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Hipótese
1. Como reagiria na qualidade de defensor do arguido Belo a quem foi aplicado, no final
de interrogatório judicial de arguido detido, por decisão do Juiz de Instrução (JI), a
prisão preventiva fundando-se no perigo de continuação de atividade criminosa, já
que os clubes em causa voltariam a encontrar-se em breve, e no alarme social
provocado por aquela rixa? (4 valores)
• Deveria interpor recurso ordinário (bem como pedido de revogação) e
poderia cumular com habeas corpus apenas quanto a um dos fundamentos;
• Distinguir claramente os requisitos gerais das medidas de coação e os
requisitos específicos da prisão preventiva: i) falta de requisito específico
relativo ao crime porque a participação em rixa não consta do catálogo dos
crimes que admitem a prisão preventiva (202.º/1 CPP); discussão sobre ii)
o que seja o perigo de continuação da atividade criminosa (204.º/1/c CPP)
e iii) a perturbação grave da tranquilidade e ordem públicas (204.º/1/c)
CPP), sendo de referir que o perigo de continuação de atividade criminosa
e de perturbação grave da ordem e tranquilidade públicas (com discussão
sobre o conceito de alarme social) devem ser considerados em atenção aos
fins endógenos daquele processo em concreto;
• A ilegalidade emergente da falta do requisito específico da prisão
preventiva constituiria, só por si, simultaneamente fundamento de recurso
ordinário (219.º CPP) e habeas corpus, este perante o Supremo Tribunal
de Justiça – STJ (222.º/2/b) CPP), cumuláveis entre si (219.º/2 CPP);
• Referência inequívoca a que a não verificação de requisitos gerais de
aplicação da medida de coação não seria fundamento de habeas corpus,
mas apenas de recurso ordinário (219.º/1 CPP) e eventualmente também
de pedido de revogação perante o próprio JI (212.º/1 e 4 CPP).
Para realizar o exame, pode usar: Constituição da República Portuguesa (CRP), Código
Penal (CP), Código de Processo Penal (CPP) e Lei da Organização do Sistema Judiciário
(LOSJ).