Ambiencia e Fibrocimento

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ANDRÉIA SOARES GONÇALVES GLAVINA

ALTERAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO EM AVIÁRIOS UTILIZANDO


PAINÉIS DE RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA.

BOTUCATU - SP
2017
ANDRÉIA SOARES GONÇALVES GLAVINA

ALTERAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO EM AVIÁRIOS UTILIZANDO


PAINÉIS DE RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA.

Dissertação apresentada à Faculdade de


Ciências Agronômicas da Unesp - Campus de
Botucatu, para obtenção do título de Mestre
em Agronomia (Energia na Agricultura)

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Silvia Regina Lucas de Souza


Co-Orientador: Prof. Dr. Diogo de Lucca Sartori

BOTUCATU - SP
2017
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMEN-TO DA INFORMAÇÃO –
DIRETORIA TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP – FCA – LAGEADO – BOTUCATU (SP)

Glavina, Andréia Soares Gonçalves, 1986 -


G552a Alteração do ambiente térmico em aviários utilizando
painéis de resíduos da agroindústria / Andréia Soares
Gonçalves Glavina. – Botucatu: [s.n.], 2017
127 p.: il., color. , grafs., tabs.

Dissertação(Mestrado) - Universidade Estadual Paulista


Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2017
Orientador: Silvia Regina Lucas de Souza
Coorientador: Diogo de Lucca Sartori
Inclui bibliografia

1. Ave - Criação. 2. Bem-estar animal. 3. Conforto


térmico. 4. Compósitos. I. Souza, Silvia Regina Lucas de.
II. Sartori, Diogo de Lucca. III. Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Câmpus de Botucatu).
Faculdade de Ciências Agronômicas. IV. Título.

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte”
DEDICATÓRIA

À Deus, Ser Onipotente, Onipresente e Onisciente!

Aos meus pais Silvino Gonçalves Neto e Aparecida de Fátima Soares Gonçalves,
pelo maior ensinamento que eu poderia receber: carácter e amor. Dedico meu título de
mestre a eles que não tiveram essa oportunidade nos estudos, mas por sempre me apoiarem
aprendi a ser forte como minha mãe e paciente como meu pai.

Ao meu esposo William Glavina, pelo amor, por me dar asas pra voar atrás dos
meus sonhos, pela paciência e toda ajuda imensurável que participou desse projeto como
nosso.
AGRADECIMENTOS

À Deus por me dar folego de vida e fé para acreditar.

À minha orientadora Profª. Drª. Silvia Regina Lucas de Souza, por acreditar em
mim, pelos conhecimentos transmitidos, por todos os momentos que superamos e soluções
encontradas, tornou-se uma amiga para vida toda.

Ao meu amigo e estagiário Pedro Augusto Gotardi, pelo esforço sem limite em
todas as etapas de elaboração deste trabalho, pelos trabalhos manuais, idéias de projeto, e
por suportar meus ataques de risos no momento de desespero.

À minha amiga Gabriela Vicente de Oliveira, pelo apoio incondicional em todos


os momentos, há uma década compartilha os momentos mais importantes e me
acompanhou nas expedições a fora, ensaios laboratoriais, risadas e vitórias.

À minha irmã Adriana Soares Gonçalves e sobrinha Lillían Gabriela Gonçalves


Antônio, minha descontração em meio ao caos.

À minha família Glavina pela compreensão e apoio.

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Diogo de Lucca Sartori, por todo auxilio e
aprendizado.

Ao meu antigo patrão, engenheiro civil e amigo Luiz Antônio Targa, professor
aposentado do Departamento de Engenharia Rural, FCA (UNESP, Botucatu), sem seus
conhecimentos e incentivo não estaria na vida acadêmica.

Ao meu fiel amigo Enedy Allan Rodrigues Cordeiro, das poucas amizades que a
pós-graduação me deu.
Ao meu amigo e arquiteto Humberto Fabrizzi de Figueiredo Pupo, onde a vida
cruzou nossos caminhos e nos reencontramos no laboratório de Resíduos, FCA (UNESP,
Botucatu), me orientou na elaboração desse projeto e nos momentos de dificuldades.

Ao Prof. Dr. Alcides Leão pela utilização do laboratório RESIDUALL, FCA


(UNESP, Botucatu), juntamente com sua equipe de alunos e funcionários, seus técnicos
Carlos Roberto e Marcelo Felipe Matias pelo apoio ao uso das máquinas e ensaios.

Ao Prof. Dr. Adriano Ballarim por abrir as portas, sempre me receber e sanar
muitas dúvidas, desde a época da graduação; e juntamente com o técnico Ailton pelos
ensaios realizados no laboratório de ensaios de materiais, FCA (UNESP, Botucatu).

Ao Prof. Dr. Juliano Fiorelli e aos técnicos Mariana Pavesi e Diego Luís Ferrari,
do laboratório de Construção e Ambiência (USP, Pirassunga) pelo aprendizado e todos os
ensaios realizados.

Ao técnico Rodrigo Lourenço, pela atenção, aprendizado e ensaios realizados no


laboratório de Tecnologia de Alimentos (USP, Pirassunga).
À Profª. Drª. Maria Tereza Cleric e sua equipe de alunas Ulliana, Aline e Taisa,
pessoas iluminadas que me receberam com tanta generosidade, pela troca de
conhecimentos sobre processo de extrusão e empréstimo da máquina extrusora, do
laboratório de cereais, raízes e tubérculos (UNICAMP, Campinas).

Ao técnico Emanuel Rangel Spadin pela disponibilidade do tempo e empréstimo


da estufa, do Laboratório Agroflorestal de Biomassa e Bioenergia, FCA (UNESP,
Botucatu).

Ao José Roberto Santini, proprietário da empresa Thermo Injet, por compreender


a dificuldade que apareceu no meio do processo e pela ajuda incondicional no empréstimo
da máquina de prensa.

À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, e a Faculdade de


Ciências Agronômicas de Botucatu, juntamente com sua equipe, pela oportunidade e todo
apoio.

Ao programa de pós-graduação da Energia na Agricultura pelo auxilio de


despesas, e as secretárias Débora Branco da Silva e Fabiana da Silva Araújo que sempre
me socorreram no momento de desespero e vibraram com as vitórias.

Agradeço a CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.

De uma forma geral agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente


para meu crescimento profissional e de vida!
“Eu aprendi muito mais com os meus erros do que
com meus acertos.”

Thomas Edison
RESUMO
A relação entre conforto e ambiência é o aproveitamento de recursos passivos que a
natureza oferece para dar ao ambiente uma condição favorável e estável em relação ao
clima externo e interno. Nessa relação entre o ambiente e a região, o Brasil tem grandes
desafios para produção aviária decorrentes de fatores térmicos, é preciso utilizar estratégias
para modificar o ambiente interno das instalações destinadas á criação de aves. Desta
forma este trabalho teve por objetivo produzir painéis arquitetônicos para forro, utilizando
resíduos provenientes da agroindústria (casca de arroz, fibra de coco e polipropileno) e que
foram aplicados em um protótipo para os aviários, a fim de aferir os índices de conforto
térmico. Para avaliação dos painéis produzidos foram realizados os ensaios de
propriedades físico-mecânicas, de acordo com as normas NBR 14810 (2013) e ANSI
A208. 1-2006. Foi realizada análise estatística pelo Delineamento Inteiramente
Casualizado (DIC) e adotada a análise de variância ANOVA, (p<0,05). Para o ensaio de
densidade o tratamento 50PP30CA20FC atingiu a densidade de 608,35kg/m³, classificado
como média densidade de acordo com a NBR 14810 (2013); no ensaio de inchamento e
absorção de água (2h e 24h) somente o tratamento 60PP30CA10FC atingiu os parâmetros
da norma. De acordo com as duas normas, nenhum dos tratamentos atingiu os valores
mínimos para ensaio de MOR e MOE. Os quatro tratamentos foram considerados como
isolantes térmicos de baixa condutividade (classificação mínima para isolantes é de 0,25
W/mK). Foi avaliado o desempenho dos painéis aplicados nos protótipos como galpões em
escala reduzida, para produção de aves. Utilizou-se o programa Orvalho para avaliar os
índices de conforto ITU e ITGU, considerando as aves acima de três semanas de vida.
Conforme o ITU, com média de 70/71 as aves estariam em situação de conforto nas duas
instalações. Para o ITGU a I1 encontra-se em situação de conforto em três horários para as
aves com três semanas de vida e a I2 em situação de estresse pelo frio nos quatro horários.
A análise pela câmera termogravimétrica registrou temperaturas máximas entre 41 a
43,6°C na instalação sem forro, isso demostrou melhor desempenho térmico na instalação
com forro que registrou máximas em 27,1 a 27,8° C, indicando que o forro agiu como um
isolante térmico.

Palavras-chave: Conforto ambiental; Forros; Avicultura; Compósitos; bem-estar animal.


ABSTRACT
The relationship between comfort and ambience is the use of passive resources that nature
offers to give the environment favorable and stable external and internal climatic
conditions. In this relationship between the environment and the region, Brazil has great
challenges for avian production due to thermal factors. It is necessary to use strategies to
modify the internal environment of poultry farms. In this way, the objective of this work is
to produce architectural panels for lining, using residues from the agroindustry (rice husk,
coconut fiber and polypropylene) applied in a prototype to the aviaries, in order to measure
the thermal comfort indexes. For the evaluation of the produced panels, the physical-
mechanical properties tests were carried out, according to the norms NBR 14810 (2013)
and ANSI A208. 1-2006. Statistical analysis was performed using the completely
randomized design (CRD) and ANOVA variation analysis was used (p <0.05). For the
density test the treatment 50PP30CA20FC reached the density of 608.35 kg / m³, classified
as medium density according to NBR 14810 (2013); in the swelling and water absorption
test (2h and 24h) only the 60PP30CA10FC treatment reached the parameters of the
standard. According to the two standards, none of the treatments reached the minimum
values for the MOR and MOE test. The four treatments were considered as low
conductivity thermal insulators (minimum classification for insulators is 0.25 W/mK). The
performance of the panels applied in the prototypes as small scale sheds for poultry
production was evaluated. The Orvalho program was used to evaluate the THI and HGTI
comfort indexes, considering birds over three weeks of age. According to the THI, with an
average of 70/71 birds would be in comfort in both facilities. For HGTI I1 is in a comfort
situation at three times for birds with three weeks of life and the I2 in cold stress situation
at four times. The analysis by the thermogravimetric camera recorded maximum
temperatures of 41 to 43.6 ° C in the unlined installation, which demonstrated better
thermal performance in the lining installation which registered maximums of 27.1 to 27.8 °
C, indicating that the liner acted as a thermal insulation.

Keywords: Environmental comfort; Linings; Poultry farming; Composites; animal


welfare.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Interação entre o meio ambiente físico e a produtividade animal........................ 33


Figura 2: Produção de calor e temperatura dos homeotermos versus temperatura ambiente.
............................................................................................................................................. 36
Figura 3: Esquema da radiação solar transmitida para uma instalação avícola................... 39
Figura 4: Esquema de condução da radiação em instalação avícola provida de forro. ...... 41
Figura 5: Secção longitudinal da casca de arroz: maior concentração de sílica na epiderme
externa. ................................................................................................................................ 44
Figura 6: Desenho esquemático das partes que compõe o coco. ......................................... 46
Figura 7: a) Casca de arroz; b) Fibra de coco; c) Polipropileno .......................................... 50
Figura 8: Peneira Vibratória ................................................................................................ 53
Figura 9: a) Fita métrica e fibra de coco; b) Micrômetro marca Micromaster. ................... 54
Figura 10: a) estufa mod. MARCONI; b) balança de umidade SHIMADZU, mod.MOC63u
............................................................................................................................................. 55
Figura 11: a) Homogeinizador; b) Casca de arroz e polipropileno no misturador. ............. 57
Figura 12: Extrusora KRUPP WERNER & PFLEIDERER, mod. ZSK-25 (UNESP,
Câmpus de Botucatu) .......................................................................................................... 58
Figura 13: a) Material extrudado: macarrão; b) Granulador SAGEC; c) Material granulado.
............................................................................................................................................. 59
Figura 14: a) Caixa formadora; b) Caixa formadora com chapa e espaçador. .................... 60
Figura 15: a) Segunda camada do painel: fibra de coco prensada; b) Terceira camada:
material extrudado ............................................................................................................... 60
Figura 16: a) Finalização da montagem do painel; b) Colchão pronto para ir na prensa. ... 61
Figura 17: Prensa hidráulica OMECO. ............................................................................... 61
Figura 18: Mapeamento do painel ....................................................................................... 63
Figura 19: a) Aferição das medidas do corpo de prova; b) Pesagem do corpo de prova. ... 64
Figura 20: a) Corpos de prova submersos em água destilada; b) Pesagem inicial do corpo
de prova. .............................................................................................................................. 65
Figura 21: a) Corpos de prova em secagem superficial; b) Aferição do corpo de prova. ... 67
Figura 22: a) Corpos de prova posicionado para ensaio; b) Máquina de ensaio de flexão
estática EMIC ...................................................................................................................... 68
Figura 23: a) Dimensão e tipo do parafuso a ser utilizado no ensaio; b) e c) Posicionamento
do parafuso .......................................................................................................................... 70
Figura 24: Ensaio arranchamento de parafuso de superfície. .............................................. 70
Figura 25:a) Corpo de prova no equipamento de ensaio, com pasta térmica; b)
Equipamento DTC 300 para transmitância térmica. ........................................................... 71
Figura 26: Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). .................................................. 72
Figura 27: Embutimento das amostras. ............................................................................... 73
Figura 28: Implantação espacial dos protótipos. ................................................................. 74
Figura 29: Planta baixa do aviário. ...................................................................................... 75
Figura 30: Planta baixa de forro. ......................................................................................... 76
Figura 31: Elevação frontal. ................................................................................................ 76
Figura 32: Elevação lateral. ................................................................................................. 77
Figura 33: Fixação do painel no galpão. ............................................................................. 77
Figura 34:a); b); c); d); e); f); g); h); i); j); l) Distribuição de tamanho de partículas da casca
de arroz. ............................................................................................................................... 85
Figura 35: Frequência da distribuição granulométrica do tamanho das partículas de CA. . 86
Figura 36: Painéis sem tempo de resfriamento, FS+PP+CA. .............................................. 87
Figura 37: Painéis irregulares com FS+PP+CA. ................................................................. 88
Figura 38: a) Painel de 50PP30CA10FC; b) Painel de 30PP45CA25FC ............................ 88
Figura 39: Painel dispostos conforme o forro (50PP30CA10FC). ...................................... 89
Figura 40: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de Densidade. ................................................... 90
Figura 41: Gráficos comparativos entre os valores médios e as normas. ............................ 91
Figura 42: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de Inchamento 2h e 24 h. ................................. 92
Figura 43: Gráficos comparativos entre os valores médios e as normas. ............................ 93
Figura 44: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de Absorção 2h e 24 h. ..................................... 95
Figura 45: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de MOR e MOE. .............................................. 98
Figura 46: Ensaio de MOR (20PP50CA30FC): a) inicio do ensaio; b) durante o ensaio; c)
final do ensaio. ..................................................................................................................... 98
Figura 47: Gráficos representativo entre os valores (Kgf) e os tratamentos ensaiados. .... 100
Figura 48: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de Arrancamento de parafuso. ....................... 101
Figura 49: Gráfico Boxplot de Condutividade (W/m.K) com faixa de referência. ........... 104
Figura 50: a) MEV sem embutimento (50X); b) MEV com embutimento (50X). ............ 106
Figura 51: a) Painel com 20-50-30 (50X); b) Painel com 20-50-30 (100X). .................... 106
,Figura 52: a) Painel com 30-45-25 (50X); b) Painel com 50-35-15 (100X). .................. 107
Figura 53: a) Painel com 50-35-15 (50X); b) Painel com 50-35-15 (100X). ................... 107
Figura 54: Gráfico Boxplot de Umidade relativa. ............................................................. 109
Figura 55: Gráfico Boxplot de ITU com limite de conforto térmico para aves. ............... 110
Figura 56: Gráfico Boxplot de ITGU com limite de conforto térmico para aves e idade de
vida. ................................................................................................................................... 111
Figura 57: Gráfico de CTR para as duas instalações. ........................................................ 112
Figura 58: a) Imagem termográfica da I1 (8h); b) Imagem real da I1 (8h); c) Imagem
termográfica da I2 (8h); d) Imagem real da I2 (8h). .......................................................... 113
Figura 59: a) Imagem termográfica da I1 (12h); b) Imagem real da I1 (12h); c) Imagem
termográfica da I2 (12h); bd) Imagem real da I2 (12h)..................................................... 113
Figura 60: a) Imagem termográfica da I1 (16h); b) Imagem real da I1 (16h); c) Imagem
termográfica da I2 (16h); d) Imagem real da I2 (16h). ...................................................... 114
Figura 61: Gráfico Boxplot de Temperatura (I1 e I2). ...................................................... 115
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Limites de conforto térmico para aves (ITU) ...................................................... 34


Tabela 2: Detalhamento das estratégias de condicionamento térmico passivo ................... 38
Tabela 3: Percentuais de celulose, hemicelulose e lignina, para diferentes fibras naturais. 43
Tabela 4: Características, propriedades e uso dos principais termoplásticos. ..................... 49
Tabela 5: Características do Polipropileno (PP-H107)........................................................ 51
Tabela 6: Secagem dos materiais: fibra de coco e casca de arroz ....................................... 55
Tabela 7: Porcentagem dos tratamentos .............................................................................. 56
Tabela 8: Peso dos tratamentos ........................................................................................... 56
Tabela 9: Dados da operação na extrusora, mod. ZSK-25 .................................................. 58
Tabela 10: Dimensão e quantidade dos corpos de prova .................................................... 63
Tabela 11: Dimensões adotadas para o modelo reduzido em escala distorcida. ................. 75
Tabela 12: Resultados do estudo das partículas .................................................................. 81
Tabela 13: Composição química da casca de arroz e fibra de coco, em porcentagem ........ 82
Tabela 14: Composição química da fibra de coco e casca de arroz .................................... 83
Tabela 15: Composição de celulose, hemicelulose e lignina: fibra de coco e casca de arroz,
encontrados na literatura. ..................................................................................................... 83
Tabela 16: Distribuição em tamanho das partículas das cascas de arroz (CA). .................. 84
Tabela 17: Ensaio Piloto do painel ...................................................................................... 87
Tabela 18: Densidade aparente ............................................................................................ 89
Tabela 19: ANOVA da densidade aparente dos tratamentos. ............................................. 91
Tabela 20: Inchamento em 2h e 24h .................................................................................... 92
Tabela 21: ANOVA de Inchamento 2h. .............................................................................. 94
Tabela 22: ANOVA de Inchamento 24h. ............................................................................ 94
Tabela 23: Absorção em 2h e 24h ....................................................................................... 95
Tabela 24: ANOVA de Absorção 2h. .................................................................................. 96
Tabela 25: ANOVA de Absorção 24h. ................................................................................ 96
Tabela 26: MOR e MOE médio do tratamento 50PP35CA15FC ....................................... 97
Tabela 27: MOR e MOE médio do tratamento 60PP30CA10FC ....................................... 97
Tabela 28: ANOVA de Módulo de ruptura (MOR). ........................................................... 99
Tabela 29: ANOVA de Módulo de elasticidade (MOE). .................................................... 99
Tabela 30: Ensaio arrancamento de parafuso (N) ............................................................. 100
Tabela 31: ANOVA de arrancamento de parafuso dos tratamentos. ................................ 101
Tabela 32: Propriedades térmicas dos painéis. .................................................................. 102
Tabela 33: Condutividade térmica de diferentes materiais ............................................... 103
Tabela 34: Referências de condutividade térmica. ............................................................ 104
Tabela 35: ANOVA de condutividade térmica dos tratamentos. ...................................... 105
Tabela 36: Variáveis térmicas da Instalação 1. ................................................................. 108
Tabela 37: Variáveis térmicas da Instalação 2. ................................................................. 108
Tabela 38: Variáveis de temperatura e emissividade das Instalações 1 e 2. ..................... 115
Tabela 39: Valores típicos de emissividade para alguns materiais. .................................. 116
LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Densidade ........................................................................................................ 52


Equação 2 – Módulo de finura ............................................................................................ 54
Equação 3 - Densidade ........................................................................................................ 65
Equação 4 – Inchamento 2h................................................................................................. 66
Equação 5 – Absorção de água 2h ....................................................................................... 66
Equação 6 – Inchamento 24h............................................................................................... 67
Equação 7 – Absorção de água 24h ..................................................................................... 67
Equação 8 – Módulo de elasticidade ................................................................................... 69
Equação 9 – Módulo de ruptura .......................................................................................... 69
Equação 10 – Resistência térmica ....................................................................................... 72
Equação 11 – Índice de temperatura e umidade para aves .................................................. 79
Equação 12 – Índice de temperatura de globo negro e umidade ......................................... 80
Equação 13 – Índice de carga térmica de radiação .............................................................. 80
Equação 14 – Temperatura média radiante ......................................................................... 80
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABPA Associação Brasileira de Proteína Animal
AG Aglutinante
ANSI American National Standards Institute
ASTM American Society for Testing and Materials
C Celulose
CMC Compósitos de base cerâmicas
cm Centímetro
CNAB Companhia Nacional de Abastecimento
CA Casca de arroz
CP Corpo de prova / Corpos de prova
CTR Carga Térmica Radiante
CV Coeficiente de Variação
FC Fibra de coco
FS Fibra de coco com substrato
H Hemicelulose
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
ITGU Índice de Temperatura de Globo e Umidade
ITU Índice de Temperatura e Umidade
kgf Quilograma-força
kN Quilonewtons
L Lignina
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MEV Microscopia eletrônica de varredura
mm Milímetros
MM Matéria mineral
MMC Compósitos de base metálica
MOE Módulo de elasticidade
MOR Módulo de ruptura
MPa Mega Pascal
MS Matéria seca
NBR Norma Brasileira
PMC Compósitos de base polimérica
PP Polipropileno
rpm Rotações por minuto
Tbs Temperatura de bulbo seco
Tbu Temperatura de bulbo úmido
Tgn Temperatura de globo negro
UR Umidade relativa
W/m.k Watts por metro e por kelvin
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 27
2. OBJETIVOS................................................................................................................. 30
2.1. Objetivo geral ............................................................................................................... 30
2.2. Objetivos específicos.................................................................................................... 30
3. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ........................................................................... 31
3.1. Comportamento animal: avicultura .............................................................................. 31
3.2. Conforto térmico .......................................................................................................... 35
3.2.1. Ambiência em instalações rurais ................................................................... 39
3.3. Propriedades dos materiais ........................................................................................... 41
3.3.1. Casca de arroz ................................................................................................ 43
3.3.2. Fibra de coco ................................................................................................. 46
3.3.3. Polipropileno ................................................................................................. 48
4. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 50
4.1. Materiais ....................................................................................................................... 50
4.2. Caracterização da matéria-prima .................................................................................. 51
4.2.1. Determinação da densidade e teor de umidade das partículas....................... 51
4.2.2. Análise química das partículas ...................................................................... 52
4.2.3. Granulometria ................................................................................................ 53
4.3.2. Processamento das matérias-primas .............................................................. 57
4.3.3. Processo de prensagem do painel .................................................................. 59
4.4. Caracterização dos painéis: ensaios físico-mecânicos e térmicos ................................ 62
4.4.1. Ensaios Físicos .............................................................................................. 64
4.4.1.1. Densidade .......................................................................................................... 64
4.4.1.2. Inchamento em espessura e absorção de água após 2 horas de imersão ........... 65
4.4.1.3. Inchamento em espessura e Absorção após 24 horas de Imersão ..................... 66
4.4.2. Ensaios Mecânicos ........................................................................................ 68
4.4.2.1. Flexão Estática .................................................................................................. 68
4.4.2.2. Arrancamento de parafuso na superfície ........................................................... 69
4.4.3. Ensaios Térmicos: resistência térmica e condutividade térmica ................... 71
4.4.4. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ................................................. 72
4.4.5. Delineamento estatístico e análises ............................................................... 73
4.5. Características dos protótipos....................................................................................... 73
4.5.1. Projeto Arquitetônico .................................................................................... 74
4.5.2. Aferições dos Índices de Conforto em Ambiência no interior dos protótipos
77
4.5.3. Determinação dos índices de conforto térmico ............................................. 78
4.5.4. Cálculo dos Índices de conforto térmico ....................................................... 79
4.5.4.1. Índice de temperatura e umidade – ITU ............................................................ 79
4.5.4.2. Índice de temperatura de globo negro e umidade – ITGU ................................ 79
4.5.4.3. Índice de carga térmica de radiação - CTR ....................................................... 80
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 81
5.1. Caracterização da matéria-prima .................................................................................. 81
5.1.1. Determinação da densidade e do teor de umidade das partículas.................. 81
5.1.2. Análise química das partículas ...................................................................... 82
5.1.3. Granulometria ................................................................................................ 84
5.2. Desenvolvimento dos Painéis....................................................................................... 86
5.2.1Ensaios Físicos ............................................................................................................ 89
5.2.2. Ensaios Mecânicos ................................................................................................ 97
5.3.1. Ensaios Térmicos: resistência térmica e condutividade térmica ........................ 102
5.4.1. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................................... 105
6. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 117
7. PERSPECTIVAS DE CONTINUIDADE ................................................................. 119
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 120
27

1. INTRODUÇÃO

O Brasil ocupa o sexto lugar no ranking mundial dos maiores produtores de


ovos, depois da China, Estados Unidos, Índia, Japão e México. Conforme dados da
ABPA (2016) citado por Verza et al. (2017) em 2015 a produção de ovos no Brasil
chegou a 36,5 bilhões de unidades, representando 3,35% de todos os ovos no mundo,
esse registro histórico superou os 6,1 bilhões de unidades em relação ao ano anterior.
Segundo Sanda e Oyinane (2015), a produtividade das aves depende em grande
parte de sua constituição genética e, também, da influência do ambiente, condições que
prevaleçam na zona de conforto onde os animais são inseridos.
A atividade reúne em sua estrutura funcional os três itens mais importantes para
o cálculo do crescimento econômico: tecnologia de ponta, eficiência na produção e
diversificação no consumo. Diante da importância desta atividade de criação no país, há
a necessidade de se obter instalações adequadas aos animais que lhes proporcione bem-
estar.
O estudo da ambiência animal esta associado ao conforto térmico, acústico,
lumínico e qualidade do ar nos ambientes, nas diferentes instalações e sistemas
produtivos.
O bem-estar animal é definido por Glatz e Rodda (2013) como a relação do
animal a se adaptar aos padrões de criação, que inclui cuidados, boa habitação e
nutrição, proteção contra ambientes externos onde o animal esta inserido.
No Brasil, atualmente existem muitas informações sobre acondicionamento de
instalações, mas há carência sobre o sistema de aquecimento para construções
arquitetônicas dessas instalações.
Pensar no ambiente construído implica em vários fatores, se levado em conta
que esse será para ocupar; viver e apreciar esse espaço. Assim o conforto ambiental é a
ferramenta primordial para transformar esse ambiente em agradável e satisfatório na
questão de energias renováveis.
Segundo Lamberts e Xavier (2013), o conforto térmico é um fundamento de
estudos destinado à análises e atribuições de parâmetros necessários para a avaliação e
criação de um ambiente térmico apropriado às atividades humanas ou de animais.
Conforme o mesmo autor classifica-se um ambiente térmico apropriado pelo
nível de bem-estar de um indivíduo, que por sua vez consiste na sensação corporal
28

agradável levando em conta o tempo de repouso deste indivíduo em um determinado


local.
Considerando o clima brasileiro, a tarefa de manter o ambiente de instalação a
níveis adequados para as aves não é fácil, já que as instalações são abertas e sem
nenhum isolamento térmico, e basicamente todos os sistemas de aquecimento do ar no
interior de um galpão envolvem a queima de combustíveis, consequentes emissões de
gases poluentes; alguns extremamente nocivos às aves, ao trabalhador e à atmosfera.
(CORDEIRO et al., 2011).
Fatores como condução, convecção e radiação estão relacionadas ao tipo de
material e as incidências de raios solares; para atingir o conceito de conforto térmico o
clima é fundamental e engloba a implantação, relevo, latitude, longitude, revestimento
do solo, clima urbano, entre outros, analisados para a adequação da arquitetura.
Os materiais das instalações avícolas são determinantes para o ambiente térmico
das aves, Tinôco (2001) estabeleceu classificações de modificações ambientais; uma
delas engloba as técnicas de execução de instalações avícolas que favorecem a proteção
das aves em clima quente ou frio, enquadram-se nas coberturas dos aviários, forro sob a
cobertura, quebra ventos, cortinas laterais das instalações e o manejo do ambiente ao
redor do galpão.
O bem-estar animal está intimamente ligado à produtividade, as condições de
ambiência devem respeitar as normas estabelecidas para que haja maior rendimento de
produção e ética para com as aves.
O conforto térmico é primordial para que as aves tenham um ambiente favorável
ao seu desenvolvimento, caso suas acomodações não estejam de acordo com o padrão,
as aves sofrerão com o estresse térmico que proporciona o autoflagelo, canibalismo e
em casos mais extremos a morte do individuo.
Os fatores ambientais térmicos são os que afetam diretamente as aves sendo
pelas condições internas ou externas; conforme Staub (2016) as instalações adequadas
permitem que o calor que está no ambiente externo não interfira no ambiente interno, e
que o calor gerado no interior do galpão não fique armazenado, obtendo nível de
conforto e qualidade na produção.
Isso acontece porque a construção de um galpão não é planejada para um uso
específico, muitas vezes eles são adaptados ou reaproveitados de outras instalações.
Para que ocorra a ambiência perfeita é necessário ser projetado conforme a utilização
29

das aves, e um fator primordial é o uso dos materiais adequados, os materiais por sua
vez, na maioria, são reaproveitados do próprio espaço rural.
A proposta desse trabalho é definir um painel com materiais da agroindústria, a
fim de obter bons níveis de isolamento térmico para forro de aviários.
30

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Produzir painéis compostos por resíduos provenientes da agroindústria e


polipropileno, para aplicação como forro em instalação para produção de aves e
avaliação dos índices de conforto térmico deste ambiente.

2.2.Objetivos específicos

 Produzir painéis arquitetônicos dos resíduos: fibra de coco e casca de


arroz;
 Adequar o processo de produção para utilizar a matriz polimérica:
polipropileno (PP) como aglomerante entre as fibras para a formação do painel;
 Caracterizar os painéis produzidos quanto as suas propriedades físicas,
mecânicas e térmicas;
 Aplicação dos painéis como forro, sendo aplicados em protótipos de
aviários em escala reduzida e distorcida;
 Realizar aferições dos dados ambientais, durante o período de
aplicação nos protótipos; como temperatura, ventilação, umidade e índices de
conforto em ambiência.
31

3. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

Neste tópico são abordados assuntos referentes ao comportamento animal


voltado para a avicultura, desde o início do setor no Brasil e o desenvolvimento
produtivo, por ser de maneira intensiva chama a atenção aos estudiosos para o conforto
em ambiência.
A parte térmica é a vertente estudada dentro do conforto ambiental, bem como
a definição, os tipos de trocas de calor, interferência de materiais e métodos construtivos
para instalações rurais.
Os materiais como fibra de coco, casca de arroz e polipropileno são parte da
pesquisa para a elaboração do projeto, são abordados as qualidades, características e uso
desses materiais.

3.1.Comportamento animal: avicultura

O início da avicultura industrial no Brasil, de acordo com Vogado et al. ( 2016)


foi na década de 50, quando começou a substituição da antiga avicultura comercial,
iniciado nas décadas de 20/30. Desde os anos de 1940 a produção vem se fixando no
país e apresentando um crescimento suficiente para atingir destaque no cenário mundial.
Nesse cenário o Brasil se destaca como grande produtor mundial, conforme
Cravo (2014) a avicultura apresentou um crescimento de 3,7% entre 2010/2011, já o
consumo exibiu um crescimento de 3,03% nesse período; o país lidera como o maior
exportador de carne de frango do mercado, sendo sete anos de liderança nas
exportações.
Botelho et al. (2016) cita que a maior parte da produção de ovos do Brasil é
comercializada no mercado interno, mas nos últimos anos têm ocorrido mudanças no
setor para aumentar as exportações. As maiorias das granjas estão adotando sistemas
automatizados, conhecimentos específicos para genética, nutrição e bem-estar animal,
para proporcionar qualidade nos ovos e melhores condições de produção.
O Brasil ocupa o sexto lugar no ranking mundial dos maiores produtores de
ovos, depois da China, Estados Unidos, Índia, Japão e México. Conforme dados da
ABPA (2016) citado por Verza et al. (2017) em 2015 a produção de ovos no Brasil
32

chegou a 36,5 bilhões de unidades, representando 3,35% de todos os ovos no mundo,


esse registro histórico superou os 6,1 bilhões de unidades em relação ao ano anterior.
Segundo Sanda e Oyinane (2015) a produtividade das aves depende em grande
parte de sua constituição genética e também da influência do meio ambiente, condições
que prevaleçam na zona de conforto onde os animais são inseridos.
A eficiência da atividade avícola pode ser constatada pelo trabalho de
melhoramento genético das aves, nutrição que possibilitam a produção de frangos com
mais peso em menos tempo, coleta de dados, melhorias de manejo e ambiência como
tecnologias implantadas em instalações que aumentam o bem-estar das aves nos
aviários durante a etapa de criação (VOGADO et al., 2016).
O bem-estar animal é definido por Glatz e Rodda (2013) como a relação do
animal a se adaptar aos padrões de criação, que inclui cuidados, boa habitação e
nutrição, proteção contra ambientes externos onde o animal esta inserido.
As instalações têm como proporcionar conforto aos animais, segundo Cravo
(2016) elas devem ser construídas com a finalidade de diminuir a influência dos
elementos climáticos como insolação, temperatura, ventos, chuvas e umidade do ar;
sobre os animais, a fim de assegurar bons índices nos sistema produtivo.
Camerini et al. (2016) define a zona de conforto térmico em uma faixa de
temperatura ambiente em que a taxa metabólica é mínima e a homeotermia1 é mantida
com menor gasto energético. O mesmo autor cita que durante períodos de estresse
térmico as extremidades das aves, que não são cobertas por penas (crista, barbela e os
pés) normalmente são vasodilatadas.
De acordo com Nääs (2008) a principal finalidade de uma construção rural é
que o sistema construtivo ofereça um ambiente confortável para os animais, se
instalação não fomenta o ambiente adequado ocorrem disfunções na homeotermia,
acarretando alterações na eficiência produtiva. A eficiência no desempenho é resultante
do funcionamento homeotérmico, e disfunções desse sistema geram alterações na
eficácia da produção, a Figura 1 ilustra a influência do ambiente físico na produção.

1
Conforme o Dicionário Houaiss o termo Homeotérmico é o que possui temperatura constante.
33

Figura 1: Interação entre o meio ambiente físico e a produtividade animal.

Fonte: Adaptado (NÄÄS.1989, p.91)

O crescimento e desenvolvimento das aves são afetados pelas condições


internas e externas do local que estão inseridos, de acordo com Staub et al. (2016) as
instalações e o manejo adequado permitem que o calor do ambiente externo não
interfira no ambiente interno, bem como o calor gerado no interior do galpão não fique
armazenado, pois interfere na produção. Quando há aumento na temperatura interna
ocorre á mortalidade das aves, principalmente nas aves adultas.
Para atender as exigências de conforto térmico das aves, o aquecimento é
fundamental no início da vida, as duas primeiras semanas das aves são as mais críticas,
conforme Cordeiro et al. (2011) os erros cometidos nesta fase não poderão ser
corrigidos a prazos futuros, afetando o desempenho final das aves.
As temperaturas acima do conforto térmico para pintinhos podem gerar a
hipertermia2 levando as aves a desidratação e redução no consumo de ração, acarretando
atraso no crescimento.

2
Conforme o Dicionário Houaiss o termo Hipertermia é elevação da temperatura corporal
34

O aquecimento das instalações merece atenção dobrada no inverno, pois há


maior necessidade de energia para suprir a diferença entre a temperatura ideal para os
pintos e a temperatura ambiente interna. Cordeiro et al. (2011) cita que a faixa de
conforto nas primeiras semanas de vida das aves situa-se entre 32 e 34°C, pois a sua
capacidade de termorregulação3 não esta bem desenvolvida, as aves jovens necessitam
de temperatura mais elevadas para manter a temperatura corporal constante.
O ambiente é tido como confortável, de acordo com Tinôco (2001) para as aves
adultas quando estiverem a temperaturas de 15°/18°C a 22°/25°C e umidade relativa do
ar entre 50 a 70%. Baêta e Souza (2010) e Campos (1995) citam que a faixa de
temperatura para frangos de corte está entre 18° e 28°C e 18° e 26°C, respectivamente.
Porém esses valores referentes à temperatura é um desafio principalmente no verão e
resultam de muitos fatores como temperatura, umidade e velocidade do vento; que
afetam a reação das aves às mudanças do ambiente.
Cassuce et al. (2013) cita que a faixa de temperatura de conforto estimada para
frangos nas três primeiras semanas de vida são de: 31,3°C na primeira semana, entre
26,3 e 27,1°C na segunda semana, entre 22,5 e 23,2°C na terceira semana e 23°C entre
quarta e última semana de vida.
Conforme Azevedo (2005) um dos índices de conforto térmico é a relação da
umidade relativa do ar e a temperatura de ar calculado por uma expressão onde
classifica o estresse térmico de acordo com a variação desses dados (Tabela 1),
chamado de Índice de Temperatura e Umidade (ITU).

Tabela 1: Limites de conforto térmico para aves (ITU)


CONDIÇÃO LIMITES (ITU)
Conforto térmico < 74,0
Situação de alerta e perigo 74,0 ≥ ITU > 79,0
Situação de emergência 79,0 ≥ ITU > 84,0
Fonte: Adaptado (Azevedo, 2015).

Conforme Cassuce et al. (2013) esses valores de temperatura confortáveis


podem sofrer alterações devido a melhoramento genético das espécies, densidade de
habitação, manejo no crescimento, gravidade de estresse térmico o qual são submetidos,

3
Conforme o Dicionário Houaiss o termo Termorregulação é manutenção da temperatura interna ideal
pelo próprio organismo.
35

permitindo a adaptação e aclimatação de espécies a condições especificas de diferentes


climas e regiões.
O estresse térmico em aves é um problema recorrente no Brasil, que afeta a
produtividade pelo fato de as aves consumirem uma quantidade menor de ração e com
isso, prejudicando seu desenvolvimento e crescimento, consequentemente, elevando os
custos de produção.
Para atingir alta produtividade e as aves possam expressar alta produtividade
genética é importante o desenvolvimento de outras áreas envolvidas na produção, como
o ambiente de criação (BOTELHO et al., 2015). Os fatores que determinam o ambiente
interno de uma construção rural, conforme Cravo (2016) são as condições locais
externas, características construtivas, materiais de construções empregados, números e
espécies de animais alojados.
O bem-estar animal está intimamente ligado a produtividade, as condições de
ambiência devem respeitar as normas estabelecidas para que haja um maior rendimento
de produção e uma ética para com as aves.
O conforto térmico é primordial para que as aves tenham um ambiente favorável
ao seu desenvolvimento, caso suas acomodações não estejam de acordo com o padrão,
as aves sofrerão com o estresse térmico que proporciona o autoflagelo, canibalismo e
em casos mais extremos a morte do individuo.

3.2. Conforto térmico

A análise do conforto ambiental envolve fatores naturais como as variáveis


climáticas que são: temperatura, umidade e velocidade do ar, e radiação solar incidente;
interligadas ao regime de chuvas, vegetação, permeabilidade do solo, águas superficiais
e subterrâneas e topografia; e o fator fisiológico do ser humano como a temperatura
interna e termorregulação.
Conforme Simons et al. (2014) o conforto térmico é o estado da mente que
expressa satisfação com o ambiente construído. Normas da ISSO Standard 7730 (2005)
tem sido base na determinação do conforto térmico, porém os indivíduos tem
características diferentes para se sentirem confortáveis.
Conforme Frota e Schiffer (2001) o conforto térmico é quando as trocas de calor
entre o corpo humano e o ambiente ocorrem sem maior esforço, a capacidade de
trabalho é máxima; como exemplo, se ocorre sensação de frio é porque o organismo
36

humano está perdendo calor; já a sensação de conforto é atingida quando o indivíduo


entra na “zona de conforto”.
A definição de frio e calor depende do ganho ou perda de calor. O termo frio
pode ser usado quando as condições ambientais proporcionam perdas de calor do corpo
para manutenção constante de sua temperatura interna; já o calor é quando as perdas de
calor são inferiores ás necessárias para a manutenção de sua temperatura constante,
essas sensações são possíveis porque o homem é um animal homeotérmico.
A troca de calor entre o animal e o meio ambiente que o cerca, conforme Nääs
(1989) se baseiam nos princípios físicos de condução, evaporação e radiação, (Figura 2)
a região de conforto denominada entre os pontos A e A‟; nesta faixa cerca de 75% do
calor trocado entre o peso vivo e o ambiente são pelos princípios físicos.

Figura 2: Produção de calor e temperatura dos homeotermos versus temperatura ambiente.

Fonte: Adaptado (NÄÄS.1989, p.93)

Curva I – Variação da temperatura do corpo se fossem mantidas condições idéias


(ótimas);
Curva II – Variação da temperatura do corpo em função da variação da temperatura
ambiental. Produção de calor.
Existem alguns fatores de interferência humana que têm uma participação
importante na sensação de conforto térmico; e apesar de serem variáveis estão
associadas ao ser humano, como idade, sexo, peso e altura, as principais interferências
são os níveis de atividades físicas exercidas e a capacidade isolante da vestimenta
37

utilizada. Conforme Kowaltowski (2011) as trocas de calor entre o corpo humano e o


ambiente podem ser representadas pela equação 1:
“C met + C conv + C rad – C ev = Q
Na qual:
C met = taxa de transformação de parcela da energia metabólica em calor
(W/m²);
C rad = taxa de trocas de calor por radiação;
C conv = taxa de trocas de calor por evaporação;
C ev = taxa de perda de calor por evaporação;
Q = taxa de troca de calor total no organismo;
(...) para o equilíbrio do corpo humano com o ambiente térmico, é preciso
que o valor de Q seja próximo de zero”.

De acordo com Oliveira e Turmina (2014) as transferências térmicas podem


ocorrer por meio de quatro métodos: evaporação, radiação, convecção e a condução. A
evaporação é a troca térmica úmida causada pela mudança de estado físico para o
gasoso.
A convecção é a troca de calor entre dois corpos, responsável pela troca de ar no
ambiente, como o ar quente tende a subir e o ar frio permanece nas “áreas baixas”,
elementos arquitetônicos aproveitam dessa troca e usa a ventilação natural cruzada.
O outro mecanismo de troca é a radiação, quando ocorre troca de calor entre dois
corpos que mantêm entre si uma distância qualquer, “provoca efeitos térmicos, permite
sua transmissão sem necessidade de meio para propagação, ocorrendo mesmo no
vácuo.” (FROTA; SCHIFFER, 2001).
Nas coberturas a radiação de intensidade solar direta é menor nas regiões
quentes-úmidas, sendo intensa sobre a cobertura dos edifícios; já que as paredes
recebem menor radiação solar e térmica, quando o entorno tem uma qualidade de
vegetação, ou solo que absorve os raios solares (MASCARÓ, 1991).
A diminuição de temperatura dentro do ambiente construído será quanto maior a
radiação incidente refletida for absorvida por radiação térmica, um fator que favorece
nesse processo é a cor, pois ela reflete a radiação solar de uma superfície ou material.
Outro fator é a condução, que é a troca de calor de dois corpos que se tocam ou
as partes desses corpos que estejam em temperaturas diferentes, ou seja, o calor pode ser
transmitido diretamente de uma parte do objeto para outro. (MASCARÓ, 1991).
38

Fatores como condução, convecção e radiação estão relacionados ao tipo de


material, as incidências de raios solares; para atingir o conceito de conforto térmico o
clima é fundamental e engloba a implantação, relevo, latitude, longitude, revestimento
do solo, clima urbano, entre outros, analisados para a adequação da arquitetura.
Conforme Frota e Schiffer (2001) as construções não devem ter uma inércia
muito grande, pois isto dificulta a retirada do calor interno armazenado durante o dia,
prejudicando o resfriamento da construção quando a temperatura externa noturna está
mais agradável que internamente; deve-se prever uma inércia de média a leve, com
isolantes nas aberturas para impedir que o calor da radiação penetre nos ambientes
internos.
Cada região tem recomendações próprias para o projeto bioclimático, mas como
a maioria das regiões brasileiras na maior parte do tempo o clima é quente a ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) apresenta estratégias e recomendações
referentes ao clima; na Tabela 2 abaixo as recomendações são para residências de
interesse social, mas que podem ser utilizados no projeto de construções rurais.

Tabela 2: Detalhamento das estratégias de condicionamento térmico passivo


Estratégia Detalhamento
A O uso de aquecimento artificial será necessário para amenizar a sensação de
desconforto térmico por frio.
B A forma, a orientação e a implantação da edificação, além da correta orientação de
superfícies envidraçadas, podem contribuir para otimizar o seu aquecimento no período
frio através da incidência de radiação solar. A cor externa dos componentes também
desempenha papel importante no aquecimento dos ambientes através do
aproveitamento da radiação solar.
C A adoção de paredes internas pesadas pode contribuir para manter o interior da
edificação aquecido.
D Caracteriza a zona de conforto térmico (a baixas umidades).
E Caracteriza a zona de conforto térmico.
F As sensações térmicas são melhoradas através da desumidificação dos ambientes. Esta
estratégia pode ser obtida através da renovação do ar interno por ar externo através da
ventilação dos ambientes.
GeH Em regiões quentes e secas, a sensação térmica no período de verão pode ser
amenizada através da evaporação da água. O resfriamento evaporativo pode ser obtido
através do uso de vegetação, fontes de água ou outros recursos que permitam a
evaporação da água diretamente no ambiente que se deseja resfriar.
HeI Temperaturas internas mais agradáveis também podem ser obtidas através do uso de
paredes (externas e internas) e coberturas com maior massa térmica, de forma que o
calor armazenado em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a
noite, quando as temperaturas externas diminuem.
IeJ A ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes da
edificação. Isto significa que se o ambiente tem janelas em apenas uma fachada, a porta
deveria ser mantida aberta para permitir a ventilação cruzada. Também deve-se atentar
para os ventos predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar
significativamente a direção dos ventos.
39

K O uso de resfriamento artificial será necessário para amenizar a eventual sensação de


desconforto térmico por calor.
L Nas situações em que a umidade relativa do ar for muito baixa e a temperatura do ar
estiver entre 21°C e 30°C, a umidificação do ar proporcionará sensações térmicas mais
agradáveis. Essa estratégia pode ser obtida através da utilização de recipientes com
água e do controle da ventilação, pois esta é indesejável por eliminar o vapor
proveniente de plantas e atividades domésticas.
Fonte: NBR 15220-3 (ABNT, 2005, p. 9/10)

3.2.1. Ambiência em instalações rurais

No ambiente térmico, denominado por Cravo (2016) como ambiente climático,


as variáveis de temperatura, umidade e radiação são responsáveis pelas trocas térmicas
entre as aves e o ambiente externo. Já as trocas térmicas dependem das condições locais
externas em relação ao aviário, as dimensões construtivas e as propriedades térmicas
dos materiais utilizados nas instalações.
As características dos materiais construtivos utilizados em uma instalação
influencia na temperatura interna, absorção ou emissão de calor. Machado et al. (2016)
cita que dependendo do número de aves alojadas por área, tipo de edificação,
paisagismo no entorno, materiais de construções cria-se um micro clima dentro das
instalações, mas a alta incidência da radiação solar sobre a cobertura é um dos
principais motivos de aquecimento nos aviários.
A radiação solar atua com maior intensidade na cobertura, sendo que o fluxo de
calor que atravessa o mesmo no pico de calor é cinco vezes maior que o disperso no
ambiente interno; esse calor pode ser amenizado pela ventilação adequada e o da
radiação pelo isolamento térmico (NÄÄS, 1989), conforme a Figura 3.

Figura 3: Esquema da radiação solar transmitida para uma instalação avícola.

Fonte: Adaptado (CRAVO, 2013, p.21)


40

Conforme Carvalho et al. (2016) o telhado é o elemento da instalação mais


exposto ao céu e metade do ganho de calor é através dele, é a parte da instalação onde a
radiação solar atua com mais intensidade, no pico de calor atinge uma escala de cinco
vezes a mais do que a temperatura interna.
Dentre as modificações primárias, de acordo com Tinôco (2001) a insolação é o
principal fator que contribui com o desconforto térmico nas instalações avícolas, as
coberturas empregadas podem ser fonte de sombreamento contra a radiação solar
incidente, a cobertura pode reduzir entre 20 a 40% da carga térmica radiante (CTR) no
interior do galpão (CRAVO, 2014).
De acordo com Cravo (2014) durante a década de 90, estudiosos na área de
ambiência avaliaram o comportamento térmico de algumas coberturas. Os autores
qualificavam o ambiente interno mediante a determinação de índices de conforto
térmico como: Índice de Temperatura de Globo e Umidade (ITGU) e Carga Térmica
Radiante (CTR), os resultados apontaram melhor desempenho térmico para as
instalações cobertas com telhas cerâmicas.
O interessante dessa análise foi com relação á cobertura de telha de cimento-
amianto, com dupla camada de ar, pois de acordo com Cravo (2014) apresentou
comportamento próximo ao da telha cerâmica; demonstrando a importância de utilizar o
ar como elemento isolante, pois apresenta baixa condutividade térmica.
Conforme Cravo (2016) a cobertura é o elemento construtivo de maior
influência no ambiente interno, muitas vezes, conforme a região do Brasil, a cobertura
utilizada nas construções avícolas não é suficiente para atingir os índices de conforto
térmico adequado, sendo necessário utilizar novas técnicas construtivas como o forro.
O forro permite a formação de uma camada de ar junto à cobertura, funciona
como uma segunda barreira física, conforme Tinôco (2001) a alternativa de forros
merece ser investida como um recurso que possibilita a melhor proteção contra
insolação, que é o maior contribuinte para o agravamento do estresse por calor,
conforme a Figura 4.
41

Figura 4: Esquema de condução da radiação em instalação avícola provida de forro.

Fonte: Adaptado (CRAVO, 2013, p.21)

Os fatores ambientais térmicos são os que afetam diretamente as aves sendo


pelas condições internas ou externas; conforme Staub et al. (2016) as instalações
adequadas permitem que o calor que está no ambiente externo não interfira no ambiente
interno, e que o calor gerado no interior do galpão não fique armazenado, obtendo nível
de conforto e qualidade na produção.

3.3. Propriedades dos materiais

A combinação de diferentes materiais pode resultar a um material compósito,


que são materiais compostos por no mínimo duas fases heterogêneas: contínua
classificada como matriz e dispersa, classificada como reforço. Ambas podem ser de
materiais poliméricos, cerâmicos ou metálicos.
SILVA, et al. (2015) cita que um material compósito é composto por dois ou
mais materiais distintos originando um terceiro que apresenta características com
propriedades únicas como: redução de peso, quando comparados a materiais
homogêneos, resistência a corrosão e abrasão, e dureza.
Conforme Smith e Hashemi (2012) um compósito é formado, em sua maioria,
por um material de enchimento ou reforço apropriado e uma resina aglutinadora a fim
de obter propriedades e características específicas. Os compósitos podem ser de vários
tipos, alguns são predominantes fibrosos ou particulados em uma matriz.
42

De acordo com o tipo de matriz utilizado, Smith e Hashemi (2012) definem os


compósitos em: compósitos de base metálica (MMC), compósitos de base cerâmica
(CMC) e compósitos de base polimérica (PMC).
Agunsye e Isaac, et al. (2012) cita que cresceu nos últimos trinta anos o uso de
materiais compósitos formados por resíduos da agroindústria, como casca de arroz,
casca de trigo, palha e fibra de coco; usados para compósitos poliméricos.
Um dos compósitos utilizados para a fase dispersa são as fibras, em geral
apresentam alta resistência ou rigidez em relação ao seu peso, podem ser sintéticas ou
naturais (vegetais).
Com essa classificação é possível denominar os materiais estudados neste
tópico: a matriz polimérica é o polipropileno (PP) e a fase dispersa formada por fibras
naturais já que reduzem o peso e aumentam a propriedade de resistência: casca de arroz
e fibra de coco.
De acordo com Jafelice (2013) o polipropileno é umas das matrizes
poliméricas mais utilizadas por apresentarem boas condições de comercialização devido
as suas propriedades de densidade, fluidez e dureza. Agunsoye e Isaac et al. (2012) cita
que a utilização do polímero é principalmente pra reduzir os custos e adaptar o produto
novo a aplicações específicas, como resistência a tração e dureza.
Porém, em contrapartida o processo na ligação dos compostos de uma matriz
polimérica e uma fase dispersa fibrosa, por se tratarem de materiais de diferente
natureza, é necessário á utilização de aditivos como agentes de acoplagem para obter
melhor interação e homogeneização dos compósitos (JAFELICE, 2013).
Kim e Kim et al. (2014) cita que a integração entre a fibra e a matriz está
altamente relacionada com a adesão dos compósitos, determinada pela integração
molecular, uma das formas eficazes para esse processo é utilizar agente de
acoplamento. Conforme Wendy e Rodrigue (2017) esses agentes melhoram a adesão
interfacial formando uma ponte quimicamente entre a matriz e a fibra, o anidrido
maleíco é um dos mais utilizados.
As fibras biodegradáveis naturais como juta, sisal, coco e curauá, de acordo
com Jafelice (2013) já foram empregadas e obtiveram bons resultados para aplicações
em tecnologia aeroespacial, construção civil, artefatos artesanais e moldes para a
indústria automotiva.
A classificação química de uma fibra natural incorpora os materiais
lignocelulósicos que podem ser divididos por dois grupos em relação a massa
43

molecular: moléculas de baixo peso são constituídas de matéria orgânica e inorgânica,


extrativos e cinzas; e as macromoléculas constituídas de polissacarídeos, lignina,
celulose e poliores, chamadas de hemicelulose (MOURA, 2014).
As macromoléculas são responsáveis pelas propriedades físicas do material
lignocelulósico, segundo Leão (2012) a celulose é o principal componente químico das
fibras, é um polímero natural que contribuem com as propriedades de rigidez. A
hemiceluose trata-se de um polissacarídeo que ocorre associado à celulose, é hidrofílica,
portanto solução alcalina e facilmente hidrolisada.
A lignina também é um polímero natural e está presente em todas as plantas
terrestres, sua função biológica é proteger o tecido vegetal contra a oxidação e ação de
microorganismos. A Tabela 3 demonstra conforme a literatura os percentuais de
macromoléculas em algumas fibras.

Tabela 3: Percentuais de celulose, hemicelulose e lignina, para diferentes fibras naturais.


Fibra Celulose (%) Hemicelulose (%) Lignina (%) Autor
Carnaúba 58,0 14,0 19,0 Melo et al. (2012)
Algodão 82,7 5,7 - Bledzki et al. (1999)
Juta 64,4 12,0 11,8 Bledzki et al. (1999)
Rami 68,6 13,1 0,6 Bledzki et al. (1999)
Madeira 68,4 27,6 4,9 Wan et al. (2010)
Fibra de coco 32,0 34,0 37,0 Corradini et al. (2009)
Fibra de coco 32,0 - 37,0 Rosa et al. (2010)
Casca de arroz 34,0 13,0 29,0 Hickert (2010)

Casca de arroz 45,0 19,0 19,5 Ferran (2006)


Casca de arroz 53,0 5,0 20,0 Angel et al. (2009)
Fonte: Modificado (Moura, 2014, p. 27)

3.3.1. Casca de arroz

O arroz é uma cultura bem difundida e abundante no planeta, o Brasil é o nono


maior produtor de arroz, sendo Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina os
estados que mais produzem. Segundo o ministério da agricultura, cada brasileiro
44

consomem em media 25 quilos de arroz anualmente, com a crescente demanda por


conta do aumento populacional.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Cnab, 2016) os
últimos dados disponibilizados pela Secex/MDIC, em novembro de 2016, foram
importadas 47,6 mil toneladas de arroz, sendo apenas 1,6 mil toneladas oriundas de
terceiros mercados não pertencentes ao Mercosul. Acerca das exportações, estas tiveram
uma significativa expansão, passando de 80,0 mil toneladas em novembro/2014 para
186,9 mil toneladas em novembro/2015.
A casca de arroz é gerada durante o beneficiamento do arroz, conforme
Azevedo et al. (2016) ela é um revestimento que protege o grão durante seu crescimento
e é removida durante o refino do arroz. Conforme o mesmo autor, possui baixo valor
comercial por conter elevado teor de sílica (SiO2) e não possuir valor nutritivo.
Morfologicamente a casca de arroz é composta por quatro camadas estruturais
fibrosas, esponjosas ou celulares, de acordo com Ferro (2009, p.27 e 28) são altamente
silicosas, relacionando com a Figura 5 temos:
“1) Epiderme externa, coberta com uma espessa cutícula de células
silificadas onde é encontrada espícula (pêlo);
2) Esclerênquima ou fibra hipoderme, com paredes lignificadas e silificadas;
3) Célula parênquima esponjosa;
4) Epiderme interna com células geralmente isodiamétricas.”

Figura 5: Secção longitudinal da casca de arroz: maior concentração de sílica na epiderme


externa.

Fonte: FERRO (2009)

A casca de arroz é considerada um subproduto do beneficiamento do grão de


arroz, de acordo com Alonge et al. (2014) a sua composição é em torno de 32%
celulose, 28% de lignina, 20% de hemicelulose e 20% de matéria inorgânica; no
45

percentual de matéria inorgânica 96% são compostos por sílica, óxidos de potássio,
magnésio, sódio e cálcio, o restante são traços de elementos como ferro, manganês e
alumínio.
A sílica da casca de arroz existe na forma opalina, conforme Ferro (2009) a
opala é uma fase hidro-amorfa da sílica, a absorção de Si ocorre de forma passiva pela
plantas através do solo, pois o elemento acompanha o fluxo de massa de água e penetra
nas raízes como ácido monossílico (H4SiO4) o qual concentra-se na casca e no caule da
planta por evaporação da água e finalmente polimeriza para formar a membrana sílico-
celulósica.
As possibilidades de trabalho com a casca de arroz vão além da obtenção de
energia, é possível a implantação deste resíduo em agregados na construção civil
(produção de tijolos, aditivos em cimento Portland e em argamassas), por apresentar
alto teor de sílica (SiO2) manifesta uma resistência consideravelmente significativa, a
fibra vegetal proveniente do arroz é explorada na confecção de madeira plástica,
consistente na agregação de matérias-primas recicladas misturadas e transformadas em
peças similares à madeira e para isolamento térmico.
Azevedo et al. (2016) elaborou compósitos a partir de casca de arroz e uma
blenda constituída de Poli (butileno adipato co-tereftalato) PBAL/amido biodegradável,
contendo 10, 20, 30% de casca de arroz, utilizando o processo de extrusão e misturador
interno. Observou-se um aumento de 25% de resistência a tração no tratamento com
30% de casca de arroz, comparando a blenda pura. Ocorreu, também, a diminuição da
temperatura no ensaio de decomposição térmica devido ao aumento de umidade nos
tratamentos com a casca de arroz.
Alonge et al. (2014) elaborou painéis de alta densidade com a casca de arroz e
polipropileno, pelo processo de extrusão e prensa, com os tratamentos de 10, 20, 40, 50,
60 e 70% de casca de arroz. De acordo com os ensaios mecânicos o material com 10%
apresentou melhores resultados, para os ensaios físicos o material com 70% apresentou
bom desempenho a tração. Com esses parâmetros os painéis produzidos podem ter
utilização em pisos, revestimentos e móveis, devido a sua homogeneidade e aparência
de madeira.
Chamma (2004) elaborou painéis de média densidade, com casca de arroz,
casca de amendoim e embalagem multi-laminada pós-consumo, os tratamentos que
apresentaram melhor desempenho foram com casca de arroz como carga de reforço, as
embalagens plásticas como matriz e relação matriz/reforço de 60/40. Com esses
46

parâmetros os painéis produzidos podem ter utilização em forros, enchimento de portas


e revestimentos decorativos.

3.3.2. Fibra de coco

As fibras naturais, além de serem fontes renováveis possuem baixo custo


quando comparadas as fibras sintéticas, conforme Ishizaki (2006) a fibra de coco é uma
fibra lignocelulósica obtida do mesocarpo fibroso do coco, fruto do coqueiro (Cocos
nucifera) cultivado extensivamente nos trópicos de Câncer e Capricórnio.
Atualmente, aproximadamente 33 bilhões de cocos são colhidos em todo o
mundo, apenas 15% são utilizados para o consumo alimentício (AGUNSOYE et al.,
2012). De acordo com Silva et al. (2015) o Brasil possui aproximadamente 280 mil
hectares cultivados com coqueiros, situados em quase todo território nacional com
produção equivalente a dois bilhões de frutos.
O consumo crescente desse fruto gera uma produção de resíduo sólido formado
pelas cascas fibrosas que representa de 80 a 85% do seu peso bruto, tem relevante
participação econômica pelo uso culinário como “água de coco” e da polpa do seu fruto.
Conforme Dinhane (2016) o coco é formado pelo pericarpo e pela semente, o
primeiro subdivide-se em epicarpo (casca verde do fruto), mesocarpo que é a parte mais
desenvolvida e com muitas fibras e endocarpo que é a casca dura em torno da semente
comestível. A segunda subdivide-se em tegumento, camada fina na cor marrom que
protege a semente e endosperma carnoso, formado pela água e pela parte comestível
sólida do coco (Figura 6).

Figura 6: Desenho esquemático das partes que compõe o coco.

Fonte: DINHANE (2016)


47

Machado et al. (2014) cita que a fibra de coco é de característica


lignocelulósica, por isso possui alta resistência e durabilidade quando comparado com
outras fibras naturais. A grande utilização no comércio nacional deve-se a sua
disponibilidade, baixo custo comparadas com nanofibras sintéticas, propriedades
mecânicas e termoacústicas e biodegradabilidade.
A fibra de coco é obtida pela extração ou desfibramento da casca de coco
(mesocarpo) por meio de processo manual ou mecânico, após a retirada da fibra
chamado de encordoador, ela é levada em um local aberto onde é espalhada no sol para
secagem (JAFELICE, 2013).
A quantidade de fibra obtida de cada fruto é bastante significativa, conforme
Leão (2012) o mesocarpo chega a constituir até 25% do total do fruto, portanto, sendo
necessário de 13 a 15 cocos para mais ou menos um quilo de fibra. De acordo com o
mesmo autor, as fibras apresentam comprimento entre 150 a 300 mm, classificadas por
três tipos: a mais longa e fina conhecida como fibra branca, usada na fabricação de
cordas e esteiras; uma fibra mais grossa, usada na fabricação de capachos e uma fibra
mais curta que é utilizada para enchimentos de colchões.
Cravo et al. (2014) elaborou painéis de fibra de coco, casca de amendoim e
utilizou resina poliuretana bi-componente à base de óleo de mamona, com relação ás
propriedades mecânicas esse estudo demonstrou um significativo desempenho dos
painéis, atingindo parâmetros da norma ANSI A208.1-1999. Na análise térmica o
ensaio de condutividade demonstrou um valor superior aos materiais isolantes orgânicos
e inorgânicos, na simulação de forro para instalação avícola possibilitou a redução de
radiação solar para o ambiente interno.
Agunsoye et al. (2012) elaborou painéis de baixa densidade com partículas de
casca de coco em 5% a 25%, como matriz polimérica foi utilizado o polietileno. O
resultado mostra que a dureza do compósito aumenta conforme o acréscimo das
partículas de coco. Destaca-se o potencial da fibra como uma alternativa para o
desenvolvimento de um novo compósito.
Vieira (2008) elaborou painéis de fibra de coco formando uma manta, os
resultados obtidos na simulação numérica de um ambiente fechado real tiveram um
comportamento adequado e suficiente com a finalidade do ambiente; provocou uma
redução nos tempos de reverberação da sala (17% a 35%) e um aumento da
inteligibilidade de um valor médio de 0,63 para até 0,74, um comportamento similar aos
painéis de espuma que são amplamente comercializados e com custos mais elevados.
48

3.3.3. Polipropileno

O polipropileno (PP) também denominado como polipropeno, é um


termoplástico, opaco, de cor branca, com ótimas propriedades elétricas e resistentes à
fadiga, de acordo com Jafelice (2013) apresenta menor custo quando comparado a
outros polímeros. Foi desenvolvido em 1954 e é utilizado em diversas aplicações como
fabricação de garrafas esterelizáveis, filmes para embalagens, brinquedos, pára-choques
de carros, entre outros.
Considerando o compósito polímero-fibra, de acordo com Ishizaki (2006) a
matriz polimérica é responsável pela distribuição da tensão aplicada ao compósito e sua
escolha é limitada pela temperatura necessária ao processamento, pois “as fibras
lignocelulósicas degradam em temperaturas elevadas” (SHIIZAKI, 2006; p. 182).
Os plásticos são polímeros que em temperatura ambiente apresentam-se em
estado sólido, conforme Jafelice (2013) são passíveis de ser moldados; eles podem ser
divididos em dois grupos conforme suas características: os termofixos que são plásticos
que não podem ser remoldados apenas pela aplicação de calor, e os termoplásticos que,
se elevados a média ou alta temperatura se tornam maleáveis e podem ser remoldados,
sem perder suas características originais.
Com isso a matriz polimérica mais escolhida é o polipropileno, pois possui
baixa densidade, alta rigidez, propriedades mecânicas adequadas e suficiente
diversidade de “grades”, além de ser facilmente processado devido à sua baixa
temperatura de processamento.
Conforme Spadetti et al. (2017) o polipropileno é o polímero mais utilizado e
concorrido no mercado devido a baixa temperatura de processamento, altas
propriedades mecânicas, a sua cristalinidade, ponto de fusão relativamente alto,
disponibilidade e custo, baixa densidade e alta rigidez.
Outra propriedade importante é a temperatura ou ponto de fusão, pois qualquer
aumento acima disso pode ocasionar vibrações em cadeias químicas e ocasionar o
rompimento de ligações principais, resultando em dano estrutural com perda de
propriedades físicas (JAFELICE, 2013). Cada polímero tem seu tempo de fusão,
conforme a Tabela 4 é possível analisar o do polipropileno.
49

Tabela 4: Características, propriedades e uso dos principais termoplásticos.


Termo Densidade Temp. de Temp. de Resist. à Elongação Descrição
Plástico (g/cm³) Transição Fusão °C Tração (%)
s Vítrea(Tg) (Tm) (kgf/cm²)
2-PEAD 0,94 a 0,98 -100 a 125 130 a 135 152 a 786 12 a 700 Polietileno de alta densidade-
engradados de bebida, baldes,
garrafas para álcool, bobinas,
tambores, tubos e filmes.
4-PEBD 0,91 a -20 a -30 109 a 125 179 a 331 150 a 600 Polietileno de baixa
0,94 densidade- embalagens de
alimentos, sacos industriais
e sacos para lixo.
5-PP 0,90 – 0,91 4 a 12 165 a 175 30 a 350 50 a 600 Polipropileno – embalagens
para massas e biscoitos, potes
de margarina, seringas
descartáveis e autopeças.

Símbolo utilizado para identificar outras resinas plásticas.


Fonte: Modificado (Milagres et al., 2006, p. 464 / 463-467)

Spadetti et al. (2017) analisou as propriedades térmicas e mecânicas de


compósitos de polipropileno virgem e reciclado, reforçados com ate 40% de fibras de
celulose. Os resultados demonstraram que os compósitos produzidos com o
polipropileno virgem e reciclado, reforçados com a fibra possuem propriedades
mecânicas, térmicas e morfológicas muito semelhantes.
Jafelice (2013) obteve compósitos de polipropileno e por meio de processamento
mecânico com concentrações de 10, 15, 20 e 25% em massa de fibra de coco, com e
sem adição de agente de acoplagem. A adição de fibra ao polipropileno provoca um
acréscimo nas propriedades térmicas e mecânicas; os compósitos de PP com a fibra de
coco e o agente acoplante se apresentaram como uma alternativa viável para aplicação
de demanda técnica podendo substituir a alguns tipos de resina.
Mano (2009) estudou a incorporação de fibras de curauá em polipropileno, por
extrusão seguida de injeção, variando a rotação das roscas da extrusora dupla-rosca, o
teor de fibra e agente de acoplamento; os compósitos apresentaram melhores
propriedades mecânicas nos ensaios de tração, flexão e impacto e atingiram um nível
competitivo dos compósitos com fibras de vidro.
50

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1.Materiais

Foram utilizados como materiais da fase dispersa a fibra de coco e a casca de


arroz, como matriz polimérica foi utilizado o polipropileno virgem (PP); para a fase de
extrusão entre a casca de arroz e o polipropileno foi funcionalizada com anidrido
maleíco: Epolene G-3003 Wax, da empresa Eastman (agente de acoplagem), sendo os
materiais conforme a Figura 7.

Figura 7: a) Casca de arroz; b) Fibra de coco; c) Polipropileno

(a) (b) (c)


Fonte: a) MF Rural – www.mfrural.com.br; b) www.flores.culturamix.com; c)www.permutalivre.com.br

Para a produção dos painéis foram realizadas as etapas de: coleta dos materiais;
desde a secagem, mistura e extrusão foram realizadas no Laboratório RESIDUALL,
Departamento de Bioprocessos – FCA – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (UNESP), Câmpus de Botucatu – SP.
Para os painéis que foram utilizados no protótipo, a extrusão do material foi
executada no Laboratório de Cereais, Raízes e Tubérculos, Departamento de Tecnologia
de Alimentos – FEA –Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Câmpus de
Campinas – SP.
A prensagem do painel foi dividida entre ensaio piloto que foi realizado no
Laboratório de Construções e Ambiência (Constrambi), Faculdade de Zootecnia e
Engenharia dos Alimentos – FZEA- Universidade de São Paulo (USP), Câmpus de
Pirassununga. A prensagem dos demais painéis foi realizada na empresa privada
Thermo Injet, localizada na cidade de Botucatu/ SP.
O polipropileno classificado e produzido pela empresa Braskem como H107 foi
fornecido pelo Laboratório de Resíduos Sólidos e Compósitos (RESIDUALL) –
51

FCA/UNESP. Esse polímero é utilizado como material de limpeza das máquinas de


extrusão e injeção do laboratório, por apresentarem bom índice de fluidez. As
características do PP, fornecidas pela Braskem se encontram na Tabela 5.

Tabela 5: Características do Polipropileno (PP-H107)


Propriedade Valor Unidade Norma
Índice de Fluidez 80 g/10min. ASTM-D1238
Densidade 0,905 g/cm³ ASTM-D792
Módulo de Flexão 1550 MPa ASTM-D638
Alongamento no Escoamento 8 % ASTM-D638
Resistência a Impacto Ivod a 23°C 20 J/m ASTM-D256
Temperatura de Deflexão Térmica a 0,455 MPa 110 °C ASTM-D638
Temperatura de Deflexão Térmica a 1,829 MPa 57 °C ASTM-D638
Temperatura de Amolecimento Vicat a 10N 153 °C ASTM-D1525
Fonte: www.braskem.com.br

A fibra de coco foi adquirida da empresa Amafibra, da unidade situada em


Holambra/SP, sendo sacos de aproximadamente seis quilos cada.
A casca de arroz foi recolhida na própria Fazenda Experimental Lageado
(Universidade Estadual Paulista, campus de Botucatu), no departamento de Grãos e
Cereais.

4.2.Caracterização da matéria-prima

4.2.1. Determinação da densidade e teor de umidade das partículas

A densidade aparente das partículas, conforme a literatura (PUPO, 2017) foi


determinada segundo a norma SCAN-CM 46 (1996), utilizada para resíduos sólidos
agroindustriais. Para o cálculo foi utilizada a Equação 1:
52

Equação 1 - Densidade

(1)

Onde:

d: densidade aparente, em grama por centímetro cúbico;


m: massa de material seco, em gramas;
v: volume de material seco, em centímetros cúbicos.

Para verificar o teor de umidade utilizou-se balança de umidade SHIMADZU,


mod.MOC63u, as amostras são aquecidas pela fonte de calor do infravermelho que
libera a umidade.

4.2.2. Análise química das partículas

A caracterização química das partículas de casca de arroz e fibra de coco foram


realizadas no Laboratório de Bromatologia, do Departamento de Zootecnia, da
Faculdade de Ciências Agronômicas –FCA – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (UNESP), Câmpus de Botucatu – SP.
O ensaio de análise química das partículas foi realizado para identificar as
propriedades químicas dos materiais, conforme as metodologias segundo os autores
(LEÃO, 2012; HICKERT, 2010). As fibras lignocelulósicas são constituídas,
basicamente, por celulose, hemicelulose e lignina, além de compostos inorgânicos como
na casca de arroz, as cinzas e a determinação desses constituintes é importante para
caracterizar as propriedades térmicas e mecânicas dos materiais.
O processo laboratorial consiste na dissociação, ou seja, quebra das ligações
entre a celulose, hemicelulose e lignina, pois as fibras são submetidas a uma hidrólise
ácida que ocorre a modificação estrutural da lignina e a dissociação da hemicelulose,
diminuindo o tamanho das partículas das fibras lignocelulósicas.
Para determinação dos teores de extrativos as amostras serão submetidas á
extração com etanol a fim de remover pigmentos, corantes, taninos, flobafenos e
estilbenos, entre outros; o etanol possui alta polaridade, sendo assim serão removidos os
53

compostos polares dos materiais. A extração também será feita com água, que é
provável a remoção de carboidratos, proteínas, sais orgânicos, entre outros compostos.

4.2.3. Granulometria

A distribuição em tamanho das partículas determinada para a casca de arroz foi


realizada utilizando a peneira vibratória, da marca Produtest, modelo comercial.
Foi separada uma amostra de 100 gramas e peneirada em peneira vibratória
comercial (Figura 8) seguindo a norma ABNT – NBR NM 248-2003 (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), com malhas de 3,35 mm, 2 mm, 1 mm, 0,85 mm, 0,50
mm, 0,425 mm, 0,250 mm , 0,212 mm, 0,125 mm e 0,105 mm.

Figura 8: Peneira Vibratória

Fonte: Autora.

Conforme a distribuição em tamanho de partículas foi obtido o módulo de finura


e a dimensão máxima da casca de arroz, o módulo de finura é dado pela Equação 2:
54

Equação 2 – Módulo de finura

∑ (2)

Onde:
MF: módulo de finura;
PRA: porcentagem retida acumulada (%).

A dimensão máxima, por definição, é dada pela abertura da peneira que


apresenta o maior valor de porcentagem retida acumulada não superior a 5%.
Para a fibra de coco foram separadas 100 amostras e feitas aferições de
comprimento com uma fita métrica Easy Read, marca CATEB (figura 9a) e o diâmetro
definido pelo micrômetro digital, com abertura de 0-30 mm/ 0-1.2in, da marca
Micromaster, (figura 9b). Utilizou-se o método estatístico de comparação de médias o
teste de Tukey, com 95% de probabilidade.

Figura 9: a) Fita métrica e fibra de coco; b) Micrômetro marca Micromaster.

(a) (b)
Fonte: Autora

4.3.Produção dos Painéis

4.3.1. Preparo das matérias-primas

A casca de arroz é um resíduo da agroindústria, na Fazenda Experimental


Lageado (UNESP) campus de Botucatu é descartada por dutos que são ligados aos
moinhos de beneficiamento e jogadas sobe uma lona na área externa, totalmente exposta
55

a intempéries climáticas (umidade, chuva e vento) sendo que as mesmas são depositadas
com alto valor de umidade, com aproximadamente 40%.
Já a fibra de coco, conforme o representante descreve na embalagem, pode vir
com até 80% de umidade, pois a fibra de coco da empresa Amafibra é destinada para
fins agrários como adubo de plantio.
De acordo com Chamma (2004) o teor de umidade das partículas na prensagem
de um painel formado pelo compósito polipropileno e casca de arroz, como agente de
acoplagem o anidrido maleíco, deve situar entre 3 a 6%. A fim de atingir esse
percentual a fibra de coco e a casca de arroz foram depositadas na estufa marca
MARCONI (Figura 10 a) com temperatura e tempo determinados conforme a Tabela 6,
a fim de atingir o percentual recomendado.
O controle de umidade foi executado por aferições na balança de umidade
SHIMADZU, mod.MOC63u (Figura 10b), a cada 24 horas e em um sistema de média (a
cada aferição foram selecionadas cinco bandejas da estufa, ou seja, cinco amostra do
material).

Tabela 6: Secagem dos materiais: fibra de coco e casca de arroz


Material Tempo Temperatura
Fibra de coco 72 h 70° a 80°C
Casca de arroz 48 h 60° a 70°C
Fonte: Autora.

Figura 10: a) estufa mod. MARCONI; b) balança de umidade SHIMADZU, mod.MOC63u

(a) (b)
Fonte: Autora
56

Segundo Jafelice (2013) é necessário o uso de aditivo como agente de


acoplagem para melhor interação entre o polímero e a fibra, então foi acrescido de 2%
de aglutinante anidrido maleíco.
Na Tabela 7 as siglas correspondem: PP: polipropileno; CA: casca de arroz; FB:
fibra de coco e AG: aglutinante, para cada tratamento foram feito 4 repetições, e a
Tabela 8 representa em peso (gramas) os tratamentos.

Tabela 7: Porcentagem dos tratamentos


TRATAMENTOS PP CA FC AG
1 60% 30% 10% 2%

2 50% 35% 15% 2%

3 30% 45% 25% 2%

4 20% 50% 30% 2%


Fonte: Autora
Tabela 8: Peso dos tratamentos
TRATAMENTOS PP CA FC AG
1 529,2 g 264,6 g 88,2 g 15,8 g

2 441,0 g 308,7 g 132,3 g 14,9 g


3 264,6 g 396,9 g 220,5 g 13,2 g

4 176,4 g 441,0 g 264,6 g 12,3 g


Fonte: Autora.

Conforme a norma e o cálculo de densidade a classificação para o painel foi de


baixa densidade; com medidas de 40x40 cm e 1 centímetro de altura; peso de 882,0 g;
houve acréscimo de 10% em caso de perda no processo de extrusão.
Segundo a norma ANSI A208.1-199 (American National Standard) a densidade
dos painéis aglomerados de madeira são classificados em:
- Alta densidade: acima de 0,80 g.cm³
- Média densidade: entre 0,64 – 0,80 g.cm³
- Baixa densidade: abaixo de 0,64 g.cm³
57

4.3.2. Processamento das matérias-primas

O processo de execução do painel foi definido em duas partes conforme os


materiais:
1) Casca de arroz e polipropileno: Secagem, separação, pesagem,
homogeneização, extrusão, granulagem e prensagem;
2) Fibra de coco: Secagem, separação, pesagem e prensagem.
Essa definição foi estipulada pelo tipo de painel adotado e conforme ensaios
pilotos foi elaborado um painel de multicamadas, sendo tri-camadas: as camadas
externas em material extrudado (casca de arroz e polipropileno) e a camada interna com
o colchão da fibra de coco; unindo ao parâmetro de baixa densidade esse painel foi
elaborado para o conforto térmico.
A mistura dos materiais de casca de arroz e PP foi realizada em um
homogeneizador de hélices (Figura 11) durante 2 minutos, após os materiais foram
dispostos em um saco plástico para o processo de extrusão.

Figura 11: a) Homogeinizador; b) Casca de arroz e polipropileno no misturador.

(a) (b)
Fonte: Autora

O processo de extrusão consiste em passar um ou mais materiais por um eixo de


alta, média ou baixa pressão e temperatura, de maneira que mude o estado físico do
material e o transforme em filetes que lembram macarrões; após esse processo o
material pode ser injetado ou prensado. Para o projeto a finalidade é a homogeneização
58

dos materiais, pois o polímero apresenta-se em forma sólida e granulada; se utilizado


nesse estado para a prensagem o painel não ficaria homogêneo.
Os materiais foram extrudados a uma temperatura média de 145° a 160° (Tabela
9), com entrada única para o polímero e a fibra; foi utilizado a extrusora KRUPP
WERNER & PFLEIDERER, mod. ZSK-25, (extrusora dupla-rosaca, co-rotatória, com
rotação de 100 rpm, alimentação manual, Figura 12).

Tabela 9: Dados da operação na extrusora, mod. ZSK-25


Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4 Zona 5 rpm Torque (%)
145°C 150°C 150°C 150°C 160°C 80 30
Fonte: Autora

Figura 12: Extrusora KRUPP WERNER & PFLEIDERER, mod. ZSK-25 (UNESP, Câmpus de
Botucatu)

Fonte: Autora.

Após o material sair da extrusora, com aparência de macarrões (Figura 13a),


foram passados em um granulador SAGEC, mod. SG70 (Figura 13b) com a finalidade
de moer e deixar em tamanho uniforme, conforme a Figura 13c.
59

Figura 13: a) Material extrudado: macarrão; b) Granulador SAGEC; c) Material granulado.

(a) (b) (c)


Fonte: Autora

4.3.3. Processo de prensagem do painel

A elaboração do painel consiste em duas camadas externas do material


extrudado e a camada interna em fibra de coco longa, sem tratamento.
No processo de prensagem três fatores são fundamentais, conforme Chamma
(2004): tempo, temperatura e pressão; o tempo de prensagem é o tempo decorrido entre
o momento que os pratos da prensa atingem os espaçadores até o momento em que a
prensa é reaberta, nesse tempo ocorre a transferência de calor para o centro do painel e a
liberação de umidade pelo vapor. A temperatura é uma variável básica para alcançar a
densidade, espessura e uniformidade, quando se adota baixa temperatura na prensagem
de um painel é necessário aumentar a pressão a fim de obter maior área de contato entre
as partículas de um painel; já a temperatura mais alta ocorre mais rápida a transferência
de calor da superfície para o miolo do painel. A pressão influência sobre a área de
contato do material na obtenção de maior resistência do painel, já a utilização de
espaçadores auxiliam na definição da espessura do painel, pois a pressão também é
transferida para os espaçadores.
Para definir esse fatores na elaboração do painel, foram feitas pesquisas a
literatura de autores que elaboraram painéis com fibras e polímeros, Mendes (et al,
2008) definiu a temperatura a 180°C, tempo de 8 minutos e pressão de 40 kgf/cm²; Pupo
(2012) definiu a temperatura a 200°C, tempo de 10 minutos e pressão de 32 kgf/cm²,
Alonge (et al, 2014) definiu a temperatura a 170°C, tempo de 5 minutos e pressão de
100 kgf/cm² e Milagres (et al, 2006) definiu a temperatura a 190°C, tempo de 6 minutos
e pressão de 32 kgf/cm² e ensaios pilotos para definir os parâmetros.
60

Após serem realizados alguns ensaios preliminares foi definido a moldagem dos
painéis com uma temperatura de 190°C, tempo de 15 minutos, pressão de 50 kgf/cm².
Após a retirada do painel da prensa, ele permaneceu em descanso durante 15 minutos
para o resfriamento do polímero e evitar deformações.
O material extrudado foi pesado e dividido em duas partes iguais, metade foi
colocado em uma caixa formadora (Figura 14a) para o preparo do molde, essa caixa é
disposta sob uma chapa de metal forrada por papel alumínio e folha celofane (Figura
14b), a fim de garantir que o painel não irá grudar na chapa, o mesmo foi feito com os
espaçadores.
Para o miolo e finalizar com o restante do material (Figura 15 e 16), foi preciso
prensar a fibra de coco sozinha, devido a sua baixa densidade ela forma um alto volume
e vãos que quando o material é depositado em cima do painel acaba penetrando na fibra
de maneira uniforme; quando foram realizados os ensaios pilotos a parte superior não
atingiu uniformidade cobrindo apenas algumas áreas do painel.
Figura 14: a) Caixa formadora; b) Caixa formadora com chapa e espaçador.

(a) (b)
Fonte: Autora

Figura 15: a) Segunda camada do painel: fibra de coco prensada; b) Terceira camada: material
extrudado

(a) (b)
Fonte: Autora
61

Figura 16: a) Finalização da montagem do painel; b) Colchão pronto para ir na prensa.

(a) (b)
Fonte: Autora

O colchão foi encaminhado para a prensa hidráulica de laboratório OMECO


(Figura 17) com fechamento simples, aquecimento elétrico, ajuste independente da
temperatura dos dois pratos (60x60 cm) e controle analógico da pressão aplicada.

Figura 17: Prensa hidráulica OMECO.

Fonte: Autora.

Na prensa juntamente com o colchão foram colocados duas chapa (uma superior
e outra inferior) e um espaçador metálico com 1 cm de espessura, com função de limitar
62

a espessura do painel no momento da prensagem. Ao término da prensagem a abertura


da prensa foi realizada automaticamente.
Após o resfriamento os painéis foram armazenados em sacos e lacrados para
proteção de umidade, a fim de realizar os ensaios térmicos, mecânicos e físicos,
conforme o tratamento os painéis responderam a uniformidade.

4.4. Caracterização dos painéis: ensaios físico-mecânicos e térmicos

Para a análise das propriedades físicas e mecânicas dos painéis foi utilizado
como referência a norma ABNT NBR 14810 (2013) e a norma ASTM D1037/06a
(ASTM, 2009), utilizadas para Chapas de madeira aglomerada. Foram realizados no
Laboratório de ensaios de materiais (LEM), Departamento de Engenharia Rural – FCA-
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Câmpus de Botucatu-SP.
Para as análises térmicas foi utilizada a norma ASTM E1530 (ASTM, 2011), a
análise da resistência à transmissão térmica dos painéis foi realizada no Laboratório de
Construções rurais e ambiência (Constrambi), Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos – FZEA- Universidade de São Paulo (USP), Câmpus Pirassununga-SP.
A análise micro morfológica de Microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi
realizada no Laboratório de Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos – FZEA- Universidade de São Paulo (USP), Câmpus
Pirassununga-SP.
Os ensaios analisados: flexão estática, densidade, absorção de água e
inchamento, microscopia eletrônica de varredura e condutividade térmica; os corpos de
prova necessários para os ensaios foram mapeados e extraídos conforme a Figura 18,
essa figura ilustra as dimensões em milímetros.
Na Tabela 10 consta a dimensão, conforme as normas e quantidade dos corpos
de prova por tratamento, as siglas representam: Ensaio Físico (EF), Ensaio Mecânico
(EM), Ensaio Térmico (ET) e Microscopia eletrônica de varredura (MEV).
63

Tabela 10: Dimensão e quantidade dos corpos de prova


ENSAIOS COMPRIMENTO LARGURA QUANTIDADE
(mm) (mm)
Densidade (EF) 50 50 10
Inchamento (EF) 25 25 10
Absorção de água (EF) 25 25 10
Flexão estática (EM) 250 50 10
Arrancamento Parafuso (EM) 150 75 10
Condutividade térmica (ET) Ø50 - 3
MEV 10 10 3
Fonte: Norma ABNT 14.810: 2013, adaptado.

Figura 18: Mapeamento do painel

Fonte: Autora.
64

4.4.1. Ensaios Físicos

Para cada painel (quatro de cada tratamento) foram retirados cinco corpos de
prova referentes ao tipo de ensaio: Inchamento, absorção de água e densidade; para a
medição do comprimento e da largura foi utilizado um paquímetro digital STARRETT,
727 ME-6”/150 mm, com sensibilidade de 0,01 mm. A medição da espessura foi
realizada com um micrômetro digital MICROMASTER 85161302-0-30 mm/0-1,2 in,
com sensibilidade de 0,001 mm.

4.4.1.1.Densidade

Para o ensaio de densidade os corpos de prova foram aferidos em cinco pontos


do corpo de prova, conforme a norma NBR:14810 (2013) com o uso do paquímetro
digital, assim determinar as medidas (comprimento x largura x espessura) e calcular o
volume (Figura 19a).
Após determinar o volume dos corpos de prova, esses foram pesados em uma
balança semi analítica centesimal, marca OHAUS, modelo ARC120 (Figura 19b).

Figura 19: a) Aferição das medidas do corpo de prova; b) Pesagem do corpo de prova.

(a) (b)
Fonte: Autora

Com os dados de massa e volume foi determinada a densidade utilizando a


Equação 3. O resultado deve ser a média das densidades dos corpos de prova, e
quilogramas por metro cúbico e com exatidão de 1kg/m³.
65

Equação 3 - Densidade

(3)

Onde:
D: densidade do CP em kg/m³;
M: massa do CP em g;
V: volume do CP em mm³.

4.4.1.2. Inchamento em espessura e absorção de água após 2 horas de imersão

Para o ensaio de inchamento em espessura, os corpos de prova foram saturados


em água destilada a 20ºC, por 2 horas (Figura 20). Após esse período, os corpos de
prova foram retirados da água e mantidos na posição vertical, para secagem superficial,
e na sequência pesados e medidos (em quatro pontos diferentes do corpo de prova),
conforme a norma NBR 14810 (2013), por uma balança eletrônica, marca MARTE,
modelo AY220, Figura 20a.

Figura 20: a) Corpos de prova submersos em água destilada; b) Pesagem inicial do corpo de
prova.

(a) (b)
Fonte: Autora

O inchamento em espessura, após 2 horas de imersão, foi calculado segundo a


Equação 4:
66

Equação 4 – Inchamento 2h
(4)
[ ]

Onde:
I2h: inchamento dos corpos de prova após 2 horas de imersão (%);
e1: espessura inicial dos corpos de prova acondicionados, antes da imersão
(mm);
e2: espessura dos corpos de prova após 2 horas de imersão (mm).

Para o ensaio de absorção de água foi determinada a massa dos corpos de prova,
antes e após as 2 horas de imersão em água, expressa pela seguinte Equação (5):

Equação 5 – Absorção de água 2h

(5)
[ ]

Onde:
A2h: absorção após 2 horas de imersão (%);
m1: massa inicial dos corpos de prova (g);
m2: massa dos corpos de prova após 2 horas de imersão (g).

4.4.1.3.Inchamento em espessura e Absorção após 24 horas de Imersão

Para determinar o inchamento em espessura e da absorção de água após 24 horas


de imersão, os corpos de prova foram retirados da água, ao final desse período, e
mantidos na posição vertical (Figura 21a), para secagem superficial e, na sequência
pesados e medidos por um paquímetro digital, marca MTX, modelo 316119 (Figura
21b).
67

Figura 21: a) Corpos de prova em secagem superficial; b) Aferição do corpo de prova.

(a) (b)
Fonte: Autora

O inchamento em espessura, após 24 horas de submersão, foi calculado pela


seguinte Equação (6):

Equação 6 – Inchamento 24h


(6)
[ ]

Onde:
I24h: inchamento dos corpos de prova, após 24 horas de imersão (%);
e1: espessura inicial dos corpos de prova acondicionados, antes da imersão
(mm);
e2: espessura dos corpos de prova, após 24 horas de imersão (mm).

Para o ensaio de absorção de água após 24 horas de imersão, foi utilizada a


seguinte Equação (7):

Equação 7 – Absorção de água 24h

(7)
[ ]

Onde:
A24h: absorção após 24 horas de imersão (%);
m1: massa inicial dos corpos de prova (g);
m2: massa dos corpos de prova, após 24 horas de imersão (g)
68

4.4.2. Ensaios Mecânicos

Para cada painel (sendo quatro de cada tratamento) foram retirados cinco corpos
de prova referentes ao tipo de ensaio: Flexão estática e arrancamento de parafuso
superfície.

4.4.2.1.Flexão Estática

O ensaio de flexão foi realizado de acordo com a norma da ABNT NBR 14810:
2013. Com base na referida norma, os corpos de prova foram confeccionados com 1 cm
de espessura, 5,0 cm de largura e 25,0 cm de comprimento, foram confeccionados 10
corpos de prova de cada tratamento.
Primeiramente foi necessário aferir as medidas do corpo de prova, em
comprimento, largura, centro e a partir dessa medida delimitar as extremidades onde, o
corpo de prova se encaixa nos apoios da máquina universal (Figura 22 a); de acordo
com a norma acima, a velocidade ajustada na máquina foi de 6 mm/min.
Os ensaios de flexão foram realizados em uma Máquina Universal de Ensaios
Servo-hidráulica, marca EMIC, modelo DL-10000 MF, com capacidade de 100 kN,
pertencente ao Laboratório de ensaios de materiais (LEM), Departamento de
Engenharia Rural – FCA- Universidade Estadual Paulista (UNESP), Câmpus de
Botucatu-SP., conforme a Figura 22b.

Figura 22: a) Corpos de prova posicionado para ensaio; b) Máquina de ensaio de flexão estática
EMIC

(a) (b)
Fonte: Autora.
69

A partir do ensaio de flexão estática, serão obtidos os valores para o módulo de


elasticidade (MOE) e módulo de ruptura (MOR), que são dados pelas equações abaixo:

Equação 8 – Módulo de elasticidade

(8)

Onde:
P: carga (MPa);
l: distância entre apoios (mm);
f: deformação (mm);
I: momento de inércia (para seções retangulares I=b.h³/12).
onde b é a largura e h é a espessura do corpos de prova.

Equação 9 – Módulo de ruptura

(9)

Onde:
P: força de ruptura (N);
l: distância entre apoios (mm);
b: largura do corpo de prova (mm);
h: espessura do corpo de prova (mm).

4.4.2.2.Arrancamento de parafuso na superfície

Para o ensaio de arranchamento de parafuso tomou-se por referência a norma


NBR 14810 (2013), pela referida norma os corpos de prova foram confeccionados com
7,5 cm de largura e 15,0 cm de comprimento; sendo 10 corpos de prova para cada
tratamento.
De acordo com a norma referida foi necessário perfurar o corpo de prova com o
auxílio de uma broca de 2,8 mm de diâmetro, centrado na superfície do corpo de prova.
Foi utilizado um parafuso auto-atarraxante, cabeça panela com fenda de 4 mm (Figura
23).
70

Figura 23: a) Dimensão e tipo do parafuso a ser utilizado no ensaio; b) e c) Posicionamento do


parafuso

(b)

(a) (c)

Fonte: Norma da ABNT NBR 14810 (2013); b) e c) Autora.

Os ensaios foram realizados em uma Máquina Universal de Ensaios Servo-


hidráulica, marca EMIC, modelo DL-10000 MF, com célula de carga de 5kN,
velocidade de 15min / mm, pertencente ao Laboratório de ensaios de materiais (LEM),
Departamento de Engenharia Rural – FCA- Universidade Estadual Paulista (UNESP),
Câmpus de Botucatu-SP., conforme a Figura 24.

Figura 24: Ensaio arranchamento de parafuso de superfície.

Fonte: Autora.
71

4.4.3. Ensaios Térmicos: resistência térmica e condutividade térmica

Para o ensaio de avaliação da resistência à transmissão térmica foram retirados


três corpos de prova de cada painel e realizado de acordo com a norma ASTM E1530
(ASTM, 2011).
Com base na referida norma, os corpos de prova foram confeccionados com 5,0
cm de diâmetro e 1 cm de espessura, como indicados no mapeamento. Essas amostras
foram revestidas na parte superior e inferior com uma pasta térmica visando reduzir a
resistência entre a amostra e o equipamento (Figura 25 b).

Figura 25:a) Corpo de prova no equipamento de ensaio, com pasta térmica; b) Equipamento
DTC 300 para transmitância térmica.

(a) (b)
Fonte: Autora.

Os ensaios para a avaliação da resistência à transmissão térmica foram


realizados no equipamento de Determinador de Condutividade Térmica, modelo:DTC
300, Marca TA Instruments, com faixa de medição do equipamento: 0,1 – 40 W/m.K
(Figura 25 a), pertencente ao Laboratório de Construções rurais e ambiência
(Constrambi), Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos – FZEA/USP,
Câmpus Pirassununga-SP.
A condutividade térmica e a resistência térmica foram determinadas conforme a
equação (10):
72

Equação 10 – Resistência térmica

(10)

Onde:
Rs: resistência térmica da amostra m²K/W;
e: espessura da amostra m;
λ: condutividade térmica w/Mk.

4.4.4. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A Microscopia Eletrônica de Varredura é usada para o estudo de estruturas


superficiais ou sub-superficiais de amostras com dimensões relativamente grandes,
produzindo imagens de alta resolução. O ensaio de microscopia eletrônica de varredura
(MEV) é para analisar a morfologia dos painéis, agrupamentos das fibras,
homogeneização do polímero com as fibras.
Foram retirados três corpos de prova de cada painel, analisados no equipamento
Marca HITACHI, modelo Analytical Table Top Microscope TM300 (Figura 26),
realizado no Laboratório de Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos – FZEA- Universidade de São Paulo (USP), Câmpus
Pirassununga-SP.

Figura 26: Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV).

Fonte: Autora.

Para esse ensaio foi realizado o procedimento de embutimento das amostras


(Figura 27), que consiste em embutir a amostra em resina epóxi com acelerador, após o
73

processo de cura (24 horas) a amostra foi cortada, lixada e polida. Como os compósitos
foram formulados com polímeros, se forem preparados in natura eles criam uma
película impenetrável para a microscopia, gerando imagens lisas.

Figura 27: Embutimento das amostras.

Fonte: Autora.

O processo de embutimento das amostras foi realizado no Laboratório de


Construções rurais e ambiência (Constrambi), Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos – FZEA/USP, Câmpus Pirassununga-SP.

4.4.5. Delineamento estatístico e análises

O delineamento experimental realizado para as variáveis de Densidade, Flexão


Estática (MOR e MOE), Arrancamento de parafuso e avaliação da resistência e
condutividade térmica foi utilizado Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC).
Como o fator estudado é qualitativo as diferenças entre as médias foram realizadas pela
análise de variância ANOVA, (p<0,05). Para as variáveis de Inchamento 2 e 24 h e
Absorção 2 e 24 h, foi utilizado delineamento em fatorial (4 x 2, sendo 4 tratamentos e 2
tempos de análise), para as médias dos tratamentos foi adotado o teste de comparação
de média ANOVA (p<0,05). O software utilizado para a interpretação dos dados foi o
Minitab, versão 17.1.0.

4.5.Características dos protótipos

A segunda parte da pesquisa consiste em analisar o desempenho dos painéis


in locu, que foram instalados como forro dos protótipos de aviário. Os protótipos são
galpões de tamanho reduzido nas mesmas proporções de galpões convencionais. Para
realizar a pesquisa foram adotadas as tipologias:
74

 Vedação em alvenaria e fechamento com tela metálica, cobertura com


telha de fibrocimento e sem uso de forro;
 Vedação em alvenaria e fechamento com tela metálica, cobertura com
telhas de fibrocimento e uso de forro com os painéis.

4.5.1. Projeto Arquitetônico

Os protótipos estão situados na Faculdade de Ciências Engenharia (FCE),


Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Tupã. Foram executados na
orientação leste-oeste, construídos dispostos um ao lado do outro com um espaço
suficiente para circulação e manejo (Figura 28). O clima da região é tipo Cwa (Clima
tropical de altitude) segundo a classificação de Köppen, estação seca bem definida
durante o inverno, com temperatura média anual de 24,5°C e precipitação pluviométrica
média anual de 1364.9 mm.

Figura 28: Implantação espacial dos protótipos.

Fonte: Google Earth.

Foi determinado e executado o processo construtivo:


 Base: tipo radier e nessa composição são utilizados cimento, cal,
pedra, areia e tela tipo „pop‟, finalizando o piso em argamassa desempenada.
 Vedação: em alvenaria com tijolo maciço, sem acabamento (como
reboco ou pintura);
 Fechamento do aviário em tela metálica, tipo alambrado;
75

 Estrutural: o sistema foi feito em alvenaria auto-portante, foram feitas


amarrações com o tijolo maciço;
 Cobertura: a sustentação com caibros e ripas de madeira e coberto
com telha tipo fibrocimento.
As dimensões adotadas para o protótipo foram baseadas no projeto real de
um aviário (Tabela 10) e a planta-baixa do galpão sem escala (Figura 29 e 30),
com suas respectivas cotas, a Figura 31 representa a elevação frontal e a Figura 32
a lateral do galpão.

Tabela 11: Dimensões adotadas para o modelo reduzido em escala distorcida.


Escala 1:1 (real) 1:10 (horizontal) 1:2 (vertical)
Largura 14,00 m 1,70 m -
Comprimento 30,00 m 3,20 m -
Pé direito 3,00 m - 1,60 m
Altura mureta 0,20 m - 0,25 m
Fonte: Diogo Sartori.

Figura 29: Planta baixa do aviário.

Fonte: Autora
76

Figura 30: Planta baixa de forro.

Fonte: Autora.

Figura 31: Elevação frontal.

Fonte: Autora.
77

Figura 32: Elevação lateral.

Fonte: Autora.

A Figura 33 apresenta um detalhe, em corte para mostrar a fixação do


painel no galpão.

Figura 33: Fixação do painel no galpão.

Fonte: Autora

4.5.2. Aferições dos Índices de Conforto em Ambiência no interior dos


protótipos

Com os protótipos concluídos, foram instalados os forros para aferir a qualidade


do ambiente. Foram utilizados equipamentos pertinentes à área de conforto em
ambiência, como:
 Dataloggers HOBO- U12- 012 (Onset) com canal externo para sensor de
temperaturaTMC 0- HD (Onset);
78

 Para aferição da Temperatura de Globo Negro (Tgn) foi aclopado um


termistor, através de um cabo de entrada externa, colocado dentro de uma
esfera oca pintada externamente com tinta preta fosca;
 Câmera termográfica Marca Testo, modelo 882: fornecer imagem
térmica do ambiente.
Os termômetros e data loggers foram instalados na região central dos protótipos
a uma altura de 0,30 cm do piso, pois o centro de gravidade das aves corresponde a essa
altura (CRAVO, 2012), os dados foram registrados a cada 15 minutos. A leitura dos
dados ambientais foi realizada durante o dia 15 de Julho de 2017 ao 01 de agosto de
2017, estação de inverno.
Foram coletados dados de temperatura ambiente, umidade relativa e temperatura
de globo negro, correspondendo aos horários de 8h00min, 12h00min, 14h00min e
16h00min, já a temperatura superficial do forro e da telha foram coletadas por imagens
feitas pela câmera termográfica, executadas nos dias 29, 30 e 31 de Julho a 01 de
Agosto, nos horários: 8h00mim, 12h00mim e 16h00mim.

4.5.3. Determinação dos índices de conforto térmico

Os índices de conforto térmico estabelecem um método para que haja a


possibilidade de avaliar um determinado ambiente por meio das diversas variáveis
climáticas existentes.
O ambiente construído foi para efetuar aferição dos índices de conforto térmico,
neste sentido a análise foi feita por instrumentos de medição e tabelas comparativas.
Para as variáveis dos índices térmicos foi utilizado delineamento em fatorial (2 x 4,
sendo 2 protótipos e 4 horários de análise), para as médias dos tratamentos foi utilizado
Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC) e adotada a análise de variância
ANOVA, (p<0,05). O software utilizado para a interpretação dos dados foi o Minitab,
versão 17.1.0. Utilizou-se o programa Orvalho para avaliar os índices de conforto ITU e
ITGU considerando as aves na fase acima de três semanas de vida.
Para isso foi processado a coleta de temperatura ambiente, umidade relativa e
temperatura de globo negro. Essas coletas foram feitas no mês de Julho e Agosto, para
certificar a qualidade dos painéis em dias de inverno ou temperaturas baixas.
79

4.5.4. Cálculo dos Índices de conforto térmico

Realizaram-se as seguintes medições: temperatura de bulbo seco (Tbs),


temperatura de bulbo úmido (Tbu), temperatura de globo negro (Tgn), todos com
resolução de 0,1 ºC e velocidade do vento, realizadas a 0,30 m acima do nível da cama,
correspondendo ao centro de massa das aves. No exterior dos galpões obtivem-se a
temperatura externa, através de dados da estação climática do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET), instalada dentro do câmpus próximo ao experimento, a estação
meteorológica é composta de uma unidade de memória central (data logger) ligado a
sensores dos parâmetros meteorológicos, observado minuto a minuto e disponibilizado a
cada hora.
Com esses dados, foram encontrados, tanto no interior dos galpões quanto na
área externa, os valores do índice de temperatura e umidade (ITU), do índice de
temperatura do globo negro e umidade (ITGU) e índice de carga térmica de radiação
(CTR), nos horários considerados.

4.5.4.1. Índice de temperatura e umidade – ITU

Tem como variáveis de entrada medidas de temperatura e umidade relativa do


ar, conforme Equação (11) (BUFFINGTON, COLLIER e CANTON, 1983).

Equação 11 – Índice de temperatura e umidade para aves

(11)

Onde:
Ta : Temperatura do ar (ºC).
U r : Umidade relativa (%).

4.5.4.2. Índice de temperatura de globo negro e umidade – ITGU

A temperatura de globo negro e de ponto de orvalho são variáveis de entrada,


conforme Equação (12) (BUFFINGTON et al., 1981).
80

Equação 12 – Índice de temperatura de globo negro e umidade

(12)

Onde:
Ta : Temperatura do ar (ºC).
Tpo : Temperatura de ponto de orvalho (ºC).
Tg : Temperatura de globo negro (ºC).
U r : Umidade relativa (%).

V : Velocidade do ar ( m  s 1 ).

4.5.4.3. Índice de carga térmica de radiação - CTR

As condições térmicas ambientais podem ser representadas pela carga térmica de


radiação (CTR), que irá expressar a radiação total recebida tanto pelo globo negro
proveniente do ambiente como também do seu entorno. A CTR é dada pela equação
(13):

Equação 13 – Índice de carga térmica de radiação

(13)

Onde:
CTR: carga térmica de radiação, W/m²
α: constante de Stefan Boltzmann, 5,67. /m²
TRM: temperatura radiante média, K

Equação 14 – Temperatura média radiante

[ ] (14)

Onde:
V: velocidade do vento, m/s
Tgn: temperatura de globo negro, K
Tbs: temperatura de bulbo seco, K
81

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados abordados neste tópico são referentes á caracterização da matéria-


prima e elaboração do painel; na discussão dos resultados foram utilizados siglas para
facilitar a interpretação dos tratamentos efetuados. As letras indicam o tipo de material e
os números à porcentagem dos mesmos. Como exemplo o tratamento 30PP45CA25FC
refere-se a 30% de polipropileno, 45% de casca de arroz e 25% de fibra de coco;
conforme a codificação:
 PP= polipropileno;
 CA=casca de arroz;
 FC= fibra de coco;
 FS=fibra de coco com substrato.

5.1.Caracterização da matéria-prima

5.1.1. Determinação da densidade e do teor de umidade das partículas

Para determinar à densidade das partículas a fibra e casca de arroz foram pesadas
em um Becker de 100 ml para fixar o volume, e conforme a literatura foi feito o cálculo
para densidade.
Para determinar o teor de umidade primeiramente as fibras de coco e casca de
arroz foram mantidas ao ar livre por 7 dias, conforme Leão (2012), depois pesadas na
balança de umidade. Posteriormente as fibras foram secas em estufa a uma temperatura
de 105°C por 24 horas e novamente pesadas na balança de umidade. Na Tabela 12 estão
contidos todos os resultados da média, referente aos ensaios de densidade aparente, teor
de umidade, dimensões da fibra de coco.

Tabela 12: Resultados do estudo das partículas


Propriedades avaliadas CA FC
Densidade aparente (g/cm³) 0,102 0,037
Teor de umidade (%) 8,93 10,90
Teor de umidade -24 horas (%) 4,36 5,06
Dimensão máxima do comprimento (cm) - 17,62
Dimensão do diâmetro (mm) - 0,294
Fonte: Autora
82

Conforme Moura (2014) as fibras naturais geralmente apresentam de 8 a 13% de


umidade, desta forma os teores de umidade encontrados correspondem á literatura; o
ensaio de teor de umidade das partículas fez parte da caracterização do material e a
temperatura utilizada de 105°C é estipulada, conforme a literatura para ensaios; porém
para a elaboração do painel a fibra foi seca a temperatura menor e maior tempo de
secagem.
Pode-se definir que ambas as partículas apresentam baixo índice de densidade; a
fibra de coco apresenta quase um terço abaixo da casca de arroz. Conforme esses
resultados a distribuição entre casca de arroz e fibra de coco na elaboração do painel
não foi de maneira uniforme, reduzindo a quantidade de fibra de coco em 20%
comparando com a casca de arroz.

5.1.2. Análise química das partículas

Conforme os ensaios descritos por Leão (2012) e Hickert (2010) os materiais


foram analisados a fim de conhecer as características iniciais para inserir como reforço
no painel. A casca de arroz e a fibra de coco in natura passaram pelo processo de
caracterização química para obtenção dos valores percentuais de celulose, lignina,
hemicelulose e matéria mineral, conforme a Tabela 13:

Tabela 13: Composição química da casca de arroz e fibra de coco, em porcentagem

%MS MM Celulose Hemicelulose Lignina


CA 91,82 15,43 39,74 22,70 19,01
FC 92,00 1,80 32,88 24,20 39,13
Legenda: (MS) matéria seca; (MM) matéria mineral; (C) celulose; (H) hemicelulose; (L) Lignina

Para determinação dos teores de extrativos as amostras foram submetidas á


extração com etanol a fim de remover pigmentos, corantes, taninos, flobafenos e
estilbenos, entre outros.
A composição química da fibra de coco e casca de arroz, conforme a literatura
(LEÃO, 2012; HICKERT, 2010) (Tabela 14), como caracterização química utilizando o
método de hidrólise ácida com ácido sulfúrico, provocando a despolimerização do
polissacarídeo.
83

Tabela 14: Composição química da fibra de coco e casca de arroz


Componentes Fibra de coco % (mm) Casca de arroz % (mm)
Glicose 26,3 34,1
Celobriose 1,6 0,4
Hidroximetilfurfural 0,0 0,3
Xilose 14,3 12,7
Arabinose 2,3 1,3
Ácido acético 2,7 1,3
Furtural 0,4 0,9
Lignina insolúvel 40,7 22,9
Lignina solúvel 0,3 6,1
Extrativos 8,6 3,1
Cinzas 1,3 16,9
Total 98,7 100
Fonte: Modificada (LEÃO, 2012; HICKERT, 2010)

A partir da obtenção dos componentes que constituem as fibras lignocelulósicas,


são somados para obter-se a quantidade total de celulose, hemicelulose e lignina
presente nas amostras, na Tabela 15 consta a comparação da análise desse trabalho e
outros encontrados na literatura.

Tabela 15: Composição de celulose, hemicelulose e lignina: fibra de coco e casca de arroz,
encontrados na literatura.
Material Celulose (%) Hemicelulose (%) Lignina (%)
Leão (2012) / Fibra de coco 27,9 19,7 41
Hickert (2010)
Leão (2012) / Casca de arroz 34,8 16,2 29
Hickert (2010)
Pupo (2017) Casca de arroz 33,04 31,27 22,40
Silva (2013) Casca de arroz 32 21 22
Da Silva (2016) Casca de arroz 39,5 23 14,5
Este trabalho Casca de arroz 39,74 22,70 19,01
Este trabalho Fibra de coco 32,88 24,20 39,13
Fonte: Modificada (LEÃO, 2012; HICKERT, 2010; PUPO, 2017; SILVA, 2013; Da SILVA, 2016).
84

Pode-se observar a porcentagem aproximada de celulose e hemicelulose entre a


casca de arroz nos trabalhos mais atuais, já a fibra de coco obteve um valor maior
dessas composições, para esse trabalho.
A lignina é responsável por fortalecer e enrijecer a parede celular da fibra, nos
compósitos pode ajudar no enrijecimento e união das partículas dos elementos
estruturais (PUPO, 2017). Observa-se nos resultados que existe maior quantidade de
lignina presente na fibra de coco e menor de celulose comparada com a casca de arroz;
resultado já esperado conforme a literatura.

5.1.3. Granulometria

Conforme os resultados obtidos para as partículas de casca de arroz (Tabela 16)


verificou-se que a dimensão máxima desses resíduos (Figura 34), de acordo com a NBR
7217/87, é de 3,35 mm (peneira n° 6) e apresenta um módulo de finura de 8,35.

Tabela 16: Distribuição em tamanho das partículas das cascas de arroz (CA).
PENEIRA PORCENTAGEM
Nº µm Retida Retida Acumulada Que passa na peneira
Nº 6 3350 0,53 0,53 99,65
Nº 10 2000 42,63 43,16 57,02
Nº 18 1000 52,14 95,30 4,88
Nº 20 850 2,36 97,65 2,53
Nº 35 500 1,85 99,50 0,68
Nº 40 425 0,14 99,64 0,54
Nº 60 250 0,17 99,81 0,37
Nº 70 212 0,11 99,92 0,26
Nº 120 125 0,05 99,97 0,21
Nº 140 105 0,01 99,98 0,20
Fundo ------- 0,02 100 -------
Fonte: Autora
85

Figura 34:a); b); c); d); e); f); g); h); i); j); l) Distribuição de tamanho de partículas da casca de
arroz.

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

(g) (h) (i)

(j) (l)
Fonte: Autora
86

A análise granulométrica da casca de arroz mostra que a distribuição do tamanho


de partículas sofre variações menores nas granulometrias de 0,425 a 0,02; a Figura 35
representa a frequência, em porcentagem dessa variação.

Figura 35: Frequência da distribuição granulométrica do tamanho das partículas de CA.


60,00
52,14
50,00
42,63
40,00
Frequência (%)

30,00

20,00

10,00
2,36 1,85
0,53 0,14 0,17 0,11 0,05 0,01 0,02
0,00
3,350 2,000 1,000 0,850 0,500 0,425 0,250 0,212 0,125 0,105 Fundo
Tamanho das Particulas (mm)

Fonte: Autora

Verifica-se que a casca de arroz apresenta mais frequência de partículas maiores,


entre 2,0 e 1,0. Essa frequência é de 52,14% (Tabela 15), isso demonstra a uniformidade
nas partículas e baixa variação em teor de pó, pois a partir do tamanho de partículas em
0,125 ao fundo foi retido 0,8%.

5.2.Desenvolvimento dos Painéis

No processo de prensagem três fatores são fundamentais, conforme Chamma


(2004): tempo, temperatura e pressão. Para definir esses fatores foram realizados ensaio
pilotos com os seguintes resultados representados na Tabela 17.
87

Tabela 17: Ensaio Piloto do painel


Material % Temperatura Tempo (min.) Pressão Tempo resfriamento (min.)

90PP+10FS 170°C 15 50 kgf/cm² 15


80PP+20FS 180°C 15 50 kgf/cm² 15
50PP+50FS 180°C 15 50 kgf/cm² 10
50PP+50FSCA 190°C 6 50 kgf/cm² 10
50PP+50FSCA 170°C 20 50 kgf/cm² 10
70PP+15CA+15FC 200°C 6 32 kgf/cm² 10
50PP+25CA+25FC 190°C 12 50 kgf/cm² 10
50PP+25CA+25FC 180°C 15 50 kgf/cm² 15
30PP+45CA+25FC 190°C 15 50 kgf/cm² 15
50PP+35CA+15FC 190°C 15 50 kgf/cm² 15
Fonte: Autora

Os primeiros ensaios não atingiram a uniformidade dos painéis. Devido á fluidez


do PP o tempo de resfriamento exemplificado na Tabela 17, não foi suficiente para que
o painel moldasse conforme os espaçadores, se desprendendo da manta antes de formar
um painel, conforme a Figura 36.

Figura 36: Painéis sem tempo de resfriamento, FS+PP+CA.

Fonte: Autora.

Outros ensaios pilotos com maior quantidade de PP e CA não atingiram a


fundição total do painel (Figura 37), já os ensaios com PP, CA e FS atingiram a
homogenização do painel, porém não se comportou assim para os demais tratamentos
na mesma proporção; impossibilitando trabalhar com o material de fibra e substrato.
88

Figura 37: Painéis irregulares com FS+PP+CA.

Fonte: Autora.

O método adotado foi de um painel com três camadas: as duas externas em PP e


CA e no miolo com a FC, conforme o ensaio piloto chegou-se a uma temperatura,
tempo e pressão com resultados de uniformidade do painel, conforme a Figura 38. A
Figura 39 representa os painéis que foram instalados como forro do protótipo.

Figura 38: a) Painel de 50PP30CA10FC; b) Painel de 30PP45CA25FC

(a) (b)
Fonte: Autora.
89

Figura 39: Painel dispostos conforme o forro (50PP30CA10FC).

Fonte: Autora.

5.2.1Ensaios Físicos

5.2.1.1.Densidade

Na Tabela 18 é apresentada a análise descritiva para a variável de densidade


aparente, foi utilizada a média aritmética e adotado desvio padrão e coeficiente de
variação (CV).

Tabela 18: Densidade aparente


Densidade 20PP50CA30FC 30PP45CA25FC 50PP35CA15FC 60PP30CA10FC
Média (kg/m³) 445,12 428,31 608,35 648,27
Desv. Padrão 50,0 36,5 41,0 47,7
(kg/m³)
CV (%) 11 8 6 7
Legenda: Desv. Padrão: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação.
Fonte: Autora

Os painéis apresentaram um crescimento gradativo conforme o aumento na


porcentagem de polipropileno, com a maior média de 648,27 Kg/m³ para densidade
aparente nos tratamentos de 60-30-10. Em relação às medidas de dispersão o menor CV
(%) foi para o tratamento 50-35-15, porém a diferença entre os CV (%) foram mais
baixos nos tratamentos 30-45-25/ 50-35-15 e 60-30-10, em 1% entre eles. O tratamento
com maior porcentagem de fibras apresentou uma média de diferença em 4% do CV,
90

demonstrando maior heterogeneidade no painel. A Figura 40 representa a dispersão dos


conjuntos de dados da variável de densidade dos quatro tratamentos.

Figura 40: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de Densidade.

20-50-30 30-45-25
750 750

700 700

650 650
Densidade (kg/m³)

Densidade (kg/m³)
600 600

550 550

500 500

450 450

400 400

350 350

300 300

(a) (b)

50-35-15 60-30-10
750 750

700 700

650 650
Densidade (kg/m³)
Densidade (kg/m³)

600 600

550 550

500 500

450 450

400 400

350 350

300 300

(c) (d)
Fonte: Autora.

Conforme a norma ANSI A208.1-2006, é classificado painéis de baixa


densidade: abaixo de 640 kg/m³ e média densidade: 640 – 800 kg/m³, assim os
resultados obtidos com os tratamentos 20-50-30/ 30-45-25 e 50-35-15 mostraram
valores de 445,12 kg/m³ a 608,35 kg/m³, sendo assim é possível classificar os painéis
como de baixa densidade. O tratamento 60-30-10 obteve o valor de 648,27, classificado
pela norma como alta densidade.
De acordo com a NBR 14810 (2013) é classificado painéis como média
densidade os resultados de: 551 kg/m³ a 750 kg/m³, então os tratamentos com maior
porcentagem de PP: 50-35-15 e 60-30-10 ficaram dentro da média. A Figura 41
representa a comparação entre as duas normas e os quatros tratamentos.
91

Figura 41: Gráficos comparativos entre os valores médios e as normas.

800 NBR (máx.)


Densidade aparente (kg/m³) 700 ANSI (mín.)

600 NBR (mín.)


500

400

300

200

100

0
20-50-30 30-45-25 50-35-15 60-30-10
Fonte: Autora. Série1

A densidade nominal calculada no inicio do processo para a confecção dos


painéis foi de 551 kg/m³, considerada como baixa densidade (ANSI A208.1-2006),
pode-se observar que nos tratamentos com maior porcentagem de fibras, a densidade
média apresentou-se abaixo da densidade nominal, e o inverso ocorreu nos tratamentos
com maior porcentagem polipropileno, com densidade acima da nominal.
A análise de variância (ANOVA) para a variável densidade aparente demonstrou
o P-valor menor que 0,05 (Tabela 19), podendo afirmar que existe efeito de tratamento
(4 tratamentos). De acordo com o método Tukey a 5% de probabilidade pode-se afirmar
que a diferença significativa do valor médio experimental da densidade dos Tratamentos
20-50-30/30-45-25 (43%/44% respectivamente) com o valor médio da densidade
aparente dos Tratamentos 50-35-15/60-30-10 (65%/61% respectivamente), as médias
foram compartilhadas com agrupamentos A/A/B/B.

Tabela 19: ANOVA da densidade aparente dos tratamentos.


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 3 376465 125488 64,36 0,000*
Erro 36 70194 1950
Total corrigido 39 446659
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.
92

5.2.1.2.Inchamento em espessura e absorção de água após 2 e 24 horas de


imersão

A Tabela 20 apresenta a análise para a variável de inchamento 2h e 24h, foi


utilizada a média aritmética e adotado desvio padrão e coeficiente de variação (CV).

Tabela 20: Inchamento em 2h e 24h


20PP50CA30FC 30PP45CA25FC 50PP35CA15FC 60PP30CA10FC
Inchamento 2h 24h 2h 24h 2h 24h 2h 24h
Média (%) 37,22 60,56 30,61 40,12 10,14 12,15 3,10 6,66
Desv. 11,75 9,21 11,04 16,40 6,53 9,56 3,91 2,37
Padrão (%)
CV (%) 29,95 14,43 34,22 38,78 61,13 74,65 55,74 72,54
Legenda: Desv. Padrão: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação.
Fonte: Autora

Os painéis com maior porcentagem de fibras 20-50-30 e 30-45-25 apresentaram


maiores valores médios para a variável de inchamento (2h e 24h). Em relação ao
coeficiente de variação (%) os painéis de tratamentos 50-35-15 e 60-30-10 apresentaram
em média 61/55%, podem-se observar maior heterogeneidade devido a maior
porcentagem de polipropileno. A Figura 42 representa a dispersão dos conjuntos de
dados da variável de Inchamento 2 e 24h dos quatro tratamentos.

Figura 42: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de Inchamento 2h e 24 h.

20-50-30 (2h / 24h) 30-45-25 (2h / 24h)


80 70

70 60

60
Inchamento (%)
Inchamento (%)

50
50
40
40
30
30

20
20

10 10
20-50-30 (2h) 20-50-30 (24h) 30-45-25 (2h) 30-45-25 (24h)

(a) (b)
93

50-35-15 (2h / 24h) 60-30-10 (2h / 24h)


30 14

25 12

10

Inchamento (%)
Inchamento (%)

20
8
15
6
10
4
5
2
0
0
50-35-15 (2h) 50-35-15 (24h) 60-30-10 (2h) 60-30-10 (24h)

(b) (d)
Fonte: Autora.

A norma NBR 14810- 2013 estipula o valor máximo de 8% para inchamento em


2h, sobre painéis com espessura de 8-13 mm. Somente o tratamento 60-30-10 atingiu os
parâmetros da norma, o tratamento 50-35-15 ficou acima do valor em 2%. Os demais
tratamentos apresentaram alta distorção, entre 29% e 23%. A norma ANSI A208.1-2006
exige valor para inchamento em 24h com o valor máximo de 8%, somente o tratamento
60-30-10 atingiu esse parâmetros. Na Figura 43 compara os valores médios de
inchamento em 2h e 24h com os valores preconizados pelas normas.

Figura 43: Gráficos comparativos entre os valores médios e as normas.


70

60

50
Inchamento (%)

40
2H
30 24H

20
NBR / ANSI
10

0
20-50-30 30-45-25 50-35-15 60-30-10

Fonte: Autora.
94

A análise de variância (ANOVA) para a variável Inchamento 2h demonstrou o


P-valor menor que 0,05 (Tabela 21), podendo afirmar que existe efeito de tratamento (4
tratamentos). De acordo com o método Tukey a 5% de probabilidade pode-se afirmar
que a diferença significativa do valor médio experimental de Inchamento 2h dos
Tratamentos 20-50-30/30-45-25 (37%/31% respectivamente) com o valor médio de
Inchamento dos Tratamentos 50-35-15/60-30-10 (10%/7% respectivamente), as médias
foram compartilhadas com agrupamentos A/B/C/C.

Tabela 21: ANOVA de Inchamento 2h.


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 3 6792 2264,10 28,48 0,000*
Erro 36 2862 79,49
Total corrigido 39 9654
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.

A análise de variância (ANOVA) para a variável Inchamento 24h demonstrou o


P-valor menor que 0,05 (Tabela 22), podendo afirmar que existe efeito de tratamento (4
tratamentos). De acordo com o método Tukey a 5% de probabilidade pode-se afirmar
que a diferença significativa do valor médio experimental de Inchamento 24h do
Tratamento 20-50-30 (60%), Tratamento 30-45-25 (40%) com o valor médio de
Inchamento dos Tratamentos 50-35-15/60-30-10 (12%/3% respectivamente), as médias
foram compartilhadas com agrupamentos A/B/C/C.

Tabela 22: ANOVA de Inchamento 24h.


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 3 20740 6913,5 61,34 0,000*
Erro 36 4058 112,7
Total corrigido 39 24798
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.

A Tabela 23 apresenta a análise para a variável de absorção 2h e 24h, foi


utilizada a média aritmética e adotado desvio padrão e coeficiente de variação (CV).
95

Tabela 23: Absorção em 2h e 24h


20PP50CA30FC 30PP45CA25FC 50PP35CA15FC 60PP30CA10FC
Absorção 2h 24h 2h 24h 2h 24h 2h 24h
Média (%) 50,69 52,30 34,57 32,47 21,21 22,02 9,61 13,94
Desv. Padrão 18,57 19,69 11,41 12,35 9,99 7,34 7,16 8,13
(%)
CV (%) 34,75 35,71 31,31 36,08 31,62 44,70 55,31 70,70
Legenda: Desv. Padrão: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação.
Fonte: Autora

De acordo com os resultados observa-se que os tratamentos com maior


proporção de fibra 20-50-30 e 30-45-25 apresentaram maior porcentagem de absorção,
nos dois períodos. O maior índice de CV(%) ocorreu no tratamento de 60-30-10,
podendo observar maior heterogeneidade devido a maior porcentagem de polipropileno.
A Figura 44 representa a dispersão dos conjuntos de dados da variável de Inchamento 2
e 24h dos quatro tratamentos.

Figura 44: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de Absorção 2h e 24 h.

20-50-30 (2h / 24h) 30-45-25 (2h / 24h)


90 60
80

70 50
Absorção (%)

Absorção (%)

60
40
50

40
30
30

20
20
10
20-50-30 (2h) 20-50-30 (24h) 30-45-25 (2h) 30-45-25 (24h)

(a) (b)
50-35-15 (2h / 24h) 60-30-10 (2h / 24h)
40 30

35
25

30
20
Absorção (%)

Absorção (%)

25
15
20
10
15

10 5

5 0
50-35-15 (2h) 50-35-15 (24h) 60-30-10 (2h) 60-30-10 (24h)

(c) (d)
Fonte: Autora.
96

A análise de variância (ANOVA) para a variável Absorção 2h demonstrou o P-


valor menor que 0,05 (Tabela 24), podendo afirmar que existe efeito de tratamento (4
tratamentos). De acordo com o método Tukey a 5% de probabilidade pode-se afirmar
que a diferença significativa do valor médio experimental de Absorção 2h do
Tratamento 20-50-30 (51%), Tratamento 30-45-25 (35%), com o valor médio de
Absorção dos Tratamentos 50-35-15 (21%) e Tratamento 60-30-10 (10%), as médias
foram compartilhadas com agrupamentos A/B/BC/C.

Tabela 24: ANOVA de Absorção 2h.


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 3 9382 3127,2 19,98 0,000*
Erro 36 5634 156,5
Total corrigido 39 15015
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.

A análise de variância (ANOVA) para a variável Absorção 24h demonstrou o P-


valor menor que 0,05 (Tabela 25), podendo afirmar que existe efeito de tratamento (4
tratamentos). De acordo com o método Tukey a 5% de probabilidade pode-se afirmar
que a diferença significativa do valor médio experimental de Absorção 24h do
Tratamento 20-50-30 (52%), Tratamento 30-45-25 (32%), com o valor médio de
Absorção dos Tratamentos 50-35-15 (22%) e Tratamento 60-30-10 (14%), as médias
foram compartilhadas com agrupamentos A/B/BC/C.

Tabela 25: ANOVA de Absorção 24h.


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 3 8250 2749,8 16,67 0,000*
Erro 36 5940 165,0
Total corrigido 39 14190
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.
97

5.2.2. Ensaios Mecânicos

5.2.2.1.Módulo de ruptura (MOR) e Módulo de Elasticidade (MOE)

A Tabela 26 e 27 apresenta a análise descritiva da variável MOR e MOE. Foi


utilizada a media aritmética e desvio padrão de coeficiente de variação (CV).

Tabela 26: MOR e MOE médio do tratamento 50PP35CA15FC


50PP35CA15FC Flexão - MOR (MPa) Flexão - MOE (MPa)
Média 13,73 1254
Desv. Padrão 5,00 374
CV(%) 36,38 29,75
Legenda: Desv. Padrão: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação.
Fonte: Autora

Tabela 27: MOR e MOE médio do tratamento 60PP30CA10FC


60PP30CA10FC Flexão - MOR (MPa) Flexão - MOE (MPa)
Média 16,74 1322
Desv.Padrão 5,62 463
CV(%) 32,12 33,08
Legenda: Desv. Padrão: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação; MPa: Mega Pascal.
Fonte: Autora

De acordo com a norma NBR 14810 (2013) é estipulado o valor mínimo de 17


MPa para painéis com espessura de 8-13 mm sobre o valor do MOR, para a normativa
ANSI A208.1:1999 é estipulado valor 16,5 MPa. O tratamento 60-30-10 foi o que mais
se aproximou do valor estipulado pela norma. Em relação às medidas de dispersão os
painéis com tratamento 60-30-10 apresentaram menor CV(%) representando maior
homogeneidade para a variável MOR.
Para os dados de MOE a norma ANSI A208.1:1999 define valor de 2400 MPa,
nessa condição nenhum dos dois tratamentos atingiram o valor estipulado pela norma.
De acordo com o ensaio houve deformação de 0,44 cm no tratamento 50-35-15 e 0,12
cm para o tratamento 60-30-10. A Figura 45 representa a dispersão dos conjuntos de
dados da variável de MOR e MOE dos dois tratamentos.
98

Figura 45: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de MOR e MOE.

50-35-15 50-35-15
25 1800

1600
20
1400
MOR (MPa)

MOE (MPa)
15 1200

1000
10
800

5 600

(a) (b)
60-30-10 60-30-10
30
2250

2000
25
1750
MOR (MPa)

MOE (MPa)

1500
20
1250

15 1000

750

10 500

(c) (d)
Fonte: Autora.

Conforme a Figura 46, não foi possível realizar os ensaios nos tratamentos de
20-50-30 e 30-45-25, de acordo com o ensaio houve deformação de 2,92 cm para o
tratamento 20-50-30, porém devido à maior flexibilidade dos painéis os corpos de prova
não atingiram o momento de ruptura. Na camada interna do painel foi utilizado fibra de
coco longa, fator que impediu a ruptura.

Figura 46: Ensaio de MOR (20PP50CA30FC): a) inicio do ensaio; b) durante o ensaio; c) final
do ensaio.

(a) (b) (c)


Fonte: Autora.
99

A análise de variância (ANOVA) para a variável MOR demonstrou o P-valor


maior que 0,05 (Tabela 28), podendo afirmar que não existe efeito de tratamento (4
tratamentos). Mesmo não havendo diferença pode-se observar com o método Tukey a
5% de probabilidade, que a diferença do valor médio experimental de MOR do
Tratamento 50-35-15 foi maior que o valor médio de MOR do Tratamento 60-30-10, as
médias foram compartilhadas com agrupamentos A/A.

Tabela 28: ANOVA de Módulo de ruptura (MOR).


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 1 45,21 45,21 1,60 0,222*
Erro 18 509,16 28,29
Total corrigido 19 554,37
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.

A análise de variância (ANOVA) para a variável MOE demonstrou o P-valor


maior que 0,05 (Tabela 29), podendo afirmar que não existe efeito de tratamento (4
tratamentos). Mesmo não havendo diferença pode-se observar com o método Tukey a
5% de probabilidade, que a diferença do valor médio experimental de MOR do
Tratamento 50-35-15 foi maior que o valor médio de MOR do Tratamento 60-30-10, as
médias foram compartilhadas com agrupamentos A/A.

Tabela 29: ANOVA de Módulo de elasticidade (MOE).


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 1 23530 23530 0,13 0,720*
Erro 18 3190280 177238
Total corrigido 19 3213810
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.

5.2.2.2. Arrancamento de parafuso

Na tabela 30 são apresentados os valores médios para a propriedade de


arrancamento de parafuso.
100

Tabela 30: Ensaio arrancamento de parafuso (N)


Tratamento 20PP50CA30FC 30PP45CA25FC 50PP35CA15FC 60PP30CA10FC
Média (N) 271,8 374,1 722,1 831,2
Desv.Padrão 97,8 83,13 160,4 128,9
Coef.Var.(%) 35,98 22,22 22,22 15,51

Legenda: Desv. Padrão: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação; N: Newton.


Fonte: Autora

De acordo com Sartori (2015); NBR 14810 (2013) são estipulados valores de
arrancamento de parafuso de superfície para chapas com espessuras de 14 e 20 mm,
entre 800 N a 1200 N, porém essa é a espessura mínima estipulada pela referida norma.
Sendo assim o painel não atende as características, devido a sua espessura em 10 mm, a
Figura 47 representa os quatro tratamentos com os valores do ensaio em Kgf, por que
mesmo não atendendo a Norma esse ensaio foi realizado para averiguar quantos quilos
os painéis suportam.

Figura 47: Gráficos representativo entre os valores (Kgf) e os tratamentos ensaiados.

100,00 93,69
90,00
80,00
67,87
70,00
60,00
50,00 41,86
40,00
30,00 24,00
20,00
10,00
0,00
20-50-30 30-45-25 50-35-15 60-30-10

Fonte: Autora.

A Figura 48 representa a dispersão dos conjuntos de dados da variável de


arrancamento de parafuso dos quatro tratamentos.
101

Figura 48: a); b); c); d); Gráficos Boxplot de Arrancamento de parafuso.
20-50-30 30-45-25
1000 1000

900 900

Arrancamento parafuso (N)


Arrancamento pafuso (N)

800 800

700 700

600 600

500 500

400 400

300 300

200 200

100 100

(a) (b)

50-35-15 60-30-10
1000 1000

900 900

Arrancamento parafuso (N)


Arrancamento parafuso (N)

800 800

700 700

600 600

500 500

400 400

300 300

200 200

100 100

(c) (d)
Fonte: Autora.

A análise de variância (ANOVA) para a variável arrancamento de parafuso


demonstrou o P-valor menor que 0,05 (Tabela 31), podendo afirmar que existe efeito de
tratamento (4 tratamentos). De acordo com o método Tukey a 5% de probabilidade
pode-se afirmar que a diferença significativa do valor médio experimental da densidade
dos Tratamentos 20-50-30/30-45-25 foi maior que o valor médio da densidade aparente
dos Tratamentos 50-35-15/60-30-10, as médias foram compartilhadas com
agrupamentos A/A/B/B.

Tabela 31: ANOVA de arrancamento de parafuso dos tratamentos.


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 3 2170175 723392 49,20 0,000*
Erro 36 529335 14704
Total corrigido 39 2699510
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.
102

5.3.1. Ensaios Térmicos: resistência térmica e condutividade térmica

Através dos ensaios térmicos foi possível avaliar as propriedades térmicas como
resistência e condutividade térmica. Barreto et al., (2016) refere-se a condução como
um processo de transferência de energia em partícula por partícula, uma partícula ao
receber energia aumenta seu estado de vibração e transfere essa energia às partículas
vizinhas. Quanto mais partículas, mais rápido ocorre essa transferência aumentando a
condutividade térmica.
A Tabela 32 apresenta valores médios de condutividade térmica dos 3 corpos de
prova de cada tratamento, com os dados de condutividade foi calculada a resistência
térmica dos materiais, utilizando a equação da Normativa Desempenho Térmico de
Edificações (02:135.07-001/2).

Tabela 32: Propriedades térmicas dos painéis.


Tratamento Condutividade (W/m.K) Resistência Térmica
20PP50CA30FC 0,129 0,078
30PP45CA25FC 0,130 0,071
50PP35CA15FC 0,141 0,071
60PP30CA10FC 0,151 0,066
Fonte: Autora.

De acordo com a densidade a transferência de calor ocorre mais rápido,


classificando os materiais como bons condutores, conforme os ensaios de densidade são
possíveis relacionar os dados apresentados na Tabela 16. Os tratamentos com maior
porcentagem de polipropileno (50PP35CA15FC e 60PP30CA10FC), que são mais
densos, obtiveram maior índice de condutividade entre 0,141 e 0,151 W/mK.
Cravo (2013) descreve os valores de condutividade térmica de materiais
orgânicos e inorgânicos que são comparados com o compósito elaborado neste trabalho
(Tabela 33). Além da condutividade térmica é apresentada a densidade dos painéis, pois
essa variável tem a relação direta com a condutividade.
103

Tabela 33: Condutividade térmica de diferentes materiais


MATERIAL CONDUTIVIDADE DENSIDAD FONTE
(W/m.K) E (Kg/m³)
Painel de Amendoim e 0,2971 500 Cravo (2013)
Fibra de Coco
Painel de Casca de 0,141 608,35
Arroz e Fibra de Coco
(50PP35CA15FC)
Painel de Caule de 0,085 150-450 Zhou et al. (2010)
Algodão
Painel de Casca de PanyaKaew e Fotios (2011)
Coco 0,057 250-350

Painel de Bagaço de 0,052 250-350 PanyaKaew e Fotios (2011)


Cana
Painel de Fibra de 0,0305 232-266 Tangjuank e Kumfu (2011)
Papiro
Fonte: Adaptado (CRAVO, 2013).

Apesar da pequena diferença entre os valores de condutividade, o tratamento de


20PP50CA30FC atingiu o valor de 0,129 W/mK, considerado o melhor material de
compósito para ser usado como isolante térmico. Todos os tratamentos foram
considerados como isolantes térmicos, de acordo com Wang (1988) a classificação
mínima para isolantes é de 0,25 W/mK, de condutividade térmica (Figura 49).
Conforme os resultados obtidos nesse ensaio o tratamento 20PP50CA30FC seria
o ideal para a confecção dos painéis que foram instalados no protótipo, porém conforme
a homogeneidade e aspecto visual do painel o tratamento 50PP35CA15FC foi o que
atingiu maior uniformidade, com valor de 0,141W/mK.
104

Figura 49: Gráfico Boxplot de Condutividade (W/m.K) com faixa de referência.

REFERÊNCIA DE CONDUTIVIDADE TÉRMICA

A.C.
Condutividade térmica (W/m.K)

0,25

0,20

B.C.
0,15

0,10

Bx.C.
0,05
20-50-30 30-45-25 50-35-15 60-30-10

Legenda: A.C.: Alta Condutividade; B.C.: Baixa Condutividade; Bx. C.: Baixíssima Condutividade
Fonte: Autora.
Com o objetivo de comparar a condutividade térmica com o material compósito
foi elaborado a Tabela 34, com referências da norma de Desempenho Térmico de
Edificações.

Tabela 34: Referências de condutividade térmica.


Material Condutividade Nível de Condutividade
Térmica (W/m.K) e Isolamento Térmico
Diamante 1000 Altíssima condutividade
Ouro 314 E
Alumínio 230 Baixíssimo Isolamento
Granito 3,00 Alta condutividade
Concreto Normal 1,75 E
Vidro comum 1,00 Baixo Isolamento
Placas de fibrocimento 0,95
Tijolo e telha de barro 0,70
Poliestileno 0,40 Baixa condutividade
Gesso cartonado 0,35 E
Madeiras (pinus e cedro) 0,23 Alto Isolamento
105

PVC 0,20
Compósito deste trabalho
(50PP35CA15FC) 0,141
Lã de rocha 0,045 Baixíssima condutividade
Lã de vidro 0,045 E
Espuma poliuretano 0,02 Altíssimo Isolamento
Fonte: Adaptado (Norma de Desempenho Térmico de Edificações (02:135.07-001/2; PUPO, 2017).

A análise de variância (ANOVA) para a variável de condutividade térmica


demonstrou o P-valor menor que 0,05 (Tabela 35), podendo afirmar que existe efeito de
tratamento (4 tratamentos). De acordo com o método Tukey a 5% de probabilidade
pode-se afirmar que a diferença significativa do valor médio experimental da
condutividade térmica dos Tratamentos 20-50-30/30-45-25 foi maior que o valor médio
dos Tratamentos 50-35-15/60-30-10, as médias foram compartilhadas com
agrupamentos A/AB/B/B.

Tabela 35: ANOVA de condutividade térmica dos tratamentos.


Fonte GL SQ QM Valor F P-valor
Tratamento 3 0,000995 0,000332 13,49 0,002*
Erro 8 0,000197 0,000025
Total corrigido 11 0,001192
*valor significativo a p<0,05.
Fonte: Autora.

5.4.1. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As imagens da microscopia eletrônica de varredura foram obtidas pelo


equipamento Marca HITACHI, modelo TM300. As medições de todas as amostras
foram feitas com ampliação de 50X e 100X, para visualização foi executado o
embutimento das amostras.
Foi necessário realizar o embutimento devido ao fato dos corpos de prova serem
cortados com serra circular convencional, os materiais polipropileno e casca de arroz
foram arrastados pelo movimento de corte, impossibilitando a visualização da casca de
arroz (Figura 50a).
106

Figura 50: a) MEV sem embutimento (50X); b) MEV com embutimento (50X).

(a) (b)
Fonte: Autora.

A figura 51 representa o tratamento de 20PP50CA30FC, nesse tratamento os


painéis foram produzidos com baixa concentração de polipropileno e maior em casca de
arroz. Na Figura 51a pode-se observar uma faixa inferior cinza (limite do corpo de
prova, esse material corresponde à resina epóxi do embutimento), e logo acima um
aglomerado de casca de arroz, representado pela seta, que corresponde aos 50% da
casca de arroz nesse painel.
Observa-se também, os espaços vazios formados nessa região, o que era
esperado desde o inicio do processo, pois esses vazios formam “colchões” de ar,
agregando qualidade para o atraso térmico.

Figura 51: a) Painel com 20-50-30 (50X); b) Painel com 20-50-30 (100X).

(a) (b)
Fonte: Autora.
107

,Figura 52: a) Painel com 30-45-25 (50X); b) Painel com 50-35-15 (100X).

(a) (b)
Fonte: Autora.

Na Figura 52a observa-se que existem alguns pontos claros dispersos sob o cinza
mais escuro (representando o polipropileno). De acordo com os dados da imagem
eletrônica (fornecidos na MEV) esses pontos são materiais inorgânicos presentes na
casca de arroz, como o silício e o carbono. Na figura 43b é possível observar a boa
aderência das fibras com o polipropileno.
A Figura 53 foi obtida com a amostra sem embutimento, por serem imagens
transversais quando submetidas ao uso da resina epóxi, a mesma penetra na camada
central do painel impossibilitando a imagem das fibras de coco. Observam-se
pontilhados brancos nas fibras, que representam a organização celular da fibra (não foi
degradada pelo processo de prensa e corte).

Figura 53: a) Painel com 50-35-15 (50X); b) Painel com 50-35-15 (100X).

(a) (b)
Fonte: Autora.
108

5.5 Índices de conforto térmico

Conforme os ensaios realizados foi selecionado o tratamento 50PP35CA15FC


para confecção dos painéis e instalados no protótipo de aviários. Os protótipos foram
nomeados em:
 Instalação 1 (I1): forro com painéis instalados;
 Instalação 2 (I2): sem painéis.
As análises foram feitas durante quatro horários: 8h, 12h, 14h e 16h; no período
de 18 dias (15 de Julho a 01 de Agosto de 2017), estação de inverno. A análise de
variância (ANOVA) para a variável dos índices de conforto térmico demonstrou o P-
valor menor que 0,05 em alguns horários (Tabela 36 e 37), podendo afirmar que existe
efeito de tratamento para o delineamento analise fatorial 2 x 4 (2 protótipos e 4
horários). Essa diferença pode-se observar pelo método Tukey a 5% de probabilidade
que as médias foram compartilhadas com agrupamentos AA/AB.

Tabela 36: Variáveis térmicas da Instalação 1.


Variáveis Temp. (°C) Tgn (°C) UR (%) ITU ITGU CTR
8h 15,48 a 15,62 a 69,88 a 59,35 a 60,39 a 394,53 a
12h 23,85 a 24,19 b 46,56 a 69,53 a 70,80 a 443,60 b
14h 25,65 a 26,06 b 41,27 a 71,20 a 72,15 b 454,86 b
16h 25,34 a 25,62 a 41,87 a 70,84 a 71,78 a 452,13 a
Médias seguidas das mesmas letras na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
significância.
Legenda: Temp.: Temperatura; Tgn: Temperatura de globo negro; UR: Umidade Relativa; ITU: Índice de
Temperatura e Umidade; ITGU: Índice de Temperatura de Globo Úmido; CTR: Carga Térmica Radiante;
Fonte: Autora.

Tabela 37: Variáveis térmicas da Instalação 2.


Variáveis Temp. (°C) Tgn (°C) UR (%) ITU ITGU CTR
8h 15,32 a 15,49 a 68,14 a 59,11 a 60,05 a 393,80 a
12h 26,34 a 27,57 a 41,83 a 72,05 a 73,13 a 464,28 a
14h 28,44 b 30,53 a 36,24 a 73,83 a 75,59 a 482,85 a
16h 26,48 a 27,18 a 38,43 a 71,79 a 73,08 a 461,71 a
Médias seguidas das mesmas letras na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
significância.
Legenda: Temp.: Temperatura; Tgn: Temperatura de globo negro; UR: Umidade Relativa; ITU: Índice de
Temperatura e Umidade; ITGU: Índice de Temperatura de Globo Úmido; CTR: Carga Térmica Radiante;
Fonte: Autora.
109

Conforme os resultados a I1 obteve melhor desempenho térmico, no horário das


8h as temperaturas foram próximas para as duas instalações dentro dos 15°C que
conforme Tinôco (2001) esse valor estaria no limite da faixa de termoneutralidade para
aves adultas, abaixo dessa temperatura as aves estariam em estresse por frio. A partir
das 12h ocorreu alteração de 2,49°C a mais na I2 e ás 16h houve diferença em 2,79°C,
essa diferença fez com que a I1 mantivesse dentro da faixa de termoneutralidade
proposto pelo mesmo autor, onde a temperatura limite é de 25°C, já a I2 estava acima
desse valor e as aves estariam estresse causado pelo calor. Cassuce et al. (2013) cita que
a faixa de conforto para as aves com três semanas de vida está em 22,5° e 23,2°C,
demostrando que apenas as aves submetidas ao horário das 12h na I1 estariam em
conforto. O mesmo ocorreu para a temperatura de globo negro, no horário das 8h as
temperaturas foram próximas para as duas instalações, porém nos horários das 12h, 14h
e 16h houve aumento de 3,38°C, 4,47°C e 1,56°C respectivamente para a I2. Eram
esperadas temperaturas mais altas nesses horários e foi possível avaliar que a instalação
com painel obteve menor índice de temperatura.
Considerando-se a faixa de conforto para umidade relativa do ar entre 49 a 65%,
40 a 70%, 50 a 70%, 60% de acordo com os autores (CELLA et al., 2001; ÍANGLIO et
al., 2007; TINÔCO, 2001; CASSUCE et al, 2013), a I1 atingiu a faixa de 41,87% a
69,88%, obtendo UR ideal nos quatro horários coletados. A I2 obteve-se dois horários
(8h e 12) dentro da faixa ideal de 68% e 41%, porém obtiveram-se níveis abaixo do
indicado entre 36,24% e 38,43% nos horários das 14h e 16h. A Figura 54 representa a
dispersão dos conjuntos de dados da umidade relativa do ar para as duas instalações.
Figura 54: Gráfico Boxplot de Umidade relativa.

Instalação 1 / Instalação 2
90

80
Umidade Relativa (UR) %

70

60

50

40

30

20
8h_I1 8h_I2 12h_I1 12h_I2 14h_I1 14h_I2 16h_I1 16h_I2

Fonte: Autora.
110

Utilizou-se o programa Orvalho para avaliar os índices de conforto ITU e ITGU.


Conforme os valores de ITU, a I1 atingiu média de 70/71, sendo assim as aves estariam
em situação de conforto considerando as aves acima de três semanas de vida, Azevedo
(2015) estipula valores <74,0 para condição de conforto. O mesmo ocorreu na I2 em
três horários coletados, porém o ITU para as 14h foi de 75,59% o que se refere à
situação de alerta conforme os limites de conforto térmico para as aves. A Figura 55
representa a dispersão dos conjuntos de dados do índice de temperatura e umidade para
as duas instalações.

Figura 55: Gráfico Boxplot de ITU com limite de conforto térmico para aves.

Instalação 1 / Instalação 2
Índice de temperatura e umidade (ITU)

80

75 >74 S.A.
<74 C.T.
70

65

60

55

50

45
8h_I1 8h_I2 12h_I1 12h_I2 14h_I1 14h_I2 16h_I1 16h_I2

Legenda: C.T.: Conforto Térmico; S.A.: Situação de alerta e perigo.


Fonte: Autora.

Para os índices de temperatura de globo úmido (ITGU) analisados pelo


programa Orvalho, a I1 encontra-se em situação de conforto em três horários coletados,
com valores entre 70,8 a 72,15 para aves com três semanas de vida. De acordo com
Oliveira et al. (2016) os índices são de 64,5 ≤ 72 para três semanas de vida, portanto o
horário das 8h estaria em condições de estresse pelo frio. Conforme os mesmo índices
proposto pelo autor acima a I2 encontra-se em situação de estresse pelo frio nos quatro
horários coletados; porém estaria em conforto para as aves na primeira semana de vida.
Ao analisar essas instalações para aves poedeiras com os índices de 78,5 a 81,6, as duas
instalações estariam em situação de estresse pelo frio. A Figura 56 representa a
111

dispersão dos conjuntos de dados do índice de temperatura de globo úmido para as duas
instalações.

Figura 56: Gráfico Boxplot de ITGU com limite de conforto térmico para aves e idade de vida.

Instalação 1 / Instalação 2
85

80

75
ITGU

70

65

60

8h_I1 8h_I2 12h_I1 12h_I2 14h_I1 14h_I2 16h_I1 16h_I2

Legenda: Aves poedeiras (78,5 a 81,6).


Aves 3 semanas de vidas (64,5 ≤ 72).
Aves 1 semana de vida (72,4 ≤ 80).
Fonte: Autora.

Quando a radiação solar atinge o telhado das instalações parte dessa radiação é
absorvida e transmitida para dentro do interior do protótipo. Ao atingir o forro essa
radiação é refletida, forma-se uma camada de ar entre o forro e a telha de fibrocimento
devido á baixa condutividade do painel instalado. Consequentemente a carga térmica
radiante (CTR) da I1 obteve menor valor em relação a I2, com diferença em média de
14,25 , infere-se que o forro tenha emitido menores quantidades de radiação,
levando a menor temperatura ambiente interna da I1, que está proporcional ao índice de
ITGU. De acordo com Rosa (1984) é recomendado uma faixa de CTR de até 498,3
, portanto as duas instalações estão dentro dos índices de CTR, na Figura 57 é
possível analisar a curva dos quatro horários para as duas instalações nos valores
obtidos de CTR.
112

Figura 57: Gráfico de CTR para as duas instalações.

Fonte: Autora.

5.5 1 Análises termográfica

As análises foram feitas durante três horários: 8h, 12h e 16h; no período de 04
dias (29 de Julho a 01 de Agosto de 2017), estação de inverno. A termografia
infravermelha, conforme Eddy et al. (2001) é baseada no princípio em que os corpos são
formados de matéria e emitem certa carga de radiação vermelha proporcional a sua
temperatura. A análise pela câmera termogravimétrica registrou temperaturas máximas
entre 41 a 43,6°C na instalação sem forro (I2), isso demostrou melhor desempenho
térmico na instalação com forro (I1) que registrou a máxima em 27,1 a 27,8° C,
indicando que o forro agiu como um isolante térmico.
As imagens selecionadas (Figuras 58, 59 e 60) foram coletadas no dia
01.08.2017, durante os três horários. Observa-se que no horário das 8h a I1 obteve
temperaturas médias em 16,9 a 22,7°C, a I2 obteve valores superiores em 2,5°C e no
horário das 16h a I2 atingiu a temperatura máxima de 40,3°C diferindo da I1 que atingiu
a máxima com 26,4°C.
113

Figura 58: a) Imagem termográfica da I1 (8h); b) Imagem real da I1 (8h); c) Imagem


termográfica da I2 (8h); d) Imagem real da I2 (8h).

(a) (b)

(c) (d)
Fonte: Autora.

Figura 59: a) Imagem termográfica da I1 (12h); b) Imagem real da I1 (12h); c) Imagem


termográfica da I2 (12h); bd) Imagem real da I2 (12h).

(a) (b)
114

(c) (d)
Fonte: Autora.

Figura 60: a) Imagem termográfica da I1 (16h); b) Imagem real da I1 (16h); c) Imagem


termográfica da I2 (16h); d) Imagem real da I2 (16h).

(a) (b)

(c) (d)
Fonte: Autora.

A Tabela 38 apresentam valores médios de temperatura e emissividade obtidos


através de delineamento inteiramente casualizado (DIC) com os quinze pontos
estipulados no forro das duas instalações, em três horários e durante 4 dias. A análise de
variância (ANOVA) para a variável dos índices de conforto térmico demonstrou o P-
valor menor que 0,05 em alguns horários, podendo afirmar que existe efeito de
115

tratamento, essa diferença pode-se observar pelo método Tukey a 5% de probabilidade


que as médias foram compartilhadas com agrupamentos AA/AB.

Tabela 38: Variáveis de temperatura e emissividade das Instalações 1 e 2.


Variáveis Temperatura (°C) Temp. Refletida (°C) Emissividade (ɛ)
Instalação 1
8h 17,65 a 19,0 a 0,977 a
12h 24,16 a 19,0 a 0,977 a
16h 26,16 b 19,0 a 0,977 a
Instalação 1
8h 22,75 a 19,0 a 0,977 a
12h 31,81 a 19,0 a 0,977 a
16h 34,41 a 19,0 a 0,977 a
Médias seguidas das mesmas letras na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
significância.
Fonte: Autora.

Observa-se que as médias foram mais brandas que as temperaturas máximas


atingidas, a I1 manteve-se entre 17,65 a 26,16°C enquanto a I2 chegou à temperatura
média de 34,4°C no horário das 16h. A Figura 61 representa a dispersão dos conjuntos
de dados de temperatura das Instalações 1 e 2.

Figura 61: Gráfico Boxplot de Temperatura (I1 e I2).

Instalação 1/ Instalação 2
40

35
Temperatura (°C)

30

25

20

15
8h_I1 8h_I2 12h_I1 12h_I2 16h_I1 16h_I2

Fonte: Autora.
116

A emissividade é relacionada com as fontes baixas de temperatura (ondas


longas), quando a superfície está exposta à radiação solar as propriedades desta
superfície são representadas pela absortividade; de acordo com Souza (2010) todo
material com temperatura acima de zero Kevin (zero absoluto) emite radiação
eletromagnética, essa emissão é denominada como emissividade (ɛ). Os índices de
emissividade (ɛ) foram iguais para as duas instalações com valores reais de 0,97 e 0,98,
definidos pela média em 0,977; o mesmo autor nomeia os valores na faixa de 0 < ɛ < 1,
que fornece uma medida na capacidade de emissão de energia dependendo da superfície e de
seu acabamento. São apresentados na Tabela 39 alguns valores típicos de emissividade e do
tratamento 50PP35CA15FC, utilizado neste ensaio.

Tabela 39: Valores típicos de emissividade para alguns materiais.


Tipo de superfície Emissividade (ɛ)
Alumínio – altamente polido 0,04
Água 0,96
Areia 0,90
Concreto 0,88 / 0,93
Vidro comum de janela 0,90 / 0,95
Placas de amianto 0,93 / 0,96
Placas de gesso 0,90 / 0,92
Concreto aparente 0,85 / 0,95
Telha de barro 0,85 / 0,95
Tijolo aparente 0,85 / 0,95
Reboco claro 0,85 / 0,95
Madeira 0,82 / 0,92
Painel 50PP35CA15FC 0,97 / 0,98
Vegetação 0,92 / 0,96
Fonte: Adaptado (SOUZA, 2010; http://www.labeee.ufsc.br).
117

6. CONCLUSÕES

Foram produzidos painéis com resíduos da agroindústria como a casca de arroz e


a fibra de coco, e utilizado para matriz polimérica o polipropileno, sendo quatro
tratamentos. Conforme os ensaios físicos-mecânicos e térmicos foi selecionado o
Tratamento 50PP35CA15FC para elaboração de painéis.
O desenvolvimento dos painéis em diferentes tratamentos permitiu observar o
comportamento de um polímero que geralmente, usado para processo de injeção e com
alto índice de fluidez, não se comportaria adequadamente em uma máquina de prensa,
mas com a distribuição do painel em camadas e a utilização da fibra in natura
possibilitaram esse processo.
A avaliação dos painéis produzidos foram por meio de ensaios de densidade,
inchamento e absorção de água (2h e 24h), flexão estática (MOR e MOE), arrancamento
de parafuso, microscopia eletrônica de varredura (MEV) e condutividade térmica,
conforme as normas NBR 14810 (2013) e ANSI A208. 1-2006. De acordo com a
análise estatística de delineamento inteiramente casualizado (DIC) e a análise de
variância ANOVA, (p<0,05) foi caracterizado o tratamento 50PP30CA20FC, por atingir
a densidade de 608,35kg/m³, que se classifica como média densidade de acordo com a
NBR 14810 (2013). A classificação mínima para materiais isolantes é de 0,25 W/mK,
nesse ensaio todos os tratamentos foram considerados como isolantes térmicos de baixa
condutividade, porém conforme a homogeneidade e aspecto visual do painel o
tratamento 50PP35CA15FC foi o que atingiu maior uniformidade, com valor de
0,141W/mK.
Foram instalados os painéis em um protótipo (localizado na UNESP, câmpus de
Tupã) e avaliado seu desempenho comparando com outro protótipo sem forro, coberto
em telha de fibrocimento. Para a análise dos índices de conforto ITU e ITGU utilizou-se
o programa Orvalho considerando as aves com três semanas de vida, obteve-se média
de 70 / 71 para o ITU, onde as aves estariam em situação de conforto nas duas
instalações. Para o ITGU somente a instalação 1 (com forro) encontrou-se em situação
de conforto nos horários das 12h, 14h e 16h, a instalação 2 (sem forro) registrou
situação de estresse pelo frio nos quatro horários coletados.
O resultado das imagens termográficas demostraram que as temperaturas foram
menores na instalação 1 com média de 22,65°C, temperatura dentro da faixa de
termoneutralidade para aves com três semanas de vida. A instalação 2 apontou
118

temperatura média de 29,65°C, provocando estresse por calor nas aves com três
semanas de vida. Observa-se que o forro agiu como um isolante térmico, mesmo que as
temperaturas registradas pelos dataloggers no período apontaram um ambiente
confortável para ambas as casas.
119

7. PERSPECTIVAS DE CONTINUIDADE

 Testar a vida útil (durabilidade) dos painéis em ambientes externos;


 Agregar materiais na camada interna, elaborando um painel termo-acústico;
 Analisar o uso com outros tipos animais e construções;
 Ensaios com outros tamanhos de fibras e diferentes proporções de polímeros,
para analisar a homogeneidade.
 Continuar com a pesquisa, no período de um ano, para coletar os dados de
ambiência térmica, relacionando com o desenvolvimento dos aviários e a
qualidade dos ovos.
120

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