Artigo
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crítica falaremos
sobre a falta de
coleta de lixo na
comunidade da
Rocinha, e quais
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são as suas
consequências.
Pegamos como
base um artigo
Rocinha
feito por alunos
da UFRJ.
No entanto, apesar do Morro dos Prazeres necessitar de vários serviços para garantir a integridade e
melhor qualidade de vida aos seus moradores, por conseguinte, a diminuição de riscos ambientais
para evitar novos acidentes sugeridos em documentos oficiais dos órgãos públicos, registramos que
a ação governamental «mais importante» desde o desastre, foi a implantação da Unidade de Polícia
Pacificadora, que se estabeleceu em 2011, e que se apresenta como o marco da entrada do Estado
nesta favela. Sendo assim, o que verificamos é que o Morro dos Prazeres, como inúmeras favelas do
Rio de Janeiro, somente ganhou sua intervenção governamental mais contundente, no campo da
segurança pública, através da «pacificação», com a entrada das Forças de Segurança, sob a
responsabilidade da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Foram três anos, do início do
movimento, à construção, implementação e ajustes de um projeto de reciclagem que tinha como
foco a mudança de olhar da comunidade para com os resíduos por ela gerados. Nasce assim o projeto
«ReciclAção», coordenado de modo coletivo por um grupo de trabalho , formado por diferentes
parceiros técnicos e estratégicos, oriundos de instâncias comunitárias, organizações não
governamentais, organizações governamentais, instituto de investimento social e empresas,
articulados em formato de rede, num movimento intersetorial horizontal, tendo uma Articuladora
Local e três Agentes de Reciclagem, que promovem a mobilização dos moradores através de
encontros comunitários que dinamizam os efeitos esperados e se estabelece sob os aspectos
orientadores da educação popular, prática pedagógica transformadora na coleta seletiva e na
reciclagem do lixo, um movimento que se estabelece a partir de um lugar estigmatizado, que
promove a mobilização comunitária como mola propulsora do processo de transformação social da
favela, tendo o morador como protagonista, «como sujeito sendo também objeto, sobretudo ao
considerarmos o povo e o território como realidades indissoluvelmente relacionadas».
Ainda segundo os dados recolhidos pelo CEDAPS3, No primeiro ano de atuação, foram instalados
cerca de 50 pontos de coleta na comunidade, além do fortalecimento da cooperação entre as
organizações locais, parceiros governamentais e a comunidade. Os órgãos públicos entraram após a
mobilização comunitária em prol de buscar mecanismos para resolução das demandas que lhes
afligem. Hoje a favela aparece constantemente nas páginas dos jornais como exemplo de gestão dos
seus resíduos e de limpeza de seus becos e vielas.
Consideramos relevante trazer para o debate acadêmico o momento em que as alternativas da
«vivência na escassez» , apresentam as alternativas que o modo de vida cotidiana da favela pode
produzir para mitigar os riscos e vulnerabilidades que a precariedade dos serviços públicos no interior
da favela pode gerar. Os movimentos organizados e os ambientalistas – cada um ao seu modo –, foram
os que trouxeram o debate em torno do lixo para a arena pública, dando «voz pública» ao então
silenciado catador que, para Bastos , construiu as suas referências laborais sem atentar para o potencial
existente na sua relação direta com a sua atividade, sujeitando-se à dependência aos demais segmentos
da cadeia industrial produtiva do lixo, sempre de forma subalternizada . Como não deixaria de ser, há
constantes movimentos no sentido de dar outros direcionamentos, que não os de interesse da favela,
para o atendimento de interesses – políticos, financeiros -, de parte do GT. Neste sentido, como ponto
positivo observado no campo deste estudo, é o fato de que, como todos os campos da vida social, o
projeto de reciclagem aqui estudado sofre tensões.
A favela da Rocinha está localizada na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, entre os bairros da Gávea e
São Conrado, e seu surgimento consta da década de 1930.
O loteamento não foi aprovado pelos organismos municipais competentes não só pela precariedade da
urbanização, mas também pelo fato de que não respeitava as disposições estabelecidas,
posteriormente, pelo Código de obras de 1937, e pelo Decreto n° 58, de 10 de dezembro de 1938, que
regulamentavam os loteamentos. Angel , bem ao lado da favela da Rocinha, empregaram um grande
número de moradores da favela, melhorando o acesso à sua parte plana, já no bairro de São Conrado.
Barcelos, Cidade Nova, Curva do «S», Vila Verde, Trampolim, Cachopinha, Pastor Almir, Cachopa,
Dioneia, Sete, Rua 4, Rua 3, e Rua 2.
A imagem matriz da favela já estava, portanto, construída e dada a partir do olhar arguto e curioso do
jornalista/observador. Quando isso ocorre, o que chama a atenção, num primeiro plano, é a rígida
demarcação que se estabelece entre ambas, fazendo com que a cidade seja vista como uma coisa e a
favela como outra. Inúmeras são as referências musicais que tratam a favela como algo alheio, algo que
não faz parte, algo, enfim, que é distinto da cidade, não importa a situação, os personagens ou os
sentimentos que aí estejam envolvidos .
Morro dos Prazeres, conforme já sinalizamos. Na Rocinha a situação não é diferente, pois o descaso no
tocante ao direito a uma cidade digna, sempre foi e ainda é violado com frequência.
Foi o padre Cristiano, foi o Raimundo, foi essa turma de senhoras de dentro da favela. Os moradores
todos se reuniram pegaram pá, carrinho, deram uma geral na vala da favela . Na favela da Rocinha em
função da sua disposição geográfica e inúmeros sub-bairros existentes, registra-se que há pontos
específicos para que os moradores depositem o lixo por eles produzido. Mas, não houve divulgação nos
meios de comunicação ou mesmo na favela, acerca do seu melhor uso, portanto, o que se observa é o
mau uso do equipamento, pois em alguns locais os moradores já começaram a fazer adaptações,
colocando uma madeira na tampa do container para deixá-lo aberto constantemente, não sendo
necessário acionar o pedal ou a alça existente, então é somente chegar e jogar o lixo.
Mas, o que podemos registrar é que onde tem muitos containers, geralmente os que estão
nas extremidades são os que ficam abarrotados de lixo, e os demais permanecem
fechados e com poucos resíduos neles depositados, fator que pouco adianta no processo
de organização da disposição correta do lixo na favela. Analisando a situação do descarte
incorreto do lixo na favela da Rocinha, a partir das constatações, somos convidados a
fazer um exercício que nos permita levantar os diversos fatores que levam as pessoas a
descartarem os resíduos sólidos de forma inadequada, pois para nós não basta somente
colocá-las como mal educadas e preguiçosas – fala da maioria dos moradores e também
do poder público, ao se referir a quem não leva o lixo até uma lixeira ou ponto de lixo
estipulado pela COMLURB.
Considerações finais
Pensar a favela a partir do asfalto é associá-la aos estigmas que a acompanha e, por
conseguinte, estabelecer construções de imagens sobre os seus moradores pela mesma via.
Segundo o postulado por Telles e Mota , o morador da favela acede ao patamar de direito a
ter direito à política pública de qualidade, na medida em que tem acesso à informação e aos
caminhos que deve traçar, na medida em que consiga estabelecer uma identidade social
que o legitime no espaço público. Este é um desafio para morador da favela.
Com este sentido, ressaltamos que os moradores de áreas empobrecidas, pensando aqui,
no Morro dos Prazeres e na Favela da Rocinha, apesar de terem direitos garantidos por lei,
não os têm garantido de fato, e não são raras as vezes que são culpabilizados pelos
sofrimentos que lhes acometem.
Resíduos