do seu
campus. O professor ou responsável pela atividade de campo pode ajudá-lo na adaptação deste roteiro
ao equipamento disponível.
Objetivo: orientar sobre os cuidados com o equipamento, realizar medidas de ângulos horizontais e
verticais, facilitar a orientação para alinhamentos de medidas.
Essa prática com teodolito fornece aos alunos um primeiro contato com o aparelho para deixá-los
familiarizados com as operações de estacionar e fazer as leituras, preparando-os para as tarefas mais
complexas.
É importante que cada membro do grupo faça uma operação de estacionar o aparelho e a leitura de
um ângulo horizontal com as devidas visadas.
Equipamentos e materiais utilizados por grupo: teodolito, tripé, duas balizas, nível de mão,
caderneta de campo (ou caderno), três piquetes (2,5 x 2,5 x 15 cm) e marreta.
Segue um esquema das peças e funções do teodolito CST/Berger, modelo DGT10. Todos os
equipamentos têm funções semelhantes, entretanto, a posição dos comandos pode variar, justificando
a importância da leitura do manual.
Figura 21 – Teodolito
2. Objetiva.
5. Mostrador digital.
6. Teclado.
9. Prumo óptico.
Procedimento
2. Implantar três piquetes no solo (local ao ar livre, pode ser um gramado) com distância aproximada
de 80 passos uns dos outros.
46
TOPOGRAFIA
3. No primeiro piquete, colocar somente o tripé aberto com o fio de prumo para centralizá-lo na
marca do piquete, posicionando o prato de apoio na horizontal visualmente, com o parafuso de
fixação no centro do tripé.
4. Essas operações de centralização e nivelamento do prato podem ser obtidas pelos parafusos de
liberação das alturas de cada perna do tripé. Eles devem ser soltos e esticados até a posição
conveniente.
5. Retirar o teodolito do estojo, seguro pela alça de transporte, conduzindo-o até o tripé e fixando-o
pelo parafuso central.
7. Deslocar, com as duas mãos, cuidadosamente, o aparelho até o centro demarcado do piquete,
utilizando o prumo óptico, regulando o foco e o retículo até que fiquem visíveis o piquete e seu
centro, e então afrouxar o parafuso central para, na sequência, prendê-lo novamente.
8. Se ocorrer de o aparelho esgotar todo o curso sobre o prato e não alcançar o centro do piquete
pelo prumo óptico, haverá a necessidade de voltar o aparelho as suas condições originais e acertar
o tripé novamente com o fio de prumo, com o cuidado de deixar o prato na horizontal.
10. Direcionar o telescópio do aparelho utilizando a mira para o piquete de ré, onde deverá haver
um assistente com baliza centrada no piquete e na vertical.
11. Utilizar a focagem da objetiva até colocar a baliza no foco do aparelho, descer a objetiva até
observar a ponta da baliza sobre o piquete.
12. Regular a focagem do retículo, utilizar o parafuso de trava do movimento horizontal, utilizando
o parafuso de chamada fina horizontal, observando pelo telescópio até que o retículo vertical
fique centralizado com a ponta da baliza.
13. Ligar o mostrador digital do aparelho, onde estarão visíveis os valores conforme manual de
instrução, escolher a opção de ângulo horário (HR). O aparelho deve ficar zerado em relação a essa
estação e o ponto de ré.
14. Soltar a trava de movimento girando o aparelho com cuidado, até direcioná-lo para o ponto de
vante, utilizando a mira.
47
Unidade I
15. Realizar todas as operações de focagem e centralização na ponta da baliza centrada no piquete,
como descrito anteriormente.
16. Fazer a leitura do ângulo no mostrador digital, anotando o valor em graus, minutos e segundos
na caderneta de campo.
17. Repetir as operações nos outros dois piquetes ou estações, sendo o aparelho estacionado e
operado por alunos distintos, para que todos tenham conhecimento das operações.
18. Para completar todo o grupo, poderão ser realizadas operações mais de uma vez no mesmo
piquete, fornecendo, assim, opções para conferir erros cometidos.
Resultados: realizar a somatória dos três ângulos obtidos por grupo, que deverá resultar num
número em torno de 180°.
180°
precisão =
erro = 180° − ∑ângulos obtidos
Discutir com todos os grupos os resultados obtidos e os cuidados para as próximas práticas.
Neste tópico, aprenderemos como calcular as características planimétricas, ou seja, aquelas baseadas
no plano horizontal.
48
TOPOGRAFIA
com precisão de 1’’ pode ter até 50 lados com comprimento entre 150 a 500 m. Nesse caso, a medida
deve ser determinada por distanciômetro eletrônico. Não se recomendam lados tão grandes na obtenção
de detalhes, para evitar distorções (erros) nas medidas obtidas.
Em uma estação centrada no ponto P, são feitas as leituras de ré (R) e vante (V), determinando-se o
ângulo interno a = R – V.
O equipamento é transportado para o ponto seguinte, Q, onde são feitas novas leituras de ré e vante
e assim sucessivamente, até o fim da poligonal.
Considere o esquema apresentado na figura a seguir. Sendo conhecido o azimute inicial, por exemplo,
é possível calcular o azimute do lado seguinte a partir da deflexão. Esta, por sua vez, depende do ângulo
interno determinado pelas leituras de ré e vante. A operação de calcular um azimute a partir do anterior
é chamada de Transporte de Azimute.
A12
2 D = 180° - α
A23
A12 α
3
1
A23 = A12 + D
49
Unidade I
Lembrando que:
D = 180°− ∝
D = 180° + V − R
Para uma poligonal fechada, comum no caso do levantamento de terrenos, a fórmula do transporte é
replicada até retornar ao ponto de partida. Para poligonais abertas, é necessário conhecer dois azimutes:
o de partida e o de chegada.
O aceite do levantamento é dado pela comparação entre o erro de fechamento f com o erro admissível
fad. Caso f seja menor que o erro admissível (f < fad), o levantamento pode ser aceito e a correção a
partir do erro de fechamento deve ser distribuída para cada azimute calculado. Caso f seja maior que o
erro admissível, o primeiro passo é tentar localizar a fonte do erro (que pode ocorrer na transcrição dos
dados ou no cálculo, por exemplo). Caso não seja possível, o levantamento deve ser refeito.
A determinação do erro admissível é dada em função da menor divisão de leitura do teodolito (e) e
do número de vértices da poligonal (n).
fad = 2, 5 ⋅ e ⋅ n
A distribuição da correção do fechamento para poligonais fechadas pode seguir o esquema da tabela
a seguir:
Azimute Correção
1 Não há – valor considerado correto
2 1.e
3 2.e
4 3.e
...
n (n - 1) . e
1 n.e=f
50
TOPOGRAFIA
Na determinação dos azimutes de uma poligonal, os dados referentes às leituras de ré e vante são
obtidos em campo.
A partir desses dados, determina-se a deflexão. Para a primeira estação de cálculo, adota-se um
azimute provisório, que pode ser arbitrário ou determinado por processo específico. O azimute da
segunda estação será o da primeira somado à deflexão. Para os demais, o cálculo é feito por meio da
soma da deflexão e do azimute da estação preliminar.
Quando calculado o último azimute, que será novamente o da primeira estação, obtém-se por
diferença o erro de fechamento. O ajuste correspondente é obtido multiplicando-se o ajuste unitário
pelo número da estação menos 1, conforme indicado na tabela anterior.
O azimute ajustado será obtido pela soma do azimute provisório com o seu correspondente ajuste.
Exemplo de aplicação
Com os dados de campo fornecidos, referentes às leituras de ré e vante de uma poligonal de quatro
lados e conhecido o azimute inicial, determine os azimutes ajustados de cada lado da poligonal.
Leitura de ângulos
Estação Azimute provisório
Vante Ré
1 135°20’
2 221°17’ 315°38’
3 310°42’ 42°59’
4 60°50’ 132°25’
1 135°20’ 237°23’
Solução
Seguindo a sequência descrita na atividade prática 2, a partir dos dados de vante e ré, precisamos
calcular a deflexão. Vamos então montar outra tabela a partir dos dados fornecidos:
51
Unidade I
Como a diferença entre o azimute provisório fornecido e o calculado na estação 1 é de 16’ e são
quatro estações, então o erro de fechamento unitário é 16’/4 = 4’. A distribuição é feita pela multiplicação
do número da estação menos 1 pelo erro unitário.
Para uma situação de poligonal aberta, a sequência de cálculo é a mesma, sendo que o que difere é o
processo de obtenção do erro de fechamento. São conhecidos os azimutes de partida e chegada. O erro
de fechamento será a diferença entre o último azimute calculado e o azimute de chegada.
O exemplo de cálculo a seguir irá demonstrar o cálculo dos azimutes para uma poligonal aberta.
Exemplo de aplicação
Com os dados de campo fornecidos, referentes às leituras de ré e vante de uma poligonal de quatro
lados e conhecido os azimutes de partida (provisório) e de chegada (definitivo), determine os azimutes
ajustados de cada lado da poligonal.
Leitura de ângulos
Estação Azimute
Vante Ré
0 45°01’
1 127°50’ 225°04’
2 198°26’ 307°52’
3 236°18’ 18°24’ 236°12’
Solução
Seguindo a sequência descrita na atividade prática 2, a partir dos dados de vante e ré, precisamos
calcular a deflexão para, a partir daí, determinar os azimutes. Vamos montar outra tabela a partir dos
dados fornecidos.
52
TOPOGRAFIA
Observe que a diferença entre o azimute fornecido e o calculado na estação 3 é de -3’. O sinal deve
acompanhar a distribuição do ajuste.
Uma vez que já tenham sido determinados os azimutes ajustados (ângulos) e conhecidas as distâncias
entre os vértices da poligonal, é possível calcular as coordenadas de cada um desses pontos.
A princípio, são determinadas as coordenadas parciais (DN e DE), calculadas facilmente a partir de
relações trigonométricas (seno, cosseno, tangente) utilizando a distância entre os vértices em análise (d)
e o azimute entre eles (A).
∆N = d ⋅ cos A
∆E = d ⋅ sin A
N
2
∆N
A
d
1
∆E
E
Aqui também devem ser conhecidas as coordenadas do ponto inicial, ou adotadas de forma arbitrária.
53
Unidade I
fN = ∑∆N fE = ∑∆E
Para a distribuição do erro de fechamento, há diversas linhas de pensamento propostas por diversos
autores e estudiosos da topografia. A linha aqui adotada indica que a distribuição é proporcional a cada
componente DN, DE de cada lado da poligonal.
fN
ajuste Norte = − ⋅ ∆Ni
Σ ∆N
fE
ajuste Leste = − ⋅ ∆Ei
Σ ∆E
para (i = 1, 2, ... n)
Em poligonais abertas, o sinal negativo antes da expressão é suprimido, ou seja, o ajuste tem o
mesmo sinal do erro de fechamento.
f = fN2 + fE2
Observação
Exemplo de aplicação
Com os dados de campo fornecidos, referentes às distâncias entre os vértices de uma poligonal
de três lados, e uma vez conhecidos os azimutes ajustados, determine as coordenadas de cada vértice
da poligonal.
54
TOPOGRAFIA
Solução
1. Calcular as coordenadas parciais, com base nos ângulos azimutais e nas distâncias. Sugere-se a
inclusão de colunas auxiliares, para dividir os valores em positivos e negativos.
a) Vértice 1:
55
Unidade I
b) Vértice 2:
c) Vértice 3:
56
TOPOGRAFIA
a) Vértice 1:
ajuste Norte = −
( −4 )⋅ 30, 435 = 2 mm
60, 874
ajuste Leste = −
( −12) ⋅19, 377 = 2 mm
114, 784
Repare que não utilizaremos casas decimais aqui, porque já estamos trabalhando em milímetros e as
coordenadas gerais estão representadas em metros.
b) Vértice 2:
ajuste Norte = −
( −4 )⋅13, 273 = 1 mm
60, 874
ajuste Leste = −
( −12) ⋅ 38, 009 = 4 mm
114, 784
c) Vértice 3:
ajuste Norte = −
( −4 )⋅17,166 = 1 mm
60, 874
ajuste Leste = −
( −12) ⋅ 57, 398 = 6 mm
114, 784
Nesse momento, podemos checar se a distribuição do ajuste foi feita de forma correta. Como? A
somatória dos ajustes parciais deve ser igual ao erro de fechamento.
Outra variável que deve ser observada é o sinal do ajuste: se o erro do fechamento for negativo, o
ajuste será positivo. Se o erro do fechamento for positivo, o ajuste será negativo.
57
Unidade I
N1 = 100, 000 m
E1 = 200, 000 m
b) Vértice 2:
2
N2 = N1 + ∆N + ajusteN = 100, 000 + 30, 435 + = 130, 437 m
1000
2
E2 = E1 + ∆E + ajusteE = 200, 000 + 19, 377 + = 219, 379 m
1000
c) Vértice 3:
1
N3 = N2 + ∆N + ajusteN = 130, 473 + ( −13, 273) + = 117,165 m
1000
4
E3 = E2 + ∆E + ajusteE = 219, 379 + 38, 009 + = 257, 392 m
1000
1
N1 = N3 + ∆N + ajusteN = 117,165 + ( −17,166 ) + = 100, 000 m
1000
6
E1 = E3 + ∆E + ajusteE = 257, 392 + ( −57, 398) + = 200, 000 m
1000
Não custa lembrar que, nas poligonais fechadas, as coordenadas do primeiro ponto devem ser iguais
às do último.
58
TOPOGRAFIA
Serão definidos quatro pontos com piquetes, daqui para frente denominados estações. Com o
teodolito, serão obtidos os ângulos formados entre as duas linhas que partem de uma estação; em
seguida, tomadas as distâncias entre elas com o uso de uma trena.
Equipamentos e materiais utilizados por grupo: teodolito, tripé, bússola, trena, duas balizas, nível
de mão, caderneta de campo (ou caderno), quatro piquetes (2,5 x 2,5 x 15 cm) e marreta.
Procedimento
2. Implantar quatro piquetes no solo (local ao ar livre, pode ser um gramado) com distância
aproximada de 80 passos uns dos outros.
3. No primeiro piquete, colocar somente o tripé aberto com o fio de prumo para centralizá-lo na
marca do piquete, colocando o prato de apoio visualmente na horizontal, com o parafuso de
fixação no centro do tripé.
4. Essas operações de centralização e nivelamento do prato podem ser obtidas pelos parafusos de
liberação das alturas de cada perna do tripé.
5. Retirar o teodolito do estojo, seguro pela alça de transporte (11), conduzindo-o até o tripé e
fixando-o pelo parafuso central.
7. Deslocar, cuidadosamente e com as duas mãos, o aparelho até o centro demarcado do piquete,
utilizando o prumo óptico (9), regulando o foco e o retículo até que o piquete e seu centro fiquem
visíveis, e então afrouxar o parafuso central para, na sequência, prendê-lo novamente.
59
Unidade I
8. Se ocorrer de o aparelho esgotar todo o curso sobre o prato e não alcançar o centro do piquete
pelo prumo óptico, haverá a necessidade de voltar o aparelho à suas condições originais e acertar
o tripé novamente com o fio de prumo, com o cuidado de manter o prato na horizontal.
9. Nivelar o aparelho definitivamente, regulando os parafusos calantes (7), com a precisão necessária
através do nível de bolha tubular (13), sempre em posições ortogonais entre si, conferindo, assim,
os quatro lados possíveis, a cada 90° de giro.
10. Direcionar o telescópio do aparelho utilizando a mira (1) para o piquete de ré, onde deverá haver
um assistente com baliza centrada no piquete e na vertical.
11. Utilizar a focagem da objetiva (16) até que a baliza entre no foco do aparelho, e então descer a
objetiva até observar a ponta da baliza sobre o piquete.
12. Regular a focagem do retículo (17), utilizar o parafuso de trava do movimento horizontal (3),
utilizando o parafuso de chamada fina horizontal (4) e observando através do telescópio até que
o retículo vertical esteja centralizada com a ponta da baliza.
13. Ligar o mostrador digital do aparelho (5), no qual aparecerão os valores conforme manual de
instruções, escolher a opção de ângulo horário (HR), ficando o aparelho zerado em relação a essa
estação e o ponto de ré.
14. Soltar a trava de movimento (3) girando o aparelho com cuidado, até direcioná-lo para o ponto
de vante, utilizando a mira (1).
15. Realizar todas as operações de focagem e centralização na ponta da baliza centrada no piquete,
como descrito anteriormente.
16. Fazer a leitura do ângulo no mostrador digital (5), anotando o valor em graus, minutos e segundos
na caderneta de campo.
17. Realizar a medição de distância entre as estações 1 e 2, com uso de trena e depois de alinhadas
as balizas com o teodolito.
18. Repetir as operações nas outras três estações, sendo o aparelho estacionado e operado por
alunos distintos, para que todos tenham conhecimento das operações.
19. Para obter o azimute de uma linha, utiliza-se a bússola para zerar o teodolito no Norte e medir
o ângulo horário até essa linha. Basta apenas o azimute de uma das linhas da poligonal para se
obter os demais.
20. Deverão ser realizadas todas as anotações de ângulos e distâncias na caderneta de campo, inclusive
um croqui das linhas e estações, com denominações e dimensões, conforme exemplo a seguir:
60
TOPOGRAFIA
47
,50
102° m
4
49,4
N
45°
C
Az.
84°
82º 01’
A
52
,30
,50
52
m 92°
21. Montar planilhas de anotações e cálculos, conforme os exemplos de aplicação realizados anteriormente.
Concluindo as tarefas, realizar o desenho em escala utilizando as coordenadas, como no exemplo a seguir:
B
Y = 130
Y = 120
Y = 110 C
Y = 100 N
A
Y = 90
Y = 80
Y = 70
D
Y = 60
X = 120
X = 130
X = 140
X = 150
X = 160
X = 100
X = 170
X = 110
61
Unidade I
resumo
Exercícios
Questão 1. A distância entre dois pontos, A e B, é de 250 m. Sabe-se que a diferença de cotas entre
eles é de 20 m. A distância horizontal entre eles é:
A) 250 m.
B) 269,2 m.
C) 20 m.
62
TOPOGRAFIA
D) 249,2 m.
E) 24,92 m.
Análise da questão
a) Aplicação da formulação:
∆h2
d = L + ∆L d=L −
2 ⋅L
202
d = 250 − = 250 − 0, 8
2 ⋅ 250
d = 249, 2 m
b) Teorema de Pitágoras:
a2 = b2 + c2
2502 = b2 + 202
62500 = b2 + 400
b2 = 62100
b = 249, 2 m
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: se a medida é inclinada, não há como a medida horizontal ser maior que ela.
C) Alternativa incorreta.
63
Unidade I
D) Alternativa correta.
E) Alternativa incorreta.
Questão 2. Os dados referentes às leituras de ré e vante de uma poligonal de 5 lados estão fornecidos
na tabela a seguir. Além disso, conhece-se o azimute inicial, que é 120°.
Tabela 20
Leitura de ângulos
Estação Azimute provisório
Vante Ré
1 120°
2 200° 315°
3 310° 42°
4 60° 132°
1 135° 237°
5 120° 280°
A) 0°.
B) 120o.
C) 99o48’.
D) 273o24’.
E) 268°.
64