Caracterização Morfológica Do Aço Inoxidável 17-4 PH Nitretado Utilizado Na Indústria de Petróleo E Gás

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CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO AÇO INOXIDÁVEL 17-4 PH

NITRETADO UTILIZADO NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS

Ane Caroline Celestino Silva1, Lucas da Silva Vicente1, Christian Egídio da


Silva2, Cristina de Carvalho Ares Elisei1, Sérgio Roberto Montoro1
1FATEC – Faculdade de Tecnologia de Pindamonhangaba-SP/Depto Processos Metalúrgicos,
[email protected]
2OneSubsea – Taubaté-SP/Depto Desenvolvimento e Qualidade de Fornecedores,

[email protected]

Resumo

Neste trabalho será apresentada a caracterização microestrutural do aço inoxidável 17-4 PH


martensítico destinado à indústria petroquímica. Este foi endurecido por precipitação, via tratamento
térmico de solubilização. Posteriormente, passou pelo processo de tratamento superficial de
nitretação líquida, provedor de nitrogênio, elevando a dureza superficial do material e resistência à
corrosão. Para a caracterização morfológica utilizou-se técnicas metalográficas, que consiste em
etapas de preparação de amostra, onde se realiza lixamento e polimento para a remoção das
imperfeições superficiais; ataque químico corrosivo com a finalidade de revelar os microconstituintes
do metal e microscopia ótica a fim de examinar a superfície da amostra.

Palavras-chave: aço inoxidável 17-4 PH, caracterização, petroquímica, metalografia.


Área do Conhecimento: Engenharia Metalúrgica/Materiais.

Introdução

De acordo com Oliveira et al (2013), na indústria petroquímica são utilizados equipamentos


metálicos, feitos em aço-carbono de alta liga, estes são fundamentais no auxilio do transporte de
petróleo e seus derivados. Esses componentes extraídos do pré-sal contribuem com o aceleramento
do processo corrosivo nos equipamentos de trabalho tornando-se inevitável a perda e espessura do
mesmo. Devido à necessidade de obter-se mais controle da taxa de corrosão nos equipamentos,
novas tecnologias são estudadas e desenvolvidas na fabricação de aços inoxidáveis, minimizando
custo de manutenção e perca total dos equipamentos.
Os aços inoxidáveis martensíticos segundo Colpaert (2008) são considerados equivalentes aos
aços utilizados para tempera e revenimento sendo eles ao carbono ou ligados, contendo a principal
diferença no teor de cromo que é o elemento responsável por produzir alta temperabilidade,
abaixamento da temperatura de inicio da formação de martensita e aumentando a resistência do
amolecimento no revenimento. O processo de austenitização dos inoxidáveis martensíticos ocorre em
temperaturas elevadas (de 925 a 1070ºC), para que haja uma completa dissolução dos carbonetos
presentes no aço a fim de obtermos uma autenista uniforme.
Através de análises metalográficas no aço podem-se medir características micros e
macroestruturais, testar hipóteses e características do material, realizando a investigação de causas
estruturais deste comportamento. É importante distinguir o objetivo da avaliação, realizar medidas de
uma característica apenas ou determinar hipóteses sobre está característica (COLPAERT, 2008).
O estudo do aço inoxidável 17- 4PH visa caracterizar a morfologia estrutural do material e a
uniformidade da camada nitretada aplicada como revestimento contra corrosão e endurecimento
superficial.

Metodologia

O material estudado é uma peça usinada de secção cilíndrica em aço inoxidável 17-4PH nitretada
com 50 mm de diâmetro e 20 mm de espessura, dividido em varias partes para a realização de uma

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varredura na amostra a fim de identificar se o processo gerou uma uniformidade da camada e se não
surgiram defeitos na mesma. Conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1 – Esquema do corte das amostras.

Fonte: os autores

Amostra 1 – Foi realizado um corte para analisar todo contorno da amostra. Este teve a finalidade
de macrografia para detectar se é possível a visualização da camada macrograficamente e a
uniformidade na mesma.
As amostras (2, 3, 4, 5, 6) foram cortadas como ilustra a Figura 1, para a realização de varredura
total da peça caracterizando possíveis não uniformidades, defeitos da camada e se haveria diferença
na camada da borda ate o centro da amostra.
Os testes foram realizados no Laboratório de Metalografia da FATEC Pindamonhangaba. As
amostras foram seccionadas nas direções longitudinais e transversais, em uma maquina de corte
metalográfica, CUT OFF 2 Arocor 40 da Arotec com disco de corte abrasivo para materiais duros e
refrigeração adequada, em seguida foram realizados embutimentos a quente na PRE 40 Mi, Arotec
de 35mm de diâmetro com sistema de aquecimento e refrigeração digital.
O lixamento foi realizado em lixadeira circular automática Aropol 2V da Arotec com refrigeração
em água, lixas d'água comuns de carbeto de silício (SiC) granulométricas de 180, 240, 320, 400, 600,
800, 1200, 1500, 2000. O processo de polimento foi realizado em uma politriz Aropol 2V da Arotec
com refrigeração em água destilada com abrasivo Alumina 1μm (Arotec) e 0,03μm (Pantec).
Posteriormente foram lavadas com água destilada, álcool etílico e secadas a ar quente.
O ataque químico para revelação microestrutural foi efetuado com reagente Marble indicada para
aços inoxidáveis durante 5s, este reagente tem por objetivo a revelar a camada nitretada além da
estrutura da matriz do aço, conforme recomendação do Metals Hand Book, para as analises
metalográficas baseado nas normas ASTM E 3-95 6 – “Standard Practice for Preparation of
Metallographic Specimens” e ASTM E 407-937 – “Standard Practice for Microetching Metals and
Alloys” para a especificação da microestrutura.

Resultados

A composição química e estrutura de um aço são responsáveis pela sua caracterização de suas
propriedades, estes podem ser feitos por diversos métodos e técnicas de análise química. Técnicas
metalográficas são utilizadas para a caracterização micro e macroestrutural.
Segundo Coalpaert (2008), a maior parte das características estruturais determinantes para o
desempenho dos metais esta na faixa de 10 mm até 1 mm, faixa coberta por diversas técnicas
metalográficas, sendo assim a importância desta analise para desenvolvimento e controle das
características do aço.

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O aço inoxidável 17-4PH, possui a família de aços inoxidáveis martensíticos, capaz de oferecer
uma ampla gama de propriedades mecânicas elevadas (até 1400 MPa) e boa resistência a corrosão,
através de diferentes ciclos de tratamento térmicos. Material muito utilizado nas indústrias de
petroquímica, aeronáutica, naval, nuclear, cirúrgica, entre outras. Abaixo na tabela 1 informa-se a
composição química do aço.

Tabela 1 – composição química do aço inoxidável 17-4PH.

Fonte: EN 100088-3.

Após o ataque químico, com a análise metalográfica por microscopia óptica conseguiu-se a
visualização da superfície do aço e percebeu-se que o ataque realizado foi bem-sucedido, pois o
mesmo possibilitou a revelação da estrutura em a morfologia do inox, bem como também o
tratamento superficial realizado.
Com a revelação através de ataque químico, observamos que de fato a estrutura do aço é
martensítica, como está apresentada na Figura 2, sendo possível identificar que o tratamento
superficial realizado através de nitretação que possui três regiões diferentes, conforme apresentado
na Figura 3.

Figura 2 – Rrevelação microestrutural do inxodável 17-4 PH, em apliação de 100X, ataque


químico corrosivo Marble.

Fonte: os autores

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Figura 3 - Micrografia do aço inoxidável 17-4PH, ampliação de 500X, ataque químico corrosivo
Marble.

Fonte: os autores

Discussão

Os aços inoxidáveis martensíticos podem ser considerados equivalentes aos aços carbono ou
ligados, para tempera ou revenimento, com diferença principal no teor de cromo.
Devido ao alto teor de cobre nesta liga de inoxidável 17-4PH, o material apresenta uma excelente
resistência corrosão, similar aos aços inoxidáveis austeniticos. A microestrutura deste aço o torna
insensível a corrosão intergranular e altamente resistente a corrosão por fadiga e corrosão sob
tensão.
No tratamento de envelhecimento e solubilização, os compostos intermetálicos á base de cobre,
nióbio, são dissolvidos na matriz austenitica, seguido de um resfriamento brusco para evitar a
precipitação destes intermetálicos, formando assim uma martensita de baixa dureza.
Segundo Colpaert (2008), grande parte do endurecimento deste aço ocorre durante o processo de
envelhecimento, ocorrendo algumas precipitações na estrutura martensítica em sua microestrutura.
Conforme ilustrado na Figura 4.

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Figura 4 – Precipitados na estrutura martensitica, ampliação de 50X, ataque químico corrosivo
Marble.

Fonte: os autores

O tempo e a temperatura do tratamento são de suma importância nos ciclos de envelhecimento,


pois os precipitados responsáveis pelo envelhecimento possuem pequenas dimensões sendo pouco
eficiente.

Conclusão

A partir do resultado obtido pelo experimento realizado concluiu-se que o reagente de ataque
químico corrosivo Marble apresentou bom resultado revelando a microestrutura e morfologia do
material estudado.
Após análise das imagens capturadas pelo microscópio óptico foi possível identificar que o
processo de tratamento superficial realizado por nitretação liquida gerou uma camada relativamente
uniforme, com subcamadas, formada por três regiões diferentes, com características distintas.
A dureza dessas subcamadas identificadas na superfície de nitretação, podem apresentar
diferentes durezas e para analisá-las com mais profundidade deve-se utilizar equipamento de
microdureza para caracterizá-las adequadamente. Como este trabalhado ainda está em andamento
posteriormente as amostras serão submetidas a microdureza, conforme a norma DIN 50 190 –
Hardness depth of heat-treated parts – Determination of the effective depth of carburized and
hardened cases.

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Referências

AÇOS VILLARES. Aços Inoxidáveis V630 (17-4PH/ UNS S17400/ WNr. 1.4542). catálogo. São
Paulo. n.1, 03/2007.

ALVES JR, C. Nitretação a Plasma- Fundamentos e Aplicações. 1ª ed. EDUFRN, 2001.

ASM HANDBOOK. Stainless steel casting alloys: Metallographic and microstructures. Metallography
and microestructures. 5º ed. Editoa Handbook ASM, 1992.

ASTM E 407-93. Standard Practice for Microetching Metals and Alloys. USA: ASTM International;
1997.

ASTM E3-95. Standard Practice for Preparation of Metallographic Specimens. USA: ASTM
International, 1995.

COLPAERT, H. Aços Inoxidáveis. Metalografia de produtos siderúrgicos comuns. 4º ed. São


Paulo: Editora Blucher, 2008. cap.16. p. 521 – 545.

DIN 50 190. Hardness depth of heat-treated parts – Determination of the effective depth of
carburized and hardened cases. Germany: DIN, 1979.

SILVA, S. A. Ensaio de Dureza. In: Souza, S.A. Ensaios Mecânicos de Materiais Metálicos:
Fundamentos Teóricos e Práticos. 5ª ed. São Paulo: Blucher, 1982. cap.4. p. 103-136.

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