Aula de Reposição Executivo
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Portanto, há ali uma parte aleatória, no sentido que há ali uma oscilação que
pode vir a ser liquidado afinal. Mas quando se ultrapassa, nessa previsão, aqueles
valores dos 20%, 15% ou 5% dependente do valor da causa, também temos um
fundamento para nos opormos à penhora de um bem que ultrapassa e muito o valor que
está mal calculado.
O artigo 735º CPC faz aqui algumas referências à limitação daquilo que pode
ser objeto de penhora, no fundo, da execução dos bens que podem ser penhorados.
Exemplo: eu tenho uma divida de 5 mil euros e só tenho 1 automóvel, que vale 7, 500
euros, e alguém vai ser o primeiro numa ordem temporal, em penhoras sucessivas, a que
aquele bem seja sujeito. O mesmo bem pode ser sujeito a várias penhoras, em
processos diferentes. Coisa diferente é saber que eu só tenho este bem que vale 7, 500
euros. A primeira execução, a que entra em primeiro no tribunal, não é a primeira a ser
paga com o produto da venda deste bem que venha a ser penhorado. Qual é a primeira
a que vem a ser paga? A que tiver o primeiro registo, no caso dos bens que são
sujeitos a registo. Nos que não são sujeitos a registo, a partir da data do auto da penhora
de apreensão efetiva.
Há um artigo aqui no código que diz que os agentes de execução têm 3 prazos
com que lidar:
um grupo deles são os prazos definidos na lei: por exemplo, ele cita o
executado para pagar ou nomear bens à penhora; ou para se opor à
execução, e ele tem de aguardar, por exemplo, os 20 dias que são
concedidos ao executado para fazer qualquer uma das 3 coisas, para a
seguir praticar qualquer ato. Porquê? porque ele tem de esperar que
corram os 20 dias para o executado fazer alguma coisa.
Depois para a prática de notificações, e afins, tem 5 dias;
E, para todos os outros atos, 10 dias.
O quê que isto quer dizer? é importante porque temos de saber que ele tem
prazos para praticar os atos, porque se ele não praticar, no limite, posso reclamar
com o juiz. Claro que também tenho um prazo para reclamar com o juiz dos atos
do agente de execução.
Portanto, isto tem de ser observado, e todas estas coisas que não se verificam,
podem, realmente, ser fundamento para oposição à penhora. Então, o artigo 784º
CPC faz nos esta referência, e diz nos quais são os 3 grupos de hipóteses, que as
pessoas têm para opor-se à penhora:
3. Bens que, não respondendo, nos termos do direito substantivo, pela dívida
exequenda, não deviam ter sido atingidos.
Exemplo: apesar de aqui dizer “nos termos do direito substantivo”, temos
também regras, que falamos anteriormente, sobre não puder penhorar mais
do que 1/3 do salário, tudo aqui são verdadeiramente normas substantivas
sobre penhorar ou não um determinado bem.
Este artigo tem haver com os fundamentos, e o artigo seguinte tem haver com o
processamento do incidente:
Portanto, voltamos a ter aqui um incidente, que corre por apenso, que é o
juiz que vai conhecer dele. Portanto, tal como os embargos de executado; tal como os
embargos de terceiro; tal como, por exemplo, uma habilitação que se faça porque morre
alguém durante a execução; tal como quando eu quero fazer aquelas diligências
complementares-iniciais para liquidar/ para tornar líquida a obrigação, ou seja, a
obrigação não é líquida, há uma sentença que condena a pagar X + aquilo que resultar
dos danos decorrentes de uma operação que ainda vai fazer depois da condenação, ainda
tem que fazer uma estética. Nós vimos, que tem no início da execução, liquidar aquela
verba, para saber o valor a que corresponde aquilo em termos de valor a executar.
Nesses casos, quando nós fazemos aquele incidente prévio para determinar que o
montante é, com o exercício do contraditório, o juiz também vai conhecer disso. É por
isso que nessas ações, elas saem do patamar das ações que seguem a forma sumária.
Porquê? porque têm despacho liminar do juiz, o juiz tem que fazer exercer o
contraditório, ele tem que ver o requerimento inicial, vê que a parte quer liquidar uma
verba com base nisto e naquilo, e agora vai fazer com que o contraditório se exerça.
Portanto, todas estas lógicas têm a ver com aquilo que é, mais um incidente, em
que o juiz vai conhecer desta questão da oposição à penhora.
Portanto, quanto ao processamento, que está no artigo a seguir, nós vemos que
estes 2 artigos estão na parte relativa à execução ordinária. Mas também há oposição à
penhora na sumária, prevista no artigo 856º CPC:
Artigo 856.º: Oposição à execução e à penhora
1 - Feita a penhora, é o executado citado para a execução e, em simultâneo, notificado do ato de penhora, podendo
deduzir, no prazo de 20 dias, embargos de executado e oposição à penhora.
2 - A citação do executado deve ter lugar no próprio ato da penhora, sempre que ele esteja presente; se não estiver,
a citação realiza-se no prazo de cinco dias, contados da efetivação da penhora.
3 - Com os embargos de executado é cumulada a oposição à penhora que o executado pretenda deduzir.
4 - Quando não se cumule com os embargos de executado, é aplicável ao incidente de oposição à penhora o disposto
nos n.os 2 a 6 do artigo 785.º.
5 - O executado que se oponha à execução pode, na oposição, requerer a substituição da penhora por caução idónea
que igualmente garanta os fins da execução.
O artigo inicia por “feita a penhora”, o que mais uma vez demonstra que
primeiro penhorasse, e só depois é que alguém se pode vir opor quer à execução,
quer à penhora. O executado é citado para a execução e, em simultâneo, notificado
do ato de penhora. Embora, aquilo vá tudo no mesmo momento, temos de saber que
cita para a execução e notifica propriamente para a penhora.
Ação ordinária
Exemplo: Imaginem que ele tem procedência numa oposição à penhora, e, entretanto o
exequente nomeia outro bem, por ali por uns tempos, descobre que ele tem uma mota a
arranjar e penhora, ele (o executado) vai ser notificado outra vez, portanto, por cada
bem penhorado, o executado é notificado. Portanto, notificam-no outra vez, e ele tem
10 dias para se opor, e vem dizer que foi ele que a foi pôr a arranjar mas é apenas um
mero arrendatário, possuo em nome de X pessoa. Lá vem ele outra vez opor-se nos 10
dias, dizendo que a mota não era dele, e tem de ser notificado para o fazer.
Ação sumária
É diferente, da ação ordinária, porque numa primeira fase, tudo acontece ao mesmo
tempo.
Ele é conhecedor da execução e da penhora, porque primeiro tem de ser penhorado
os bens.
Neste caso, se penhorar mais bens depois, a coisa já vai correr de outra forma,
porque este consumir dos 10 dias da oposição à penhora, nos 10 dias da oposição
por embargos, faz sentido, porque este é maior, consome o mais pequeno e é tudo
ao mesmo tempo. O prazo maior consome o menor.
Mas se for uma penhora mais para a frente vai ser os 10 dias na mesma.
Exemplo: Imaginem, se mais tarde, ele opõe-se à penhora e tem sucesso, daqui por 3
meses nomeia-se outro meio à penhora, ele só vai ter 10 dias, porque ele só tem os 20
dias à custa de se estar a opor à execução, e a execução só se pode opor apenas uma vez
(a primeira vez). Ele só poderá, em relação à execução, factos supervenientes, isto é,
questões que supervenientemente sejam admissíveis perante o direito, que ele possa vir
trazer ao processo, caso contrário não pode, é um ónus que preclude.
Nos termos do número 4 do artigo 856º CPC, “quando não se cumule com os
embargos de executado, é aplicável ao incidente de oposição à penhora o disposto
nos números 2 a 6 do artigo 785.º. CPC”, precisamente porque, posteriormente eu
posso nomear um bem à penhora, e posso querer me opor à execução, e claro que aqui
não vou ter 20 dias, mas sim 10 dias.
Ele aqui pode querer suscitar a caução, requerer-lha, sem ter de justificar o
porquê, desde que garanta que com a caução fique assegurado os juros, as despesas do
agente de execução, etc. senão o juiz não consegue.
Aqui é diferente, quer neste artigo quer na possibilidade lá atrás que nós
estávamos a ver do processamento do incidente, previsto no artigo 785º CPC.
Portanto, não podemos esquecer que quando estamos a falar de ação ordinária é este
regime do artigo 785º CPC, e quando estamos a falar da ação sumária temos de ir ao
artigo 856º CPC. Portanto, aqui temos 10 dias, segue os termos dos artigos 293º a
295º CPC, são os normativos para os incidentes da instância, tudo o que tiver de haver
com os incidentes, quando a se aplica, quando/como é que se invoca a prova, não pode
ser indicada mais do que 3 testemunhas, etc. são regras muito importantes que temos de
fazer remissão no nosso código.
Depois o número 3 volta a ter aqui relevância, que se prende com o que é que o
executado pode fazer se lhe penhoraram um bem que não é dele ou que não pode
responder totalmente pela divida, temos que ir ver se havia fundamento para aquela
hipótese, ser um fundamento de oposição à penhora. E depois, e se ele deitar mão do
número 3 do artigo 785º CPC, ele pode requerer a prestação de caução para
suspender a execução, para não ficar com a indisponibilidade efetiva daquele bem que
está penhorado.
Portanto, era isto que tínhamos a dizer no que diz respeito à oposição à
penhora.
É por isso que temos de ver os efeitos da penhora, porque há direitos que não
são incompatíveis com a penhora, por exemplo, se eu tiver um arrendamento
sobre um bem que é propriedade do executado, desde que não seja um
arrendamento sujeito a registo (superior 16 anos) porque esses são sujeitos a
registo e depois funcionam por ordem temporal, mas se for um arrendamento
normal, o senhor transmite na venda do bem penhora, o bem com o
arrendamento atrás, porque o direito obrigacional não é incompatível com o
direito real de garantia, que é a penhora.
Mas, se realmente ninguém dizer mais nada, face à presunção, quem tem
que ilidir a presunção é o outro, se o outro não ilidir, ele ganha os
embargos.
Se ele possuir em nome de uma terceira pessoa, pode estar sozinho a defender a
propriedade subjacente à posse, bem dizer que possui mas que possui em nome
de um terceiro, e vai ganhar os seus embargos.
Exemplo: Portanto, eu tenho uma casa que está hipotecada desde que eu fiz o
empréstimo bancário há 20 anos (primeira hipoteca). Entretanto, fiz uma hipoteca
voluntária posteriormente a isso, porque quis fazer umas obras e o banco voltou a
emprestar mais dinheiro. Até foi outro banco que me emprestou o dinheiro (segunda
hipoteca). Depois tenho uma dívida agora do mútuo, que fiz, particular em que estou a
dever 5 mil euros ao exequente. E nós dizemos assim, ele está a cumprir com um banco
e está a cumprir com o outro banco, só não está a cumprir com a pessoa que lhe
emprestou os 5 mil euros. É verdade. Agora é que entramos na parte em que os
credores, podem reclamar sobre o mesmo bem os seus créditos.
Então ele é notificado para dar o consentimento, será que pode dizer que
não quer que o bem seja penhorado? Claro que não é para isto, é para apenas ele
controlar, eventualmente, irregularidades no processo executivo, que possam
afetar isto.
Portanto, feita a penhora, ou porque se conhece que possa haver pessoas com
garantias sobre aquele bem, ou naqueles que são registados (como é óbvio consegue-
se logo ver quem é que tem registos quando se trata de bens sujeitos a registo, p.ex o
Banco tem lá a hipoteca) vamos ter de os citar, porquê? porque lá está o tempo a
funcionar aqui a prioridade.
Então, o quê que a lei determina? é um ónus para quem é credor: estes
credores que têm estas garantias, têm esta situação que acabamos de referir acima,
naqueles artigos, podem e devem vir ao processo reclamar os seus créditos. É por
isso que quando alguém vê uma casa penhorada, apesar de andar a pagar ao Banco, de
repente cai a dívida toda do Banco, liquidam tudo, vendesse tudo, e vêm os bancos
reclamar o seu crédito. Porquê? Porque é o primeiro no tempo.
E, sendo o primeiro no tempo, ele (o Banco) tem prazo para fazer isso, tem que
demonstrar que tem a garantia real, tem que demonstrar um título executivo (e,
normalmente os bancos têm, neste caso, naturalmente, tem uma escritura pública com o
mútuo que se junta a ela, e que é título executivo), e vêm no prazo legal reclamar o seu
crédito, mostrando as contas todas.
Exemplo: Imaginem que o imóvel, que aliás, já foi muito pago ao Banco, já está há 20
anos, vale 500 mil euros, eu só devo 150 mil euros ao primeiro banco, 100 mil euros ao
segundo e 100 mil euros ao terceiro. Ora, eu consigo pagar a toda a gente com aquele
dinheiro (vou pagando por ordem). Mas pode não chegar, e se não chegar tenho de
encontrar outros bens.
E o quê que depois resulta daqui? que feita esta reclamação de créditos que
é um ónus (se não o fizerem, se se esquecerem, preclude, ficam sem o bem, a hipoteca
fica lá atrás), e quando o bem é vendido, depois disto ser feito, o juiz neste apenso, o
juiz vai graduar os créditos: o primeiro no tempo ou o primeiro na prioridade.
Portanto, o juiz gradua de acordo com a lei, a regra geral é que é o tempo que
dita, e depois há estas preferências legais, e depois vai atribuir que é para quando o bem
for vendido, haver uma ordem. É isto que o juiz faz no incidente de reclamação de
penhora.
SUBSECÇÃO VI
Venda
DIVISÃO I
Disposições gerais
Artigo 811.º: Modalidades de venda
1 - A venda pode revestir as seguintes modalidades:
a) Venda mediante propostas em carta fechada;
b) Venda em mercados regulamentados;
c) Venda direta a pessoas ou entidades que tenham direito a adquirir os bens;
d) Venda por negociação particular;
e) Venda em estabelecimento de leilões;
f) Venda em depósito público ou equiparado;
g) Venda em leilão eletrónico.
2 - O disposto no artigo 818.º, no n.º 2 do artigo 827.º e no artigo 828.º para a venda mediante propostas em carta
fechada aplica-se, com as necessárias adaptações, às restantes modalidades de venda e o disposto nos artigos 819.º
e 823.º aplica-se a todas as modalidades de venda, excetuada a venda direta.