Artigo Valência Verbal - Welker
Artigo Valência Verbal - Welker
Artigo Valência Verbal - Welker
1, 2005 (73-100)
1
Os três dicionários citados e mais alguns outros foram analisados
brevemente em Welker (2003, p.178-203).
2
Borba (1996a) não cita nenhum trabalho brasileiro sobre a valência ou a
dependência, mas existe, por exemplo, a dissertação de Raulino Bussarello
“Contribuição lingüística do modelo dependencial de Lucien Tesnière para
o estudo do Latim em cursos de Letras” (PUC-RS, 1981). Ignácio (1996,
1997) inclui na bibliografia sua Tese de Livre-Docência “Para uma tipologia
dos complementos verbais do português contemporâneo do Brasil” (UNESP,
Araraquara, 1984), à qual não tive acesso. Portanto, não sei se trata da
valência. Ele próprio não a menciona em Ignácio (2000).
Valência lógica
3
Todas as traduções são minhas.
Valência semântica
4
Enunciado tirado do DGV.
Valência sintática
5
Exemplos tirados do DGV.
A valência pragmática
Valência sintático-semântica
6
“[A valência semântica diz] respeito às características categoriais (traços
que compõem cada uma das categorias: N+anim; +hum; +cont, etc.), às
funções temáticas (= papéis) como agente, causativo, beneficiário,
experimentador, etc., e às restrições selecionais que determinam quais classes/
subclasses de itens [...] preenchem os argumentos [...].” (p.21) Eu prefiro
reservar o termo valência semântica para os casos profundos, que se
manifestam na superfície de várias maneiras; já as restrições selecionais –
que também são semânticas – limitam a escolha dos complementos na
superfície; ou seja, determinado complemento (indicado pela valência
sintática) tem que pertencer a determinada categoria. Por isso, uso o termo
valência sintático-semântica.
7
Expressões como “o sujeito é uma pessoa/coisa” são abreviações feitas
por comodidade significando “no lugar do sujeito/complemento é usado um
lexema ou nome (substantivo, pronome ou nome próprio) que designa seres
humanos / coisas”. No próprio DGV, encontram-se, às vezes, expressões
abreviadas como “sujeito humano” (por exemplo, no verbete comer).
OS TRÊS DICIONÁRIOS
O DGV
pelo verbo (em cada uma de suas acepções); para esses últi-
mos, informa-se ao usuário se deve ser usada alguma preposi-
ção ou se o complemento é de um tipo especial, como, por
exemplo, “de modo” ou “oração conjuncional”.
O fato de certos complementos serem facultativos é
expresso pela observação “apagável”. Assim, em Essa histó-
ria não me cheira bem, o pronome me é considerado apagável.
Muito freqüentemente são apresentadas restrições
selecionais para o sujeito e os outros complementos mediante
a indicação de traços semânticos como “humano”, “concre-
to”, “abstrato”, “concreto não-animado”, “instituição”.
Às vezes, as informações semânticas são mais preci-
sas; por exemplo, informa-se que determinado complemento
tem que ser um nome “designativo de espaço”, “concreto visí-
vel”, “designativo de objeto cognitivo”, “designativo de produ-
ção lingüística”, “indicativo de sabor ou som”, “designativo de
pedra de jogo de xadrez ou de damas”. Chamo essas restri-
ções de restrições semânticas, em oposição às restrições
selecionais (as quais também são semânticas, porém mais ge-
rais).
Mais raramento, fazem-se observações – em letra me-
nor – sobre situações específicas; por exemplo, tendo em vis-
ta que comer, em determinada acepção, significa “engolir para
se alimentar”, explica-se que, com “sujeito humano”, o verbo
pode significar “tomar uma refeição”.
b) Valência semântica
Curiosamente, os casos semânticos – ou profundos –
são informados apenas em relação ao sujeito, enquanto a Te-
oria dos Casos prevê a indicação para todos os argumentos.
Segundo o “Glossário” anexo à introdução do DGV, são
diferenciados os casos agente, beneficiário, causativo,
8
Informações sobre os casos profundos dos argumentos podem ser
necessárias em certos programas computacionais, por exemplo, na tradução
automática; porém, aquelas dadas num dicionário somente são úteis se a
conceituação (divisão e definição) dos diversos casos no dicionário coincide
com aquela do programa.
O DUP
9
Causa estranheza que não haja nenhuma bibliografia em Borba (1996b) e
Borba (1997) e que nos outros três trabalhos existam pouquíssimas
referências bibliográficas. O leitor não é informado de onde provêm os
conceitos teóricos. Somente Ignácio cita Ignácio (1984) e Chafe (1970).
Este último é ainda citado em Neves (1996), um artigo no qual o DUP é
mencionado apenas numa nota de pé de página. Ignácio (2000) faz referência
tanto a Tesnière quanto a Chafe.
O DVAP
10
No presente trabalho, só é levado em consideração a valência verbal. No
que concerne aos substantivos, adjetivos e advérbios, o DUP oferece o
resultado de um trabalho extraordinário de classificação. Porém, enquanto
as informações a respeito da valência dos substantivos e adjetivos são
necessárias (pois o usuário precisa saber quando se diz metido em ou metido
com e que enaltação pode ter um complemento precedida das preposições
a ou de), pode-se duvidar da utilidade de indicações como “qualificador de
nome concreto não-animado” para encaixável. E, num dicionário que objetiva
ajudar na produção de textos, deve ser criticado o número insuficiente de
marcas de uso (ou “informações pragmáticas”). Visto que tais marcas faltam,
por exemplo, em hostes, imorredouro, incola, incólume, irar, tréfego, parece
que esses lexemas encontram-se no mesmo nível estilístico (registro) que na
fossa e treco (cf. Welker, 2003, p. 144). Quanto a erros, eles ocorrem no
DUP como em todos os dicionários, devendo ser eliminados em futuras
edições; por exemplo, diversas vezes a valência nas abonações é diferente
daquela indicada (comprazer, acepção 2, compreender 3, dobrar 15, 16).
11
Além disso, há um número maior de marcas de uso do que em outros
dicionários, pois elas são essenciais para quem quer empregar os lexemas.
Cf. a crítica na nota anterior.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS