Nota Tecnica 955 2023 CGUNE DICOR CRG
Nota Tecnica 955 2023 CGUNE DICOR CRG
Nota Tecnica 955 2023 CGUNE DICOR CRG
PROCESSO Nº 00190.110147/2022-31
INTERESSADO: Sistema de Correição do Poder Executivo Federal
1. ASSUNTO
1.1. Procedimento de apuração disciplinar envolvendo agentes públicos temporários, conforme normatização contida na Lei nº 8.745/93, e demais disposições
normativas pertinentes à matéria.
2. REFERÊNCIAS
2.1. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
2.2. Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993.
2.3. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
2.4. Portaria Normativa CGU nº 27, de 11 de outubro de 2022 (https://repositorio.cgu.gov.br/handle/1/68802).
2.5. Manual de Processo Administrativo Disciplinar, Edição 2022 (https://repositorio.cgu.gov.br/handle/1/68219).
3. SUMÁRIO EXECUTIVO
3.1. Trata-se de solicitação advinda da Diretoria de Articulação, Monitoramento e Supervisão do Sistema de Correição do Poder Executivo Federal, veiculada no
Despacho DICOR (2742143), para que seja delineado o encadeamento procedimental pertinente ao procedimento de apuração disciplinar envolvendo agentes públicos
temporários, cuja contratação é prevista no art. 37, IX, da Constituição e normatizada pela Lei nº 8.745/93.
3.2. À Coordenação-Geral de Uniformização de Entendimentos – CGUNE é atribuída a competência para a produção de orientações e de respostas às consultas
em matéria correcional, com vistas à padronização de entendimentos no âmbito do Poder Executivo Federal, nos termos do art. 53, inciso VI, da Portaria Normativa CGU
nº 38, de 16 de dezembro de 2022, conforme abaixo transcrito:
Art. 53. À Coordenação-Geral de Uniformização de Entendimentos - CGUNE compete:
(...)
VI - responder a consultas relacionadas a matéria correcional.
3.3. É o relatório.
4. ANÁLISE
4.1. Panorama geral da responsabilização disciplinar de agentes temporários
4.1.1. Inicialmente, cabe esclarecer que, consoante o art. 37, IX, da Constituição Federal, agente público temporário é aquele contratado por tempo determinado
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, mediante regime jurídico especial disciplinado em lei de cada unidade da federação. O
mencionado dispositivo constitucional estabelece alguns requisitos para o recrutamento desse agente temporário, quais sejam: a) que o vínculo do agente com o Estado
seja formalizado mediante contrato; b) que os casos de contratação por tempo determinado sejam estabelecidos por lei; e c) que essa contratação tenha por
objetivo atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
4.1.2. Os agentes temporários estão sujeitos a algumas das normas do art. 37 da Constituição Federal pertinentes aos agentes públicos em geral, tais como a
proibição de acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções (incisos XVI e XVII do art. 37 da Constituição Federal), e sua investidura não depende de concurso
público, mas de processo seletivo simplificado, dispensado em hipóteses expressamente especificadas, como no caso da contratação para atender a necessidades
decorrentes de calamidade pública ou na contratação de professor visitante, em que não há exigência de concurso público nem de processo seletivo.
4.1.3. Ademais, os agentes temporários não são aptos a adquirir estabilidade no serviço público, uma vez que, via de regra, tal garantia apenas é outorgada aos
ocupantes de cargos de provimento efetivo, cuja investidura decorre de aprovação em concurso público propriamente dito, conforme estabelece o art. 41 da Constituição
Federal. O regime previdenciário dos contratados por tempo determinado é o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) – o mesmo ao qual se submete do trabalhador
da iniciativa privada, conforme art. 201 da Constituição Federal –, e não o regime previdenciário próprio do servidor público estatutário, ocupante de cargo efetivo, cujo
regramento se encontra no art. 40 da Constituição Federal.
4.1.4. Os temporários submetem-se, repita-se, a regime jurídico estabelecido em lei específica de cada esfera de governo (federal, estadual, distrital ou municipal).
No âmbito federal, o diploma que regulamenta a matéria é a Lei nº 8.745/93, que, apesar de estabelecer regramento próprio para os contratados por tempo determinado,
previu a incidência de algumas disposições da Lei nº 8.112/90 (regime jurídico dos servidores públicos civis estatutários federais). Isso significa que, embora os agentes
temporários estejam submetidos a regime peculiar, pautado em vínculo de natureza contratual, sujeitam-se também a algumas normas do regime estatutário dos servidores
públicos federais ocupantes de cargos públicos, como é o caso, por exemplo, das normas referentes às férias anuais remuneradas, décimo terceiro salário e – o mais
importante para o objetivo desta análise – ao regime disciplinar.
4.1.5. No que se refere à seara jurídico-disciplinar, portanto, os agentes temporários estão submetidos aos mesmos deveres e proibições que os servidores públicos
estatutários, além do que suas condutas disciplinarmente irregulares também são igualmente passíveis das mesmas sanções disciplinares: advertência, suspensão de até 90
(noventa) dias ou demissão. Veja-se, a propósito, o mencionado art. 11 da Lei nº 8.745/93:
Lei nº 8.745, de 1993:
Art. 11. Aplica-se ao pessoal contratado nos termos desta Lei o disposto nos arts. 53 e 54; 57 a 59; 63 a 80; 97; 104 a 109; 110, incisos, I, in fine, e II, parágrafo único, a 115;
116, incisos I a V, alíneas a e c, VI a XII e parágrafo único; 117, incisos I a VI e IX a XVIII; 118 a 126; 127, incisos I, II e III, a 132, incisos I a VII, e IX a XIII; 136 a 142,
incisos I, primeira parte, a III, e §§ 1º a 4º; 236; 238 a 242, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
4.1.6. Por outro lado, deve-se destacar que as disposições procedimentais da Lei nº 8.112/1990 pertinentes à apuração disciplinar não necessariamente se aplicam
a esses agentes públicos, por tal hipótese não estar mencionada expressamente na Lei dos temporários. De fato, o art. 10 da Lei nº 8.745, de 1993 dispõe que as faltas
disciplinares cometidas por agentes temporários devem ser apuradas mediante sindicância disciplinar, concluída no prazo de 30 (trinta) dias, em que seja assegurada ampla
defesa, sem especificar qual norma processual embasaria tal rito, verbis:
Lei nº 8.745, de 1993:
Art. 10. As infrações disciplinares atribuídas ao pessoal contratado nos termos desta Lei serão apuradas mediante sindicância, concluída no prazo de trinta dias e assegurada
ampla defesa.
4.1.7. Ausente disposição acerca do regime processual aplicável à espécie, a conclusão mais natural é de que se aplica ao caso a Lei Geral do Processo
Administrativo Federal (Lei nº 9.784/99). Essa conclusão, inclusive, encontra amparo no tratamento específico que a Portaria Normativa CGU nº 27, de 2022 confere
ao procedimento de apuração disciplinar dos agentes temporários. Confira-se:
Portaria Normativa CGU nº 27, de 11 de outubro de 2022:
Da Sindicância Disciplinar para Servidores Temporários
Art. 82. As infrações disciplinares atribuídas aos contratados nos termos da Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993, serão apuradas mediante sindicância, observados os
princípios do contraditório e da ampla defesa.
Parágrafo único. Poderão ser aplicadas por meio de sindicância as penalidades de advertência, suspensão de até 90 (noventa) dias ou demissão.
Art. 83. A sindicância disciplinar de que trata esta Subseção será instaurada e conduzida nos termos da Lei nº 8.745, de 1993, observando, no que couber, as disposições
contidas na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
Documento assinado eletronicamente por JOSE TRINDADE MONTEIRO NETO, Auditor Federal de Finanças e Controle , em 23/08/2023, às 10:58, conforme horário oficial
de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.
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ANEXO
Figura 1. Fluxograma da Sindicância Disciplinar sem termo de indiciação. Quando no relatório final vierem a ser apontados os mesmos fatos já descritos no
juízo de admissibilidade:
Figura 2. Fluxograma da Sindicância Disciplinar com termo de indiciação (ocasiões em que, durante a instrução, forem apontados fatos descobertos no
curso da apuração, os quais não constavam no juízo de admissibilidade ou no ato de instauração:
DESPACHO CGUNE
1. De acordo com a Nota Técnica n° 955/2023/CGUNE/DICOR/CRG (2744597).
2. Encaminhe-se o processo à consideração superior da DICOR, para que seja posteriormente
submetida à aprovação final pelo Sr. Corregedor-Geral da União.
3. Diante da superação de entendimento, propõe-se a revogação da Nota Técnica n°
2803/2022/CGUNE/CRG.
4. Em razão da definição de novo rito para a Sindicância para apuração de fatos cometidos por
servidores temporários, propõe-se o envio do processo à CGM para as atualizações necessárias junto ao
Sistema e-PAD.
5. Por fim, propõe-se o envio do processo à CGSSIS para continuidade da análise feita junto
à Nota Informativa 286 (2710908).
DESPACHO DICOR
1. De acordo com a Nota Técnica 955 (2744597), aprovada pelo Despacho (2927685).
2. Encaminhe-se à apreciação do Senhor Corregedor-Geral da União.
DESPACHO CRG
1. De acordo com a Nota Técnica Nº 955/2023/CGUNE/DICOR/CRG (2744597), aprovada
pelos Despachos CGUNE (2927685) e DICOR (2928484).
2. Considerando a superação de entendimento em razão da definição de novo rito para a
Sindicância para apuração de fatos cometidos por servidores temporários, decido pela revogação da Nota
Técnica n° 2803/2022/CGUNE/CRG.
3. À CGM, para conhecimento e atualizações necessárias junto ao Sistema e-PAD, e à
CGSSIS, para continuidade da análise feita junto à Nota Informativa nº 286/2023/COAP/DICOR/CRG
(2710908), conforme sugerido nos itens 4 e 5 do Despacho CGUNE ( 2927685).
4. À CGUNE, para inclusão na Base de Conhecimento.
5. À DIRAP e DICOR, para conhecimento e divulgação entre as equipes.