Etap - Evangelismo e Discipulado P&B

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ETAP

ESCOLA TEOLÓGICA DA ASSEMBLEIA DE DEUS


PARNAMIRIM – RN

Parnamirim – RN
2
ESCOLA TEOLÓGICA DA ASSEMBLÉIA DE DEUS
PARNAMIRIM – RN
PLANO DE ENSINO

CURSO: MÉDIO E BACHARELADO EM TEOLOGIA


DISCIPLINA: EVANGELISMO E DISCIPULADO
CARGA HORÁRIA: 30 h/a (aulas presenciais e não presenciais)

I. EMENTA

Definições de Evangelho, Evangelização, Evangelismo e Discipulado; As


finalidades do evangelismo e do discipulado; Métodos, estratégias e técnicas de
evangelismo; O processo da comunicação no evangelismo; Tipos de discipulado;
Esboço de como evangelizar e assistir os novos convertidos.

II. OBJETIVOS

1) GERAL

Estudar a importância do evangelismo e do discipulado para o


crescimento da igreja local, visando à propagação universal e integral do
evangelho de Jesus Cristo através de discipuladores autênticos e fieis a
Palavra de Deus.

2) ESPECÍFICOS

a) Compreender o que é evangelismo e o que é discipulado;


b) Conhecer quais às finalidades do evangelismo e do discipulado;
c) Abordar a importância de formar discípulos;
d) Observar como executar uma boa evangelização e uma boa assistência
aos novos decididos.

III. METODOLOGIA/AVALIAÇÃO

A disciplina será desenvolvida através da exposição do conteúdo pelo professor


e o critério de avaliação através de trabalhos individuais, aliados à assiduidade,
participação e pontualidade.
3

SUMÁRIO
Assunto I – EVANGELISMO 04
INTRODUÇÃO 04
I. DEFINIÇÕES IMPORTANTES 04
a) Evangelho 04
b) Evangelização 05
c) Evangelismo 06
II. ORIGEM, AMPLITUDE E FINALIDADE DA EVANGELIZAÇÃO 08
a) Origem 08
b) Amplitude 08
c) Finalidade 10
III. POR QUE EVANGELIZAR? 11
IV. QUEM PODE EVANGELIZAR? 11
V. ONDE E A QUEM EVANGELIZAR? 13
VI. QUANDO EVANGELIZAR? 13
VII. MÉTODOS, ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS DE EVANGELIZAÇÃO 14
VIII. A EVANGELIZAÇÃO E O PROCESSO DA COMUNICAÇÃO 19
IX. COMO EXECUTAR A EVANGELIZAÇÃO. 21
X. NORMAS PRÁTICAS 23
XII. TIPOS DE DESCULPAS OU PESSOAS ENCONTRADAS NA EVANGELIZAÇÃO 24
XIII. FORMULÁRIOS IMPORTANTES NUMA PRÁTICA DE EVANGELIZAÇÃO 26
Assunto II: DISCIPULADO 29
INTRODUÇÃO 29
I. DEFINIÇÕES IMPORTANTES 29
a) O QUE É ASSISTÊNCIA AOS NOVOS CONVERTIDOS 29
b) O QUE É DISCÍPULO 29
c) O QUE É DISCIPULAR 30
II. POR QUE DISCIPULAR? 30
III. QUEM PODE DISCIPULAR? 31
IV. OBJETIVO CENTRAL DO DISCIPULADO 32
V. TIPOS DE DISCÍPULOS 33
VI. DISCIPULADO NO ANTIGO TESTAMENTO 34
VII. DISCIPULADO NO NOVO TESTAMENTO 34
VIII. QUALIDADES QUE O DISCIPULADOR PRECISA CULTIVAR 35
IX. PROGRAMA DE ACONSELHAMENTO 36
X. MÉTODOS DE ASSISTÊNCIA AO NOVO CONVERTIDO 39
XI. ORIENTAÇÕES GERAIS AOS DISCIPULADORES 39
XII. MATERIAL IMPORTANTE UTILIZADO PELO DISCIPULADOR 40
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 41
4

Assunto I: EVANGELISMO

INTRODUÇÃO

Considera-se a igreja local, que pratica


evangelismo, como célula multiplicadora do Reino
de Deus na Terra; é a agência de propagação do
evangelho transformador e regenerador do
homem. Diante desta importante missão,
entendemos que a evangelização deve ser a
principal atividade numa igreja local, e, portanto,
a mais evidenciada e executada.

Uma igreja não evangelizadora é uma forte candidata, mais cedo ou mais tarde, a se
acabar. Podemos citar o exemplo do velho continente (Europa), berço de grandes
evangelistas e pregadores; hoje, necessitando de missionários.

Cabe ao povo de Deus difundir o evangelho de Jesus Cristo, seja qual for o preço, pois
o inimigo de nossas almas não mede esforços para divulgar seus ensinamentos ou
mensagens destruidoras de vidas.

Temos que levar o IDE de Jesus aos nossos familiares, aos nossos vizinhos, em nosso
bairro, cidade, estado, país e mundo. O Senhor Jesus nos chamou para sermos suas
testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da
Terra (At 1.8). Sejamos discípulos de Jesus e propagadores de Boas Novas onde estivermos e
em todo tempo.

I. DEFINIÇÕES IMPORTANTES
a) Evangelho

A Palavra evangelho provém do grego


evanguélion, que significa literalmente:
“boas-novas”, podendo ser entendido
basicamente como a boa notícia ou boa
mensagem do nascimento de Jesus, o
Salvador (Mc 1.1; 1.15; 16.15).

O correspondente em hebraico é “bessorah” que quer dizer “proclamar boas-novas”,


“trazer novas de vitória” (2 Sm 18.20,25,27; 2 Rs 7.9)

Na Septuaginta1, principalmente nas referências de Isaías 52.7-9; 41.27; 40.9,


encontramos a mesma idéia.

Thayer procura conceituar o termo evanguélion como: “As notícias alegres de salvação
através de Cristo; a proclamação da graça de Deus garantida em Cristo”.

1
Septuaginta: Versão dos Setenta, a versão grega do Antigo Testamento, preparada por um grupo de setenta e dois eruditos, em
Alexandria, no terceiro século antes de Cristo. Era a Bíblia no tempo de Cristo e dos apóstolos. É a versão do hebraico para o
grego.
5

Estudos históricos do significado do termo indicam que entre os antigos gregos a


palavra evanguélion era usada para “boas notícias dos campos de batalha”. A notícia poderia
vir por navio, a cavalo ou por um mensageiro a pé, e era proclamada à cidade, que, ansiosa,
esperava pelas novas.

Esse vocábulo é encontrado mais de 100 vezes, espalhados em 97 versículos em todo


Novo Testamento, só aparece no singular. O Senhor Jesus Cristo é o conteúdo do evangelho,
sua vida, seu ministério terreno, seu sofrimento, morte e ressurreição (Rm 1.1-7).

Resumidamente, o Evangelho é a mensagem de Cristo que salva o pecador (Jo 3.16;


Rm 1.16). É o meio empregado por Deus para a salvação de todo aquele que crer (1 Co
15.2).

No mundo grego, a palavra evangelho, tinha o sentido de recompensa por trazer boas
novas; No Antigo Testamento (Septuaginta), o vocábulo indica as próprias boas novas.
Aparece em termos proféticos com o mesmo sentido que encontramos no Novo Testamento
(Is 52.7).

No Novo Testamento são as boas novas que falam do Reino de Deus, da salvação e do
perdão dos pecados na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É o evangelho da graça de
Deus (At. 20.24)

Evangelho “é a mensagem salvadora e regeneradora de Jesus


Cristo ao homem, é as boas novas de salvação para aqueles
que estão perdidos e afastados de Deus”.

b) Evangelização

É a ação de evangelizar, isto é, de comunicar o evangelho, visando levar os perdidos à


presença de Deus, através de Jesus Cristo.

A ideia fundamental de evangelização é apresentar o evangelho para alguém, de tal


maneira que a pessoa fique interessada por ele.

Evangelização é pescar (Mt 4.19; Lc 5.10), é ceifar (Mt 9.38; Sl 126.5,6), é procurar o
que está perdido (Lc 15.4-7; Lc 15.31,32), é levar almas ao contato de Cristo (Jo 1.35-46), é
a prática da proclamação do evangelho.

c) Evangelismo

A Palavra evangelismo não se encontra no Novo Testamento. Naturalmente, ela torna


possível a ação de evangelizar.

O sufixo ismo denota sistema. Assim, antes de qualquer coisa, evangelismo envolve os
princípios, os métodos, as estratégias, as técnicas empregadas na ação de evangelizar. Damy
Ferreira conceitua evangelismo como sendo:

“sistema baseado em princípios, métodos, estratégias e técnicas tiradas do Novo


Testamento, pelos quais se comunica o evangelho de Cristo a todo pecador, sob
a liderança e no poder do Espírito Santo, visando persuadi-lo a aceitar a Cristo
como o seu salvador pessoal, de acordo com o comissionamento de Jesus dado a
todos os seus discípulos, levando, ao final, os que crerem, a se integrarem à
igreja pelo batismo, preparando-os para a volta de Cristo”.
6
Evangelismo é a orientação sobre como testemunhar de Cristo aos perdidos; como
levar homens à salvação; como alistar vidas no serviço de Cristo; é a orientação de como a
igreja pode proclamar, propagar e estabelecer tudo o que contem a pessoa e a obra de Jesus.
Evangelismo é todo o conjunto de ensinos e princípios que
norteiam a proclamação do evangelho transformador e salvador
de Jesus Cristo.

O que NÃO é evangelismo:

1) Profissão

Jamais Deus desejou que a tarefa de ganhar almas se transformasse em


profissão. Ai daqueles que assumem os púlpitos ou saem para evangelizar com o propósito de
ganhar dinheiro, fama, posição, ou pelo prazer de liderar.

2) Esmola

Cristianismo não é um sistema idealista, teórico. Cristianismo é vida, e vida


prática. É um relacionamento vital com o Cristo vivo, e não apenas a aceitação de um credo
ou religião. A confusão de muitos é porque colocam as obras como causa da salvação, em
substituição à fé. As obras não são causa, mas conseqüência.

3) Reformulação de almas

O ganhador de almas não deve pensar e nem levar a pessoa que está sendo
evangelizada a pensar que a salvação vem pelo ato de levantar a mão, ou deixar de fumar,
de beber, ou abandonar todos os vícios. Aliás, o homem que procura purificar-se por si
próprio logo se defrontará com o seu fracasso. Entretanto, a partir do momento que ele passa
a olhar diretamente para Cristo e nele confiar de todo coração, todos os males que até então
entraram inutilmente são finalmente debelados. Pois, se ao homem fosse dado alcançar a
salvação pelos seus próprios recursos, Deus não teria dado seu Filho para sofrer a agonia no
Getsêmane2 e no Calvário morrer por nós.

4) Magnetização de almas

A alma atraída pela personalidade ou eloqüência do pregador, poderá


permanecer firme durante o tempo que esse pregador ficar por perto, quando se sente só,
deixa o evangelho. O grande número de almas que Paulo ganhou para Cristo, não resultou do
encontro da personalidade do apóstolo.

5) Condenação de almas

A consequência do pecado condena o pecador. O sentimento de culpa sempre o


acompanha. Então, não é preciso que o acusemos dos seus pecados. O que ele precisa ouvir
é sobre o perdão, sobre a salvação, a libertação e o pecado. Jesus disse: “Porque Deus
enviou seu filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse
salvo por Ele” (Jo 3.17).

2
Getsêmane: Palavra grega. Lugar de azeite: Jardim situado ao nascente de Jerusalem, logo ao atravesar o Cedron, no sopé do
monte das Oliveiras. Lugar para onde Jesús tinha costume de se retirar, Lc 22.39. O jardim onde ocorreu a cena da Sua agonia,
Mt 26.36.
7

6) Indução ao batismo

Pode ocorrer de alguém ser levado a batizar-se sem, contudo ter passado pela
real experiência da conversão. O batismo não salva ninguém; ele é apenas um ato de
obediência de quem já é salvo, e, portanto, só tem valor quando a pessoa aceita
publicamente o Senhor Jesus Cristo, confessando-o como seu único e todo suficiente
salvador. Os primeiros passos do pecador para com Deus são arrependimento, fé e confissão.

d) Evangelista

A palavra evangelista ocorre três vezes apenas no Novo Testamento: em At 21.8; Ef


4.11 e em II Tm 4.5.

Evangelista é aquele que proclama notícias alegres, o


evangelho; é aquele que prega o evangelho na tentativa de levar
as pessoas a Cristo.

O Dicionário Teológico do Novo Testamento, editado por Kittel, assim expressa sobre o
assunto:

O evangelista no Novo Testamento não é o que declara oráculo3, como entre os


gregos. Ele é o que proclama notícias alegres. O evangelista, originalmente
falando, denota função, mais do que ofício, e poderia haver pequena diferença
entre apóstolo e um evangelista. Todo apóstolo4 poderia ser evangelista, mas,
por outro lado, nem todo evangelista era apóstolo.

II. ORIGEM, AMPLITUDE E FINALIDADE DA


EVANGELIZAÇÃO

a) Origem

A evangelização ou o evangelho não é algo surgido de


improviso, ele tem sua origem em Deus (Gn 3.15; Is 6.8),
Deus prometeu “antes dos tempos dos séculos” (Tt. 1.2).

Com a queda do homem, Deus traçou um Plano de


redenção. Ele viu o problema que o pecado acarretaria; por
isso, elaborou o escape e enviou Jesus Cristo para cumprir o
Plano (Jo 3. 1-3), e trouxe o Espírito Santo para divulgá-lo (Jo
16.8-11) e nos deu a missão de executá-lo.

Os anjos desejam evangelizar, porém essa tarefa ou missão nos pertence.

b) Amplitude

A prática da evangelização não pertence a um grupo de privilegiados da igreja local ou


ao pastor da igreja, porém é um dever de todos os que entendem à chamada divina. O
envolvimento com a evangelização deve ser de todos os que fazem a Igreja de Jesus Cristo

3
Oráculo. Vontade de Deus, anunciada aos homens. Ver 2 Sm 16.23; Ez 21.21; Rm 3.2.
4
Apóstolo. Palavra grega. Apóstolos, “embaixador”, “mensageiro”, “enviado extraordinário”.
8
na Terra, de todos que entendem o significado da Grande Comissão, deve ser um trabalho
em equipe. Em 1 Co 3.6-9 está escrito: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o
crescimento. Pelo que, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá
o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um, e cada um receberá o seu galardão
segundo o seu trabalho. Pois nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e
edifício de Deus”.

A propagação do evangelho sempre foi e deve ser universal (Lc 24.47). Deus não
enviou Jesus só para os brasileiros ou japoneses, mas o enviou para todas as nações (Jo
3.16).

Deus sempre previu a contínua evangelização da raça humana, sempre falou ao


homem em todas as épocas através de seus mensageiros, vejamos:

- No Antigo Testamento

“Ao fim de sete dias, veio a mim a palavra do Senhor: Filho do homem, eu te dei
por atalaia sobre à casa de Israel; tu da minha boca ouvirás a palavra, e os
avisarás da minha parte. Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; não
o avisando tu, não falando para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio,
para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue
da tua mão o requererei. Mas, se avisares o ímpio, e ele não se converter da sua
maldade, mas tu salvaste a tua alma. Semelhantemente, quando o justo se
desviar da sua justiça, e fizer maldade, e eu puser diante dele um tropeço, ele
morrerá... Mas, avisando tu o justo, para que o justo não peque, e ele não
pecar, certamente viverá... “ (Ez 3.16-27)

No texto acima vemos o Senhor convocando seus servos a pregar a justiça e


salvação aos ímpios e a todos que se esquece de Deus.

- No Ministério de Cristo

“E saíram a ver o que tinha acontecido, e vieram ter com Jesus. Acharam então
o homem, de quem haviam saído os demônios, vestido, e em perfeito juízo,
assentado aos pés de Jesus; e temeram. Os que tinham visto tudo isso... .
Então toda multidão da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se
retirasse deles, porque estavam possuídos de grande temor... O homem, de
quem haviam saído os demônios, rogou-lhe que o deixasse estar com ele, mas
Jesus o despediu, dizendo: Volta para casa e conta quão grandes coisas Deus
fez por ti. E ele foi apregoando por toda a cidade...” (Lc 8.35-39).
“Tendo convocado os doze discípulos, Jesus deu-lhes poder e... Então os enviou
a pregar o reino de Deus... Disse-lhes: Nada leveis convosco... Na casa em que
entrares, ali permanecei... Quanto à cidade que não vos receber, saindo deli
sacudi o pó dos vossos pés... Saindo eles, percorreram todas as aldeias,
anunciando e evangelho...” (Lc 9.1-6). “... designou o Senhor ainda outros
setenta, e mandou-os adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e
lugares aonde ele havia de ir.... Rogai, pois, ao senhor da seara que envie
obreiro... Ide. Eu vos envio como cordeiros ao meio de lobos. Não leveis bolsa,
nem alforje... Curai os enfermos...” (Lc 10.1-24).

Vemos Cristo evangelizando, capacitando, orientando e enviando seus 12 discípulos,


logo mais enviando outros 70 compromissados com o seu “Ide”, os quais saíam a evangelizar
e a curar os enfermos. Até pessoas rejeitadas pela sociedade, puderam ser aproveitadas no
evangelismo.

- No início da igreja de Cristo


9
“Tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos. E todos foram
cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a Palavra de Deus” (At
4.31).

“Ora, Estevão, cheio de fé e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o


povo. Levantaram-se alguns que eram da chamada sinagoga dos libertos, dos
cireneus e dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia e da Ásia, e discutiam com
Estevão. Mas não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que ele falava”
(At 6.8-10)

Nesta época o testemunho e a ousadia eram marcas registradas dos seguidores de


Jesus Cristo. Havia um compromisso inabalável que dominava os crentes daquela época,
eram cheios do Espírito Santo.

- Durante a perseguição da igreja

“Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e


mulheres, os encerrava na prisão. Mas os que andavam dispersos iam por toda
parte anunciando a palavra” (At 8.3,4).

Era consenso de todos que criam em Jesus, que era necessário pregar o evangelho
a todas as gentes. O Espírito Santo era o agente responsável em motivar os crentes a
anunciarem o Evangelho de Cristo.

- Nos dias atuais

Deus continua a levantar grandes homens e mulheres para dar continuidade à


evangelização mundial. Após um grande período de aparente silêncio evangelístico,
Deus levanta Lutero (Século XVI), e promove um grande despertamento. Desde
então surgem Moody, Henrique Martyn, David Yonggi Cho, Bernard Johnson, Billy
Graham, e muitos outros.

c) Finalidade

1. Anunciar Jesus Cristo (Jo 1.36)

A finalidade principal da evangelização é mostra Jesus Cristo como salvador do


mundo; é mostrar o Plano de Deus para salvar os pecadores, através de Jesus Cristo.

2. Levar vidas a Cristo (Jo 1.46)


A evangelização tem como objetivo persuadir o homem, convencendo-o do
pecado, e apresentando-o o único caminho da salvação.

3. Formar discípulos de Cristo (Mt 28.19; Jo 15.8)

O cristão não foi chamado apenas para ser um religioso qualquer. Ele foi
chamado para dar frutos, para ser testemunha de Cristo e ser formador de discípulos
de Cristo.
10

III. POR QUE EVANGELIZAR?


a) Porque é ordem de Deus (Mc 16.15; Mt
28.19,20)

Quando recebemos a ordem de Jesus para


anunciar o evangelho, não podemos pensar duas vezes.
“Ordem é ordem”. Prestaremos conta daquilo que
fizemos e deixamos de fazer.

b) Porque as almas estão perdidas (Mt 7.13; I Jo


5.19)

O plano de Deus é para as almas doentes e perdidas. Jesus não veio para os
sãos ou bons, Ele veio buscar e salvar os que estão perecendo, estão perdidos.

c) Porque Jesus vem breve (II Pe 3.10-14; Jo 9.4)

Para muitos, Jesus vai demorar; para outros, Jesus está à porta. Somos
advertidos por Deus para estarmos sempre preparados, e precisamos levar as pessoas
perdidas a também ficar prontas para vinda de Jesus Cristo nos ares, pois a nossa
esperança é a sua vinda.

IV. QUEM PODE EVANGELIZAR?


a) O crente que tem certeza de salvação (Rm
8.24)

É um paradoxo muito grande a pessoa pregar sobre


a salvação e não ter certeza que é salvo. O
evangelista deve pregar o que vive.

b) O crente que dá bom testemunho (I Tm 3.7)

O crente foi chamado para ser testemunha de Jesus. Se o crente não dá bom
testemunho, vai estar desonrando o evangelho de Jesus e o próprio Jesus. Se não for
para ser luz e sal da terra é melhor não ser discípulo de Jesus.

c) O crente cheio do Espírito Santo (At 1.8)

O Espírito Santo na vida do evangelizador é fundamental para o êxito da


evangelização. O evangelista ou o portador das boas novas de salvação deve buscar a
presença de Deus para receber poder e unção.

d) O crente que ora e que maneja bem a Palavra de Verdade (At 6.4)

O crente abre muitas portas quando ora. O trabalho de evangelização sem


oração pode não ter o resultado esperado. O propagador do evangelho deve estar
respaldado pela oração e deve está bem afiado na Palavra de Deus (2 Tm 2.15).
11

e) O crente que tem compaixão pelas almas (Mt 9.36)

Existe um corinho que diz: “Sem amor não dá...”, pois bem sem amor pelas
almas perdidas não se consegue cumprir a ordem de Jesus Cristo.

Jesus tem grande compaixão e amor pelas almas cansadas, abatidas e perdidas,
Ele quer dar salvação às pessoas que não tem pastor, nem rumo certo na vida.

f) Os anjos não podem evangelizar

Os anjos queriam pregar o evangelho (1 Pe 1.12), porém Deus reservou esta


tarefa para os salvos. Os anjos por ser seres espirituais (Hb 1.14), não podem
testemunhar que Jesus os salvou, curou, livrou da tentação e do perigo.

V. ONDE E A QUEM EVANGELIZAR?


1) Onde Evangelizar (At 1.8)

a) Em “Jerusalém”: No bairro – evangelização por


todas as ruas e casas.

b) Na “Judéia”: Na cidade – evangelização visando


atingir todos os bairros e vilas.

c) Em “Samaria”: No País – evangelização visando


atingir todas as cidades, estados de uma
Nação.

d) “Confins da Terra”: Em todo o Mundo – Evangelização visando atingir todos os


paises.

Devemos evangelizar em todo lugar. Em casa, na rua, na escola, no trabalho, no


ônibus, no trem, no táxi, no avião, nas rodoviárias, nos aeroportos, no semáforo, nos
prostíbulos, nos motéis, nos hotéis, na porta dos cinemas, nas favelas, nos condomínios
fechados, na entrada dos supermercados, nos shopping´s center, nos quartéis militares,
enfim, onde estiver uma alma perdida.

2) A quem evangelizar?

A resposta é: a toda criatura. Seja ela preta, branca, amarela, parda, indígena; grande
ou pequena, magra ou gorda, bonita ou feia, pobre ou rica, todos podem ser alcançados pelo
amor de Deus (Mc 16.15).

Embora em algumas nações torna-se difícil à pregação do evangelho, devido ao regime


político existente, devemos lembrar que, na maioria dos países não existe proibição. No
Brasil, podemos aproveitar a liberdade que temos para propagar o Evangelho. Devemos
agradecer a Deus por essa liberdade de cumprir o Ide de Jesus em nosso país.
12

VI. QUANDO EVANGELIZAR?


a) Agora

“Pois ele diz: Ouvi-te em tempo aceitável, e


socorri-te no dia da salvação. Digo-te, agora
é o tempo aceitável, agora é o dia da
salvação”. (II Co 6.2)

O ser humano, normalmente, é imediatista; ele


deseja que as coisas aconteçam rapidamente, quando é do
seu interesse, porém quando se trata do interesse dos
outros, especialmente a evangelização, a coisa muda. São poucos que se interessam em
divulgar o evangelho de Jesus Cristo; quando trazemos para o seio da igreja, apenas 10%
dos crentes evangelizam, a maioria acaba deixando para depois; e o tempo vai passando, e
as almas vão perecendo sem Jesus. A ordem de evangelizar é urgente!

b) A tempo e fora de tempo

“Prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende exorta,


com toda a longanimidade e ensino”. (II Tm 4.2)

Devemos aproveitar nosso tempo bem. Ao programar nossas, é importante


reservarmos o espaço devido para falarmos de Jesus. Não podemos deixar as oportunidades
passar. O IDE de Jesus é urgente!

c) Hoje

“Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos


corações, como na provação” (Hb 3.15)

Não temos de lamentar o passado e muito menos nos preocupar com o futuro,
precisamos viver o presente. E é nele (no presente) que devemos ser testemunhas de Jesus,
como discípulos do Mestre.

d) Enquanto é dia

“Devemos fazer as obras daquele que me enviou enquanto é dia. A noite vem, quando
ninguém pode trabalhar”. (Jo 9. 4)

O ganhador de almas deve aproveitar todos os momentos e circunstâncias para


evangelizar “... enquanto é dia...”.

VII. MÉTODOS, ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS DE


EVANGELIZAÇÃO
Métodos:

A palavra método vem do grego “meta”


e “hodós”, que significa no caminho. É o caminho
que se usa para se chegar a um
determinado objetivo; é a maneira de se fazer
algo. Assim, se quero atingir pessoas com a
13
mensagem de Cristo, posso fazer de pessoa a pessoa, e então tenho o evangelismo
pessoal, posso fazer a um grupo, terei o evangelismo em grupo, ou posso fazer a uma
grande multidão de uma só vez, e terei o evangelismo em massa.

O diálogo de Jesus com a mulher samaritana (João 4) é um exemplo típico do


evangelismo pessoal; a evangelização de André com Pedro (Jo 1.40-42); Felipe com Natanael
(Jo 1.45); Paulo com o carcereiro (At 16.25-31), são todos exemplos de evangelismo pessoal.
Jesus pregando nas sinagogas da Galiléia (Mc 1.39); Jesus evangelizando os fariseus
(Mc 2.23-28); Jesus na casa de Zaqueu (Lc 19.5-10). São textos bíblicos que exemplificam o
evangelismo em grupo.

O exemplo do evangelismo em massa podemos destacar a segunda multiplicação dos


pães feita por Jesus (Mt 15.29-39); A samaritana evangelizando sua Cidade (Jo 4.28-30,39).

Evangelismo Pessoal:
14
Evangelismo em Grupo:

Evangelismo em Massa:

Estratégias:

Estratégia é uma expressão militar. A estratégia tem a ver com o lado operacional do
método. Em Lucas 9, Jesus envia seus doze apóstolos a pregar. O método pode ter sido de
evangelismo pessoal e de massa ao mesmo tempo. A estratégia foi o envio dos 12 ao mesmo
tempo; foi uma campanha. Em João 4, lemos o episódio do encontro de Jesus com a mulher
samaritana. O método de evangelismo que Jesus usou foi o pessoal. A estratégia foi passar
por Samaria, ao ir a Jerusalém, e ficar ali parado perto do poço de Jacó.

Em nossos dias, um culto ao ar livre é uma estratégia. O método do evangelismo é o


de massa. O evangelismo por telefone, o método é pessoal. A estratégia é utilizar os jovens
ou os casais da igreja.
15
Técnicas:

A técnica é o recurso material que usamos para executar o método. A maneira de


abordar a pessoa; como executar o plano de salvação. Usar folhetos como: “Como possuir
uma Vida Feliz”, ou “As quatro leis espirituais”, e outros semelhantes, é uma técnica. Jesus
começou a conversar com a mulher usando a água: “Dá-me de beber”. Esta foi à técnica.

Não estaremos totalmente errados se chamarmos tudo isso de método de


evangelização. No entanto, para fins didáticos, apesar de estratégias e técnicas fazerem parte
da execução do método, em termos específicos, cada parte dessa execução tem seu próprio
nome. Alguns estudiosos consideram o método a mesma coisa de estratégia.

Trabalhar com evangelismo dentro deste conhecimento ajuda na criatividade. Temos


que entender que os dias atuais exigem estratégias e técnicas adequadas a cada contexto
cultural. Não podemos empregar simplesmente recursos trazidos de outros países e traduzi-
los para serem usados no Brasil. O evangelista tem que estar habilitado tanto espiritualmente
como intelectualmente para criar programas de acordo com o novo contexto em que foi
introduzido.

Pode-se realizar o evangelismo em grupo nos colégios (método) através dos jovens
(estratégia) e com a exibição do “filme Jesus” utilizando um projetor (a técnica).
16

Vejamos outros exemplos:

Área de Evangelização Método Estratégia Técnica


Residências Evang. Pessoal -Formar grupos de - Aplicação do
3 componentes... Plano da salvação..
Feira Livre Evangelismo -Colocar equipes -Distribuição de
Pessoal/Massa nas entradas e Literatura...
saídas da Feira...
-Culto ao ar - Utilizar uma
livre... caixa de som com
microfone...
Aeroporto Evang. Pessoal -Recrutar jovens -Distribuição de
ou adultos que Folder (bilíngüe)...
saibam falar o
inglês ou
espanhol...
Trem/Ônibus/Táxi Evang. Pessoal -Criar equipe com -Aplicar o plano da
2 ou 3 salvação,
componentes distribuição de
literaturas...
Semáforos Evangelismo -Recrutar os -Distribuição de
Pessoal adolescentes da literaturas...
igreja... -Expor faixas...

Prostíbulos Evang. Pessoal -Formar equipes -Aconselhamento..


de casais
treinados...
Bairro de Boa Esperança – Evang. em -Realização de -Providenciar um
Parnamirim/RN Massa uma Cruzada serviço de som que
Evangelística; atenda as
Escolher um local expectativas da
adequado; cruzada...
Convidar um
pregador
evangelístico...
Grupos familiares Evangelismo - Convidar os - Estudar a bíblia
em Grupo vizinhos não
evangélicos...
Rádio/Televisão/Internet Evangelismo - Apresentação de - Providenciar o
em Massa um Programa; script do programa
- Escolher um bom - Leitura de uma
horário; crônica
- Definir um nome -Interação virtual
atraente; com o navegante...
-Criar um Site...
17

VIII. A EVANGELIZAÇÃO E O PROCESSO DA COMUNICAÇÃO

O processo da comunicação ajuda muito o


evangelizador (evangelista ou pregador), na hora da
transmissão da Palavra de Deus. É um assunto da área
da comunicação, mas que podemos trazer para
aplicarmos no assunto ora em questão. O evangelista não
deixa de ser um comunicador, ele é o comunicador das
Boas Novas de salvação.

A palavra comunicação vem do latim comunicare, que quer dizer: tornar comum. Daí
vem à conceituação de que “comunicação é o processo pelo qual um indivíduo transmite uma
verdade a outro indivíduo, a fim de modificar seu comportamento”. Em seu sentido mais
amplo, comunicação sugere a idéia de comunhão, de estabelecimento de um campo com as
outras pessoas, de divisão de informações, de idéias, de sentimentos. Como se vê isso tudo
coincide com a natureza da evangelização e da pregação.

O processo da comunicação possui os seguintes componentes: O emissor ou fonte; o


receptor ou recebedor; A mensagem; O canal; a Interferência e a Realimentação.

a) O emissor ou fonte

O emissor, no nosso caso, é o evangelista. Ele é o comunicador, a fonte de onde a


mensagem flui até alcançar os seus objetivos. O emissor pode se comunicar escrevendo,
falando, através dos gestos ou mímica. É indispensável que o emissor saiba manusear bem a
Palavra de Deus, além de raciocinar, escrever, ler e ouvir.

b) O Receptor ou recebedor

Já falamos do emissor agora vamos falar do receptor, que é a outra ponta da linha de
comunicação.

O receptor é o pecador ou o recebedor. O receptor (ouvinte, telespectador, o leitor,


etc) precisa ser envolvido pelo emissor. Caso o emissor não esteja auxiliado pelo Espírito
Santo fica difícil o receptor ouvir o que o emissor tem a dizer. É importante o emissor
conhecer bem o nível cultural, a situação religiosa e o contexto cultural do receptor. A fonte
deve saber localizar o pecador, deve ir até onde o receptor está. Foi o caso de Jesus com
Zaqueu. Jesus deixou a multidão e foi ao encontro de Zaqueu.

c) A Mensagem

Ainda estamos falando do processo da comunicação. Já vimos, bem objetivamente, o


emissor e o receptor. Agora vejamos a mensagem.
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A mensagem é o conteúdo que se quer revelar ao receptor, que se quer transmitir para
o pecador. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

d) O canal

O emissor precisa de um canal para que a mensagem seja levada ao recebedor.

O canal do ponto de vista do emissor pode ser exclusivamente oral, como a voz
humana, o rádio, a televisão; pode ser exclusivamente visual, como a escrita, sinais
luminosos, sinais manuais, música e pode ser oral e visual, como teatro, televisão,
conversação, cinema, discurso ao vivo. Todos estes são meios que o emissor pode usar para
enviar sua mensagem.

No ponto de vista do receptor os canais são assim enumerados: Audição, Visão, Tato,
Olfato e paladar; são os sentidos humanos.

e) Interferência

Um fator muito interessante no processo da comunicação chama-se interferência.


Interferência é tudo aquilo que pode afetar, deformar, desviar, interromper ou
neutralizar a mensagem. Exemplos: Ruídos, choro de criança, movimentação no auditório,
uma lâmpada com defeito, piscando, alguém conversando, a televisão ligada durante a
explanação da Palavra, há uma cruzada em determinado lugar; ao mesmo tempo há uma
festa próxima (show, baile, uma festa religiosa, etc), isso interfere na mensagem.

f) Realimentação

Finalmente, em todo o processo de comunicação há a realimentação, que é a resposta


que se tem à sua comunicação. Isto é, é o meio pelo qual o comunicador fica sabendo se a
mensagem chegou do outro lado ou não. Caso ela não tenha chegado ele deve
imediatamente cuidar de consertar e codificá-la melhor, a ponto de fazê-la chegar de forma
compreensível e legível.

*Gráfico Indicativo do Processo

MENSAGEM

Interferência

Emissor CANAL Receptor

Interferência

REALIMENTAÇÃO
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*Gráfico Simplificado

Realime
n-tação
Emissor

Interfe-
rência

Receptor
Mensa-
gem

Canal

IX. COMO EXECUTAR A EVANGELIZAÇÃO

Toda evangelização deve possuir uma seqüência lógica. O


evangelista deve saber começar, desenvolver e concluir a
mensagem.

Seis passos que um evangelista deve dar:

1. Levar o pecador a se convencer de que é pecador:

a) Todos são pecadores – Rm 3.23


b) Várias manifestações do pecado – Gl 5.19-21

2. Levar o pecador a se convencer de que está condenado por causa de seus


pecados:

a) Está separado de Deus – Rm 3.23


b) Tem como salário a morte – Rm 6.23
c) Está condenado ao tormento eterno – Lc 16.19-31

3. Levar o pecador a compreender a providência tomada por Deus para sua


situação:

a) Enviou Jesus por amor – Jo 3.16


20
b) Jesus morreu pelos pecadores – I Co 15.3,4

4. Levar o pecador a compreender o que precisa fazer, de sua parte, para


alcançar a salvação:

a) Arrepender-se – Ez 18.31; Is 55.7.


b) Crer em Jesus como salvador – At 16.31; Jo 5.24; 6.47.
c) Confessar os pecados ao Senhor – I Jo 1.9; Rm 10.9,10.
d) Invocar o nome do Senhor – Rm 10.13
e) Receber o Senhor Jesus no coração – Ap 3.20

5. Mostrar ao pecador a obra que Cristo realizará nele e a seu favor, se ele
satisfizer às condições estabelecidas por Deus:

a) Deus perdoa o pecador

“... ainda que os vossos pecados sejam como a escarlate, eles se


tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o
carmesim, se tornarão brancos como a lã.” (Is 1.18)

b) Deus regenera o pecador

“E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já


passaram; eis que se fizeram novas.” (II Co 5.17).

c) Deus justifica o pecador

“Esta é a aliança que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor:
Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seu
entendimento”. Então acrescenta:
“E jamais me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades” (Hb
10.16,17).

d) Deus torna o pecador seu filho

“Mas a todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-
lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12)

e) Deus dá ao pecador a vida eterna

“Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em
condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24; 6.47).

6. Fazer o convite ao pecador

Depois de apresentar o evangelho ou o Plano de Deus para Salvação do homem, o


evangelista deve, em oração, tentar levar o pecador a se entregar a Cristo. Se ele quiser
deixar para mais tarde, o evangelista deve usar as seguintes passagens, para mostrar-lhe o
perigo da demora e da indecisão: Hb 3.15; Tg 4.14.
21

Além de o evangelista saber como começar e terminar uma evangelização, é


fundamental ele realizá-la com AMOR (Gl 2.20; 2 Co 5.14), FÉ, PERSEVERANÇA, SABEDORIA
e com CORAGEM (Hb 10.36; Tg 1.5; Nm 14.7-9).

X. NORMAS PRÁTICAS

O bom evangelizador deve ser disciplinado, deve saber


se portar diante do receptor ou pecador, como também
deve se controlar diante das adversidades.

Observemos algumas normas práticas:

1) Ser atencioso;
2) Falar com convicção;
3) Não discutir desnecessariamente;
4) Dar ênfase a Jesus e não a igreja;
5) Saber usar a Palavra;
6) Ser perseverante;
7) Evangelizar com oração;
8) Evangelizar com sabedoria;
9) Ser cortês. Saber dizer não;
10) Quando em equipe cada uma falar de cada vez;
11) Procurar ouvir o pecador, mas não deixar que ele conduza a evangelização;
12) Pedir para ele mesmo ler o trecho que você indicar na Bíblia;
13) Falar ao pecador de sua experiência com Cristo;
14) Antes de sair para evangelizar procurar ler a bíblia, marcar os versículos
apropriados para uma boa evangelização, jejuar e ORAR MUITO.

XI. TIPOS DE DESCULPAS OU PESSOAS ENCONTRADAS NA


EVANGELIZAÇÃO

Estritamente falando, ninguém diante de Deus tem desculpas


de não estar salvo, mui especialmente após ouvir o Evangelho. A
Bíblia diz que o homem é indesculpável (Rm 1.20; 2.1). Vejamos
agora alguns tipos de desculpas:

1. “Para mim não há solução. Deus não me aceita mais. Sou pior dos
pecadores”. Resposta Bíblica: Mt 9.13; Lc 19.10; Jo 6.37

2. “Quando eu sentir vontade, procurarei ser crente”. Resposta


Bíblica: Ap 3.20
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3. “Toda religião é boa: eu sendo sincero é o que importa” Resposta Bíblica: Jo 14.6; Lc
13.3.

4. “Há muita coisa na Bíblia e no meio evangélico que não consigo entender” Resposta
Bíblica: Lc 24.45; I Co 2.14.

5. “Eu já sou justificado, não preciso aceitar a Jesus” Resposta Bíblica: Rm 3.10.

6. “Não preciso de salvação...” Resposta Bíblica: Jo 3.36;

7. “Eu não sou pecador...” Resposta Bíblica: Rm 3.23; 1 Jo 1.10.

8. “Não acredito que Jesus salva...” Resposta Bíblica: Jo 3.18.

9. “Existe vários caminhos que levam o homem a Deus, importa seguir algum...” Resposta
Bíblica: Jo 14.6.

10.“Sou pecador demais para ser salvo” Resposta Bíblica: Lc 19.10

11. “Eu sou uma pessoa tão boa quanto àqueles que vão á Igreja” Resposta Bíblica: Gl 2.16

12.“Terei de abandonar muitas coisas que aprecio, inclusive, meus amigos” Resposta Bíblica:
Tg 4.4; Lc 8.36.

13. “Já sou salvo” Resposta Bíblica: Pv 14.12; Jo 3.36.

14.“Eu já tenho a minha religião. Não preciso de outra.” Resposta Bíblica: At 2.21; Ef 2.8,9.

15.“Vou ser zombado pelos meus colegas, caso aceite a Jesus”


Resposta Bíblica: Pv 24.1,2; Mt 5.11,12.

16.“Hoje não, noutro dia eu aceito”. Resposta Bíblica: 2 Co 6.2; Pv.


XII. FORMULÁROS IMPORTANTES NUMA PRÁTICA DE EVANGELIZAÇÃO
a) Ficha de decisão/visita:
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b) Relatório:
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c) Mapa do Bairro
Assunto II: DISCIPULADO

INTRODUÇÃO

A evangelização sem o trabalho de assistência aos


novos convertidos fica incompleta. As estatísticas atuais
mostram que a maioria daqueles que aceitam a Jesus não
permanecem. É importante refletirmos sobre essa
realidade. Apenas 1% dos membros das igrejas evangélicas
fazem o trabalho de assistência aos novos decididos.
Observe o texto de Mt 28.19-20, que diz: “Portanto ide,
ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo; Ensinando-as a guardar todas as
coisas que eu vos tenho mandado, e eis que estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos”.

Tão importante quanto pregar, anunciar as boas


novas de salvação é ensinar, cuidar, zelar e acompanhar o crescimento espiritual das
vidas que aceitam a Jesus. A ordem imperativa do IDE de Jesus é também para
ensinar a todos.

Jesus tanto foi um grande pregador como um grande ensinador. O apóstolo


Paulo pregava, ensinava, instruía e assistia aos novos da fé.

O processo de formação de discípulos começa com a pregação e, em havendo


conversão, segue-se a integração com o ensino, e este culminará com no batismo. É
importante que nesse processo haja continuidade. Começar evangelizando ou
pregando e não dar continuidade com ensino e batismo, estaremos formando apenas
religiosos e crentes superficiais. Jesus nos chamou para darmos frutos e que os
nossos frutos permaneçam, para isso, é necessária assistência constante.

I. DEFINIÇÕES IMPORTANTES

a) O QUE É ASSISTÊNCIA AOS NOVOS CONVERTIDOS

É um trabalho de aconselhamento espiritual realizado por


uma ou mais pessoas, visando firmar o novo crente nos
caminhos do Senhor e levá-lo a ser discípulo de Jesus.

b) O QUE É DISCÍPULO

A palavra grega traduzida como “discípulo”, mathetés, é usada 269 vezes nos
Evangelhos e em Atos. Significa pessoa “ensinada” ou “treinada”.

No Evangelho de João, Jesus define a palavra discípulo de três maneiras:


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1ª) Discípulo é um crente que está envolvido com a palavra de Deus de


maneira contínua. “Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós
permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos” (Jo 8.31).

2ª) Discípulo é alguém que dá a sua vida pelos outros. “Um novo mandamento
vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também
vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se
tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.34,35).

3ª) Discípulo é alguém que permanece diariamente em uma união frutífera com
Cristo. Jesus Disse: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós...” (Jo 15.4,5).
Discípulo é o crente que está crescendo em conformidade com a Palavra de
Deus, seguindo os passos de Cristo, dando frutos no evangelismo e aconselhando
pessoas a seguir a Jesus.

c) O QUE É DISCIPULADO

Discipulado não é um dom de alguns privilegiados, é uma missão de todos que


são chamados para ser discípulos de Jesus.

O discipulado vai além da evangelização. Quando discipulamos alguém,


estamos assumindo um compromisso com o novo convertido e, acima de tudo, com
Deus. Em regra geral um compromisso sério não é algo instantâneo pois requer
tempo e dedicação constantes.

Discipulado “é o trabalho de preparação espiritual, através do qual o novo crente


atinge a maturidade espiritual e a possibilidade de gerar outros crentes”
(Gary W. Kuhne)

Discipulado é um ministério ou missão de conduzir pessoas a ter um


compromisso total com Deus e levá-las a fazer discípulos.

II. POR QUE DISCIPULAR?

a) É um mandamento de Jesus

Para que o objetivo da Grande Comissão seja


cumprido, é importante “fazer discípulos”. Só se faz
discípulo, cumprido-se o IDE imperativo do ENSINAR.
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“Chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no


céu e na terra. Portanto, _________ e _______________________ de todos
os povos, _______________ em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
________________ a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...”
(Mt 28.18-20)

b) É a melhor maneira do Crente se envolver na Obra de Deus

Cerca de 50% dos crentes são realmente envolvidos com algum trabalho na
igreja local. Quanto ao trabalho de discipulado na igreja temos apenas 1% de
envolvidos.

Esse quadro precisa mudar! O crente que discipula estará contribuindo para a
mudança da realidade atual, de que 60% das pessoas que aceitam o evangelho, em
apenas quinze dias, se perdem, deixam Jesus.

O trabalho de discipulado é uma grande oportunidade de integração tanto para


novo convertido como para o crente antigo da igreja local.

c) É a maneira mais eficiente do crente alcançar maturidade cristã

Maturidade nem sempre é sinônimo do tempo durante o qual uma pessoa faz
parte de uma igreja. Maturidade cristã está relacionada com o crer, praticar e ensinar
a Palavra de Deus.

Quando o crente ensina a Palavra de Deus para outro iniciante na fé, ele estará
crescendo espiritualmente e alcançando cada vez mais a sua maior idade cristã.

III. QUEM PODE DISCIPULAR?

a) Aquele que entende o


significado da Grande Comissão

Não adianta assistir ou


acompanharmos o crescimento
espiritual do novo convertido, sem
entendermos ou compreendermos
o verdadeiro sentido da Grande
Comissão. Fazemos parte dela para
proporcionarmos a multiplicação de discípulos aqui, ali e além.

Ainda nos dias atuais, algumas pessoas pensam que a ordem de “fazer
discípulos” foi endereçada somente a um grupo especial, como evangelistas, pastores
ou missionários. Absolutamente não.
29

Não basta apenas estar ciente da mensagem. Entender aqui significa obedecer.
Se entendermos o significado da Grande Comissão, mas não “movemos uma palha”
no sentido de torná-la prática, então estamos ainda em desobediência ou ignorantes
quanto ao assunto Grande Comissão.

b) Aquele que aprendeu a ser discípulo

Somente depois do reencontro de Jesus com Pedro, após a sua ressurreição, é


que ele conseguiu pregar o maior sermão da história da Igreja. Até então, Pedro não
havia experimentado uma renovação autêntica. Podia ser considerado um bom crente,
mas não um bom discípulo.

Outro a dar um testemunho prático do seu discipulado foi João, o apóstolo do


amor. Leia I João 1.1-3. Ele afirma que os seus ensinos foram baseados no que ele
mesmo viu e ouviu.

Já aprendemos que Discípulo “é o crente que está crescendo em conformidade


com Cristo, dando frutos no evangelismo e fazendo o aconselhamento pessoal deles
para garantir sua permanência”.

IV. OBJETIVO CENTRAL DO DISCIPULADO


O objetivo central do ministério de discipulado é
frutificação ou multiplicação, ou seja, enquanto o novo
convertido não estiver preparado para ganhar outros para
Jesus e integrá-los à Igreja, levá-los a ter uma vida cheia do
Espírito Santo; encaminhá-los a praticar o fruto do Espírito
(Gl 5.22), o objetivo ainda não foi alcançado.

Observemos o exemplo bíblico de MUTIPLICAÇÃO ESPIRITUAL, através do


ministério do Discípulo ANDRÉ:

Nos Evangelhos, André estava sempre trazendo pessoas para Jesus. Ele levou o
seu irmão, Simão (Veja João 1.40-42); este Simão se tornou Pedro, o gigante da fé.
André encontrou o menino cujo lanche Jesus multiplicou para alimentar cinco mil
pessoas (Jo 6.8,9).

Contudo, foi ao alcançar o seu irmão Pedro, que o ministério de André se


estendeu até os nossos dias. No Pentecostes, Pedro evangelizou milhares de judeus
(At 2). Os que se converteram em Jerusalém mais tarde saíram de lá por causa da
perseguição (At 8.1-4) e viajaram para Antioquia (At 11.19), onde outros judeus se
converteram através da evangelização pessoal deles. Quando Pedro cresceu em
graça, depois da ressurreição, Deus lhe deu poder para abrir a porta para a conversão
dos gentios, quando Cornélio e sua família creram (At 10).

Isto é multiplicação; desde André, a Pedro, aos milhares convertidos em


Jerusalém e a primeira igreja missionária em Antioquia. André realizou a sua pregação
através da evangelização pessoal; ele levou pessoas a Jesus uma por uma. Ao levar o
30

seu irmão Pedro a Cristo, André participou das recompensas de tudo o que Simão
Pedro mais tarde realizou para o reino de Deus.

V. TIPOS DE DISCÍPULOS
a) Inconseqüentes

“E aconteceu que, indo eles


pelo caminho, lhe disse um:
Senhor, seguir-te-ei para onde
quer que fores. E disse-lhe
Jesus: As raposas têm covis, e
as aves do céu, ninhos, mas o
Filho do Homem não tem onde
reclinar a cabeça” (Lc 9.57,58).

Este homem ofereceu-se espontaneamente. Atitude louvável. Decidiu


irrefletidamente, sem avaliar as conseqüências. A resposta dura de Jesus não visava
desanimá-lo, mas instruí-lo.

A sua atitude demonstrava que ele não conhecia a si próprio, o Senhor, e a


extensão do discipulado.

b) Soft

“E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor deixa que


primeiro eu vá enterre meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos
mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o Reino de
Deus” (Lc 9.59,60).

A palavra soft, em inglês, quer dizer: suave, brando, cortês. É o famoso


“devagar”. Aqueles que valorizam conforto e segurança, acima dos interesses do
Senhor, não podem ser bons discípulos.

c) Indeciso

“Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir


primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém que
lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lc
9.61,62).

Mediante a resposta do Senhor, entendemos que os motivos daquele homem


não eram legítimos. Ele estava indeciso. Jesus percebeu bem isto e o repreendeu.
31

VI. DISCIPULADO NO ANTIGO TESTAMENTO

1) Moisés

Embora com outro nome, o Antigo


Testamento já tratava desse assunto desde os
tempos de Moisés. Josué seguia à risca as
ordenanças e ensinos de Moisés (Ex 24.13) e
assimilou bem os ensinamentos de seu mestre.
Quando o ministério de Moisés findou, o Senhor
não teve dificuldades em escolher seu substituto
(Dt 3.28).

2) Eli

Eli falhou no discipulado de seus filhos, mas participou ativamente do


discipulado do jovem Samuel, que mais tarde, além de substituí-lo, tornou-se profeta
e juiz em Israel (1 Sm 3.20,21).

Samuel participou do discipulado de Saul, de Davi. Davi por sua vez, discipulou
Salomão (Pv 4.3).

Salomão, por sua vez, não conseguiu repassar com êxito bons ensinamentos
aos seus filhos.

3) Eliseu e Elias

O curso de Eliseu durou onze anos. Nesse período, ele aprendeu a exercer o
ministério profético e a viver como tal. No final do curso, Eliseu recebeu porção
dobrada para o exercício do ministério e também realizou duas vezes mais milagres
que Elias. Elias realizou apenas 8 milagres e Eliseu realizou 16.

VII. DISCIPULADO NO NOVO TESTAMENTO


1) André

André era especializado


em aproximar pessoas de Jesus.
Ele desempenhava essa função
com muito sucesso. Depois de
conhecer a Jesus, foi
imediatamente buscar Simão
Pedro, seu irmão, e o apresentou
a Jesus (Jo 1.40-42).
32

2) Barnabé

Seu nome significa “filho da consolação” (At 4.36). Como o próprio significado
do seu nome indica, esse levita, natural de Chipre, era um homem de coração aberto
para a obra de Deus. Foi ele quem teve a ideia inicial de vender uma de suas
propriedades para ajudar os necessitados.

Quando Saulo se converteu, ninguém acreditou. E tinha motivos. Mas Barnabé


não teve dificuldade em apresentar o novo discípulo aos apóstolos (At 9.26-28).

Barnabé revelou também, João Marcos, seu sobrinho, como um dos grandes
evangelistas da cristandade.

3) Paulo

Paulo discipulou Áquila e Priscila. Estes discipularam Apolo (At 18.24-28). Paulo
discipulou Tito, que foi pastor em Creta. Em Creta Tito discipulou muitos presbíteros
que, conseqüentemente, discipularam muitos outros crentes.

Paulo discipulou Lucas. Lucas discipulou Teófilo (Lc 1.1-4; At 1.1). Paulo
discipulou Timóteo, que discipulou homens fiéis, para que estes discipulassem outros
e outros homens fiéis (2 Tm 2.2).

4) Jesus

Jesus foi o exemplo maior de discípulo na Bíblia. Ele via as pessoas como
“ovelhas”, e não como objetos, que completassem suas paixões pessoais. Jesus via as
pessoas como necessitadas de um Salvador, e não como um comerciante sovina, que
espera algo em troca. Jesus via as pessoas como escravas de Satanás, por isso, tudo
fazia para libertá-las, e não como um pastor mercenário.

VIII. QUALIDADES QUE O DISCIPULADOR PRECISA


CULTIVAR

a) Confiança no Poder do
Evangelho

Em Rm 1.16 o apóstolo Paulo diz:


“Não me envergonho do evangelho, pois é o
poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê; primeiro dos judeus, e
também do grego”

O discipulador deve ter essa convicção


que o irmão Paulo teve, a confiança que o
evangelho tem poder para transformar o mais miserável pecador em uma nova
criatura.
33

b) Dedicação e Perseverança

Podemos comparar o trabalho de discipulado com o trabalho de um agricultor.

O bom agricultor sabe que a semente plantada pela manhã não vai dar fruto na
tarde do mesmo dia. Precisa existir todo um preparo, uma dedicação e uma
perseverança no seu trabalho. Ele tem que escolher a semente, o terreno, preparar o
terreno, adubar, executar a plantação, irrigar, podar e por fim, colher e selecionar os
frutos.

É por isso que são poucos os discipuladores. Sem dedicação e perseverança não
há boa colheita.

c) Fé/Amor

O discipulador precisa realizar o seu trabalho acreditando que o Espírito Santo


está atuando e transformando a vida do novo decidido, deve crer no poder da Palavra
de Deus.

O trabalho de assistência aos novos convertidos é um trabalho que exige muita


fé e muito amor. O amor gera cuidado, dedicação e perseverança.

d) Total dependência do Espírito Santo

Jesus e os discípulos dependeram do Espírito Santo. Todo bom discipulador


deve depender do Espírito Santo. Ele é o orientador, o ajudador, o professor por
excelência, etc.

O discipulador precisa acreditar que o Espírito Santo é quem irá convencer o


pecador e ajudá-lo no seu crescimento espiritual, através do seu trabalho.

IX. PROGRAMA DE ACONSELHAMENTO


a) Cinco áreas de verdades espirituais que deve
existir em todo programa de aconselhamento:

1ª Área:

Ajudar o novo crente a obter certeza da


salvação e de sua aceitação perante Deus.

2ª Área:

Ajudar o novo convertido a observar o seu momento devocional diário.

3ª Área:
34

Ajudar o novo convertido a entender os princípios básicos da vida


abundante em Cristo.

4ª Área:

Ajudar o novo convertido a integrar-se na vida de uma igreja de sua


comunidade.

5ª Área:

Ajudar o novo convertido a saber falar a outros de sua fé.

b) Elementos de um programa de assistência total ao novo convertido:

b.1) Aconselhamento em Grupo

Aconselhamento em grupo é a assistência ao novo convertido feito pela


igreja, ou por um grupo de comissão de visita ou na classe dos novos
convertidos na Escola Dominical.

Geralmente as Assembleias de Deus utilizam as revistas Discipulado da


Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), ou um outro material
apropriado.

b.2) Estudo Individual

São as atividades a que o novo crente se dedica sozinho. É quando o


novo convertido faz a leitura diária da Bíblia, a leitura de bons livros, estudo
bíblico ou cursos por correspondência.

É importante o discipulador acompanhar discretamente o Estudo


Individual do novo convertido, pois o mesmo poderá está se apropriando de
determinadas literaturas que venham prejudicar o seu crescimento espiritual,
esse acompanhamento deverá ser também no sentido de colher registros.

b.3) Aconselhamento Pessoal

É um relacionamento espiritual entre um crente maduro e um crente


novo na fé, com o objetivo de levar o segundo a obter um crescimento
espiritual e pessoal com Deus.

É a assistência ao novo convertido através de aulas em sua própria casa,


na igreja ou em outro lugar de sua preferência. Aconselhamento Pessoal
fortifica o novo crente, promove mudanças de comportamento. Dos quatros
elementos é o mais eficiente.

b.4) Integração na Igreja

É a atividade ou dom de saber receber e envolver os novos convertidos


entre os demais irmãos na igreja.
35

Na igreja o processo de integração do novo decidido começa com uma


boa recepção, acolhimento e atenção por parte dos membros e congregados e
recepcionistas, seguidos de reuniões de novos convertidos. A visita permanente
é uma outra maneira de integrar o novo convertido na igreja. Levar o novo
convertido a integrar um grupo de louvor, um conjunto ou coral. É importante a
igreja realizar, mensalmente, o Culto de novos convertidos, onde os mesmos
contarão suas experiências espirituais com Deus.

c) Quando começar o programa de aconselhamento

Imediatamente após a conversão. Se possível, no mesmo dia da decisão. Um


telefonema, uma visita, uma carta ou um e-mail, um telegrama é muito importante
para começar a missão de fazer discípulo.

Não podemos deixar para a semana seguinte. A bíblia narra que foi enquanto os
homens dormiam que o inimigo foi à noite e semeou o joio (Mt 13.19,25). Ao deixar
para a semana seguinte corre-se o risco de perder tudo.
Observem no quadro abaixo Quantos Ganhamos e Quantos Perdemos:

FALTA DE DISCIPULADO NAS IGREJAS

150

100 PESSOAS

50

0
Data 2 semanas Antes do Total de 5 anos
Decisão depois batismo batizados depois

Fonte: Manual do Discipulador Cristão, CPAD, 2003.

Por falta de um programa de aconselhamento ou falta de discipulado nas


igrejas, perdemos 60% dos novos convertidos em apenas 2 semanas. Isso é um
desafio que está posto para aqueles que amam a Obra do Senhor. Precisamos
reverter esse quadro urgentemente.

Parnamirim/RN é a Cidade do Brasil mais evangelizada em termos


proporcionais, isto nos alegra, por outro lado nos entristece saber que também é a
cidade que possui um dos maiores índices de afastados ou desviados do evangelho
no Brasil.

Estamos cumprindo apenas o primeiro IDE de Jesus (pregar), e o segundo IDE


de Jesus (ensinar) estamos negligenciando?
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A formação do discípulo começa com a PREGAÇÃO, seguida de INTEGRAÇÃO, o


ENSINO, depois o BATISMO.

X. MÉTODOS DE ASSISTÊNCIA AO NOVO CONVERTIDO


a) Método Coletivo

Este método é o mais usado nas igrejas locais. Não é o


fato de ser o mais usado que lhe dá credencial para ser o
mais eficiente ou eficaz método.

É o método em que o discipulador ministra o ensino a


um grupo determinado de pessoas novas convertidas.

Você pode executá-lo através das classes da Escola


Dominical, através das reuniões mensais dos Novos decididos
e através dos cultos da igreja.

b) Método Individual

É o método mais eficiente usado nas igrejas locais. É o método em que o


discipulador ministra a assistência a uma pessoa de maneira individual.

XI. ORIENTAÇÕES GERAIS AOS DISCIPULADORES


1. Não seja um discipulador com excessivo zelo. Não
precisa excesso;

2. O discipulador não deve tomar o lugar de Deus. O


discipulador deve ensinar o discípulo a andar sozinho;

3. Não deve ser autoritário;

4. Não deve existir ameaças “espiritualizadas”; Ex. “Se


você não fizer assim... o Senhor vai lhe castigar”;
5. Cuidado com expressões ambíguas. Ex. Chamar o
crente de bebezinho, irmãozinho, etc.

6. Não perca tempo com assuntos triviais. Vá direto ao objetivo;

7. Não comente os problemas da igreja (se houver), nem os defeitos do pastor;

8. Trate dos problemas do novo discípulo como conselheiro. Não chore nos seus
ombros;

9. No momento da decisão: Não espere ser chamado. Vá ao encontro do novo


convertido; Acomode-o e oriente-o; Permaneça ao lado dele até a oração final;
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Após a oração cumprimente-o olhando nos seus olhos; Preencha a ficha de


decisão; convide-o para vir a próxima Escola Dominical; Entregue a agenda de
trabalhos da igreja; Apresente-o uma carta de boas vindas.

10. Não seja inoportuno, nem pegajoso;

11. Na igreja não deixe o novo convertido desambientado;

12. Faça ambiente de amizade no meio da igreja;

13. Incentive o novo convertido a falar. Fale menos e escute mais;

14. Sempre demonstre interesse em ajudá-lo;

15. Procure respeitá-lo, ser educado e agradável;

16.Não fale mal das pessoas ou de religião. Dê ênfase a Cristo;

17. É bom que o discipulador seja sempre do mesmo sexo;

18. Quando sentir a falta do novo convertido na igreja é importante ligar para
ele ou fazer uma visita;

19. Indicar sempre bons livros para o novo convertido.

XII. MATERIAL IMPORTANTE UTILIZADO PELO


DISCIPULADOR
É extremamente importante que o discipulador esteja
sempre munido da Bíblia Sagrada, Ficha de Decisão e de
Visita, Evangelho de João, Carta de Boas Vindas, Mapa de
Visitas, Relatório, Lições Bíblicas, em fim, tudo que venha
auxiliar e facilitar o trabalho de assistência ao novo
convertido.

CONCLUSÃO

Disse Jesus a seus discípulos: A seara é realmente grande, mas os ceifeiros são
poucos (Mt 9.27). Diante desta afirmativa não podemos cruzar os braços e ficarmos
apenas dentro de “quatro paredes”. Fazemos parte da Grande Comissão, e por isso
não podemos deixar de levar as boas novas de salvação, o evangelho de Jesus Cristo
às almas que estão perecendo, sem Deus e sem Jesus.

Estudar evangelismo e discipulado é muito importante para melhorar nossos


conhecimentos teóricos, porém o mais importante é praticá-los. Estudamos, entre
muitos outros assuntos, sobre as finalidades da evangelização e do discipulado, por
que evangelizar, quem pode evangelizar e discipular, onde e a quem evangelizar,
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quando e como evangelizar, os métodos de evangelismo e discipulado, as estratégias


e as técnicas de evangelização, porque discipular? tipos de discípulos, etc.

Com este trabalho não tivemos a pretensão de esgotar o assunto aqui


abordado, mas espero que o conteúdo aqui exposto sirva de motivação e referencial
para que a Palavra de Deus seja pregada com eficiência e ensinada com zelo, e que
através da unção do Espírito Santo possamos multiplicar o Reino de Deus.

BIBLIOGRAFIA

1. ALMEIDA, João Ferreira de. [trad.] Bíblia de estudo pentecostal. Ed. Revista e
Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
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Campinas/SP.
6. FERREIRA, Damy. Evangelismo total. Rio de Janeiro: JUERP, 1990.
7. KUHNE, Gary W. O discipulador dinâmico. 1. ed. Belo Horizonte: Betânia,
1981.
8. LEITE FILHO, Tácito da Gama. Evangelismo missão de todos nós. Rio de
Janeiro: CPAD, 1981.
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11. MELO, Ciro. Manual do discipulador cristão. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD,
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12. MOORE, Waylonb. Multiplicando discípulos. 2. ed. Rio de Janeiro: JUERP,
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Janeiro: CPAD, 1984.
15. SOARES, Ezequias. Evangelismo e missões. Lições bíblicas – jovens e adultos.
3º trimestre. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
16. WALKER, Luisa J. Evangelização dinâmica. Miame: Vida, 1987.
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Propaganda.

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