13 TC 2655 Brunilda+Reichmann OK
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1 (2022)
Revista da Pós-Graduação em Letras – UNIANDRADE
Curitiba, Paraná, Brasil
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Multimidiática (multimedia) no sentido de envolver diversas mídias nas extensões da
narrativa transmídia – termo utilizado por Jenkins.
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Producers Guild of America é uma associação comercial, fundada em 1950, que
representa produtores de programas de televisão, de filmes e de produtos em novas
mídias nos Estados Unidos. A associação do PGA inclui mais de 8.000 membros. Seus
copresidentes são Gail Berman e Lucy Fisher.
3 Ver: http://www.producersguild.org/?page=coc_nm#transmedia.
maiores devem geralmente ser consumidos antes dos menores, porque fornecem
um amplo pano de fundo sobre os quais elementos menores podem ser
construídos. Esses grandes elementos representam o que a indústria da mídia
chama de Mother-Ship ou Ur-Text. Quanto mais histórias os usuários
consomem, mais eles conhecem o mundo da história, mas não é necessário
consultar todos os elementos para usufruir a história.
Jenkins, por outro lado, explica que na franquia Matrix, por exemplo,
informações importantes são transmitidas por meio de três filmes de ação, uma
série de curtas animados, duas coleções de histórias em quadrinhos e vários
videogames. Não há um Mother-ship ou Ur-text aos quais se possa recorrer para
obter todas as informações necessárias para compreender o universo Matrix,
cujo início é multimidiático e fragmentado. Para Ryan, como vimos, pode-se
recorrer a um Mother-ship como na franquia Harry Potter, porque os livros
fornecem um amplo pano de fundo sobre os quais outros elementos são criados.
Segundo Ryan, o termo mais apropriado seria mundo transmídia, onde as
narrativas se inserem.
Ryan inclui também o conceito de transficcionalidade de Saint-Gelais,
pesquisador francês. Falando em adaptação, ele explica que, longe de excluir
adaptações, as franquias transmídia podem ser descritas como uma
combinação de adaptações com outra operação narrativa de longa data, que ele
denomina de transficcionalidade. Ele define transficcionalidade como o
compartilhamento de elementos – principalmente personagens, mas também
locais imaginários, eventos e mundos ficcionais inteiros – por duas ou mais
obras de ficção. Essa operação normalmente vincula obras literárias e se apoia
em três operações fundamentais, sendo a primeira a mais importante para a
NT: (1) extensão, que agrega novas histórias ao mundo ficcional, respeitando os
fatos estabelecidos no original; (2) modificação, que muda o enredo da narrativa
original, por exemplo, dando-lhe um final diferente; e (3) transposição, que
transporta o enredo para um cenário temporal ou espacial diferente, por
exemplo, quando a história de Romeu e Julieta se passa na cidade de Nova York
nos anos 1950. As extensões podem servir a uma variedade de funções
diferentes: podem fornecer informações sobre os personagens e suas
motivações, podem detalhar aspectos do mundo ficcional ou podem fazer a
ponte entre eventos descritos em uma série de sequências. As extensões
também podem adicionar um maior senso de realismo à ficção como um todo,
mais uma das características do mundo transmídia ou da NT.
Voltemos a Harry Potter, para finalizar. Durante a publicação dos sete
livros, a história foi sendo recontada em filmes e em os jogos relacionados. No
entanto, apesar de à leitura da coletânea ser acrescentada a visualidade dos
filmes e a participação nos jogos, a mesma história é recontada e não expandida
em mídias diferentes. Alguns afirmam que somente com a publicação do oitavo
volume, Harry Potter and the Cursed Child (2016), há expansão da história em
mídias diferentes e não “apenas a reapresentação de uma história existente”.
Diagramas da autora.
REFERÊNCIAS