PRÉ PROJETO - Corrigido
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GUARABIRA
2022
EDUARDA DOS ANJOS OLIVEIRA
GUARABIRA
2022
1. Introdução
2. Justificativa
3. Objetivos
3.1 Geral:
Analisar as semelhanças e diferenças presentes na construção e nas motivações do
desejo de vingança, baseando-se na perspectiva filosófica, entre as obras Frankenstein, de
Mary Shelley, e Hamlet, de William Shakespeare.
3.2 Objetivos específicos:
3.2.1. Explicar como a vingança foi construída nos personagens Hamlet e na Criatura
de Frankenstein;
3.2.2. Explicar a relação do bem e do mau na construção da vingança, visando
esclarecer como a vingança interferiu na integridade dos personagens Hamlet e da Criatura;
3.2.3. Analisar as diferenças familiares e de classe social dos personagens Hamlet e da
Criatura, para esclarecer como essas diferenças levaram ambos os personagens ao mesmo
desejo de vingança;
3.2.4. Analisar como o tardamento em buscar solucionar os problemas de forma
racional findou gerando consequências trágicas, influenciando o ato de vingar-se, que poderia
ser evitado.
4. Revisão teórica
A tragédia shakespeariana Hamlet, trata-se de uma revenge play, que aborda o desejo
de vingança sentido pelo personagem Hamlet, príncipe da Dinamarca, filho do falecido rei,
que foi morto pelo próprio irmão Cláudio, que após assassinar o irmão, tomou posse da coroa
e casou-se com a rainha, mãe de Hamlet. Inesperadamente, o espirito do falecido rei se
apresenta a Hamlet, revelando ao filho que seu tio, o rei Cláudio, foi o responsável pela sua
morte, e pede ao príncipe que vingue sua morte. Ao ouvir a revelação do fantasma de seu pai,
Hamlet deseja rapidamente executar uma vingança contra o tio e, apesar de ter respondido ao
fantasma que logo “voaria” para a vingança, e o fantasma ficar convencido de que aquilo logo
aconteceria, Hamlet recuou e retardou por muito tempo executá-la.
O príncipe desenvolveu um grande ressentimento, não conseguia encontrar um
momento para reagir, era inaceitável a morte trágica de seu pai, e por muito tempo planejou
como o vingaria. Implantou em seus planos a atuação de fingir estar alucinando, e foi
considerado como louco por muitos; além disso, como parte dos planos de afetar seu tio
Cláudio, Hamlet fez com que os atores que apresentariam uma peça para eles, encenassem
uma cena que reproduzisse a situação do assassinato do pai. Entretanto, todo esse
planejamento demorado e o tardamento de resolver essa pendência vingativa ocasionaram em
um final repleto de mortes trágicas e desnecessárias. É possível relacionar a situação de
Hamlet com a seguinte perspectiva filosófica:
Assim, é possível notar que Hamlet duvida de seus próprios planos, pois se vê incapaz
de encontrar um bom momento para matar seu tio, além de estar lidando sozinho com essa
carga extrema de luto e revolta, enquanto todos os outros não estão sentindo a mesma
indignação por desconhecerem a real causa da morte do Rei Hamlet.
A Criatura, monstro que foi criado por Victor Frankenstein e que logo após “nascer”,
após longos meses de trabalho de seu criador para formar seu corpo, ao ser despertado, se viu
totalmente rejeitado e abandonado pelo seu criador, sem conhecer nada daquela realidade a
qual foi submetido, sem saber como se comunicar e como sobreviver, desconhecendo como as
pessoas com as quais ele seria obrigado a se deparar iriam lidar com sua aparência deformada
e nada humana, sendo essa a principal causa de julgamento da sociedade, causando-o dor e
sofrimento, sem que a criatura pudesse entender a fundamentação de todo aquele tratamento
maldoso.
A maior causa do sofrimento e da revolta sentida pela Criatura foi a rejeição daquele
que deveria cuidá-lo e protegê-lo, seu criador, que ao ver o ser que havia dado vida, fugiu e
abandonou a criatura, que por muitas tempo teve esperanças de ser amada pelo seu “pai”. A
Criatura observou como a vida funcionava, aprendeu a se alimentar e a falar através da
observação diária de uma família a qual ele observava de longe, na esperança de que um dia
pudesse estar entre eles, mas deparou-se com mais uma rejeição brusca. Após tentar aderir a
aspectos humanos e fazer de tudo para se encaixar na sociedade, recebeu apenas julgamentos,
ofensas e agressões, embora ele tivesse despertado sem qualquer maldade, a solidão e a
certeza de que jamais poderia ser amado e aceito o corromperam, gerando uma grande revolta
contra a espécie humana, que partindo de seu próprio criador, que sempre o viu como uma
abominação. A declaração de vingança do monstro pode ser vista no trecho:
Sou malicioso porque sou infeliz. Não fui afastado e odiado pela humanidade?
Você, meu criador, rasgara-me, triunfante, em pedaços. Pense e diga-me por que
devo ter pena dos homens mais do que de mim? [...] Os juízos humanos são
barreiras instransponíveis para nossa união. No entanto, minha não será a submissão
à escravidão abjeta. Vingarei-me de minhas dores. Se não puder inspirar amor,
causarei medo, e principalmente a você, meu arqui-inimigo pois meu criador, juro
um ódio inextinguível. (SHELLEY, 2017. P. 152,153)
Portanto, pode-se dizer que é mais importante considerar o ressentimento como algo
que desenvolve-se a partir do desejo de fazer justiça, gerado pelo rancor, e não como algo
naturalmente presente no ser humano.
A ação de vingança do príncipe tem um desacordo moral que envolve seu desejo, o
desejo do pai, o que é esperado pelo Outro sobre a reação de um filho que descobriu
o assassino do pai e as consequências de um crime parental. Hamlet é bom por
vingar seu pai ou é mau por matar seu tio? Hamlet é bom por ter compaixão de seu
tio ou é mau por não fazer justiça ao pai? (p. 1397)
Dessa forma, é notório que a vingança desejada por Hamlet não parte de sua própria
natureza, não surge de sua própria vontade, mas sim, do desejo de seu pai que foi repassado
para o príncipe.
Para averiguar essa questão no desejo de vingança da Criatura de Frankenstein, pode-
se dizer que:
A criatura nasceu inerentemente boa. Mary Shelley manteve com essa crença que as
pessoas nascem boas. É sua nutrição, a sociedade e suas experiências que moldam o
caráter de cada um indivíduo e pode transformar a bondade em inveja, ódio, malícia,
raiva etc. A boa intenção e a bondade da criatura se transformam em vingança e ódio
contra Victor. (TERCI, Mahmut. p. 100, tradução nossa). 1
Portanto, é visível que ambos os personagens são corrompidos pelos males que os
afetam e interferem totalmente em suas vidas, privando-os de viverem com tranquilidade
perante as situações em que foram colocados, e que de nenhum modo, foram eles os
causadores dos fatores resultantes do desejo de vingarem-se.
5. Metodologia
1
Original: The creature was born inherently good. Mary Shelley held with this belief that people are born good.
It is their nurturing, the society, and their experiences that shape the character of each individual and might
change the goodness into envy, hatred, malice, rage etc. Correspondingly, creature‘s good intention and kindness
transform into revenge and hatred towards Victor. (TERCI, Mahmut. 2016, p. 100)
etapa também estudaremos o tema da vingança sob a perspectiva filosófica, estudos sobre o
bem e o mal nos atos vingativos, e textos sobre a literatura comparada, sendo essa etapa
programada para janeiro e fevereiro de 2023. Em seguida, na segunda etapa, será feito o
fichamento das ideias, citações, resumo dos principais pontos dos textos, que ocorrerá de
março a maio de 2023. E a terceira e última etapa consistirá na digitação do projeto,
juntamente com as correções e realização da última versão, programadas para o período de
junho a agosto de 2023.
Sendo assim, pretendemos explicar os fatores que ocasionaram o desejo de vingança
nos personagens Hamlet e na Criatura, baseando-se na perspectiva filosófica acerca da
vingança.
6. Cronograma
Referências
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas,
2002.
STEFANINI, Marília Rulli. Justiça e/ou vingança sob o viés filosófico. RJLB. Ano
5 (2019), nº 4, 1221-1241.