PDF - Joseane André de Lima
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PRINCESA ISABEL – PB
2014
JOSEANE ANDRÉ DE LIMA
Princesa Isabel-PB
2014
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que fazem parte das Escolas Estaduais: Gama e Melo e Marçal
Lima Neto nas quais atuo como professora em uma e na outra como gestora, E também a
Universidade Estadual da Paraíba em parceria com a Secretaria de Estado da Educação que
me proporcionaram concluir este Curso.
AGRADECIMENTO
A minha família que me incentivou a permanecer até o final do curso e ajudou a cuidar
do meu filho Isaías na minha ausência.
Aos professores da UEPB com os quais pude ter contato e dessa forma adquiri
conhecimentos. São eles professor Nivaldo Rodrigues, Jurani Oliveira Clementino, Sérgio
Murilo, Sérgio Simplício e ao Professor José Emerson Tavares de Macêdo que tão bem me
orientou nesta monografia.
Ao meu pai Pedro André (in memoriam) por ter sido um exemplo de educador através
do diálogo, da compreensão e da harmonia.
O compromisso de educar na escola, na família ou em qualquer ambiente de
convivência, além de ético pela natureza da ação, precisa ser afetuoso para acolher
agressores, vítimas e espectadores, caso contrário será reprodutor da intolerância.
Livrar-se da agressão, e não do agressor, deve ser o propósito de todos nós.
The objective of this paper is to discuss the discipline and practice of bullying at the State
Primary School and Normal Medium Range Melo, considering that these practices are
recurrent at school. We used interviews with students and the school management in order to
realize how the phenomenon is seen in this space bullyning school. We also intend to address
on the meaning of the term bullying, featuring the characters involved, how it manifests itself,
its causes, consequences, procedures for eradication or reduction of this practice in schools.
For a meaningful understanding of a shared bibliographic study of authors who discuss the
topic.
Keywords: Student. Bullying. School. Indiscipline.
LISTA DE
INTRODUÇÃO...........................................................................................................12
1º CAPÍTULO
1. DEFINIÇÃO DO BULLYING...........................................................................16
2º CAPÍTULO
3º CAPÍTULO
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................44
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 46
1
INTRODUÇÃO
Por ser um tema atual, embora a palavra não seja originária da nossa língua, bullying
é uma palavra de origem inglesa que conceitua os comportamentos agressivos e antissociais,
resolvemos desenvolver este trabalho enfatizando esta temática, que faz parte do cotidiano
escolar, já que constantemente nos deparamos com diversas situações agressivas, intencionais
e repetitivas, nas quais geram violência, pois causam dor, angústia e sofrimento; outras
atitudes como insultos, intimidações, apelidos, gozações magoam as pessoas; acusações e
injúrias, formação de grupos que hostilizam e infernizam a vida de alguns alunos e isto
contribui para a exclusão de muitos educandos, sem contar com os traumas e
constrangimentos causados.
de bullying que ocorrem no ambiente e para isso, nós educadores necessitamos aprofundar
nossos conhecimentos sobre o tema, almejando eliminar este tipo de violência dentro das
instituições de ensino.
A prática do bullying ocorre com mais frequência nas escolas, e nesse caso a
instituição tem o dever de buscar meios para solucionar estes problemas e todas as pessoas
inseridas neste recinto como família, gestores, professores e funcionários têm o dever de
colaborar para soluciona-lo. Segundo Fante (2011, p.174) “é no ambiente familiar que a
criança aprende ou deveria aprender a relacionar-se com as pessoas, respeitar e valorizar as
diferenças individuais, desenvolver a empatia e adotar métodos não violentos”.
Quando estas crianças chegam à escola se deparam com uma diversidade de pessoas e
costumes, o que faz com que elas se adaptem ou não ao ambiente. E sendo assim, muitos
rejeitam as normas ou o próprio convívio.
Uma das razões de quem pratica o bullying está associada a fatores educacionais que
porventura falharam no ambiente familiar, como por exemplo: a falta de limites e de valores,
punições físicas, convivência em ambientes violentos, autoritarismo familiar com
agressividade, ausência de regras de convivência bem como ausência de afetividade, dentre
outros fatores que contribuem para formação da criança agressiva e que se considera no
direito de não respeitar o próximo, fazendo com que ela sinta-se na obrigação de maltratar as
pessoas com as quais convivem.
Dessa forma, temos por objetivo discutir as práticas do bullying na Escola Estadual de
Ensino Fundamental Normal Médio Gama e Melo. Desenvolveremos neste trabalho um
estudo na qual aborde as causas e as consequências, tanto para as pessoas que praticam,
quanto para as crianças que se tornam vítimas o fenômeno do bullying.
Nos pautamos, teoricamente de autores como Ana Beatriz Barbosa Silva (2009),
Gabriel Chalita (2008), Cleo Fante (2011), Sônia Maria de Souza Pereira (2009), Içami Tiba
(2006), Nelson Pedro - Silva (2013), dentre outros. Vale destacar que estes autores
apresentados, estão ligados à educação uma vez que são educadores e psicólogos de modo que
suas preocupações são semelhantes, pois todos tentam mostrar à sociedade leitora que
devemos tomar conhecimento da gravidade que é a prática do bullying e desta forma,
possamos encontrar meios para solucionar e/ou minimizar tais problemas.
CAPÍTULO 1
1. DEFINIÇÃO DO BULLYING
Segundo Silva (2010 p. 21), a palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande
público. O termo é de origem inglesa e sem tradução ainda, no Brasil, mas é utilizada para
qualificar comportamentos violentos no âmbito escolar, tanto de meninos, quanto de meninas.
E quais comportamentos seriam estes? Agressões, assédios, ações desrespeitosas e todas
realizadas de maneira provocadora e intencional pelos praticantes.
Partindo destes pressupostos pode-se entender que bullying, significa violência contra
pessoas frágeis de diversas formas possíveis: físicas, psicológicas, étnicas, raciais, religiosas,
sexuais e verbais. Estas formas de violência são reconhecidas ou detectadas nas escolas, nos
lares, em locais de trabalho, asilos, onde a prática acontece contra os idosos, em
agrupamentos de ruas, bairros ou cidades transformando-se em uma questão social bastante
preocupante já que a sociedade ainda não disponibiliza de leis ou subsídios de prevenção ou
erradicação.
A percepção dessa prática também acontece nas escolas, uma vez que o educador, com
sua pedagogia detecta melhor o comportamento dos alunos. E nessa percepção, ele entende
que esta prática influi muito o ambiente escolar, seja relacionado ao aprendizado do
educando, seja na convivência pessoal, visto que transforma o espaço em um lugar de atritos,
indisciplina, desunião dentre outros problemas.
A cada sete alunos, um estava envolvido em casos de bullying. Diante desta situação
o governo norueguês apoiou uma campanha nacional para reduzir essa prática e
como de fato aconteceu, reduziu em cerca de 50% os casos de bullying nas escolas.
Diante deste sucesso, outros países como Reino Unido, Canadá e Portugal
promoveram campanhas de intervenções semelhantes. (PEREIRA, 2009, p. 33-34).
O programa desenvolvido por Olweus continha regras práticas contra o bullying nas
escolas, como alcançar o envolvimento dos educadores e dos pais através da conscientização
do problema apoiando e protegendo as vítimas. Este programa consistia na adoção de um
questionário de aproximadamente vinte e cinco questões com respostas e múltipla escolha e
que verificavam diversas questões dentre elas, a frequência do aluno, os tipos de agressões e
de agressores, locais onde ocorriam tais práticas. O objetivo deste questionário era identificar
as vítimas e os agressores, pelas próprias crianças.
Estas agressões, para que sejam confirmadas propriamente como bullying, se faz
necessário que ocorram, no mínimo três vezes contra a vítima durante o ano. O que torna
corriqueira esta prática, devido isto acontecer frequentemente no ambiente escolar,
principalmente as agressões, verbais. Estes acontecimentos muitas vezes dificulta o curso das
aulas, visto que o educador interrompe sua aula para fazer algumas reclamações e/ou
indagações nas quais os envolvidos possam refletir sobre valores humanos e o respeito pelo
próximo.
Nelson Pedro Silva (2013, p. 139) diz que “uma das formas de se diminuir a
indisciplina e a prática do bullying nas escolas é motivar os alunos”. Talvez esta seja uma
regra importante já que, a maioria dos jovens não sente motivação pelos estudos devido à
escola ser um lugar não muito atrativo e talvez ainda, porque nós educadores estejamos presos
ao passado usando uma metodologia ultrapassada, enquanto os jovens vivem intensamente a
era digital. Desta forma precisamos também buscar metodologia eficaz para que assim
consiga atrair em nosso público o interesse pelo saber e não pela violência.
1
Dessa forma entendemos que a escola precisa realizar um trabalho que envolva
parcerias entre família, profissionais da saúde bem com da educação, para “combater” o
fenômeno do bullying.
Cada ser humano é único com suas especificidades. As pessoas que praticam o
bullying apresentam formas comportamentais distintas como a direta e a indireta. A forma
direta é constituída pelas agressões físicas como bater, tomar pertences, empurrar. Já a forma
indireta está inserida agressão verbal (pôr apelidos ou insultar) e ainda existe outra forma
comportamental que é a psicológica (amedrontar, intimidar, fazer gozações, constranger e
fazer acusações injustas, ridicularizar ou infernizar a vida dos outros).
Segundo Pereira (2009), baseado em estudiosos sobre o tema destacou que pesquisas
realizadas em escolas da Europa e do Brasil, entre os anos de 2000 e
1
Por portar um físico mais forte, os garotos, na maioria das vezes, intimidam suas
vítimas com chantagens e/ou agressões físicas, transformando a vida destes em um martírio
ou pesadelo. Algumas vítimas procuram ajuda de profissionais para que sua autoestima não
seja comprometida. Já outros, guardam para si, todo o sofrimento vivenciado o que gera
traumas irreparáveis, transformando-os em adultos depressivos ou agressivos. Há ainda os que
desenvolvem transtornos psiquiátricos sérios como medo, depressão, bulimia, ansiedade,
compulsão, anorexia, psicoses, dentre outros.
autonomia. Casos como estes, ocorrem mais em instituições privadas, devido o aluno ser
aceito como cliente e o educador como empregado.
Para combater e/ou minimizar esses problemas se faz necessário que a escola encontre
parcerias junto a toda comunidade escolar e sociedade de modo geral no intuito de encontrar
soluções que possam sanar tais problemas. Uma parceria relevante ao combate é a
participação ativa da família, visto que o educando tem um contato bem mais abrangente no
cotidiano, pois como enfatiza Chalita (2008, p. 179), “quando as relações familiares são
adequadas à participação e à convivência, as chances de os filhos terem um bom convívio
social fora de casa são maiores”.
Seguindo ainda na compreensão desse autor, vai além quando menciona que:
“por meio do diálogo, as pessoas aprendem sobre as outras. Aprendem a compreender e a ser
compreendidas, a confiar e a se tornarem confiáveis. A escola precisa de professores e alunos
confiáveis”. (CHALITA, 2008, p.192).
CAPÍTULO 2
Na maioria das vezes o agressor ameaça a vítima, caso ela exponha seu sofrimento. A
estudiosa Cleo Fante (2011, p. 49) relata que “é comum que a vítima não conte para os
professores e para os pais o que lhe acontece na escola”. Isto ocorre porque a pessoa se sente
ameaçada, uma vez que boa parte de sua vida é no ambiente escolar e caso relate, as
agressões poderão ocorrer com mais intensidade. Geralmente o bullying é praticado por
indivíduos considerados “fortes” diante dos mais “frágeis”.
O que prevalece em sua maioria e que o agressor consegue fazer com que os outros
alunos unam-se a ele, gerando grupos ou gangues. A pessoa escolhida, ou seja, a vítima,
geralmente foge dos padrões “normais” como aparência física, forma de se vestir e em muitos
casos por ser o melhor da turma, o que causa rivalidade diante dos outros. Segundo Pereira
Diante desta atitude por parte do adulto, a criança desenvolve sequelas as quais
prejudicarão sua autoestima, e em muitos casos, por toda vida, como exemplo, não gostar da
escola, bem como não querer mais frequentar, isolar-se por recear que todos passem a tratá-la
de forma semelhante. Desenvolverá pensamentos negativos e pessimistas para com ela e com
os outros, enfim, não acreditará que o ser humano é bom e pode contribuir para a construção
de um mundo melhor e mais humanitário.
Desta forma, a escola deve oferecer a esta criança um espaço solidário e estimulador e
que não apenas transmita conhecimentos, mas que valorize cada ser, ali existente. Segundo
Pereira (2009, p. 43), ressalta que alguns estudiosos como Carvalhosa, Lima e Matos (2001),
Debarbieux e Blaya (2002), Pereira (2002), Fante (2005) e Lopes Neto (2005) acreditam que
as pessoas praticantes de bullying pertencem a famílias desestruturadas. Porém tal,
comportamento não há somente neste tipo de classe social, uma vez que existem bullys,
pertencentes a famílias bem estruturadas e que desenvolvem comportamentos agressivos.
E segundo alguns autores, essas pessoas sentem prazer em ofender ou agredir o seu
semelhante, pois os tornam superiores aos demais. Eles acham que agindo assim serão mais
“respeitados e valorizados” na instituição. Outros, ainda, praticam o bullying, porque também
são vítimas e como atitude de defesa ou vingança termina retribuindo do mesmo modo.
E como detectar que uma criança está sendo vítima de bullying? Para Fante (2011).
Para que um aluno possa ser identificado como vítima
E por que tudo isto passa despercebido? Em alguns casos, deve ser porque o professor
preocupa-se simplesmente em transmitir seus conhecimentos e não demonstra muita
afetividade com seus alunos.
Porém o educador, além de exercer seu papel deverá demonstrar laços de amizade e
respeito com seus educandos, demonstrando que antes de ser educador também é um ser
humano e que sabe transmitir confiança, afeto e carinho caso eles necessitem. Já por outro
lado, a ausência de percepção ocorre devido o aluno sentir-se envergonhado por estar
sofrendo gozações ou até apanhando. Ele sente medo e não tem coragem de contar para um
adulto, por achar que as agressões possam aumentar.
Para os pais das pessoas vítimas de bullying, alguns especialistas recomendam que
eles procurem elevar a autoestima dos seus/suas filhos/filhas, fazendo-os perceber suas
qualidades e capacidades evitando não culpa-los pelo que lhe está acontecendo tão pouco
incentivem a revidar aos ataques sofridos, para que não transforme na lei do “olho por olho,
dente por dente”, tendo em vista que desta forma, a violência só aumentaria.
Devido à gravidade do problema vivido pela pessoa que está sendo alvo de bullying,
os problemas por muitas vezes chega a ser irreparáveis, já que o bullying pode causar
prejuízos às vítimas como o de construir família, ingressar no campo de
2
Essas pessoas acabam por precisar de ajuda de alguns profissionais da saúde, bem
como da família e da escola para que aprendam a superar seus medos. Sabemos que nem
todos conseguem, e essa não superação como relata Fante (2011, p. 79)
Porém, segundo Silva (2010, p. 173), “a luta antibullying deve ser iniciada desde
muito cedo, já nos primeiros anos de escolarização”. Nessa fase da vida, as crianças estão em
processo de construção de ideias, formação de valores e serão
2
Atualmente tem-se falado com certa frequência em violência familiar bem como
escolar. Sendo assim, a preocupação em encontrar meios que favoreçam para que esta prática
seja minimizada e/ou abolida cresce cotidianamente. Segundo Tiba (2006, p. 159),
Se esta violência é gerada em casa, resta-nos indagar: O que fazer enquanto cidadão,
educador e/ou representante da sociedade para solucionar tal problemática? E quanto às
famílias, o que poderá ser feito para reverter tal situação?
Para estes questionamentos talvez não tenhamos uma resposta concreta, porém, os
representantes da sociedade têm que criar políticas públicas as quais ofereçam programas
educativos que apresentem conhecimentos e valores primordiais para uma vivência digna e
pacífica, mostrando que a violência gera uma série de problemas pessoais e profissionais.
Sem contar que compromete o ambiente escolar afetando o ensino-aprendizagem e a
indisciplina. De acordo com Chalita (2008, p. 168),
A violência que invade ou nasce no espaço familiar se expande para todos os outros
segmentos da sociedade como uma teia de relações destrutivas que se reproduz e
contamina os ambientes e as pessoas.
2
Uma estratégia para minimizar ou erradicar essa violência que é bullying na escola
deve partir da adoção de projetos aos quais ressaltem conhecimentos direcionados para
valores humanos como: respeito às diferenças, convivência, solidariedade, companheirismo,
dentre outros, e que estes possam envolver família, escola e sociedade. Para Fante (2011, p.
92), menciona que
Alguns valores como tolerância e solidariedade são almejados pela sociedade, pois
eles são elementos primordiais para a construção da paz, já que “a violência pode ser
desaparecida e a tolerância e a solidariedade ensinadas” (FANTE, 2011, p. 93). Tais medidas
ajudarão a criança a conviver e reconstruir um mundo melhor. Estas atitudes de mudança
deverão ser desenvolvidas pela escola na qual o diálogo e o respeito sejam vivenciados,
valorizados e assumidos por todos os envolvidos no processo educacional. Silva (2010, p. 51-
52) ressalva que
A autora vai além e diz que “tais jovens, mesmo com atitudes erradas, merecem nossa
ajuda e precisam dela, pois sofrem com seus atos e suas respectivas consequências”. (SILVA,
2010, p.52). Sabemos que muitos desses jovens possuem ou já possuíram boa índole, porém
desenvolveram práticas erradas, transformando-se em delinquentes e estão esperando que
alguém os resgate e ofereça ajuda para mudarem suas vidas e voltar ao convívio social de
harmonia e paz, no qual o valor primordial seja o respeito e amor ao próximo.
responsabilidade para outras pessoas ou para a escola. Segundo Chalita (2008, p. 195) relata,
O que podemos perceber diante disto é que nenhum segmento assume sua
responsabilidade pelo fracasso já que todos tentam encontrar um culpado. Desta forma se faz
necessário que a sociedade em geral se una em prol de um mesmo objetivo, o de minimizar a
violência dentro da instituição escolar e isto será possível através do resgate e da vivência de
valores. Basta inseri-los no nosso cotidiano, na vivência enquanto família ou enquanto
educador.
Combater o bullying no ambiente escolar pode não ser uma tarefa fácil, porém não
significa impossível. Diante disto se faz necessário que toda comunidade esteja unida e
preparada para este confronto. Sabemos que o bullying não é um problema restrito apenas a
algumas escolas, já que ele é praticado em todos os ambientes escolares, iniciando muitas
vezes no próprio ambiente familiar. É do nosso conhecimento também que esta prática é
causadora de vários problemas ou conflitos perante os efeitos deixados, muitas vezes, para
sempre na vida das vítimas de bullyning.
O autor mostra-nos que não basta livrarmos do agressor, mas daquilo que o agride, que
o prejudica e o oprime. Dessa forma, utilizaremos a prática da tolerância,
3
ação esta, que a maioria de nossos educandos desconhece, já que eles utilizam intensamente a
agressividade no cotidiano. Muitas vezes se agridem verbalmente e até fisicamente por coisas
banais o que comprova a falta de conhecimento e/ou a vivência da tolerância.
Segundo Tiba (2006, p. 158) “O enfrentamento do bullying, além de ser uma medida
disciplinar, também é um gesto cidadão bastante educativo, pois prepara os alunos para a
aceitação, o respeito e a convivência com as diferenças”. Esta convivência educa o indivíduo
e faz perceber que todos somos seres humanos dotados por inúmeras diferenças, qualidades,
defeitos, inteligência e sendo assim, somos obrigados a convivermos socialmente. Respeitar o
próximo, além de ser um ato cristão, é também humano, devido ele ser dotado de inteligência
e sabedoria.
Para Silva (2010, p. 118), “A boa escola não é aquela onde o bullying não ocorra, mas
sim aquela que, diante da existência, sabe enfrenta-lo com coragem e determinação”.
Acreditamos que praticamente todas as escolas vivenciam este fenômeno. Para tanto, é
preciso engajamento dos integrantes da instituição e juntos, possamos encontrar soluções nas
quais objetivem a diminuição ou erradicação deste fenômeno. Já para Pereira (2009, p. 60),
Embora a família tenha um papel primordial na educação de seus filhos, visto que é a
primeira instituição que educa, ela precisa ser atuante, participativa e
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CAPÍTULO 3
Foto 01 Imagem externa da Escola Gama e Melo. Fonte: Autora – 09 Jun. 2014.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental Médio Gama e Melo não é diferente das
demais, em relação à questão do bullying. Para conhecer a real situação desta prática em
nossa escola, utilizamos de questionários na qual foi respondido por alunos dos 7º e 8º anos
do ensino fundamental dos turnos matutino e vespertino que atende uma clientela com faixa
etária entre onze (11) e quinze (15) anos de idade. No questionário, continham alternativas
objetivas e subjetivas em
3
que os alunos respondiam e em seguida justificavam, opinavam suas respostas assim como
sugeriam quando necessitavam. Observamos abaixo as questões contidas no questionário,
aplicados com os alunos:
A questão de trabalhar valores é referendada por vários autores que retratam esta
temática, devido ser este uma prática extinta na sociedade, já que muitas famílias não
vivenciam e/ou desconhecem. Sabemos que a desestrutura familiar é procedente pela não
vivência de valores, principalmente pela falta de hierarquia familiar, onde todos, desde as
crianças, até os adultos fazem o que querem sem que necessitem justificar-se para alguém. A
inexistência desta autoridade gera conflitos no âmbito escolar, de modo que nos deparamos
com alunos agressivos, rebeldes e indisciplinados e que não respeitam ninguém.
Outra questão que talvez, nos causou impressão, é que esta prática, na maioria das
vezes acontece dentro da sala de aula. E por muitas vezes o educador presencia. Sendo assim
resta-nos indagar: Que atitude nós enquanto educadores, podemos tomar para solucionar ou
subtrair esta problemática? Como devemos proceder ou agir?
Para Pereira (2009, p. 74) diz que “É preciso estabelecer diálogo entre escola e
família, para juntos buscarem soluções cabíveis”. Além dessa parceria escola/família, a
instituição escolar deveria contar com ajuda de outros profissionais como supervisores,
coordenadores pedagógicos, psicólogos e demais pessoas vinculadas à educação para que
tentem sanar tais dificuldades.
Sabemos que trabalhar com esta temática requer conhecimento e também que não é
fácil, uma vez que abrange a questão de respeito e valores e estas práticas não estão sendo
vivenciadas e/ou ensinadas às nossas
3
crianças/adolescentes no cotidiano familiar. Todavia, a escola deve fazer valer seu papel de
entidade educadora, dessa forma necessita desenvolver metodologias que resgatem a vivência
destes valores.
Silva (2010, p. 57) diz que “Cabe à sociedade, transmitir às novas gerações valores e
modelos educacionais nos quais os jovens possam pautar sua caminhada rumo à sua vida
adulta de cidadão ético e responsável”. Contudo, esta questão de valores é ambígua já que
talvez o que nós consideramos importante e imprescindível aos alunos, não sejam essenciais
para muitos pais e/ou responsáveis.
Nos últimos anos a maior preocupação dos educadores não é a transmissão de
conhecimentos e sim, a convivência harmoniosa em sala de aula, uma vez que a indisciplina
tornou-se um problema constante devido à agressividade física e verbal ocorrer
cotidianamente.
Em nossa escola esta prática é muito comum, devido nós atendermos uma clientela
carente em quase todos os segmentos sociais, sejam eles financeiros, afetivos, intelectuais.
Quanto ao campo intelectual, ou seja, a parte educativa é quase que, em sua totalidade,
de responsabilidade da escola, pelo fato de muitos pais não cobrarem e nem acompanharem o
progresso de seus filhos, tão pouco se preocuparem com seus comportamentos dentro da
instituição. Dessa forma a escola deve buscar e/ou encontrar subsídios para que a violência e
o bullying não dominem a instituição e comprometam o aprendizado dos mesmos.
A educadora e psicóloga, Cleo Fante (2011, p.105), diz que “A escola deve informar
aos pais que agirá contra qualquer tipo de violência e deve estimular os pais para que adotem
o mesmo lema em suas casas”. Porém esta violência praticada na escola é referência do que
se vive em casa, devido ela está muito presente.
Em conversas paralelas entre os próprios educandos, da Escola Gama e Melo
percebemos que é comum ouvirmos diálogos referentes a comportamentos violentos que
envolvem situações familiares o que nos faz indagar: como poderemos buscar parceria com as
famílias para que juntos possamos abrandar a violência, se estas também praticam? A escola
sozinha é capaz de solucionar tal problema, já que enquanto uma constrói a outra
desconstrói? Esta preocupação é uma constante em nossas vidas, uma vez que estamos
inseridos no processo educacional, e que,
3
de forma direta, este problema afeta não somente nosso emocional, mas também o intelectual.
escola ou ainda, na sala daquela professora. Precisamos professar atitudes não violentas em
nossas práticas para que toda comunidade escolar seja beneficiada.
Cleo Fante (2011) menciona que para combater problemas de violência ou de má
convivência entre os alunos se faz necessário à criação de regras e/ou normas amparadas em
valores os quais reflitam em condutas concretas para vivência do cotidiano. E estas normas
por sua vez devem estar em consonância com o Regimento Interno da Escola.
Sabemos que regras devem existir em qualquer instituição, já que vivemos em uma
hierarquia, onde todas as pessoas inseridas no processo necessitam de respeito. E para que as
mesmas possam ser verdadeiramente cumpridas, todas as pessoas inseridas na instituição
devem colaborar no cumprimento dessas normas e não pensar que este papel é apenas da
gestão e/ou ainda tão somente dos educadores, visto que a repartição não é formada apenas
por este grupo, ou seja, cada membro tem a mesma responsabilidade e o mesmo
comprometimento.
Referindo-se à instituição escolar, foi perguntado no questionário “que atitude a escola
toma diante deste fato (bullying)?” Na percepção de 90% dos educandos, eles relataram que a
escola não toma nenhuma posição a respeito desta problemática. Porém, nós enquanto
educadores, discordamos parcialmente, já que estamos todos preocupados e envolvidos na
busca de soluções reais que minimizem este problema. E também porque a escola vivencia
projetos direcionados para Direitos Humanos e para a questão da convivência e valores.
Diante disto, ressaltamos que, para realmente haver transformação no comportamento
dos educandos se faz necessário que a família dê sua contribuição, já que é a primeira
instituição responsável pela educação dos seus/suas filho (a)s.
Uma atitude em que a escola poderia adotar seria buscar parcerias com entidades da
sociedade civil, jurídica e religiosa almejando que eles possam contribuir positivamente com
a instituição. Estas parcerias podem dar suas contribuições na vivência de projetos, já que
alguns alunos sugeriram a realização de projetos alusivos à temática.
É do conhecimento dos próprios educandos que a prática do bullying compromete seu
aprendizado, uma vez que eles alegaram em seus questionários que as vítimas ficam
assustadas, retraídas, apresentam baixo rendimento nas notas bimestrais, ficam desmotivados,
entre outros problemas. No entanto, não basta apenas o reconhecimento. Temos que educar o
aluno para que ele possa perceber
4
que esta prática é destrutiva e, portanto, não devemos cometê-la não somente na escola e sim
na nossa vivência diária.
Outra problemática que já foi detectada por alguns alunos em nossa escola está
relacionada à prática do ciberbullying (bullying virtual) já que nos deparamos com alguns
alunos incentivando agressividades entre colegas, alegando que eram para filmar e postar nas
redes sociais para ver quantas pessoas “acessavam ou curtiam, as postagens”.
Estes alunos não sabem que esta prática chama-se ciberbullying, assim como
desconhecem a gravidade da mesma, uma vez que, além da agressão à vítima, ainda há o
constrangimento, a humilhação e a exposição. Para esta prática, na maioria das vezes não se
pode fazer muita coisa já que a descoberta do praticante torna-se mais difícil.
Neste caso, a escola enquanto entidade educativa juntamente com a família, necessita
trabalhar esta questão sobre o ciberbullying e mostrar os perigos causados por ele fazendo-os
perceber que não deve expor as pessoas sem a devida autorização. O ciberbullying não
compromete a indisciplina escolar da mesma forma que o bullying já que é praticado
virtualmente, porém deixa sequelas, talvez maiores, por não conhecer o praticante e também
porque o constrangimento é bem maior visto que a vítima fica exposta nas redes sociais
difundidas pelo mundo inteiro.
Todavia, esta prática já é considerada crime, e caso estas pessoas sejam descobertas,
elas responderão criminalmente por tal ato. Os agressores geralmente criam perfis falsos em
sites de relacionamentos ou e-mails fazendo-se passar por outra pessoa e adotam apelidos para
propagar boatos e intrigas. Muitos chegam a criar blogs com a intenção de “zoar” com as
vítimas, outros atacam expondo fotografias nas quais eles fazem através de montagens,
registram comentários racistas e/ou preconceituosos que desrespeitam a pessoa. Segundo
Silva (2010, p. 130) diz que
Diante desta problemática, cabe a nós educadores mostrarmos aos nossos educandos
os benefícios e os malefícios que a navegação nas redes sociais nos
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Diante das respostas oferecidas pela diretora, pudemos perceber que ainda falta um
conhecimento mais abrangente sobre o assunto, o que comprova o pensamento de alguns
autores quando nos revelaram que para trabalhar esta temática se faz necessário buscar
múltiplas informações, já que não devemos associar o bullying simplesmente a apelidos e
agressões.
Apresentamos abaixo uma fotografia, que foi registrada no dia em que realizamos a
nossa entrevista com a Gestora da Escola Gama e Melo, a senhora Maria Inês Patrício de
Sousa.
4
Foto 02 Entrevistando a Gestora da Escola Gama e Melo. Fonte: Autora – 09 Jun. 2014
- Físico e material como bater, chutar, empurrar, espancar, roubar, furtar ou destruir
os pertences da vítima, atirar objetos;
- Virtual quando a prática ocorre através dos meios tecnológicos conectados à internet.
Todas estas formas de agressividades estão presentes nas ações, não somente dos
educandos, mas de certa forma, na maioria das pessoas, que contribui para desencadear uma
série de problemas e/ou conflitos. Em se tratando do ambiente escolar, este compromete
totalmente o aprendizado e a convivência entre os alunos e aqueles que participam desse
espaço educacional.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a
paz. Campinas, SP: Verus Editora, 6ª edição – 2011.
GUARESCHI, Pedrinho A; SILVA, Michele Reis da. Bullying: mais sério do que se
imagina. Porto Alegre. EDIPURS, 2008.
MIRANDA, Simão de. Previna o bullying: Jogos para uma cultura de paz/Simão de
Miranda, Miriam Dusi. Campinas, SP: Papirus, 2011.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro:
Editora FONTANAR, 2009.
TIBA, Içami. Disciplina na medida certa: Novos paradigmas. São Paulo: Integrare
Editora, 2006.