TAU 30 ANOS: História Do Departamento de Tecnologia Do Design, Da Arquitetura e Do Urbanismo UFMG

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

T222

TAU 30 ANOS: História do Departamento de Tecnologia do


Design, da Arquitetura e do Urbanismo UFMG / Organização
Andréa Franco Pereira. – São Paulo: Pimenta Cultural, 2024.

Livro em PDF

ISBN 978-65-5939-949-9
DOI 10.31560/pimentacultural/2024.99499

1. Ensino Arquitetura e Urbanismo e Design. 3 História UFMG.


2. Tecnologia Arquitetura e Design. 3. História UFMG.
4. Pesquisa Arquitetura e Design. 5. História Depto TAU UFMG.
I. Pereira, Andréa Franco (Org.). II. Título.
CDD: 720

Índice para catálogo sistemático


I. Arquitetura e Urbanismo
Simone Sales – Bibliotecária – CRB: ES-000814/O
Copyright © Pimenta Cultural, alguns direitos reservados.

Copyright do texto © 2024 os autores e as autoras.

Copyright da edição © 2024 Pimenta Cultural.

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Editora executiva Patricia Bieging
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Instituto Federal de Santa Catarina, Brasil Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
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Instituto Federal de Alagoas, Brasil Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil Universidade do Vale do Itajaí, Brasil
Alaim Souza Neto Bruno Rafael Silva Nogueira Barbosa
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Alessandra Knoll Caio Cesar Portella Santos
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Instituto Municipal de Ensino Superior de São Manuel, Brasil
Alessandra Regina Müller Germani Carla Wanessa do Amaral Caffagni
Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil
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Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Brasil
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Universidade Federal do Pará, Brasil Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
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Universidade Federal da Paraíba, Brasil Universidade Federal do Rio Grande do Sul-Faced, Brasil
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Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Universidade Federal de Pelotas, Brasil
Andreza Regina Lopes da Silva Cláudia Samuel Kessler
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Angela Maria Farah Cristiana Barcelos da Silva.
Universidade de São Paulo, Brasil Universidade do Estado de Minas Gerais, Brasil
Anísio Batista Pereira Cristiane Silva Fontes
Universidade Federal de Uberlândia, Brasil Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
Antonio Edson Alves da Silva Daniela Susana Segre Guertzenstein
Universidade Estadual do Ceará, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil
Antonio Henrique Coutelo de Moraes Daniele Cristine Rodrigues
Universidade Federal de Rondonópolis, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil
Arthur Vianna Ferreira Dayse Centurion da Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil Universidade Anhanguera, Brasil
Dayse Sampaio Lopes Borges Humberto Costa
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Brasil Universidade Federal do Paraná, Brasil
Diego Pizarro Igor Alexandre Barcelos Graciano Borges
Instituto Federal de Brasília, Brasil Universidade de Brasília, Brasil
Dorama de Miranda Carvalho Inara Antunes Vieira Willerding
Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Edson da Silva Ivan Farias Barreto
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
Elena Maria Mallmann Jaziel Vasconcelos Dorneles
Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Universidade de Coimbra, Portugal
Eleonora das Neves Simões Jean Carlos Gonçalves
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil Universidade Federal do Paraná, Brasil
Eliane Silva Souza Jocimara Rodrigues de Sousa
Universidade do Estado da Bahia, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil
Elvira Rodrigues de Santana Joelson Alves Onofre
Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil
Éverly Pegoraro Jónata Ferreira de Moura
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Universidade São Francisco, Brasil
Fábio Santos de Andrade Jorge Eschriqui Vieira Pinto
Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil
Fabrícia Lopes Pinheiro Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Brasil Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
Felipe Henrique Monteiro Oliveira Juliana de Oliveira Vicentini
Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil
Fernando Vieira da Cruz Julierme Sebastião Morais Souza
Universidade Estadual de Campinas, Brasil Universidade Federal de Uberlândia, Brasil
Gabriella Eldereti Machado Junior César Ferreira de Castro
Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Universidade de Brasília, Brasil
Germano Ehlert Pollnow Katia Bruginski Mulik
Universidade Federal de Pelotas, Brasil Universidade de São Paulo, Brasil
Geymeesson Brito da Silva Laionel Vieira da Silva
Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Giovanna Ofretorio de Oliveira Martin Franchi Leonardo Pinheiro Mozdzenski
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
Handherson Leyltton Costa Damasceno Lucila Romano Tragtenberg
Universidade Federal da Bahia, Brasil Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
Hebert Elias Lobo Sosa Lucimara Rett
Universidad de Los Andes, Venezuela Universidade Metodista de São Paulo, Brasil
Helciclever Barros da Silva Sales Manoel Augusto Polastreli Barbosa
Instituto Nacional de Estudos Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Brasil Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho
Helena Azevedo Paulo de Almeida Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brasil
Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil Marcio Bernardino Sirino
Hendy Barbosa Santos Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Faculdade de Artes do Paraná, Brasil
Marcos Pereira dos Santos Samuel André Pompeo
Universidad Internacional Iberoamericana del Mexico, México Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil
Marcos Uzel Pereira da Silva Sebastião Silva Soares
Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade Federal do Tocantins, Brasil
Maria Aparecida da Silva Santandel Silmar José Spinardi Franchi
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Maria Cristina Giorgi Simone Alves de Carvalho
Centro Federal de Educação Tecnológica Universidade de São Paulo, Brasil
Celso Suckow da Fonseca, Brasil Simoni Urnau Bonfiglio
Maria Edith Maroca de Avelar Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil Stela Maris Vaucher Farias
Marina Bezerra da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Instituto Federal do Piauí, Brasil Tadeu João Ribeiro Baptista
Mauricio José de Souza Neto Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Universidade Federal da Bahia, Brasil Taiane Aparecida Ribeiro Nepomoceno
Michele Marcelo Silva Bortolai Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Brasil
Universidade de São Paulo, Brasil Taíza da Silva Gama
Mônica Tavares Orsini Universidade de São Paulo, Brasil
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Tania Micheline Miorando
Nara Oliveira Salles Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil Tarcísio Vanzin
Neli Maria Mengalli Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil Tascieli Feltrin
Patricia Bieging Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
Universidade de São Paulo, Brasil Tayson Ribeiro Teles
Patricia Flavia Mota Universidade Federal do Acre, Brasil
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil Thiago Barbosa Soares
Raul Inácio Busarello Universidade Federal do Tocantins, Brasil
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Thiago Camargo Iwamoto
Raymundo Carlos Machado Ferreira Filho Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Brasil
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil Thiago Medeiros Barros
Roberta Rodrigues Ponciano Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
Universidade Federal de Uberlândia, Brasil Tiago Mendes de Oliveira
Robson Teles Gomes Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Brasil
Universidade Católica de Pernambuco, Brasil Vanessa Elisabete Raue Rodrigues
Rodiney Marcelo Braga dos Santos Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil
Universidade Federal de Roraima, Brasil Vania Ribas Ulbricht
Rodrigo Amancio de Assis Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil Wellington Furtado Ramos
Rodrigo Sarruge Molina Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil
Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil Wellton da Silva de Fatima
Rogério Rauber Instituto Federal de Alagoas, Brasil
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil Yan Masetto Nicolai
Rosane de Fatima Antunes Obregon Universidade Federal de São Carlos, Brasil
Universidade Federal do Maranhão, Brasil
PARECERISTAS
E REVISORES(AS) POR PARES
Avaliadores e avaliadoras Ad-Hoc

Alessandra Figueiró Thornton Jacqueline de Castro Rimá


Universidade Luterana do Brasil, Brasil Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Alexandre João Appio Lucimar Romeu Fernandes
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil Instituto Politécnico de Bragança, Brasil
Bianka de Abreu Severo Marcos de Souza Machado
Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Universidade Federal da Bahia, Brasil
Carlos Eduardo Damian Leite Michele de Oliveira Sampaio
Universidade de São Paulo, Brasil Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
Catarina Prestes de Carvalho Pedro Augusto Paula do Carmo
Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, Brasil Universidade Paulista, Brasil
Elisiene Borges Leal Samara Castro da Silva
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade de Caxias do Sul, Brasil
Elizabete de Paula Pacheco Thais Karina Souza do Nascimento
Universidade Federal de Uberlândia, Brasil Instituto de Ciências das Artes, Brasil
Elton Simomukay Viviane Gil da Silva Oliveira
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil Universidade Federal do Amazonas, Brasil
Francisco Geová Goveia Silva Júnior Weyber Rodrigues de Souza
Universidade Potiguar, Brasil Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Brasil
Indiamaris Pereira William Roslindo Paranhos
Universidade do Vale do Itajaí, Brasil Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil

Parecer e revisão por pares

Os textos que compõem esta


obra foram submetidos para
avaliação do Conselho Editorial
da Pimenta Cultural, bem como
revisados por pares, sendo
indicados para a publicação.
SUMÁRIO
Apresentação............................................................................................ 10

PARTE I

HISTÓRICO DA FORMAÇÃO
DO DEPARTAMENTO TAU. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Constituição do Departamento TAU....................................................13

PARTE II

TECNOLOGIA, ARQUITETURA
E URBANISMO, DESIGN. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Res Et Talis.................................................................................................58
Victor Mourthé Valadares

O Design na Escola
de Arquitetura............................................................................................71
Andréa Franco Pereira

Especialização em Conforto Ambiental,


Eficiência Energética e Tecnologias
Construtivas Sustentáveis.....................................................................85
Marco Antônio Penido de Rezende
Cynara Fiedler Bremer
Leonardo de Oliveira Gomes

Destaques em Tecnologia no TAU....................................................100


PARTE III

RELATOS DE EXPERIÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126


Dez anos do Curso de Graduação em
Design na Disciplina Oficina Integrada........................................... 127
Érico Franco Mineiro

O Desenho Técnico no Curso de Design da UFMG..................... 143


Márcia Luiza França da Silva

Disciplina Oficina III no Curso de Design....................................... 160


Fernando José da Silva

Práticas de visualização e representação


na fase de concepção de produtos nas
disciplinas práticas do Curso de Design na UFMG..................... 177
Maria Luiza Dias Viana
Leonardo de Oliveira Gomes

Biônica e Biomimética
no Curso de Design da UFMG............................................................ 194
Cynara Fiedler Bremer
Fernando José da Silva

Tecnologia Ligno:
Design e inovação no uso de resíduos de madeira.............................................. 202
Glaucinei Rodrigues Corrêa

Uma Atuação Constante em Normalização:


O caso da Norma de Iluminação Natural............................................................. 209
Roberta Vieira Gonçalves de Souza

Núcleo de Pesquisa em Materiais Sustentáveis:


Fazenda Modelo da UFMG................................................................................ 220
Sofia Araújo Lima Bessa

Pessoas.................................................................................................... 228

Índice Remissivo.....................................................................................232
APRESENTAÇÃO
Com grande satisfação, gostaríamos de apresentar o Departa-
mento de Tecnologia do Design, da Arquitetura e do Urbanismo da UFMG.

Embasado no Estatuto da Universidade, mais precisamente


em seu artigo 38, parágrafo 2o, nosso Departamento tem a impor-
tante missão de reunir professores com objetivos comuns de ensino,
pesquisa e extensão, bem como garantir a oferta de atividades aca-
dêmicas curriculares. No entanto, nossa atuação transcende o mero
cumprimento desses objetivos, tornando-se um ambiente acolhedor
e estendendo-se para além das atividades profissionais, de forma
a abraçar e se tornar uma extensão de nossos próprios lares, tanto
para os alunos quanto para a comunidade em geral.

O livro que apresentamos está dividido em três partes sig-


nificativas. A primeira parte traz um relato detalhado do histórico de
formação do Departamento, destacando a evolução de nosso corpo
docente, corpo técnico-administrativo e de administração, bem como
as diversas áreas em que atuamos, seja no ensino, na pesquisa, na
extensão ou nos principais eventos promovidos ao longo dos anos.

Na segunda parte, convidamos você a refletir sobre a pala-


vra-chave que nomeia nosso Departamento: Tecnologia. Ao longo
dos anos, “nossos” cursos de Arquitetura e Urbanismo, e de Design,
têm sido agraciados com diversos prêmios e reconhecimentos, e
essa seção reúne de forma abrangente algumas dessas conquistas,
permitindo-nos apreciar a magnitude e o impacto que a tecnologia
exerce em nosso campo de atuação.

A terceira parte do livro é especialmente dedicada a com-


partilhar experiências vividas ao longo desses 30 anos de existên-
cia do Departamento. São relatos emocionantes, inspiradores e

SUMÁRIO 10
desafiadores que marcaram nossa trajetória, proporcionando uma
visão profunda e íntima de nosso compromisso com a excelência
acadêmica e o desenvolvimento humano.

Por fim, prestamos uma homenagem às pessoas que fizeram


parte dessa jornada e que contribuíram para que o Departamento
TAU se tornasse uma referência dentro e fora da Universidade. Reco-
nhecemos o esforço, a dedicação e o talento desses indivíduos, que
tornaram possível a construção de um ambiente de ensino, pesquisa,
extensão e administração de qualidade, pautado no respeito à diver-
sidade e à singularidade de cada pessoa.

É com imenso orgulho que compartilhamos nossa história,


contada por meio de diferentes perspectivas e olhares, com o obje-
tivo de inspirar e enriquecer aqueles que se conectam conosco.

Com carinho e respeito,

Cynara Fiedler Bremer

Junho de 2023

SUMÁRIO 11
Par t e

HISTÓRICO
I
DA FORMAÇÃO
DO DEPARTAMENTO
TAU
CONSTITUIÇÃO DO
DEPARTAMENTO TAU
O Departamento de Tecnologia do Design, da Arquite-
tura e do Urbanismo (Departamento TAU) compõe a estrutura
acadêmica da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de
Minas Gerais (EA-UFMG).

A história de sua criação teve início em 1991, a partir de dis-


cussões propostas pela Egrégia Congregação da EA-UFMG, visando
à reestruturação departamental da Unidade para melhor atender às
demandas advindas da mudança curricular do Curso de Graduação
em Arquitetura e Urbanismo, em andamento na ocasião.

Essas discussões se desenrolaram durante os anos de 1991


e 1992, a partir de relatórios elaborados pela Comissão de reforma
departamental, constituída para tal tarefa. Até aquele momento, a
EA-UFMG possuía quatro Departamentos: Análise Crítica e Histó-
rica da Arquitetura e do Urbanismo (ACR); Planejamento Arquite-
tônico (PLQ); Representação Gráfica e Expressão Arquitetônica
(REA) e Urbanismo (URB).

Na Ata da Congregação de 12 de agosto de 1991 consta o


relato sobre as propostas de reestruturação, sugerindo o estabeleci-
mento de três ou quatro departamentos. Após debates, a criação de
três departamentos havia sido aprovada com a supressão do Depar-
tamento de Urbanismo. Entretanto, a Ata da Congregação de 05 de
maio de 1992 traz em anexo o documento “Revisão e Adaptação do
Relatório Final”, elaborado pela Comissão de reforma departamen-
tal, contendo o histórico dos questionamentos subsequentes: houve
reivindicação para a manutenção do Departamento de Urbanismo,

SUMÁRIO 13
apresentada à Congregação no final de 1991; nova estrutura con-
tendo quatro departamentos foi então aprovada em reunião da Con-
gregação de 18/02/1992 e, em março de 1992, a Comissão apresen-
tara novo relatório contendo proposições quanto à realocação de
docentes e de disciplinas.

Sendo assim, ao final de 1992 e ao cabo das discussões, ficou


definida a estrutura departamental assumida até os dias atuais, con-
tendo quatro departamentos: Departamento de Análise Crítica e His-
tórica da Arquitetura e do Urbanismo (ACR); Departamento de Urba-
nismo (URB); Departamento de Projetos (PRJ) e Departamento de
Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo (TAU) – o termo “Design”
viera a ser absorvido em 2017, como será explicado mais à frente.

Não obstante, cabe destacar que, anteriormente nos anos


de 1980, conteúdos e disciplinas ligados à tecnologia da arquitetura
e do urbanismo vinham sendo trabalhados junto ao Departamento
ACR por um pequeno grupo de docentes1, que deu início à articu-
lação para a criação de um novo Departamento, necessário para a
nucleação do eixo de conhecimento sobre tecnologia na EA-UFMG
(Paiva, 2011). Desse movimento, nasceram os fundamentos nortea-
dores do Departamento TAU.

Assim, no dia 08 de março de 1993 foi realizada a pri-


meira Assembleia do Departamento TAU, estando à sua frente na
Chefia o professor José Eustáquio Machado de Paiva, nomeado
chefe pro tempore desde janeiro do mesmo ano. Na Ata dessa 1ª
Assembleia é possível verificar a composição do Departamento,
contando com oito professores, três arquitetos, atuando junto ao

1 Professores Alberto Alvim de Resende, Hélcio Salles Tito, Martim Francisco Coelho de Andrada,
Milton Carabetti e José Eustáquio Machado de Paiva (Paiva, 2011). Ainda, na Ata da 1ª Assembleia
do Departamento TAU, o professor José Eustáquio de Paiva descreve que a esse grupo juntou-se
a professora Eleonora Sad de Assis e que o mesmo vinha trabalhando na criação de um Departa-
mento voltado à tecnologia, desde a primeira gestão do professor Celso de Vasconcelos Pinheiro,
de 1982 a 1986.

SUMÁRIO 14
Centro de Experimentação, Treinamento e Prestação de Serviços
(CETEPS), e uma secretária:

→ Prof. Alberto Alvim de Resende;

→ Prof. Clifford Glenn Hodgson Dumbar;

→ Profa. Eleonora Sad de Assis;

→ Profa. Eliana Maria N. M. B de Oliveira;

→ Prof. Jacob Korman (falecido em fevereiro de 2023);

→ Prof. José Eustáquio Machado de Paiva;

→ Prof. Svend Erik Kierulff;

→ Prof. José Júlio de Sá Taboada;

→ Maria Josefina Lavalle Cruz (Arquiteta atuando no CETEPS);

→ Ricardo Orlandi França (Arquiteto atuando no CETEPS);

→ Sebastião de Oliveira Lopes (Arquiteto, professor substi-


tuto atuando no CETEPS);

→ Aparecida do Nascimento (Secretária).

Nessa Ata da 1ª Assembleia, ocasião em que todos puderam


se apresentar, também é possível observar o empenho do Departa-
mento no sentido de seu desenvolvimento, apresentando as inten-
ções e iniciativas para os próximos anos. Dentre estas, destaca-se a
solicitação de duas vagas de professores à Comissão Permanente de
Pessoal Docente (CPPD), uma para a área de “Conforto Ambiental” e
outra para a área de “Tecnologia e Planejamento Urbano e Ambien-
tal”, prevendo as aposentadorias que se anunciavam para 1994 e
1995 dos professores Jacob Korman, Svend Kierulff, José Taboada e,
posteriormente, Eliana Oliveira (em 1999).

SUMÁRIO 15
CORPO DOCENTE
Em 1995, face às aposentadorias ocorridas e antes da obten-
ção de novas vagas docentes, o Departamento TAU contava com
cinco professores (Departamento TAU, 2008, p. 28).

Sua recomposição teve início, primeiramente em 1996, com


a contratação dos professores Eduardo Cabaleiro Cortizo e Marco
Antônio Penido de Rezende e, posteriormente em 1997, com a con-
tratação dos professores Roberta Vieira Gonçalves de Souza e Vic-
tor Mourthé Valadares.

O processo de composição de seu quadro docente básico


ocorreu, pois, em 1997, momento em que o Departamento se depa-
rou com a necessidade de desenvolver um trabalho interno estra-
tégico, com vistas a firmar seus objetivos acadêmicos, suas linhas
de atuação, seu desempenho e metas. Tais ideias foram formaliza-
das em um planejamento estratégico, registrado no “Plano Pluria-
nual 1995-1998” e, novamente, no “Plano Plurianual 1999-2006” e no
“Plano Plurianual 2009-2013”.

Em 1999, houve a aposentadoria da professora Eliana Oli-


veira. Após esta perda, o quadro docente consolidado permaneceu
com a mesma composição até 2004, quando houve nova aposenta-
doria, a do professor Clifford Dumbar.

Dentre as primeiras ações desse grupo, destaca-se a inicia-


tiva para sua capacitação e titulação – em 1999 eram oito professores
no Departamento, contando com cinco mestres e três graduados.

A composição consolidada em 1999 consistiu dos


seguintes professores:

→ Prof. Alberto Alvim de Resende (Engenheiro Civil. Aposentou-se


em 2009);

SUMÁRIO 16
→ Prof. Clifford Glenn Hodgson Dumbar (Mestre em 2000.
Aposentou-se em 2004);

→ Profa. Eleonora Sad de Assis (Mestre em 1990. Doutora em 2000);

→ Prof. Eduardo Cabaleiro Cortizo (Mestre em 2004. Doutor em


2007. Aposentou-se em 2023);

→ Prof. José Eustáquio Machado de Paiva (Mestre em 1997. Doutor


em 2003. Aposentou-se em 2012);

→ Prof. Marco Antônio Penido de Rezende (Mestre em 1997. Doutor


em 2003);

→ Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza (Mestre em 1997. Dou-


tora em 2004);

→ Prof. Victor Mourthé Valadares (Mestre em 1997. Doutor em 2018).

Além do empenho para a titulação, desde 1993, os professo-


res do Departamento TAU se esforçaram para criação, manutenção e
renovação de seus programas de ensino, pesquisa e extensão, assim
como para familiarização com as exigências de sua nova estrutura
administrativa, face às adversidades enfrentadas. Nesse sentido,
puderam contar com a colaboração ativa de parceiros dentro e fora
da UFMG, organizações governamentais e não-governamentais, que
contribuíram para a necessária significação do Departamento TAU
na vida acadêmica institucional. Como relatado pelo professor José
Eustáquio M. de Paiva:
Esse período da consolidação do Departamento TAU,
entre 1993 e 1998, foi especialmente marcado pela neces-
sidade de ampliarmos as nossas condições de trabalho,
num momento institucionalmente conturbado na Escola
de Arquitetura, em que a validade da existência do Depar-
tamento de Tecnologia era questionada por alguns seto-
res da Escola e o nosso trabalho, muitas vezes, sendo
dificultado propositalmente. Naquele momento, ao
mesmo tempo em que ampliávamos os programas de

SUMÁRIO 17
trabalho, também enfrentávamos a dura tarefa de fazer
prevalecer o respeito, junto a alguns colegas docentes,
ao nosso direito de desenvolver o trabalho acadêmico na
Instituição (Paiva, 2011, p. 9).

Em 2006, portanto 10 anos após a primeira contratação


de docente, o Departamento TAU recebe mais duas vagas, pas-
sando a contar com nove docentes, a partir da contratação de
duas novas professoras:

→ Profa. Ana Cecília Nascimento Rocha Veiga (Mestre em 2005.


Doutora em 2012);

→ Profa. Andréa Franco Pereira (Doutora em 2001).

A partir de então, os anos seguintes foram de dedicação


não somente para o desenvolvimento das ações propostas ante-
riormente, mas, também, para implantação dos novos Cursos de
Graduação junto ao Programa de Apoio a Planos de Reestrutura-
ção e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Tal tarefa exi-
giu muito empenho do Departamento TAU, sobretudo, em relação
ao Curso de Graduação em Design – no qual o Departamento teve
expressiva participação –, além de outros novos Cursos em que o
Departamento viera a participar: Curso de Arquitetura e Urbanismo
noturno, Curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais
Móveis e Curso de Design de Moda (estes dois últimos sediados na
Escola de Belas Artes da UFMG).

A implantação desses novos cursos permitiu a ampliação do


corpo docente do Departamento TAU de maneira significativa entre
2009 e 2016, como descrito abaixo.

Em 2009, o Departamento contava com 14 docentes, a par-


tir da contratação de mais quatro professores e do acolhimento
à professora lotada na Universidade Federal do Amapá (UNI-
FAP), atuando na UFMG:

SUMÁRIO 18
→ Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa (Mestre em 2004. Doutor
em 2014);

→ Profa. Grace Cristina Roel Gutierrez (Mestre em 2004);

→ Profa. Márcia Luiza França da Silva (Mestre em 2008.


Doutora em 2017);

→ Prof. Paulo Gustavo von Krüger (Mestre em 2000. Doutor


em 2011).

→ Profa. Maria Luiza Almeida Cunha de Castro, UNIFAP


(Mestre em 2003. Doutora em 2009).

Em 2010, novas contratações de mais cinco professores per-


mitiram a ampliação do Departamento TAU.

→ Prof. Alexandre de Barros Teixeira (Mestre em 2008. Doutor em


2017. Aposentou-se em 2022);

→ Profa. Cynara Fiedler Bremer (Mestre em 1999. Doutora em


2007);

→ Prof. Fernando José da Silva (Mestre em 2003. Doutor em 2014);

→ Profa. Iraci Miranda Pereira (Mestre em 2004. Doutora em 2010.


Exonerou-se em 2022);

→ Profa. Maria Luiza Dias Viana (Mestre em 2006. Doutora


em 2022).

Descontando uma aposentadoria ocorrida em 2009 (prof.


Alberto de Resende), em 2010, o Departamento contava com 18
docentes. Já em 2012, eram 19 professores, em razão de uma nova
aposentadoria (prof. José Eustáquio de Paiva) e a contratação de
mais dois professores:

SUMÁRIO 19
→ Prof. Marcelo Silva Pinto (Mestre em 2011);

→ Profa. Rejane Magiag Loura (Mestre em 2006. Doutora em 2012).

Nos anos seguintes, foram feitas duas contratações em 2013


e uma a cada ano entre 2014 e 2016, na seguinte ordem:

→ Prof. Érico Franco Mineiro (Mestre em 2009. Doutor em 2016);

→ Profa. Laura de Souza Cota Carvalho Silva Pinto (Mestre em


2011. Doutora em 2016);

→ Prof. Edgar Vladimiro Mantilla Carrasco (Mestre em 1984.


Doutor em 1989);

→ Prof. Leonardo Geraldo de Oliveira Gomes (Mestre em 2013);

→ Profa. Sofia Araújo Lima Bessa (Mestre em 2008. Doutora


em 2011).

Deste modo, em 2017, o Departamento TAU contava com 24


professores. Mas, nesse mesmo ano, houve a permuta de uma pro-
fessora com o Departamento de Teoria e Gestão da Informação:

→ Profa. Renata Maria Abrantes Baracho Porto (Mestre em 1994.


Doutora em 2007) – em permuta com a professora Ana Cecília
Nascimento Rocha Veiga.

Diante desse novo cenário, e em razão de uma exonera-


ção (profa. Iraci Pereira), uma aposentadoria (prof. Alexandre Tei-
xeira), ocorridas em 2022, e uma aposentadoria ocorrida em 2023
(prof. Eduardo Cabaleiro), neste ano de 2023, o Departamento TAU
conta com 21 professores, sendo 18 doutores e três mestres, dentre
estes, dois são professores Titulares, nove são Associados, nove são
Adjuntos e um é Assistente, como listado abaixo:

SUMÁRIO 20
→ Profa. Andréa Franco Pereira (Titular);

→ Profa. Cynara Fiedler Bremer (Associada);

→ Prof. Edgar Vladimiro Mantilla Carrasco (Adjunto);

→ Profa. Eleonora Sad de Assis (Associada);

→ Prof. Érico Franco Mineiro (Adjunto);

→ Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa (Associado);

→ Profa. Grace Cristina Roel Gutierrez (Adjunta);

→ Prof. Fernando José da Silva (Associado);

→ Profa. Laura de Souza Cota Carvalho Silva Pinto (Adjunta);

→ Prof. Leonardo Geraldo de Oliveira Gomes (Assistente);

→ Profa. Márcia Luiza França da Silva (Adjunta);

→ Prof. Marcelo Silva Pinto (Adjunto);

→ Prof. Marco Antônio Penido de Rezende (Titular);

→ Profa. Maria Luiza Almeida Cunha de Castro (Associada);

→ Profa. Maria Luiza Dias Viana (Adjunta);

→ Prof. Paulo Gustavo von Krüger (Associado);

→ Profa. Rejane Magiag Loura (Associada);

→ Profa. Renata Maria Abrantes Baracho Porto (Associada);

→ Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza (Associada);

→ Profa. Sofia Araújo Lima Bessa (Adjunta);

→ Prof. Victor Mourthé Valadares (Adjunto).

SUMÁRIO 21
Em 2024, o Departamento TAU contará com mais seis docen-
tes, passando, assim, a 27 professores, sendo quatro destes contra-
tados a partir de concursos já realizados em 20232:

→ Profa. Camila Carvalho Ferreira (Adjunta) – exoneração profa.


Iraci Pereira;

→ Prof. Emerson Nunes Eller (Adjunto) – vaga para área do


Design Gráfico;

→ Prof. Matheus Tymburibá Elian (Adjunto) – aposentadoria


prof. Alexandre Teixeira;

→ Profa. Roberta Rech Mandelli (Adjunta) – vaga para área do


Design Gráfico.

CORPO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO
O Departamento TAU inicia seus trabalhos em 1993, con-
tando em seu quadro técnico-administrativo com o arquiteto Ricardo
Orlandi França, além de um professor substituto, Sebastião de Oli-
veira Lopes, e de uma professora convidada, Maria Josefina Lavalle
Cruz, que conduziam os trabalhos junto ao CETEPS. A partir de 2007,
o CETEPS seguiu suas atividades, sendo coordenado pelo arquiteto
Ricardo França até 2010, quando se aposentou.

O Departamento TAU também contava com uma secretária.


O cargo foi assumido por Aparecida do Nascimento desde o início
até março de 1995; em seguida, por Maria das Graças Carillho, entre

2 Edital n.º 351, publicado em 01/03/2023; Edital n.º 397, publicado em 03/03/2023 (contratados
dois candidatos para vagas obtidas uma em 2022 e uma em 2023); Edital n.º 936, publicado em
27/04/2023.

SUMÁRIO 22
julho de 1995 a março de 1998 e, de novembro de 1998 até os dias
atuais, vem sendo ocupado por Ana Maria Dias Moutinho da Silva.

A partir de 2014, tendo em vista a grande ampliação do


Departamento, passando de nove a 22 professores, e o aumento
da carga horária assumida, uma nova vaga foi disponibilizada para
a secretaria do Departamento TAU, tendo sido ocupada pelos
seguintes servidores:

→ Gracy Mary de Souza Costa, de 2014 a 2016;

→ Daisy Gloria Perissé Paravizo, de 2016 a 2017 (Aposentou-se


em 2017);

→ Fábio Gustavo da Silva Souza, de 2018 a 2019.

Entretanto, desde 2019, o Departamento TAU aguarda


nova disponibilidade de vaga para recomposição de seu quadro
técnico-administrativo.

ADMINISTRAÇÃO
Ao longo desses 30 anos, Chefias e Subchefias foram sendo
assumidas em revezamento pelos professores do Departamento
TAU na seguinte ordem:

■ De março a setembro de 1993: professores José Eustáquio


Machado de Paiva e Clifford Glenn H. Dumbar;

■ De setembro a dezembro de 1993: professor Clif-


ford Glenn H. Dumbar;

■ De dezembro de 1993 a 1995: professores Clifford Glenn H.


Dumbar e Alberto Alvim de Resende;

SUMÁRIO 23
■ 1995 a 1997: professores Clifford Glenn H. Dumbar e
Alberto Alvim de Resende;

■ 1998 a 2000: professores Clifford Glenn H. Dumbar e Roberta


Vieira Gonçalves de Souza (a professora renunciou em
10/08/1998 e reassumiu em 08/04/1999, tendo sido subs-
tituída pelo professor Marco Antônio Penido de Rezende
entre agosto de 1998 a fevereiro de 1999, quando da saída do
mesmo para seu doutoramento em 02/03/1999);

■ 2000 a 2002: professores Eduardo Cabaleiro Cortizo e Ele-


onora Saad de Assis;

■ 2002 a 2004: professores Eleonora Saad de Assis e Vic-


tor Mourthé Valadares;

■ 2004 a 2006: professores Marco Antônio Penido de Rezende


e Alberto Alvim de Resende;

■ 2006 a 2008: professores Marco Antônio Penido de Rezende


e Alberto Alvim de Resende;

■ 2008 a 2010: professores Eduardo Cabaleiro Cortizo e


Alberto Alvim de Resende;

■ 2010 a 2012: professores Paulo Gustavo von Krüger e


Cynara Fiedler Bremer;

■ 2012 a 2014: professoras Grace Cristina Roel Gutierrez e


Cynara Fiedler Bremer;

■ 2014 a 2016: professoras Roberta Vieira Gonçalves de Souza


e Maria Luiza Dias Viana;

■ 2016 a 2018: professoras Andréa Franco Pereira e Roberta


Vieira Gonçalves de Souza;

SUMÁRIO 24
■ 2018 a 2021 (COVID19): professoras Cynara Fiedler Bremer e
Andréa Franco Pereira;

■ 2021 a 2023: professoras Sofia Araújo Lima Bessa e Grace


Cristina Roel Gutierrez;

■ 2023 a atual (até 2025): professoras Maria Luiza Dias Viana e


Sofia Araújo Lima Bessa.

Os docentes do Departamento TAU também se fizeram


representar em alguns órgãos internos à UFMG, seja na Escola de
Arquitetura, seja em setores ligados à Reitoria:

DIRETORIA DA EA-UFMG

→ Prof. José Eustáquio Machado de Paiva, Diretor (pro tempore)


entre 2007 e 2008 e Vice-Diretor entre 2008 e 2012;

→ Prof. Paulo Gustavo von Krüger, Vice-Diretor entre 2012 e 2016.

COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE DESIGN

→ Profa. Andréa Franco Pereira, entre 2008 e 2010 (pro tempore);

→ Prof. Fernando José da Silva, entre 2010 e 2011 (pro tempore);

→ Prof. Alexandre de Barros Teixeira, entre 2011 a 2015;

→ Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa, entre 2015 e 2017;

→ Prof. Érico Franco Mineiro, entre 2018 e 2020;

→ Profa. Laura de Souza Cota Carvalho Silva Pinto, desde 2020


a atual (até 2025).

COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

→ Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza, entre 2005 e 2006;

SUMÁRIO 25
→ Profa. Rejane Magiag Loura, desde 2020 a atual (até 2025).

COORDENAÇÃO DO COLEGIADO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM AMBIENTE


CONSTRUÍDO E PATRIMÔNIO SUSTENTÁVEL

→ Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza, entre 2010 e 2012.

DIRETORIA DE APOIO À GESTÃO DA EXTENSÃO DA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

→ Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa, desde 2019 a atual.

REPRESENTAÇÃO JUNTO À COMISSÃO PERMANENTE DE PESSOAL DOCENTE (CPPD)

→ Prof. Victor Mourthé Valadares, entre 2003 e 2006;

→ Profa. Andréa Franco Pereira, entre 2007 e 2010;

→ Profa. Márcia Luiza França da Silva, entre 2013 e 2016 (suplente).

REPRESENTAÇÃO JUNTO AO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO (CEPE)

→ Prof. Marco Antônio Penido de Rezende, entre 2004 e 2009;

→ Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza, entre 2006 e 2008


(suplente).

ÁREAS DE ATUAÇÃO
Desde sua criação, o Departamento TAU vem buscando apri-
moramento, baseado em contínua avaliação de suas diversas ativi-
dades, por meio de relatórios acadêmicos, questionários de avalia-
ção discente e seminários internos. No âmbito dessa avaliação, a
partir dos resultados obtidos, bem como da reflexão conjunta e do

SUMÁRIO 26
debate sobre a formação em tecnologia no contexto da arquitetura,
do urbanismo e do design, almeja-se contribuir para uma melhor
formação profissional, tendo como princípio a capacitação de seus
docentes, a atualização dos conteúdos de disciplinas, de planos de
trabalho e da integração interdisciplinar.

Nesse sentido, discussões são mantidas com vistas a deli-


near e estruturar as atividades abrangidas pelo Departamento TAU,
incorporando novos assuntos mais aderentes às dinâmicas de
mudança da sociedade.

Diante disto, as áreas acadêmicas nas quais o Departamento


vem atuando são assim definidas:

1. Fundamentos da Tecnologia do Design, da Arqui-


tetura e do Urbanismo;

2. Tecnologia da Construção;

3. Conforto Ambiental e Eficiência Energética no


Ambiente Construído;

4. Métodos de Produção e Avaliação em Design,


Arquitetura e Urbanismo;

5. Técnicas Históricas, Vernaculares e Retrospectivas;

6. Design do Produto e Design para a Construção.

SUMÁRIO 27
FUNDAMENTOS
DA TECNOLOGIA DO DESIGN,
DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
Trata-se da linha fundamentadora do processo de constitui-
ção do conhecimento da área de Tecnologia do Design, da Arquitetura
e do Urbanismo. Nesse sentido, busca-se abordar o estudo dos con-
ceitos, princípios e métodos que embasam e orientam a produção
arquitetônica, urbanística e do design, ligados aos paradigmas da
ciência e da tecnologia, considerando, também, as necessidades e
condições de interação com outras áreas do conhecimento, relativas
à prática e à produção, envolvendo os seguintes aspectos:

a. epistemológicos: com vistas ao desenvolvimento de uma


visão crítica e interativa do espectro teórico, ideológico, nor-
mativo, técnico e organizacional, em termos da complexi-
dade do processo de produção no design de produtos (bens
de consumo e produtos para a construção civil), na arqui-
tetura e no urbanismo;

b. metodológicos: envolvendo as questões processuais do


desenvolvimento e da produção dos produtos industriais e
dos equipamentos arquitetônicos e urbanísticos;

c. praxeológicos: tratando da fenomenologia do design, da


arquitetura e do urbanismo, seus aspectos fundamentadores
e as ações decorrentes de seu planejamento e gestão.

Subsidiando essas reflexões, o conceito de técnica é enten-


dido como a maneira de se executar determinada tarefa e o de tec-
nologia é entendido como o estudo científico das técnicas com o
objetivo de desenvolvimento das forças produtivas. A “tecnologia

SUMÁRIO 28
da construção” ou “tecnologia da arquitetura”3 e, igualmente, a “tec-
nologia do design” pode ser definida como o estudo científico dos
métodos e técnicas para a organização, em larga escala, dos proces-
sos de modificação e transformação da matéria-prima, da energia,
do ambiente natural (habitat), na construção de uma outra natureza,
capaz de modificar as próprias condições de existência dos grupos
humanos (Vittoria, 1973; Ciribini, 1978; Talanti 1980 apud Vianna, 1990).

TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO
Nesse enfoque específico da tecnologia, tem-se por finali-
dade o estudo da tecnologia de construção em Arquitetura e Urba-
nismo, abrangendo desde as técnicas artesanais até as industriais,
bem como o conhecimento das características dos materiais de
construção e sua aplicabilidade. Também estão aí incluídas as rela-
ções do espaço construído com o meio ambiente. Em linhas gerais,
esta área de atuação trata:

a. das características físicas, químicas e mecânicas dos mate-


riais de construção; de sua produção (nos aspectos de
dimensionamento, coordenação de subsistemas e raciona-
lização construtiva) e de sua aplicabilidade em função de
parâmetros técnicos, de desempenho ambiental e compor-
tamental, funcionais e simbólicos;

b. dos sistemas construtivos e dos processos de execução


nas escalas do urbano e do edifício; das Normas Técni-
cas e controle de qualidade; dos impactos na organiza-
ção do ambiente humano;

3 Há alguma polêmica em torno da relação de similaridade entre arquitetura e construção. Adota-se


a visão de Lúcio Costa (1962 apud Rezende, 1998), para quem a arquitetura é construção com
intenção estética.

SUMÁRIO 29
c. da interface tecnológica na concepção e estrutura-
ção do espaço, e na execução do projeto de arqui-
tetura e de urbanismo;

d. da consideração dos princípios do desenvolvimento sus-


tentável, desde o projeto até à execução da arquitetura e do
urbanismo, bem como das relações com a sociedade e de
suas formas de participação.

CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA


ENERGÉTICA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO
O termo conforto é definido como sensação de bem-es-
tar físico, emocional ou material. A expressão Conforto Ambiental
pode ser entendida como o bem-estar relacionado com as con-
dições do ambiente em que o ser humano vive, seja interno ou
externo às edificações.

Nessa perspectiva, o Conforto Ambiental é um campo disci-


plinar da arquitetura e do urbanismo que trata do desenvolvimento
de tecnologias para planejamento e projeto, de modo a assegurar
aos assentamentos humanos as condições de conforto que satis-
façam o bem-estar de seus usuários. Preocupa-se com o condicio-
namento do ambiente edificado, buscando atender às necessidades
fisiológicas e psicológicas do bem-estar das pessoas (Souza, 1996),
que são expressos pela satisfação em relação às condições térmicas,
luminosas e acústicas do ambiente.

No que se refere à Eficiência Energética, esta é definida


como a capacidade de se obter maior rendimento energético com o
mínimo de desperdício de energia para o desenvolvimento de deter-
minada atividade ou função. Em arquitetura e urbanismo, a Eficiência

SUMÁRIO 30
Energética está relacionada ao desempenho dos edifícios e do meio
urbano. Considerando-se que o impacto das decisões arquitetôni-
cas sobre o consumo de energia elétrica seja relevante. Diante disto,
o desenvolvimento de projetos energeticamente eficientes pode
representar uma diminuição substancial de consumo dessa energia
e, consequentemente, colaborar para com a sustentabilidade nos
edifícios e na cidade.

Sendo assim, nesta área disciplinar, estudam-se as condi-


ções necessárias à habitabilidade dos ambientes, abrangendo ques-
tões relativas à adequação higrotérmica, acústica, luminosa-visual e
antropodinâmica do ambiente construído. Igualmente, numa escala
mais ampla, investigam-se as relações com o meio físico natural,
frente às demandas culturais e aos impactos, por exemplo, sobre o
uso eficiente de energia no ambiente construído. Na perspectiva de
um delineamento teórico do conforto, proposta por Kolcaba e Wil-
son (2002), o conforto ambiental é um dentre os quatro contextos
componentes da matriz taxonômica da estrutura de conforto, que
inclui, além deste, o conforto físico, o conforto psicoespiritual e o con-
forto sociocultural. No que se refere ao ambiente construído, trata-se:

a. do controle da qualidade desse ambiente nos aspectos de


pureza do ar, conforto higrotérmico, acústico, luminoso-vi-
sual, antropodinâmico e de adaptação ao uso;

b. da análise dos aspectos qualiquantitativos relativos às


necessidades humanas, aos condicionantes físico-ambien-
tais, aos condicionantes do programa arquitetônico e de
desenho urbano e ao desempenho dos materiais e com-
ponentes construtivos;

c. do condicionamento do ambiente construído, naturalmente


e/ou artificialmente, por meio do arranjo espacial e do uso de
elementos e/ou sistemas construtivos e equipamentos ade-
quados e bem dimensionados;

SUMÁRIO 31
d. da racionalização do uso de energia operante e de equipa-
mentos, em relação à demanda e à operação.

MÉTODOS DE PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO


EM DESIGN, ARQUITETURA E URBANISMO
Nesta área, busca-se o entendimento quanto aos méto-
dos de produção e de avaliação, tanto dos produtos e do ambiente
construído quanto dos fatores humanos, que fundamentam a tomada
de decisão em projetos. Nesse sentido, são levados em conta aspec-
tos ambientais e de sustentabilidade ligados aos processos de fabri-
cação dos produtos, ao planejamento e gerenciamento do empre-
endimento arquitetônico e urbanístico, à viabilidade e aos custos de
produção, bem como dos aspectos legais concernentes à atividade
profissional. Também, são considerados aspectos que envolvem o
comportamento dos usuários, a análise ergonômica, sensorial, de
usabilidade dos produtos e de pós-ocupação dos edifícios.

Especificamente, são abortadas questões ligadas:

a. às tecnologias para o tratamento de realidades socioeco-


nômicas diversas: estudo de fundamentos socioambientais
como subsídio ao design e projeto de arquitetura e urba-
nismo; avaliação do desempenho técnico, funcional, eco-
nômico e social, com vistas a atender às necessidades dos
usuários, por meio de métodos de análise de seu comporta-
mento, análise ergonômica do produto e análise de pós-o-
cupação dos edifícios;

b. às metodologias do processo de desenvolvimento do produto,


incluindo a definição de necessidades e objetivos, técnicas
de coleta e de tratamento de dados, geração e avaliação de

SUMÁRIO 32
alternativas, configuração de solução, prescrições de projeto,
detalhamento e comunicação de resultados;

c. à sistematização de condicionantes de anteprojeto; análise de


viabilidade social, técnica, econômico-financeira e mercado-
lógica na concepção do projeto de arquitetura e urbanismo;
especificações técnico-construtivas, de orçamento e plane-
jamento de execução; programação e controle de produção;
gerenciamento do planejamento de empreendimentos;

d. às ferramentas de inserção tecnológica no ato projetual, com


vistas à sustentabilidade, envolvendo metodologias e softwa-
res de gestão, simulação, elaboração, criação, orçamento e
representação dos produtos e do ambiente construído;

e. aos direitos e obrigações do exercício profissional; procedi-


mentos para o trabalho e a integração com áreas comple-
mentares; perícias e avaliações técnicas e judiciais; organiza-
ção e formação de empresas e empreendimentos.

TÉCNICAS HISTÓRICAS,
VERNACULARES E RETROSPECTIVAS
Esta área concentra-se no estudo das técnicas de produção
do ambiente construído, tanto do ponto de vista de sua historicidade
quanto de suas relações com a cultura e a conservação do patrimô-
nio. Busca-se a pesquisa e conhecimento da história das técnicas,
permitindo a adoção de soluções mais adequadas para sua preser-
vação. Esta abordagem favorece a articulação entre o conhecimento
das técnicas vernaculares de produção da arquitetura e a ideia de
conservação das construções e dos objetos humanos. Em linhas
gerais, trata-se de investigar:

SUMÁRIO 33
a. Técnicas Retrospectivas, ou seja, técnicas de conservação e
preservação do ambiente construído;

b. História das Técnicas e da Tecnologia;

c. Técnicas Vernaculares;

d. Técnicas de produção do ambiente construído enquanto


patrimônio imaterial e sua preservação.

DESIGN DO PRODUTO
E DESIGN PARA A CONSTRUÇÃO
A área do Design, assim como a Arquitetura e o Urbanismo, é
classificada na categoria de “Ciências Sociais Aplicadas”. Esta classi-
ficação é pertinente, tendo em vista que o design trata do desenvol-
vimento de objetos e de sistemas visuais, que interferem diretamente
no cotidiano das pessoas. Para tanto, os profissionais desta área,
além da formação técnica voltada à transformação e manipulação
de matérias-primas, à fabricação industrial e à viabilidade econômica
da produção, necessitam de conhecimentos relativos aos aspectos
estéticos, referenciados nas especificidades culturais e sociais dos
usuários, aspectos esses que, inevitavelmente, são incorporados e
veiculados pelos produtos industrializados.

Design é uma atividade projetual que requer conhecimentos


sobre processos de transformação de matérias-primas, qualidade,
mercado, comunicação visual, logística, usabilidade e ergonomia,
permitindo que os produtos desempenhem funções de uso (facili-
dade/dificuldade de uso, conforto físico, adequação do uso à forma,
qualidade dos componentes e performance de funcionamento) e de
estima (fatores simbólicos relativos ao desejo de possuir o objeto
e ao prazer em usá-lo, fatores psicológicos relativos à percepção

SUMÁRIO 34
individual dos produtos, fatores ideológicos e morais relativos a valo-
res culturais, regionais, ecológicos etc.), além de agregarem valor
como mercadoria. Trata-se, portanto, de uma atividade de caráter
inter e multidisciplinar, que requer a interação de vários profissionais
e o estabelecimento de equipes de projeto que, dependendo da área
de atuação, tendem a se constituir em função de suas afinidades
disciplinares e ideológicas.

Esta definição, cuja elaboração contou com grande parti-


cipação do Departamento TAU, foi aquela dada à área no Projeto
Pedagógico do Curso de Design da UFMG, aprovado em 2008.

A partir desse conceito, no Departamento TAU, o design vem


sendo estudado em dois campos de atuação: Design do Produto e
Design para a Construção.

No Design do Produto, trata-se da concepção e desenvol-


vimento de produtos variados, que buscam atender às diversas
necessidades dos usuários. Nesse sentido, são requeridos conheci-
mentos relativos aos procedimentos de projeto e de fabricação dos
produtos, bem como aos métodos de análise que permitem a ade-
quação ergonômica, cognitiva, semiológica, simbólica e cultural do
produto aos seus usuários.

No conceito de produto, compreendem-se os objetos oriun-


dos de processos industriais e semi-industriais, em especial, de bens
voltados ao mercado de consumo.

No conceito de usuário, podem estar incluídos tanto os usu-


ários diretos quanto aqueles envolvidos no ciclo de vida do produto:
o consumidor final, mas, também, os responsáveis pela fabricação
e montagem, pelas vendas, manutenção e pós-uso do produto
(reciclagem ou descarte).

Fundamentalmente, o design do produto busca compreen-


der e identificar as necessidades dos diversos usuários, bem como

SUMÁRIO 35
dos clientes que contratam os serviços, objetivando atendê-las a
partir de uma abordagem cada vez mais ampla. Nessa perspectiva,
a aplicação de métodos e técnicas específicas visa à adequação das
soluções, guiando-se pela análise das seguintes questões:

a. inovação e construção do conceito do produto a partir da


identificação e análise de valores simbólicos relacionados à
compreensão das necessidades dos usuários, das referên-
cias formais e iconológicas, com vistas à criação de novos
atributos de valor aos produtos, de modo que estes possam
desempenhar funções de uso e funções de estima mais ade-
rentes às necessidades dos usuários;

b. discussão sobre os parâmetros, limitações e capacidades


humanas nas relações usuário-objeto a partir de conceitos,
objetivos e análise em antropometria e ergonomia, e da per-
cepção acerca das dificuldades enfrentadas pelas pessoas
na interface com objetos e espaços físicos;

c. discussão sobre os impactos ambientais no planejamento de


estratégias de desenvolvimento sustentável, visando à apli-
cação de ferramentas e métodos de Ecodesign e de Design
para a Sustentabilidade;

d. estudos teóricos dos modelos e meios gerados pelo design,


ligados à indústria cultural e de consumo;

e. conhecimento da ciência dos materiais, suas propriedades


e características, bem como os processos de obtenção, de
produção e de conformação das matérias-primas.

No Design para a Construção, busca-se o reconhecimento da


interligação entre as abordagens da Arquitetura e do Design. Não se
trata meramente do retorno à ideia proposta pela Bauhaus, na década
de 1910, que entendia o Design como desdobramento da Arquitetura.
Ao contrário, admite-se um campo de atuação específico, que requer

SUMÁRIO 36
uma visão contemporânea interdisciplinar e a aplicação de recursos
metodológicos adequados a uma intervenção, necessariamente sis-
têmica, em relação à concepção de sistemas de produtos, sistemas
visuais, espaços e equipamentos públicos e, também, a sinalética
urbana e a museográfica. Em linhas gerais, busca-se:

a. visão integrada pressupondo que edifícios, cidades, sinais


e objetos se intercedem e interagem fazendo parte de um
todo que, em última análise, se compõe como corpo, pele,
órgãos de um mesmo indivíduo: ora esse corpo necessita de
objetos individuais, ora necessita de objetos coletivos para
sociabilizar-se, ora necessita da integração de ambos, ora
nem sequer há sua necessidade;

b. discussão sobre a interferência do espaço urbano, seus obje-


tos e imagens, na vida cotidiana, além de uma reflexão sobre
questões atuais como o design para acessibilidade, a que-
bra das barreiras arquitetônicas, a interferência de ambien-
tes materiais e imateriais, a dicotomia entre os espaços/
construções permanentes e aqueles efêmeros, definidos não
apenas pelo aspecto provisório, facilidade de montagem e
mobilidade do material (como construções transitórias usa-
das em eventos específicos, culturais e de lazer, utilizadas em
ocasiões de emergência etc.), mas, também, pela interferên-
cia de realidades virtuais, o uso de imagens e sons;

c. interação entre construção, concepção de espaços, ser-


viços, produtos, comunicação visual e sons, tornando-se
uma consequência das atuais características da sociedade;
busca pela inclusão, ao mesmo tempo, garantindo o acesso
e preservando os direitos individuais básicos; consideração
da necessidade de projetos que atendam a faixas cada vez
mais amplas da população, a partir da visão de que não exis-
tem pessoas “normais”, isto é, todos possuem graus distin-
tos de limitação, o que inclui crianças, idosos, pessoas com

SUMÁRIO 37
necessidades especiais e, também, aqueles em ambientes
culturalmente estranhos como, por exemplo, os estrangeiros;

d. produção de equipamentos e espaços que possibilitem um


real acesso do indivíduo ao convívio social representando
um efetivo apoio à inclusão, não somente econômica, mas
cultural e, em última análise, espacial; necessidade de uma
prática projetual abrangente, integrada, compreendendo
áreas limítrofes do conhecimento como arquitetura, design
de produtos, sistemas de programação visual e soluções
técnicas de engenharia.

Além dos campos de atuação em Design do Produto e em


Design para a Construção, o Departamento TAU pretende, muito em
breve, ampliar sua atuação também para o campo do Design Gráfico
a partir da contratação de docentes efetivos para esta área.

ENSINO NA GRADUAÇÃO
Na graduação, o Departamento TAU tem ofertado discipli-
nas para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo (diurno e noturno)
e o Curso de Design, junto à Escola de Arquitetura; para o Curso
de Design de Moda e o Curso de Conservação e Restauração de
Bens Culturais Móveis, junto à Escola de Belas Artes; para o Curso
de Engenharia Civil e o Curso de Engenharia Ambiental, junto à
Escola de Engenharia.

Além disto, vem participando ativamente, nos últimos 30


anos, de programas de ensino, envolvendo o Programa Especial de
Graduação (PEG), o Programa de Monitoria de Graduação (PMG)
e o Programa Especial de Bolsas Acadêmicas para Estudantes dos
Cursos Noturnos (PRONOTURNO).

SUMÁRIO 38
ENSINO NA PÓS-GRADUAÇÃO
Com a evolução da titulação dos docentes em nível de dou-
torado, a participação do Departamento TAU em Programas de
Pós-graduação vem sendo ampliada de maneira significativa.

Inicialmente, os professores do Departamento estiveram


envolvidos e foram credenciados junto ao Programa de Pós-gradu-
ação em Engenharia Nuclear (Escola de Engenharia), ao Programa
de Pós-graduação em Geografia (Instituto de Geociências) e ao
Programa de Pós-graduação em História (Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas), mas, sobretudo, junto ao Programa de Pós-
-graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável (PP-
-ACPS, EA-UFMG), no qual o Departamento TAU exerceu papel
essencial, atuando de maneira expressiva para sua fundação.

Implantado em 2007, o PP-ACPS foi aprovado nas instân-


cias acadêmicas da Universidade e é recomendado pela CAPES.
Trata-se de um programa multidisciplinar de Pós-graduação que
envolve 13 departamentos da UFMG. Sua área de concentração é
“Bens Culturais, Tecnologia e Território”, que é desenvolvida em três
linhas de pesquisa: “Conservação de Bens Culturais”, “Gestão do
Patrimônio no Ambiente Construído”, e “Tecnologia do Ambiente
Construído”. Esta última composta fundamentalmente por docentes
do Departamento TAU.

Junto ao PP-ACPS, o Departamento pôde conduzir proje-


tos de monitoria de Pós- graduação. Além disso, é responsável pela
oferta do Curso de Especialização em “Conforto Ambiental, Eficiên-
cia Energética e Tecnologias Construtivas Sustentáveis”, que busca
formar especialistas para atuar em sustentabilidade em todas as
dimensões do Ambiente Construído (detalhado adiante na Parte II).

SUMÁRIO 39
Ainda na UFMG, mais recentemente, alguns de seus docen-
tes vêm atuando junto ao Programa de Pós-graduação em Engenha-
ria de Estruturas e ao Programa de Pós-graduação em Engenharia
de Materiais de Construção (ambos na Escola de Engenharia), ao
Programa de Mestrado Profissional em Inovação Tecnológica e Pro-
priedade Intelectual (Instituto de Ciências Biológicas) e ao Programa
de Mestrado Profissional em Educação e Docência (o Promestre da
Faculdade de Educação). Além desses, há também a participação
junto ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia da
Madeira da Universidade Federal de Lavras.

Cabe ressaltar que, anteriormente, professores do Depar-


tamento TAU também haviam atuado na UFMG junto a Cur-
sos de Pós-graduação em Engenharia de Estruturas e em Enge-
nharia Mecânica, no Curso de Mestrado em Arquitetura da
EA-UFMG, bem como junto ao Curso de Especialização em Urba-
nismo, ao Curso de Especialização em Revitalização Urbana e Arqui-
tetônica e ao Curso de Especialização em Construção Civil.

ATIVIDADES DE
PESQUISA E LABORATÓRIOS
No que se refere às atividades de pesquisa, variadas fren-
tes de atuação dos docentes do Departamento TAU redundaram
em projetos, cuja solidez, conteúdo e resultados foram objeto de
destaque, desdobrando-se em diversas publicações científicas, pre-
miações e registros de Desenho Industrial e de patentes junto ao
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Além disto, tais
projetos vêm sendo legitimados pelo contínuo apoio de agências de
fomento nacionais e, até mesmo, internacionais, tais como o Conse-
lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

SUMÁRIO 40
a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a Funda-
ção de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG),
o Fundo de Mobilidade Santander, o Deutscher Akademischer Aus-
tauschdienst (DAAD), o International Relations Grant do Council of
Australian Latin American Relations (COALAR), e outros fomentos
tais como Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) e Compa-
nhia Energética de Minas Gerais (CEMIG).

A execução desses projetos vem permitindo, também, a


orientação de inúmeros bolsistas em nível de Iniciação Científica e
de Iniciação Tecnológica e Industrial na graduação, bem como em
nível de mestrado, doutorado e pós-doutorado na pós-graduação.
Além dessas, orientações vêm sendo conduzidas visando o aprimo-
ramento de profissionais, por meio de bolsas de Desenvolvimento
Tecnológica e Industrial, concedidas pelo CNPq e FAPEMIG. Cabe
destacar, ainda, que outros estudantes não bolsistas têm partici-
pado continuamente de projetos junto aos grupos de pesquisa como
voluntários, tendo esta participação contribuído de maneira signifi-
cativa para sua formação e intercâmbio técnico-científico.

Como dito, os projetos de pesquisa desenvolvidos pelos


professores do Departamento TAU têm gerado várias publicações
científicas, apresentadas em eventos nacionais e internacionais
e publicadas em livros, capítulos de livros ou em periódicos espe-
cializados nas áreas de atuação dos docentes. Cabe observar que
muitas dessas publicações têm sido elaboradas com a colabora-
ção de estudantes bolsistas e orientandos de graduação e de pós-
-graduação. Além disto, os resultados obtidos têm feito com que os
docentes do Departamento TAU sejam convidados como palestran-
tes em eventos de caráter técnico ou entrevistados em veículos de
divulgação científica.

Para a realização dessas ações, o Departamento possui labo-


ratórios que oferecem suporte ao desenvolvimento das pesquisas,

SUMÁRIO 41
bem como às atividades de extensão e de ensino na graduação e
pós-graduação. São eles: Laboratório de Pesquisas Tecnológicas
(LPT), Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética em
Edificações (LABCON), Laboratório de Estudos Integrados em Arqui-
tetura, Design e Estruturas (LADE), Laboratório de Design e Biomi-
mética (LDBio) e Laboratório de Ensaios Não Destrutivos (LENaDe).

LPT, LABCON, LADE, LDBio e LENaDe vêm sendo os núcleos


responsáveis pela realização de pesquisas no Departamento, iden-
tificando oportunidades de investigação nas áreas de tecnologia da
construção, conforto e design. Tais pesquisas se baseiam em forte
abordagem interdisciplinar, permitindo a condução conjunta entre os
laboratórios e, do mesmo modo, integrando outros parceiros inter-
nos e externos à UFMG.

LABORATÓRIO DE
PESQUISAS TECNOLÓGICAS
O LPT é a evolução do antigo Laboratório de Materiais do
Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da EA-UFMG,
implantado, ainda na década de 1950, sob os padrões dos “Gabinetes
de Materiais”. Posteriormente, foi adaptado como laboratório de infor-
mações, contendo mostruário de materiais e informações técnicas
de apoio à especificação. Atualmente, reúne um acervo de informa-
ção técnica e equipamentos para a realização de ensaios e testes em
materiais, servindo de suporte à pesquisa.

Nesse sentido, o acervo do laboratório destinou-se a atender


à comunidade acadêmica da UFMG, bem como ao público externo,
fornecendo informações sobre os diversos materiais e técnicas cons-
trutivas disponíveis no mercado. Dispõe de grande acervo de catálo-
gos técnicos que têm sido adquiridos junto a fabricantes ou por meio

SUMÁRIO 42
da participação em eventos nacionais e internacionais, tais como a
Feira Internacional da Construção Civil (FEICON), Feira da Habita-
ção (FEHAB) e Feira da Construção (CONSTRUSHOW). O acervo é
composto por documentos atualizados, mas, também, por catálogos
considerados desatualizados, cujo conteúdo é útil como referencial,
garantindo a preservação de acervo histórico, com informações des-
tinadas a reformas e revitalizações arquitetônicas.

Nesse sentido, permite a preservação do patrimônio histórico


construído e da evolução tecnológica da construção civil brasileira.
Visando criar um elo entre as informações teóricas e a realidade de
cada produto, encontra-se também no LPT um acervo de amostras
de diversos materiais, desde as telhas das primeiras construções
de Belo Horizonte até os materiais mais recentes lançados no mer-
cado. Entre os materiais disponibilizados encontram-se cerâmicas,
granitos, mármores, madeiras, vidros, tubulações hidráulicas e elé-
tricas, entre outros.

Essas amostras de catálogos e de materiais irão compor a


Materioteca da EA-UFMG, que ficará sob a coordenação do Depar-
tamento TAU, com o objetivo de consolidar o intercâmbio entre aque-
les profissionais que especificam os materiais e os fabricantes que
fornecem as informações, bem como com os consumidores. Sendo
assim, pretende-se abrir um leque de opções para os profissionais
do setor, garantindo eficiência na fase de especificação dos materiais
e, consequentemente, otimização do processo executivo.

Em 2017, sob a coordenação do professor Edgar Carrasco,


o aporte financeiro do CNPq a projeto de pesquisa permitiu a com-
pra de diversos equipamentos (Máquina universal de ensaios, estufa
etc.), fazendo com que os objetivos do LPT fossem ampliados. Diante
disto, o apoio às aulas práticas na graduação e na pós-graduação,
bem como às atividades de pesquisa foi viabilizado de maneira mais
abrangente e efetiva.

SUMÁRIO 43
O LPT está sob a coordenação da professora Sofia Bessa
desde 2022 e, com aporte de seus projetos de pesquisa financia-
dos pela FAPEMIG, continua adquirindo equipamentos (betoneira,
argamassadeira de bancada, estufa, flow table etc.) e materiais diver-
sos (vidrarias, fôrmas, etc.) para o desenvolvimento de pesquisas em
nível de graduação e de pós-graduação.

LABORATÓRIO DE CONFORTO
AMBIENTAL E EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES
O LABCON, criado junto ao Departamento TAU em 1996,
visa atender às determinações do currículo do Curso de Graduação
em Arquitetura e Urbanismo da EA- UFMG, bem como dar suporte
às atividades de pesquisa e pós-graduação. Por um lado, o Labo-
ratório participa da atividade prática experimental na formação em
Arquitetura e Urbanismo, atividade esta entendida como uma expe-
riência sensível e cognitiva, que pode ter repercussão positiva no
engajamento do estudante, tanto em relação ao Curso quanto em
relação à sua produção intelectual. Por outro lado, o LABCON pro-
picia a infraestrutura para a sistematização de levantamentos, pes-
quisas e desenvolvimento em tecnologia de projetos, coerente com
as diferenciações climático-ambientais e socioeconômicas do Brasil,
de forma a promover uma regionalização da arquitetura no País,
recuperando-se a riqueza, a identidade e a variabilidade ambiental
resultantes da interpretação cultural dos limites e potencialidades
do meio natural local.

Como objetivos específicos, o LABCON busca:

SUMÁRIO 44
■ Formar estudantes de arquitetura e urbanismo com um
entendimento adequado das técnicas de controle ambien-
tal, por meio de experimentos, estudos e treinamento envol-
vendo parâmetros de temperatura, ventilação, insolação, tro-
cas térmicas, iluminação e acústica;

■ Estabelecer bases didático-pedagógicas e instrumental


especializadas na área de conforto no Ambiente Construído;

■ Dar suporte instrumental e técnico para a realização de estu-


dos e para a simulação dos vários fenômenos ambientais que
atuam sobre as propostas arquitetônicas e urbanísticas reali-
zadas pelos estudantes de graduação e pós-graduação;

■ Gerar rotinas de aplicação de procedimento de medição e


simulação no processo projetual, a partir da experiência con-
junta com outros laboratórios de pesquisa, ligados ao campo
da construção civil;

■ Possibilitar a realização de pesquisas básicas e aplicadas,


a montagem de equipamentos de apoio etc., em conjunto
entre docentes e estudantes, de modo a gerar conhecimen-
tos necessários ao correto agenciamento ambiental das edi-
ficações e do meio urbano.

Em suas atividades, o Laboratório almeja alcançar os


seguintes resultados:

■ Em nível de graduação, o aprimoramento do Curso de Arqui-


tetura e Urbanismo, a partir do desenvolvimento e aplicação
de métodos interativos de projetação, em que os conheci-
mentos específicos da área de Conforto Ambiental e Efici-
ência Energética no Ambiente Construído possam ser inte-
grados ao processo de síntese de projeto. Espera-se uma
transformação significativa no enfoque e na abordagem das

SUMÁRIO 45
disciplinas de Conforto Ambiental para graduação, apor-
tando maior dinamismo no trabalho de síntese de projeto;

■ Em nível de pós-graduação e pesquisa, o desenvolvimento


de conhecimentos que possam ser aplicados na produção
de metodologias tecnologias em arquitetura e urbanismo,
permitindo, igualmente, realimentar o ensino na graduação;

■ Em termos de extensão, a afirmação da competência e


expertise na área, abrindo novos horizontes no mercado
profissional e, ao mesmo tempo, consolidando as parcerias
necessárias, seja com outras áreas profissionais afins seja
com outras instituições de ensino e pesquisa, associações
técnicas e fabricantes.

Nessa perspectiva, o Laboratório, que ao longo dos anos vem


sendo coordenado pelos professores Eleonora Assis, Grace Gutier-
rez, Roberta Souza e Victor Valadares, tem se tornado referência para
a implantação de intercâmbios entre professores e pesquisadores,
nacionais e estrangeiros, por meio de suas atividades de pesquisa,
participação em cursos e eventos diversos.

LABORATÓRIO DE
ESTUDOS INTEGRADOS EM
ARQUITETURA, DESIGN E ESTRUTURAS
O LADE é uma iniciativa interdepartamental estabelecida
por meio de acordo de trabalho conjunto, firmado com o Depar-
tamento de Engenharia de Estruturas, da Escola de Engenharia
(DEES) da UFMG. Sua criação se deu em 2006. No entanto, seu
formato interdepartamental derivou do Laboratório de Estudos

SUMÁRIO 46
Integrados em Arquitetura e Design (L-AD), criado um ano antes
junto ao Departamento TAU.

O Laboratório visa desenvolver pesquisas que evidenciem


as interfaces existentes entre as três áreas, Arquitetura, Design e
Engenharia de Estruturas, compreendendo e aperfeiçoando o poten-
cial desta integração e os limites de sua aplicação. Sendo assim,
têm- se como objetivos:

■ Integrar as pesquisas relacionadas à área do design desen-


volvidas por ambos departamentos;

■ Explorar as interfaces e aprimorar a prática da


interdisciplinaridade;

■ Propiciar o desenvolvimento de atividades ligadas ao ensino,


à pesquisa e à extensão na área do design na UFMG.

O LADE busca desenvolver linhas de pesquisa que ofere-


çam espaço para a integração entre as disciplinas e que, ao mesmo
tempo, permita o desenvolvimento de estudos avançados em temas
e metodologias inovadoras, bem como a transferência de conheci-
mento para o setor produtivo. Suas linhas de pesquisa envolvem:

■ Ecodesign e Ecoeficiência: Estudos para a aplicação de fer-


ramentas de Ecodesign, Avaliação do Ciclo de Vida e Design
for Environment na concepção de produtos e no projeto arqui-
tetônico. Aproveitamento de biomateriais e de materiais reci-
clados em produtos inovadores observando as característi-
cas físicas e o comportamento mecânico de sua aplicação;

■ Design para a Construção (Building Design): Busca-se a


realização de pesquisas relativas à interseção entre arqui-
tetura e design, com o objetivo de identificar novos produ-
tos (componentes arquitetônicos) a serem projetados, ou
inadequações para o redesign, integrando conhecimentos

SUMÁRIO 47
aprofundados relativos às duas áreas, assim como à enge-
nharia de estruturas;

■ Design para Sustentabilidade: Pesquisas visando à integra-


ção da abordagem sustentável no design de produto em
seus aspectos socioculturais, econômicos e do ambiente
natural, com o objetivo de favorecer, através da fabricação
de produtos, o desenvolvimento local, observando o poten-
cial de valorização cultural, criação de identidade, geração
de renda e diminuição dos impactos ambientais provocados
pelo emprego de recursos naturais, processos produtivos,
uso e descarte dos objetos;

■ Design e conformidade de móveis: Desenvolvimento de


móveis levando em conta referências normativas de ensaios,
visando à análise do comportamento mecânico dos produ-
tos, seus aspectos antropométricos e de segurança;

■ Análise Sensorial, Conforto e Identidade: Pesquisas sobre


conforto e análise sensorial, agregando conceitos de identi-
dade, apropriação e prazer, com o objetivo de realizar ensaios
que visem à identificação de valores subjetivos, determinan-
tes da aceitação/rejeição do produto pelo usuário;

■ Ergonomia e Usabilidade: Desenvolvimento de metodologias


para testes de usabilidade dos produtos em situação real de
uso, visando à análise da percepção de conforto, os subsídios
para tomada de decisão em projeto e a formulação de parâ-
metros para certificação;

■ Prospectiva: Criação de cenários futuros para a identificação


de inovações tecnológicas e novas possibilidades de aplica-
ção em design para a construção.

Em 2007, com a participação de toda a equipe (da qual fazem


parte os professores Andréa Franco, Laura Carvalho, Leonardo

SUMÁRIO 48
Gomes, Marcelo Pinto e Maria Luiza Viana), o LADE elaborou seu
Manual da Qualidade do Laboratório (Norma NBR ISO/IEC 17025),
que vem subsidiando suas atividades. As mesmas são realizadas
em espaço equipado com estações de trabalhos, equipamentos de
ensaios (com destaque para ensaios de Análise Sensorial) e sof-
twares de Avaliação de Ciclo de Vida, adquiridos com recursos de
projetos de pesquisa financiados pela FINEP, CNPq e FAPEMIG.
Diversos têm sido os projetos de pesquisa conduzidos pelo Labora-
tório, envolvendo dezenas de bolsistas e produzindo uma centena de
publicações científicas.

LABORATÓRIO DE DESIGN E BIOMIMÉTICA


O LDBio tem como missão a produção de pesquisa científica
e desenvolvimento tecnológico em soluções baseadas na natureza
nas áreas de Design, Engenharia e Arquitetura. Criado em 2021, a par-
tir de proposta dos professores Cynara Bremer e Fernando Silva, vis-
lumbra tornar-se um Laboratório de pesquisa de ponta, com caráter
transdisciplinar, com alta capacidade de inovação e geração de valor.

Já há muito tempo, soluções presentes e observáveis na


natureza vêm contribuindo como inspiração para o processo cria-
tivo em projetos de produtos, tanto por meio de analogias quanto
pela assimilação dos padrões geométricos ou matemáticos existen-
tes nas formas naturais. Nessa perspectiva, a biomimética tornou-se
uma corrente contemporânea que busca guiar-se pelas soluções
sustentáveis da natureza, gerando aplicações em todos os campos
do conhecimento. Não se trata, simplesmente, de replicar tais formas,
mas compreender as normas que as regem. Deste modo, a indústria,
e toda sua produção nas mais diversas áreas do conhecimento, têm
se beneficiado das constantes inovações surgidas a partir da aplica-
ção da biomimética, aprimorando produtos e serviços e aumentando

SUMÁRIO 49
sua competitividade. Diante disto, o LDBio identifica alguns pontos
potenciais para a geração de valor:

■ Produção científica nas áreas de Design, Engenharia


e Arquitetura;

■ Alta potencialidade em inovação tecnológica;

■ Produção científica e de guias técnicos;

■ Pesquisa e criação de metodologias para o campo das “Solu-


ções Baseadas na Natureza e Biomimética”;

■ Alta potencialidade para depósito de patentes.

Para tanto, o LDBio se propõe a conduzir investigações a


partir das seguintes linhas de pesquisa:

■ Biomimética, Biônica e Robótica;

■ Design Social;

■ Engenharia Civil;

■ Tecnologia aplicada ao Design.

LABORATÓRIO DE
ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS
O LENaDe reúne, num só local, diversas áreas de conheci-
mento relativas à Arquitetura, Design, Engenharia (Civil, de Materiais
e Florestal), atuando de maneira interdisciplinar a fim de propor solu-
ções para caracterização mecânica de materiais, avaliação de pato-
logias em diversos materiais, verificação da integridade estrutural de
árvores vivas, entre outros. Sua principal inovação é a junção das

SUMÁRIO 50
áreas de construções históricas, ensaios não destrutivos, Engenharia
da madeira e gestão de risco de queda de árvores. O laboratório atua
principalmente na pesquisa. Contudo, tem também por objetivo dar
suporte ao desenvolvimento de atividades de ensino na graduação
e na pós-graduação, bem como às atividades junto à sociedade por
meio de projetos de extensão.

O Laboratório realiza suas atividades de ensaio de modo


a atender os requisitos da Norma NBR ISO/IEC 17025 e das nor-
mas técnicas vigentes. A política do LENaDe visa o atendimento
às necessidades dos estudantes e professores e o compromisso
quanto ao sigilo dos resultados dos ensaios. O sistema de geren-
ciamento do Laboratório abrange os trabalhos realizados em suas
instalações e externos, que são realizados por pessoal treinado e
acreditado no Laboratório.

O LENaDe identifica as seguintes linhas de pesquisa:

■ Caracterização mecânica, não destrutiva, de materiais em


temperatura ambiente e em altas temperaturas;

■ Avaliação da integridade estrutural de construções


históricas em madeira;

■ Avaliação da integridade estrutural de árvores


vivas (risco de queda);

■ Avaliação mecânica, não destrutiva, considerando a aniso-


tropia de materiais naturais: madeira, bambu, chapas recom-
postas de madeira (MLC, CLT, GluBam etc.).

SUMÁRIO 51
CENTRO MULTIUSUÁRIO DE ANÁLISE
EXPERIMENTAL DE ESTRUTURAS
Em agosto de 2022, o LENaDe foi convidado a fazer parte da
constituição de um Laboratório Institucional de Pesquisa (LIPq).

A proposta buscou associar o Laboratório de Análise Expe-


rimental de Estruturas (LAEES), do Departamento de Engenharia de
Estruturas da Escola de Engenharia da UFMG, e o LENaDe.

Tal iniciativa de integração foi denominada “Centro Multiusu-


ário de Análise Experimental de Estruturas” (CEMAEES).

A organização do CEMAEES é formada por 20 professores,


sobretudo, da Escola de Engenharia e da Escola de Arquitetura, con-
tando, dentre estes, com um professor da Escola de Medicina e um
da Escola de Veterinária. A coordenação está a cargo do professor
Rodrigo Caldas (Departamento de Estruturas) e a subcoordenação
é feita pelo professor Edgar Carrasco (Departamento TAU). Também
conta com corpo técnico da Escola de Engenharia. Outros professo-
res do Departamento TAU participam do Centro: no Comitê Gestor
(professores Cynara Bremer e Marco Antônio Rezende) e na Comis-
são de Usuários (professoras Andréa Franco e Sofia Bessa).

O CEMAEES tem por missão aplicar o conhecimento cientí-


fico relacionado ao comportamento das estruturas e dos materiais.
Trata-se de um Centro multiusuário, colaborativo, sendo possível
que o público-alvo de diversas áreas do conhecimento possa fazer
uso dessa estrutura.

Além de disponibilizar sua infraestrutura, contribuindo para


a formação científica e tecnológica de professores, estudantes, pes-
quisadores e outros profissionais da área, o CEMAEES busca apoiar

SUMÁRIO 52
a transdisciplinaridade e fomentar o intercâmbio acadêmico-cientí-
fico e tecnológico entre as comunidades interna e externa à UFMG.

ATIVIDADES DE EXTENSÃO
No âmbito da extensão, até 2010, o Departamento TAU trouxe
grande contribuição em atividades extramuros, por meio de seu Cen-
tro Experimental de Treinamento e Prestação de Serviços (CETEPS),
no desenvolvimento do “Programa Comunitário de Assessoria a
Comunidades e Municípios Carentes”, efetivando inúmeros projetos,
relativos a edificações para instituições filantrópicas e comunidades
carentes, processos de usucapião e regularização de imóveis, asses-
soria à comunidade, dentre outros (Departamento TAU, 2008).

Além disto, nos últimos 30 anos, o Departamento vem


desenvolvendo várias ações de extensão e tem oferecido cursos,
consultorias e programas ligados à gestão ambiental. Nesse sentido,
realizou projetos de extensão envolvendo ensino e pesquisa, com
destaque aos projetos “Prática do Sistema Informatizado de Orça-
mento e Acompanhamento de Obras” e “Novas Ferramentas Tec-
nológicas para a Construção Civil”. Numa visão mais ampla do con-
ceito de Conforto Ambiental, o Departamento TAU conduziu vários
projetos de extensão em parceria com outras Unidades da UFMG e
grupos de saúde, tratando de aspectos ergonômicos, segurança do
trabalho e saúde postural.

A participação da UFMG no Consórcio Brasil do concurso


Solar Decathlon 2010 se deu a partir de atividades extensionistas do
Departamento TAU, contribuindo, igualmente, para a divulgação de
seus trabalhos de pesquisa junto aos estudantes e demais faculda-
des de arquitetura do Brasil.

SUMÁRIO 53
Foram realizados, também, cursos de softwares de ponta,
como o ENVI-Met e o ARCVIEW, que contou com alunos de outros
Estados, e o Ciclo de Palestras de Arquitetura e Engenharia de Esta-
belecimentos Assistenciais de Saúde.

Merece destaque, ainda, o projeto “Fazenda Sustentável da


UFMG” (organizado pela Pró-Reitoria de Extensão, envolvendo as
Escolas de Engenharia, de Arquitetura, de Veterinária e o Instituto
de Ciências Biológicas), o projeto “Um Pico no Circuito Estrada
Real”, o projeto “Estudos Histórico-Geográfico da Serra da Moeda e
da Serra da Calçada” (pesquisa e extensão que envolveu bens cul-
turais e ambientais da Serra da Moeda, em parceria com a Brandt
Meio Ambiente, PUC Minas e Sindiextra), o projeto “Catadores de
Sonhos” (realizado junto à ASMARE e tendo sido registrado em livro
publicado em 2017), o projeto “Flores do Morro” (cujo proposito é
a realização de atividades com mulheres do Morro das Pedras), o
projeto “Design para a Juventude” (que propõe ações junto a escolas
de regiões com baixo IDH), o projeto “SUCHUS Novos usos para o
couro de jacaré-açu (Melanosuchus niger)” (convênio do ICMBio para
desenvolvimento de produtos e geração de renda de comunidade da
Amazônia envolvida no manejo do jacaré-açu), e o projeto “Carro
Biblioteca - Biblioteca Pública Luís de Bessa” (elaboração do projeto
de adaptação e melhoria no ônibus-biblioteca a partir de solicitação
da superintendência de Bibliotecas Públicas e Suplemento Literário,
órgão da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa da Secretaria do
Estado de Cultura de Minas Gerais).

Diante disto, observa-se que as atividades extensionistas


desenvolvidas pelo Departamento TAU têm sido um importante
meio para colocar em prática os resultados de pesquisa, buscando,
também, seja na síntese de projeto, seja a partir do assessoramento
a arquitetos projetistas e órgãos públicos, integrar as ferramentas
e métodos desenvolvidos para a melhoria da construção e desem-
penho das edificações, da produção de bens, da interação com

SUMÁRIO 54
usuários, da geração de renda e da qualidade de vida das pessoas,
dando respostas aos problemas sociais do País, em trabalho con-
junto com comunidades. Nesse sentido, essas atividades extramu-
ros do Departamento produzem casos que são trazidos e debatidos
no ensino de graduação e pós-graduação, identificando questões e
problemas na prática profissional, que podem, ainda, retroagir e se
transformar em temas para novas pesquisas e ações de extensão.

EVENTOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS
PROMOVIDOS
Ao longo dos anos, o Departamento TAU teve a oportunidade
de organizar e sediar importantes encontros técnico-científicos,
quais sejam:

■ Em 2006: 1º Seminário de Arquitetura e Construção


com Terra no Brasil;

■ Em 2007: IX Encontro Nacional de Conforto no Ambiente


Construído (ENCAC 2007) em conjunto com o V Encon-
tro Latino-Americano de Conforto no Ambiente Constru-
ído, ocorrido em Ouro Preto e promovido pela Associação
Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, em par-
ceria com a UFMG (Departamento TAU) e a Universidade
Federal de Ouro Preto;

■ Em 2010: 1° Simpósio Internacional de Arquitetura e Constru-


ção Sustentável (SIACS), ocorrido no âmbito da VII edição
do Minascon - Desenvolvimento e Sustentabilidade, evento
unificado da cadeia produtiva da indústria da construção;

SUMÁRIO 55
■ Em 2017: International Symposium on Sustainable Design
+ Simpósio Brasileiro de Design Sustentável (ISSD+SBDS
2017), realizado pelo Programa de Pós-graduação em
Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável e pelo Depar-
tamento TAU na EA-UFMG;

■ Em 2019: 2º Seminário de Arquitetura Vernácula: Patrimônio e


sustentabilidade, realizado em conjunto com a Universidade
Federal da Bahia, presencialmente, e tendo sido o primeiro
seminário da área com chamada de trabalhos;

■ Em 2021: 3º Seminário de Arquitetura Vernácula Popular:


olhares sobre o Brasil realizado em conjunto com a Universi-
dade Federal da Bahia de maneira virtual.

REFERÊNCIAS
DEPARTAMENTO TAU. Plano Plurianual 2009-2013. Departamento de Tecnologia da
Arquitetura e do Urbanismo. Escola de Arquitetura, Universidade Federal de Minas
Gerais: Belo Horizonte, 2008.
KOLCABA, K.; WILSON, L. Comfort Care: a framework for perianesthesia nursing. Journal
of PeriAnesthesia Nursing, New York, v. 17, n. 2, p. 102-114, April, 2002.
PAIVA, J. E. M. Relatório consubstanciado de atividades apresentado como
requisito parcial à obtenção de progressão vertical à classe de Professor
Associado. Universidade Federal de Minas Gerais: Belo Horizonte, 2011.
REZENDE, M. A. P. Influência da Tecnologia Construtiva na Arquitetura: estudos
de casos nos Conjuntos COHAB-MG do Município de Belo Horizonte (1964-1988). 1988.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Escola de Arquitetura, UFMG, Belo Horizonte, 1998.
SOUZA, R. V. G. O conforto ambiental como parâmetro de conservação de energia.
Congresso Técnico-Científico De Engenharia, Florianópolis. Anais... Universidade Federal
de Santa Catarina, vol. 1, 1996. p. 43-46.
VIANNA, N. S. Tecnologia e Arquitetura. In: MASCARÓ, L. (org.). Tecnologia e Arquitetura.
São Paulo: Nobel, 1990. p. 33-60.

SUMÁRIO 56
Par te
II
TECNOLOGIA,
ARQUITETURA
E URBANISMO,
DESIGN
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.1 RES ET TALIS
Victor Mourthé Valadares

Tecnologia!? Estudo das técnicas sobre algo; uma ciên-


cia posta em prática num cotidiano; atributo para algo que agrega
inovação. Um departamento para abordá-la em arquitetura e urba-
nismo!? Ambiências fenomênicas de caráter cultural vivenciadas na
experiência de alguém de um grupo social de uma sociedade, num
tempo e lugar; artefatos complexos de constituição intencionada de
imbricada solidez e vacuidade significantes requerem imprescindí-
veis tecnologias no seu devir e persistir. Um cisma, como assim?

Com o aval da comunidade acadêmica da Escola de Arquite-


tura da UFMG no início dos anos 90 do século passado, na mudança
curricular à época às voltas com uma (re) departamentalização na
Unidade, como apresentado anteriormente, surge o Departamento
TAU, agora com seus 30 anos, de cuja celebração esta publicação
participa. Talvez o motivo da celebração de seu trigésimo ano seja
uma constatação interna de uma certa maturidade que o Departa-
mento TAU tenha adquirido ao longo desses anos, com um reconhe-
cimento de suas importantes ações em ensino, pesquisa, extensão
e administração interna e institucional no âmbito da unidade e da
UFMG. Essa referida maturidade vem imbuída de vigor e resiliência
para os desafios do projeto departamental delineado nos planos plu-
rianuais que se consistiram numa ação rotineira desde sua origem.

Acompanhei sua gênese como discente e seus primeiros


anos já como docente, estando sempre envolvido, desde o perí-
odo como professor substituto, com a área do conforto ambiental.
E não dizendo de passagem, os anos iniciais do Departamento TAU

SUMÁRIO 58
foram turbulentos, através de uma gestão de direção de unidade
que não mediu esforços, seja em questionar a pertinência de um
Departamento de Tecnologia em nossa Unidade, seja em extirpá-lo
do espaço físico dela. Este movimento negativista e contraditório em
torno da Tecnologia e um Departamento para tal numa Escola de
Arquitetura, talvez de caráter libertário que seja da noção de “arqui-
tetura é construção” e seu vínculo com disciplinas da engenharia,
procurando desencarná-la de uma materialidade que lhe é inerente
e cuja solidez define a imaterialidade de sua vacuidade que, ambos
imbricados, lhe são constituintes.

Pelo que pude concluir, a motivação de tal movimento eram


quimeras de questões, mais conotativas que denotativas, acerca do
tema pelo qual se levantou a bandeira; mais pessoais, passionais e
suas sórdidas repercussões, manifestação de uma faceta do humano,
concomitantemente abjeto e objeto de atenção e cuidado para pre-
cauções nas inter-relações pessoais em ambiente laboral ou não.

Não vou entrar aqui em detalhes de obstrução de concursos


docentes para evitar a composição de quadro docente no Depar-
tamento; intempestivo envio administrativo autoritário das discipli-
nas departamentais do Departamento TAU para a Escola de Enge-
nharia, que sensatamente as devolveu; mitificação de uma imagem
pejorativa institucional do Departamento TAU; polarização política
que resultou inclusive em intervenção da administração central em
resultado eleitoral e uma espécie de “persuasão cognitiva” discente
e hostilização de colegas docentes do Departamento, com necessi-
dade inclusive de retratação mediante processo judicial e otras cosi-
tas más ... criação de um curso noturno peculiar em relação ao diurno
com formatos distintos, fomentando estratégias de desgaste do for-
mato diurno e quiçá sua substituição, a atual velada pressão psico-
lógica que sofrem alguns discentes que se manifestam interessados
pela tecnologia na sua formação em nossa Escola em Arquitetura
Urbanismo. Querelas, vorazes querelas... Aos caminhantes por estas
veredas, atenção às aparências...

SUMÁRIO 59
Mas, o Departamento TAU mostrou-se firme em seu propó-
sito, resistiu e veio a ser fortalecido no contexto do Programa REUNI,
especialmente pelo fato de apresentar proposta e vir a ter no seu
corpo docente a maior parte dos novos professores para o Curso de
Design na UFMG. E é sobre o tema do fortalecimento que vou me ater
agora, o qual diz respeito à minha área de atuação no Departamento
TAU, ainda que não tão evidente por ora essa relação. Vou abordar a
noção do conforto e seu impacto na concepção vitruviana da arqui-
tetura e sua relação com a tecnologia em Arquitetura e Urbanismo.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PALAVRA


Com base num estudo da palavra no contexto cultural da
língua portuguesa no Brasil, lidando os com aspectos sincrônico
e diacrônico nas perspectivas da morfologia, etimologia, acep-
ções e sinonímia a partir do termo matriz confortar e seus varian-
tes, foi possível conhecer o cerne acepcional do termo e a riqueza
com que se manifesta em nossa língua, riqueza esta que evi-
dencia sua importância.

Segundo Heckler (1984), cada palavra é unidade linguística


de forma e significado a ela atribuídos pelo uso corrente, constituída
de morfemas. Morfema é uma unidade mínima significativa subdi-
vidida em lexema (ou raiz) e gramema (ou afixo), este último con-
sistindo do prefixo ou sufixo. Em con-fort-á-vel, um exemplo, cada
elemento compositivo individualizado é um morfema, onde, na
sequência dos elementos constitutivos apresentada, o primeiro (con)
e o quarto (vél) são gramemas, prefixo e sufixo respectivamente; o
segundo, em negrito, é o lexema ou raíz (fort); e o terceiro, um ele-
mento de ligação (á). Além de significantes, esses afixos possibilitam
classificar as palavras tais como substantivos, adjetivos, advérbio e
verbos, por exemplo. Na Figura 1, consta uma configuração morfê-
mica genérica de conforto.

SUMÁRIO 60
Figura 1 - Configuração morfêmica da palavra conforto

Fonte: Valadares, 2018.

Morfologicamente, confortar pertence à família denominada


Fartum que remete à robusto, valente, poderoso, equivalente no latim
a “fortia”, e ao adjetivo “fortis”, com liame ao lexema indo-europeu na
forma hipotética “dherg-” e “dhergh-”, em sânscrito “drmhati” signifi-
cando “ele afirma”; equivalente ao “derezo”, no avestão com o sentido
de “firme, sólido”; equivalente ao zarga” no antigo alemão; equiva-
lente ao antigo eslavo “druzati”, segurar; e também ao grego “τροϕιζ”,
grande, grosso. Na Figura 2, consta uma radiação lexical com base
na família e línguas indo-europeias.

Figura 2 - Radiação lexical da raiz “fort”

Fonte: Valadares, 2018.


SUMÁRIO 61
A palavra conforto pertence ao vocábulo confortar, o qual,
como visto, possui lexema único (- fort -), idêntico em todas as 37
formas livres identificadas em três dicionários consultados da língua
portuguesa (Ferreira, 1999; Caldas Aulete, 1968; Houaiss, 2009), as
quais estão apresentadas na Figura 3, excluído gramemas de tempo,
modo, voz e aspecto, assim como os de número, gênero e grau. Pode-
-se considerar que a riqueza de classes, na qual um termo matriz se
desdobra na língua gerando sua cognação, expressa a vitalidade de
ideias ou sentidos imanentes. O leitor tem aqui a oportunidade de
constatar isto em relação ao vocábulo conforto.

Nessa riqueza de classes de palavra (verbo, substantivo,


adjetivo, advérbio) relacionadas com referência à vigência ou não
do conforto, há predominância de adjetivos que qualificam, seguido
de substantivos que denominam, seguido por sua vez dos verbos
que acionam e, por fim, seguido dos advérbios que circunstanciam.
A noção de intermitência expressa uma oscilação entre opostos con-
fort ... – desconfort ... / inconfort ... e no potencial de restituição recon-
fort ... é notório acrescentar a noção de polaridade vigência – não
vigência do fenômeno. Mas trata-se aqui de uma polaridade con-
vencional positivo ↔ negativo sendo que é possível melhor situá-la
numa polaridade transpassante, uma vez que tanto o desconfortável
/ inconfortável pode ser uma experiência de excessos ou carências.
Assim, o conforto estaria melhor associado ao estado virtuoso ou
privilegiado imune ao prejuízo do muito positivo e do muito nega-
tivo: ( – – ) ↔ nem ( – ), nem ( + ) ↔ ( + + ), conforme expresso
no Quadro 1, a seguir.

SUMÁRIO 62
Figura 3 - As 37 formas livres do vocábulo confortar identificadas com lexema “fort” presente

Fonte: Valadares, 2018.

Quadro 1 - Conforto como virtude ou privilégio entre


estados limites contrastantes e dolentes.
PENÚRIA ↔ CONFORTO ↔ LUXÚRIA1
Estoicismo Epicurismo Hedonismo
Desconforto por escassez Desconforto por excesso
Matriz de itens ausentes Satisfação Matriz de itens supérfluos
Sofrimento Sofrimento
Rudimentar Sofisticado
Tradição Inovação
1 - Na acepção latina de excesso.
Fonte: Valadares, 2018.

SUMÁRIO 63
Concluindo as considerações sobre a palavra, na aborda-
gem acepcional, na Figura 4 consta seis grupos acepcionais cuja
identificação surgiu de aproximações semânticas previamente ela-
boradas, mas não apresentadas aqui, que são abrangidos por três
domínios acepcionais constituintes de três núcleos acepcionais ima-
nentes do conforto. O núcleo acepcionalmais remoto é o autóctone
(NaA) que abrange os grupos acepcionais fortalecimento, recurso e
nutriz. O grupo fortalecimento abrange noções de força, vigor, alento,
ânimo e encorajamento; o do recurso envolve indumentária (aga-
salho e luvas), auxílios, meios e possibilidade; e do nutriz envolve
nutrição (alimentos fortificantes, principalmente). Esses três grupos
acepcionais compõem o domínio acepcional de empoderamento
constituinte do NaA.

O núcleo acepcional intermediário consiste no medievo


(NaMe) que abrange o grupo acolhimento o qual envolve consolo, (a)
conchego, proteção e segurança e compõe o domínio acepcional de
bem-estar bio-psíquico-emocional, constituinte do NaMe. O núcleo
acepcionalmais recente consiste no moderno (NaMo) que abrange
os grupos de regozijo e boticado. O grupo regozijo envolve as noções
de comodidade, adequação, conveniência, prazer e tranquilidade; o
grupo boticado envolve as noções de alívio, lenitivo, remédio, tônico,
bálsamo e refrigério. Tais grupos acepcionais compõem o domínio
acepcional de bem-estar bio-físico-material, constituinte do NaMo.

O conforto abordado com foco difuso deve abranger os


núcleos acepcionais autóctone, medieval e moderno. Embora haja
uma tendência de sua abordagem em contextos de amparo emo-
cional, o tema do conforto foi expandido para outro mais amplo de
bem-estar em geral, não restrito à travessia de experiências trági-
cas na vida, pois passou a estar vinculado também à satisfação de
desejos de modos de ser e estar na sociedade para além do trágico.
Oscila agora entre o contingente e o conveniente, no esquecimento
do que lhe era o essencial em sua origem. Apenas no campo discipli-
nar da enfermagem o foco difuso é enfático, com o confortalescente

SUMÁRIO 64
suscitando o vigor, administrando artefatos e direcionado afetos
ao confortalecível na expectativa que a experiência da conforta-
ção seja plena e consumada naquilo que é possível nas circuns-
tâncias apresentadas.

Figura 4 - Núcleos acepcionais para conforto

Fonte: Valadares, 2018.

O confortar é um recurso que temos à disposição para a lida


com as demandas com as quais nos deparamos nos espaços de
vida da vida no mundo de mundos de vida de uma maneira geral. É
plausível considerar o conforto como um modo de comportamento
privilegiado, pois, se este “não é privilegiado, será considerado pelo
sujeito como um comportamento difícil ou imperfeito” (Merleau-
-Ponty, 2006, p. 228). E complementando,
(...) “comportamento privilegiado é aquele que permite
a ação (...) mais adaptada: (...) Cada organismo tem (...)
na presença de um meio dado, suas condições ótimas
de atividade, sua própria maneira de realizar o equilíbrio
(...) [cujas] determinantes interiores (...) são dadas (...)
por uma atitude geral em relação ao mundo” (Merleau-
-Ponty, 2006, p. 232).

SUMÁRIO 65
Então o conforto é este comportamento privilegiado de satis-
fação de demandas num ponto de equilíbrio que podemos represen-
tar num eixo de continuum escassez – excesso. Pelas noções intrín-
secas ao termo, são delineados três eixos de tensão: o do contenta-
mento, continuum penúria – luxúria, estado de suficiência, vinculado
ao domínio do bem-estar físico-material associado ao artefato; o do
fortalecimento, continuum fraqueza – potência, estado de confiança,
vinculado ao domínio do empoderamento, associado ao vigor; e o do
reconhecimento, continnum desolação – fascinação, estado de con-
sideração, vinculado ao domínio do bem-estar psíquico- emocional,
associado ao afeto.

Tendo em vista que o desconforto está presente num e nou-


tro extremo do continnum, uma representação possível dessa ideia
é uma esfera em cujo centro nuclear constam os estados de con-
forto – suficiência, confiança e consideração – perpassado pelos
eixos correlatos, e, na superfície, os desconfortos correspondentes
contrastantes entre si.

Na Figura 5, consta uma síntese das considerações sobre o


conforto, procurando situá-lo entre o afeto e o artefato destacando
ao centro aquilo que é sua essência, isto é, o vigor, a força. Nes-
ses termos, confortar, conforto, confortável, confortavelmente, res-
gatando suas expressões associadas, respectivamente, as quatro
classes da palavra para uma ação, um estado, uma qualidade e uma
maneira que em conjunto revela o valor do vocábulo vinculado a uma
experiência primordial na relação dos seres humanos no mundo, não
consiste em algo pejorativo ou temerário do tipo busque-o mas dele
desconfie, uma vez que no vigor, no afeto e no artefato vamos cons-
tituindo um mundo que por sua vez vai nos constituindo numa rela-
ção dialética entre o em si e o para si que por uma ocasião peculiar
configurou, na particularidade do humano, modos de ser e mundo
no mundo de mundos entrelaçados e interdependentes simultanea-
mente adaptadores e adaptáveis.

SUMÁRIO 66
Figura 5 - Síntese da análise noética-noemática.

Fonte: Valadares, 2018.

IMPACTO DA NOÇÃO
DE CONFORTO NA CONCEPÇÃO
VITRUVIANA DA ARQUITETURA
Descolando do aspecto difuso do conforto para focar no
âmbito da arquitetura e urbanismo, ou seja, do ambiente construído,
em geral, destacando sua imanência neles, não restrito ao ambien-
tal, mas procurando ir além, vou recorrer à noção de arquitetura na
tradição greco-romana, através do legado de Vitrúrio4. No seu enten-
dimento, as edificações deveriam atender a três princípios, firmitas,
utilitas e venustasdenominações originalmente latinas, recuperadas
no Quadro 2 e relacionadas com quatro interpretações.

4 Arquiteto romano que viveu no século I a.C. autor da obra “De Architectura”, único tratado europeu
do período greco-romano que chegou aos nossos dias e serviu de fonte de inspiração a diversos
textos sobre Arquitetura e Urbanismo, Hidráulica, Engenharia, desde o Renascimento. (https://
pt.wikipedia.org/wiki/Vitrúvio).

SUMÁRIO 67
As palavras destacadas em negrito e itálico de cada refe-
rência e para cada princípio orientaram na identificação do aspecto
pelo qual se estabelece uma relação com o conforto. Entre tais refe-
rências é importante destacar Moore (apud Snyder; Catanese, 1984,
p.65), que traduz tais princípios como firmeza, comodidade e prazer e
que atualmente remete à tecnologia, função e estética no seu enten-
dimento. O autor reforça a ideia da arquitetura como uma disciplina
de síntese e que tais princípios estão vinculados às relações que o
campo disciplinar da arquitetura possui com os campos disciplina-
res da engenharia, ciências sociais e artes.

Arquitetura se constitui na fronteira de campos de saberes


vários, e um profissional bem-preparado tem de ser capaz de ali-
nhavá-los na sua tecitura profissional. Então, sem essa de questio-
nar a pertinência de tecnologia e um Departamento de Tecnologia
numa Escola de Arquitetura. É inadmissível que questões pessoais
e passionais interferiram na capacitação de nossos jovens-adultos
atuarem perante os desafios da arquitetura e urbanismo em nossa
sociedade. Arquiteto não faz só projeto, ele também projeta.

Na última linha do Quadro 2, consta então no que cada


princípio especificado se relaciona com o conforto: Firmitas ↔ For-
tificação / sustentação; Utilitas ↔ Bem-estar físico/adequação e
Venustas ↔ Bem-estar Estético/fruição. É interessante notar como
a noção de conforto permeia esses três princípios vitruvianos, o que
evidencia o vigor do termo com o campo disciplinar e seu aspecto
impactante na tradicional noção de arquitetura num sentido amplo,
no lastro cultural greco-romano.

SUMÁRIO 68
Quadro 2 – Interpretações dos princípios que regem a
construção de edifícios segundo Vitrúvio
Latim:
FIRMITAS UTILITAS VENUSTAS
Fonte:
solidez utilidade beleza
uso, funcionalidade, proveito,
firmeza, consistência, robustez elegância, estética
vantagem
Vitrúvio / Maciel “sem qualquer impedimento
e Howe (2006) “aspecto da obra para agradável
a adequação do uso dos
“escavação dos fundamentos e elegante medidas das partes
solos, assim como uma
até chão firme” correspondam a uma adequada
repartição apropriada ao tipo
lógica de comensurabilidade”
de exposição solar”
soundness utility attractiveness
“design allows faultless,
Vitruvius / “the foundations have been unimpeded use the “the appearance of the work
Rowland, Howe laid firmly and building disposition of the spaces is pleasing and elegant, and
e Dewar (1999) materials may be, they have and the allocation of each the proportions of its elements
been chosen with care but not type of space is properly have properly developed
excessive frugality” oriented, appropriate, and principles of symmetry”
comfortable”
durability convenience bealty
Arrangement is faultless
appearance of the work is
Vitruvius / foundations are carried and present no hindrance
pleasing and in good taste, and
Morgan (1960) down to the solid ground and to use and when each class
when its members are in due
materials wisely and liberally of building is assigned to
proportion according to correct
select its suitable and appropriate
principles of symmetry
exposure
Vitruvius / firmeza comodidade prazer
Moore (apud
Snyder e
Catanese, 1984, tecnologia função estética
p.65)
Relação com o FORTIFICAÇÃO BEM-ESTAR FÍSICO BEM-ESTAR ESTÉTICO
conforto enquanto sustentação enquanto adequação enquanto fruição
Fonte: adaptado de Valadares, 2018.

SUMÁRIO 69
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989). Novo Aurélio Século XXI: o
dicionário da língua portuguesa.3.ed. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1999.

AULETE, Francisco Júlio de Caldas (1823-1878) Garcia, Hamilcar de; Nascentes, Antenor.
Dicionário contemporâneo da língua portuguesa.5.ed. Rio de Janeiro : Delta, 1968.

HECKLER, E. Dicionário Morfológico da Língua Portuguesa. São Leopoldo: Ed.


Unisinos, 1984.

HOUAISS, Antônio (1915-1999) e Villar, Mauro de Salles (1939-). Dicionário Houaiss da


língua portuguesa, pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados
da Língua Portuguesa. 1.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

MERLEAU-PONTY, M. A estrutura do comportamento. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

SNYDER, J.C.; CATANESE, A.J. Introdução à arquitetura. Rio de Janeiro: Campus, 1984.

VALADARES, V.M. Entre o afeto e o artefato: o conforto em questão. Tese (Doutorado


em Psicologia Social). São Paulo, 2018.

VITRUVIO; MACIEL, J.; HOWE, T. N. Tratado de Arquitetura.Lisboa: Instituto Superior


Técnico, 2006.

VITRUVIUS; MORGAN, M. H. Vitruvius: the ten books on architecture. New York: Dover, 1960.

VITRUVIUS; ROWLAND, I. D.; HOWE, T. N.; DEWAR, M. J. S. Vitruvius: ten books on


architecture; New York, USA: Cambridge University Press, 1999.

SUMÁRIO 70
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.2 O DESIGN NA ESCOLA
DE ARQUITETURA
Andréa Franco Pereira

As discussões para a criação do Curso de Graduação em


Design da UFMG tiveram início em 2003. Devo admitir, graças a minha
provocação inicial, motivada pela ansiedade e desejo em fazer parte
desta reconhecida Universidade. Assim, em março daquele mesmo
ano, entrei em contato por e-mail com a Secretaria Geral da EA-U-
FMG, me apresentando como designer recém-chegada de doutora-
mento na França e expondo evidências sobre a carência de cursos
superiores em design no Estado de Minas Gerais, face a crescente
demanda, que seria suprida somente pelo Curso da Universidade do
Estado de Minas Gerais (UEMG). Sem hesitar, no dia seguinte ao
meu contato, fui convidada para uma reunião pelo professor Leo-
nardo Barci Castriota, que na ocasião era o Diretor da EA-UFMG.

Nesse primeiro encontro, a empatia entre nós foi imediata e


adentramos em uma longa discussão sobre os vários aspectos do
design, que na percepção do professor Leonardo Castriota estaria,
inicialmente, mais voltado ao design gráfico. Expliquei que minha
formação era centrada no design de produto e, então, aprofundamos
juntos sobre a Escola Bauhaus e a influência de importantes nomes
da arquitetura trazida para o design, tais como Walter Gropius, Mies
van der Rohe e Marcel Breuer; sobre a interconexão entre design
de produto, design gráfico e ambiente construído, desde as concep-
ções urbanísticas e seus equipamentos, até às soluções dos espaços
habitados das edificações.

SUMÁRIO 71
Ampliamos as reflexões sobre os benefícios da implanta-
ção do Curso de Design na EA-UFMG, tanto para uma “retomada”
dessas conexões que outrora haviam sido propostas, quanto para a
ampliação de vagas e aproveitamento da infraestrutura instalada. De
imediato pensamos na possibilidade de implantação de um curso
noturno, com vistas a utilizar as instalações existentes em horário
ocioso, permitindo maior acessibilidade para o aluno que traba-
lhasse e trazendo retorno à sociedade por meio das ações da uni-
versidade pública. Ainda nesta reunião, começamos a especular
sobre como poderíamos construir o Curso. Entendemos que, face ao
mundo cada vez mais complexo, deveríamos conceituá-lo sobre uma
base interdisciplinar. Nos perguntamos se uma abordagem integral
do design, envolvendo tanto a área de produto quanto a área gráfica,
em um único curso, não seria mais interessante.

Nessa perspectiva de interdisciplinaridade, começamos a


identificar quais seriam os parceiros e chegamos a nomes de pro-
fessores designers que conhecíamos na Escola de Belas Artes e na
Escola de Engenharia da UFMG que, eventualmente, poderiam se
unir à empreitada. Observamos o caráter tecnológico inerente ao
design e que o departamento mais indicado a acolher o futuro Curso
devesse ser o de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo. E, assim,
nesse encontro entusiasmado, demos o pontapé inicial do projeto do
Curso de Design na EA-UFMG (Pereira, 2023).

Em seguida, em maio de 2003, foi constituída, junto à Direto-


ria da EA-UFMG, uma “Comissão Inicial de Estudos” com o objetivo
de investigar as bases preliminares para a criação de um novo Curso
de Graduação em Design.

SUMÁRIO 72
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN
A EA-UFMG, ao longo de sua existência desde 1930, foi essen-
cialmente marcada pela oferta do Curso de Graduação em Arquite-
tura e Urbanismo, ressentindo-se da proposição de outros cursos de
graduação afins, ligados a aspectos essenciais da produção e que
se articulassem com a Arquitetura, o Urbanismo e as Artes Visuais.
A criação de novo curso na Unidade tornou-se, portanto, oportuna,
de modo a ampliar o alcance da formação acadêmica e maximizar
a utilização da capacidade instalada. A implantação do bachare-
lado em Design viria preencher uma lacuna de oferta de cursos de
graduação na UFMG no período noturno, somando-se à relevância
social e econômica que a atividade do design vinha alcançando
no País naquela época.

A partir dos estudos iniciais, em 21 de maio de 2004, a Pró-


-Reitoria de Graduação (PROGRAD) da UFMG, por meio da Porta-
ria n.º CG 0114/2004, instituiu uma comissão de trabalho encarre-
gada de apresentar, para apreciação da Câmara de Graduação do
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), estudo sobre a
criação do Curso de Graduação em Design na UFMG. Tal Comissão
foi presidida pelo Departamento TAU, na pessoa do professor José
Eustáquio Paiva, contando também com a presença da professora
Andréa Franco, além de outros docentes tanto da EA-UFMG quanto
da Escola de Belas Artes e da Escola de Engenharia5. A Comissão
foi assim constituída, tendo em vista que as três unidades envolvidas
apresentavam em seus programas áreas de conhecimento e capaci-
tação ligadas ao design. Diante disto, o projeto do Curso de Design

5 Prof. José Eustáquio Machado de Paiva e Profa. Marieta Cardoso Maciel (Escola de Arquitetura),
Prof. Jalver Machado Bethônico e Prof. Marcelo Drummond Lage (Escola de Belas Artes), Prof. Edu-
ardo Romeiro Filho (Escola de Engenharia) e Andréa Franco Pereira (consultora ad hoc, na ocasião
bolsista recém-doutor do CNPq).

SUMÁRIO 73
considerou as perspectivas e anseios dessas três áreas no sentido
de constituir condições para um trabalho cooperativo.

Alguns meses depois, em 12 de setembro de 2005, a Egrégia


Congregação da Escola de Arquitetura, em reunião presidida pela
professora Ana Lúcia Almeida Gazzola, então Reitora da UFMG,
aprovou por unanimidade o projeto de criação do Curso Noturno
de Graduação (bacharelado) em Design. No período que sucedeu
a esta reunião, querelas na Escola de Arquitetura e diversos motivos
imponderáveis inviabilizaram a aprovação do Curso junto ao Con-
selho Universitário. Três anos mais tarde, para atender ao Programa
REUNI, o Projeto Pedagógico do Curso de Design da UFMG (EA,
2008), com as devidas reformulações aderentes ao Programa REUNI
proposto pela UFMG, viera a ser novamente aprovado pela Congre-
gação da EA em 14 de maio de 2008. Seguindo o trâmite, o Projeto
Pedagógico fora recebido pela PROGRAD em 03 de junho de 2008
e fora aprovado pela Câmara de Graduação do CEPE em novem-
bro de 2008. Finalmente, no primeiro semestre de 2009, o Curso de
Graduação em Design da UFMG teve início, sediado na Escola de
Arquitetura e ofertado no período noturno com 60 vagas abertas
para duas entradas por ano.

Tive a oportunidade de colaborar na elaboração conceitual


do Curso, desde as primeiras ideias, ajudando, também, na elabora-
ção das ementas de todas as disciplinas propostas. Os trabalhos de
elaboração do Projeto Pedagógico foram realizados pela Comissão
ao longo de todo o ano de 2004, na sala 314 da EA-UFMG, onde
nos reuníamos todas as quartas-feiras no período da tarde. Tínha-
mos como fundamento as diretrizes curriculares previstas pelo MEC
(Resolução nº 5, de 8 de março de 2004 do CNE/CES), tendo em
vista a outorga de titulação única, sendo esta Bacharel em Design.

A Comissão analisou os currículos dos principais cur-


sos de Design no País, estudando, detalhadamente, a situação do
design no Estado de Minas Gerais e o perfil do designer brasileiro, e

SUMÁRIO 74
considerando uma perspectiva de inserção internacional. Tais estu-
dos apontaram para a necessidade de uma formação que viesse a
propiciar uma atuação mais ampla e generalista do profissional, ao
mesmo tempo, privilegiando atuações especializadas. Sendo assim,
optou-se por uma estrutura curricular constituída por um tronco
comum de conteúdos fundamentais, que se desdobraria em três
percursos, sendo eles: “Design para a Construção” (cuja ideia seria
estimular o design de objetos, sinalização etc., voltado para o setor
da construção civil, aproveitando as competências da própria EA-U-
FMG), “Design Gráfico” e “Design do Produto” (estes que represen-
tariam as clássicas áreas de atuação do designer), possibilitando ao
aluno integralizar sua formação conforme suas próprias demandas.
Ao adotar o conceito de percurso, a Comissão preservou a titulação
única de Bacharel em Design.

Como se pode observar, a história da criação do Curso de


Graduação em Design na UFMG se deu em duas fases. A primeira,
diz respeito a uma iniciativa espontânea da EA- UFMG, em 2003, de
propor um novo curso de graduação. A segunda, em 2007, corres-
ponde à integração de seu Projeto Pedagógico ao Programa REUNI
da UFMG. Nesse contexto, a participação do Departamento TAU
foi fundamental para o processo, não somente presidindo a Comis-
são encarregada da redação do Projeto Pedagógico, mas, também
conduzindo todo o trabalho de sua reformulação, bem como de sua
implantação, para o qual estive à frente a partir de 2007.

A ideia da criação do Curso de Graduação em Design na


UFMG assentou-se sobre duas razões principais: 1) carência de cur-
sos superiores de design no Estado de Minas Gerais e 2) proposta de
expansão da oferta de vagas nos cursos de graduação nas universi-
dades federais do País, considerando-se, especialmente, o aspecto
da democratização das condições de acesso à universidade. Tais
termos implicaram na opção por um curso noturno, uma vez que
estudos na UFMG apontavam para a eficácia dessa estratégia de
inclusão na universidade, procurando-se, neste caso, criar condições

SUMÁRIO 75
adequadas de funcionamento que buscassem favorecer, principal-
mente, o aluno que trabalhasse.
Design é uma atividade projetual que requer conheci-
mentos sobre processos de transformação de matérias-
-primas, qualidade, mercado, comunicação visual, logís-
tica, usabilidade e ergonomia, permitindo que os produtos
desempenhem funções de uso (facilidade/dificuldade de
uso, conforto físico, adequação do uso à forma, qualidade
dos componentes e performance de funcionamento) e de
estima (fatores simbólicos relativos ao desejo de possuir
o objeto e ao prazer em usá-lo, fatores psicológicos rela-
tivos à percepção individual dos produtos, fatores ideo-
lógicos e morais relativos a valores culturais, regionais,
ecológicos etc.), além de agregarem valor como merca-
doria. Trata-se, portanto, de uma atividade de caráter inter
e multidisciplinar, que requer a interação de vários profis-
sionais e o estabelecimento de equipes de projeto que,
dependendo da área de atuação, tendem a se constituir
em função de suas afinidades disciplinares e ideológi-
cas (EA6, 2008, p.10).

Esta foi a definição de Design dada por nós no Projeto Peda-


gógico aprovado em 2008. Diante disto, o currículo proposto estru-
turou-se em um modelo tridimensional (Figura 1) em nove semestres
(períodos), no qual as disciplinas observavam, por um lado, as etapas
consecutivas e interdependentes da produção, considerando os três
momentos da formação em Design: formação básica, profissional e
gestão de projeto. Por outro lado, consideravam os conteúdos gerais
e especificidades relativas à formação acadêmica, em função de um
perfil, ao mesmo tempo, generalista e voltado a setores de atuação.
Isto se traduziu em um tronco comum de disciplinas e nas especifici-
dades correspondentes aos três enfoques do design que foram ado-
tados para o Curso e representados pelos percursos de Design para a
Construção, Design Gráfico e Design do Produto. Sob uma proposta
de flexibilização horizontal, que pudesse garantir maior autonomia

6 Escola de Arquitetura da UFMG.

SUMÁRIO 76
aos estudantes para uma construção curricular individualizada, o
Curso assentou-se em formações Específica, Complementar e Livre.

Figura 1 - Modelo tridimensional proposto para o Curso de Design da UFMG.

Fonte: Acervo da autora.

Dando prosseguimento à efetivação do Curso, em reunião


de 19 de março de 2009, a Câmara de Graduação do CEPE apro-
vou a composição do Colegiado do Curso de Design, sendo cons-
tituído de Coordenador e Subcoordenador; um docente da Escola
de Arquitetura, pertencente ao Departamento TAU; um docente da
Escola de Belas Artes, pertencente ao Departamento de Desenho
ou ao Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema; um docente da
Escola de Engenharia, pertencente ao Departamento de Engenha-
ria de Estruturas ou ao Departamento de Engenharia de Produção;
um docente da Faculdade de Ciências Econômicas, pertencente ao
Departamento de Administração ou ao Departamento de Ciências
Econômicas; além de mais um docente da Escola de Arquitetura,
pertencente ao Departamento de Análise Crítica e História da Arqui-
tetura ou ao Departamento de Projetos ou ao Departamento de

SUMÁRIO 77
Urbanismo; e representantes discentes, de acordo com o Estatuto e
Regimento Geral da UFMG.

Os encargos assumidos pelo Departamento TAU junto ao


Curso de Design correspondem na prática (considerando as opta-
tivas ofertadas) a cerca de 70% de toda a carga horária do Curso,
fazendo com que o Departamento se tornasse aquele com o maior
número de docentes designers por formação (com previsão de se
chegar a onze professores designers em 2024).

Nesse contexto, com vistas a permitir maior conexão com


seus docentes, em 2017, o Departamento TAU solicitou a aprovação
de mudança de seu nome junto à Congregação da EA-UFMG, pas-
sando a se chamar, desde então, Departamento de Tecnologia do
Design, da Arquitetura e do Urbanismo.

DESIGN & ARQUITETURA


Em 2007, imbuída pelo desejo de que o Curso de Design fosse
implantado com sucesso e com o melhor apoio de toda a comunidade
da EA-UFMG, em julho, organizei a exposição “Design & Arquitetura”
(Figura 2), com o objetivo de apresentar para à comunidade, às vés-
peras da criação do novo Curso, o potencial de integração das duas
áreas. Nessa mostra, foram expostos os trabalhos, tanto de pesquisa
quanto de ensino, que já vinham sendo realizados na EA-UFMG, a
partir da estreita aproximação entre o design e a arquitetura.

Os trabalhos expostos diziam respeito aos resultados de


projetos de pesquisas, nos quais estive envolvida: “Projeto Fortaleci-
mento do Pólo Moveleiro de Ubá pelo design Integrado: Desenvolvi-
mento de Produtos para a Certificação - PRÓ-UBÁ”, coordenado pelo
professor Edgar Carrasco, junto ao Departamento de Engenharia de
Estruturas da UFMG, e o “Projeto ECOPOLO: Sustentabilidade para o

SUMÁRIO 78
pólo moveleiro do Vale do Jequitinhonha: Diversificação e valorização
do uso da madeira de eucalipto através do design de componentes
arquitetônicos e da certificação de produtos madeireiros”, coordenado
pela professora Roberta Souza, junto ao Departamento TAU.

Também foram expostos os trabalhos desenvolvidos em dis-


ciplinas ministradas por mim, tais como os resultados da disciplina
optativa “Tópicos em Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo -
Intervenção em Design no Ambiente Construído”, que contou com a
participação da professora arquiteta de interiores Carmen Munõz de
Frank da Fachbereich Architektur und Innenarchitektur da Fachho-
chschule Lippe und Hoexter, Alemanha, atividade ligada a projeto
financiado pelo Programa UNIBRAL-Capes (Pereira, 2023).

Figura 2 - Exposição “Design & Arquitetura”, organizada


em julho de 2007 na EA-UFMG.

Fonte: Acervo da autora.

SUMÁRIO 79
Figura 3 - Exposição “Design & Arquitetura”: homenagem ao professor Jefferson Lodi.

Fonte: Acervo da autora.

Além disto, uma homenagem foi feita ao professor Jefferson


Lodi , expondo o mobiliário de estilo modernista (Figura 3) projetado
7

por ele para a inauguração do prédio da Escola de Arquitetura na


década de 1950 e que, em 2003, havia sido restaurado, continuando
em uso pela Diretoria e Departamentos até os dias atuais.

7 Jefferson Lodi foi o primeiro professor de desenho artístico da Escola de Arquitetura da UFMG. Gra-
duado como Engenheiro Arquiteto pela EA-UFMG em 1951, iniciou sua carreira docente na mesma
instituição em 1957, onde lecionou até a década de 1990. Também foi professor fundador da Escola
de Belas Artes da UFMG e professor da Escola Guignard, Escola esta que posteriormente veio a ser
integrada à UEMG.

SUMÁRIO 80
CONSTITUIÇÃO DO CORPO DOCENTE
O papel do Departamento TAU no Curso de Design da
UFMG é central. O Departamento foi sugerido como o mais indicado
a acolher o novo Curso e foi considerado o espaço de nucleação das
competências da área do Design na EA-UFMG.

Sendo assim, em 2003, o Departamento TAU esteve à frente


da “Comissão Inicial de Estudos” para a criação do novo Curso e,
posteriormente, presidiu a Comissão de trabalho instituída em 2004
pela Reitoria. Também, conduziu todo o trabalho de reformula-
ção do Projeto Pedagógico para atendimento às diretrizes do Pro-
grama REUNI. Na constituição do Colegiado do Curso de Design,
foi designada uma cadeira para o Departamento TAU, enquanto
outras quatro cadeiras foram ocupadas por Unidades, ou seja, uma
pela Escola de Arquitetura, representada por seus outros três depar-
tamentos, uma pela Escola de Belas Artes, representada por dois
departamentos, uma pela Escola de Engenharia, representada por
dois departamentos, e uma pela Faculdade de Ciências Econômicas,
representada por dois departamentos. Além disto, desde sua criação,
todas as coordenações do Colegiado foram assumidas por docentes
do Departamento TAU.

Como já relatado, a história da criação do Curso de Gradua-


ção em Design na UFMG se deu em duas fases.

Na primeira, entre 2004 e 2005, um desenho de projeto peda-


gógico foi idealizado. Neste, propunha-se um Curso com duração
de cinco anos, no qual sua integralização se daria em 10 semestres
com 3000 horas cursadas. Onze departamentos da UFMG estariam
envolvidos para absorver encargos didáticos constituídos de disci-
plinas obrigatórias, com carga horária total de 2505 horas cursadas
por cada discente, e disciplinas optativas, disponibilizadas num total

SUMÁRIO 81
de 1590 horas, que seriam escolhidas por cada estudante para a
integralização do Curso.

Nessa proposta e em relação às disciplinas ofertadas, o


Departamento TAU seria responsável por 1350 horas em disciplinas
obrigatórias (54%) e mais 360 horas em optativas disponibilizadas
para os estudantes. Entretanto, para os docentes, se considerou uma
carga horária de disciplinas obrigatórias de 2595 horas, tendo em
vista a necessidade de dois professores em sala de aula (um profes-
sor para cada 15 alunos) em 19 disciplinas práticas. No total, o Depar-
tamento TAU assumiria carga horária de 2955 horas, sendo necessá-
rios 20 professores para lecionar em média 10 horas de aula semanais.

Na segunda fase, em 2008, ajustes foram feitos para a ade-


quação ao Programa REUNI, levando à aprovação do Projeto Peda-
gógico final. Neste, o Curso foi proposto com 2700 horas, sendo
2400 horas referentes a disciplinas e 300 horas a estágio supervisio-
nado, devendo ser integralizado em nove semestres. Neste desenho,
foram envolvidos nove departamentos da UFMG para a oferta de
2265 horas em disciplinas obrigatórias e 1590 horas em disciplinas
optativas. O Departamento TAU ficou responsável por 1230 horas em
disciplinas obrigatórias (54%) e mais 405 horas em optativas dispo-
nibilizadas para os estudantes. Contudo, na prática, o Departamento
TAU tem assumido, seguidamente, cerca de 70% da carga horária,
visto que a maioria das disciplinas optativas tem sido ofertada pelo
Departamento. Considerando a necessidade de dois professores
em sala de aula (um para cada 15 alunos) em 11 disciplinas práti-
cas, a carga horária em disciplinas obrigatórias levada em conta é de
1740 horas, sendo, pois, necessários 15 docentes dedicados ao
Curso de Design no Departamento TAU para lecionar em média
10 horas de aula semanais.

As vagas docentes concedidas, no âmbito do Programa


REUNI, dizem respeito a 10 vagas em regime de dedicação exclu-
siva (DE), que deveriam ser distribuídas entre os departamentos

SUMÁRIO 82
envolvidos no Curso de Design. Três das 10 vagas poderiam ser des-
dobradas em vagas de dedicação de 20 ou 40 horas semanais, as
chamadas T20 e T40. Ao final, o Curso de Design recebeu sete vagas
DE e nove vagas T20.

Em função da carga horária assumida pelos departamen-


tos, as nove vagas T20 foram distribuídas da seguinte maneira: duas
vagas para o Departamento de Desenho da Escola de Belas Artes;
três vagas para o Departamento de Engenharia de Estruturas da
Escola de Engenharia; na Escola de Arquitetura foram: uma vaga
para o Departamento de Análise Crítica e Histórica da Arquitetura e
do Urbanismo; uma vaga para o Departamento de Projetos e duas
vagas para o Departamento TAU. O Departamento TAU também
recebeu as sete vagas DE.

Posteriormente, uma renegociação dos departamentos com


a Reitoria levou a algumas mudanças: os Departamentos de Dese-
nho e de Análise Crítica e Histórica da Arquitetura e do Urbanismo
receberam mais uma vaga T20 para cada um; o Departamento de
Engenharia de Estruturas transformou as três vagas T20 em uma
vaga DE e o Departamento TAU transformou uma vaga T20 em T40.
Atualmente, todas as vagas T20 e T40 se tornaram DE.

Sendo assim, entre 2009 e 2013, o Departamento TAU havia


preenchido todas as nove vagas (7 DE, 1 T20 e 1 T40) recebidas
para o Curso de Design.

Tendo em vista o déficit de corpo docente apresentado pelo


Departamento TAU, em 2014, uma vaga DE foi obtida a partir de solici-
tação feita em avaliação realizada sob critério qualitativo e, em 2022,
outra vaga DE foi obtida em solicitação de alocação de vaga docente
para “situações atípicas de manutenção” de cursos da UFMG (que,
apesar disto, foi concedida dentro da matriz quantitativa). Esta vaga
foi preenchida por concurso realizado em 2023. No mesmo ano,
outro concurso preencheu vaga de aposentadoria ocorrida em 2022.

SUMÁRIO 83
Em setembro de 2023, outras duas vagas foram concedidas a par-
tir de esforços da Chefia do Departamento TAU e do Colegiado de
Graduação do Curso de Design junto à Pró-Reitoria de Graduação.
Para uma destas vagas, foi aproveitado o 2º colocado em concurso
de 2023. A outra vaga será colocada em concurso em 2024.

Assim, em 2024, o Departamento TAU contará com 13 profes-


sores dedicados ao Curso de Design da UFMG, o que representa
um déficit de 02 (dois) docentes.

Nesse quadro, dez professores são graduados em design –


cabe registrar, que o Departamento TAU também obteve outra vaga
T20 para atuar junto ao Curso de Design de Moda, vaga esta igual-
mente preenchida por designer, atualmente em regime de DE.

Nessa perspectiva, o Departamento TAU segue envidando


esforços em busca do alcance da excelência na área do design.

REFERÊNCIAS
ESCOLA DE ARQUITETURA (EA). Projeto Pedagógico do Curso de Design da UFMG.
Escola de Arquitetura, Universidade Federal de Minas Gerais: Belo Horizonte, 2008.

MEC, Resolução n.º 5, 2004

PEREIRA, A. F. Um olhar sobre o Design: Memorial Acadêmico. Ecodesign e Design


para a Sustentabilidade. 1. ed. Ponta Grossa: Atena Editora, 2023.

UFMG, Portaria n.º CG 0114/2004

SUMÁRIO 84
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.3 ESPECIALIZAÇÃO EM CONFORTO
AMBIENTAL, EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA E TECNOLOGIAS
CONSTRUTIVAS SUSTENTÁVEIS
Marco Antônio Penido de Rezende
Cynara Fiedler Bremer
Leonardo de Oliveira Gomes

Sendo uma das atividades de ensino desenvolvidas pelo


Departamento TAU, também vinculada ao Programa de Pós-gradu-
ação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável (PP-ACPS,
EA-UFMG), o Curso de Especialização em Conforto Ambiental, Efici-
ência Energética e Tecnologias Construtivas Sustentáveis surgiu de
demandas feitas por profissionais, empresas e associações de classe
ao Departamento TAU, visando a formação de especialistas capazes
de apresentar soluções sustentáveis efetivas para produtos, edifícios
e ambientes urbanos e construídos, em suas várias dimensões.

Diante disto, o Curso (Figura 1) tem como


objetivos específicos:

→ aprofundar os estudos sobre a abordagem do desenvolvi-


mento sustentável aplicada ao ambiente construído, em suas
diferentes escalas;

→ atualizar os conhecimentos sobre as soluções técnicas e tec-


nológicas disponíveis e adequadas à resolução dos proble-
mas ambientais no ambiente construído;

SUMÁRIO 85
→ incentivar a inovação quanto à utilização da matéria-prima e
dos sistemas tecnológicos;

→ estimular a proposição de novos conceitos formais e cons-


trutivos baseados nas referências de sustentabilidade.

Figura 1 - Site da Especialização em Sustentabilidade do Departamento TAU.

Fonte: https://ufmgpossustentabilidade.com.br/

O Curso é realizado de forma presencial e está voltado, fun-


damentalmente, aos profissionais graduados em Arquitetura, Enge-
nharia, Design, Administração, Direito e áreas afins, ligados ao pro-
jeto, produção, avaliação, e gestão do ambiente construído. Busca
dar competência aos especialistas formados pelo Curso, para atuar
na área da Sustentabilidade em todas as dimensões do Ambiente
Construído, entendendo a sua complexidade, e com capacidade de
análise crítica em relação aos processos correntes e possibilidades
de propor inovações.

A busca pela introdução da abordagem do desenvolvimento


sustentável no ambiente construído implica numa atuação multidisci-
plinar, envolvendo profissionais da área de arquitetura (tecnologia da

SUMÁRIO 86
arquitetura e conforto ambiental), urbanismo (planejamento urbano,
paisagem e entorno natural: geográfico, recursos hídricos etc.),
engenharia (tecnologia de processos e dos materiais, sistemas cons-
trutivos), gestão (gestão de projetos sustentáveis e gestão de obras),
design (desenvolvimento de componentes eficientes e adequados
aos usuários, aplicação de ferramentas de ecodesign), direito (legis-
lação e perícia ambiental), sociologia, economia e administração
(sustentabilidade do ambiente construído). Assim sendo, o Curso
pretende ofertar informações nas áreas acima citadas, visando capa-
citar os profissionais para a tarefa de propor soluções tecnológicas
sustentáveis para os edifícios e ambiente construído como um todo.

Os conteúdos são introduzidos observando-se a reflexão


e enfatizando-se a aplicação do conhecimento, sendo os mesmos
abordados de forma a permitir uma compreensão lógica baseada
no estado da arte da pesquisa científica e aplicada, sobre Conforto
Ambiental, Eficiência Energética e Tecnologias Construtivas Sus-
tentáveis, e com abordagens ligadas às práticas de menor impacto
ambiental, ciclo de vida do produto e ambiente construído, novos
materiais, evolução de tecnologias e seus impactos no comporta-
mento, projeto, construção e gestão, uso e pós-uso etc. Interessam
as relações dessas práticas através da aproximação do contexto das
habitações, das cidades e dos produtos.

A forma de aplicação do conhecimento se baseia no desen-


volvimento de uma interface entre teoria e prática, através de inte-
ração com o setor produtivo, equilibrando o discurso acadêmico
crítico e a realidade tecnológica, a fim de capacitar os futuros espe-
cialistas para a aplicação adequada e consciente de métodos e fer-
ramentas inovadoras.

O Curso possui estreita articulação com os laboratórios do


Departamento TAU: Laboratório de Pesquisas Tecnológicas (LPT),
Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética em

SUMÁRIO 87
Edificações (LABCON) e Laboratório de Estudos Integrados em
Arquitetura, Design e Estruturas (LADE).

Os alunos têm também a seu dispor os espaços da biblioteca


da Escola de Arquitetura da UFMG.

Quanto às ferramentas pedagógicas, as disciplinas possuem


documento instrucional e textos didáticos, impressos ou digitaliza-
dos, sendo disponibilizados por meio do Moodle, Teams ou outra
mídia, amplo material para acompanhamento das disciplinas. Esse
material é demandado e aprovado pela Comissão Coordenadora
antes do oferecimento das disciplinas.

ESTRUTURA DO CURSO
A abordagem do Curso prevê uma estratificação em
quatro eixos, sendo um Eixo Metodológico e três Eixos Funda-
mentadores (Figura 2).

Figura 2 - Eixos estruturantes do Curso de Especialização do Departamento TAU.

Fonte: Acervo do Curso.

SUMÁRIO 88
O Eixo Metodológico, chamado “Procedimentos do Curso”,
tem como objetivo apresentar a pesquisa científica/tecnológica e
suas metodologias, bem como orientar as formas de desenvolvi-
mento e entrega dos Trabalhos de Conclusão de Curso.

Essa abordagem propicia a construção de formas de


comunicação direta com a comunidade acadêmica (e seus pares
relacionados) e promove a divulgação para a atuação profissional
(e organizações relacionadas) para os egressos do Curso, ou seja, a
produção de monografias e artigos científicos, bem como desenvol-
vimentos de projetos práticos, todos com orientação dos professo-
res (cujos resultados também são passíveis de se tornarem artigos e
publicações científicas).

Os Eixos Fundamentadores são organizados pelos assun-


tos que definem toda a discussão proposta pelo Curso. Abordam os
agrupamentos ”Conforto Ambiental e Eficiência Energética” no Eixo
2 e “Sustentabilidade e Tecnologia Aplicada ao Ambiente Constru-
ído” no Eixo 3. Representam o cerne da proposta conceitual do curso.

No Eixo 4, as Disciplinas Complementares e Seminários


apresentam assuntos também relevantes e ilustrativos do comporta-
mento prático e aplicado, propiciando conteúdo para os seminários
propostos pelo Curso.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
O conteúdo didático é proposto de forma a flexibilizar a
organização da grade curricular, visando oferecer ao aluno um equi-
líbrio do conteúdo ofertado, considerando uma oferta ampla de
disciplinas optativas. Isso dá ao aluno a oportunidade de seleção
dos temas mais condizentes com as suas atuações profissionais.

SUMÁRIO 89
Cada aluno faz, semestralmente, sua matrícula por disciplinas com a
orientação de um professor tutor.

EIXO 1 - PROCEDIMENTOS DO CURSO


Disciplinas que apresentam as bases metodológicas das
diversas áreas que compõem o escopo do Curso, com o foco na
pesquisa científica/tecnológica, suas formas de comunicação e
divulgação, orientando a prática do Trabalho de Conclusão de Curso.

MÓDULO 1.1 – METODOLOGIA

■ Metodologia Científica

■ Estratégias de Pesquisa – Monografia

■ Estratégia de Projeto – Relatório Técnico

MÓDULO 1.2 – PRÁTICA PROJETUAL

■ Projeto Integrado Aplicado

MÓDULO 1.3 – DISCIPLINAS TÓPICOS

■ Tópicos I de 15h

■ Tópicos II de 30h

EIXO 2 - CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA


Disciplinas que apresentam as bases conceituais e metodo-
lógicas dos diversos assuntos que compõem as abordagens sobre
conforto ambiental, eficiência energética, certificações, etiquetagens
e normas relacionadas, de forma conceitual e prática.

SUMÁRIO 90
MÓDULO 2.1 – CONFORTO AMBIENTAL

■ Estratégias Condicionantes Térmicas para Ambientes

■ Climatização de Ambientes

■ Acústica de Ambientes

■ Iluminação Integrada

MÓDULO 2.2 – EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

■ Fontes Energia Renováveis e o Futuro da Energia

■ Simulação de Desempenho Térmico e Eficiência Energética

MÓDULO 2.3 – CERTIFICAÇÕES, ETIQUETAGENS E NORMAS

■ Certificação Ambiental

■ AQUA

■ LEED

■ RTQs

■ Etiquetagem de Edifícios Comerciais

■ Etiquetagem de Edifícios Residenciais

■ Abordagens sobre a Norma NBR 15.575

EIXO 3 - SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIA


APLICADA AO AMBIENTE CONSTRUÍDO
Disciplinas que apresentam as bases conceituais e metodo-
lógicas dos diversos assuntos que compõem as abordagens sobre

SUMÁRIO 91
sustentabilidade e tecnologia aplicada ao ambiente construído, habi-
tação, cidades e gestão aplicada, de forma conceitual e prática.

MÓDULO 3.1 – SUSTENTABILIDADE

■ Sustentabilidade: Conceitos e Fundamentos

■ Concreto Sustentável

■ Arquitetura Vernácula

■ Cidade e Habitação Sustentáveis

■ ACV e Projeto Sustentável

■ Paisagens Resilientes e Soluções Baseadas na Natureza

■ Análise do Ciclo de Vida Energético de Edificações

MÓDULO 3.2 – TECNOLOGIA

■ Evolução Científica e Tecnológica

■ Cidades Inteligentes

■ Novos Materiais e Processos de Fabricação

■ Inovações Tecnológicas na construção Civil

■ Automação de Edifícios

■ Incêndios

■ Envoltória e Vedações Verticais

■ Tecnologia e soluções Construtivas em Terra Crua

MÓDULO 3.3 – CIDADE

■ Bioclimática

■ Sustentabilidade e Conservação Urbana

SUMÁRIO 92
■ Resíduos e Impactos Ambientais

■ Mobilidade Urbana

■ Recursos Hídricos Municipais

■ Modelagem Climática Urbana

MÓDULO 3.4 – GESTÃO

■ Gestão de Projetos em Sustentabilidade

■ Gestão de Obras em Sustentabilidade

■ Gestão de Recursos Hídricos

■ Gestão de Pós-ocupações

■ Gestão e licenciamento ambiental do ambiente construído

EIXO 4 - COMPLEMENTARES E SEMINÁRIOS


Disciplinas que apresentam diversos temas e soluções,
que compõem abordagens adicionais ao conteúdo apresentado no
Curso, de forma conceitual e prática.
■ Bambu Estrutural

■ Estruturas de Integridade Tensional

■ Projetos de Arborização Urbana

■ Building Design – Métodos e Práticas

■ Transportation Design

■ Psicologia Ambiental e Sustentabilidade

■ Design e Questões Sociais

■ Patologia das Edificações

■ Seminários sobre temas diversos

SUMÁRIO 93
EVENTOS COMPLEMENTARES
O Curso promove, também, uma série de eventos comple-
mentares, tais como os Seminários e as Oficinas Práticas.

SEMINÁRIOS
A cada um ano e meio, o Curso promove um seminário rela-
cionado a temas relevantes na área de sustentabilidade. Por exem-
plo, o seminário organizado após a pandemia do Covid-19, apre-
sentado na Figura 3.

Figura 3 - Seminário sobre o mundo pós-covid.

Fonte: Acervo do Curso.

AULAS ESPECIAIS

Oficinas Práticas
Buscando levar a experiência prática de obras e outras ativi-
dades relacionadas a ações de sustentabilidade, o Curso oferece ofi-
cinas práticas voltadas a temas específicos, tais como os cursos de

SUMÁRIO 94
arquitetura de terra e pedra. Alguns deles, por demanda, são abertos
à participação de público externo. As Figuras 4 e 5 ilustram algumas
dessas atividades desenvolvidas.

Figura 4 - Peças de divulgação da Oficina Prática sobre arquitetura de terra.

Fonte: Acervo do Curso.

SUMÁRIO 95
Figura 5 - Peças de divulgação da Oficina de Pedra: da arte à construção.

Fonte: Acervo do Curso.

SELO EDITORIAL
Fruto do amadurecimento dos trabalhos e pesquisas desen-
volvidos pelo Curso, um selo editorial foi criado. Trata-se do selo edi-
torial “Sustentabilidade no Ambiente Construído”, que tem editado
obras relacionadas ao tema, como o livro “Arquitetura Vernácula e Sus-
tentabilidade” e o livro “Tecnologia, Sociedade e Cultura” (Figura 6).

SUMÁRIO 96
Figura 6 - Publicação do Selo Editorial Sustentabilidade no Ambiente Construído.

Fonte: Acervo do Curso.

DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES


A duração do curso corresponde a três semestres letivos.
Os estudantes devem integralizar, dentre as disciplinas oferecidas, o
total de 360 horas-aula e 24 créditos, compreendendo aulas e ativi-
dades relacionadas a seguir:

■ Aulas no turno noturno às sextas-feiras e diurno aos sába-


dos, no total de 15 horas-aula semanais, compreendendo, no
mínimo, 26 finais de semana programados alternadamente,

SUMÁRIO 97
conforme calendário escolar apresentado antes do início de
cada semestre letivo;

■ Trabalho de Conclusão do Curso.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


O Trabalho de Conclusão do Curso representa um impor-
tante momento de síntese e de integração de conhecimento. Após
cursar as disciplinas relacionadas à pesquisa acadêmica e suas
metodologias, o aluno poderá optar pela forma na qual desenvol-
verá o seu Trabalho de Conclusão do Curso, podendo ser um tra-
balho prático, projeto, estudo de caso ou monografia de comprova-
ção do estado da arte.

Os professores compõem a equipe de orientadores que


auxiliam os alunos no desenvolvimento de suas pesquisas de
forma integrada com o setor produtivo. Ao mesmo tempo, com
uma análise reflexiva sobre o assunto, objetivando uma solução
efetiva, absolutamente crítica e sintonizada com a realidade dos
ambientes construídos.

Os alunos são auxiliados pela subcoordenação do Curso, para


definirem os seus orientadores. Esse acompanhamento do desen-
volvimento do Trabalho de Conclusão do Curso continua, mesmo
depois do aceite do orientador, com vistas a dinamizar esta impor-
tante etapa do Curso. O Trabalho de Conclusão do Curso deve ser
iniciado no segundo semestre letivo e concluído no terceiro semes-
tre. Para tal, limitando-se a carga horária das demais atividades, os
estudantes têm maior disponibilidade de tempo.

SUMÁRIO 98
COORDENAÇÃO DO CURSO
A Comissão Coordenadora é composta por três professo-
res do Departamento TAU. Atualmente, essa gestão conta com o
professor Marco Antônio Penido de Rezende, como coordenador,
com a professora Cynara Fiedler Bremer, como subcoordenadora,
e o professor Leonardo de Oliveira Gomes, como responsável pela
divulgação do Curso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo surgido de uma demanda de empresas e profissionais
ligados à construção civil e ao design de produtos, bem como do
resultado de pesquisas e atividades dos professores do Departa-
mento TAU, o Curso de Especialização propõe uma abordagem didá-
tica focada na participação dos discentes, inclusive no traçado de
seu percurso, buscando incluir as informações mais recentes da área
da sustentabilidade, aplicadas aos produtos, edificações e cidades.

As pesquisas de satisfação junto aos discentes, as atividades


profissionais desenvolvidas pelos alunos após o Curso e, também, a
qualidade dos trabalhos finais (que incluem projetos premiados) têm
demonstrado que o Curso vem conseguindo cumprir seu objetivo
primordial, qual seja: formar profissionais com conhecimentos atuali-
zados no campo da sustentabilidade para o Ambiente Construído em
suas várias dimensões (produtos, edificações, cidades).

SUMÁRIO 99
DESTAQUES
EM TECNOLOGIA
NO TAU
PREMIAÇÕES
1997
Prêmio de Ciência e Tecnologia da Sociedade
Mineira de Engenheiros (SME):

Premiação: 1º lugar na categoria Conservação de Energia.

Trabalho: “Análise de Desempenho e Otimização do Sistema


de Iluminação Artificial do Mercado Central”. Autoria de Cristina
Vono Pereira, Gentil Felix Viana Júnior, Tatiana Paula Alves, Valéria
Cristina Lara Resende.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

Premiação: Menção Honrosa na categoria Arquitetura.

Trabalho: “Análise de Desempenho e Otimização do Sistema


de Iluminação Artificial do Mercado Central”. Autoria de Cristina
Vono Pereira, Gentil Felix Viana Júnior, Tatiana Paula Alves, Valéria
Cristina Lara Resende.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

SUMÁRIO 100
1998
Prêmio de Ciência e Tecnologia da Sociedade
Mineira de Engenheiros (SME):

Premiação: 1º lugar e Menção Honrosa na categoria Con-


servação de Energia. Trabalho: “Projeto Iluminação natural - Estudo
de caso do Mercado Central de Belo Horizonte”. Autoria de Cristina
Vono Pereira, Gentil Felix Viana Júnior, Tatiana Paula Alves, Valéria
Cristina Lara Resende.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

Premiação: Menção Honrosa na categoria Arquitetura.

Trabalho: “Projeto Iluminação natural - Estudo de caso do Mer-


cado Central de Belo Horizonte”. Autoria de Cristina Vono Pereira, Gentil
Felix Viana Júnior, Tatiana Paula Alves, Valéria Cristina Lara Resende.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

1999
Prêmio de Ciência e Tecnologia da Sociedade
Mineira de Engenheiros (SME):

Premiação: 1º lugar na categoria Conservação de Energia.

Trabalho: “Análise de Desempenho e Otimização do Sistema


de Iluminação Artificial do Mercado Central”. Autoria de Cristina
Vono Pereira, Gentil Felix Viana Júnior, Tatiana Paula Alves, Valéria
Cristina Lara Resende.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

SUMÁRIO 101
2005
Prêmio da XIV Semana de Iniciação
Científica da UFMG:

Premiação: 1º lugar em Ciências Sociais Aplicadas.

Trabalho: “Levantamento e tratamento de dados através de


técnicas de APO para avaliação de eficiência energética em edifica-
ções escolares”. Autoria de Silva Gondim.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

2007
Prêmio Mãos à Obra 2007, FIEMG/MINASCON:

Premiação: 1º Lugar Geral para alunos de graduação.

Trabalho: “Projeto Elemento zenital com ventilação natural”.


Autoria de Daniel Oliveira Amaral.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

11ª Edição do Prêmio Novos Talentos, Associação


Brasileira de Designers de Interiores:

Premiação: 1º, 2º e 4º lugares na categoria “Inovação”.

Trabalhos:

1º lugar “Projeto de residência modular de interesse social”.


Autoria de Anne K. Lambert

SUMÁRIO 102
2º lugar “Projeto de módulo desmontável para construção de
espaços flexíveis”. Autoria de Nadine Kupferschmmidt.

3º lugar “Projeto do sofá modular ‘Colcha de Retalhos’”. Auto-


ria de Grazielle N. de Azevedo.

Orientadora: Profa. Andréa Franco Pereira

2008
12ª Edição do Prêmio Novos Talentos, Associação
Brasileira de Designers de Interiores:

Premiação: 1º lugar e Menção Honrosa na categoria “Inovação”.

Trabalhos:

1º lugar “Projeto de poltrona anatômica acústica para ouvir


música”. Autoria de Ingmar Lorenz Ohm

Menção Honrosa “Projeto de móvel modular inflável”. Autoria de


Gabriela de Freitas Tassara.

Orientadora: Profa. Andréa Franco Pereira

Prêmio da XVII Semana de Iniciação


Científica da UFMG:

Premiação: Relevância Acadêmica.

Trabalho: “Tratamento de dados de iluminação natural”.


Autoria de Claudia Guidi. Orientadora: Profa. Roberta Vieira
Gonçalves de Souza.

SUMÁRIO 103
Prêmio do IX Encontro de Extensão da UFMG:

Premiação: Menção Honrosa.

Trabalho: “Programa de Arquitetura Pública - Município de


Barbacena- MG”. Autoria de Fernanda de Assis Cardoso.

Co-orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

Prêmio Opera Prima, Instituto de Arquitetos


do Brasil (IAB):

Premiação: Menção Honrosa.

Trabalho: “Morro das Pedras”. Autoria de Luciana Rocha Pietra.

Co-orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

2009
Prêmio Eco-Lógicas: Concurso Nacional de Mono-
grafias sobre Energias Renováveis e Eficiência Ener-
gética, Instituto para o Desenvolvimento de Ener-
gias Alternativas na América Latina (IDEAL):

Premiação: 3º lugar.

Trabalho: “Análise de envoltória e do sistema de iluminação a


partir do Regulamento Técnico da qualidade para eficiência energé-
tica de edifícios comerciais, de serviços e públicos: estudo de caso”.
Autoria de Iara Gonçalves dos Santos.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

SUMÁRIO 104
13ª Edição do Prêmio Nacional de Conservação e
Uso Racional de Energia, ELETROBRÁS/CONPET:

Premiação: 1° Lugar na categoria Edificações, modalidade


Estudante.

Trabalho: “Projeto Fundação da Cultura - Escola de Música, Tea-


tro de Dança de Formiga”. Autoria de Ana Carolina de Oliveira Veloso.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

2010
10ª Edição do Prêmio Ethos-Valor, Instituto Ethos e
Valor Econômico:

Premiação: 1º lugar na categoria Professores, sub-catego-


ria Plano de Ensino.

Autoria: Profa. Cynara Fiedler Bremer

2011
Prêmio do Non Conventional Materials and Sustai-
nable Technologies Conference (NOCMAT), Hunan
University - China:

Premiação: Classificado entre os Cinco Melhores Artigos na


categoria Young Researcher Certificate of Excellence.

Autoria: Prof. Fernando José da Silva

SUMÁRIO 105
Prêmio da XX Semana Conhecimento &
Cultura da UFMG:

Premiação: Menção Honrosa.

Trabalho: “Projetos Integrados em Design - Coordenação dos pro-


jetos desenvolvidos por bolsistas do Programa PRONOTURNO/Design”.

Orientadora: Profa. Maria Luiza Dias Viana

2012
Prêmio da XXI Semana Conhecimento &
Cultura da UFMG:

Premiação: Menção Honrosa.

Trabalho: “Projetos Integrados em Design - Coordenação dos pro-


jetos desenvolvidos por bolsistas do Programa PRONOTURNO/Design”.

Orientadora: Profa. Maria Luiza Dias Viana

Prêmio Tok&Stok de Design Universitário:

Premiação: Menção Honrosa.

Trabalho: “Projeto Banco de Roda Lagoinha”. Autoria de


Pedro Veloso.

Orientador: Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa

SUMÁRIO 106
2013
Prêmio Tok&Stok de Design Universitário:

Premiação: 2º lugar.

Trabalho: “Projeto Banco Sinfonia”. Autoria de Vitória


Procópio Cavalari.

Orientador: Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa

2014
Prêmio do XVII Encontro de Extensão da UFMG:

Premiação: Destaque (1º lugar).

Trabalho: “Projeto Catadores de Sonhos”.

Autoria: Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa

2015
Prêmio Melhor Tese do Programa de Pós-graduação
em Engenharia de Estruturas, UFMG:

Autoria: Prof. Fernando José da Silva

SUMÁRIO 107
2016
Prêmio Tok&Stok de Design Universitário:

Premiação: 3º lugar.

Trabalho: “Projeto Estante Teka”. Autoria de Franco Duilio Chimento.

Orientador: Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa

Premiação: Finalista.

Trabalho: “Projeto Mesa Multidesk”. Autoria de Frederico Almeida.

Orientador: Prof. Fernando José da Silva

Prêmio do XIX Encontro de Extensão da UFMG:

Premiação: Destaque (1º lugar)

Trabalho: “Projeto CASOS: Catadores de Sonhos”.

Autoria: Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa

Prêmio Eco-Lógicas: Concurso Nacional de Mono-


grafias sobre Energias Renováveis e Eficiência Ener-
gética do Instituto para o Desenvolvimento de Ener-
gias Alternativas na América Latina (IDEAL):

Premiação: Menção honrosa.

SUMÁRIO 108
Trabalho: “A influência dos usuários sobre os sistemas de
iluminação natural e artificial: estudo de caso de salas da Escola de
Arquitetura da UFMG”. Autoria de Camila Campos Gonçalves.

Orientadoras: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza e


Profa. Andréa Franco Pereira

2017
Prêmio da XXVI Semana de Iniciação
Científica da UFMG:

Premiação: Relevância Acadêmica.

Trabalho: “Análise quantitativa e qualitativa dos resíduos de


construção e demolição no município de Belo Horizonte, MG”. Autoria
de Karen Katleen Lourenço.

Orientadora: Profa. Sofia Araújo Lima Bessa

Prêmio Tok&Stok de Design Universitário:

Premiação: Finalista.

Trabalho: “Projeto Banco Enigma”. Autoria de


Rhutyllaynny Diniz Mendes.

Orientador: Prof. Fernando José da Silva

SUMÁRIO 109
2018
Prêmio da 26ª Jornada de Jovens Pesquisa-
dores, Associação de Universidades Grupo
Montevidéu (AUGM):

Premiação: Destaque na Área de Exactas.

Trabalho: “Desempenho de blocos de terra comprimida com


resíduos de construção e demolição incorporados”. Autoria de Tiago
Augusto Gonçalves Mello.

Orientadora: Profa. Sofia Araújo Lima Bessa

Prêmio do XXI Encontro de Extensão da UFMG:

Premiação: Destaque (1º lugar)

Trabalho: “Projeto Flores do Morro: design, dança e arquite-


tura para o bem-estar social”.

Autoria: Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa

Prêmio do XVII Encontro Nacional de Tecnologia do


Ambiente Construído (ENTAC):

Premiação: Melhor Artigo do Grupo de Trabalho Tecnologia


de Sistemas e Processos Construtivos.

Autoria: Profa. Grace Cristina Roel Gutierrez

SUMÁRIO 110
Prêmio do 9th International Multi-Conference on
Complexity, Informatics and Cybernetics (IMCIC),
International Institute of Informatics and Systemics:

Premiação: The Best Paper.

Trabalhos: “BIM as a structural study tool in case of fire” e


“Information modeling and information retrieval for the Internet of
Things (IoT) in Buildings”

Autoria: Profa. Renata Maria Abrantes Baracho Porto

Prêmio A’Design Award & Competition 2018:

Premiação: Finalista.

Trabalho: “Projeto Aquecedor de Leite”. Autoria de José do


Patrocínio da Silva Júnior e Stella Maris Silva Gomes.

Orientador: Prof. Fernando José da Silva

2019
Prêmio da XXVIII Semana de Iniciação
Científica da UFMG:

Premiação: Relevância Acadêmica.

Trabalho: “Estabilização de blocos de terra comprimida com


cal e rejeito de mineração”. Autoria de Anna Carolina Martins Navarro.

Orientadora: Profa. Sofia Araújo Lima Bessa

SUMÁRIO 111
Prêmio ReSchool 2018 - International Architecture
Competition (Certificate of Achievement):

Premiação: Special Mention.

Trabalho: “Projeto NOUS - Education, health and communal


activities in Chade - Africa”. Autoria de Julia Dias da Mota.

Orientadora: Profa. Sofia Araújo Lima Bessa

2020
Prêmio do 11th International Multi-Conference on
Complexity, Informatics and Cybernetics (IMCIC),
International Institute of Informatics and Systemics:

Premiação: The Best Paper.

Trabalhos: “Tourism Profiling: A Semi-automatic Classification


Model of Points of Interest”, “Toward a comprehensive Smart Ecosys-
tem Ontology Smart Cities, Smart Buildings, Smart Life” e “The per-
ception of the Urban Quality of Life Index in the context of Smart Cities”.

Autoria: Profa. Renata Maria Abrantes Baracho Porto

Prêmio da XXIX Semana de Iniciação


Científica da UFMG:

Premiação: Relevância Acadêmica.

SUMÁRIO 112
Trabalho: “Avaliação da durabilidade de microconcretos com
rejeito de minério de ferro para a produção de elementos vazados”.
Autoria de Mariana Alves Miranda.

Orientadora: Profa. Sofia Araújo Lima Bessa

Prêmio do XXIII Encontro de Extensão da UFMG:

Premiação: Destaque.

Trabalho: “Projeto de apoio aos Sistemas Agroecológicos


Unidades Produtivas da Agricultura Urbana Coletiva/Comunitária
(U-AUCL) de Belo Horizonte”.

Autoria: Profa. Rejane Magiag Loura

23ª Edição do Prêmio CBIC de Inovação e


Sustentabilidade:

Premiação: Menção Honrosa na Categoria Pesquisa Acadêmica

Autoria: Prof. Leonardo G. de Oliveira Gomes e Yuri Scatrut Ribeiro

2021
Prêmio PhD Proposal Award, International Federa-
tion for IT and Travel & Tourism:

Premiação: 3º lugar na categoria The Best Paper.

Trabalho: “Cultural Sustainability conceptual model and indi-


cators for smart destinations”. Autoria de Rafael Almeida de Oliveira

Orientadora: Profa. Renata Maria Abrantes Baracho Porto

SUMÁRIO 113
Prêmio Mentes da Inovação, Sociedade Brasileira de
Informática em Saúde: Premiação: 3º lugar.

Trabalho: “Projeto Meu Pré-Natal”. Autoria de Camila Fernanda


Donadoni de Souza, Eura Martins Lage, Igor Carvalho de Oliveira,
Isaias José Ramos de Oliveira, Murilo Pissinati Perez e Nathália Cris-
tian Ferreira de Oliveira.

Orientadores: Prof. Fernando José da Silva, Profa. Zilma


Silveira Nogueira Reis, Prof. Juliano De Souza Gaspar e Prof.
Érico Franco Mineiro

V Prêmio Maurício Roriz:

Premiação: Artigo selecionado entre os melhores da área de


conforto ambiental para publicação em revista.

Trabalho: Artigo “Desempenho térmico pela ABNT NBR


15575: versões 2013 e 2021”. Autoria de Luiza Barrio Peixoto e
Roberta Vieira G de Souza.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

2022
Prêmio do XIX Encontro Nacional de Tecnologia do
Ambiente Construído (ENTAC):

Premiação: Menção Honrosa em Melhores Artigos do GT


Tecnologia da Informação.

Trabalho: “Considerações sobre a manufatura rápida aditiva e


o uso de novos tipos de concreto nas construções impressas”.

SUMÁRIO 114
Autoria: Leonardo G. de Oliveira Gomes, Andréa Franco
Pereira, Sofia Araújo Lima Bessa

Premiação: 2º lugar na área de Conforto Ambiental


melhores trabalhos.

Trabalho: “Potencial de integração da luz natural na INI-C em


edificação de ensino”. Autoria: Larissa Arêdes Monteiro, Ludmila Car-
doso Fagundes Mendes, Roberta Vieira G. de Souza.

Orientadora: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

Prêmio do X Encontro de Sustentabilidade em


Projeto (ENSUS):

Premiação: Melhores trabalhos.

Trabalho: “Análise da gestão dos resíduos sólidos na Região


Metropolitana do Vale do Aço sob a perspectiva da economia circular”.

Autoria: Patrícia Lorena Cota da Silva e Sofia Araújo


Lima Bessa.

Orientadora: Profa. Sofia Araújo Lima Bessa

Prêmio Boas Práticas Urbanas, Conselho de Arqui-


tetura e Urbanismo de Minas Gerais:

Premiação: 2º lugar.

Trabalho: “Sistemas Agroecológicos: Unidades Produtivas da


Agricultura Urbana Coletiva de Belo Horizonte”.

Autoria: Profa. Rejane Magiag Loura

SUMÁRIO 115
2023
Concurso “Eu faço IC, e você?” - Pró-Reitoria de
Pesquisa da UFMG:

Premiação: 1º lugar Área Humanidades.

Trabalho: “Inovação no uso de rejeito de mineração na produção


de adobes”.

Autoria: Larissa Moreira Matias.

Orientadora: Profa. Sofia Araújo Lima Bessa

SUMÁRIO 116
PATENTES
E DESENHO INDUSTRIAL
2007
“Absorvedor Sonoro: Componente arquitetônico para conforto
ambiental de controle acústico”.

Depósito de Patente/Modelo de Utilidade MU 87024918

Concessão de Carta Patente em 05/04/2016

Depósito de Desenho Industrial DI 6702102-6

Concessão de Registro em 08/07/2008

“Difusor Sonoro: Componente arquitetônico para conforto


ambiental de controle acústico”.

Depósito de Patente/Modelo de Utilidade MU 87025140

Concessão de Carta Patente em 24/04/2018

Depósito de Desenho Industrial DI 6702103-4 (cubo) e DI


6702101-8 (paralelepípedo)

Concessão de Registro em 21/10/2008

SUMÁRIO 117
“Brise-soleil: Componente arquitetônico para conforto ambien-
tal de controle térmico- luminoso”.

Depósito de Patente/Modelo de Utilidade MU 87024926

Concessão de Carta Patente em 28/03/2017

Depósito de Desenho Industrial DI 6702104-2

Concessão de Registro em 21/10/2008

Autores do Departamento TAU: Profa. Andréa Franco Pereira;


Profa. Laura de Souza Cota C. S. Pinto; Profa. Roberta Vieira Gonçal-
ves de Souza; e Prof. Victor Mourthé Valadares

Origem: Projeto de Pesquisa, financiado pela FAPEMIG.

2010
“Taco ornamental modular para assoalhos - utilizado como
material de acabamento para a construção civil”.

Depósito de Desenho Industrial DI 7001231-8

Concessão de Registro em 04/01/2011

Autoras do Departamento TAU: Profa. Andréa Franco Pereira


e Profa. Laura de Souza Cota C. S. Pinto

Origem: Projeto de Pesquisa, financiado pela FAPEMIG.

SUMÁRIO 118
2011
“Dispositivo de bambu protendido”.

Depósito de Patente/Privilégio de Inovação PI11060352 A2

Concessão de Carta Patente em 25/08/2015

Autor do Departamento TAU: Prof. Fernando José da Silva

Origem: Tese de doutorado do autor.

2014
“Prateleira de luz arquitetônica oblíqua para iluminação natural”.

Depósito de Desenho Industrial BR3020140025180

Autora do Departamento TAU: Profa. Andréa Franco Pereira

Origem: Projeto de Pesquisa sem financiamento.

2016
“Brinquedo auxiliador no diagnóstico de daltonismo”.

Depósito de Patente/Privilégio de Inovação BR1020160154715

Concessão de Carta Patente em 30/02/2022

Autor do Departamento TAU: Prof. Érico Franco Mineiro

Autora discente do Curso de Design: Ana Paula Pacheco Gomes

Origem: Orientação de disciplina prática de design centrado


no usuário.

SUMÁRIO 119
2019
“Bastidor modular”.

Depósito de Patente/Modelo de Utilidade BR1020190278340

Autora do Departamento TAU: Profa. Andréa Franco Pereira

Origem: Projeto de Pesquisa sem financiamento.

“Processo de obtenção de produto de madeira granulada com


acabamento superficial na cor preto fosco”.

Depósito de Patente/Privilégio de Inovação BR1020190041102

Autor do Departamento TAU: Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa

Origem: Projeto de Pesquisa, financiado pelo CNPq.

“Configuração aplicada a/em joia, brinco, pulseira”.

Depósitos de Desenho Industrial BR3020190023334,


BR3220190049298, BR3220190049280 e BR3020190023369

Autor do Departamento TAU: Prof. Marcelo Silva Pinto

Autora discente do Curso de Design: Emanuele


Martiniano Santiago

Origem: Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso.

“Dispositivo de fixação para protetor facial”.

Depósito de Patente/Modelo de Utilidade BR2020200077460

SUMÁRIO 120
Depósito de Desenho Industrial 001760-9

Autor do Departamento TAU: Prof. Marcelo Silva Pinto

Origem: Projeto de Pesquisa sem financiamento.

“Coletor feminino de urina e peça íntima adaptada para


inserção do coletor”.

Depósito de Patente/Modelo de Utilidade BR1020190218207

Autor do Departamento TAU: Fernando José da Silva

Autora discente do Curso de Design: Nathalia Carvalho de Lima

Origem: Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso.

2020
“Aplicador de barra roscada e uso” e “Dispositivo fixador
para barra roscada”.

Depósito de Patente/Modelo de Utilidade BR1020200267507,


BR1020200261223

Autor do Departamento TAU: Fernando José da Silva

Origem: Projeto de Pesquisa sem financiamento.

“Configuração Aplicada a/em Embalagem” e “Configuração


Aplicada a/em Tampa Dosadora”

Depósito de Patente/Modelo de Utilidade BR1020200248707

SUMÁRIO 121
Depósito de Desenho Industrial BR3020200058135

Concessão de Registro em 07/12/2021

Autores do Departamento TAU: Prof. Leonardo G. de Oliveira


Gomes e Prof. Fernando José da Silva.

Autor discente do Curso de Design: André Marvin dos Santos

Origem: Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso.

2022
“Embalagem ergonômica para transporte e armazenagem de
materiais constituídos de pequenas partículas”

Depósito de Patente/Privilégio de Inovação BR1020220172137

Depósito de Desenho Industrial BR302022001174-6

Autor do Departamento TAU: Prof. Glaucinei Rodrigues Corrêa

Autor discente do Curso de Design: Rodrigo Damaceno


Dutra Santos

Origem: Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso.

“Configuração aplicada a/em embalagem”

Depósito de Desenho Industrial 302022005714-2

Autores do Departamento TAU: Prof. Fernando José da Silva


e Profa. Cynara Fiedler Bremer

Origem: Projeto de Pesquisa sem financiamento.

SUMÁRIO 122
2023
“Algoritmo para customização em massa de cadeiras
ergonômicas fixas”

Registro de Programa de Computador 20220025 (CTiT/UFMG)


em 12/03/2023

Autor do Departamento TAU: Prof. Érico Franco Mineiro

Origem: Projeto de pesquisa sem financiamento.

“Algoritmo conversor de malhas poligonais 3D em conjuntos


reduzidos customizáveis de polígonos planos para fabricação digital”

Registro de Programa de Computador 20220024 (CTiT/UFMG)


em 12/03/2023

Autor do Departamento TAU: Prof. Érico Franco Mineiro

Origem: Projeto de pesquisa sem financiamento.

“Algoritmo conversor de polisuperfícies NURBS e malhas 3D


em conjuntos de seções intertravadas para fabricação digital”

Registro de Programa de Computador 20220023


(CTiT/UFMG) em 12/03/2023

Autor do Departamento TAU: Prof. Érico Franco Mineiro

Origem: Projeto de pesquisa sem financiamento.

SUMÁRIO 123
“Algoritmo conversor de polisuperfícies NURBS e malhas
3D por seccionamento paralelo de angulação controlada para
fabricação digital”
Registro de Programa de Computador 20220022 (CTiT/UFMG)
em 12/03/2023
Autor do Departamento TAU: Prof. Érico Franco Mineiro
Origem: Projeto de pesquisa sem financiamento.

“Configuração aplicada a estojo e tampa de maquiagem”


Depósito de Desenho Industrial BR302023004396-9,
BR302023004398-5, BR302023004400-0, BR302023004399-3,
BR302023004397-7
Autora do Departamento TAU: Profa. Andréa Franco Pereira
Autora discente do Curso de Design: Evelyn Reis Sobrinho
Origem: Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso.

“Simulador de Iluminação Natural e Artificial para modelos


de informação (BIM)”.
NPC: NPC 31/2021 (pastas 146)
Data de Registro: 04/09/2023
Números de Registro: 20210036
Autor do Departamento TAU: Prof. Leonardo Geraldo
de Oliveira Gomes

Autor Discente Curso Especialização: Yuri Scatrut Ribeiro


de Andrade

Origem: Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso

SUMÁRIO 124
BOLSAS
DE PRODUTIVIDADE
Bolsa de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico
e Extensão Inovadora

DT/CNPq - Nível 2

Profa. Andréa Franco Pereira

Bolsa de Produtividade em Pesquisa

PQ/CNPq - Nível 1D

Prof. Edgar Vladimiro Mantilla Carrasco

Bolsa de Produtividade em Pesquisa

PQ/CNPq - Nível 2

Prof. Marco Antônio Penido de Rezende

Bolsa de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico


e Extensão Inovadora

DT/CNPq - Nível 2

Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza

SUMÁRIO 125
Par te
III
RELATOS
DE EXPERIÊNCIAS
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.4 DEZ ANOS DO CURSO DE
GRADUAÇÃO EM DESIGN NA
DISCIPLINA OFICINA INTEGRADA
Érico Franco Mineiro

No ano de 2019, o Curso de Graduação em Design da UFMG


completou uma década, desde o ingresso da primeira turma. O ani-
versário do curso foi tema de uma atividade de ensino na disciplina
Oficina Integrada. Este capítulo relata a experiência desta atividade
que foi conduzida nos dois períodos letivos do ano de 2019.

Para a elaboração deste relato da experiência, os registros


relativos à atividade acadêmica foram revisados, incluindo os memo-
riais descritivos dos trabalhos realizados pelos estudantes e os arte-
fatos produzidos. Também foram revisitados o projeto pedagógico
do curso, o programa e o plano de ensino da disciplina. Este relato
evidencia aspectos da experiência de ensino que, após análise, reve-
lam evidências do potencial da prática experimental integrada na for-
mação dos estudantes nos cursos de graduação em design.

Na primeira seção deste relato, a disciplina Oficina Integrada


é apresentada de maneira contextualizada na estrutura curricular do
Curso. Entre os aspectos que dirigem a condução da disciplina está o
entendimento de que é um momento privilegiado na estrutura curri-
cular para a inserção de práticas experimentais que articulem tecno-
logias pouco exploradas. Na segunda seção é apresentado o planeja-
mento da disciplina Oficina Integrada e da atividade que foi dedicada
ao tema “10 anos do curso”. Na terceira seção, alguns dos artefatos

SUMÁRIO 127
produzidos são expostos. Na última seção, a experiência relatada
é discutida em termos de suas particularidades e do seu potencial
para apoiar um tipo de formação em design que possa oferecer uma
base suficientemente robusta para que os estudantes e egressos do
curso se posicionem frente às indeterminações do campo.

CONTEXTUALIZAÇÃO
NA ESTRUTURA CURRICULAR
A estrutura curricular do Curso de Graduação em Design
da UFMG é marcada por um conjunto de disciplinas obrigatórias
encadeadas de práticas de design ao lado de disciplinas de oficina.
Este encadeamento perpassa o Curso desde o primeiro até o último
período letivo. Neste grupo de disciplinas, os quatro primeiros perío-
dos foram planejados para oferecer uma fundamentação geral, que
inclui: iniciação às práticas de design metodologicamente estrutura-
das, práticas focadas na dimensão simbólica do design e em design
centrado no usuário. Nos períodos subsequentes (5º e 6º períodos),
as atividades de design alcançam um nível de complexidade mais
próximo do que se espera de uma prática profissional e as turmas
são separadas por especialidades do design.

O Curso tem como proposta oferecer uma formação abran-


gente na qual os estudantes sejam autores das suas trajetórias for-
mativas. Os estudantes decidem por um conjunto de disciplinas
optativas nas diversas áreas de interesse do campo, mas, também,
escolhem um percurso formativo especializado de disciplinas obriga-
tórias ofertadas nas áreas do design gráfico e do design de produto.

Passados os percursos formativos especializados, os estu-


dantes são reunidos novamente em turmas únicas que agregam
egressos das diferentes especialidades nas disciplinas de Projeto

SUMÁRIO 128
Integrado e Oficina Integrada (7º período), quando realizam ativida-
des orientadas de design integrado, sendo que a integração de que
se trata aqui diz respeito às associações entre os conhecimentos
e práticas dos percursos formativos especializados, das diferentes
áreas do campo. Até por isso, se espera que Projeto Integrado e Ofi-
cina Integrada tenham um caráter interdisciplinar. Nos últimos perí-
odos do curso (8º e 9º) as disciplinas obrigatórias são o Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) e a Oficina de Conclusão de Curso (OCC).

Ao longo do curso, nas disciplinas de Oficina são ensinadas


técnicas que se entrelaçam com as práticas de design. Desde a fun-
damentação em geometria e técnicas de representação e expressão
gráfica, técnicas de construção de modelos tridimensionais, pas-
sando por técnicas informatizadas de computação gráfica e CAD,
alcançando o apoio ao TCC nos dois últimos períodos.

A Oficina Integrada (7º período) se situa na estrutura curri-


cular no momento particular subsequente aos percursos formati-
vos especializados e que antecede apenas o Trabalho de Conclu-
são de Curso. Neste momento, já foram introduzidas e exploradas
tecnologias maduras de apoio a projeto o que faz com que seja um
momento privilegiado para a introdução de bases tecnológicas ainda
não abordadas no curso. A programação criativa, o design paramé-
trico e a computação embarcada, por exemplo, não foram abordados
nas disciplinas obrigatórias anteriores.

Também é um momento propício para oferecer aos estudan-


tes que escolheram um percurso formativo especializado o acesso
às tecnológicas de apoio que foram abordadas em outro percurso.
Estudantes que optaram pelo percurso formativo em design gráfico
não tiveram contato com tecnologias CAD e de fabricação digital,
enquanto os estudantes que optaram pelo percurso formativo em
design de produto não tiveram acesso às tecnologias de computa-
ção gráfica e de produção gráfica.

No entanto, a mera inserção desarticulada de tecnologias não é


suficiente para que um processo de desenvolvimento seja bem-sucedido,

SUMÁRIO 129
é preciso planejamento e acomodação mútua entre objetivos, atividades
e experimentação (Thomke, 2007). Estendendo este argumento para
o contexto educacional, a seção seguinte apresenta o planejamento
da Oficina Integrada desde a exposição a um panorama introdutório
criado pelos próprios estudantes, passando por atividades de apren-
dizagem técnica fundamental, pela aprendizagem concomitante às
atividades de experimentação, até alcançar práticas de desenvolvi-
mento experimental em design em equipes.

PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO
DA OFICINA INTEGRADA
A Oficina Integrada é uma disciplina de natureza prá-
tica. Nas turmas do ano letivo de 2019, os estudantes conduzi-
ram três atividades orientadas ao longo da disciplina, conforme o
planejamento seguinte.

A primeira atividade consiste na condução rápida de estudos


de casos de design contemporâneo de base tecnológica por duplas
de estudantes. Reconhecendo que um dos papéis importantes da
educação em design é expor estudantes a imagens e experiências
que possam ser acessadas como precedentes (Lawson, 2004), o
objetivo desta atividade é fazer com que os estudantes percebam
exemplos de design contemporâneo com tecnologias recém-difun-
didas em um panorama acessado e organizado por eles próprios.

É disponibilizado para os estudantes um roteiro para os


estudos de casos. A adoção do roteiro define unidades de interesse
mínimas para cada caso (artefato, tecnologia, equipe, contexto e pro-
cesso) e facilita a comparação de achados entre os casos estudados.
As unidades de interesse funcionam como categorias para uma aná-
lise que é conduzida em tempo real em sala de aula.

SUMÁRIO 130
São achados recorrentes nesta atividade: (1) artefatos que
não se enquadram em categorias preestabelecidas; (2) informações
sobre tecnologias recém-difundidas e pouco conhecidas pelos estu-
dantes, tais como plataformas de prototipagem de artefatos físicos
computacionais, programas para projeção mapeada e tecnologias
de fabricação digital; (3) equipes de desenvolvimento com indiví-
duos que têm formações muito diversas; (4) artefatos desenvolvi-
dos em contextos independentes ou em ambientes institucionais
de pesquisa, muitas vezes desenvolvidos por motivação da própria
equipe, sem uma demanda comercial; (5) características do pro-
cesso de desenvolvimento de base experimental, com muitas etapas
iterativas e sem uma estrutura analítica evidente.

A partir deste momento interessa disseminar entre os estu-


dantes o entendimento de que eles são capazes de conduzir ativida-
des de desenvolvimento experimental como os que foram encontra-
dos na primeira atividade, desde que para isso busquem o conheci-
mento técnico necessário e se associem em equipes cujos integran-
tes tenham conhecimentos multidisciplinares. As bases tecnológicas
necessárias estão amplamente disponíveis.

No contexto do desenvolvimento experimental conduzido


por indivíduos não especialistas o processo de aprendizagem téc-
nica se dá mais por demanda de conhecimentos do que por uma
oferta programada, em um tipo de modelo educacional flexível e
ajustado em tempo real, uma aprendizagem justaposta ao processo
de desenvolvimento (Gershenfeld, 2005). As atividades subsequen-
tes da disciplina têm como objetivo promover a experiência de
aprendizagem não programática e semiautônoma, apoiada, mas não
predefinida, pelo professor.

A segunda atividade é individual e dividida em duas etapas.


Inicialmente são feitos exercícios para promover a aprendizagem téc-
nica fundamental em programação criativa ou em eletrônica básica
digital, conforme a escolha de cada estudante. São disponibilizados

SUMÁRIO 131
conjuntos de exercícios para os estudantes. Na segunda etapa, os
estudantes conduzem experimentos exploratórios que devem ser
documentados em um caderno de processo. Nesta segunda parte,
são considerados os avanços individuais no processo experimental,
mais do que o artefato final alcançado. A ideia por trás deste pla-
nejamento é oferecer primeiro uma fundamentação essencial orien-
tada e, em seguida, a experiência de identificar necessidades de
conhecimentos técnicos e buscar recursos de aprendizagem que
possam ser imediatamente aplicados no processo experimental.

A terceira e última atividade da Oficina Integrada consiste em


uma atividade de desenvolvimento experimental baseado no inter-
câmbio de técnicas típicas do design gráfico e do design de pro-
dutos. Como experiência complementar às atividades anteriores, os
estudantes se organizaram em pequenos grupos e podem explorar
livremente recursos de laboratório. Nas turmas de 2019, excepcio-
nalmente, foi definido um tema único para todos os estudantes: os
dez anos do curso de graduação design da UFMG. A seção seguinte
apresenta alguns dos artefatos produzidos.

ARTEFATOS PRODUZIDOS
Esta seção apresenta artefatos produzidos na terceira ati-
vidade da Oficina Integrada nas turmas de 2019. Os artefatos são
resultados parciais da disciplina, foram produzidos em uma das três
atividades, mas, mais do que isso, os resultados pretendidos mais
relevantes são transformações nos próprios estudantes pelas expe-
riências vivenciadas.

O objeto luminoso da Figura 1 foi construído com técnicas


de marcenaria e eletrônica básica, quando apagado lê-se “10 ANOS”
quando acesso lê-se “DESIGN”.

SUMÁRIO 132
Figura 1 - Luminoso Design 10 Anos: (A) luminoso aceso; (B) mesmo luminoso apagado.

Fonte: Trabalho elaborado pelos estudantes Alexsandra Rosa e Wanderson Leandro.

No trabalho apresentado na Figura 2, os estudantes desen-


volveram formas tridimensionais em ambiente CAD que posterior-
mente foram cortadas em papel em plotter de recorte, para formar o
jogo de letras “DEZ-ING”.

Figura 2 - Tipografia 3D DEZ-IGN: (A) modelos intermediários em papel;


(B) modelo final DEZ- ING.

Fonte: Trabalho elaborado pelos estudantes Bruno Ribeiro, Dieny Lopes, Jonathan Charles,
Raíra Borba e Sophia Durães.

SUMÁRIO 133
O trabalho apresentado na Figura 3 teve início com a adapta-
ção tipográfica para permitir o corte de matrizes em chapa acrílica na
fresadora CNC. Foram exploradas aplicações com vários materiais
com diferentes propriedades, até que se optou pela areia cinética
para modelar os tipos.

Figura 3 - Tipografia com areia cinética: (A) tipografia adaptada;


(B) modelagem com matrizes criadas para a atividade; (C) aplicação dos tipos.

Fonte: Trabalho elaborado pelos estudantes John Petterson e Matheus Nerys.

O trabalho apresentado na Figura 4 consistiu na criação de


um objeto virtual tridimensional a partir de transformações digitais
na letra “X” (algarismo romano).

SUMÁRIO 134
Figura 4 - Algarismo romano X: (A) transformação digital da forma tridimensional;
(B) tipos tridimensionais digitais.

Fonte: Trabalho elaborado pelo estudante Emílio Sousa Costa.

No trabalho “caderno-objeto” (Figura 5), os estudantes explo-


raram diferentes técnicas de encadernação e recursos associados
de design de produto e design gráfico para a elaboração do artefato.

Para elaboração do cartaz tridimensional (Figura 6), os estu-


dantes desenvolveram um cartaz em camadas em ambiente digital,
as partes foram separadas e cortadas em MDF na fresadora CNC.
Depois de pintadas, as peças foram montadas e coladas. Em outro
trabalho, os estudantes usaram uma máquina de termoformagem
para criar cartazes com objetos que remetem ao Curso (Figura 7).

SUMÁRIO 135
Figura 5 - Caderno-objeto comemorativo: (A) sketch de produto e sketch gráfico; (B)
capa produzida em termo-formagem à vácuo e adesivos recortados em plotter;
(C) caderno pronto fechado; (D) caderno pronto aberto.

Fonte: Trabalho elaborado pelos estudantes Ana Letícia Rodrigues Costa e Humberto Cardoso Zangueri.

Figura 6 - Cartaz tridimensional em camadas: (A) montagem preliminar das


peças cortadas; (B) peças após pintura; (C) cartaz pronto; (D) detalhe.

Fonte: Trabalho elaborado pelos estudantes Igor Oliveira, Djalma França Filho e Isadora Martins.

SUMÁRIO 136
Figura 7 - Cartaz tridimensional com objetos: (A) montagem das
peças para termoformagem; (B) exemplo de cartaz pronto.

Fonte: Trabalho elaborado pelos estudantes Bárbara Luppi; Marina Saldanha e Victor Lopes.

No trabalho da Figura 8, as estudantes começaram pela


construção de modelos volumétricos físicos de baixa fidelidade que,
em seguida, foram usados na elaboração de um conjunto de peças
gráficas, que evidenciam o fato de que a Escola de Arquitetura (EA-
UFMG) não incorporou a palavra Design no nome. Também em uma
crítica à falta da palavra “Design” no nome da EA-UFMG, no traba-
lho apresentado na Figura 9, o estudante pesquisou sobre técnicas
de impressão lenticular e fez uma abordagem macro, na qual se vê,
por um ângulo, a fachada da Escola sem intervenções e, por outro,
pichações alusivas ao curso de Design.

Figura 8 - Peças gráficas para a Escola de Arquitetura, Urbanismo e


Design: (A) peça gráfica “aqui tem design”; (B) peça gráfica “a escola
de arquitetura e urbanismo também é a escola de design”.

Fonte: Trabalho elaborado pelas estudantes Isabel Falabella e Luiza Kawamoto.

SUMÁRIO 137
Figura 9 - Intervenção sobre a fachada da Escola de Arquitetura da UFMG: (A) modelos
em papel; (B) usinagem da base angular; (c) base pronta; (D e E) artefato pronto.

Fonte: Trabalho elaborado pelo estudante Nikolas Alves.

A escultura de Aleijadinho do Profeta Abdias é um dos sím-


bolos associados à EA- UFMG. Há uma réplica no pátio interno e os
estudantes periodicamente pintam sobre a réplica uma roupagem
diferente. Para o trabalho da Figura 10, os estudantes fizeram uma
impressão 3D em escala reduzida, o objeto impresso foi usado na
confecção de um molde (Figura 10A), uma base foi usinada em MDF
na CNC (Figura 10B), em seguida foram produzidas dez réplica em
gesso, cada uma pintada com uma intervenção já realizada sobre a
réplica do pátio interno.

SUMÁRIO 138
Figura 10 - Reprodução de 10 intervenções do Profeta Abdias: (A) molde
termoformado; (B) rebaixo em MDF na CNC; (C, D e E) imagens do artefato final.

Fonte: trabalho elaborado pelos estudantes Edenil Júnior e Tanise Ribeiro.

Por fim, a Figura 11 mostra a ideia de um “Objeto-convite” que


utiliza como referência e forma inicial o capitel da coluna jônica, sím-
bolo da identidade visual da EA-UFMG, do qual foi extraído um ele-
mento que, em seguida, foi reformulado em um objeto tridimensional
funcional, que guarda a mensagem do convite para uma exposição
dos dez anos do Curso de Design da UFMG.

Figura 11 - Objeto-convite: (A) capitel da coluna jônica usado como


símbolo da Escola; (B) detalhe do capitel separado; (C) modelo digital;
(D) impressão 3D; (E) convite impresso; (F) objeto- convite final.

Fonte: Trabalho elaborado pelos estudantes Rafael Keven Gonçalves da Silva e Marciana de Fátima Xavier.

SUMÁRIO 139
DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos primeiros encontros da Oficina Integrada, percebe-se
que os estudantes tendem a se apegar aos conceitos e às práticas da
formação especializada que escolheram nos percursos formativos,
em design gráfico ou em design de produto. Por outro lado, é notável
que as fronteiras subdisciplinares do design esmaecem nas práticas
contemporâneas (Bremner; Rodgers, 2013).

Não é novidade que muitos dos projetos de produtos reque-


rem projetos gráficos complementares (como símbolos, marcas
e manuais) e que a articulação sistêmica das especialidades do
design oferece boas respostas em termos semânticos, identitários
e mesmo de usabilidade. Já nos primórdios da ergonomia aplicada,
articulações entre o design de mostradores gráficos e o design de
controles físicos já se mostravam essenciais à usabilidade dos siste-
mas homem-máquina. A interdependência segue com a atualização
para sistemas humano-computador após o advento das interfaces
digitais e da área de design de interfaces, que não pôde prescindir
dos conhecimentos especializados que já existiam. Há décadas o
conjunto (preferencialmente inter-relacionado) de manifestações de
design de uma organização, seja qual for a vinculação subdisciplinar,
é objeto da gestão do design.

Ainda neste sentido, as atividades em que os participantes se


engajam nos meios materiais de maneira crítica favorece a criação
de pontes entre mentalidades disciplinares, uma precondição para
as práticas híbridas e multidisciplinares (Ratto; Hertz, 2019).

Como argumenta Buchanan (1995), o design é um campo


com escopo radicalmente indeterminado. Até por isso, qualquer
curso que objetive oferecer uma formação ampla em design que
não seja estreitamente vinculada a uma das áreas de especialidade
do campo, como é o caso do Curso de Graduação em Design da

SUMÁRIO 140
UFMG, deve se preocupar em preparar os estudantes para lidar com
as indeterminações inerentes ao campo e às suas áreas de atuação
de maneira razoavelmente segura, flexível e autônoma.

Além da integração entre as especialidades do design, outra


inter-relação que acompanha o desenvolvimento histórico do campo,
e que é fundamental nesta reflexão, se dá entre design e tecnolo-
gias. As tecnologias de apoio ao design, de fabricação e execução,
e aquelas embarcadas nos artefatos, são desenvolvidas em passo
rápido já há décadas. Isso termina provocando uma ampla difusão
de tecnologias que ainda permanecem subutilizadas pelos estudan-
tes e, até mesmo, por designers profissionais, como a computação
embarcada, a programação criativa e o design paramétrico.

Na Oficina Integrada, a prática experimental necessariamente


implica na articulação de tecnologias, frequentemente com combi-
nações entre tecnologias novas e maduras. Isso termina fazendo
com que os estudantes compartilhem habilidades e conhecimentos
sobre os percursos formativos especializados que fizeram antes da
Oficina Integrada. Estudantes que optaram pelo percurso em design
gráfico têm acesso a tecnologias como impressoras 3D e fresadora
CNC, enquanto aqueles que optaram por design de produto tem
acesso a conhecimentos e serviços gráficos. O mesmo ocorre com
as tecnologias tradicionais de apoio ao design no percurso formativo
especializado, como ferramentas CAD e de computação gráfica.

É inerente ao desenvolvimento tecnológico alguma imprevi-


sibilidade sobre a tecnologia que será difundida a médio ou longo
prazo. Paralelamente, o campo do design também se desenvolve em
movimentos imprevisíveis, particularmente na esfera da atuação pro-
fissional, se em um momento design thinking desponta como tema
da vez, em outro nossos estudantes e egressos encontram muitas
oportunidades de trabalho com user experience.

SUMÁRIO 141
Em qualquer tempo, os estudantes que vivenciaram a Oficina
Integrada poderão retomar suas experiências e lembrar que é pos-
sível conduzir a aprendizagem técnica de maneira autônoma, optar
por práticas de desenvolvimento experimental e mesmo desenvol-
ver artefatos por motivação pessoal, usando tecnologias que antes
pareciam inacessíveis. A Oficina Integrada se coloca como espaço
para trocas de conhecimentos e o desenvolvimento de compe-
tências e habilidades que os ajudam a se posicionar com alguma
segurança diante das indeterminações tecnológicas e daque-
las do campo do design.

REFERÊNCIAS
BUCHANAN, R. Rhetoric, Humanism, and Design. In: BUCHANAN, R.; MARGOLIN, V. (Eds.).
Discovering Design: explorations in design studies. Chicago: Chicago University Press, 1995.

BREMNER, C.; RODGERS, P. Design without discipline. Design Issues, v.29, n.3, p.4-13, 2013.

GERSHENFELD, N. FAB: the coming revolution on your desktop. New York: Basic Books, 2005.

LAWSON, B. What Designers Know. Oxford: Architectural Press, 2004.

RATTO, M.; HERTZ, G. Critical Making and Interdisciplinary Learning: Making as a Bridge
between Art, Science, Engineering and Social Interventions. In: BOGERS, L.; CHIAPPINI,
L. (Eds.). The Critical Makers Reader: (Un)learing Technology. Amsterdam: Institute of
Network Cultures, 2019.

THOMKE, S. Managing Product and Service Development: text and cases. New York:
McGraw-Hill, 2007.

SUMÁRIO 142
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.5 O DESENHO TÉCNICO NO
CURSO DE DESIGN DA UFMG
Márcia Luiza França da Silva

Ao se formular um pensamento, valendo-se de entender


as “coisas” pelas imagens, o desenho pode ser entendido como
uma primeira linguagem de comunicação. Se é como uma lin-
guagem, será não verbal, e para Fayga Ostrower (1991, p. 23), a
expressão é de “ordem-formal”, “ocorre através de formas visuais”.
Ferreira entende que:
[...] o desenho, como anotação comunicativa sempre tem
uma função afirmativa. Diferentemente da linguagem
escrita [...], o desenho se faz apresentar sempre como
uma evidência, nunca como indeterminação. Não é pos-
sível falsificar graficamente uma forma porque, o que sur-
girá é uma outra forma (Ferreira, 2006, p. 6).

Dentro do que Gomes (1996) aponta sobre os tipos de dese-


nhos utilizados na representação gráfica, há o desenho industrial
operacional para projeto e processos de fabricação, cuja premissa é
“compreender aspectos construtivos de um produto através de con-
venções gráficas”. Além deste desenho, há também o desenho pro-
jetual de artefatos, que é o “registro de aspectos e detalhes formais
e funcionais do projeto [...] dos objetos do dia a dia.” (Gomes, 1996, p.
103-110; Schwartz, 2008, p. 15).

Para a descrição de um objeto qualquer, muitas alternati-


vas existem, mas no caso do Design, um objeto é fonte de inúmeras
informações, como forma, dimensões, materiais, cores, texturas, fun-

SUMÁRIO 143
ção. Inicialmente, para isso, o objeto deve ser descrito por meio de
um desenho, que pode ser livre ou um desenho técnico. Distinguir
essas modalidades, baseia- se no próprio objetivo. Se livre, o que
seria uma descrição apenas imagética, para se ter uma ideia do
que se fala; ou técnico, se for algo pormenorizado do objeto a ser
representado, inclusive para seu processo produtivo. Veiga da
Cunha (2004) destaca que:
O desenho técnico deve ser perfeitamente perceptível
e sem ambiguidades na forma como descreve determi-
nado objeto; o desenho livre pode ter, para diferentes
indivíduos, várias interpretações e significados do mesmo
objeto (Cunha, 2004, p. 3).

De modo recorrente, há uma discussão acerca do desenho,


ainda como meio de expressão, versus a “facilidade” e agilidade dos
softwares gráficos utilizados para projetos de design, colocando o
desenho manual como obsoleto. Para entender as bases desta
discussão, buscamos em Villanova Artigas, na Arquitetura, o sig-
nificado do desenho em suas formas, tanto livres quanto técnicas.
Para Artigas, o desenho,
[...] se de um lado é risco, traçado, mediação para expres-
são de um plano a realizar, linguagem de uma técnica
construtiva, de outro lado é desígnio, intenção, propósito,
projeto humano no sentido de proposta do espírito. Um
espírito que cria objetos novos e os introduz na vida real
(Artigas, 1986, p. 45).

Dentro do desenho técnico, Menezes (1998, p. 29) diferencia,


ainda, situações nas quais pode se ter uma representação livre de um
objeto – o croqui, ou uma representação técnica do mesmo objeto.

Ao longo dos tempos, o Desenho Técnico vem se aprimorado


cada vez mais, inclusive na atualização de suas normas, para que
seja entendido universalmente. No caso de um Curso de Gradua-
ção em Design da UFMG, é imprescindível que o aluno, inicialmente,
tenha conhecimento dos processos que regem o Desenho Técnico,

SUMÁRIO 144
desde o início, com os desenhos livres que denotam as ideias pro-
jetuais, passando pelo conhecimento da Geometria Descritiva, das
construções geométricas, das reduções e ampliações dimensionais
de representação em determinados espaços, e fundamental para a
área, o entendimento das Normas que o regem. As práticas manuais
do desenho são essenciais para que o aluno desenvolva a percepção
espacial, etapa por etapa, para que ele consiga representar sua ideia
e, posteriormente, ser um desenho digital.

Este ensaio tem por objetivo, discorrer sobre a trajetó-


ria do Desenho Técnico no Curso de Design da UFMG até então,
neste ano de 2022.

TRAJETÓRIA
O Departamento TAU completa 30 anos, num trabalho fecundo
de composição de corpo docente, de projetos de ensino, pesquisa e
extensão e de produção de conhecimento em sua consolidação.

Lotadas neste Departamento, estão muitas das disciplinas


do Curso de Design. No Curso, além de outras disciplinas ligadas
à representação gráfica, há a disciplina Desenho Técnico com 135
horas, realizada de modo manual.

No ano de 2009, ingressei na Universidade, para ministrar


aulas no Curso de Design. Sou designer de formação pela Universi-
dade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e pós-graduada em Design
no Programa de Pós-graduação em Design pela Universidade Esta-
dual Júlio de Mesquita Filho – UNESP – Bauru, SP.

Como pioneiros no Curso, a professora Andréa Franco


Pereira, o professor Glaucinei Rodrigues Corrêa, o professor Paulo
Gustavo von Krüger e eu não medimos esforços para que o início

SUMÁRIO 145
se realizasse a contento. Outros professores foram chegando e a
equipe foi sendo montada.

A disciplina a mim destinada foi o Desenho Técnico II, que


acontece apenas no quarto período, com uma carga horária de 75
horas e uma ementa densa, que abrange as Normas para o Dese-
nho Técnico, leitura e interpretação de desenho e sua aplicação ao
desenho mecânico. Neste ínterim, aguardando o quarto período,
fui designada também, para ministrar aulas no curso de Design de
Moda da Escola de Belas Artes da UFMG (entrada anual), atendendo
à flexibilização característica dos cursos vindos do Programa REUNI.
Tendo formação técnica em Moda, neste primeiro ano, eu ministrei
para o primeiro período, as disciplinas de Ergonomia para o Vestuário
e Desenho Técnico I do Vestuário.

Igualmente, atuei junto ao professor Paulo Gustavo von Krü-


ger, na disciplina de Oficina I, no segundo período. Foi um período
rico, no qual a Geometria Descritiva e o Desenho Geométrico eram
trabalhados para preparar os alunos ao conteúdo de Desenho Téc-
nico I no terceiro período.

O Desenho Técnico I ficara a encargo do Departamento de


Projetos (PRJ), com uma ementa mais curta, assim como sua carga
horária (60 horas), e era ministrada por professores arquitetos.

Antes de chegar ao quarto período, no qual a disciplina Dese-


nho Técnico II é ofertada, e sendo a última da trajetória, o aluno passa
por 210 h/a de conceitos relacionados à bi e tridimensionalidade, do
comportamento do objeto no espaço, ante várias perspectivas do
olhar, além do envolvimento com problemas diversos de geometria,
que constituirão o processo matemático das representações técni-
cas. Em suas importâncias merecidas, a disciplina de Oficina I tem
seu valor, porque aí nasce, dentro da Geometria Descritiva, o enten-
dimento do objeto nos planos, o estudo crítico e reflexivo das proje-
ções que serão aplicadas no campo do Design. E este berço é válido,

SUMÁRIO 146
é essencial para as duas disciplinas próximas que dão nome ao tema
deste ensaio - o Desenho Técnico.

Vale lembrar que é apenas na última etapa (Desenho Téc-


nico II) que o aluno mantém contato com as Normas que regem o
Desenho Técnico para o Design (ABNT, Inmetro e DIN), que têm sua
leitura no primeiro diedro dos quadrantes da Geometria Descritiva,
diferentemente da Arquitetura que tem sua leitura no terceiro diedro
(Normas ANSI). Também é válido informar que as duas disciplinas
intermediárias (Oficina I e Desenho Técnico I, respectivamente) eram
ministradas por arquitetos, e o Desenho Técnico II por designer.

A primeira oferta se deu no semestre 2010-2. Sua principal


característica foi a adoção de uma metodologia convencional para
representação, baseada em desenho técnico de peças abstratas de
baixa a média complexidade, visando mais o conteúdo das vistas
ortogonais, em desenhos totalmente manuais, com a utilização de
instrumentos tradicionais para o desenho. Havia certa dificuldade
por parte dos alunos com processos matemáticos e entendimento
dos rebatimentos no primeiro diedro, e a dinâmica das aulas, via de
regra, precisava ser modificada. Uma das estratégias foi usar mode-
los tridimensionais de objetos em rebatimentos em caixas transpa-
rentes como um cubo. Além disso, foram feitas visitas técnicas em
indústrias para que se demonstrassem a necessidade do desenho
técnico no chão de fábrica, especificamente leitura e interpretação
do desenho técnico, além de atividades com objetos dos cotidia-
nos, nas quais era imprescindível um projeto com desenho técnico,
mesmo que em croquis.

O ano de 2011 foi atípico para a disciplina. O Curso ainda


não tinha muitos recursos e disponibilidade de laboratórios para as
aulas. As turmas de Desenho Técnico II mantinham um bom nível de
entendimento do conteúdo, apesar de questionarem tanto a infraes-
trutura e a valência da disciplina para a vida prática quanto a ementa
que pensavam ser voltada mais para o Design de Produto. Houve

SUMÁRIO 147
uma nova ótica sobre a dinâmica das aulas, com um debate entre
os alunos que reivindicavam uma articulação que definisse o que
seria importante para ser trabalhado, de acordo com a exigência que
eles passavam em suas ocupações e estágios, além da elaboração
digital de desenhos.

Deste modo, objetos reais de média a alta complexidade


foram introduzidos nos conceitos de representação técnica, além de
documentação técnica dos produtos desenvolvidos nas disciplinas
projetuais. Percebeu-se assim, que não seria possível manter avalia-
ções com pontuações altas, para reduzir o número de trabalhos a se
corrigir, conforme as regras da UFMG.

Cabe aqui uma reflexão: as avaliações determinadas na


UFMG são no mínimo três, de acordo com a regra de que nenhuma
pode ser superior a quarenta pontos. Ora, a representação técnica de
um produto é carregada de uma série de conceitos. Uma avaliação
assim, com pontuação alta, repleta de dificuldades no entendimento
de processos geométricos, escalas, perspectivas e rebatimentos do
primeiro diedro levaria a resultados insatisfatórios. Analisando crite-
riosamente os trabalhos da turma anterior, alguns conteúdos eram
de maior erro, além de haver uma precariedade dos desenhos de
croquis, dos desenhos manuais que representavam as ideias iniciais
de produtos, na fase de geração de alternativas, etapa essencial na
metodologia de desenvolvimento de produtos.

A ainda inexistência dos laboratórios de informática reafir-


mou a posição de que, num primeiro momento, o desenho técnico
deveria ser dado manualmente, para depois se fazer uso de softwares
de auxílio, mesmo que os laboratórios viessem a ser implementados
em curto período. A ideia defendida é a de que os programas cons-
tituem um conjunto dos instrumentos de desenho com processado-
res matemáticos, mas que a decisão e conhecimento das Normas
a serem detalhadas nestes desenhos digitais é da ordem do dese-
nhista, no caso, o aluno. Estando ele a desconhecer essas questões,

SUMÁRIO 148
os desenhos digitais não representariam nunca, os desenhos técni-
cos de acordo com as Normas, tampouco estariam em condições de
serem lidos e interpretados.

Com esta questão decidida, parti então para o planejamento


das atividades da disciplina final de Desenho Técnico, procurando
abarcar em diversas atividades todos os conteúdos contemplados
na ementa, além do reforço do desenho em croquis, mesmo que
esta decisão representasse uma sobrecarga de atividades a serem
corrigidas. Além disso, optei por uma metodologia de contexto, con-
templando atividades que envolvessem documentação técnica per-
tinente ao Design Gráfico, de Produto e Design para a Construção.

A turma de 2011-2 inaugurou, por assim dizer, uma nova série


de atividades, com valores menores do que dez pontos, mas que
possibilitariam desenvolver ao máximo as habilidades e competên-
cias para a leitura e interpretação de desenhos. O centro da disci-
plina é a leitura e interpretação de um desenho. E aí, para este con-
teúdo foi planejada uma atividade - A Pipa. Cada aluno deveria fazer
um infográfico de uma pipa (que não é um projeto em si, poderia ser
derivada de lembranças, ou de pesquisas), contendo além do dese-
nho técnico, todas as instruções para sua confecção. Em seguida,
um sorteio era realizado para definir qual aluno faria o protótipo e,
posteriormente, qual aluno faria o teste de pipa no ar. Desse modo,
todos os alunos estariam comprometidos com três notas (infográ-
fico, protótipo e teste).

O método para as avaliações era feito individualmente, e na


correção dos desenhos, eu dava um feedback sobre os erros por-
ventura ocorridos, além da especificação dos critérios de correção
adotados. Com isto, abriram-se as possibilidades de mensurar os
conteúdos com maior índice de erros, havendo uma predominância
do conceito B nas avaliações.

SUMÁRIO 149
No ano de 2012, deu-se continuidade à dinâmica do ano
anterior, no entanto, inserindo uma nova avaliação, que seria a docu-
mentação técnica da disciplina de Projeto, e excluindo a visita téc-
nica, uma vez que outra disciplina optativa estava sendo ofertada,
tendo como base, oportunidades técnicas em indústrias diversas.
Nesta avaliação incluída, eu permiti o uso de software de apoio para
ser apresentado ao outro professor. No entanto, verificou-se um
maior número de erros no ambiente dos programas.

Pela possibilidade de uma tela infinita, e pelo “esquecimento”


de que ela deveria ter as dimensões dos formatos da série A8, os
desenhos feitos pelos alunos eram alinhados aleatoriamente, não
pelos rebatimentos, mas pela estética do espaço. Os alunos enten-
diam apenas que deveriam reproduzir um desenho manual, não se
preocupando com o espaço e com as Normas que o regem, princi-
palmente as cotas, as letras, as informações e os lugares dos reba-
timentos. Havia um novo desafio: transpor o pensamento de uma
representação técnica feita numa folha de papel, para um espaço
no qual praticamente tudo era permitido, era como uma mágica cuja
borracha permitia apagar e voltar com o erro. Transpor o pensamento
de que os grafites das lapiseiras em suas espessuras e maciez, agora
eram representados por linhas mais espessas e por tipos que não
eram de seu conhecimento, que os desenhos feitos seriam coloca-
dos em camadas (layers), e que tudo isto combinado deveria finali-
zar com um desenho pronto, além do que, na saída (impressão) o
programa costumava “diminuir” um pouco a escala, ficando o dese-
nho, desta forma, em escala menor do que a natural, e finalmente,
lembrando que estes programas são de nacionalidade diferente às
Normas adotadas pelo Design no Brasil.

8 Os formatos da série A são aqueles que dentro das Normas ABNT (NBR 10068) e outras, e têm a
denominação de A0, A1, A2, A3, A4, A5 e A6, começando pela área de 1,0 m2 do formato A0, que
sendo dobrado ao meio, gera os outros formatos. No desenho técnico do Design, os mais comuns
são o A4, A3 e A2, devido à escala de objetos. Cada um, em suas particularidades, deve ser dobrado
chegando ao tamanho final de um A4. Esta dobra, por sua vez, segue medidas de acordo também
com as Normas (n.d.a).

SUMÁRIO 150
Para elaboração dessas documentações da disciplina proje-
tual, mais um desafio se aportava: alunos executavam projetos nas
áreas de Design de Produto, Gráfico, Editorial, Modelagem e Design
Têxtil, utilizando os mais diversos materiais. O caderno de anota-
ções para o próximo semestre ia se avolumando. Apesar da riqueza
das atividades, foi um período marcado pela greve dos professores,
com espaços relativamente grandes de tempos entre conteúdos e
disciplinas e resultados finais. É importante destacar aqui o fato de
que os alunos, na época, não conseguiram desmembrar o descon-
tentamento de uma greve com a avaliação das disciplinas, cujos
professores aderiram ao evento, ficando assim a disciplina com um
resultado insatisfatório.

Ainda neste mesmo ano, a disciplina seguiu com algumas


modificações. A dinâmica da sala 315 da Escola de Arquitetura
(EA-UFMG) é marcada por ser um extenso espaço, no qual as pran-
chetas são distribuídas aleatoriamente, e pelas distâncias, o uso do
quadro negro é prejudicado. Pelo layout do mobiliário, percebeu-
-se que os erros eram verificados e repetidos de acordo com este
agrupamento físico, ora pelas afinidades dos estudantes entre si, ora
pelas condições das pranchetas e da regulagem das réguas parale-
las. Se o primeiro a coletar os dados errava, os outros que o copia-
vam erravam na sequência.

Não por punição, mas a estratégia adotada foi a aplicação


de provas, nas quais o aluno tinha um problema e deveria resolvê-
-lo por si, desde o ato de tomar medidas de um objeto, até plane-
jar seu enquadramento no papel, além de outras questões de maior
peso, como usar o escalímetro, fazer os rebatimentos e os proces-
sos geométricos. O uso do escalímetro era um dos maiores receios,
até mesmo o fato de declarar sua ignorância. Decifrar aquela régua
triangular, obtendo uma fórmula quase mágica de conversão de
escalas foi um trabalho quase “maternal”, aluno por aluno, dese-
nhando retas em escalas naturais, e redesenhando as mesmas retas,

SUMÁRIO 151
em escalas, ora dividindo, ora usando o instrumento como se quisera
testar “a prova dos nove”.

Foi inserido então, rapidamente, apenas o conceito das outras


séries de papéis B e C9, dando ênfase ao Design Gráfico e Editorial.
Para isso, apenas para uma primeira avaliação, há a confecção de
um envelope da série C, no tamanho C3, para armazenar todas as
atividades desenvolvidas em sala de aula.

Ainda, fora uma época difícil, vinda de eventos conturbados


do semestre anterior dentro da própria classe e, além disso, o fato
de que tiveram início as seleções para os programas Ciências Sem
Fronteiras e Minas Mundi, exigindo dos alunos um bom Rendimento
Semestral Global (RSG). O planejamento adotado em 2011 teve sua
forma alterada, excluindo a atividade do teste da pipa, muito em fun-
ção das condições climáticas que não colaboraram no sábado esco-
lhido para a avaliação10.

Os resultados finais da disciplina não foram tão satisfatórios.


Os alunos entendiam os conteúdos, mas os desenhos deixavam
muito a desejar. Eu contei com a ajuda de um doutorando, também
designer, que precisava realizar o estágio de docência, e sua contri-
buição nas correções foi oportuna. Ambos éramos exigentes quanto
aos critérios de correções, diga-se de passagem, sempre transpa-
rentes aos alunos, inclusive a limpeza e organização dos desenhos.
Mas, ainda, continuavam a ser registrados os índices de erros: esca-
las, rebatimentos no primeiro diedro, qualidade do trabalho, e cotas.

9 A série B é formada pela média geométrica das dimensões dos dois formatos consecutivos da sé-
rie A (A0 e 2A0). O m2 B é dobrado ao meio e os outros formatos são gerados a partir daí, gerando
B1, B2, B3, B4, B5 e B6. A série C é formada a partir das médias geométricas das dimensões dos
dois formatos A0 e B0, gerando consecutivamente C0, C1, C2, C3, C4, C5 e C6. Estas séries são muito
usadas na fabricação de papelarias, envelopes do tipo ofício ou carta, dentre outros (n.d.a).
10 A atividade acontece ainda na Praça do Papa em Belo Horizonte-MG, em sábados específicos em cada
semestre, pela manhã, em sua 15ª. versão neste ano de 2022, virando assim uma tradição da disciplina.

SUMÁRIO 152
Chegara o ano de 2013. Já na primeira aula eu pude constatar
um maior predomínio da escolha pelo Design Gráfico, razão pela qual
algumas avaliações foram modificadas, não em seus conteúdos, mas
em objetos trabalhados. Também foi inserido o desenho de objetos
maiores, em escala natural, com o papel afixado na parede. Foi dada
maior ênfase em embalagens, planificações, design editorial, design
de joias, além de desenhos de produtos e outros materiais, como o
plástico. Um detalhe curioso é que, após cada explicação, havia que
se dar um tempo para a “seção de fotos”, na qual os alunos fotogra-
favam o quadro, para consulta, ficando assim com material didático
digital, cuja questão não podia mais passar despercebida, e novas
articulações precisariam ser feitas para outros semestres.

Ainda neste ano, houve uma turma curta, na prática com


apenas 19 alunos, favorecendo a aprendizagem. Assim, o quadro
negro foi abandonado em definitivo e as aulas passaram a ser nas
pranchetas em grupos de no máximo 4 alunos, em desenhos que eu
elaborava, em papéis no formato A0, em grafite, abordando todos os
conteúdos da disciplina. Após cada série de alunos, o grupo ia para
as pranchetas executar as atividades, mas sempre, algum aluno que
não havia entendido bem a explicação, voltava a outro grupo, e deste
modo os conteúdos eram recapitulados.

Tem início 2014. Já não era mais possível desenhar no qua-


dro, uma vez que o sistema de aula em grupos nas pranchetas havia
demonstrado boa receptividade e eficácia. Como era uma turma mais
autônoma e comprometida, as atividades também foram diminuídas,
com maior pontuação, inserindo pela primeira vez, um trabalho em
dupla, para uma disciplina cujo objetivo é desenvolver as habilidades
do desenho. Além disso, as atividades foram distribuídas entre emba-
lagens e produtos. Vale lembrar que neste semestre eu frequentava
as disciplinas regulares do doutorado, na UNESP, campus de Bauru,
em SP, sem afastamento concedido, tampouco a redução de minha
carga didática. Eu ainda continuava a ministrar três disciplinas no
curso de Design de Moda.

SUMÁRIO 153
Ainda em 2014, houve um diferencial. Simultaneamente à fre-
quência nesta disciplina, os alunos também estavam matriculados
em uma disciplina piloto que eu ofertei, fruto de meu projeto de
pesquisa no doutorado – Introdução ao Design de Superfícies.
Uma disciplina de trabalhos bem criativos que muito colaborou para
os desenhos em sala de aula, e para um maior entrosamento entre
aluno-professor. Foi um semestre muito produtivo, com exposições
e muitos desenhos. A turma era muito unida, muito sociável, e dese-
nhavam bastante, tanto desenhos artísticos, quanto desenho téc-
nico. Eles faziam muitos desenhos de linhas para treinar o traço e
o “olho clínico”. Desse modo, estes desenhos, antes geometrizados,
agora passaram a ser direcionados para o Design de Superfícies,
montando padrões e texturas, e por isso mesmo em número meno-
res, dado o trabalho para se elaborar. Parecia que finalmente havia
um equilíbrio. Era preciso sempre adequar e contextualizar as ati-
vidades de acordo com o perfil dos alunos, e estar atenta às novas
tecnologias. Foi a primeira turma na qual foi permitido a elaboração
dos formatos em modo digital para ganho de tempo, uma vez que a
produtividade em sala era maior na elaboração dos desenhos.

No ano de 2015, houve a colaboração de outro professor, em


estágio docência, desta vez arquiteto, já que as aulas ocorriam tam-
bém aos sábados. Repetiu-se o mesmo resultado de 2014. Nos anos
de 2016 e 2017 eu fui contemplada com o afastamento para a capa-
citação e fiquei longe das salas de aula, dando foco no Doutorado.

Em 2018, ao retornar, reassumi a disciplina de Desenho Téc-


nico II. Este período de afastamento havia me levado a refletir sobre
minhas disciplinas, as avaliações e muito me incomodava o fato de
dar prosseguimento a algo cujo início eu não participava, que era
o Desenho Técnico I.

Movida pelo desejo de um trabalho mais integrado na disci-


plina, solicitei ao Departamento TAU os encargos desta primeira etapa
(Desenho Técnico I). Durante minha capacitação, a carga horária

SUMÁRIO 154
havia sido distribuída entre os professores Fernando José da Silva
e Leonardo Oliveira, sendo estes um ponto de apoio nesta reflexão.

Eu lecionava a disciplina Desenho Técnico II desde 2010. Eram


oito anos, nos quais percebi que havia uma defasagem do aprendi-
zado no quarto período, época em que o aluno já passou por 210 h/a
de conceitos relacionados à bi e tridimensionalidade.

Muitas instituições que ofertam cursos de Design possuem


laboratórios de informática, e as modalidades manual e digital são
conjugadas em seus momentos distintos. No caso do Curso de
Design da EA-UFMG, esta situação não ocorria, tendo em vista a
inexistência dessa infraestrutura. O Curso ainda não conseguira
implantar os recursos apropriados para suprir estas necessidades
acadêmicas, mas caminhava para sua finalização. Frente a isso, as
disciplinas da linha de formação do Desenho Técnico seguiam seu
percurso, na modalidade manual. Algumas finalizações de trabalhos
são permitidas em impressões digitais, mas as atividades em sala de
aula ainda utilizam o mobiliário próprio e os instrumentos específicos
para o desenho técnico.

Pelas proximidades afetivas ou pelas condições de regulagem


das réguas paralelas, ou mesmo da prancheta, os alunos se agrupa-
vam para a aula, e tanto os materiais instrumentais quanto didáticos
são divididos. As atividades são sempre individuais, uma vez que ali
deve acontecer o desenvolvimento da habilidade do desenho, e isto
não pode ocorrer de forma grupal. Para estes tipos de exercícios, não
é possível realizar trabalhos de desenho em grupos ou um grupo
único na sala e com resultados iguais para todos os alunos ao final
da disciplina. Esta condição sobrecarregava o meu trabalho.

Ao se observar a ementa da disciplina, percebe-se que são


muitos os conteúdos que o aluno vai compreendendo gradativa-
mente e, deste modo, fica inviável realizar uma atividade com uma
concentração elevada de quesitos. Existe um paradigma de que

SUMÁRIO 155
disciplinas “matemáticas” são preteridas pelos alunos, ainda mais
em um curso que é conhecido pela sua criatividade. A realidade é
que o Desenho Técnico é uma disciplina de cunho prático, com cál-
culos matemáticos, com muitos conteúdos, normas e muitas vezes
informações que devem ser memorizadas pela rapidez do raciocínio.

Tendo então convivido com os problemas da disciplina


desde 2010-2 até 2015-2, sempre tentando reajustar os conteúdos
para suprir a defasagem dos conhecimentos por parte dos alunos,
ao retornar, em 2018, eu pude perceber, após os exercícios iniciais
simples de planificação de um envelope para as atividades, para
introduzir o aluno na disciplina, as dificuldades encontradas para se
trabalhar dentro de sala de aula. Fiquei surpresa ao constatar que
eles não sabiam utilizar a prancheta e não a usavam, definitiva-
mente. Deste modo, como nos últimos anos, tive que dedicar um
tempo das minhas poucas 75 h/a em recapitular conceitos necessá-
rios para o desenvolvimento do desenho técnico e mecânico, e das
Normas que os regem.

Deste modo, pedi ao então coordenador pro-tempore do


curso de Design, professor Leonardo Oliveira, uma reunião com a
professora da disciplina, e foi ela que nos relatou que eles criavam e
executavam uma cadeira, para posterior desenho. Não se está aqui
a questionar a didática do docente, mas, a questão das ementas.
O desenho técnico não é uma disciplina de projetação. É uma dis-
ciplina de elaboração técnica dos desenhos do projeto. Do mesmo
modo, as dificuldades de se elaborar volumetrias, a partir de proces-
sos de planificação desde os simples aos mais complexos, ficavam
evidentes no transcorrer da disciplina Desenho Técnico II.

Em minha ótica, 60 h/a de Desenho Técnico I e 75 h/a de


Desenho Técnico II, somando 135 h/a ainda não são suficientes para
que o aluno consiga atingir os objetivos da aprendizagem do Dese-
nho Técnico, de modo mais gradativo. Dados os erros recorrentes de
projeções, uso do escalímetro e da prancheta, e o entendimento da

SUMÁRIO 156
elaboração das perspectivas, além da falta de alguns conteúdos, eu
fundamentei a minha consulta ao Departamento TAU, pedindo que
verificassem a possibilidade de trazer a disciplina Desenho Técnico I
para o nosso Departamento, o que foi aprovado tanto pelo Departa-
mento TAU quanto pelo Departamento PRJ.

De 2018 até 2019, as disciplinas mantiveram sua dinâmica


de aulas nas pranchetas de 4 em 4 alunos e voltando a inserir a
atividade da Pipa, em todos os semestres. E eu era assistida por
um aluno monitor. Em 2020, no entanto, não se contava com um
elemento surpresa que veio modificar todo o planeta: a pandemia
pelo Covid-19. Em meio às incertezas e questionamentos, ficamos
durante 4 meses tentando entender o destino de tudo. O mês de
agosto de 2020 trouxe o ensino remoto e tivemos que nos adequar a
novos processos e tecnologias. O tempo não parou e novas turmas
deveriam ser acolhidas em todos os semestres. Pensando em não ter
um represamento de vagas nas duas disciplinas, optei por continuar
a ofertá-las normalmente, mesmo sendo disciplinas práticas. Foi pre-
ciso me adaptar às tecnologias, a novos instrumentos e a um novo
modo de dar as aulas. Dentro das orientações dadas pela Pró-Rei-
toria de Graduação (PROGRAD), havia alguns obstáculos, dispostos
no tipo de atividades, de períodos de aulas síncronas e assíncronas e
do acesso do aluno à internet.

Para sanar estes problemas, montei em meu escritório resi-


dencial um suporte para filmagem em plano superior, adaptei for-
matos de papel à moldura da câmara e dei início a uma trajetória de
84 vídeos de conteúdo das ementas das duas disciplinas, todos no
canal Youtube, com demonstrações de exercícios. Eu ainda contava
com o auxílio de um monitor, que muito colaborou principalmente
em me reportar as principais dificuldades que os alunos tinham no
modo remoto. Os alunos faziam os exercícios, fotografavam e envia-
vam pelo Moodle. Foi preciso que eu abandonasse alguns critérios
de correção, como organização, clareza do desenho, traços e a lim-
peza, e tive que me adaptar a entender proporções distorcidas pelas

SUMÁRIO 157
imagens não tão boas assim. Eu tive que desenvolver uma dinâmica
e uma rotina de correção de trabalhos, e tudo foi se adequando a
essa nova forma de ensino. A monitoria do Programa de Monitoria
de Graduação (PMG) me é muito válida, uma vez que o monitor cola-
bora tanto em auxiliar os alunos quanto na elaboração de material
didático. No ano de 2022, comecei as disciplinas de modo presencial
e muito do que aconteceu nestes dois anos, foi exemplo e continui-
dade para uma situação pós-pandemia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A disciplina de Desenho Técnico I ainda continua sob meus
cuidados e tenho algumas situações complexas em sala de aula.
Neste 2022-2, tenho duas alunas com deficiência auditiva e tive
que reconduzir todo um trabalho, uma vez que uma aluna faz lei-
tura labial. A outra estudante é por interpretação de libras e tive que
me adaptar em passar o conteúdo para o intérprete, que por sua
vez, deve passar para o aluno que precisa simultaneamente ver os
sinais e observar a sequência do exercício. E ainda me dedicar ao
restante dos alunos da forma consolidada do ensino nas pranchetas.
No momento da redação deste artigo, novas orientações do Comitê
de Enfrentamento da Covid-19 vieram e o uso de máscaras passa a
ser facultativo, mas ainda continuo com o cuidado, devido à proxi-
midade com os alunos.

Atualmente, eu divido a disciplina de Desenho Técnico II com


o professor Fernando José da Silva e isto foi muito importante para
dinamizar e aperfeiçoar cada vez mais as aulas.

No momento, nova dinâmica está sendo pensada para os


próximos semestres, frente às demandas identificadas, em ser conju-
gado com aulas na prancheta e nos computadores do Laboratório de

SUMÁRIO 158
Experimentações Digitais (LED), colocando assim, os alunos em um
estágio mais avançado de ensino. Tudo é aprendizado, tudo é cres-
cimento e evolução. Uma das coisas mais importantes em toda esta
experiência foi a certeza de que procurava pelo melhor caminho para
aprimorar o ensino do Desenho Técnico no curso de Design da UFMG.

REFERÊNCIAS
ARTIGAS, V. Caminhos da Arquitetura: o desenho. São Paulo: Pini, 1986.

CUNHA, L. V. Desenho Técnico. 15ª Ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.

FERREIRA, L. G. Dificuldade de representação gráfica em alunos de nível universitário.


Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design – P&D, 7, 2006, Curitiba.
Anais... Paraná: AEnD-BR, 2006. 10p CD-Rom.

GOMES, L. V. N. Desenhismos. Santa Maria: Ed. UFSM, 1996.

MENEZES, A. M. O uso do computador no ensino de desenho de representação


nas escolas de arquitetura: estudo de caso das escolas de arquitetura federais
brasileiras. Belo Horizonte: EA/UFMG, 1998.

OSTROWER, F. P. Universos da arte. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

SCHWARTZ, A. R. D. Design de superfície: por uma visão geométrica e tridimensional.


2008. 217f. Dissertação (Mestrado em Design) – Faculdade de Artes, Artes e
Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru. 2008.

SUMÁRIO 159
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.6 DISCIPLINA OFICINA III
NO CURSO DE DESIGN
Fernando José da Silva

Ao completar 30 anos, o Departamento TAU registra variada


produção acadêmica, de pesquisa e extensão. No Curso de Design,
o Departamento tem ofertado a maioria das disciplinas, e desde que
assumi a vaga do concurso, tenho atendido diversas disciplinas.
Neste relato, apresento a disciplina de Oficina III. Sendo designer de
formação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e pós-gra-
duado em Design no Programa de Pós-graduação em Design pela
Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho – UNESP – Bauru, SP,
me identifiquei com as atividades de imediato, onde pude contribuir
com a construção de tal disciplina.

No primeiro semestre de 2010, iniciei as atividades junta-


mente com a professora Maria Luiza Dias Viana, que se encontrava
com a disciplina de Oficina II, presente no 3º período do curso, e no
semestre seguinte, continuei na disciplina de Oficina III, com pro-
postas de desenvolvimento de atividades representativas tanto no
âmbito bi quanto tridimensionais.

Por ser uma disciplina extensa, de 120 horas (8 créditos), tive


que buscar opções que fizessem com que os alunos despertassem
suas habilidades para a representação das ideias, para posterior uso
nas atividades de projeto, eixo central do curso.

SUMÁRIO 160
Antes de chegar ao quarto período, os alunos passam por
atividades representativas, nas disciplinas de Introdução à Oficina,
Oficina I e Oficina II. Nestas,eles têm foco em atividades, a saber:

■ Introdução à Oficina: desenho e exploração de representa-


ções de objetos e de formas, além de estímulos à livre expres-
são; e desenvolvimento de modelos tridimensionais.

■ Oficina I: os alunos desenvolvem conceitos de geometria


descritiva aplicada ao design; princípios de geometria plana
e descritiva com estudos de relações do espaço e dos objetos
tridimensionais, e transformações geométricas espaciais na
investigação da criatividade, aplicada em projetos de design.

■ Oficina II: os alunos dão continuidade no desenvolvimento de


habilidades para a representação tridimensional de produtos,
com estímulo à representação e ilustração de formas orgâni-
cas e a expressão livre de objetos, utilizando diversos materiais.

Assim, na disciplina de Oficina III (no 4º período) os alunos


chegam com técnicas já desenvolvidas e exercitadas anteriormente,
e dão continuidade no desenvolvimento de atividades de desenho
analítico de relações figura e espaço, volume e linha, luz e sombra,
planos geométricos e perspectiva. Várias são as expressões reali-
zadas nas atividades, tanto bidimensional quanto tridimensional,
com uso de técnicas diferentes de acabamento gráfico. Assim,
desenvolvem representações e técnicas de habilidade do desenho
e construção de modelos e mockups voltadas para apresentação
nos projetos de design.

Em todos esses anos, podemos elencar uma grande gama


de exercícios e trabalhos realizados, sempre se alternando entre
os semestres, com critérios de avaliação e acompanhamento do
desempenho das atividades, frente ao tempo de execução, materiais
disponíveis e uso do Laboratório de Modelos e Protótipos que atu-
almente também tem auxiliado na confecção de certos objetos, em
dado momento do semestre letivo. Entre as atividades, têm-se:

SUMÁRIO 161
■ Exercícios de formas básicas, elipses, composições.

■ Observação e representação de desenhos de mãos.

■ Observação e representação de elementos de composição


em desenho de rostos.

■ Representação de desenho de caricaturas de personalidades


a partir de observações.

■ Desenho de objetos modificados em diversas perspectivas.

■ Desenho e representação de personagens e movimentos.

■ Técnica e exercícios de stencil.

■ Exercícios voltados para design gráfico, relacionados à grid e


layout, utilizando construção com recortes e blocos de textos.

■ Design gráfico de cartaz, composição e layout.

■ Design gráfico de cédula monetária.

■ Sketches de objetos.

■ Representação de objetos em vista explodida ilustrada.

■ Representação de objetos com peças móveis, e representação


de direções de movimentos com uso de setas tridimensionais.

■ Representação de objetos abertos e elementos internos.

■ Renderings com materiais diversos, representação de mate-


riais (madeira, vidro, metal, couro, texturas).

■ Construção tridimensional de modelos em escala reduzida


de cadeiras históricas do design.

■ Design gráfico de embalagens.

■ Construção tridimensional de embalagens (objetos prismáticos).

SUMÁRIO 162
■ Uso de plotter para recorte de planificação de embalagens.

■ Uso da máquina CNC para elaboração de desenhos em pla-


cas de acrílico, para projeção de luz.

■ Modelo Semifuncional com pequenas funções de movimentos


de peças.

■ Modelo com uso de lâmpadas led, projetando luz e som-


bra, com temas variados.

■ Planificação e construção de paper-toy, objetos brinquedo.

■ Desenho de objetos e em escala reduzida e construção


com placa pluma.

Nestes anos de atividades, em um dos semestres o número


de atividades chegou a 16, o que foi reduzido em semestres seguin-
tes para 12 e atualmente tenho trabalhado com 10 atividades. O grau
de dificuldade sempre é observado, bem como o tempo de execução
das atividade, de modo que nos semestres seguintes as atividades
são atualizadas e melhoradas em prol do aprendizado. A quantidade
de pontos atribuídos para cada atividade também varia de acordo
com o tempo de execução e dificuldades encontradas, bem como
com os itens que cada atividade aborda, como planejamento, rascu-
nhos, realização da representação e/ou construção de modelos tri-
dimensionais, além da qualidade e acabamento apresentados pelos
alunos. Assim, nesta disciplina, há trabalhos que somam 4 pontos, 6,
8, 10, 12, 15 ou 20 pontos. Uma das atividades que ocorrem durante
o semestre é a representação de desenho de rosto e de caricaturas,
nas quais os estudantes treinam o olhar de composição, figura, luz
e sombra, e ilustração. Neste trabalho, os alunos têm realizado os
desenhos com um grau muito bom de representação e bons tra-
ços de acabamento, além de apurado uso de técnicas e materiais,
com situações divertidas nas caricaturas. Assim, optei por começar a
fazer exposições destes trabalhos, incentivando outros olhares, téc-

SUMÁRIO 163
nicas e visualizações da produção. Comecei com as exposições em
2013, uma vez por ano, colocando os trabalhos de rostos e de carica-
turas, no hall de entrada de nossa Escola de Arquitetura (EA-UFMG).
Esta se tornou uma tradição, montar uma exposição todos os anos
denominada “Caricaturizando no Design”, com trabalhos de dois
semestres letivos consecutivos. A exposição nos anos de 2020 e
2021 não ocorreu devido à pandemia de Covid-19, pois as aulas e
atividades aconteceram de modo remoto.

As Figuras 1 a 6 mostram imagens dos alunos em práticas de


representação em sala de aula.

Figura 1 - Alunos trabalhando em sala de aula.

Fonte: Acervo do autor.

Figura 2 - Alunos trabalhando em sala de aula, com uso de técnicas variadas.

Fonte: Acervo do autor.

SUMÁRIO 164
Figura 3 - Desenhos com técnicas variadas.

Fonte: Acervo do autor.

Figura 4 - Exposição de trabalhos no hall de entrada da Escola de Arquitetura, UFMG.

SUMÁRIO 165
Fonte: Acervo do autor.

Figuras 5 - Alunos durante a visita da Exposição Caricaturizando no Design.

SUMÁRIO 166
Fonte: Acervo do autor.

Figuras 6 - Turmas em visita à Exposições “Caricaturizando no Design”.

Fonte: Acervo do autor.

Para divulgar esta exposição, uma das atividades da disci-


plina é a pesquisa, elaboração e confecção de cartaz com uso de

SUMÁRIO 167
software gráfico ou elementos de colagens e pintura manual. Assim,
os alunos entregam seus cartazes com antecedência à exposição,
e os três melhores cartazes são escolhidos por alguns professores
e Natália Neto Rosa, responsável técnica do Laboratório de Experi-
mentação Tridimensional do Curso de Design. Para incentivo à par-
ticipação dos alunos, são entregues também declaração de 1º, 2º e
3º lugares para este “concurso interno”. Na última edição, de 2022, os
cartazes ficaram tão bem realizados que os professores participantes
solicitaram que os mesmos ficassem também expostos no segundo
hall de entrada de nossa EA-UFMG, mostrando a produção gráfica
dos alunos. As Figuras 7 a 10 mostram o processo de seleção dos
cartazes e a exposição dos mesmos no hall de entrada da EA-UFMG.

Figura 7 - Seleção de cartazes.

Fonte: Acervo do autor.


SUMÁRIO 168
Figura 8 - Seleção de cartazes.

Fonte: Acervo do autor.

SUMÁRIO 169
Figura 9 - Mostra de cartazes no segundo corredor de entrada da Escola de Arquitetura.

Fonte: Acervo do autor.

Figura 10 - Exposição de caricaturas, e cartaz divulgando a exposição de caricaturas.

Fonte: Acervo do autor.

Além desta exposição de desenhos de representação de


rostos e caricaturas, nesta disciplina de Oficina III os alunos tam-
bém desenvolvem atividades de design gráfico numa temática que
exige pesquisa iconográfica, histórica, elementos de tipografia, cores

SUMÁRIO 170
e composição. A temática trabalhada é a de Cédulas Monetárias.
Assim, buscam elementos em histórias, desenhos animados, filmes,
países, personalidades e outras inspirações, para desenvolverem
uma nova cédula monetária. Como os resultados destes trabalhos
também se mostraram com alto grau de criatividade, composição e
acabamento, comecei, em 2017, a fazer exposição destes trabalhos,
impressos em tamanho A2, instalados em painéis no hall de entrada
da EA-UFMG, uma vez por ano.

A Figura 11 mostra cenas de uma das exposições denomina-


das “Novos Valores”, realizadas sobre cédulas monetárias.

Figura 11 - Exposição “Novos Valores” com painéis sobre cédulas Monetárias.

Fonte: Acervo do autor.

Sobre as exposições, foi organizada, em outubro de 2022, a


sétima exposição de rostos e caricaturas, chamada Caricaturizando
no Design e, em novembro de 2022, foi organizada a sexta edição da
exposição de cédulas monetárias, denominada Novos Valores, sendo
que três delas foram realizadas de modo virtual no site da EA-UFMG,
durante a pandemia de Covid-19, em 2020 e 2021. Estas exposições
continuam hospedadas no site, de modo que outros alunos possam
se inspirar e contar com exemplos de representação gráfica de pro-
postas para a temática.

Nas Figuras 12 e 13, vê-se o site da EA-UFMG, contendo


o link da exposição.

SUMÁRIO 171
Figura 12 - Site da Escola de Arquitetura, UFMG, com link para exposição.

Fonte: Acervo do autor.

Abaixo estão os links para as três exposições virtuais, pre-


sentes no site da EA- UFMG:

1ª Exposição Virtual Novos Valores:

https://sites.arq.ufmg.br/ea/primeira-exposicao-virtual-design/

2ª Exposição Virtual Novos Valores:

https://sites.arq.ufmg.br/ea/segunda-exposicao-virtual-design/

3ª Exposição Virtual Novos Valores:

https://sites.arq.ufmg.br/ea/terceira-exposicao-virtual-design/

SUMÁRIO 172
Figura 13 - Exposição Virtual “Novos Valores” no site da Escola de Arquitetura, UFMG.

Fonte: Acervo do autor.

Para a exposição as cédulas monetárias tiveram seus painéis


impressos, em 2018, houve a ideia de aproveitar estas impressões e
realizar a exposição subsequente numa Escola Municipal de Ensino
Fundamental. A mesma foi selecionada pela proximidade com uma
das funcionárias da escola, ex-aluna do Curso de Graduação em
Design, que teve a ideia de levar a exposição para seu local de traba-
lho, uma Escola na cidade de Contagem-MG. Assim, a Escola Muni-
cipal Cândida Rosa do Espírito Santo recebeu a exposição, que ficou

SUMÁRIO 173
em uma de suas salas por duas semanas, tempo suficiente para os
alunos poderem visitar a exposição, na qual tive a oportunidade de
apresentar uma palestra sobre a evolução das cédulas monetárias
no Brasil e curiosidades da arte gráfica impressa nas cédulas.

A Figura 14 mostra esta experiência.

Figura 14 - Exposição na Escola Municipal Cândida Rosa Espírito Santo.

Fonte: Acervo do autor.

Quanto às dificuldades encontradas na disciplina de Ofi-


cina III, vejo que mesmo os alunos sendo incentivados a desenvol-
ver habilidades criativas e de representação, muitos ainda trazem

SUMÁRIO 174
dificuldades em relação ao desenho, principalmente em desenhos
de perspectivas e objetos no espaço, o que tenho trabalhado mais
acentuadamente nos últimos semestres, no intuito de prepará-los
para as atividades práticas de projeto. Houve inclusive casos de alu-
nos que ao se deparar com os desenhos propostos a serem realiza-
dos, se sentiram inibidos e não conseguiram dar seguimento no tra-
balho na semana da atividade. Nestes casos, indiquei a estes alunos
algumas séries de desenhos extras com base nas formas e figuras no
espaço, resgatando atividades já realizadas e exercitando a autocon-
fiança nas formas apresentadas, melhorando inclusive a autoestima.
Percebo que apenas com estes treinos e exercícios os alunos podem
ser capazes de destravar a percepção, melhorar a representação e
conseguir visualização de propostas e alternativas, que são ativida-
des pertinentes às disciplinas de projeto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebo que nesta disciplina, os alunos têm finalizado o
semestre sempre satisfeitos com a diversidade de atividades e pro-
postas elaboradas, mostrando ganhos de percepção, elaboração de
conceitos aprendidos e utilizados, estando mais bem preparados para
a elaboração de propostas nos projetos, nos semestres seguintes.

Algumas atividades são sempre passíveis de modificações


em semestres seguintes, pois se percebe certas diferenças entre tur-
mas quanto às habilidades que trazem consigo, bem como quanto à
agilidade na execução de tarefas, de modo que é preciso estar atento
aos prazos estabelecidos para cada atividade e graus de dificuldades
solicitados aos trabalhos.

SUMÁRIO 175
Para os próximos semestres, prevê-se mais utilização de
recursos técnicos diversificados, assim como a utilização do
Laboratório de Modelos e Protótipos e Laboratório de Experimen-
tação Digital, que já tem dado suporte a algumas atividades e que,
possivelmente sendo ampliados, poderão favorecer atividades desta
disciplina de Oficina III e outras no currículo deste Curso.

SUMÁRIO 176
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.7 PRÁTICAS DE VISUALIZAÇÃO
E REPRESENTAÇÃO NA FASE
DE CONCEPÇÃO DE PRODUTOS
NAS DISCIPLINAS PRÁTICAS
DO CURSO DE DESIGN NA UFMG
Maria Luiza Dias Viana
Leonardo de Oliveira Gomes

O presente artigo apresenta a perspectiva das práticas utili-


zadas nas disciplinas Introdução à Oficina e Oficina II do Curso de
Design da UFMG, no que se refere ao uso de técnicas expressivas
para a visualização e representação de formas bidimensionais e
tridimensionais como exercícios de complementaridade à objetivi-
dade técnica no aprendizado de design. As disciplinas baseiam-se
na exploração de métodos de construção de formas e de objetos
utilizando diversos materiais que proporcionem a estruturação, o tra-
balho plástico, estimulando a livre expressão, como etapa essencial
na fase de concepção de produtos.

É importante definir aqui que o termo produto é adotado de


forma mais sistêmica, apoiando no conceito de que todo processo de
desenvolvimento, principalmente aqueles no qual processos de pro-
dução são adotados, geram produtos. Independente das especificida-
des abordadas em áreas distintas do Design, como o Design de Pro-
duto, Gráfico ou de Interfaces, considerando que a entrega sempre se
dá por produtos materializados ou disponibilizados para a interação.

SUMÁRIO 177
O intuito dessas práticas é instrumentalizar os alunos no uso
de processos que facilitem aprendizados que propiciem a materia-
lização de ideias, no sentido de tornar possíveis e tangíveis ideias,
experiências mentais e o pensamento, frente à um desafio colocado
em sala de aula. Considera-se que a todo momento os designers,
precisam ser estimulados a explorarem diferentes processos que
possam facilitar a transição do mundo das ideias para o mundo das
formas e dos objetos. Isto exige uma organização mental, o estímulo
constante à memória, à cognição e o uso de experiências e habilida-
des mais próximas do sensível.

São abordados processos analíticos, expressivos e abstratos


de construção que envolvem composição, de menor precisão téc-
nica, como os exercícios de observação, de memória, de modela-
gem intuitiva, voltados à visualização e à representação das formas
e dos objetos. Considera-se que são procedimentos importantes e
necessários na concepção e no desenvolvimento de produtos, pois
além de dar visibilidade às formas (ainda não validadas) geradas
pela ideia, propiciam também a análise dessas formas e das suas
relações com o espaço.

VISUALIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO
A visualização e a representação são processos importantes
no ciclo no qual o designer atua, pois representam interfaces das
informações, fundamentais para o desenvolvimento de projetos,
agregando não somente aspectos relacionados às necessidades
dos usuários, como também suas capacidades perceptivas e suas
motivações (Quadro 1). Ou seja, atuam numa percepção mais ampla
daquilo que se pretende desenvolver.

SUMÁRIO 178
Os termos referem-se a duas definições distintas, porém
relacionadas. A visualização trata da informação visual e é, em certa
medida, o sinônimo do ato de como vemos ou percebemos as coi-
sas no mundo. A representação, por sua vez, trata das informações
referentes aos processos e aos produtos finais e está diretamente
relacionada ao ato de conceber, projetar as coisas do mundo.

Tabela 1 - Visualização e Representação da ideia


Visualização Representação
Para entendimento de conceitos Para aprovação de conceito
Para a aprovação Para um cálculo matemático
Para compartilhamento de ideias Para a simulação tridimensional
Para testes de aceitação Para um teste de usabilidade
Para marketing e análise de usuários Para marketing e análise de usuários
Para pré-vendas Para pré-vendas
Fonte: autores.

A visualização e a representação dão suporte aos processos


complexos da ideia e requerem a prática e a filtragem para serem
interpretados. Na verdade, ambos os processos auxiliam no entendi-
mento e na organização do conteúdo, do contexto e da construção.

De acordo com Chun-Houh Chen (2008), um traçado (ex.:


um esboço) vem primeiro, mas, sem conteúdo, nenhum designer
poderá trazer significado para aquela exibição. Uma visualização (ex.:
um rendering), transmitirá informações. Mas, o que é exibido, sempre
faz parte de um todo maior, o contexto, que fornece sua relevância.
Uma boa representação (ex.: um protótipo em escala) complemen-
tará outros materiais relacionados e se encaixará, tanto em termos
de conteúdo quanto em relação a estilo e layout.

A definição de representação como a ação de materializar


a informação obtida por abstração, estando ligada ao ato de mos-
trar e apresentar ao mundo as experiências tangíveis é apresen-
tada por vários autores.

SUMÁRIO 179
Immanuel Kant (1993) define representar como o modo no
qual recebemos os objetos ou somos afetados por eles. Portanto,
para que um objeto possa estar contido em um conceito, é neces-
sário que ele se “apresente imediatamente na intuição”, devendo sua
representação, estar relacionada à especialização e à experiência.
Não sendo a representação suficiente para a constituição do con-
ceito, ela deve funcionar como base para a ativação da intuição.
Entendemos que este caráter intuitivo pode revelar uma conexão
direta do pensamento/imagem e na concepção de produtos.

Segundo Charles Peirce (1975) um objeto é aquilo que é


denotado por sua representação. Ele é um referente e algo ao qual se
refere, um signo do perceptível e do imaginável. E como todo signo,
ele tem dupla dimensão e duplo efeito: reflexiva – apresentar-se, e
transitiva – representar algo.

Para Louis Marin (2019) a noção clássica de representar é


apresentar de novo algo que não está presente. Considerando esta
ausência de tempo e espaço, opera-se na verdade uma substituição
do objeto a ser representado. Não se trata de uma cópia ou uma
presença, mas sim de um efeito de presença.

A representação não está associada à ideia de beleza ou


de perfeição, significa trazer à tona ou apresentar ao mundo as
características, os elementos acerca daquele objeto, tornando pos-
síveis e facilmente interpretáveis e compreensíveis suas caracte-
rísticas visuais e de forma. Ela pode tanto informar ao espectador
os principais aspectos de um objeto quanto delineia um escopo de
suas funcionalidades.

Nesse sentido, quanto mais estruturada e bem definida,


melhor ela consegue trazer os atributos e características dos
objetos e das formas.

Entendemos que o momento da necessidade de uso da visua-


lização da ideia e da representação do objeto, auxilia no entendimento

SUMÁRIO 180
das duas principais fases de um desenvolvimento de um produto,
que são, a fase de conceituação e a fase de desenvolvimento.

Quando um produto é desenvolvido, seu ciclo requer o envol-


vimento de formas e maneiras diversas de visualização e de repre-
sentação. Inúmeros registros são deixados na sua linha de tempo,
relacionados aos processos de conceituação e de produção, desde
a percepção, insight, definição de redesign ou identificação de uma
oportunidade de mercado. Nesse sentido, o futuro produto, oriundo
de uma ideia, pode ser visualizado e representado por sketches, cro-
quis, mapas, desenhos técnicos, renderings, modelos 3D digitais,
diagramas de páginas, espelhos de publicação, maquetes e protóti-
pos, antes de sua entrega final.

Cada uma dessas visualizações e representações possuem


os momentos certos de materialização, influenciam na representa-
ção da etapa seguinte e incrementam (nem que historicamente) a
base de conhecimento relacionada àquele desenvolvimento. Nesse
sentido, torna-se necessário, dar visibilidade ao conceito (uma ideia),
dar representação ao objeto ou produto, bem como conhecer por
meio de técnicas ou métodos a melhor apresentação da ideia original.

A ETAPA DE CONCEPÇÃO DE PRODUTOS


Quando precisamos compreender melhor a forma ou a estru-
tura de um objeto, conseguimos com mais facilidade, por intermédio
de sua visualização e de sua representação. Estes meios fornecem
a expressão de uma ideia ou de um conceito, como nenhum outro
modo conseguiria fazê-lo. Por meio deles, é possível conseguirmos
elaborar e organizar o nosso pensamento e nossas ideias de forma
lógica, abstrata e ou intuitiva e fazer a projeções dos objetos. Eles
estimulam a nossa capacidade de pensar, de imaginar e de trazer à
tona,” ao mundo” um conceito, sem ele que necessariamente esteja

SUMÁRIO 181
presente, ou seja, nos permitem, de forma analítica ou expressiva,
criar na mente um modelo do mundo real ou um estado mental das
coisas e com isso, ampliar a nossa compreensão da sua funcionali-
dade, da sua forma e do seu uso.

Para isto um designer precisa ter a sua disposição diferen-


tes instrumentos que possibilitem a experimentação, a expressão de
suas ideias, o exercício da composição, ou seja, um amplo repertório
de elementos próprios da visualidade e que ele usará no momento
oportuno de acordo com seus objetivos. Também devem estar dis-
poníveis vários tipos de experiências bidimensionais e tridimensio-
nais que lhe possibilitem testar, dispor, distribuir formas, agrupar,
dividir, mudar, fazer aproximações, reagrupar e entender como se
comportam os objetos e as formas em partes, no todo e no espaço.
(Munari,1985). É importante a oportunidade de vivenciar os aspectos
possíveis relacionados à perspectiva, a cor, a composição, a legibi-
lidade, a proporção, a escala, o equilíbrio, a superfície, a paleta de
cores, a textura, a tipografia, o acabamento e ao uso de materiais.
Deve-se aprender a sintetizar e a projetar esquemas, buscar alterna-
tivas, e estratégias pessoais para a solução de um problema visual ou
funcional, que devem estar presentes tanto nas etapas de preparação,
geração, apresentação e validação do conceito final de um produto.

O propósito das práticas apresentadas aqui é a instrumen-


talização dos alunos no tocante ao conhecimento e a prática das
diversas formas de representação e de experimentação que facilitem
fazer inter-relações analíticas, geométricas, plásticas, estéticas, sen-
soriais, semânticas, concretas e abstratas, bidimensionais e tridimen-
sionais. Trata-se de propiciar o uso de recursos, de uma variedade
de ferramental e de materiais, necessários para a representação,
estimulando a capacidade de resolverem problemas, relacionados
à forma e à visualidade. De modo a auxiliar no processamento de
informações e códigos visuais e buscar soluções criativas.

SUMÁRIO 182
É importante citar que as práticas apresentadas neste artigo
são adotadas nas disciplinas iniciais do Curso de Design na UFMG,
nas etapas nas quais, os estudantes tiveram pouco contato com
metodologias e práticas de projetos de Design.

AS ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS NAS AULAS
A proposta das aulas tem como foco possibilitar o contato
dos alunos com o conhecimento de técnicas que propiciem a mate-
rialização de ideias, estimulando a criatividade e a autonomia, na
busca de escolhas e soluções pessoais e originais de visualização
e representação. As atividades são apresentadas a partir de propo-
sições direcionadas à criação e que estimulem a geração de ideias
e de processos, passando pelas fases de observação, visualização,
expressão, representação e extrapolação e de abstração.

Para isso são estimuladas intervenções, expressões e cons-


truções das formas e das imagens bi e tridimensionais que reve-
lem concepções formais e conceituais, aplicadas aos objetos. Estas
experiências permitem que os alunos operem a partir da expressão
de ideias, façam descobertas a partir da sensibilidade e da capaci-
dade de relacionar conceitos, materiais e técnicas construtivas.

Um aspecto determinante é a articulação com os campos


das artes visuais, não somente pela apropriação de técnicas e pro-
cessos plásticos e técnicos utilizados por artistas, mas pelo cará-
ter conceitual presente nas obras de arte. As obras de arte trazem
questões bastante pertinentes para o campo do design no que se
refere à visualidade, a estética (sensorial) e no que diz respeito às
ideias e conceitos que envolvem os campos cultural e social. A arte
tem ampliado cada vez mais o seu domínio e efeito sobre o mundo,

SUMÁRIO 183
entrecruzando com diferentes campos do conhecimento. “A forma
da obra de arte contemporânea vai além de sua forma material: ela é
um elemento de ligação, um princípio de aglutinação dinâmica, com
outras formações artísticas ou não.” (Bourriad, 2009). Isto envolve
técnicas, pensamentos, inter-relação, reflexão e contextualização
com diferentes áreas, com aspectos da atualidade e que podem sus-
citar questões importantes na concepção de produtos.

Não é a intenção aqui, propor uma delimitação precisa entre


arte e design, mas, muito pelo contrário, pretende-se propor aproxi-
mações possíveis entre os dois campos, considerando que artistas e
designers são operadores de signos, formas e objetos relacionados à
cultura, à linguagem e ambos produzem suas relações com o mundo
a partir das interferências, influências e inter-relações.

ETAPAS DA OFICINA

REPRESENTAÇÃO PELA OBSERVAÇÃO DE OBJETOS EXISTENTES


A primeira fase do processo consiste na representação de
objetos existentes com o intuito da sua análise, devendo ser obser-
vados os critérios da forma, contra forma, estrutura, proporção, geo-
metria, perspectiva, volume, superfície, textura, cor do objeto e de
suas relações com o espaço.

A proposta é construir estratégias para que o aluno possa


atribuir características próximas ao objeto, estimulando a pesquisa
de materiais, estruturação e de acabamento. São estimuladas as
representações por meio de esboços, desenhos de observação, de
perspectiva intuitiva, desenhos croquis, rápidos e renderings, mode-
los tridimensionais com massa clay, de polímero, de celulose, argila,

SUMÁRIO 184
poliestireno, massa plástica, papel, metal e processos proprietá-
rios de solda, cola, dobra, planificação, síntese, simplificação, corte,
modelagem e conformação (Figuras 1 a 8).

Figura 1 - Exercícios de expressão e de observação de objetos, a partir da estrutura formal.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 2 - Exercícios de representação bidimensional de objetos


a partir da síntese da forma e dos efeitos de luz, alto contraste.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

SUMÁRIO 185
Figura 3 - Exercícios de representação bidimensional de objetos a
partir da síntese da forma e dos efeitos de luz, alto contraste.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 4 - Exercícios de representação bidimensional pela


observação de objetos, e aplicação de técnicas de rendering,
atribuindo características de cor e de material das superfícies

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 5 - Exercícios de representação tridimensional de


objetos existentes utilizando arme galvanizado.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

SUMÁRIO 186
Figura 6 - Exercícios de representação tridimensional de
objetos existentes utilizando papel, papelão, isopor , plásticos
explorando materiais e técnicas construtivas.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 7 - Exercícios de representação tridimensional de


objetos existentes utilizando papel, papelão, isopor, plásticos
explorando materiais e técnicas construtivas.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 8 - Exercícios de representação tridimensional de


objetos a partir da planificação de sólidos geométricos

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.


SUMÁRIO 187
REPRESENTAÇÃO
DOS OBJETOS
A PARTIR DE EXERCÍCIOS
DE EXTRAPOLAÇÃO
DA SUA FORMA E FUNÇÃO
Outra fase do processo é caracterizada pela exploração dos
elementos visuais e relacionais da forma, da cor, quando são apre-
sentadas também técnicas e processos; utilizados por artistas na
solução de questões relacionadas à visualidade, à espacialidade e à
conceitos. Objetos antigos, por exemplo, são apresentados não para
que sejam reproduzidos, mas como estímulo à elaboração de outras
formas e para que os estudantes ampliem o referencial estético, visual
e conceitual dos mesmos. Nesta etapa, são geradas alternativas de
formas e ideias por meio de esboços, rascunhos bidimensionais e
tridimensionais. Ou seja, nesta fase são propostas, reinterpretações
visuais, formais e conceituais de objetos dados, com limitações de
materiais (Figuras 9 a 12).

Figura 09 - Representação de objetos do Séc. XVIII remodelados


a partir das características de um novo material (acetato).

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

SUMÁRIO 188
Figura 10 - Exercícios de representação tridimensional com argila
natural e sintética a partir da proposição de temáticas.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 11 - Exercícios de representação de objetos a partir


da reapropriação das suas formas e funções.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 12 - Proposição de um telefônico fixo a partir de


conceitos dos anos 1950,1960, 1970 e 1980.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

SUMÁRIO 189
REPRESENTAÇÃO DE IDEIAS
ABSTRAÇÕES E CONCEITOS
Esta fase é quando uma ideia ou pensamento passa de uma
elaboração abstrata para uma representação formal. Nesta etapa é
apresentado um conceito ou um “problema” sem que haja um refe-
rencial inicial e sua “solução” se materializa em linhas, luzes, formas,
cores, objetos geométricos, orgânicos e experiências visuais senso-
riais, intervenções nos espaços públicos, proposições e experiências
corporais (Figuras 13 a 16).

Figura 13 - Exercícios de materialização de ideias. Proposta de uma


intervenção urbana no entorno da Escola de Arquitetura.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 14 - Exercícios de experimentação gráfica a partir de


proposições de estudos semânticos e exercícios de tipografia.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

SUMÁRIO 190
Figura 15 - Exercícios de experimentação gráfica a partir do estudo de
movimentos artísticos e do Design Gráfico - proposições de ideias.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

Figura 16 - Exercícios de experimentação gráfica a partir do estudo de


movimentos artísticos e do Design Gráfico - proposições de ideias.

Fonte: fotografias dos autores de 2014 a 2022.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos em meio a uma produção massificada e homogenei-
zada de objetos, baseada em valores cada vez mais globalizados uni-
formizados. Tornam-se, então, cada vez mais necessária ao design,
a ancoragem em concepções que contemplem a diversidade, hete-
rogeneidade e a produção de novos valores, estéticos com conteú-
dos e significados inovativos. Neste sentido devem ser considerados,
nos processos de desenvolvimento de produtos, além dos aspectos
técnicos e funcionais, a dimensão emocional e sensorial. A indús-
tria historicamente priorizou a técnica, com a ampliação do mercado
e a especificidades e exigências do consumo, hoje, mesmo que se

SUMÁRIO 191
tenha em vista os interesses mercadológicos, ela própria tende a se
expandir, a especializar-se e a buscar novos parâmetros e referen-
cias para os produtos.

As práticas apresentadas propiciam no aluno a expressão e a


compreensão dos processos de materialização de suas de ideias de
forma a aguçar sua percepção sobre o desenvolvimento de produ-
tos, ainda sem a exigência da acuidade técnica.

De acordo com Moraes (2011), o designer contemporâneo


precisa interagir de forma transversal com disciplinas cada vez
menos objetivas e exatas, passando a confluir com áreas que com-
põem o âmbito do comportamento humano dos fatores estésicos e
psicológicos ainda pouco considerados na concepção e desenvol-
vimento dos artefatos.

REFERÊNCIAS
ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual-Uma Psicologia da Visão Criadora; São
Paulo: Livraria Pioneira, 1996.

BACHELARD, Gaston. A Poética do espaço; São Paulo: Martins Fontes, 1989.

BOURRIAUD, Nícolas. Estética Relacional - Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Martins
Fontes, 2009.

CHEN, Chun-Houh, HARDLE, Wolfgang e UNWIN, Antony – Handbook of Data


Visualization. Springer-Verlag, Berlin. 2008

GOMES, Leonardo Oliveira at all - Codificação e Nomenclatura Inteligentes:


Fundamentos para utilização e implantação do Design da Informação, São Paulo,
Anais do 8º P&D Design, 2008 – Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Design, 2008.

KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. Tradução de Valério Rohden e António


Marques. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.

SUMÁRIO 192
MARIN, Louis. Poder, representacion, imagen. Prismas: Revista de História Intelectual.
Buenos Aires, nº 13, 2019.

MORAES, Dijon de (org.). Cadernos de Estudos avançados de Design. Barbacena,


MG: Ed. UEMG, 2011.

MUNARI, Bruno. Diseño y comunicación visual. Barcelona: Gustavo Gili, 1985.

MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

PEIRCE, Charles S. Semiótica e filosofia. Tradução Leônidas Hegenberg e Octanny


Silveira da Mota. São Paulo: Cultrix, 1975.

PEIRCE, Charles S. Semiótica. Tradução: José Teixeira Coelho Neto. 4. ed. São Paulo:
Perspectiva, 2019.

WONG, Wucius. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SUMÁRIO 193
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.8 BIÔNICA E BIOMIMÉTICA
NO CURSO DE DESIGN
DA UFMG
Cynara Fiedler Bremer
Fernando José da Silva

A natureza oferece infinitos exemplos de como revolucio-


nar os produtos, os processos e a vida. Após 3,8 bilhões de anos
de evolução, a natureza aprendeu o que funciona, o que é ade-
quado, o que é durável (Benyus, 2003). Embora todo este conhe-
cimento tenha existido ao longo da evolução da vida na Terra, ape-
nas uma pequena parcela disso tem sido aproveitada, existindo uma
grande parte ainda desconhecida e negligenciada a ser desbravada
(Soares; Arruda, 2018).

Os avanços recentes na biotecnologia e na nanotecnologia


permitem o desenvolvimento de novos materiais. Graças à impres-
são 3D é possível produzir materiais com formas inspiradas no
mundo natural que antes eram muito complexas para serem fabrica-
das pelos processos tradicionais (Ramos, 2018).

O ensino da biomimética (ou biomimetismo) vem sendo cada


vez mais explorado nos cursos de Design e Arquitetura do Brasil e do
mundo e este capítulo traz a experiência adquirida na disciplina Biô-
nica e Biomimética, do Curso de Design da UFMG, de 2017 a 2022.

SUMÁRIO 194
ABORDAGEM
DA DISCIPLINA NO
CURSO DE DESIGN
O Curso de Design da UFMG é oferecido em nove semes-
tres e apresenta um currículo com 2700 horas. Entre os obje-
tivos do curso estão:
Promover a concepção e o desenvolvimento de artefa-
tos centrados na composição da cultura material e visual
contemporânea, associados às inovações tecnológicas;
permitir uma visão global e crítica sobre o produto, bem
como sobre as implicações da atividade projetual; criar
predisposições para uma atuação profissional capazes de
promover mudanças que não negligenciem as referên-
cias de desenvolvimento sustentável (UFMG, 2023).

A abordagem do tema biomimética no Curso está prevista


na disciplina optativa Biônica e Biomimética, com carga horária de
75 h (5 créditos). A ementa da disciplina é: “Engenharia de siste-
mas da natureza. Propriedades e mecanismos elaborados pela natu-
reza. Interação entre natureza e criatividade de sistemas estruturais
ligados ao projeto”. A disciplina relacionava-se antes apenas com a
biônica, desde a criação do curso até 2017, quando os princípios da
biomimética foram introduzidos na ementa. A oferta acontece uma
vez a cada dois ou três semestres.

Para que os discentes pudessem pensar na aplicação da bio-


mimética em seus exercícios e trabalhos na disciplina, os conteúdos
foram apresentados por meio de conceitos, aplicações em produtos
de design por profissionais no Brasil e no mundo, documentários e
exercícios semanais em sala de aula e também em campo. Todas as
aulas possuíam conteúdos práticos, para que os discentes pudes-
sem ter um problema a ser resolvido e uma (ou mais) inspiração(ões)
na natureza para a sua solução. Na aula da semana seguinte, antes

SUMÁRIO 195
da abordagem dos conteúdos novos, os discentes apresentavam as
suas soluções e os porquês da adoção de um sistema ou de outro.
Com essa dinâmica percebeu-se o envolvimento dos discentes nos
trabalhos e o interesse crescente no assunto.

Em 2021, com o avanço da pandemia mundial do Covid-19, as


aulas foram lecionadas remotamente e somente em 2022 foi retomada
a modalidade presencial. Em 2021, houve matrículas de alunos da
pós-graduação da USP, que viram na disciplina e também no ensino
remoto uma oportunidade de contato mais íntimo com o assunto.
Serão mostrados aqui neste texto os trabalhos desenvolvidos.

ATIVIDADES PRÁTICAS EM SALA DE AULA


Nesta disciplina, diversas atividades fazem parte da pesquisa
e proposições de soluções com base na natureza, onde formas e fun-
ções são referências. Os alunos desenvolvem suas pesquisas a partir
de referências das aulas, e elaboram alternativas de possíveis aplica-
ções dos conceitos aprendidos. Assim, descobrem na prática como
aplicar em projetos elementos relacionados a sistemas de garras,
substituições de materiais, resistências, aderências, aproveitamento
de energia, consumo de água e soluções voltadas a mecanismos e
articulações. Na Figura 1, é apresentada uma solução encontrada por
um grupo de discentes na resolução de uma atividade prática, com
objetivo de estudar os formatos dos pés de vários animais e aplicar
esse formato em algum produto ainda inexistente.

SUMÁRIO 196
Figura 1 - Resultados encontrados pelos discentes para atender
à atividade prática sobre o formato de pés. À esquerda:
a inspiração adotada, à direita: a aplicação em produto.

Fonte: Imagem: Artistlike. Desenho: discentes do 2º sem. 2022 da disciplina.

Na Figura 2, são mostradas algumas soluções encontradas


pelos discentes para resolver outra atividade prática, com objetivo
de apresentar um produto diferente do existente, substituindo o
material e/ou sua forma.

SUMÁRIO 197
Figura 2 - Resultados para atender à atividade prática sobre as estruturas dos
materiais. Primeira imagem: a inspiração, demais imagens: a aplicação em produtos.

Fonte: Imagem: Agefotostock. Desenhos: discentes do 2º sem. 2021 da disciplina.

Outros trabalhos intermediários durante o semestre são rea-


lizados. Na Figura 3, são mostradas algumas soluções encontradas
pelos discentes para resolver um destes projetos, que tinha como
objetivo apresentar a aplicação de um braço hidráulico.

SUMÁRIO 198
Figura 3 - Projetos intermediários apresentados, que tinham como objetivo apresen-
tar a aplicação de um braço hidráulico.

Fonte: Kuritafsheen77, Imagens dos modelos: discentes do segundo semestre de 2017 da disciplina.

O trabalho final da disciplina teve como objetivo principal o


projeto de um sistema robótico na busca de melhorias na qualidade
de plantas contra pragas e intempéries e facilidade em colheitas, com
aumentando de produtividade e oferta de alimentos à população.
A Figura 4 mostra algumas propostas finais apresentadas
pelos discentes, utilizando diversas técnicas de representa-
ção (manual e digital).

SUMÁRIO 199
Figura 4 - Imagens do projeto final. Primeira imagem:
inspiração; segunda imagem: proposta.

Fonte: Desenhos: discentes, 2º sem. 2021 da disciplina.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível observar nestas experiências de ensino de Biô-
nica e Biomimética, que a visão de projeto com base na natureza está
se ampliando, cada vez que a disciplina é ministrada, desde 2017,
e que mesmo durante a pandemia mundial de Covid-19, quando
foi trabalhada de modo remoto, os discentes tiveram, a partir dos
conceitos abordados, boas inspirações com possíveis aplicações
nas propostas práticas, nas mais variadas áreas do Design. Mesmo
durante o ensino remoto, as atividades proporcionaram certa liber-
dade dentro da disciplina, inclusive com a participação de alunos
de outra universidade; a troca de experiência entre esses alunos e
os da UFMG foi muito rica, pois eles trouxeram experiências vivi-
das por eles na pós-graduação no seu curso de origem (Engenharia
Civil) e puderam também aprender com os graduandos em Design
da UFMG sua forma de estruturar uma prática de projeto.

SUMÁRIO 200
Sugere-se que noutras experiências similares sejam traba-
lhadas sequências onde se possa prever aumento de complexidade
tanto da pesquisa quanto da representação, seja ela bi ou tridimen-
sional, para as ideias postas em prática, de modo que os avanços
possam ser mais bem identificados, desenvolvidos e apresentados.

REFERÊNCIAS
BENYUS, J. Biomimética: Inovação Inspirada pela Natureza. São Paulo: Cultrix, 2003.

RAMOS, J. Biônica e Biomimética: A Evolução do Uso de Analogias Naturais – Possíveis


Contribuições na Busca da Sustentabilidade Ambiental. In: ARRUDA, A. J. V. (org) Métodos
e Processos em Biônica e Biomimética: a revolução tecnológica pela natureza. São
Paulo: Blucher Open Access, 2018. Disponível em: https://openaccess.blucher.com.br/
article-list/9788580393491-409/list#undefinedAcessado em: 05 de junho de 2023.

SOARES, T. L. F.; ARRUDA, A. J. V. Fundamentos da Biônica e da Biomimética e Exemplos


Aplicados no Laboratório de Biodesign na UFPE. In: ARRUDA, A. J. V. (Org.). Métodos e
Processos em Biônica e Biomimética: a revolução tecnológica pela natureza. São
Paulo: Blucher Open Access, 2018. Disponível em: https://openaccess.blucher.com.br/
article-list/9788580393491-409/list#undefined. Acessado em: 05 de junho de 2023.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. DESIGN BACHARELADO/FORMAÇÃO


LIVRE. UFMG, 2023. Disponível em: https://ufmg.br/cursos/graduacao/2394/90312.
Acessado em: 05 de junho de 2023.

SUMÁRIO 201
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.9 TECNOLOGIA LIGNO:
DESIGN E INOVAÇÃO
NO USO DE RESÍDUOS
DE MADEIRA
Glaucinei Rodrigues Corrêa

A Tecnologia LIGNO é resultado de um projeto de pesquisa


coordenado pelo professor Glaucinei Rodrigues Corrêa do Departa-
mento TAU, sobre os resíduos da indústria moveleira, que teve início
em 2015, com pedido de patente depositado em fevereiro de 2019.
A proposta surgiu como resposta aos problemas ambientais relacio-
nados ao crescente volume de resíduos provenientes do processa-
mento dos painéis de madeira. O projeto é realizado em parceria com
o Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de Madeira
no Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), com apoio do Conse-
lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Participam da equipe do projeto professores da UFMG, da Universi-
dade Federal de Uberlândia, estudantes e designers11.

A Tecnologia LIGNO transforma os resíduos oriundos da


indústria moveleira, como serragem da madeira maciça e das pla-
cas reconstituídas como o Medium Density Fiberborad (MDF) ou
Medium Density Particleborad (MDP), em novos produtos a partir do
processo de termoformagem (Figura 1).

11 Mais informações sobre a Tecnologia LIGNO no site: www.lignotec.com.br

SUMÁRIO 202
Figura 1 - Bolw projetado para demonstrar as possibilidades de aplicação da
Tecnologia LIGNO. O da esquerda foi produzido com resíduos de MDF na cor
natural e o da direita, com pigmento colorido.

Fonte: Acervo do autor.

A Tecnologia LIGNO foi elaborada tendo como princípios:


a) o aspecto ambiental, pela transformação dos resíduos, que seriam
descartados ou que poderiam poluir o meio ambiente, em produtos de
alto valor; b) o impacto social, pela possibilidade de gerar emprego
e renda a partir da produção e comercialização dos produtos;
c) a viabilidade produtiva, pela transformação dos resíduos em pro-
dutos realizada em poucas etapas e poucos equipamentos (Figura 2).

As etapas para o desenvolvimento desta pesquisa compre-


enderam: a) diagnóstico sobre a situação dos resíduos nas indús-
trias moveleiras12; b) o desenvolvimento do material compósito;
c) o desenvolvimento de produtos para demonstrar as possíveis
aplicações do novo material13; d) o aprimoramento da tecnologia14; e
e) o licenciamento da tecnologia para uso em escala industrial
(estágio atual da pesquisa).

12 Publicado em Corrêa, Duarte e Abreu (2016).


13 Essas duas etapas da pesquisa, sobre o desenvolvimento do material e dos produtos estão publi-
cadas em Corrêa e Policarpo (2018).
14 Informações sobre essa etapa e a contribuição dessa tecnologia para as micro e pequenas empre-
sas moveleiras estão publicadas em Corrêa, Braga e Castro (2022).

SUMÁRIO 203
Figura 2 - Mais exemplos de Bolws produzidos com resíduos
de MDF, natural e com pigmentos coloridos.

Fonte: Fotografia de Jomar Bragança.

As questões principais que nortearam o início da pesquisa


sobre os resíduos nas indústrias moveleiras foram três:

(1) Quais os tipos e quantidades de resíduos gerados?

(2) Qual a destinação desses resíduos?

(3) É possível gerar emprego e renda a partir desses resíduos?

Como resultados principais da etapa de pesquisa sobre o


diagnóstico dos resíduos, constatou-se que a maioria das empre-
sas pesquisadas (39 indústrias do Polo Moveleiro de Belo Horizonte)
não separa os resíduos que gera; há dificuldade em quantificar os
resíduos gerados; há grande diversidade no modo de armazena-
mento; o descarte na maioria das empresas é inadequado; e, princi-
palmente, há grande quantidade de resíduos gerados, em torno de
137 toneladas de aparas de MDF por mês, 88 toneladas de pó de
MDF e 73 toneladas de serragem de madeira maciça gerados men-
salmente nessas empresas. Vale destacar que esses números são

SUMÁRIO 204
aproximados e representam a quantidade de resíduos gerados em
2015, época da coleta das informações nas empresas.

Nesse sentido, a pergunta central para a equipe de desen-


volvimento foi: Como podemos resolver o problema desses resí-
duos com responsabilidade social e ambiental? A partir dessa
questão norteadora desenvolveu-se o material compósito, alguns
produtos para demonstrar as possíveis aplicações, além do know
how da tecnologia. A Tecnologia LIGNO tem o processo produtivo
apresentado na Figura 3:

Figura 3 - Etapas principais do processo produtivo da Tecnologia LIGNO.

Fonte: Acervo do autor.

Uma das características importantes dessa tecnologia é a


possibilidade de aproveitar o resíduo do próprio produto, sendo pos-
sível, portanto, a implantação da economia circular, conforme pode
ser observado na Figura 4.

SUMÁRIO 205
Figura 4 - Porta copo projetado para demonstrar as possibilidades de aplicação da
Tecnologia LIGNO, produzido utilizando-se material de outros porta-copos triturados.

Fonte: Acervo do autor.

Os resultados apresentados após os ensaios físicos, mecâ-


nicos e químicos do material compósito desenvolvido indicam que
a Tecnologia LIGNO pode potencialmente ser aplicada em produtos
para diversos usos, como em mobiliário, utensílios, iluminação, arte-
sanato, brindes, entre outros artefatos.

A Tecnologia LIGNO é uma inovação que está no nível 5 de


maturidade tecnológica (Technology Readiness level) e precisa de
investimentos para sua aplicação em escala industrial. O licencia-
mento e a transferência dessa tecnologia têm por objetivo conceder
a terceiros o direito de uso ou de exploração para produção e comer-
cialização. Por meio da Coordenadoria de Transferência e Inovação
Tecnológica da UFMG (CTiT) são formalizados os Contratos de
Transferência e Licenciamento, nos quais são definidas as condi-
ções para a exploração dessa tecnologia. Atualmente, está sendo

SUMÁRIO 206
implantada em uma empresa moveleira na cidade de Arapiraca-AL.
Além disso, tem tido interesse de empresas nacionais nas áreas de
brinquedos, embalagens e móveis.

Para que seja desenvolvida em escala industrial é necessá-


rio investir: (1) no design do produto a ser fabricado; (2) no molde
para se fabricar o produto; (3) na infraestrutura necessária para a
produção; (4) nos equipamentos específicos. Para o levantamento
exato do investimento, é necessário definir primeiro o tipo de
produto a ser fabricado, o volume de produção e o grau de auto-
matização do processo.

Esse projeto de pesquisa tem gerado algumas pesquisas


relacionadas, entre elas um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
do Curso de Graduação em Design da UFMG, denominado “Aplica-
ção da Tecnologia LIGNO em assento para meditação”, da estudante
Dieny Kely Macedo Lopes; um Trabalho de Conclusão do Curso
de Especialização em Sustentabilidade em Cidades, Edificações
e Produtos, intitulado “Aproveitamento de resíduos de madeira em
uma indústria moveleira”, do estudante Eduardo Ávila Teixeira; e, uma
pesquisa de mestrado em design, no curso de Pós-graduação em
Design da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas
Gerais (UEMG), com o título “Aperfeiçoamento de nanocompósitos
LIGNO com a incorporação de materiais grafênicos”, da mestranda
Adriana Luiza Duarte.

Ao longo desse tempo de desenvolvimento da tecnologia, de


2015 até a presente data, 17 estudantes, entre bolsistas e voluntá-
rios, participaram das atividades do projeto em diversos momentos,
demonstrando a contribuição dessa pesquisa para a formação dos
estudantes, dando oportunidade para que conheçam e experimen-
tem métodos de pesquisa científica e processos de design em todo
o processo de desenvolvimento da tecnologia.

SUMÁRIO 207
REFERÊNCIAS
CORRÊA, G. R.; DUARTE, A. L.; ABREU, L. G. Resíduos da indústria moveleira: diagnóstico
nas empresas associadas ao Sindimov-MG. Congresso Brasileiro De Pesquisa E
Desenvolvimento Em Design, 2016, Belo Horizonte. Anais… 12º P&D Design 2016, São
Paulo: Blucher, 2016. p. 4214-4225.

CORRÊA, G. R.; POLICARPO, A. O. Ligno: material compósito com resíduo de madeira.


Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 2018, Joinville. Anais…
13º P&D Design 2018, São Paulo: Blucher, 2018. p. 145-159.

CORRÊA, G. R.; BRAGA, J. C.; CASTRO, M. L. A. C. Tecnologia Ligno: inovação em materiais


e processos para as MPEs moveleiras por meio do design. Pensamentos em Design,
Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 7-21, 2022.

SUMÁRIO 208
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.10 UMA ATUAÇÃO CONSTANTE
EM NORMALIZAÇÃO:
O CASO DA NORMA
DE ILUMINAÇÃO NATURAL
Roberta Vieira Gonçalves de Souza

Em 2005, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)


publicou Normas inovadoras na área de desempenho térmico de
edificações residenciais e de iluminação natural em ambientes inter-
nos. Foi a primeira vez que foram publicadas Normas no Brasil com
métodos de cálculo para a determinação de desempenho nas áreas
de conforto ambiental, ligadas a edificações que não as Normas da
área de acústica, que então já contava com normalização própria.
Anteriormente a 2005, no que tange ao desempenho dos ambientes
internos, o Brasil contava apenas com Códigos de Obra municipais
nos quais havia a determinação de áreas mínimas de aberturas para
a ventilação e a iluminação de ambientes internos a partir de uma
relação entre a área do piso do ambiente e a área do vão, sem que
houvessem de critérios de desempenho e sem considerar questões
de obstrução da iluminação, da ventilação pelo tipo de esquadria ou
pela presença de obstruções no entorno.

O processo de elaboração de um Documento Técnico ABNT


é iniciado a partir de uma demanda, que pode ser apresentada por
qualquer pessoa, empresa, entidade ou organismo regulamentador,
que estejam envolvidos com o assunto a ser normalizado. A perti-

SUMÁRIO 209
nência da demanda é analisada pela ABNT e, sendo viável, o assunto
é levado ao Comitê Técnico correspondente para inserção em seu
Programa de Normalização Setorial. O assunto é então discutido
amplamente pelas Comissões de Estudo, com a participação aberta
a qualquer interessado, independentemente de ser ou não associado
à ABNT, até atingir consenso, gerando então um Projeto de Norma
(ABNT, 2022). Os comitês técnicos existentes podem ser acessados
pelo site: https://www.abnt.org.br/normalizacao/comites-tecnicos,
sendo o ABNT/CB-002 - Construção Civil, o comitê que trabalha
com as questões de conforto ambiental, a Comissão de Estudo da
área de iluminação natural é identificada por CE-002 135.002.

Falando mais especificamente sobre iluminação, a NBR


15.215 – Iluminação Natural (ABNT, 2005) foi publicada em 4 partes
sendo a 1ª relativa às definições, a 2ª relativa ao cálculo da disponibi-
lidade de iluminação natural externa, a 3ª relativa ao cálculo de níveis
de iluminância interna e a 4ª relativa às medições de luz natural no
ambiente construído. Para este presente relato, são de maior inte-
resse as partes 2 e 3. A Norma, publicada em 2005, contava então
com métodos desenvolvidos na década de 1990 e fazia alusão a
processos de cálculos matemáticos e gráficos, não contemplando,
ainda, a possibilidade de simulação computacional, então emergente
na área de conforto ambiental.

A Comissão de Estudo montada para a elaboração das Nor-


mas de iluminação contou entre seus membros com a professora
Roberta Vieira do LABCON-UFMG, laboratório do Departamento
TAU da EA-UFMG. Tendo defendido seu mestrado em iluminação
natural em 1997 desenvolveu em sua dissertação o tema: “Iluminação
Natural em Edificações: cálculo de iluminâncias internas - desenvol-
vimento de ferramenta simplificada”, cujo método gráfico de cálculo
foi incorporado na parte 3 da Norma. Este é um método considerado
como “ponto-no-tempo”, pois faz um cálculo para cada ponto do
ambiente a partir de uma determinada localidade, para uma data, um
horário e um tipo de céu. Os tipos de céu então disponíveis na parte

SUMÁRIO 210
2 da Norma eram três: claro, parcialmente encoberto ou intermediário
e encoberto e a sua determinação também era feita através de equa-
ções e ábacos, como pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 - Imagens dos céus disponíveis na NBR 15.215-2:2005 e método de cálculo


apresentado na NBR 15.215-3:2005.

Fonte: ABNT.

Desde a publicação destas Normas, no entanto, houve avan-


ços significativos na área de iluminação natural e com a evolução
exponencial da capacidade de processamento dos computadores e
com a introdução de simulação computacional. Houve ainda o esta-
belecimento de modelos que permitiram determinar com maior pre-
cisão a distribuição de luminâncias no céu e introduzi-las nos pro-
gramas de simulação que, por sua vez, permitiram que se avaliasse a
iluminação natural a partir de dados medidos em arquivos climáticos.
Estes desenvolvimentos levaram à criação de novas métricas de ava-
liação anual estatística da disponibilidade de luz natural em ambien-
tes internos. Houve avanços ainda sobre a aceitabilidade da luz natu-
ral em ambientes internos e que passaram a levar em consideração
questões como o ofuscamento, devido à luz natural, de maneira mais
dinâmica e introduziram métricas para avaliação da luz circadiana.

SUMÁRIO 211
Desde a publicação destas Normas, elas têm sido usadas
rotineiramente nas disciplinas do Curso de Arquitetura e Urbanismo
e no Programa de Pós-graduação em Ambiente Construído e Patri-
mônio Sustentável da UFMG, não apenas em ensino, mas também
como objeto de pesquisa tendo sido diversos trabalhos publicados.

Em setembro de 2018, foi proposta a revisão dos métodos de


avaliação de iluminação natural presentes na Norma de Desempe-
nho, a NBR 15.575, que trata do desempenho de edificações habita-
cionais e que se baseava nos métodos de cálculo da NBR 15.215-3.
Esta revisão, coordenada pelo professor Fernando Ruttkay Pereira
da Universidade Federal de Santa Catariana (UFSC), propôs a ado-
ção de métricas “baseadas no clima” com a consideração de análise
feita por simulação computacional dinâmica a partir de arquivos cli-
máticos para abarcar o desempenho de ambientes ao longo do ano.
Naquela proposta há um método simplificado baseado em simula-
ções paramétricas e um procedimento para simulação computacio-
nal. Em março de 2021, a própria NBR 15.215 entrou em revisão, desta
vez coordenada pela Profa. Roberta Vieira do LABCON-UFMG.

Com relação à atualização dos tipos de céu para uso em


simulações dinâmicas baseadas no clima, a parte 2 da Norma foi
revista e publicada em junho de 2022. Nesta Norma, novos modelos
de céu são publicados junto aos modelos anteriormente existentes.
A Figura 2 mostra os modelos de céu baseados naqueles da Com-
mission Internationale de L’Eclairage (CIE) (ABNT, 2022). Estes novos
modelos foram testados pela literatura com ótimos níveis de aproxi-
mação de céus reais (Inanici; Hashemloo, 2017).

SUMÁRIO 212
Figura 2 - Exemplo de novos modelos de céu publicados na NBR 15.215-2:2022, para
utilização em programas de simulação de iluminação natural baseada no clima.

Fonte: http://andrewmarsh.com/software/cie-sky-web/

Neste processo de revisão das Normas NBR 15.575 e NBR


15.215, a parte ligada às iluminâncias em ambientes residenciais
ficou na NBR 15.575 e a parte sobre iluminâncias em ambientes não
residenciais ficou na NBR 15.215, parte 3. Ambas as Normas estão,
desde dezembro de 2022, em fase final de análise junto às respec-
tivas Comissões de Estudo e nas quais a interface entre as Normas
está sendo discutida. As novas métricas previstas para estas Nor-
mas são apresentadas na Figura 3. Estas propostas foram balizadas
levando em consideração os valores já propostos para as Normas
existentes, testes feitos anteriormente (por exemplo, Guidi et al.,
2018) dos métodos e valores propostos em Normas internacionais
como a Norma Europeia EN 17037 (EN, 2018) e por estudos sobre
preferência dos usuários.

SUMÁRIO 213
Figura 3 - Métricas baseadas no clima propostas para
a revisão das normas NBR 15.575 (a) e NBR 15.215-3 (b).

(a)

(b)
Fonte: ABNT.

A proposta de revisão da NBR 15.215 em sua 3ª e 4ª partes


trazem também inovações ligadas à avaliação de desempenho, rela-
tivas às preferências humanas e que se referem à disponibilidade de
vistas e como a presença de aberturas para a luz natural e do entorno
urbano pode interferir nos níveis de ofuscamento. Os critérios para
vista do exterior dizem respeito à área ocupada, para ambientes nos
quais a vista seja considerada como desejável (ambientes de ocupa-
ção prolongada nos quais seja possível o acesso à luz natural) e nos
quais seja possível obter-se vista externa (Figura 4).

SUMÁRIO 214
Figura 4 - Análise de vistas pela proposta de revisão da NBR 15.215
e vista com 3 camadas (céu, entorno e visão do solo).

Fonte: Imagem: https://m.galeriadaarquitetura.com.br/Img/projeto/SF1/3850/escritorio-sc023.jpg.


Tabela: ABNT.

O ofuscamento é uma sensação visual negativa experimen-


tada pelo observador, causada por áreas com brilho de luminâncias
maior do que a luminância à qual os olhos estão adaptados, pro-
duzindo desconforto ou perda de desempenho visual e visibilidade

SUMÁRIO 215
(Figura 5). Uma avaliação de ofuscamento é sugerida em ambientes
onde as atividades esperadas são comparáveis à leitura, escrita ou
uso de dispositivos de exibição e o usuário não é capaz de escolher
livremente sua posição e direção de visualização.

Figura 5 - Análise de ofuscamento pela proposta de


revisão da NBR 15.215 e exemplo de simulação.

Fonte: Tabela: ABNT. Imagem: Monteiro (2023, página).

Há a introdução de métricas para a análise da presença de


um mínimo de horas de insolação em ambientes sensíveis a sua pre-
sença em períodos de inverno em climas frios. A exposição à luz
solar direta é um importante critério de qualidade de um ambiente
interno e pode contribuir para o bem-estar humano. A provisão de
luz solar direta é desejável para qualquer espaço interno no período
frio e essencial dependendo da função desse. A exposição mínima à
luz solar direta deve ser fornecida em ambientes de edificações com
atividades voltadas para cuidados com a saúde e para a educação

SUMÁRIO 216
(hospitais, creches, escolas etc.) e pelo menos em um espaço habi-
tável nas moradias, dentre outros ambientes (Figura 6).

Figura 6 - Análise de insolação pela proposta de revisão


da NBR 15.215 e exemplo de aplicação para entorno denso.

Fonte: Figura de Bruno Almeida (trabalho em disciplina), tabela: ABNT, imagem: Guidi (2018, página).

Todas as métricas foram testadas pela comissão e em


especial foram testadas por alunos de graduação e de pós-gradu-
ação vinculados a disciplinas do Departamento TAU e estão em
fase final de discussão.

Historicamente o desenvolvimento de normas junto ao


Departamento TAU tem gerado trabalhos de conclusão de gradua-

SUMÁRIO 217
ção, mestrado e doutorado resultando em publicações já feitas e a
serem enviadas para congressos em 2023 (Garcia et al., 2020; Guidi
et al., 2018; Guidi; Souza, 2021; Souza et al., 2021; Santos et al., 2017;
Santos; Souza, 2007).

REFERÊNCIAS
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natural - Conceitos básicos e definições. Rio de Janeiro, ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR15.215-2 -Iluminação


natural - Procedimentos de cálculo para a estimativa da disponibilidade de luz natural.
Rio de Janeiro, ABNT, 2022.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR15.215-3 -Iluminação


natural - Procedimento de cálculo para a determinação da iluminação natural em
ambientes internos. Rio de Janeiro, ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR15.215-4 -Iluminação


natural - Verificação experimental das condições de iluminação interna de edificações -
Método de medição. Rio de Janeiro, ABNT, 2005
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15215 - Iluminação natural
– Parte 2. Rio de Janeiro, 2022.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR15.575 -Edificações


habitacionais - Desempenho - parte1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, ABNT, 2013.

COMITE EUROPEEN DE NORMALISATION (CEN). EN 17037 - Daylight for Buildings,


Bruxelas, 2018.

GARCIA, M. S.; SOUZA, R. V. G.; FREITAS, M. L. M.; VELOSO, A. C. O. Integrando simulação de


iluminação natural no processo de projeto: análise comparativa entre duas plataformas
computacionais. Gestão & Tecnologia de Projetos, v. 15, p. 69-83, 2020.

GUIDI, C. R. Influência dos parâmetros urbanos e da topografia para a


disponibilidade de luz natural em edifícios residenciais em Belo Horizonte.
2018. Dissertação (Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 2018.

SUMÁRIO 218
GUIDI, C. R.; ABRAHÃO, K. C. F. J.; VELOSO, A. C. O.; SOUZA, R. V. G. Influência dos
parâmetros urbanísticos e da topografia na admissão da luz natural em edifícios
residenciais. Ambiente Construído (Online), v. 18, p. 49-66, 2018.

GUIDI, C. R.; SOUZA, R. V. G. Impacto da alteração do método de cálculo de iluminação


natural na norma NBR 15.575. In: ENCAC 2021 - XVI Encontro Nacional e XII Encontro
Latino Americano De Conforto No Ambiente Construído, 2021. Anais... Porto Alegre:
ANTAC, 2021.

MONTEIRO, L. A. Iluminação natural em salas de aula: Análise por novos


parâmetros normativos.2023. Dissertação (Mestrado em Ambiente Construído e
Patrimônio Sustentável) – Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais , 2023.

SOUZA, R. V. G.; SANTOS, A. L. C. B.; RODRIGUES, A. P. C.; PADOVANI, N. M.; VELOSO, A. C. O.


Análise comparativa do atendimento ao desempenho mínimo de iluminação natural da
NBR 15575:2013 e da proposta de revisão para ambientes com aberturas iluminadas por
fosso. In: ENCAC 2021 - XVI Encontro Nacional e XII Encontro Latino Americano de Conforto
no Ambiente Construído, 2021, Palmas - online. Anais… Porto Alegre: ANTAC, 2021.

INANICI, M.; HASHEMLOO, A. An investigation of the daylighting simulation techniques


and sky modeling practices for occupant centric evaluations. Building and
Environment, v 13, p. 220-31, 2017.

SANTOS, I. G.; SOUZA, R. V. G.; AUER, T. Optimized indoor daylight for tropical dense urban
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SANTOS, I. G.; SOUZA, R. V. G. Revisão de regulamentações em eficiência energética: uma


atualização das últimas décadas. Fórum Patrimônio: Ambiente Construído e Patrimônio
Sustentável (UFMG. On-line), Anais… v. 1, p. 31-46, 2007.

SUMÁRIO 219
DOI: 10.31560/pimentacultural/2024.99499.11 NÚCLEO DE PESQUISA
EM MATERIAIS SUSTENTÁVEIS:
FAZENDA MODELO DA UFMG
Sofia Araújo Lima Bessa

Criada na década de 1920 pelo Governo Federal, a chamada


“Fazenda Modelo” tinha o intuito de contribuir no avanço da pecuária
regional, porém ela foi sendo gradativamente desativada e passou a
alojar, a partir de 1978, o então Laboratório Nacional de Referência
Animal (Lara), hoje denominado Laboratório Nacional Agropecuário
de Minas Gerais (Lanagro)15.

A partir de 1993, seus 448 hectares voltaram a ser ocupados de


forma ordenada pela Escola de Veterinária da UFMG, com o objetivo
de utilização do espaço para atividades de ensino, pesquisa e exten-
são no Centro de Produção Sustentável. A partir de então, outras uni-
dades da UFMG, como a Escola de Engenharia e a Escola de Arquite-
tura (EA-UFMG), passaram a ter estruturas de apoio na Fazenda.

Em 2010, o Centro de Biotecnologia em Bubalinocultura, que


abrigava pesquisas em reprodução, sanidade, nutrição e genética dos
búfalos estava em pleno funcionamento. Pouco tempo depois, o pro-
fessor Edgar Vladimiro Mantilla Carrasco iniciou as suas atividades
no Núcleo de Pesquisas em Materiais Sustentáveis (NPMS), labora-
tório ainda sem denominação à época, com a construção do galpão
(Figura 1) que iria abrigar as atividades do seu projeto de pesquisa

15 Fazenda Modelo, Escola de Veterinária. Disponível em https://vet.ufmg.br/fazendas/exi-


be/1_20070314111050/. Acesso em 30 nov. 2022.

SUMÁRIO 220
relacionado ao desenvolvimento de produtos com os rejeitos da
Mineradora SAMARCO. O galpão (edificação principal) possui 120 m2,
sala para reunião, copa, banheiro e recepção, além de depósito para
materiais e baias para agregados.

O projeto de extensão, em parceria com a SAMARCO, con-


tava também com professores da Escola de Engenharia e ficou em
funcionamento até meados de 2014, quando foi finalizada a cons-
trução de uma casa com os blocos de rejeito-cimento que foram
produzidos pela pesquisa em questão (Figura 1).

Figura 1 - Galpão de atividades de pesquisa (esq.) e casa


construída com blocos de rejeito-cimento (dir.).

Fonte: Acervo do prof. Edgar Carrasco e da autora.

A partir de 2017, o laboratório passou a ser denominado,


oficialmente, Núcleo de Pesquisas em Materiais Sustentáveis
(NPMS), em acordo com o que foi aprovado na Reunião da Câmara

SUMÁRIO 221
Departamental do Departamento TAU, realizada em 23/03/2017.
Nesta mesma data, a Câmara aprovou que a professora Sofia Araújo
Lima Bessa passasse a coordenar o laboratório.

A professora retomou as atividades de pesquisa no local


após três anos de suspensão das atividades. O primeiro projeto a
ser desenvolvido no local, sob coordenação da professora Sofia
Bessa, foi referente ao Edital PRPq - 05/2016, intitulado “Avaliação
do desempenho de alvenarias de blocos de terra comprimida com
resíduo de construção e demolição”, que contou a participação de
dois bolsistas de Iniciação Científica, alunos do Curso de Arquitetura
e Urbanismo da UFMG (Figura 2).

Figura 2 - Atividades do projeto de pesquisa sobre o


desenvolvimento de blocos de terra comprimida (2017-2018).

Fonte: Acervo da autora.

Ainda em 2018, foi ofertada uma disciplina prática para o


Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, com a proposta
de ser cursada em paralelo com outra disciplina teórica (projetual). A
proposta de disciplina consistiu na articulação de dois tipos de conhe-
cimentos relacionados a saberes necessários para construção do
ambiente, sendo organizados em dois módulos ministrados concomi-
tantes: módulo tecnológico , com a disciplina Tópicos em Tecnologia da
Construção e módulo projetual, com a disciplina Tópicos em Projetos.

Os módulos foram ministrados pelas professoras Rejane


Loura e Sofia Bessa, do Departamento TAU, e pela professora Mar-
cela Brandão, do Departamento de Projetos (PRJ). Os alunos tiveram
que se matricular, ao mesmo tempo, em ambas as disciplinas, que
contaram com 15 vagas cada. A articulação entre os dois módulos se
deu, principalmente, por meio do bloco de terra comprimida (BTC).

SUMÁRIO 222
O módulo tecnológico teve como princípio norteador pro-
porcionar aos alunos atividades práticas partindo da produção do
componente construtivo (BTC) e chegando em práticas construtivas
de elementos de vedação (Figura 3). Já no módulo projetual, os alu-
nos elaboraram um projeto arquitetônico para a sede de uma rádio
comunitária, de uma ocupação urbana autoconstruída, situada na
cidade Belo Horizonte, MG, cujo módulo projetual foi o BTC produ-
zido na disciplina Tópicos em Tecnologia da Construção.

Figura 3 - Produção dos blocos de terra comprimida pelos alunos


da disciplina Tópicos em Tecnologia da Construção (2018).

Fonte: Acervo da autora.

Durante as atividades do módulo tecnológico, os alunos pude-


ram vivenciar e desenvolver todas as etapas necessárias para uma cons-
trução com terra, desde a retirada e o peneiramento do solo até à pro-
dução de prismas de alvenaria com encaixes e amarrações (Figura 4).

Ao longo de 2019, o professor Edgar Carrasco coordenou


um projeto de extensão, desenvolvido com a Empresa Laminatus,

SUMÁRIO 223
em conjunto com a professora Sofia Bessa e dois alunos do Curso
de Arquitetura e Urbanismo, e todas as atividades de pesquisa foram
desenvolvidas no NPMS. O projeto tinha como objetivo produzir e
avaliar concretos com rejeito de minério de zinco (Figura 5).

Figura 4 - Produção de alvenarias, com blocos de terra comprimida,


pelos alunos disciplina Tópicos em Tecnologia da Construção (2018).

Fonte: Acervo da autora.

Figura 5 - Atividades do projeto de extensão com a empresa Laminatus (2019).

Fonte: Acervo da autora.

SUMÁRIO 224
Em 2019, também foram desenvolvidos outros projetos de
pesquisa no NPMS sob coordenação da professora Sofia Bessa.
Um destes foi o projeto intitulado “Produção de elementos vazados
com a incorporação de resíduos: desenvolvimento de microconcretos
e desempenho de iluminação natural e ventilação”, contemplado no
Edital 001/2017 – Universal da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), que contou com a participação
de dois alunos de graduação (Figura 6).

O início do ano de 2020 foi marcado pela pandemia da Covid-


19 e fez com que o mundo inteiro permanecesse em quarentena por
meses. Ainda assim, no final do ano, o projeto APQ-05495-18 (Edital
09/2018 – FAPES/FAPEMIG/RENOVA), sob a coordenação da pro-
fessora Sofia Bessa, intitulado “Uso sustentável do rejeito sedimen-
tado da bacia do rio Doce no desenvolvimento de componentes para
construção civil”, teve início.

Figura 6 - Produção de elementos vazados (2019-2020).

Fonte: Acervo da autora.

SUMÁRIO 225
O projeto teve como objetivo propor uma destinação sim-
ples ao rejeito de minério misturado com solos e sedimentos para
que possa ser utilizado diretamente pelas comunidades locais, nos
municípios de Mariana (MG), Barra Longa (MG) e Rio Doce (MG), na
produção de componentes de terra (adobe e taipa).

No começo de 2021, durante uma fase na qual a pande-


mia parecia ter dado uma trégua, as coletas de rejeito e de sedi-
mento foram realizadas e os primeiros corpos de prova de taipa,
com rejeito sedimentado e solo, começaram a ser produzidos no
NPMS (Figura 7). Participaram deste projeto alunas de graduação,
do Curso de Arquitetura e Urbanismo, e de pós-graduação, do Pro-
grama de Pós-graduação em Ambiente Construído e Patrimônio
Sustentável (PPG-ACPS).

Figura 7 - Produção de corpos de prova de taipa (2021).

Fonte: Acervo da autora.

O projeto seguiu em desenvolvimento até novembro de 2023


e já foi possível publicar os seus resultados em dois congressos cien-
tíficos no ano de 2022. Atualmente, quatro alunos de mestrado (duas
alunas do PP-ACPS e dois alunos do Mestrado em Construção Civil

SUMÁRIO 226
da UFMG) e cinco alunas de graduação (sendo uma bolsista PIBIC/
CNPq) estão participando do projeto no desenvolvimento de taipa,
adobe e blocos de terra comprimida álcali-ativados. Ainda partici-
pam do projeto, professores de outras unidades da UFMG, como
Escola de Engenharia e Departamento de Química do Instituto de
Ciências Exatas da UFMG.

Ao longo de quase seis anos, foi possível mensurar a impor-


tância do Núcleo de Pesquisas em Materiais Sustentáveis como
espaço para o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa
e extensão ligados ao Departamento TAU: foram publicados cinco
artigos em periódicos, um capítulo de livro e 20 trabalhos com-
pletos publicados em anais de eventos, com a participação direta
de nove alunos de iniciação científica, duas alunas de mestrado
e quatro professores.

É importante frisar a distância entre os campi da UFMG, em


Belo Horizonte, MG, da Fazenda Modelo, que fica na cidade de Pedro
Leopoldo, MG. Mesmo assim, não foi impedimento para a produção
de novos conhecimentos e para a formação dos alunos ligados à
área de Tecnologia de Arquitetura.

SUMÁRIO 227
PESSOAS
CORPO DOCENTE EM 2023

Professora Andréa Franco Pereira


Designer de Produto
Doutora em Sciences Mécaniques pour L’Ingenieur pela Université de Technologie de Compiègne
http://lattes.cnpq.br/3643169710524692

Professora Cynara Fiedler Bremer


Engenheira Civil
Doutora em Engenharia de Estruturas pela Universidade Federal de Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/2819991555598095

Professor Edgar Vladimiro Mantilla Carrasco


Engenheiro Civil
Doutor em Engenharia de Estruturas pela Universidade de São Paulo
http://lattes.cnpq.br/3716965047168777

Professora Eleonora Sad de Assis


Arquiteta Urbanista
Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo
http://lattes.cnpq.br/1863146361804487

Professor Érico Franco Mineiro


Designer de Produto
Doutor em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/2243839138089949

Professor Fernando José da Silva


Designer de Produto
Doutor em Engenharia de Estruturas pela Universidade Federal de Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/3555794031729684

SUMÁRIO 228
Professor Glaucinei Rodrigues Corrêa
Designer de Produto
Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/9878675593298644

Professora Grace Cristina Roel Gutierrez


Arquiteta Urbanista
Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas
http://lattes.cnpq.br/5240584072073113

Professora Laura de Souza Cota Carvalho Silva Pinto


Designer de Produto
Doutora em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
http://lattes.cnpq.br/2579509391418672

Professor Leonardo G. de Oliveira Gomes


Bacharel em Sistemas de Informação e Engenharia Software
Mestre em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável pela Universidade Federal de Minas Gerais / Doutorando
pelo mesmo Programa
http://lattes.cnpq.br/6661499173940119

Professora Márcia Luiza França da Silva


Designer de Produto
Doutora em Desenho Industrial pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
http://lattes.cnpq.br/3444888622250994

Professor Marcelo Silva Pinto


Designer de Produto
Mestre em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável pela Universidade Federal de Minas Gerais / Doutorando
em Design pela Universidade de São Paulo
http://lattes.cnpq.br/0866705234713440

Professor Marco Antônio Penido de Rezende


Arquiteto Urbanista
Doutor em Engenharia de Construção Civil e Urbana pela Universidade de São Paulo
http://lattes.cnpq.br/8413549938151614

SUMÁRIO 229
Professora Maria Luiza Almeida Cunha de Castro
Arquiteta Urbanista
Doutora em Ciências Socioambientais pela Universidade Federal do Pará
http://lattes.cnpq.br/6663358391005315

Professora Maria Luiza Dias Viana


Bacharel em Artes Visuais
Doutora em Design pela Universidade de São Paulo
http://lattes.cnpq.br/2835053007577503

Professor Paulo Gustavo von Krüger


Arquiteto Urbanista e Engenheiro Civil
Doutor em Engenharia de Estruturas pela Universidade Federal de Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/1865214323026005

Professora Rejane Magiag Loura


Arquiteta Urbanista
Doutora em Ciências Técnicas Nucleares pela Universidade Federal de Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/1205543668318518

Professora Renata Maria Abrantes Baracho Porto


Arquiteta Urbanista
Doutora em Ciências da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais
http://lattes.cnpq.br/4218954956709188

Professora Roberta Vieira Gonçalves de Souza


Arquiteta Urbanista
Doutora em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina
http://lattes.cnpq.br/8006209271320989

Professora Sofia Araújo Lima Bessa


Arquiteta Urbanista
Doutora em Engenharia Urbana pela Universidade Federal de São Carlos
http://lattes.cnpq.br/1142385823563089

Professor Victor Mourthé Valadares


Arquiteto Urbanista
Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo
http://lattes.cnpq.br/9673603676067013

SUMÁRIO 230
PROFESSORES EGRESSOS
Professor Alberto Alvim de Resende
Professor Alexandre de Barros Teixeira
Professora Ana Cecília Nascimento Rocha Veiga
Professor Clifford Glenn Hodgson Dumbar
Professor Eduardo Cabaleiro Cortizo
Professora Eliana Maria N. M. B de Oliveira
Professora Iraci Miranda Pereira
Professor Jacob Korman
Professor José Eustáquio Machado de Paiva
Professor José Júlio de Sá Taboada
Professor Svend Erik Kierulff

CORPO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO
Ana Maria Dias Moutinho da Silva - Secretária
Tel: +55 (31) 3409-8823
Email: [email protected] / [email protected]

ARQUITETOS EGRESSOS
Maria Josefina Lavalle Cruz
Ricardo Orlandi França
Sebastião de Oliveira Lopes

SECRETÁRIOS EGRESSOS
Aparecida do Nascimento
Daisy Gloria Perissé Paravizo
Fábio Gustavo da Silva Souza
Gracy Mary de Souza Costa
Maria das Graças Carillho

Departamento de Tecnologia do Design, da Arquitetura e do Urbanismo


Escola de Arquitetura da UFMG
https://sites.arq.ufmg.br/tau/
Rua Paraíba, 697, Sala 319, Savassi
30130-140 - Belo Horizonte - Minas Gerais
SUMÁRIO 231
ÍNDICE REMISSIVO
A design gráfico 71, 128, 129, 132, 135, 140, 141, 162, 170
abstração 179, 183 design para a construção 48
administração 10, 11, 58, 59, 87 Design para a Construção 27, 34, 35, 36, 38, 47, 75, 76, 149
ambiente acolhedor 10 design paramétrico 129, 141
ambiente construído 31, 32, 33, 34, 67, 71, 85, 86, 87, 92, 93, 210 disciplina optativa 79, 150, 195
ambiente natural 29, 48 disciplinas práticas 82, 157, 177
ambientes internos 209, 211, 218 documentação técnica 148, 149, 150
artes 68, 183
E
atividades acadêmicas curriculares 10
edificações 30, 45, 53, 54, 67, 71, 99, 102, 209, 212, 216, 218
B edificações residenciais 209
bem-estar 30, 64, 66, 110, 216 Eficiência Energética 27, 30, 39, 42, 44, 45, 85, 87, 89,
biomimética 49, 194, 195 90, 91, 104, 108
Biônica e Biomimética 194, 195, 200, 201 energia 29, 30, 31, 32, 56, 196
engenharia 38, 48, 59, 68, 87
C
ensino, pesquisa e extensão 10, 17, 145, 220, 227
caricaturas 162, 163, 164, 170, 171
equipamentos 28, 31, 32, 37, 38, 42, 43, 44, 45, 49, 71, 203, 207
ciências sociais 68
Ergonomia 48, 146
computação embarcada 129, 141
espaços 36, 37, 38, 65, 71, 88, 103, 145, 151, 190
concepção de produtos 47, 177, 180, 181, 184
espaços de vida 65
concepção vitruviana 60, 67
espaço urbano 37
conforto ambiental 31, 56, 58, 87, 90, 114, 117, 118, 209, 210
estética 29, 68, 69, 150, 183
construção civil 28, 43, 45, 75, 99, 118, 225
estudo científico 28, 29
controle ambiental 45
expressão livre 161
controle de qualidade 29
extensão 10, 11, 17, 42, 46, 47, 51, 53, 54, 55, 58, 145, 160, 220,
corpo docente 10, 18, 60, 81, 83, 145
221, 224, 225, 227
corpo técnico-administrativo 10
extrapolação 183, 188
croquis 147, 148, 149, 181, 184
F
D
forças produtivas 28
Departamento TAU 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 25, 26,
formas 30, 49, 62, 63, 89, 90, 133, 143, 144, 161, 162, 175, 177,
27, 35, 38, 39, 40, 41, 43, 44, 47, 52, 53, 54, 55, 56,
178, 180, 181, 182, 183, 184, 188, 189, 190, 194, 196
58, 59, 60, 73, 75, 77, 78, 79, 81, 82, 83, 84, 85, 86,
87, 88, 99, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 145, 154, G
157, 160, 202, 210, 217, 222, 223, 227 geometria descritiva 161
desenhos 143, 145, 147, 148, 149, 150, 152, 153, 154, 156, 162, 163, gestão 14, 28, 33, 51, 53, 59, 76, 86, 87, 92, 99, 115, 140
170, 171, 175, 181, 184 grupos humanos 29
desenho técnico 144, 147, 148, 149, 150, 154, 155, 156
H
desenvolvimento experimental 130, 131, 132, 142
habitat 29
desenvolvimento humano 11
histórico de formação 10
Design do Produto 27, 34, 35, 38, 75, 76

SUMÁRIO 232
I programação criativa 129, 131, 141
iluminação 45, 103, 104, 109, 119, 206, 209, 210, 211, 212, programa multidisciplinar 39
213, 218, 219, 225 programas de ensino 17, 38
indústria cultural 36
R
interdisciplinaridade 47, 72
representação 33, 66, 129, 143, 144, 145, 147, 148, 150, 159,
L 160, 161, 162, 163, 164, 170, 171, 174, 175, 177,
laboratório 42, 51, 132, 210, 221, 222 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187,
Laboratório de Experimentações Digitais 158 189, 190, 199, 201
LED 159 resíduos 109, 110, 115, 202, 203, 204, 205, 207, 225
luz natural 115, 210, 211, 214, 218, 219 rostos 162, 164, 170, 171
M S
materiais 29, 31, 36, 37, 42, 43, 44, 47, 50, 51, 52, 87, 122, 134, sistematização 33, 44
140, 143, 151, 153, 155, 161, 162, 163, 177, 179, 182, software 150, 168, 213
183, 184, 187, 188, 194, 196, 198, 207, 208, 221 soluções sustentáveis 49, 85
Materiais Sustentáveis 220, 221, 222, 227 sustentabilidade 31, 32, 33, 39, 56, 86, 87, 92, 94, 99
matéria-prima 29, 86
T
mobiliário 80, 151, 155, 206
técnica 28, 33, 34, 42, 130, 131, 142, 144, 146, 148, 149, 150, 156,
modelos tridimensionais 129, 147, 161, 163, 184
168, 177, 178, 191, 192
modo de comportamento 65
técnicas 28, 29, 32, 33, 34, 36, 38, 42, 45, 46, 51, 58, 85, 102, 129,
N 132, 135, 137, 144, 146, 147, 150, 161, 163, 164, 165,
necessidades acadêmicas 155 177, 181, 183, 184, 186, 187, 188, 199
Normas Técnicas 29, 209 tecnologia 10, 14, 27, 28, 29, 42, 44, 59, 60, 68, 69, 86, 87, 92,
130, 141, 203, 205, 206, 207
O
tecnologia da arquitetura 14, 29, 86
objeto 34, 36, 40, 59, 76, 132, 134, 135, 136, 138, 139, 140, 143, 144,
tecnologia da construção 28, 42
146, 151, 180, 181, 184, 212
tecnologia do design 29
Oficina III 160, 161, 170, 174, 176
Tecnologia LIGNO 202, 203, 205, 206, 207
Oficina Integrada 127, 129, 130, 132, 140, 141, 142
Tecnologias Construtivas Sustentáveis 39, 85, 87
ofuscamento 211, 214, 215, 216
U
P
usabilidade 32, 34, 48, 76, 140, 179
pandemia 94, 157, 158, 164, 171, 196, 200, 225, 226
usuário 35, 36, 48, 119, 128, 216
prática experimental 44, 127, 141
práticas de design 128, 129 V
premiações 40 valores simbólicos 36
prêmios e reconhecimentos 10
produto 32, 35, 36, 43, 48, 71, 72, 87, 120, 128, 129, 135, 136, 140,
141, 143, 148, 177, 181, 182, 195, 196, 197, 205, 207

SUMÁRIO 233

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