Documento Sem Título
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O termo "bárbaro" não deriva de um grupo cultural específico e foi usado por gregos e
romanos para descrever culturas que eles julgavam primitivas e que baseavam as
conquistas mais pela força física do que pelo intelecto.
Essa visão, ligada à violência, foi estendida pelos romanos que passaram a nomear
"bárbaros" os povos que não partilhavam de sua cultura, língua e costumes. Ainda assim, os
romanos consideraram essas tribos como guerreiros destemidos e corajosos.
Hoje, o termo "bárbaro" é aplicado para descrever quem se utiliza de violência em excesso
sem refletir em seus atos e prejudica, assim, aos demais cidadãos.
Nem sempre, contudo, romanos e bárbaros estavam guerreando. Por volta dos séculos IV
d.C. e V d.C., várias tribos foram incorporadas ao Império como federados e os romanos
arregimentaram jovens soldados góticos e vândalos para seu exército.
Por isso, várias tribos puderam se estabelecer dentro das fronteiras do Império Romano.
Os reinos bárbaros ocuparam gradativamente o território do Império Romano do
Ocidente
Godos
Os godos eram uma tribo germânica oriental que se originou na Escandinávia. Eles
migraram para o sul e conquistaram parte do Império Romano e eram um povo temido,
cujos prisioneiros eram sacrificados ao seu deus da guerra, Tyr.
Uma força de godos realizou o primeiro ataque ao Império Romano em 263, na Macedônia.
Também atacaram a Grécia e Ásia, mas foram derrotados um ano mais tarde e levados de
volta à sua terra de origem pelo rio Danúbio.
Este povo foi dividido pelos autores romanos em dois ramos: os ostrogodos (godos do
leste) e os visigodos (godos do oeste). Os primeiros ocuparam a Península Itálica e Balcãs,
enquanto os últimos ocuparam a Península Ibérica.
Hunos
O Papa Leão Magno impede que o rei Átila invadiu Roma
Os hunos eram um povo nômade, oriundo da Ásia Central, que invadiu a Europa e construiu
um enorme império. Eles derrotaram os ostrogodos e visigodos e conseguiram chegar à
fronteira do Império Romano.
Eram um povo temido por toda a Europa como guerreiros exemplares, especializados no tiro
com arco e equitação, e imprevisíveis em batalha.
O único líder que conseguiu unificá-los foi Átila, o Huno ou o Rei dos Hunos, e viveu entre
406 e 453. Reinou sobre a Europa Central e seu império se estendeu para o Mar Negro, Rio
Danúbio e Mar Báltico.
Foi um dos mais terríveis inimigos do Império romano do Oriente e do Ocidente. Invadiu
duas vezes os Balcãs e chegou a sitiar Constantinopla na segunda invasão.
Magiares
Os magiares são um grupo étnico originário da Hungria e áreas vizinhas. Situavam-se a leste
dos Montes Urais, na Sibéria, onde caçavam e pescavam. Na região, ainda criavam cavalos e
desenvolveram técnicas de equitação.
Migraram para o sul e para o oeste e, em 896, sob a liderança do príncipe Árpád (850-907),
os magiares atravessaram as Montanhas dos Cárpatos para entrar na bacia dos Cárpatos.
Pictos
Os pictos eram tribos que viviam na Caledônia, região que hoje é parte da Escócia ao norte
do rio Forth. Pouco se sabe sobre este povo, mas é provável que compartilhassem alguns
deuses com os celtas.
Sua conversão ao cristianismo ocorreu no século VI, através da pregação de São Columba
(521-591).
Vândalos
Os Vândalos eram uma tribo germânica oriental que entrou no final do Império Romano
durante o século V.
Viajaram pela Europa até que encontraram a resistência dos francos. Embora tenham saído
vitoriosos, 20 mil vândalos morreram na batalha e então, cruzaram o rio Reno, invadindo a
Gália, onde conseguiram controlar as possessões romanas no norte deste território.
Saqueavam os povos que encontravam em seu caminho e seguiam para o sul através da
Aquitânia. Desta maneira, cruzaram os Pirineus e se dirigiram para a península . Ali se
estabeleceram em várias partes da Espanha, como a Andaluzia, no sul, onde se fixaram
antes de partir para a África.
Em 455, os vândalos atacaram e tomaram Roma. Saquearam a cidade por duas semanas,
partindo com inúmeros objetos de valor. O termo "vandalismo" sobrevive como um legado
desta pilhagem.
Suevos
Mais uma tribo originária da atual Alemanha, mais precisamente da cidade de Stuttgart.
Sem condições de fazer frente a tantas batalhas, os romanos são derrotados e entregam a
região da Galícia (parte da Espanha, mas também de Portugal) aos suevos.
Francos
A Conversão de Clóvis, rei dos Francos, inaugurou uma era de união entre a Igreja e
o reino
Por cerca de 500 anos d.C. os francos governaram o norte da França, que recebeu este
nome por causa dessa tribo.
A região foi governada entre 481 e 511 por Clóvis I (466-511), casado com a princesa
católica Clotilde de Borgonha (475-545). Sob influência desta, Clóvis I se converteu ao
cristianismo e, como era costume na época, obrigou seus súditos a segui-lo.
Em 507, Clóvis I emitiu um conjunto de leis que, entre outras determinações, colocava Paris
como capital da França. Ao morrer, havia vários descendentes que dividiram o reino entre si.
Bárbaros na Espanha
Até o início do século V, o Império Romano estava desmoronando pela invasão dos povos
bárbaros. Em 409 d.C., alanos, vândalos e suevos ocuparam a maior parte da Espanha.
A maior parte do território que formava a Espanha caiu sob o domínio dos visigodos em
456, quando o rei visigodo Teodorico II (453-466) liderou o exército e derrotou os suevos.
Uma pequena parte localizada ao nordeste espanhol permaneceu sob controle romano, mas
foi dominada pelos visigodos em 476.
Antigas cidades que estavam sob o domínio romano começaram a cair diante das
investidas dos visigodos e em 589, o rei Recaredo I (559 - 601) converteu-se ao catolicismo
romano e assim, unificou os hispanos-romanos e os visigodos que viviam ali.
Posteriormente, em 654, o rei Recesvinto (falecido em 672) elaborou um código único para
seu reino.
As disputas internas entre os visigodos fragilizaram o reino, que pereceu diante dos mouros.
O reino visigodo foi destruído pela invasão muçulmana em 19 de julho de 711.
Bárbaros na Itália
No século V, a queda do Império Romano deixou a Itália fragmentada. Entre 409 e 407, os
povos germânicos invadiram a Gália e em 407, o exército romano deixou a Grã-Bretanha.
Três anos depois, Alarico I, o Gótico (370?-410) foi capturado em Roma, mas o império não
caiu.
A derrocada foi marcada entre 429 e 430, quando vândalos cruzaram a Espanha a partir do
Norte da África, o que foi fundamental para a queda dos romanos.
Em 455, Roma foi saqueada pelos vândalos e o último imperador romano, Rômulo Augusto
(461-500?) foi destronado em 476.
Desta maneira, o germânico Odoacro (433?-493) proclamou-se rei da Itália. Odoacro realizou
várias reformas administrativas e conseguiu dominar toda a península.
Bárbaros na Inglaterra
Saxões, anglos, vikings, dinamarqueses vindos da Escandinávia, iniciaram as invasões à
Grã-Bretanha, no século III e por volta do século V, aproveitando-se das invasões ocorridas
na Península Itálica.
As ilhas britânicas eram ocupadas pelos celtas e pictos e sempre foram complicadas para
serem defendidas, por conta da sua distância. Por isso, os romanos lançaram mão de
contratar mercenários entre os povos germânicos confederados, prática bastante comum
nesta época.
Desta maneira, mais e mais povos bárbaros chegaram às ilhas, derrotaram o rei local e
aproveitavam para se estabelecer.
Os celtas continuaram a lutar contra os anglo-saxões, mas foram derrotados. Igualmente,
sua religião e costumes são absorvidos gradualmente através da cristianização das ilhas
britânicas. Esses fatos acabaram sendo o tema para os contos do Rei Arthur e os Cavaleiros
da Távola Redonda.