Curso de Queijos Artesanais 2023
Curso de Queijos Artesanais 2023
Curso de Queijos Artesanais 2023
MÓDULO 1
Abril de 2023
3
As organizadoras
Os autores
Claudemir Roos
Presidente da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (APROSUD).
Queijaria Sítio São Bento, Chopinzinho – PR.
Marcio Martinazzo
Membro da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (APROSUD).
Queijaria Martinazzo, Itapejara d’Oeste – PR.
Natieli Olejaz
Membro da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (APROSUD).
Queijista Toca Queijos Artesanais, Francisco Beltrão – PR.
Claudemir Roos
Marcio Martinazzo
Natieli Olejaz
INTRODUÇÃO
1
Recorte e adaptação do Trabalho de Conclusão de Curso: DANNEBROCK, J.R. Comportamento
dos consumidores da região Sul do Brasil em relação ao queijo Colonial artesanal. 2022. 90p.
Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia de Alimentos) – Universidade Tecnologica Federal do
Paraná, Francisco Beltrão, 2022. Disponível em: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/29197
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Cada produtor tem o seu modo de fazer, que frequentemente foi passado de
geração a geração, o que resulta em variações significativas entre os produtos
encontrados no mercado. Além disso, pode existir uma variabilidade sensorial entre
os diferentes lotes do mesmo produtor, o que é característico de queijos artesanais
(BADARÓ; CISLAGHI, 2019; CISLAGHI; BADARÓ, 2021).
12
Para os que responderam que possuem preferência por outros tipos de queijo,
identificou-se que a preferência é pelo queijo Mussarela (33,33%), Requeijão
(21,30%), Prato (18,98%), Minas Frescal (11,12%), Ricota (11,12%), Gorgonzola
(2,77%) e artesanal Serrano (1,38%).
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Foi analisado qual tipo de queijo Colonial o consumidor do Sul do Brasil mais
consome. A preferência do consumidor da região Sul é pelo queijo Colonial artesanal
(62,4%), seguido de ambos (artesanal e industrializado) (30,6%) e 6 % para o Colonial
industrializado. A preferência pelo artesanal é maior no Rio Grande do Sul, que
apresentou uma proporção bem maior (82,9%) comparado aos outros estados
(Gráfico 2). Os catarinenses e paranaenses, apesar de apresentarem também uma
preferência pelo queijo Colonial artesanal, mostraram-se mais adeptos a consumir
também o queijo Colonial industrializado ao responderem que preferem ambos os
tipos.
Cor
A grande maioria dos consumidores preferem a coloração amarelo claro
(45,4%) e amarelo forte (28,3%) para esse queijo. Queijos com coloração branca
(11,1%) e laranja (2,4%) mostraram-se menos preferidos e 12,8% responderam não
ter preferência em relação à cor (Gráfico 4).
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Formato
A preferência do consumidor em relação ao formato do queijo Colonial
artesanal é disparadamente o redondo (52,9%). Em seguida, os pesquisados
responderam que não possuem preferência (25,7%) frente a essa característica,
seguido do formato retangular (12,7%) e quadrado (8,8%) (Gráfico 5).
Sabor
Em relação ao sabor do queijo Colonial artesanal, verifica-se que a
preferência do consumidor é principalmente por queijo com sabor suave (39,3%),
seguido do salgado (26,2%) e intenso (20,9%). Os sabores ácido (3,9%) e adocicado
(5%) obtiveram proporções baixas (Gráfico 6).
O estado do Rio Grande do Sul foi o que teve menos respostas para o sabor
“salgado”. Logo, pode-se esperar que os consumidores do estado gaúcho tendem a
escolher queijos menos salgados. Para o sabor “ácido”, foi o estado com mais
respostas (7,9%). Assim, a população gaúcha tende a preferir um queijo mais ácido,
diferentemente dos demais estados do Sul do Brasil.
Tempo de maturação
Em relação ao tempo de maturação (cura), verificou-se que o consumidor
possui preferência por queijos com média maturação (meia cura) (50,5%), seguido de
queijos maturados (23,9%) e por último queijos mais frescos (17,7%) (Gráfico 7).
25
Textura
Em relação à textura, o mais apreciado pelo consumidor é o queijo mais macio
(29,8%), em seguida o semiduro (22,7%), duro (15,9%), amanteigado (15,5%) e
cremoso (11,3%). Alguns consumidores não têm preferência (3%) e somente 1,8%
preferem a textura quebradiça (Gráfico 8).
mas sem denominar “mofo” (Qual sua percepção sobre o queijo Colonial artesanal
apresentado na foto abaixo?).
maioria diz que indica contaminação (23,9%), seguido por uma porcentagem que
compreende que não há problema em consumir (16,4%), que é um defeito (16,1%) e
que está deteriorado (15,8%) (Gráfico 11). Os consumidores do Paraná foram os que
mais assinalaram a percepção “contaminado”. As percepções “defeito” e “deteriorado”
foram mais indicadas pelos consumidores do Rio Grande do Sul.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Coloração Sabor
amarelo claro suave
Formato Textura
redondo macia
Média Pequenos
maturação furos
REFERÊNCIAS
SILVA, T. C.; CASTRO CISLAGHI, F. P.; PASTRO, J.; MARQUES, C.; BADARÓ, A.
C. L. Análise sensorial do queijo Colonial artesanal do Sudoeste do Paraná. In: XXV
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica da UTFPR (XXV SICITE), Anais.
2020. Disponível em:
https://eventos.utfpr.edu.br//sicite/sicite2020/schedConf/presentations
MÓDULO 2
Abril de 2023
3
As organizadoras
As autoras
Capítulo 2
MANEJO SANITÁRIO
É um conjunto de medidas com Busca evitar, eliminar ou reduzir ao máximo
finalidade de proporcionar aos animais a incidência de doenças no rebanho, para
ótimas condições de saúde. um aumento da produção e produtividade.
6
Boas Práticas em
Fazendas Leiteiras
Objetivos Práticas de produção dentro das fazendas devem assegurar que o
leite seja produzido a partir de animais saudáveis, livres de resíduos
Principais e dentro de condições socioambientais adequadas.
bom planejamento sanitário poderá contribuir para um aumento dos lucros para o
produtor, melhorando a produção e a qualidade do leite produzido, com reflexos
diretos na saúde humana.
Sobre as doenças que acometem o gado de leite, orienta-se que cada caso
específico deve ser reportado ao veterinário da região. Entretanto vale ressaltar que
se trabalhando com animais rústicos, bem alimentados e manejados de modo a terem
conforto e bem-estar, os problemas relacionados com as principais doenças em gado
leiteiro passam a ser secundários e resolvidos na maioria das vezes com medidas
preventivas, entre estas as vacinações obrigatórias contra aftosa, raiva, e brucelose
que seguem esquemas específicos regulamentados pelas campanhas oficiais de
governo.
Para a criação leiteira, o plano básico para garantir a sanidade dos animais, em
termos de vacinação, é contra a febre aftosa e brucelose (obrigatórias por lei), e contra
a raiva e o carbúnculo, sendo que estas duas últimas não possuem um caráter de
obrigatoriedade, mas, de certa forma são impostas para que se garanta a
produtividade e qualidade no rebanho.
12
Quadro 2.1 Sintomas e prevenção das principais doenças de bovinos leiteiros jovens.
Doenças Sintomas Prevenção Observações
Nome técnico Nome comum
Inflamação no
Usar solução de
umbigo; febre; pelos
Corte e cura do Iodo e, em caso de
Onfaloflebite Umbigueira arrepiados; olhos
umbigo infeção, usar
lacrimejantes; perda
antibiótico injetável.
de apetite.
Desinfecção das
Febre (40-41ºC); Dieta de leite
instalações; separar
perda de apetite; uniforme; se não
bezerreiros novos
Colibacilose Diarreia de Leite olhos fundos e vacinou a vaca,
dos adultos; manter
lacrimejantes; diarreia vacinar aos 20 e 40
bezerros em local
com mau cheiro dias de idade.
limpo.
Vacinar a vaca no 8º
Febre; perda de
mês da gestação;
apetite; cabeça baixa;
Paratifo, Diarreia cacinar o bezerro no Via subcutânea;
lesões no intestino,
Salmonelose dos bezerros, Mal 30º dia (contra Dose: bezerro (1-2
pulmões e fígado;
da tarde paratifo); cuidados na mL); Vaca (5mL).
pneumonia; fezes
alimentação e
amareladas
higiene.
Diarreia
Separação dos
sanguinolenta; fezes
bezerros por faixa
Diarreia de aquosas e Evitar locais úmidos
Coccidiose etária; limpeza e
sangue malcheirosas; para bezerros
desinfecção das
emagrecimento e
instalações
anemia
Febre alta; tosse;
Separar os animais
animais cansados;
doentes; evitar Tratamento com
Pneumonia inapetência e
Pneumonia ventos frios; evitar antibióticos; aplicar
Batedeira enfraquecimento;
locais úmidos; boa antitérmico.
catarro nasal; pelos
alimentação e higiene
arrepiados
2.1.3 MASTITE
O tratamento das vacas com mamite varia segundo cada caso, devendo ser
precedidos de ordenhas sucessivas em torno de quatro/dia e, se for o caso de
necessidade de medicamento, tratar após a última ordenha do dia.
Este assunto será detalhado mais adiante, no tópico sobre Obtenção Higiênica
do Leite, destacando a importância das Boas Práticas na Ordenha para se evitar e
controlar os casos de Mastite nos rebanhos.
2.1.4 BRUCELOSE
2.1.5 TUBERCULOSE
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa e transmissível que afeta
prioritariamente os pulmões. A doença é curável. Anualmente, de acordo com o
Ministério da Saúde, são notificados cerca de 6 milhões de novos casos em todo o
mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito.
No Brasil, a tuberculose é um sério problema da saúde pública, pois a cada ano,
são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem 4,6 mil mortes em
decorrência da doença.
O diagnóstico é feito por meio do teste de tuberculinização – uma vez
contaminada, a rês tem de ser abatida. Em bovinos de corte e de leite, o teste é feito
com a aplicação de tuberculina PPD bovina em animais de idade igual ou superior a
seis semanas de vida. Os animais positivos deverão ser isolados de todo o rebanho e
sacrificados no prazo máximo de 30 dias após o diagnóstico, em estabelecimento sob
serviço de inspeção oficial, indicado pelo serviço de defesa oficial federal e estadual.
2.1.7 CAMPILOBACTERIOSE
É uma doença causada pelo agente Campylobacter fetus venerealis,
normalmente transmitido pelo touro contaminado, no momento da monta. Essa
bactéria pode causar infertilidade temporária e morte embrionária precoce. Os touros
positivos, identificados pelo exame laboratorial, podem ser eliminados do rebanho em
função do diagnóstico da situação.
2.1.8 CLOSTRIDIOSES
As Clostridioses são doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium,
capazes de sobreviver e multiplicar somente em ambiente sem oxigênio, o que
permite a classificação como anaeróbias estritas. Estão presentes no solo e intestino
dos animais. Além disso, são capazes de formar endosporos garantindo sua
sobrevivência, mesmo em um ambiente quente, o que é considerado um fator de
extrema importância na epidemiologia das diversas doenças ocasionadas por estas
bactérias.
As clostridioses podem ser classificadas quanto à sintomatologia, sendo que as
lesões causadas nos órgãos e tecidos dos animais são consequência das toxinas
produzidas pelos clostrídios. O Quadro 2.2 apresenta as principais clostridioses e seus
respectivos agentes etiológicos.
Dentre as clostridioses que acometem os bovinos, as mais importantes no Brasil
são o botulismo (item a seguir) e o carbúnculo sintomático.
O carbúnculo é uma doença típica de animais jovens (até 2 anos), e para sua
prevenção utilizam-se as vacinas polivalentes, isto é, que dão imunidade também
contra outros tipos de clostrídios. Quando se utiliza a vacina polivalente, a aplicação
é feita no pré-parto, ao nascimento, à desmama e aos 12 meses de idade. Nos animais
adultos ela é aplicada uma vez ao ano.
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2.1.9 BOTULISMO
É causada por uma toxina de uma
espécie de Clostridium e que ataca o sistema
nervoso dos animais. Essa toxina pode estar
presente na medula de ossos de carcaças nas
pastagens, em águas estagnadas e em cama de
aves. A vacinação contra essa doença é feita
quando ocorrem surtos na região. É uma vacina
aplicada somente em animais acima de um ano
de idade. De uma forma geral, recomenda-se o
uso de duas doses iniciais com 4 a 6 semanas Fonte: http://www.informativoregional.
de intervalo e a seguir uma dose anual em todo com.br/destaque/botulismo-campo-ou-
em-casa/
o rebanho.
2.1.10 LEPTOSPIROSE
É uma doença de distribuição mundial, sendo mais frequente em áreas de clima
quente e úmido. Essa doença é uma zoonose, isto é, pode ser transmitida ao homem.
No bovino, a importância da doença é mais de ordem econômica, por influenciar o
potencial reprodutivo do rebanho. No homem, porém, ela pode ser fatal. O tratamento
no gado é feito por vacinação, sendo a primeira dose aplicada entre 4 a 6 meses de
idade, com reforço quatro semanas após. Todo o rebanho deve ser vacinado
semestralmente.
19
2.1.11 PASTEURELOSE
É uma doença infecciosa aguda, que causa febre, perda do apetite, diarreia
sanguinolenta e prostração. Essa doença pode ser evitada por vacinação, que é feita
juntamente com a do paratifo (vacina polivalente). Sua aplicação se faz também no
pré-parto e no bezerro entre 15 e 30 dias de vida.
2.1.12 SALMONELOSE
Essa doença, também chamada de paratifo, é mais comum em animais jovens.
Ela provoca enterite (inflamação intestinal), acompanhada de diarreia, febre alta,
descoordenação nervosa e morte em 24 a 48 horas. Embora os animais doentes
respondam bem ao tratamento com antibióticos, a doença pode ser evitada com
vacinação. A vacina é aplicada na vaca no pré-parto (8º mês de gestação) e no
bezerro entre 15 e 30 dias após o nascimento.
2.1.13 TRICOMONOSE
É contagiosa e sexualmente transmissível, causada pelo Trichomonas foetus,
que pode ocasionar a morte embrionária precoce, com repetição de cio a intervalos
irregulares, abortos, além de infecções após a cobrição. O touro é um foco de infecção
importante, principalmente os mais velhos, por alojarem o parasito nas lâminas
prepuciais e, de forma geral, sem apresentar sintomas clínicos evidentes. O controle
pode ser feito por tratamento individual dos touros positivos, porém o custo é elevado.
O descarte dos touros infectados, reconhecidos por exame laboratorial, como também
dos touros mais antigos é uma alternativa de controle.
Fonte: http://www.agricultura.gov.br/animal/sanidade-animal
b) Carrapato
A carrapatose é uma das principais doenças nos rebanhos leiteiros,
principalmente naqueles mais holandesados, causando grandes prejuízos e
desconforto aos animais, com perdas consideráveis no desenvolvimento e na
produção.
O carrapato comum dos bovinos é o Boophilus microplus, que além das ações
irritante, hematófaga (alimenta-se do sangue) e tóxica (inoculação de toxinas), o
carrapato pode transmitir dois gêneros de agentes infecciosos que podem levar a
graves danos à saúde: a rickettsia Anaplasma sp. e o protozoário Babesia sp.,
responsáveis pela doença denominada de “tristeza parasitária bovina” (TPB). A TPB
se manifesta, clinicamente, por febre, anemia, hemoglobinúria, icterícia, anorexia,
emaciação e alta mortalidade entre bovinos sensíveis.
Outro dano direto produzido pelo carrapato são as lesões que provocam no
couro, que acarretam na depreciação da qualidade do couro e representam um sério
entrave à comercialização desses produtos.
Os picos de crescimento dos carrapatos ocorrem quando a umidade relativa do
ar aumenta por conta da ocorrência de chuvas associadas à elevação da temperatura
e é nesta fase que deve ser feito o controle, tendo como meta o não desenvolvimento
de teleóginas: fêmeas engurgitadas que ao caírem no pasto liberam milhares de larvas
que irão iniciar novo ciclo de infestação (Figura 2.8).
O controle do carrapato nos bovinos, com produtos químicos, deve ser realizado
estrategicamente a partir de setembro (início das chuvas). Repetir o tratamento de 5
a 6 meses, com intervalos de 21 dias. Tratamentos eventuais devem ser feitos quando
o número de carrapatos, por animal, for maior que 25, em cada lado.
c) Verminose
As verminoses afetam principalmente os animais jovens e, portanto, é nesta fase
em que elas merecem especial atenção por parte do produtor.
As larvas dos vermes encontram-se disseminadas nas pastagens e os animais
estão continuamente se reinfestando. Nos meses mais secos, com elevadas
temperaturas e baixa umidade relativa do ar, condições desfavoráveis para
sobrevivência dessas larvas nas pastagens, é a melhor época para se combater as
verminoses, de forma econômica e eficiente. O simples manejo das pastagens, de
modo a permitir períodos de descanso em torno de 40 dias pode promover um controle
satisfatório para os animais acima de dois anos de idade, sobretudo em se tratando
de animais mais rústicos (mestiços ½ sangue e azebuados). Algumas poucas
administrações, no período seco, de vermífugos de maior poder residual nos animais
jovens, segundo especialistas, asseguram um controle eficaz.
evitar o acúmulo de água nos piquetes, proximidades dos currais, instalações para
bezerros e no entorno dos bebedouros; impedir que os animais jovens tenham contato
com o acúmulo de fezes dos animais adultos, uma vez que os adultos são mais
resistentes às infecções por parasitos e tornam-se portadores assintomáticos,
liberando formas infectantes de parasitos no ambiente, os quais irão infectar os
animais jovens que são mais susceptíveis e provavelmente adoecerão. Assim,
constitui medida preventiva dividir o rebanho em lotes de animais jovens e adultos.
Figura 2.9 Na sala de ordenha, curral de espera e bezerreiro, a remoção das fezes
com pá e rodo, e posterior lavagem com água.
Fonte: Florião (2013).
Figura 2.12 Pastagem com forrageira de folha larga infestada por carrapatos.
Fonte: Florião (2013)
Figura 2.13 Exemplo de massageador tipo rolo para ajudar a reduzir o estresse dos
animais nos momentos de confinamento.
Fonte: https://www.comprerural.com/bem-estar-animal-em-foco-pecuaria-sustentavel-exige-inovacao-
e-mudancas-de-metodos/
28
O consumidor brasileiro está cada vez mais exigente quanto à qualidade dos
alimentos. Além dos aspectos nutricionais e sensoriais, há a exigência nos aspectos
higiênico-sanitários para que não se ofereçam riscos de natureza química e
microbiológica à saúde humana.
Este tópico tem como principal objetivo transmitir informações simples e eficazes
sob os cuidados que se devem ter para obtenção desta importante matéria-prima,
desde a fonte de produção até a recepção das agroindústrias e dos laticínios. Espera-
se que essas informações fortaleçam o potencial agroindustrial do leite na região,
contribuindo para o desenvolvimento econômico, com a produção de queijos de
qualidade e segurança.
Fonte: http://www.sobrepeso.com.br/leite-puro-da-vaca-e-melhor-que-o-industrializado/
maiores cuidados e melhores tratamentos. Diz-se, então, que boas práticas de manejo
na ordenha não aumentarão o valor nutritivo do leite, mas práticas erradas podem
torná-lo inadequado para o consumo humano.
Justamente por ser um produto muito nutritivo, o leite torna-se um excelente meio
para o desenvolvimento de microrganismos. Desta forma, adotar técnicas de
manutenção da higiene do leite tem como objetivo conservar sua qualidade e
prolongar a vida útil.
Fonte: https://pt.slideshare.net/RafaelaDalPiero/cartilha-26312013
Dar ênfase especial aos dispositivos Possuir pelo menos um abrigo fechado à
regulamentares, relativos ao estado sanitário dos meia altura, coberto de piso impermeável
animais, especialmente vacas em lactação, hábitos (laje rejuntada, tijolo requeimado ou
higiênicos do ordenhador, higiene na ordenha, cimento áspero), dotado de água corrente e
instalações, utensílios e na manipulação com o mantido permanentemente limpo.
leite.
Fazer uso de coador metálico Realizar a limpeza dos Resfriar do leite recém-ordenhado
inoxidável (aço inoxidável, utensílios usados na em equipamento apropriado, a 4°C
alumínio, ferro estanhado ou obtenção do leite logo após em no máximo 2 horas após
plástico), proibindo-se o uso de a ordenha. terminado o processo de ordenha.
pano.
Quadro 2.4 Etapas essenciais no processo de Ordenha Higiênica do Leite
Realizada na pia, utilizando sabão líquido e toalha de papel
Higienização das mãos
descartável.
Somente os tetos sujos são limpos. Somente tetos secos e
Limpeza e secagem dos tetos
limpos são ordenhados.
Antes da ordenha, é realizado o teste da caneca para detecção
Verificação da existência de mastite
de animais com mastite clínica.
Desinfeção dos tetos É feita após a ordenha (pós-dipping) cobrindo todo o teto.
Limpeza da área de ordenha durante a A área é mantida limpa durante a ordenha com a remoção dos
mesma dejetos.
2.2.1 Ordenhador
As pessoas que irão trabalhar na sala de ordenha devem ser bem treinadas para
a atividade e conhecer a importância do leite na saúde dos consumidores,
considerando sempre os princípios de higiene e a capacidade de a vaca leiteira reagir
aos estímulos externos.
33
Os conhecimentos sobre o
comportamento das vacas leiteiras
e das técnicas corretas para a
realização da ordenha são pontos
chaves para a implantação de
práticas adequadas de manejo na
ordenha e para a obtenção de leite
com alta qualidade. É necessário
que o ordenhador seja capaz de
perceber as necessidades das
vacas sob seus cuidados, que
goste dos animais e de seu Fonte: https://pt.pngtree.com/freepng/milkers _701041.html
trabalho.
Para a obtenção de um leite de boa qualidade, é fundamental que as vacas
estejam saudáveis. O ordenhador deve estar sempre atento a alguns sinais exibidos
pelas vacas, como olhos fundos, pelos arrepiados e sem brilho, diminuição da ingesta,
parada da ruminação, diminuição da produção de leite e alterações na urina ou nas
fezes (muito mole, ou muito seca, ou com sangue), que podem ser indicativos de
problemas de saúde. Para que a ordenha seja executada de forma correta, é
necessário que os responsáveis por ela conheçam o seu trabalho, realizando-o de
forma adequada, paciente e cuidadosa, evitando estressar as vacas.
As vacas leiteiras estabelecem rotinas, sendo fundamental a definição de
horários específicos para alimentação e descanso, e também para a ordenha (Figura
2.14). Elas devem ser conduzidas ao local da ordenha com zelo, preferencialmente
nos mesmos horários e pelas mesmas pessoas.
Figura 2.14 A rotina estabelecida deve ser seguida criteriosamente pelo ordenhador,
garantindo conforto para as vacas e evitando riscos para os animais e ordenhador.
Fonte: Florião (2013)
34
Figura 2.16 Sala de ordenha bem arejada, ampla e com calha no piso para
escoamento de umidade, facilitando a limpeza.
Fonte: http://www.dickmetal.com/produto.php?produto=9
36
Para se produzir leite de boa qualidade, é indispensável que a vaca tenha boa
saúde (conforme abordado anteriormente).
Todas as vacas em condição de produzir leite devem ser turberculinizadas e
vacinadas contra brucelose e febre aftosa, ter fichas individuais de sanidade,
atualizadas, ter os pelos da cauda e próximo ao úbere aparados, pois são possíveis
disseminadores de germes.
Durante 8 a 10 dias após o parto, a fêmea leiteira secreta o Colostro, um líquido
de cor amarela, sabor ácido, densidade alta, que é utilizado apenas pela cria pois
favorece a eliminação do mecônio e transfere anticorpos para o bezerro (Figura 2.17).
Este tipo de secreção não é leite (Tabela 2.4), e não deve ser misturado aos demais
por ser de fácil deterioração.
Fonte: https://gespianos.wordpress.com/2015/08/12/colostro-bovino/
37
(a) (b)
• Fazer o pré-dipping com solução desinfetante, que deve ser colocada em um copo
sem retorno (Figura 2.18), evitando a contaminação. Observar que a solução deve ser
passada cobrindo todo o teto, deixando agir por no mínimo 30 segundos. Os princípios
ativos mais comumente utilizados são: Iodo, Hipoclorito de sódio, Clorexidina e Ácido
lático.
• Secar as tetas com papel toalha descartável, de preferência de cor branca, sem
repetir o papel nos tetos, secando as laterais e a ponta de cada teto. A secagem evita
a transferência de resíduos para o leite e o deslizamento das teteiras. Não se deve
usar panos ou jornal;
ATENÇÃO
Se os tetos estiverem muito sujos de terra, barro ou mesmo de estrume, orienta-
se lavar apenas os tetos, com água morna corrente, e em seguida utilizar uma solução
bactericida do pré-dipping, pois este perde a eficiência em tetos com muita matéria
orgânica.
Esta ação de lavagem dos tetos com água potável é o procedimento mais eficiente
para obtenção de leite de boa qualidade, principalmente, no período chuvoso, quando
os animais sofrem contaminações nos lamaçais formados na pastagem ou ambientes
que contêm detritos indesejáveis.
Se houver necessidade da lavagem do úbere ou do corpo inteiro da vaca, deve-
se ter o cuidado de manter o animal de pé por no mínimo 30 minutos para permitir o
gotejamento e escoamento de toda água do animal, de modo a não contaminar o leite
a ser ordenhado.
• Eliminar os três ou quatro primeiros jatos de leite de cada teta (50 mL de leite) em
caneca de fundo escuro, para teste de detecção de mamite, a fim de separar do
rebanho os animais que apresentam no leite a formação de grumos ou coágulos. Em
caso positivo, deve-se interromper a ordenha, o animal doente é ordenhado por último
e em outro local. Em caso negativo, deve-se proceder a ordenha normalmente.
• A ordenha termina com o esgotamento completo de todo o leite da mama, sendo o
melhor método para conservação deste órgão. Deve-se evitar as retenções parciais e
totais de leite que são prejudicais, podendo ocasionar perda de gordura e inflamação
da mama. Quando ocorrer a inflamação, deve-se proceder várias ordenhas totais por
dia, até que cesse a inflamação, devidamente acompanhada pelo tratamento clínico;
• Iniciar a ordenha no máximo 1 minuto após o começo da preparação;
• Estabelecer uma linha de ordenha, que geralmente é definida com base no
diagnóstico de mastite. A ordenha é realizada na seguinte sequência:
- 1º: Vacas primíparas (de primeira cria), sem mastite.
- 2º: Vacas multíparas, que nunca tiveram mastite.
- 3º: Vacas que já tiveram mastite, mas que foram curadas.
39
MASTITES
Indicadores Contagiosa Ambiental
% Vacas CMT ++ / +++ Maior que 15% Menor que 15%
% Mastite clínica Variável Maior que 3%
Ocorrência dos casos Durante a lactação Geralmente, ao parto e início da lactação
Mãos do ordenhador, panos,
Principais vetores Solo, fezes, lama e camas orgânicas
esponjas, teteiras e moscas
Escherichia coli
Streptococcus agalactiae Klebsiella sp.; Serratia sp.
Microrganismos
Staphylococcus aureus Enterobacter sp.
envolvidos
Corynebacterium bovis Streptococcus uberis
Streptococcus dysgalactiae
Alta: casos subclínicos Alta: casos clínicos
Incidência de infecção
Baixa: casos clínicos Baixa: casos subclínicos
Fonte: Adaptado de Fonseca e Santos (2001).
Quando aberto para liberação do leite há risco de entrada de agentes causadores de infecção
Figura 2.21 Teste da caneca de fundo preto com resultado positivo para mastite
clínica.
Fonte: https://www.ourofinosaudeanimal.com/ourofinoemcampo/categoria /artigos/mastite-afeta-
rentabilidade-da-fazenda-leiteira/
- Mastite subclínica: é mais difícil de ser percebida, pois a vaca não apresenta
sintomas claros do problema, a não ser pequena queda na produção de leite. A
mastite subclínica pode ser detectada pelos testes de contagem de células somáticas
no leite - CCS ou pelo Califórnia Mastite Teste - CMT (Figura 2.22).
Figura 2.22 Diagnóstico de mastite subclínica com o Califórnia Mastite Teste (CMT),
utilizando-se a raquete própria e a solução reagente CMT.
Fonte: Florião (2013).
44
1. Adequado manejo de ordenha - ordenhar tetas limpas e secas, assegurando a obtenção de leite de alta
qualidade e redução da incidência de mastite. A desinfecção das tetas
antes e após a ordenha representa a medida isolada mais importante para
o controle da mastite contagiosa.
2. Funcionamento adequado do - a ordenhadeira mecânica deve estar adequadamente ajustada e
equipamento de ordenha higienizada, de forma a minimizar lesões nas tetas e reduzir a
transferência de bactérias de uma vaca para outra.
3. Tratamento de todos os - a secagem representa o melhor momento para tratamento de casos de
quartos na secagem (tratamento mastite subclínica existentes no rebanho, em virtude da alta eficácia da
de vacas secas) antibioticoterapia neste período, sendo uma importante medida para a
redução da duração das infecções existentes, atuando na prevenção de
novas infecções.
4. Tratamento imediato de todos - esta medida envolve a detecção precoce dos casos clínicos e início do
os casos clínicos tratamento intramamário. Esquemas de tratamento dos casos clínicos
devem ser realizados de acordo com a recomendação do médico
veterinário. Deve-se observar o tempo de descarte do leite de todos os
quartos durante e após o fim do tratamento.
5. Descarte dos animais com - vacas que não respondem à terapia devem ser descartadas, pois sua
casos crônicos presença no rebanho implica em risco de novas infecções para as vacas
sadias.
6. Proporcionar ambiente limpo - esta medida visa diminuir os riscos de transmissão de microrganismos
e confortável na área de do ambiente para o animal durante o período entre as ordenhas.
permanência dos animais
45
Figura 2.23 Na higiene da sala de ordenha, com remoção das fezes e urina após a
ordenha e, posteriormente, mangueira d’agua para lavagem.
Fonte: https://www.milkpoint.com.br/empresas/novidades-parceiros/entendendo-a-producao-de-leite-
e-minimizando-os-riscos-de-contaminacao-104746n.aspx
REFERÊNCIAS
BEEF POINT. Conheça mais sobre o carrapato dos bovinos e como combatê-lo.
Biogénesis Bagó. 2012. Disponível em: <http://sites.beefpoint.com.br/biogenesis-
bago/conheca-mais-sobre-o-carrapato-dos-bovinos-e-como-combate-lo/>. Acesso
em: 20 janeiro 2019.
51
FILHO, O.M.C.; ARAUJO, G.G.L.; LANGUIDEY, P.H.; SÁ, J.L.; LIMA, V.M.B. Manejo
Sanitário. Informe Embrapa – Gado de Corte. 2002. Disponível em:
<https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/LeiteSemiArido/
manejo.html>. Acesso em: 20 janeiro 2019.
MÓDULO 3
Maio de 2023
3
As organizadoras
A autora
Parte 1
Manual
POPs PACs
de BPF FOR
Fonte: Adaptado de
https://ead2.moodle.ufsc.br/mod
/forum/view.php?id=103392
7
- O que é contaminação?
É qualquer elemento estranho que não faça parte do alimento. O ser humano carrega
microrganismos por todo o seu corpo, como mãos, pele, cabelos, boca, garganta,
nariz, e nas suas secreções (fezes, urina, saliva e suor), o que é natural. Por meio de
contato direto ou condições inadequadas de temperaturas, instalações, utensílios e
equipamentos, é possível transmitir microrganismos para o alimento, contaminando-o
e causando doenças a quem o ingere.
- O que são os microrganismos?
Fonte: www.freepik.com
9
-
10
Contaminação Direta:
Contaminação Indireta:
Ocorre através do contato do alimento com
material humano (fezes ou urina) que é
levado por insetos (moscas e baratas),
roedores ou utensílios mal higienizados.
- Termômetro de equipamentos
• Embutidos ou suspensos em refrigeradores ou congeladores.
• Embutidos em equipamentos de troca de calor como pasteurizadores, resfriadores e
tanques de produção de queijo.
• A temperatura dos equipamentos deve ser verificada durante seu uso, e diariamente,
seguindo as instruções descritas nos POPs da empresa e registradas em formulários
apropriados (Formulários de Registro de temperatura dos equipamentos).
• Termômetro a laser.
É importante manter hábitos sadios com o próprio corpo para preservar não só
a sua saúde, mas também a das outras pessoas.
✓ Não usar anéis, aliança, relógio, brincos, colares, pulseiras e outros adornos, pois
contêm sujidades que podem contaminar os alimentos, além da possibilidade de
cair no momento da manipulação;
✓ Manter os cabelos limpos e
completamente protegidos com rede ou
touca;
✓ Se doente ou com ferimentos, o
colaborador deve avisar o responsável,
para que ele julgue o procedimento
necessário a ser feito. Em caso de
ferimentos nas mãos, o manipulador
deve ser direcionado para o
desempenho de outra função em que
não haja contato com os alimentos, até
completa cicatrização do ferimento, ou
qual EPI deve ser utilizado para reforçar
a higiene e evitar contaminações.
Finalize utilizando álcool 70oGL nas mãos e antebraço e deixe secar naturalmente.
12 - Aplicar uma solução sanitizante, como por exemplo o álcool 70%, nas mãos e antebraço e deixe
secar naturalmente.
13 - Agora suas mãos estão limpas e seguras.
Importante
O cartaz da lavagem de mãos deve ficar afixado no local em que se efetua a
lavagem das mãos. Procure relembrar de todos os passos periodicamente,
conferindo se estão sendo utilizados.
O álcool mais concentrado (96%) evapora mais rapidamente, fica menos tempo em
contato com as bactérias, e com isso diminui sua eficácia. O álcool 70% leva mais
tempo para evaporar, ficando mais tempo em contato com elas, aumentando seu
poder bactericida. Além disso, o álcool 70 penetra mais facilmente no microrganismo.
Como preparar?
Medir 815 mL de álcool 96° GL (ou 92,8° INPM) e completar com água filtrada e
fervida até 1000 mL (185 mL de água).
+ =
ATENÇÃO!
Importante
Fixe um cartaz de “PROIBIDA ENTRADA DE PESSOAS NÃO AUTORIZADAS” no seu
estabelecimento, orientado os eventuais visitantes a seguir as recomendações de BPF.
IMPORTANTE
LAVAR a planta antes do início da fabricação e após o término para evitar
incrustações de sujeira.
Deve ser utilizada somente água potável para todo processo, desde a ordenha
até a manipulação durante o processamento dos queijos.
O reservatório de água deve ser revestido de materiais que não comprometam
a qualidade da água. O mesmo deve ser higienizado em intervalo máximo de seis
meses, e os registros de operação devem ser mantidos.
O padrão de qualidade de água para consumo humano, de acordo com a
PORTARIA GM/MS nº 888/2021 do Ministério da Saúde é:
✓ pH: faixa recomendada entre 6,0 a 9,5
✓ Cor aparente: valor máximo permitido de 15 uH
✓ Turbidez: valor máximo permitido de 5 UT
✓ Padrão microbiológico para Escherichia coli: Ausência em 100 mL
✓ Cloro livre: valor máximo de 5,0 mg/L e mínimo de 0,2 mg/L
Segundo esta Portaria, o uso de desinfecção com o uso de ozônio pode ser
utilizado desde que seja observado o tipo de produto, a concentração e tempo de
contato (CT), que deve atender ao estabelecido para:
✓ Manancial superficial (Art. 30): de 0,34 mg.min/L para temperatura média mensal
da água igual a 15º C.
✓ Manancial subterrâneo (Art. 31): de 0,16 mg.min/L para temperatura média
mensal da água igual a 15ºC.
Para valores de temperatura média da água diferentes de 15ºC, deve-se
proceder os cálculos de acordo com a média de temperatura obtida.
Também se estabelece as condições para o caso da desinfecção por radiação
ultravioleta, em que deve ser observada a dose mínima de 2,1mJ/cm2 para 1,0 log
(90%) de inativação de cistos de Giardia spp. para manancial superficial (Art. 30) e a
dose mínima de 1,5mJ/cm2 para manancial subterrâneo (Art. 31).
Independentemente do tipo de desinfecção adotado para alcançar a
potabilidade da água, é obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro
residual livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de
cloro em toda água utilizada para produção de alimentos e para o consumo direto.
Para a utilização de qualquer outro agente desinfetante além dos citados aqui, deve-
se sempre consultar o Ministério da Saúde e o MAPA.
24
Deve ser utilizada somente água potável para manipulação de alimentos, sendo
que a potabilidade da água deve ser comprovada no mínimo semestralmente,
mediante análises laboratoriais.
Em caso de contaminação da
água, seja por enchente ou por acesso de
animais etc., uma nova higienização da
caixa e de todo volume de água do
reservatório deverá ser realizada.
Se forem percebidas alterações
nas características da água, não utilizá-la
na manipulação ou processamento, nem
na higienização de utensílios. O poço
artesiano deve estar localizado em local
com revestimento externo e em área
coberta, distante de criações de animais
e fontes de poluição ou esgoto.
IMPORTANTE
Identificar as lixeiras de acordo
com cada categoria de resíduo,
pois fica mais fácil de fazer a
separação correta.
25
É de responsabilidade da propriedade/queijaria
a separação dos lixos reciclados do lixo
orgânico. Além disso, é obrigatória a retirada do
lixo uma vez ao dia, seguida da higienização
adequada dos recipientes de lixo.
As edificações, as instalações, os
equipamentos, os móveis e os utensílios
devem ser livres de vetores e pragas.
O estabelecimento deve adotar um
conjunto de ações eficazes e contínuas de
controle, com o objetivo de impedir a
atração, o abrigo, o acesso e/ou
proliferação de pragas.
Para isso é necessário medidas de
proteção tais como: telas de proteção
removíveis nas portas e janelas, ralos com
sistema “abre e fecha” e vedação de
borracha na parte inferior das portas.
Quando as medidas de prevenção adotadas não forem eficazes, o controle
químico, tal como dedetização e desratização, deve ser providenciado e executado
por empresa especializada mediante certificação.
27
Figura 3.1 Exemplo de proteção nas janelas (telas) e nos ralos (abre e fecha) muito
úteis no controle de pragas.
Fonte: Adaptado de Stolarski et al. (2015)
para que o processo produtivo ocorra sem imprevistos e para manter os produtos
padronizados.
Os estabelecimentos devem dispor dos Programas de Autocontrole – PACs,
especificando a periodicidade e responsáveis pela manutenção dos equipamentos
que são utilizados no processo produtivo. Estes devem descrever inclusive a operação
de higienização adotada após a realização da manutenção dos equipamentos.
Quando a calibração for realizada por empresas terceirizadas, os registros ou
comprovante da execução do serviço devem ser apresentados.
Parte 2
O que é higienização?
Produto Tempo
químico de ação
Ação
Temperatura
mecânica
Dióxido de
0,1-200 6-8 Ambiente 10 - 20 +++ ++- ++- ++-
cloro
Ácido
300-700 2-4 ˂ 30 10 - 15 +++ +++ +++ +++
peracético
Peróxido de
0,3-30 % 4 ˂ 80 5-20 ++- +++ ++- ++-
Hidrogênio
Compostos
de amônia 250-400 6-8 Ambiente 10 - 15 +-- --- +++ +--
quaternária
30s-
Álcool 60-70% 4 Ambiente +++ --- +++ +++
2min
Limpeza preliminar
Pré-enxágue
Enxágue
Sanitização
Fonte: https://biosan.net.br
Figura 3.13 Atenção especial aos equipamentos de ordenha quanto sua limpeza e
manutenção das condições ideais de uso
Fonte: Embrapa, 2023.
ficar mais seco. Para isso a madeira tem que estar seca (15 a 18 g de água / 100 g
de madeira) o que pode exigir, quando nova, cerca de 3 a 5 meses de secagem ao
ambiente. A atividade de água (Aw) é um dos parâmetros usados para avaliação da
condição da madeira. Aw deveria ser de no máximo 0,83 quando a madeira não está
em uso (seca) ou cerca de 0,95 (úmida) quando estiver sendo usada em câmaras.
REFERÊNCIAS
ESPÍRITO SANTO. Manual de Boas Práticas para Manipulação de Alimentos nas Unidades
Escolares do Município de Vila Velha e Procedimentos Operacionais Padronizados. 2012
PARANÁ. Instruções Normativas nº 001 SUDE/ DILOG/ CANE. Dispõe sobre os Parâmetros
e critérios para o controle higiênico sanitário em estabelecimentos de alimentos. Curitiba:
SUDE, 2014.
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde. Centro de Vigilância Sanitária. Portaria CVS
18, de 09 de setembro de 2008. Anexo único - Regulamento técnico sobre os parâmetros e
critérios para o controle higiênico - sanitário em estabelecimentos de alimentos. Diário
Oficial do Estado, São Paulo, 11 set. 2008.
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde. Centro de Vigilância Sanitária. Portaria CVS
5, de 09 de abril de 2013. Aprova o regulamento técnico sobre boas práticas para
estabelecimentos comerciais de alimentos e para serviços de alimentação, e o roteiro de
inspeção, anexo. Diário Oficial do Estado, São Paulo, s. I.; n. 73, p. 32-35, 19 abr. 2013.
51
STOLARSKI, M. C.; DORIGO, A. B.; CUNHA, F. B. DA; OLIVEIRA, S. de. Boas práticas de
manipulação de alimentos - Curitiba: SEED–PR. 2015. – 1v.
ANEXOS
Diariamente Semanalmente
• Lavar até o teto com água, detergente e escova.
• Lavar as paredes • Finalizar com pano e solução clorada (observar a diluição correta).
da área de • Fazer a desinfecção com água clorada e esperar, no mínimo, 10
produção até a minutos para a retirada do produto. Caso não seja possível realizar a
altura das desinfecção com água clorada, utilizar álcool 70%.
bancadas • Deixar secar naturalmente.
- Pisos e Rodapés
• Limpar uma ou mais vezes ao dia, de acordo com a necessidade.
• Recolher os resíduos.
• Lavar com água e detergente.
• Enxaguar bem com água corrente, preferencialmente quente.
• Fazer a desinfecção imergindo ou banhando por 15 minutos em água clorada
ou álcool 70%.
• Deixar secar naturalmente.
Diariamente Semanalmente
• Lavar com água e detergente.
• Limpar e desinfetar as maçanetas
das portas • Esfregar com escova, se necessário, e enxaguar.
- Ralos
• Recolher os resíduos acumulados.
• Lavar com água e detergente.
• Enxaguar com solução clorada e esperar no mínimo 2 minutos para utilizar o ralo
novamente.
- Teto ou Forro
• Lavar e enxaguar manualmente ou com máquina própria para este fim.
- Equipamentos e Utensílios
• Lavar todos os utensílios e equipamentos imediatamente após o uso, com
detergente e esponja, e enxaguar em água corrente.
• Desinfetar com álcool 70%.
• Evitar abrir câmaras e geladeiras com frequência.
• Descongelar as geladeiras sempre que houver necessidade.
• Limpar câmaras e geladeiras uma vez por semana.
54
IMPORTANTE
. O tempo de contato da solução clorada com a superfície deve ser de
aproximadamente 15 minutos.
. Não há necessidade de enxágue após a desinfecção das superfícies que
não entram em contato direto com os alimentos.
. Atentar para o uso racional da água.
. Anotar os dias em que se fez cada limpeza, para ter um controle da
frequência (manter um Formulário de Registro de Higienização de
instalações, equipamentos, móveis e utensílios).
55
Junho de 2023
2
As organizadoras
As autoras
Natieli Olejaz
Membro da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (APROSUD).
Queijista Toca Queijos Artesanais, Francisco Beltrão – PR.
4
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
Os queijos podem ser elaborados a partir do leite proveniente das espécies bovina,
caprina, ovina ou bubalina. Além disso, o soro também pode ser utilizado na
fabricação de queijos. O leite utilizado na fabricação dos queijos pode ser integral,
parcial ou totalmente desnatado.
Os queijos podem ser classificados de acordo com a umidade e conteúdo de
matéria gorda no extrato seco (GES) (Quadro 1). Além dessas classificações, existem
muitas outras formas de separar os queijos em categorias.
UMIDADE
Baixa umidade (massa dura) até 35,9%
Média umidade (massa semidura) 36,0 - 45,9%
Alta umidade (massa branda ou "macio") 46,0 - 54,9%
Muito alta umidade* (massa branda ou "mole") maior que 55,0%
GES
Extra Gordo ou Duplo Creme mínimo de 60%
Gordos 45,0 - 59,9%
Semigordo 25,0 - 44,9%
Magros 10,0 - 24,9%
Desnatados menos de 10,0%
*Podem ser tratados termicamente logo após a fermentação ou não.
(a) (b)
O país de origem também pode ser uma forma de classificar os queijos: queijos
franceses, italianos, suíços, etc. Os queijos considerados brasileiros são o Minas
frescal, Minas meia-cura, Minas padrão, Prato, Reino, Requeijão cremoso e culinário
e o queijo de Coalho. Além destes, o Brasil tem se destacado na produção de queijos
artesanais. A Figura 2 apresenta o mapa dos queijos artesanais brasileiros. Os queijos
da região do Serro e da Serra da Canastra (ambos de MG), o queijo Colonial de
Witmarsum (PR), o queijo Serrano (RS e SC) e o queijo do Marajó (PA) têm registro
de Indicação Geográfica (IG) (Figura 3). Queijos de outras regiões brasileiras ainda
estão em fase de reconhecimento.
8
LEITE
Fermento lático
ADIÇÃO DOS INGREDIENTES
Coalho
COAGULAÇÃO
ponto de corte Outros ingredientes:
CORTE Cloreto de cálcio
Corantes
Nitrato
MEXEDURA
COCÇÃO
ponto da massa
DESSORA
ENFORMAGEM
PRENSAGEM
SALGA
MATURAÇÃO
EMBALAGEM
TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO
Leite
Parâmetro
Gordura (g/100 g) mínimo 3,0
Proteína total (g/100 g) mínimo 2,9
Lactose anidra (g/100 g) mínimo 4,3
Sólidos não gordurosos (g/100 g) mínimo 8,4
Sólidos totais (g/100 g) mínimo 11,4
Acidez titulável (g ácido lático/100 mL) 0,14 – 0,18
Densidade relativa a 15 ºC (g/mL) 1,028 – 1,034
-0,530 a -0,555 °H (graus Hortvet)
Índice crioscópico
(-0,512 a -0,531°C)
Estabilidade ao alizarol 72% (mínimo) Estável
Fonte: IN n° 76/2018 (BRASIL, 2018)
Por que o leite não deve permanecer muito tempo resfriado antes
da fabricação do queijo?
O leite UHT passa por tratamento térmico mais intenso que o leite
pasteurizado, a uma temperatura entre 130 – 150 ºC, pelo período de dois a
quatro segundos. Esse tratamento causa a desnaturação das proteínas do soro,
principalmente da -lactoglobulina. A -lactoglobulina desnaturada se deposita
sobre a micela de caseína e dificulta a ação do coalho (coagulação).
Iogurte natural
Fermento lático
Coalho
Cloreto de Cálcio
Corantes
Nitrato
Silagem e o queijo
Lisozima
A lisozima é uma enzima que também pode ser utilizada a fim de evitar o
estufamento tardio em queijos. A dose recomendada é de 2,5 g para 100 litros de leite
e seu uso é permitido no Brasil para queijos de média e baixa umidade.
21
(a) (b)
Lipases
Coagulação
Corte
É importante que o corte seja realizado no momento certo. Se for feito antes do
recomendado, o coágulo tende a ficar frágil, ocorre perda de caseína e gordura no
soro e diminui o rendimento. Por outro lado, se for feito depois, o coágulo fica rígido,
de difícil dessora e origina queijos com umidade heterogênea. É feita a verificação do
ponto de corte através da introdução de uma espátula (ou faca) na superfície do
coágulo: se ao forçá-lo para cima ocorrer rompimento em apenas uma fenda retilínea,
a massa está no ponto de corte; se ocorrer rompimento quebradiço em várias direções
com visível fragmentação, não atingiu ainda o ponto de corte (Figura 6). Se o corte for
realizado de forma adequada, o soro deve ser esverdeado e límpido. Soro com
coloração esbranquiçada pode indicar corte inadequado e perda de proteínas
(diminuição do rendimento).
seja, a dessora. Geralmente é feito com liras horizontais e verticais (Figura 7), que
são utensílios compostos por lâminas ou fios cortantes dispostos paralelamente e
separados pela mesma distância. Além disso, o corte pode ser manual ou automático
dependendo do equipamento disponível e volume de produção.
Mexedura
Cocção
A cocção pode ser feita de forma indireta, através da camisa dupla (parede)
do tanque ou de forma direta, através da adição de água quente ao tanque. Antes da
adição de água quente (entre 50 a 75°C), geralmente se faz a retirada de parte do
soro. Adiciona-se de 20 a 50% de água em relação ao volume de leite. A adição de
água quente diretamente sobre a mistura massa + soro reduz o teor de lactose
(delactosagem) e diminui a acidificação, originando-se queijos de sabor suave.
Quando a cocção é feita de forma direta, denomina-se os queijos de “massa lavada”,
como é o caso do queijo Prato.
Dessora
Enformagem
Prensagem
Fonte: http://portal.iphan.gov.br/
Salga
O sal contribui para o sabor do queijo, mas também reduz a atividade de água,
inibe o crescimento de microrganismos indesejáveis e atua na maturação, regulando
a atividade enzimática. Em geral, usa-se cloreto de sódio (NaCl), sendo que o teor de
sal dos queijos varia de 1 a 5% (média 2%).
O sal é absorvido osmoticamente pela superfície externa e se distribui pela
massa. O tempo de salga varia desde horas até 1 a 3 semanas dependendo da forma
como a salga é feita, do tamanho, formato e umidade do queijo. Existem quatro tipos
de salga: adição do sal no leite antes da coagulação (salga no leite), na massa após
a retirada do soro (salga na massa), adição do sal após a enformagem (salga a seco)
e imersão dos queijos em uma salmoura (salga úmida) (Figura 14). O Quadro 4
apresenta os tipos de salga utilizada na fabricação de queijos e suas características.
(a) (b)
Maturação
Embalagem
Transporte e distribuição
RENDIMENTO
REFERÊNCIAS
BRÄNDLE, J. et al. Relevance and analysis of butyric acid producing clostridia in milk
and cheese. Food Control, v. 67, p. 96-113, 2016.
CRUZ, F.T.; MENASCHE, R. O debate em torno de queijos feitos de leite cru: entre
aspectos normativos e a valorização da produção tradicional. Vigilância Sanitária
em Debate, v. 2, p. 34-42, 2014.
FOOD INGREDIENTS BRASIL. Dossiê Enzimas. São Paulo: Editora FiHBA, n. 16,
p.38-39, 2011. Disponível em: <https://revista-
fi.com.br/upload_arquivos/201606/2016060537111001467221867.pdf>.
NEVES, R. Queijos com sotaque nacional. São Paulo. Disponível em: http://www.
terraviva.com.br/terraviva/file/1/454.htm. Fonte: Gazeta Mercantil – Edição do dia
06/07/2007.
SOBRAL, D. et al. Principais defeitos em queijo Minas artesanal: uma revisão. Rev.
Inst. Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 72, n. 2, p. 108-120, 2017.
TRONCO, V.M. Manual para Inspeção da Qualidade do Leite. Santa Maria: Ed. da
UFSM, 2008.
WONG, N.P.; JENESS, R.; KEENEY, M.; MARTH, E.H. Fundamentals of Dairy
Chemistry. New York: Aspen Publication, 779 p., 1999.
Módulo 5
2
MÓDULO 5
Julho de 2023
3
As organizadoras
As autoras
Natieli Olejaz
Membro da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (APROSUD).
Queijista Toca Queijos Artesanais, Francisco Beltrão – PR. Formada em Maturação de Queijos e
Análise Sensorial pela escola francesa Mons Formation. Jurada no 2° Mundial do Queijo e no 1° Prêmio
Queijos Paraná. Ministra cursos de Tecnologia de Queijos e maturação.
5
INTRODUÇÃO
Nesse grupo, tem-se os queijos com mofos internos (mofo azul) e os queijos
com mofos externos (mofo branco). Nesses queijos, os mofos são desejáveis e
contribuem para as características sensoriais típicas. Além disso, são seguros para
consumo.
6
Fonte: https://www.stockfood.co.uk/images/00282976-Stilton-Gorgonzola-Roquefort-Fourme-d-
Ambert-Shropshire-Blue
Umidade 43 - 45%
Gordura 28 - 30%
GES 49 - 55%
pH 5,7 - 5,9
Sal 2,0 - 3,0%
Fonte: Furtado (2013)
Componente Percentual
O leite para fabricação desses queijos deve ter alto teor de gordura (mín. 4,0
%) para favorecer as reações que irão dar sabor ao queijo. Além disso, tem relação
direta com a cremosidade e untuosidade da massa do queijo Azul. Estima-se em 8
L/kg o rendimento médio do queijo Azul.
O mofo é adicionado ao leite antes da coagulação, geralmente diluído em água,
na grande maioria dos processos. A adição do fungo diretamente à massa, antes da
enformagem, praticamente não é mais usada. A hidratação dos esporos é
8
recomendada e deve ser feita pelo menos 24 horas antes de se usar os mofos na
elaboração, o que lhes confere mais atividade desde o princípio do processo.
O período de coagulação do queijo Azul pode ser alongado propositadamente
com o intuito de aumentar o grau de desmineralização da coalhada. Neste caso, após
a adição do coalho, o leite é deixado coagular a 28-32 °C por cerca de 90 minutos.
Neste período, inicia-se a produção de ácido, o que facilita a remoção de cálcio da
coalhada. É comum, no momento do corte, observar-se uma ligeira separação de soro
na superfície da coalhada. Opcionalmente, o leite poderá ser pré-maturado com
fermento antes da adição do coalho, por cerca de 30-40 minutos.
O tamanho dos grãos é importante, pois tem influência no teor final de umidade
(e, portanto, no pH) do queijo. Normalmente corta-se em cubos grandes, com 2 cm.
Os queijos azuis são de massa crua, em que não há o aquecimento da massa
após o corte. Não ocorre prensagem. A massa deve apresentar muitas aberturas,
biológicas ou mecânicas, para facilitar o crescimento do mofo. O pH do queijo fresco
deve ser bem ácido, entre 4,7 e 4,9 para favorecer o crescimento do mofo.
A salga do queijo Azul é feita, tradicionalmente, a seco (na superfície do queijo).
O sal exerce um papel seletivo na maturação do queijo Azul. O elevado teor de NaCl
facilita o crescimento do P. roqueforti e inibe o crescimento de uma série de outros
microrganismos. O teor final de sal é variável, mas é comum que se situe entre 2,5 e
3,0%.
É necessário que os queijos sejam perfurados logo após a salga, o que
permitirá a saída de gás carbônico resultante de fermentações futuras e a renovação
do oxigênio no interior do queijo logo no início da maturação. Recomenda-se pelo
menos 150 furos de cada lado do queijo.
A maturação do queijo Azul deverá ser feita em uma câmara a 10 – 12 °C, com
mínimo de 95% de umidade relativa no ar. Os queijos devem ser colocados
lateralmente nas prateleiras, para evitar a vedação dos furos. No queijo, o crescimento
do fungo começa a ser visível internamente cerca de 10 a 15 dias após a fabricação
e é completo após 25 a 30 dias de maturação. Ao final dos 25 dias iniciais, o queijo
poderá então ser embalado em papel alumínio, para completar a maturação. A
embalagem nesta fase diminui o crescimento interno de mofo e protege a casca contra
9
(a) (b)
Fonte: https://yummybazaar.com/blogs/blog/brie-cheese-vs-camembert-cheese
Umidade 48 - 51%
Gordura 22 - 24%
GES 43 - 49%
pH 5,8 – 6,6
Sal 1,6 - 2,0%
Fonte: Furtado (2013)
Nos queijos de mofo branco, geralmente o leite deve ter de 3,0 a 3,2% de
gordura. O rendimento médio da fabricação é de 8 - 8,5 litros/kg. Recomenda-se que
o leite seja pré-maturado com fermentos láticos mesofílicos acidificantes, a 28 – 32°C.
A pré-maturação é importante, pois não só inicia a solubilização do cálcio
(desmineralização) como também permite diminuir a dose de coalho empregada
(diminui o risco de sabor amargo). O tempo de coagulação pode ser prolongado até
90 minutos e, geralmente, a coalhada é cortada mais macia.
Parte do mofo é adicionado ao leite (1/3 da dose recomendada) e parte é
pulverizada sobre os queijos logo após a salga (2/3 restantes diluídos em água).
Em alguns processos tradicionais na França, a coalhada não é cortada. Na
maioria das fabricações industriais, a coalhada é cortada em cubos grandes de
aproximadamente 2 cm. O tamanho dos cubos é importante, pois influencia na
retenção de umidade e no corpo do queijo. O tratamento dado à coalhada é variado
e, muitas vezes, após o corte a massa é deixada em repouso de 10 a 20 minutos e é
enformada logo a seguir, sem agitar (França). Os queijos de mofo branco são de
massa crua, portanto não passam por aquecimento após o corte. Não ocorre
prensagem.
O processo tradicional de enformagem do Camembert na França é com
concha, mas a enformagem pode ser feita de diferentes formas. É importante que a
massa não seja completamente dessorada para a enformagem, o que poderia
provocar aglomeração dos grãos com perda excessiva de umidade e prejuízo do
corpo (seco e duro) e textura (textura aberta, olhos mecânicos). É importante também
12
que a enformagem seja feita rapidamente, para evitar que os grãos fiquem muito
firmes no tanque de fabricação.
A salga do Camembert pode ser feita a seco ou em salmoura. O sal exerce um
importante papel seletivo na maturação do queijo Camembert. O mofo Penicillium
camemberti resiste a elevadas concentrações de sal. O queijo apresenta um teor de
sal de 2,0 a 2,5 %.
Os queijos devem estar secos antes da pulverização do mofo. Em seguida, os
queijos são pulverizados com o mofo, em todas as faces e após algumas horas são
virados e pulverizados novamente. Recomenda-se que o mofo seja hidratado na
véspera de ser utilizado para a pulverização (diluir em 1 litro de água contendo 2% de
cloreto de sódio/sal e manter entre 5 e 10 °C por pelo menos 16 horas até a
pulverização).
O pH do queijo Camembert, 24 horas após a elaboração, deverá ser de 4,7 a
4,8. É muito importante que o pH seja baixo, o que é uma indicação de bom grau de
desmineralização e formação suficiente de ácido lático para o metabolismo e
crescimento do Penicillium. Além disso, é fundamental, no controle de certas
contaminações, que podem acometer o queijo durante sua maturação.
A maturação dos queijos de mofo branco ocorre de fora para dentro (maturação
centrípeta). Deve ser conduzida nas prateleiras apropriadas (com fios de aço
inoxidável), em uma câmara fria a 10 – 14 °C, com cerca de 90% a 95% de umidade
relativa do ar. O ar, na câmara de maturação, deve ser renovado frequentemente e
deve ter boa circulação entre prateleiras com os queijos; correntes de ar muito fortes
devem ser evitadas, pois corre-se o risco de ressecamento excessivo dos queijos.
Para fábricas pequenas, recomenda-se o uso de câmaras de cura de menor porte,
que possam ser mantidas constantemente cheias de queijos, o que contribui
decisivamente para a manutenção da umidade relativa do ar.
Após cerca de 5 - 6 dias, notam-se os primeiros sinais de crescimento do mofo
na superfície do queijo. Com 8 dias de maturação, o mofo branco está claramente
visível e toma todo o queijo. Com 9 dias, em média, os queijos devem ser virados,
para que a face exposta à prateleira seja completamente coberta com mofo. Com 10
a 12 dias, os queijos devem ser embalados em papel impermeável (tipo papel
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Fonte: https://www.tasteatlas.com/coulommierscheese
Fonte: https://www.biolineaires.com/les-fromages-a-croute-lavee-entre-moelleux-et-puissance/
Os queijos são tratados com “la morge” ou “smear” (solução salina contendo
leveduras e bactérias corineformes). A morge pode ser natural, presente no leite cru
ou nos ambientes das fabricações mais rústicas ou artesanais, assim como pode ser,
em processos mais industriais, oriunda da adição de cultivos especiais ao leite ou à
solução salina usada no tratamento da casca dos queijos.
Nessa categoria predominam os queijos moles, como o Reblochon (França),
Vacherin Mont d`Or (Suíça), Munster (Alemanha), Taleggio (Itália), Limburger
(Bélgica), entre outros. Há também queijos semiduros como o Raclette (Suíça), Port
Salut (França) e Morbier (França).
São queijos de massa crua, com alto teor de umidade. Os microrganismos que
se desenvolvem sobre esses queijos são essencialmente aeróbicos e, portanto, é
15
Reblochon
Fonte: https://www.lecuisinier.fr/produits/un-fromage-de-montagne-a-la-texture-onctueuse/
Taleggio
Fonte: https://www.arrigoniformaggi.it/en/traditional/taleggio-dop/
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Raclette
Este queijo teve origem nas regiões fronteiriças dos Alpes da França e Suíça.
Trata-se de um queijo alpino, de cerca de 6 kg, semiduro, prensado, elaborado com
leite de vaca cru ou pasteurizado. É um queijo de massa semicozida (até 40°C) e de
massa lavada (adição de água quente no tanque a 75°C). Tem sabor acentuado e
pode ser curado de 3 a 6 meses. Sua massa é de cor amarelo-palha e pode apresentar
pequenos olhos biológicos. Apresenta moderada casca, com coloração típica, devido
ao crescimento de bactérias corineformes (Figura 7).
Fonte: https://www.fromage-comte.fr/Boutique/Drive/index.php?id_product=45&controller=product
O queijo Raclette não deve ser confundido com a famosa Raclette, um popular
prato de origem suíça no qual o queijo de mesmo nome é utilizado como base.
Nesse prato, o queijo Raclette é afixado em um suporte metálico, de frente para
uma resistência elétrica e sob o aquecimento intenso, derrete-se gradualmente.
A porção derretida é então raspada (origem do nome Raclette, que vem do
francês “racler”, ou raspar) sobre batatas cozidas ou legumes diversos, que são
consumidos acompanhados de vinhos (Figura 8).
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Fonte: https://www.cheesesfromswitzerland.com/en/recipes-inspiration/raclette/cheese-and-
preparation
Morbier
Fonte: https://www.fromage-morbier.com/
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QUEIJO CHEDDAR
Fonte: https://www.nealsyarddairy.co.uk/products/pitchfork-cheddar
Comté
cozida. O período de maturação dura pelo menos 120 dias. Durante a maturação, sua
casca é lavada com morge. O queijo Comté deve pesar entre 30 e 55 quilos, ter 50 a
70 cm de diâmetro e 8 a 13 cm de altura. A sua cor varia entre o marfim e o amarelo,
dependendo da época de produção. No verão terá um amarelo mais intenso, enquanto
no inverno será mais claro.
Fonte: https://www.cozinhatecnica.com/2018/07/comte-queijos/
Queijos Grana
Fonte: https://www.parmigianoreggiano.com/product-guide-parmigiano-reggiano-grana-padano
Os queijos Grana não são queijos ácidos, são queijos muito mineralizados. A
fim de propiciar grande remoção de soro dos grãos de coalhada, o tamanho do grão
deve ser mínimo. Um grão pequeno permite que se aplique um aquecimento muito
mais rápido. Para se obter esse grão tão pequenino (máximo de 3 mm), é importante
que a coalhada seja cortada extremamente mole, caso contrário não se consegue um
grão com o tamanho ideal, mesmo sob forte agitação. Assim, a coagulação na Itália
ocorre quase sempre em cerca de 9 a 10 minutos, entre 31 e 34°C, e após uns 2
minutos de ligeiro endurecimento, a coalhada é rompida rapidamente com ajuda do
“spino”, que é um instrumento de corte.
A utilização de tanques de cobre, com melhor transmissão de calor, facilita o
aquecimento rápido. Normalmente, em menos de 15 minutos a temperatura é elevada
a 55-56 °C. Os tanques tem cerca de 1.200 litros de leite, o que gera duas formas de
queijo Grana.
Na sua fabricação é utilizado soro-fermento (soro retirado ao final da fabricação
dos queijos Grana, quando a temperatura está por volta de 55 a 57°C). O soro-
fermento é composto de várias espécies bacterianas, sendo que o Lactobacillus
helveticus é predominante. Usa-se entre 3,0 e 3,5% sobre o volume de leite na tina.
Para fabricação desses queijos, na Itália, o coalho deve ser de origem animal.
22
O teor de gordura do queijo: comumente o queijo é feito com leite integral, ficando
mais macio, o que é consequência não só do maior teor de gordura como também da
umidade mais alta. Com isso, a textura do queijo é afetada, e a grana não se apresenta
regular no queijo. Posteriormente, ao final da maturação, este queijo tenderá a
exsudar muito mais gordura (óleo). Muitas fábricas não possuem padronizadoras, ou
mesmo uma simples desnatadeira que permita ajustar o teor de gordura do leite. Em
um queijo duro como o Parmesão é fundamental que o teor de gordura do leite não
seja superior a 2,4%.
Leite de má qualidade: com frequência o queijo Parmesão brasileiro é feito com leite
de qualidade inferior. O uso de leite muito contaminado provoca uma fermentação
mais forte no tanque, que desmineraliza excessivamente a massa.
Corte da coalhada: a coalhada é quase sempre cortada muito dura, e assim torna-se
difícil a obtenção de grãos bem finos, de tamanho mínimo. Se os grãos são maiores
do que o tamanho recomendado, não se secam bem, retém mais soro e se acidificam
facilmente. Com isso o queijo fica mais úmido, mais macio e mais ácido. Além disso,
o tempo de fabricação é prolongado. A textura do queijo (grana) é muito prejudicada.
Aumenta-se o risco da casca se mostrar mais úmida e com tendência a melar-se, e
assim permitir o crescimento de bactérias e leveduras indesejáveis, como o
Brevibacterium linens (manchas externas avermelhadas).
Tempo insuficiente de maturação: para um queijo com baixo teor de umidade, como
o Parmesão, um tempo prolongado de cura é necessário para que haja tempo para a
degradação proteica e metabolismo dos ácidos graxos, principais fenômenos que
conferem aos queijos suas características típicas. Em geral, o queijo não é
completamente curado, e assim não tem as características típicas de sabor e textura.
também suave, mas ligeiramente adocicado ou com notas típicas do sabor de nozes
ou avelãs.
Na fermentação aromática, as BAL aromáticas fermentam o citrato produzindo
diacetil e acetaldeído (compostos de aroma) e CO 2. Os queijos são suaves, mas com
aroma típico intenso. Ocorre formação de poucas olhaduras de tamanho pequeno,
redondas ou ovaladas.
(a) (b)
Emmental
O queijo original nasceu nas pradarias do vale do Rio Emme, perto da cidade
de Berna, na Suíça e continua sendo fabricado com leite cru, conforme o processo
original. Pode ser feito em fôrmas de até 130 kg, com diâmetro variando de 70 cm a 1
metro. A altura varia de 13 a 25 cm. A casca é lisa, variando do amarelo dourado até
marrom bem claro. A massa tem boa flexibilidade, de cor amarela, apresentando
muitos olhos, de tamanho grande. O sabor é muito típico, tendendo ao suave, porém
com delicadas notas adocicadas. É maturado por no mínimo 4 meses.
27
Gruyère
Também de origem suíça, é fabricado com leite cru nos arredores do vilarejo
de Gruyère. Seu peso varia de 20 a 45 kg, diâmetro de 40 a 65 cm, e altura de 9 a 13
cm. Sua casca não é lisa e, por ser tratada por microrganismos de superfície, como o
Brevibacterium linens (casca lavada), apresenta-se rugosa e de coloração marrom
escura e aroma intenso. Internamente, a massa é firme e compacta, de cor amarelada,
mais escura, apresentando poucas ou nenhuma olhadura com tamanho que varia de
pequeno a médio. O sabor não é tão adocicado como no Emmental; ao contrário, é
acentuado e marcante. Sua maturação varia de quatro até doze meses.
Gouda
OUTROS QUEIJOS
Mascarpone
Fonte: https://www.tasteatlas.com/mascarpone
Burrata
Fonte: https://www.tasteatlas.com/burrata
Queijo de coalho
Umidade 46 - 48%
Gordura 23 - 25%
GES 46 - 48%
pH 6,4 - 6,5
Sal 1,8 - 2,0%
Fonte: Furtado (2019)
30
Fonte: https://www.tasteatlas.com/queijo-de-coalho
REFERÊNCIAS
MUNIEWEG, F.R.; GAVIÃO, E.R.; CZARNOBAY, M.; DILDA, A.; STEFANI, L.C.M.;
NESPOLO, C.R. Mascarpone cheese from sheep’s milk - a new option for the
consumer. Food Sci. Technol, 41(Suppl. 2), p. 568-575, 2021.
MÓDULO 6
FERMENTOS EM QUEIJOS
MATURAÇÃO DE QUEIJOS
Julho de 2023
3
As organizadoras
As autoras
Natieli Olejaz
Membro da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (APROSUD).
Queijista Toca Queijos Artesanais, Francisco Beltrão – PR. Formada em Maturação de Queijos e
Análise Sensorial pela escola francesa Mons Formation. Jurada no 2° Mundial do Queijo e no 1° Prêmio
Queijos Paraná. Ministra cursos de Tecnologia de Queijos e maturação.
5
FERMENTOS EM QUEIJOS
INTRODUÇÃO
CULTURAS STARTER/INICIADORAS
São normalmente bactérias ácido láticas (BAL) e têm como principal função a
produção de ácido lático a partir da lactose. As BAL podem ser classificadas como
homofermentativas, quando produzem quase exclusivamente ácido lático a partir da
lactose ou como heterofermentativas, quando são produzidos outros compostos
além do ácido lático, como ácido acético, CO2, etanol, diacetil e acetaldeído.
As culturas starter mesofílicas geralmente são utilizadas na elaboração de
queijos de massa crua ou semicozida, em que a temperatura durante as etapas de
coagulação e mexedura não excede os 45 °C. As culturas termofílicas são aplicadas
na elaboração de queijos de massa cozida, em que são utilizadas temperaturas mais
elevadas. No entanto, é comum a utilização de culturas mistas, compostas de
bactérias mesofílicas e termofílicas na elaboração de alguns tipos de produtos.
Fermento mesofílico
Fermento mesofílico
Fermento termofílico
Fermento termofílico
Rotação de culturas
CULTURAS ADJUNTAS/SECUNDÁRIAS
Culturas adjuntas/secundárias
Lactobacillus
Enterococcus
Pediococcus
NSLAB
Carnobacterium
Weisella
Leuconostoc
Bactérias propiônicas – Propionibacterium freudenreichii subsp. shermanii
olhaduras Propionibacterium freudenreichii subsp. freudenreichii
Brevibacterium Brevibacterium linens
Staphylococcus xylosus
Grupo dos estafilococos
Staphylococcus equorum
Penicillium roqueforti
Mofo azul
Penicillium glaucum
Penicillium camemberti
Mofo branco
Penicillium candidum
Geotrichum candidum
Kluyveromyces lactis
Kluyveromyces marxianus
Leveduras
Saccharomyces cerevisiae
Candida valida
Debaromyces hansenii
lavada, como Limburger, Reblochon, Taleggio, entre outros. Além disso, confere uma
coloração alaranjada ou amarronzada. É usada em misturas com outros
microrganismos.
Os Staphylococcus xylosus e Staphylococcus equorum são espécies seguras
e coagulase negativa de Staphylococci. São utilizados em queijos de casca lavada e
contribuem tanto com a textura quanto com o sabor do queijo.
O Penicillium roqueforti e o Penicillium glaucum são os mofos azul-
esverdeados responsáveis pela maturação dos queijos Azuis, como Gorgonzola,
Roquefort, Danablu, entre outros. São mesofílicos e metabolizam o ácido lático para
crescer. São fortemente proteolíticos e lipolíticos e podem crescer em altas
concentrações de sal. Nunca são usados isoladamente, mas em conjunto com outros
microrganismos.
O Penicillium camemberti e o Penicillium candidum são os mofos brancos
responsáveis pela maturação de queijos como Camembert, Brie, entre outros. São
mesofílicos e metabolizam o ácido lático para crescer. São fortemente proteolíticos e
lipolíticos e requerem abundância de oxigênio para crescer. Nunca são usados
isoladamente, mas em conjunto com outros microrganismos.
As leveduras podem fermentar a lactose e também metabolizar o ácido lático
na superfície de diversos tipos de queijos moles, desacidificando-os e produzindo
componentes aromáticos. O Geotrichum candidum é um dos microrganismos mais
utilizados. As leveduras participam da maturação de queijos de mofo branco e queijos
de massa lavada. Além disso, podem ser utilizadas com a finalidade de abrir mais a
massa em queijos azuis, a fim de facilitar o desenvolvimento do mofo.
CULTURAS FUNCIONAIS
Fermentos congelados
Mais ativos que os liofilizados
“arrancam” mais rápido e tende a encurtar o tempo de fabricação e
fermentação
Em geral são mais baratos que os liofilizados
Devem ser mantidos em supercongeladores (- 45 a - 55 °C)
Devem ser transportados em caixas de isopor com gelo seco, por no máximo
3 dias.
Durabilidade menor que o liofilizado (10 meses a 1 ano a - 55 °C)
Geralmente utilizados em fábricas maiores (20 a 50 mil litros leite/dia)
Liofilizado
Congelado
Opção 3: o fermento congelado poderá também ser pesado, como foi descrito para o
fermento liofilizado. É muito importante que o restante do fermento não utilizado
naquele momento seja fechado hermeticamente e mantido entre - 45 a - 55 °C.
ÁCAROS EM QUEIJOS
(a) (b)
Fonte: https://artofeating.com/mimolette-aged-cheese/;
https://www.milbenkaese.de/shop/himmelsscheibe/
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Fonte: https://www.dairyreporter.com/Article/2015/05/29/Mystery-of-disappearing-Swiss-cheese-holes-
solved!-There-s-not-enough-hay-says-study
17
Altitude do local
coincidentemente ou não, uma boa parte das fábricas que elaboram queijos com
olhos, estão situadas em regiões montanhosas, de altitude mais elevada.
Qualidade do leite
Mais do que em qualquer outro queijo, aqui se requer leite fresco, de alta
qualidade microbiológica, com baixas contagens globais, números muito reduzidos de
esporulados anaeróbicos (Clostridium) e de psicrotróficos (Pseudomonas sp.). Dar
preferência ao leite de vacas alimentadas no pasto, evitando leite de vacas
alimentadas com silagem. Se possível, evitar o uso de leite refrigerado.
Os queijos estilo suíços são vulneráveis ao estufamento tardio, pois o
Clostridium cresce muito bem, pelas seguintes razões:
1 – É um queijo de pH mais alto, o que ajuda muito.
2 – É um queijo de baixo potencial redox, o que ajuda esporos anaeróbicos.
3 – Abundância de lactato de cálcio, substrato para a fermentação butírica.
4 – Queijo com baixo teor de sal e atividade de água (Aw) mais alta.
5 – Tem período de cura em “câmara quente”, à temperatura de 20-22oC.
O teor de gordura ideal do leite deve ser em torno de 3,0 a 3,2%. No entanto,
não se recomenda desnatar o leite, pois o processo de desnate ou padronização do
teor de gordura reduz a microbiota propiônica entre 95 e 98%.
Quanto maior o teor de gordura do queijo, maior a dificuldade de expulsão de
água da coalhada e, portanto, mais baixo é o pH do queijo. Entretanto, se
modificações adequadas no processo forem feitas e o pH ideal for mantido, o teor de
GES (gordura no extrato seco) não tem nenhuma influência na fermentação
propiônica.
O excesso de gordura pode afetar a textura do queijo, com tendência a
apresentar olhaduras rugosas e a gordura tende a se separar no interior da olhadura
em formação, tirando seu brilho.
19
Condições microbiológicas
Tamanho do queijo
Queijos maiores e mais altos podem formar olhaduras com mais facilidade,
devido ao “curvar” da casca, e essas olhaduras tendem a ser maiores e mais
redondas.
- Queijos mais úmidos requerem fermentação gasosa mais intensa para que se atinja
a supersaturação na água.
- Em queijos mais úmidos, há uma tendência a se formarem olhos menores e mais
numerosos.
- Em queijos com baixo teor de umidade, a supersaturação é atingida mais
rapidamente e os olhos são maiores, porém menos numerosos.
pH do queijo
Condições de processo
ambiente até o dia seguinte, sem sofrer prensagem. No dia seguinte, o pH do queijo
deve se situar entre 5,3 e 5,4.
Deve-se ter cuidado nas etapas de pré-prensagem e prensagem, para evitar
resfriamento da massa (os grãos perdem coesão) e oclusão de ar, além de promover
sua boa compactação, evitando olhos mecânicos e gerando boa formação de casca.
Oxigênio
Ambiente de maturação
Temperatura de maturação
Umidade 35 - 37%
Gordura 28 - 31%
GES 43 - 49%
Sal 0,6 - 0,8%
pH 5,2 - 5,4
Fonte: Furtado (2007)
26
MATURAÇÃO DE QUEIJOS 1
1
Recorte e adaptação do livro: CISLAGHI, F. P.; BADARÓ, A. C. L. Segurança alimentar na produção
de queijos. Queijo Colonial Artesanal. Volume 1. 1ª ed. Francisco Beltrão: Grafisul, 2019. Disponível
em: http://leite.fb.utfpr.edu.br/site/index.php/materiais-para-download/
27
higiênicas. Além disso, a maturação exerce importante papel na busca pela segurança
desses produtos.
MATURAÇÃO DO QUEIJO
Queijos nascem frescos e podem ser consumidos logo após sua fabricação.
Com seu frescor e sabores ácidos, os queijos de apenas alguns dias podem ter muitas
qualidades. Mas é com o passar do tempo, na maturação, que o queijo revela todo o
trabalho realizado desde a alimentação das vacas, qualidade dos pastos e riqueza do
seu terroir.
É na maturação (também denominada cura) que irão se desenvolver as
características específicas dos queijos. Durante a maturação, ocorrem mudanças
microbiológicas e bioquímicas que originam compostos diversos, alterando o sabor,
aroma, consistência e cor do queijo. Dependendo do tipo de queijo, do processo de
fabricação e condições de maturação, há formação de compostos em maior ou menor
intensidade.
pelo FDA (Food and Drug Administration), e foi adotado também por vários outros
países, entre eles o Brasil. A “regra dos sessenta dias”, que estaria associada ao fato
de que esse tempo de maturação seria suficiente para eliminar contaminações
microbiológicas, entre elas as ocasionadas por Escherichia coli, Salmonella,
Staphylococcus aureus e Listeria monocytogenes, além das zoonoses tuberculose e
brucelose, foi, contudo, definida a partir de poucas evidências científicas.
Críticas têm surgido em relação à definição desse prazo, então estabelecido
como seguro, não apenas em países europeus, onde é forte a tradição em produzir
queijos feitos de leite cru, mas também nos Estados Unidos, onde a produção de
queijos artesanais vem sendo retomada. O FDA teria afirmado que não se sabia com
certeza quanto tempo os queijos deveriam ser maturados de modo a serem seguros,
mas que, como nenhum surto envolvendo queijos com mais de sessenta dias de
maturação havia sido relatado, foi definido o critério de maturação mínima em
sessenta dias.
Tem se buscado alternativas para garantir a segurança de consumidores, mas
sem adicionar a etapa de pasteurização, que descaracterizaria queijos tradicionais. A
regulamentação da União Europeia permitiu a comercialização de queijos de leite cru,
independentemente do tempo de maturação, desde que sejam empregados controles
baseados nos princípios de APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle). A partir de então, os cuidados de higiene, desde a alimentação e saúde do
rebanho até as etapas finais de produção, distribuição e comercialização, passaram a
ser seguidos e documentados com mais rigor.
Trabalhos científicos também têm questionado a pertinência de tal regra. No
Brasil, estudos com queijos artesanais de Minas Gerais, desenvolvidos por Martins
(2006), Dores (2007) e Sales (2015), determinaram que o período mínimo de
maturação para os queijos artesanais do Serro, da Canastra e queijo Minas artesanal
de Araxá são de 17, 22 e 14 dias, respectivamente. De acordo com os referidos
estudos, esses tempos de maturação garantem a inocuidade dos produtos.
No entanto, dentro de uma mesma região, o período mínimo de maturação
que garanta a inocuidade dos produtos, pode ser diferente para cada produtor, pois
diversos fatores interferem nesse processo, como o tamanho, umidade, teor de sal e
32
Fonte: https://portaldoqueijo.com.br/noticias/2017/07/09/queijo-camembert-lenda-e-formulas-do-
ilustre-frances/
A maturação deve ser um processo controlado, que exige cuidados. Uma cura
feita de modo improvisado pode ter consequências desastrosas, como ressecamento,
sabores muito fortes, desenvolvimento de microrganismos indesejáveis e perda de
peso em excesso.
Alguns fatores têm influência no processo de maturação, como a qualidade
do leite, umidade, teor de sal e pH do queijo, tipo de coalho e fermento utilizado e as
condições do ambiente de maturação, como temperatura e umidade relativa. Cada
35
tipo de queijo tem suas condições ideais e tempo de maturação, que varia desde dias
até anos. O queijo Prato, por exemplo, matura cerca de 25 dias enquanto o
Parmigiano-Reggiano passa por 24 meses de maturação.
A temperatura no ambiente de cura é o principal fator
controlador do crescimento de microrganismos e da atividade das
reações enzimáticas. Em temperaturas baixas, diminui a
velocidade das reações, o crescimento dos microrganismos e a
cura. Por outro lado, em temperaturas altas (20-30 °C), a cura
acontece mais rapidamente, podendo originar um queijo com sabor
forte e desagradável. O ideal é que a cura aconteça
gradativamente, com reações controladas.
Em geral, a temperatura de maturação deve ficar em torno de 8-16 °C para
maioria dos queijos (Tabela 1). Alguns queijos podem ser maturados à temperatura
ambiente, o que está previsto na legislação para queijos artesanais e desobriga a
instalação de equipamento de refrigeração ou câmara fria. No entanto, quanto mais
alta for a temperatura, maiores deverão ser os cuidados para evitar ou minimizar o
desenvolvimento de microrganismos indesejáveis. O local de maturação varia com o
tipo de queijo. Os queijos podem ser maturados em câmaras de maturação, salas
climatizadas ou ainda em caves (cavernas).
Prateleiras de maturação
Viragem
Natamicina
Morge
Defumação
REFERÊNCIAS
CARMO, L.S. do; DIAS, R.S.; LINARDI, V.R.; SENA, M.J. de; SANTOS, D.A. dos;
FARIA, M.E. de; PENA, E.C.; JETT, M.; HENEINE, L.G. Food poisoning due to
enterotoxigenic strains of Staphylococcus present in Minas cheese and raw milk
Brazil. Food Microbiology, v.19, p.9-14, 2002.
CRUZ, F.T.; MENASCHE, R. O debate em torno de queijos feitos de leite cru: entre
aspectos normativos e a valorização da produção tradicional. Vigilância Sanitária
em Debate, v. 2, p. 34-42, 2014.
DIXON, P.H. European systems for the safe production of raw milk cheese. In:
Relatório Vermont Cheese Council; 28 nov 2000 [abr 2014]. Disponível em:
www.dairyfoodsconsulting.com/pdf/EU_cheese_safety_report.pdf
KNOLL, L.P. Origins of the regulation of raw milk cheeses in the United States
[Third year paper]. Cambridge: Harvard Law School; 2005. Disponível em:
http://dash.harvard.edu/handle/1/8852188.
MÓDULO 7
Agosto de 2023
3
As organizadoras
As autoras
Natieli Olejaz
Membro da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (APROSUD).
Queijista Toca Queijos Artesanais, Francisco Beltrão – PR. Formada em Maturação de Queijos e
Análise Sensorial pela escola francesa Mons Formation. Jurada no 2° Mundial do Queijo e no 1° Prêmio
Queijos Paraná. Ministra cursos de Tecnologia de Queijos e maturação.
1) INGREDIENTES
Leite
Coalho líquido (quimosina)
Sal (NaCl)
Fermento termofílico
2) PROCEDIMENTO
Módulo 8
2
MÓDULO 8
Agosto de 2023
3
As organizadoras
As autoras
Natieli Olejaz
Membro da Associação dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (APROSUD).
Queijista Toca Queijos Artesanais, Francisco Beltrão – PR. Formada em Maturação de Queijos e
Análise Sensorial pela escola francesa Mons Formation. Jurada no 2° Mundial do Queijo e no 1° Prêmio
Queijos Paraná. Ministra cursos de Tecnologia de Queijos e maturação.
5
WPC: whey protein concentrate (concentrado proteico de soro); WPI: whey protein isolate (isolado
proteico de soro). Fonte: Ganju; Gogate (2017).
como metionina e cisteína, que são antioxidantes. São definidas como proteínas
rápidas, ou seja, que têm maior velocidade de assimilação e utilização da proteína
consumida e absorvida pelo organismo. Quanto maior a velocidade, maior a qualidade
da proteína, consequentemente, maior a digestibilidade. Na Tabela 2 são
apresentadas as principais proteínas do soro.
que o soro ácido, mas ambos podem ser aproveitados. O uso limitado do soro ácido
se deve ao seu sabor e maior concentração de sais minerais.
Os produtos mais conhecidos por utilizar o soro são as bebidas lácteas e a
ricota. As bebidas lácteas fermentadas são aquelas semelhantes ao iogurte, em que
ocorre a fermentação do leite e coagulação devido à produção de ácido lático pelas
bactérias ácido-láticas (BAL). Nas bebidas lácteas não-fermentadas, não ocorre a
acidificação, sendo que as mais conhecidas são os achocolatados, mas podem ser
elaboradas de diversos sabores. O emprego do soro líquido em bebidas lácteas pode
ser uma opção viável para pequenas queijarias, pois os investimentos são baixos e o
produto tem um grande valor agregado e aceitação pelo consumidor. É possível
produzir bebidas lácteas utilizando soro doce ou ácido. Geralmente o sabor do soro
ácido é mais compatível com os sucos e/ou polpas de frutas cítricas. Existem muitas
possibilidades de inovação, seja pelo uso de frutas exóticas ou típicas de certas
regiões, sucos vegetais (como tomate, cenoura, etc.) ou pela adição de ingredientes
funcionais, como os prebióticos (fibras) e probióticos (geralmente espécies de
Lactobacillus e Bifidobacterium).
A ricota é um tipo de queijo fresco feito a partir da coagulação do soro doce
pela adição de ácido e aquecimento. É uma alternativa interessante de
aproveitamento que não requer grandes instalações ou equipamentos, nem
investimentos. No entanto, dessa produção ainda resta um volume de soro (ácido)
que também pode ser aproveitado.
O soro também pode ser utilizado na fabricação de doce pastoso, similar ao
doce de leite. Além desses produtos citados, o soro de leite é amplamente empregado
pela indústria de alimentos em vários outros, como panificados, embutidos cárneos,
chocolates, leites fermentados, molhos de saladas, fórmulas infantis, sobremesas
congeladas, bebidas para atletas e suplementos alimentares.
Os produtos contendo soro têm elevado conteúdo de lactose, devendo ser
evitados por pessoas que apresentam intolerância à lactose. No entanto, essa
dificuldade pode ser contornada através do uso da enzima lactase nesses produtos,
a qual hidrolisa a lactose, permitindo o consumo por pessoas intolerantes.
11
Soro líquido
Filtração
Separação de finos
Desnate Creme
(fabricação da
Separação da gordura manteiga de soro)
Pasteurização
72ºC por 15 s
Armazenamento
Sob refrigeração
Soro pré-tratado
etc. A Figura 3 apresenta algumas das possíveis aplicações dos produtos de soro de
leite.
Bebidas
Suplementos
e sucos
Lácteos
Cereais
- Produtos de panificação
- Bebidas
Cria emulsões estáveis e impede a - Produtos à base de carne e
Emulsificante formação de uma grande massa de frutos do mar
glóbulos de gordura. - Misturas para sorvete
- Molhos para salada
- Embutidos cozidos
- Produtos de panificação
- Bebidas
- Confeitos
Realce de sabor Realça sabores
- Produtos lácteos
- Carnes processadas
- Lanches
- Produtos de panificação
- Bebidas
Mantém a umidade, melhora textura e - Produtos lácteos
Geleificante sensação na boca processados
- Produtos à base de carne e
frutos do mar
Sabor suave sem interferência no - Confeitos
Neutralidade sabor do produto - Sobremesas congeladas
16
30.000 - 50.000 mg de O2/L, valor cerca de 100 vezes maior que a carga orgânica
presente no esgoto doméstico. A DBO é diretamente proporcional ao potencial
poluidor de um resíduo ou substância, sendo que a lactose é a principal responsável
pela elevada DBO do soro. A DBO mede a quantidade de oxigênio necessária para
estabilizar biologicamente a matéria orgânica presente em uma amostra, após um
determinado tempo (5 dias) e a uma dada temperatura (20°C). Um litro de soro exige
o O2 presente em 4.500 litros de água para despoluí-lo.
O poder poluente de 50.000 L soro, volume facilmente gerado diariamente por
uma empresa produtora de queijo de médio porte, equivalem ao esgoto de uma cidade
de 25.000 habitantes. Quando descartado no solo, o soro afeta a estrutura física e
química deste, diminuindo os rendimentos agrícolas; quando lançado em rios, reduz
a vida aquática, pois esgota o oxigênio dissolvido.
O avanço tecnológico tem contribuído para o aproveitamento do soro,
minimizando o impacto ambiental. A conversão do soro de resíduo para insumo pode
ser considerada uma inovação na cadeia de produção agroindustrial do leite. No
entanto, os pequenos produtores ainda têm dificuldades na utilização do soro de leite.
A maioria dos produtores de pequenas agroindústrias destina todo o soro de
leite gerado na fabricação de queijos para alimentação de bovinos e suínos. Isso tem
sido relatado por diversos estudos em diferentes regiões do Brasil. Porém, ainda há
casos de descarte do soro na natureza, considerado irregular por poluir o solo e águas.
O tratamento do soro, como efluente, se torna inviável devido aos grandes
volumes que são gerados diariamente e ao elevado custo. Assim, a melhor alternativa
é buscar opções de aproveitamento desse subproduto.
O descarte na natureza feito de maneira irregular ocorre devido à falta de
informação do produtor ou mesmo por outras dificuldades como falta de mão-de-obra
para aproveitamento, falta de equipamentos para sua pasteurização e/ou refrigeração,
deficiências no transporte e distribuição do produto. Portanto, alternativas
tecnológicas de fácil execução e baixo custo para o adequado aproveitamento do soro
são fundamentais.
É necessário haver uma mudança cultural, em que o soro deixe de ser visto
como resíduo e passe a ser matéria-prima na elaboração de outros produtos. Ainda,
18
Os vídeos de algumas das receitas apresentadas aqui podem ser vistos em:
https://m.youtube.com/@inovaqueijo9632/videos
A) RICOTA
A ricota é um queijo fresco de origem italiana, de sabor suave, obtida pela
precipitação das proteínas a partir do aquecimento e acidificação do soro de leite.
Possui alta digestibilidade, baixo teor de gordura e valor calórico. Devido ao seu alto
teor de umidade, tem durabilidade baixa, cerca de cinco dias.
O soro deve ser fresco, com acidez de no máximo 13°D. Soros mais ácidos
podem precipitar precocemente, e com isso pode haver uma diminuição do
rendimento, além de prejudicar a consistência do produto (fica mais mole). A acidez
do soro deve ser reduzida para 8-10°D, com a adição de bicarbonato de sódio. Para
isso, usa-se a seguinte fórmula:
» Ingredientes
• 10 litros de soro de leite
• 2 litros de leite pasteurizado (opcional)
• 480 mL vinagre branco
» Tecnologia de fabricação
• Aquecer o soro de leite à temperatura de 70 °C;
• Adicionar o leite pasteurizado (2 litros);
• Continuar aquecendo até 90 ºC (ou até abrir fervura);
• Acrescentar 480 mL de vinagre branco (4%; 400 mL para cada 10 litros de
soro), misturar bem;
• Aguardar a formação dos primeiros flocos e desligar o fogo;
• Deixar em repouso até completar a precipitação (cerca de 10 minutos);
• Retirar a massa precipitada utilizando escumadeira/peneira e colocar na fôrma
para escorrer;
• Levar à geladeira para resfriar;
• Embalar;
• Armazenar sob refrigeração.
20
» Tecnologia de fabricação
• Proceder da mesma forma que na ricota;
• Retirar a massa precipitada utilizando escumadeira/peneira e colocar em
recipiente plástico;
• Adicionar 4% de frutose e 0,5% de aroma/essência de baunilha, caramelo,
chocolate ou outra;
• Colocar na fôrma para escorrer;
• Levar à geladeira para resfriar;
• Embalar;
• Armazenar sob refrigeração.
» A frutose pode ser substituída por sacarose e podem ser adicionados ingredientes
como chocolate, frutas cristalizadas, coco, etc.
Ao final do processo, o produto deve chegar a pH 4,6 após fermentar por cerca
de 4 horas à temperatura que varia de 40º a 45ºC. Pode-se utilizar iogurte natural
como fermento ou culturas probióticas, as quais apresentam benefícios à saúde.
» Tecnologia de fabricação
» Tecnologia de fabricação
» Elaboração do Xarope:
• Aquecer 50% (1,5 litros) do leite a ser utilizado a 50ºC;
• Adicionar os ingredientes secos (açúcar, cacau e sal) previamente misturados;
• Misturar até completa dissolução;
• Aquecer até 75ºC;
• Adicionar o xarope à mistura (leite/soro) sob agitação constante.
» Tecnologia de fabricação
» Ingredientes
• 1 litro de soro de leite
• 1 litro de leite
• 2 g de bicarbonato de sódio
• 400 g de açúcar
» Tecnologia de fabricação
• Colocar o leite e o soro em uma panela;
• Adicionar o bicarbonato de sódio e o açúcar;
• Agitar a mistura até dissolver;
• Levar a mistura ao fogo, sob agitação constante;
• O doce vai ficando cada vez mais “grosso e pesado”;
• Tomar uma pequena amostra do doce e pingar algumas gotas em um copo
com água fria. Se as gotas descerem até o fundo, sem se desmancharem, o
doce estará no ponto;
• Retirar da panela e bater o doce com a colher até que esfrie um pouco;
• Despejar em vidro previamente esterilizado.
» Ingredientes
• 1 litro de soro de leite
• 1 litro de leite
• 2 g de bicarbonato de sódio
• 800 g de açúcar
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» Tecnologia de fabricação
• Colocar o leite e o soro em uma panela;
• Adicionar o bicarbonato de sódio e o açúcar;
• Agitar a mistura até dissolver;
• Levar a mistura ao fogo, sob agitação constante;
• O doce vai ficando cada vez mais “grosso e pesado”;
• Tomar uma pequena amostra do doce e pingar algumas gotas em um copo
com água fria. Se puder ser feita uma bala, o doce estará no ponto;
• Retirar da panela e bater o doce com a colher até que esfrie um pouco;
• Despejar em assadeira levemente untada ou forrada com plástico;
• Cortar antes de esfriar totalmente.
- Bolo
» Ingredientes
• 1 copo e meio de soro de leite
• 1 copo de açúcar
• 3 ovos
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» Tecnologia de fabricação
• Na batedeira, misturar os ovos e o açúcar;
• Bater em velocidade baixa até o creme ficar claro;
• Após, adicionar a margarina e misturar;
• Adicionar aos poucos a farinha e o soro de leite até ficar homogêneo;
• Misturar manualmente o fermento químico;
• Untar uma assadeira com margarina e polvilhar farinha;
• Acrescentar a massa e levar ao forno a 200ºC por cerca de 1 hora.
- Cobertura
» Ingredientes
• 2 copos de soro de leite
• 1 copo de açúcar
• 1 copo de cacau/chocolate em pó
• 2 colheres de amido de milho
» Tecnologia de fabricação
• Dissolver o amido em um pouco de soro de leite;
• Colocar todos os ingredientes em uma panela e levar ao fogo até engrossar,
mexendo sempre.
27
» Ingredientes
• 2 colheres (sopa) de fermento de pão
• 4 colheres (sopa) de açúcar
• 2 colheres (sopa) de margarina, nata ou banha de porco
• 2 ovos
• 2 copos (americanos) de soro em temperatura ambiente
• ½ copo (americano) de óleo
• 1 colher rasa (sopa) de sal
• aproximadamente 1 kg de farinha de trigo
» Tecnologia de fabricação
• Coloque os ingredientes no liquidificador (menos a farinha) e bata bem;
• Passe esta massa para uma bacia e vá acrescentando a farinha de trigo aos
poucos, até dar o ponto de desgrudar das mãos (pode ser que não vá tudo, ou
que precise de um pouco mais);
• Sove bem ou passe no cilindro;
• Modele os pães a gosto;
• Coloque na forma, deixe crescer;
• Leve para assar os pães conforme o costume.
Obs.: se quiser pode passar gema de ovo batida sobre os pães antes de levar para
assar, com um pincel, para eles ficarem amarelinhos.
J) BALA DE SORO3
» Ingredientes
• 1 e ½ litro de soro
• 300 g de açúcar
• ½ xícara (chá) de chocolate em pó
• 1 colher (sopa) café solúvel
» Tecnologia de fabricação
• Coloque todos os ingredientes em uma panela, misture bem e leve ao fogo
médio até dar o ponto de bala mexendo sempre – o ponto é um pouco mais
apurado do que o doce de leite para corte;
• Unte uma forma com margarina e quando a bala der o ponto coloque na forma
até dar uma esfriada, porém ela deve ser puxada ainda quentinha como um
puxa-puxa;
• Pode-se fazer um cordão e depois cortar com a faca no tamanho desejado, ou
crie formatos desejados para as balas;
• Depois, passe no açúcar refinado para não grudarem;
• Você pode saborizar suas balas com o que desejar.
Obs.: para saber o ponto da bala, coloque em um copo um pouco de água e com a
colher pingue um pouco da bala na água, pegando a bala no fundo do copo com os
dedos ela tem que estar firminha.
OBSERVAÇÕES:
• O soro a ser usado deve ser fresco, de baixa acidez. Então, assim que for obtido,
o soro deve ser guardado sob refrigeração e usado em seguida.
• Para uso do soro em alimentos não fervidos, é indicado aquecer o soro até 60 °C
por 30 minutos (pasteurização).
• O aquecimento do soro em temperaturas mais elevadas causa a precipitação de
suas proteínas (formação de grumos).
• Se a salga do queijo for feita antes de retirar o soro, o soro de leite será salgado e
não poderá ser usado em receitas doces. No uso em receitas salgadas, ajustar a
quantidade de sal a ser acrescentada.
REFERÊNCIAS
ALVES, M.P.; MOREIRA, R.O.; JUNIOR, P.H. R.; MARTINS, M.C. F.; PERRONE,
I.T.; CARVALHO, A.F. Soro de leite: tecnologias para o processamento de
coprodutos. Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 69, n. 3, p. 212-
226, mai/jun, 2014.
CARTER, B.G.; DRAKE, M.A. The effects of processing parameters on the flavor of
whey protein ingredientes. Journal of Dairy Science, v. 101, p.1–12, 2018.
GANJU, S.; GOGATE, P.R. A review on approaches for efficient recovery of whey
proteins from dairy industry effluents. Journal of Food Engineering, v. 215, p. 84-
96, 2017.
KILARA, A.; VAGHELA, M.N. Whey proteins. In: YADA, R.Y. Proteins in Food
Processing. Second Edition. Reino Unido: Woodhead Publishing Series in Food
Science, 2018. p. 93-126. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/B978-0-08-
100722-8.00005-X>
KOSSEVA, M.R.; PANESAR, P.S.; KAUR, G.; KENNEDY, J.F. Use of immobilised
biocatalysts in the processing of cheese whey. International Journal of Biological
Macromolecules, v.45, p. 437-447, 2009.
32
SILVA, K.; BOLINI, H.M. A.; ANTUNES, A.J. Soro de leite Bovino em Sorvete.
Revista Alimentos e Nutrição, Araraquara (SP), v. 15, n. 2, p. 187-196, 2004.
SILVA, R.O.P.; BUENO, C.R.F.; SÁ, P.B.Z.R. Aspectos relativos à produção de soro
de leite no Brasil, 2007-2016. Informações Econômicas, SP, v. 47, n. 2, abr./jun.
2017.
WONG, N.P.; JENESS, R.; KEENEY, M.; MARTH, E.H. Fundamentals of Dairy
Chemistry. New York: Aspen Publication, 779 p., 1999.
9.2.2 Acesso
A área de contorno da construção deve ser calçada, junto às paredes, com
pelo menos 1 m de largura. O nível interno da calçada deve possuir a mesma altura
do piso da indústria, com caimento de 2% para o limite externo da calçada,
impedindo que a água da chuva e de lavagem da área externa retorne para o interior
da agroindústria.
A área do entorno da agroindústria deve ser cercada. Esse cercado tem por
finalidade impedir a entrada de animais que circulem no entorno da agroindústria. O
acesso para a agroindústria deve ser direto e independente, não comum à habitação
e outros usos.
Devem ser instaladas barreiras sanitárias em todos os pontos de acesso à
área de produção. A barreira sanitária precisa contar com lavador de botas, pias com
torneiras com fechamento sem contato manual, sabão líquido inodoro e neutro,
toalhas descartáveis de papel não reciclado (brancas) ou dispositivo automático de
secagem de mãos, cestos de lixo acionados sem contato manual e substância
sanitizante (pode ser álcool 70° GL).
9.2.3 Instalações
As instalações devem ser projetadas para que sejam de fácil limpeza e
sanitização. A superfície de paredes, divisórias e pisos devem ser impermeáveis, e
de material de fácil higienização.
9.2.4 Paredes
As construções devem ser sólidas, não-porosas, resistentes, sob manutenção
constante, na qual os materiais utilizados na construção e manutenção não
transmitam nenhuma substância indesejável ao produto. A altura deve ser suficiente
para que haja conforto térmico e ventilação suficiente, sendo recomendado uma
altura de pelo menos 3 metros.
Nas áreas de manipulação, as paredes devem ser revestidas de materiais
impermeáveis e laváveis de cores claras. Recomenda-se que os ângulos entre as
paredes e as junções com o teto e o piso possuam abaulamento hermético
(arredondamento interno) para impedir o acúmulo de sujeira e para facilitar a
limpeza conforme figura abaixo:
Figura 9.1 – Execução correta entre cantos de paredes e tetos
9.2.5 Piso
O revestimento aplicado no piso é extremamente exigido no processo
industrial. Por isso, a escolha adequada viabiliza sua manutenção. Deve ser
impermeável, lavável, antiderrapante, não possuir trincas, frestas, vazamentos e
infiltrações; e fáceis de limpar. A resistência à abrasão (desgaste por fricção pelo
arraste de equipamentos e pessoas), a impactos (choques resultantes da queda de
objetos) deve ser avaliada na escolha do melhor revestimento.
O piso deve ser construído em nível elevado em relação à rua, de forma a
permitir uma drenagem e limpeza adequadas. Deve possuir uma inclinação de 1% a
2%, com escoamento do efluente direcionado até o ralo, evitando-se o acúmulo de
poças oriundas de lavagem ou chuva, como fontes de contaminação cruzada. A
disposição da inclinação do piso pode ser com o ralo centralizado ou de canto de
área.
A disposição de inclinação utilizando ralo central é mais aconselhável,
principalmente em área superior a 15 m2, uma vez que em cantoneira pode haver
acúmulo de água ao redor do ralo. Devem ser usados ralos sifonados, com tampas
removíveis em todas as instalações, com tampa abre e fecha, e pode ser colocado a
cada 35 m2 de área construída.
9.2.6 Teto e forro
Devem ser de fácil limpeza, não podem acumular sujeiras e nem condensar
água (vapor d´ água em gotículas), o que possibilita contaminação cruzada e
formação de mofo. Caso haja equipamentos, como tachos, tanques de aquecimento
do leite, o teto precisa ser resistente à temperatura e impermeável ao vapor.
O uso de PVC no revestimento interno no teto é permitido, no entanto, o forro
precisa ser colocado bem ajustado às paredes para que não existam vãos, pois
sujidades podem cair dentro da área de processamento. Se existirem pequenos
vãos entre o forro e a parede, pode-se utilizar a cola de silicone transparente para
vedar perfeitamente. Contudo, é preciso verificar constantemente essa vedação.
O espaço entre o telhado e o forro deve ser telado para evitar a entrada de
insetos, morcegos, ratos e outros animais. Podem-se instalar telas plásticas nos
contornos das telhas ou nas estruturas para proteger qualquer espaço aberto que
possibilite a entrada e a reprodução de pragas.
9.3 Equipamentos
Antes de escolher os equipamentos é necessário analisar quais os produtos e
o tamanho da produção atual e da prevista para os próximos anos na agroindústria
para que a capacidade e a dimensão dos equipamentos seja adequada.
É importante verificar os materiais e o acabamento dos equipamentos e
utensílios, pois são lavados e sanitizados constantemente com produtos químicos
que podem ser agressivos ou corroer alguns tipos de materiais.
Alguns tipos de materiais como madeira, cobre e alumínio não podem ser
utilizados no processamento de alimentos na agroindústria, pois são porosos, não
resistem a choques mecânicos e à ação dos sanitizantes ou podem interagir com o
alimento manipulado. O acabamento dos equipamentos e utensílios não deve conter
soldas ou costuras resultando em frestas, poros ou pontos salientes que possam
alojar microrganismos. As superfícies devem ser lisas e planas para que a
higienização seja eficiente.
Observar o fluxo de produção, ou seja, a sequência de trabalho e tarefas
desempenhadas dentro de cada área para planejar o melhor local ou a disposição
do equipamento. Os equipamentos devem ser dispostos de forma que a matéria-
prima siga para frente, isto é, não volte ou cruze com o produto final ou já preparado
para a embalagem. Importante lembrar que os equipamentos devem ser afastados,
no mínimo 30 cm do piso e 50 cm das paredes para facilitar a limpeza. Pode-se
dimensionar uma distância de 50 cm entre os equipamentos para que as pessoas
possam circular.
Existem alguns equipamentos que são necessários dependendo do processo
de produção do queijo. Por exemplo se o produtor realiza a pasteurização do leite
para fabricação dos queijos será necessário um tanque de fabricação de camisa
dupla ou tanque de camisa simples associado a algum outro equipamento de
pasteurização. Para a produção de queijo a partir de leite cru, fica dispensado o uso
de equipamentos de pasteurização.
A maturação de queijos pode ser realizada em prateleiras de madeira, desde
que, em boas condições de conservação e não impliquem em risco de contaminação
do produto.
O defumador deve ser abastecido por alimentação externa de forma a não
trazer prejuízos à identidade e inocuidade dos produtos nas demais áreas de
processamento.
É proibido modificar as características dos equipamentos sem autorização
prévia do serviço oficial de inspeção, bem como utilizá-los acima de sua capacidade
operacional.
9.4 Laboratório
O laboratório deve estar convenientemente equipado para realização das
análises microbiológicas e físico-químicas necessárias para o controle da matéria-
prima e processo de fabricação.
Não é obrigatória a instalação de laboratório nas fábricas de laticínios ou
queijarias que processam exclusivamente leite oriundo da propriedade rural onde
estão localizadas, desde que as análises de matéria-prima e de produto sejam
realizadas em laboratórios externos. A dispensa de laboratório não desobriga a
realização no estabelecimento das análises de fosfatase alcalina e peroxidase para
controle do processo de pasteurização do leite para industrialização.
Os estabelecimentos que não produzem leite para consumo direto ficam
dispensados de instalar laboratório para realização das análises microbiológicas,
desde que as análises de matéria-prima e de produto sejam realizadas em
laboratórios externos.
9.6.3 Iluminação
As fontes luminosas devem estar dispostas de maneira a fornecerem
iluminação adequada, uniforme, sem ofuscamento e que não altere as
características sensoriais dos alimentos. É necessário que haja uma intensidade
luminosa mínima de 150 lux (lx) nas áreas de estocagem, garantindo iluminação
suficiente para inspeção e armazenamento; 250 lx nas áreas comuns e 500 lx para
as áreas de trabalho.
A proteção das lâmpadas deve ser de plástico ou acrílico transparente para
que se evite acidentes ou contaminantes por cacos de vidros nas áreas internas do
estabelecimento. Atualmente, as lâmpadas de LED vem sendo utilizadas nas
agroindústrias por não quebrarem, sem ter a necessidade de utilização de proteção,
porém é interessante consultar o Serviço de Inspeção para verificar a autorização
para utilização. As lâmpadas também não podem alterar as cores dos alimentos, ou
seja, não podem ser coloridas.
9.6.4 Ventilação
O sistema de ventilação deve garantir conforto térmico, a renovação do ar e a
manutenção do ambiente livre de fungos, gases, fumaça, gordura e condensação de
vapores e outros. A circulação de ar poderá ser feita através de ar insuflado filtrado
ou de exaustão. O fluxo de ar deve ser direcionado da área limpa para a suja.
Os exaustores devem possuir telas milimétricas removíveis para impedir a
entrada de vetores e pragas urbanas. Periodicamente, os equipamentos e filtros
devem sofrer manutenção e higienização. Não devem ser utilizados ventiladores e
climatizadores com aspersão sobre os alimentos ou nas áreas de manipulação e
armazenamento.
Município, data
__________________________________
(Proprietário)
____________________________________
Responsável Técnico
REFERÊNCIAS
ADAPAR – Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Paraná. Portaria
ADAPAR nº 155/2022. 2018. Disponível em:
https://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=exibir&codAto=2
68447&indice=1&totalRegistros=162&anoSpan=2022&anoSelecionado=2022&mesS
elecionado=0&isPaginado=true
PAC 01
1. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
Este plano aplica-se ao estabelecimento:
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
2. 2 Objetivos específicos
3. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
3.1 Legislação Aplicável
Lei Municipal do Serviço de Inspeção n°XXXX de XX de XXXX de 20XX
Decreto Municipal do Serviço de Inspeção n° XXX de XX de xxxx de 20xx
Decreto nº 9.013, de 29 de março de 2017, do MAPA.
Decreto nº 10.468, de 18 de agosto de 2020.
Portaria ADAPAR 055 de 21 de março de 2022.
Norma Interna DIPOA/SDA n° 01, de 08 de março de 2017.
4. Campo de Aplicação
Páginas:
6. Responsabilidades
7. Descrição do Procedimento
7.1 Características dos prédios e instalações
8. Monitoramento
8.1 O monitoramento é uma ação a ser realizada pela empresa, conforme especificado
abaixo:
Agroindústria XXXXXXXXX PAC 01
Nº Rev.: 001
Logo da Data:
Agroindústria Páginas:
Manutenção De acordo com Inspeção visual Monitor de Falha no Ação imediata: - Realizada pelo monitor da qualidade,
preventiva cronograma qualidade equipamento/ Paralisar as Responsável Técnico e/ou profissional
estabelecido. utensilio, parte civil, atividades; Isolar a capacitado com objetivo de a avaliar a
elétrica ou área; execução das ações corretivas e
mecânica que não preventivas propostas na planilha para
entra em contato - Recolher os a não conformidade registrada. Esta
com o produto. produtos em caixas verificação é executada logo após
higienizadas; cobrir as finalizado o prazo proposto.
Paradas caixas com plástico e
prolongadas, enviá-las a câmara
programadas ou fria;
inesperadas.
- Realizar reparo;
Agroindústria XXXXXXXXX PAC 01
Logo da
Nº Rev.: 001
Agroindústria
Data:
Páginas:
Frequência: Mensal
Como: Verificar 100% das Planilhas de Monitoramento quanto ao correto procedimento e
execução do monitoramento e tratamento de não conformidades evidenciando atraves da
assinatura. Verificar a correta execução do monitoramento, tomada de aç̧es corretivas e
preventivas (quando houver) e a normalidade do processo.
Registro: Na propria planilha.
Responsável: Responsavel Tecnico e/ou profissional capacitado.
Ação Imediata: Realizar aç̧es corretivas conforme descrito no plano; Orientar monitor da
qualidade.
Ação Corretiva/Preventiva: Treinar monitor da qualidade.
Monitoramento e ações Nunca utilizar um equipamento com defeito. Quando necessário o proprietário realiza as
corretivas manutenções, não sendo possível, solicita-se manutenção corretiva à empresa especializada
Denominação de venda - Observar uma das denominações estabelecidas nas Normas que
definem os Padrões de Identidade de Qualidade;
- Constar no painel principal;
- Tamanho mínimo da letra de 1mm ou altura minima de 1/3 da
maior inscrição do rótulo, incluindo-se a marca;
Advertência sobre lactose - Os alimentos que contenham lactose em quantidade maior do que
100 miligramas por 100 gramas do alimento devem apresentar a
seguinte declaração:
CONTÉM LACTOSE
A declaração deve ser apresentada logo após ou abaixo da lista de
ingredientes em caixa alta, negrito, altura mínima de 2mm e nunca
inferior àltura da letra utilizada na lista de ingredientes.
Identificação do lote - Deve ser informado o lote do produto, sendo que pode ser utilizado
como lote a data de fabricação, embalagem ou prazo de validade,
ou pode ser determinado pelo fabricante desde que permita o
rastreamento e recolhimento do produto se necessário;
- Tamanho mínimo da letra de 1mm;
Prazo de validade - Deve ser informado pelo menos o dia e o mês para produtos com
prazo de validade igual ou inferior a três meses ou o mês e o ano
para produtos que tenham prazo de validade superior a 3 meses;
- Não é perimitido informar o prazo de validade utilizando
expressões como: validade 1 ano
- Tamanho mínimo da letra de 1mm;
Alimentos irradiados - A RDC 21/2001 descreve que todos os alimentos que passa
pelo processo de irradiação deve apresentar em seu rótulo a
declaração “ALIMENTO TRATADO POR PROCESSO DE
IRRADIAÇÃO” no painel principal. Quando um produto
irradiado é utilizado como ingrediente em outro alimento, deve
declarar essa circunstância na lista de ingredientes, entre
parênteses, após o nome do mesmo.
Presença de Aromas e Corantes - O Decreto Lei n° 986/1969 prevê que alimentos que
possuam em sua composição corantes artificiais apresentem a
declaração “Colorido artificialmente” que deve ser facilmente
legível no painel principal. A presença de corante natural não
precisa ser declarada no painel principal, apenas na lista de
ingredientes.
- A RDC 2/2007 e Informe Tecnico 26/2007 trazem a
obrigatoriedade de trazer a declaração no painel principal e na
lista de ingredientes a informação da presença de aromas
dependendo da sua classificação e finalidade do aroma no
produto.
Sendo que este modelo é para ser utilizado naqueles alimentos que
apresentam os três nutrientes acima do limite estabelecido. Alimentos com um ou
dois nutrientes acima do limite devem apresentar o mesmo modelo, porém
apresentando somente o bloco “alto em” e do nutriente que ultrapassou o limite da
legislação.
ALEGAÇÕES NUTRICIONAIS
REFERÊNCIAS
Uma agroindústria para ser considerada de pequeno porte não deve ter área
superior a 250m²;
Ela pode ser em anexo a residência (desde que observados o risco
sanitário);
Passa a ser permitido a utilização de sanitário da casa do produtor ou outro
próximo desde que este esteja em uma distância não superior a 40 metros;
E isenta ainda a agroindústria que transforma o queijo com matéria prima da
propriedade, de ter laboratório próprio, devendo as análises neste caso,
serem realizadas por laboratório contratado.
MÓDULO 11
Outubro de 2023
3
As organizadoras
As autoras
Jaqueline Pastro
Graduanda em Engenheira de Alimentos pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR),
campus Francisco Beltrão. Foi bolsista de extensão do projeto do Queijo Colonial Artesanal do
Sudoeste do Paraná e atualmente é bolsista de Iniciação Científica.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, muitas ações vêm sendo desenvolvidas para resgatar e
valorizar a história e cultura e melhorar a qualidade dos queijos artesanais. É preciso
apoiar aqueles produtores que estão comprometidos com a qualidade e a segurança
dos queijos.
Os queijos artesanais devem ser produzidos atendendo a condições
higiênico-sanitárias rigorosas, desde a obtenção da matéria prima até a sua
comercialização. Quaisquer falhas que venham a ocorrer no controle de qualidade
durante o processo podem acarretar em um produto final de má qualidade e com risco
de causar infecções e intoxicações aos consumidores.
Os problemas/defeitos podem interferir na qualidade e segurança dos queijos,
além de comprometer o rendimento, impossibilitando sua aceitação sensorial ou até
mesmo sua comercialização, acarretando em perdas econômicas para o produtor.
De acordo com Pastro et al. (2021), os principais problemas que os produtores
de queijo Colonial artesanal relatam observar na sua produção são o aparecimento
de mofo indesejado, trincas/rachaduras externas, estufamento, casca muito dura,
trincas/rachaduras internas, sabor ácido, contaminação microbiológica, furinhos no
interior do queijo e o baixo rendimento na produção.
Em estudo com queijo Minas artesanal da região da Canastra, os principais
defeitos relatados foram: casca grossa, mofos, trincas, estufamento precoce,
coloração desigual (manchas), sabor ácido, amargo e sabor de ranço (SOBRAL et al.,
2017b). Na região do Serro foram observados os seguintes defeitos: estufamento
6
CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA
MOFO INDESEJADO
Figura 1. Queijo Minas Artesanal casca florida com 20 dias de maturação (região do
Serro).
TRINCAS/RACHADURAS
resseca a superfície do queijo, formando uma casca dura que impede a maturação no
interior e leva à perda excessiva de umidade. O ideal é que no ambiente de maturação
haja uma boa ventilação, permitindo que o fluxo de ar passe pelas prateleiras.
ESTUFAMENTO
Estufamento precoce
Estufamento tardio
Olhaduras
BAIXO RENDIMENTO
EXCESSO DE SAL
O uso excessivo de sal nos queijos pode comprometer a maturação, pois inibe
as bactérias e enzimas desejáveis responsáveis pela maturação e obtenção do sabor
e textura característicos dos queijos artesanais. Além disso, o excesso de sal não é
saudável. O desenvolvimento de acidez nos queijos faz com que ocorra variação na
absorção de sal e queijos com maior umidade absorvem o sal com mais facilidade.
Alguns produtores usam sal em excesso para mascarar sabores indesejáveis
como o amargor, a acidez e o ranço, que aparecem em razão da baixa qualidade do
leite. O excesso de sal também pode causar trincas nos queijos.
SABOR AMARGO
SABOR ÁCIDO
O sabor ácido em queijos indica que pode ter sido utilizado fermento (ou
iogurte) em excesso, que a dessoragem não foi eficiente ou que houve contaminação
por coliformes. Este defeito está diretamente ligado ao aparecimento de outros
defeitos, como o estufamento dos queijos e o uso de leite com resíduos de antibióticos.
A fermentação pelas bactérias do grupo coliforme leva ao aumento da acidez e os
resíduos de antibióticos presentes no leite inibem as bactérias láticas. Com a falta de
bactérias benéficas, o queijo não dessora bem (pois o pH não reduz suficiente) e no
decorrer da maturação esse soro retido também vai propiciar o aparecimento do sabor
ácido.
A dosagem correta de fermento/iogurte, o uso de leite de boa qualidade, Boas
Práticas Agropecuárias, BPF e uma dessora eficiente são as maneiras de evitar que
o queijo acidifique demais.
SABOR DE RANÇO
pode ser uma causa desse defeito. A utilização de leite fresco e de boa qualidade
minimiza o aparecimento do sabor de ranço.
PROBLEMAS DE COLORAÇÃO
As cores fluorescentes são visíveis sete dias após a contaminação, sob uma
luz ultravioleta (do mesmo tipo das lâmpadas para afastar insetos). Em alguns queijos,
a casca pode se tornar pegajosa, descolando ao ser tocada. Elas exalam um odor
desagradável que lembra batata crua e podem causar sabor amargo, principalmente
na casca. Em queijos frescos podem surgir manchas azuis (Figura 8), causadas
principalmente por Pseudomonas fluorescens.
SEPARAÇÃO DE ÓLEO/GORDURA
REFERÊNCIAS
BRÄNDLE, J. et al. Relevance and analysis of butyric acid producing clostridia in milk
and cheese. Food Control, v. 67, p. 96-113, 2016.
CASARIL, K.B.P.B.; BENTO, C.B.P.; HENNING, K.; BPEREIRA, M.; DIAS, V.A.
Qualidade microbiológica de salames e queijos coloniais produzidos e
comercializados na região sudoeste do paraná. Revista Brasileira de
Agropecuária Sustentável (RBAS), v.7, n.2, p.75-85, 2017.
HUC, D.; CHALLOIS, S.; MONZIOLS, M.; MICHON, C.; MARIETTE, F. Spatial
characterisation of eye-growing kinetics in semi-hard cheeses with propionic acid
fermentation. International Dairy Journal, v. 39, p. 259-269, 2014.
KURE, C.F.; SKAAR, I. The fungal problem in cheese industry. Current Opinion in
Food Science, v. 29, p.14–19, 2019.
MARTIN, J.G.P.; SILVA, J.M.M.; CÉSAR, I.C.D.R.; DA SILVA, M.; SANTANA, S.A.;
VELOSO, T.G.R.; SILVA, J.G.E.; FERREIRA, C.L.D.L.F.; LEECH, J.; COTTER, P.D.
Seasonal variation in the Canastra cheese mycobiota. Frontiers in Microbiology,
v.13, 1076672, 2023.
METZ, M.; SHEEHAN, J.; FENG, P.C.H. Use of indicator bacteria for monitoring
sanitary quality of raw milk cheeses – A literature review. Food Microbiology, v. 85,
103283, 2020.
SOBRAL, D.; COSTA, R.G.B.; PAULA, J.C.J. de; TEODORO, V.A.M.; MOREIRA,
G.M.M.; PINTO, M.S. Principais defeitos em queijo Minas artesanal: uma revisão.
Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, v. 72, n. 2, p. 108-120, 2017a.
SOBRAL, D.; COSTA, R.G.B.; PAULA, J.C.J. de; TEODORO, V.A.M.; MOREIRA,
G.M.M.; PINTO, M.S. Principais defeitos de queijos Minas artesanais fabricados na
região da Canastra. Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, v. 72, n. 3, p. 174-183,
2017b.
MÓDULO 12
Novembro de 2023
3
As organizadoras
Os autores
Juliana Bittencourt
Graduada em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina. Especialista
em Engenharia de Segurança do Trabalho (Unisul), Especialista em Estratégia Competitiva e
Inovação (IPOG), mestranda em Engenharia de Alimentos (UEM). Foi extensionista em Inovação no
Sebrae SC entre 2015-2017. Atualmente é Extensionista Rural especializada em Engenharia de
Alimentos no IDR-Paraná.
5
de vendas, margem de lucro, custos de produção, custos fixos, custo de mão de obra,
custo de cada cultura, dentre outros (KOLHS et al., 2018).
Para chegarmos ao preço final é necessário entender todo processo, desde
a mão de obra de quem executa até a entrega ao consumidor final. É normal quando
pensamos em comercializar um queijo, por exemplo, colocarmos na conta apenas os
materiais que estão diretamente ligados à produção como leite, sal e coalho. No
entanto, isso não é o correto pois existem outros custos como por exemplo o
detergente usado para lavar os utensílios, a gasolina gasta para fazer as entregas ao
consumidor e o tempo de trabalho de quem está executando.
Para chegarmos ao preço final é importante saber diferenciar os custos fixos
dos variáveis, assim Crepaldi (2011) define:
Mês de Novembro
Horário Horário
Atividade Data Extra
Inicial Final
Verificação de
01/11/2023 19:00 19:30
temperatura
Assim vamos anotando todo tempo gasto para depois dividir pela produção
mensal. Por exemplo, no mês foram 24 horas trabalhadas e produzimos 36 kg de
queijo, assim meu custo de mão de obra será: 1 salário mínimo corresponde a 44
horas semanais (R$ 1212,00), para 24 horas teremos R$ 661,00; se produzimos 36
kg de queijo por semana, vezes 4 semanas no mês temos a produção mensal de 144
kg de queijo. Agora ficou fácil, é pegar o valor de R$ 661,00 e dividir por 144 kg de
queijo que dá R$ 4,59 por kg/queijo.
Os custos referentes à produção direta variam de acordo com o que você
gasta diretamente com sua produção: leite, coalho, sal, especiarias, doces, ou seja,
tudo que vai direto no alimento. Aí teremos o valor por kg também. Aqui entram as
rotulagens e embalagens.
Os demais custos estão ligados ao que indiretamente ligam à produção como
luz, água, material de limpeza, entrega até o consumir final. Essa conta fazemos
relacionando o gasto mensal, dividindo pela produção média de kg de queijo.
Exemplo: um gasto de R$ 88,00 será dividido por 144 kg de queijos, então será 0,61
reais por kg de queijo nesse produto.
Após todas essas contas, temos que somar o valor da minha mão de obra,
com os gastos de matéria prima e os demais gastos, assim temos um valor total. É
muito importante ao final jogar 10% de depreciação de equipamentos, visando
manutenção. Existe atualmente uma tabela específica de depreciação de
8
REFERÊNCIAS
Juliana Bittencourt
APRESENTAÇÃO
Investimentos Fixos
3. Aquisição de Equipamentos:
6. Regularização Ambiental
Custos Fixos
1. Pessoal e encargos
● Salário – remuneração básica do colaborador pela prestação dos seus
serviços. É necessário que você defina a quantidade a ser gasta com a
remuneração de seus futuros colaboradores.
● Pró-labore – remuneração do proprietário ou sócios que vão trabalhar na
agroindústria.
O que é o Pró-Labore:
2. Ocupação: gastos com o local onde ficará seu imóvel. Por exemplo: aluguel,
IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), energia elétrica e água.
3. Comunicação: gastos que você terá para entrar em contato com seus clientes,
fornecedores e outros, por exemplo: telefones fixo e móvel, internet e correios.
4. Serviços de terceiros: gastos relacionados a seu contador, responsável técnico,
manutenção de programas de computador de sua empresa, vigilância,
manutenção do estabelecimento e limpeza.
5. Marketing e divulgação: gastos fundamentais para a apresentação de sua
empresa e seus produtos. Neles estão inclusos trabalho nas redes sociais,
hospedagem e manutenção de site da empresa, impressos e propagandas.
6. Despesas gerais: nelas estão inclusos material de escritório, material de
limpeza, taxas de cartório e mantimentos.
7. Despesas de manutenção preventiva: Manutenção regular e despesas de
conservação que são necessárias para manter os ativos em funcionamento são
geralmente tratadas como custos fixos.
Despesas de escritório e suprimentos: Custos associados à operação do
escritório, como materiais de escritório e suprimentos, são geralmente fixos.
● Estoque inicial: Financiar o estoque inicial para atender à demanda dos clientes
antes de gerar receitas significativas.
● Despesas operacionais: Pagar contas como aluguel, contas de serviços
públicos, marketing e outras despesas que a empresa deve incorrer para
manter suas operações.
● Contingências e imprevistos: Ter uma reserva de capital de giro também ajuda
a empresa a lidar com despesas imprevistas ou situações de fluxo de caixa
negativo temporário.
Sugere-se que o capital de giro inicial seja calculado a partir dos seguintes
itens:
● Investimento fixo
● Capital de giro inicial
Custos variáveis
Esses gastos são aqueles que flutuam de acordo com a produção ou volume
de vendas, e são essenciais para o cálculo do custo total de produção, o preço de
venda dos produtos e, consequentemente, para a lucratividade do negócio.
A gestão eficiente dos gastos variáveis é crucial para manter a rentabilidade
da fábrica de alimentos. Os gestores devem monitorar de perto esses gastos,
identificar os pontos de eficiência e otimização e estar preparados para ajustar as
operações conforme a demanda flutua.
Além disso, o conhecimento dos gastos variáveis desempenha um papel
importante na formação dos preços de venda dos produtos. Os gestores precisam
considerar não apenas os custos fixos, mas também os gastos variáveis, para garantir
que os preços cobrados no mercado sejam competitivos e garantam a margem de
lucro necessária.
Em resumo, os gastos variáveis desempenham um papel crucial na gestão
financeira de uma pequena fábrica de alimentos. Eles são diretamente relacionados à
produção e vendas, influenciando o custo total de produção e os preços de venda.
Portanto, entender e controlar esses gastos é essencial para o sucesso e a
sustentabilidade do negócio.
A partir do momento em que a agroindústria estiver em operação é
extremamente importante que seja realizada a precificação dos produtos
considerando todos os custos.
As metas de venda são justamente o quanto você deseja faturar com suas
vendas, ou seja, são o valor de faturamento mensal desejado. Deve-se definir quantos
20
• clientes.
• concorrentes.
• estrutura de vendas.
• tamanho do mercado em que a agroindústria estará inserida.
• volumes menores de venda nos primeiros meses, com aumento gradativo.
• capacidade de atendimento.
• posicionamento no mercado.
Ponto de equilíbrio é o valor que sua empresa precisa vender para cobrir todos
os seus gastos fixos mensais e variáveis, sem ter lucro nem prejuízo. É muito
importante fazer essa análise de ponto de equilíbrio previamente, pois, dessa forma,
pode-se conduzir melhor os esforços de vendas e definir as metas de modo adequado.
1. Clareza Financeira:
O DRE oferece uma visão clara e resumida do desempenho financeiro do negócio
durante um período específico, geralmente um trimestre ou ano. Isso é especialmente
valioso para pequenos empresários, que podem não ter recursos para uma equipe
financeira interna e precisam tomar decisões financeiras com base em informações
precisas e atualizadas.
5. Planejamento Orçamentário:
O DRE é uma ferramenta valiosa para o planejamento financeiro. Permite que a
empresa estabeleça metas financeiras realistas e acompanhe o progresso em direção
a essas metas. Isso é essencial para o planejamento de curto e longo prazo e para a
garantia de que o negócio esteja em conformidade com suas obrigações financeiras.
6. Avaliação da Rentabilidade:
O DRE ajuda a empresa a avaliar a rentabilidade de diferentes produtos, serviços ou
linhas de negócios. Isso é fundamental para a alocação de recursos e para garantir
que a empresa esteja focando em áreas que geram o maior retorno.
Com a análise de viabilidade, será possível identificar em quanto tempo o negócio terá
o retorno equivalente ao valor do investimento inicial total. Esse retorno não é uma
transferência do dinheiro investido para sua conta pessoal, e sim uma afirmação de
que o negócio gerou lucro suficiente para recuperar tudo o que foi investido nela.
O retorno do investimento não vem do dia para a noite! Em geral, ele acontece
pelo menos em médio prazo, no caso de Pequenas Empresas.
Durante a simulação do retorno de investimento, caso seja necessário, você
poderá tomar decisões como:
INTRODUÇÃO
Custo pode ser entendido como todo tipo de gasto que uma empresa
realiza em função de sua produtividade. Todos os produtos desenvolvidos por uma
fábrica, o total de mercadorias de uma loja ou, ainda, o total de serviços que se presta
num dado período.
É interessante considerar a natureza dos custos na atividade empresarial,
pois eles podem e devem ser reduzidos em função de uma maior lucratividade.
Custos fixos são os gastos que precisam ser pagos, havendo vendas ou não,
de forma a viabilizar a operação.
Exemplo:
Exemplos:
Sabendo o custo fixo total da operação, podemos ter uma visão inicial clara
da necessidade do negócio. É o básico que temos que cobrir para que seja sustentável
operar.
O próximo passo é entender os custos variáveis, aqueles que serão
influenciados com o volume de produção. Estão diretamente ligados ao produto a ser
produzido.
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Material unidade de compra preço unitário (R$) Qntde uso Custo por und
Leite litro R$ 2,30 10 R$ 23,00
Coalho unidade R$ 35,00 0,005 R$ 0,18
Fermento unidade R$ 60,00 0,01 R$ 0,60
Sacola unidade R$ 0,15 1 R$ 0,15
Rotulo unidade R$ 1,50 1 R$ 1,50
unidade R$ -
unidade R$ -
unidade R$ -
Outros R$ -
R$ 25,43 <-- Custo unitário da mercadoria
Nome Salário mensal total Horas disponíveis (mês) Custo/Hora Horas alocadas no kg Custo Total
Maria R$ 2.400,00 220 R$ 10,91 0,73 R$ 0,13
0,73
R$ 0,13
Formas de Precificação:
Mark Up
Passo a passo:
DV = 10%, DF = 7% e LP = 10%
Aos cálculos:
Markup = 100/[100-(10+7+10)]
Markup = 100/(100-27)
Markup = 100/73
Markup = 1,369
Preço de Venda = 25,00 x 1,369 = R$ 34,22
o Preço A: R$ 55,00
o Preço B: R$ 53,00
o Preço C: R$ 50,00 (meu preço)
limitados, qual produto descontinuar se não for rentável, ou quanto se pode gastar em
marketing para um determinado produto. É considerada boa quando for suficiente
para cobrir os gastos fixos de uma empresa e ainda gerar lucros.
Isso significa que, para você pagar todos os seus custos fixos do mês (R$
8.000,00), será preciso vender 457 queijos. Vender menos que isso vai te trazer
prejuízo e só a partir do 458 adiante é que sua operação começa a ter lucro líquido.
Sempre apure a MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO dos produtos. É de extrema
importância entender o resultado de cada operação.
31
MÓDULO 13
Novembro de 2023
3
As organizadoras
O autor
INTRODUÇÃO
COMERCIALIZAÇÃO
1. Posicionamento de Mercado
O mercado cheio de concorrentes, diversos fatores econômicos, de mercado e
comportamento. Se posicionar nesse cenário é essencial para direcionar suas
ações.
2. Avaliação interna
É preciso analisar internamente seus processos, pontos fracos e pontos fortes.
Entender as variáveis, buscar otimizar as suas forças e comunicar elas para o
mercado.
6
Modelo de Negócios
Canais de distribuição
Canais de vendas são os meios que a empresa utiliza para comercializar seus
produtos ou serviços. É a forma que seu produto vai chegar até o cliente. Eles podem
ser diretos ou indiretos, on-line ou off-line. Por exemplo:
Cliente ideal
Qualquer pessoa que vende ou já vendeu algo ao menos uma vez na vida já
se deparou com um cliente ideal, mesmo que sem saber. Um fato é que você não vai
8
vender pra todo mundo, e saber quem você vai preferencialmente atender é uma
estratégia válida para vender melhor.
Perfil de cliente ideal é uma metodologia que busca entender quem é o seu
melhor cliente, aquele que compreende a importância do seu produto ou serviço e
valoriza o que você oferece. Geralmente é um cliente que compra mais e te custa
menos.
Sempre que você fala pra todo mundo, você não se identifica com ninguém.
Por isso, o cliente ideal se identifica com você, é mais compreensivo, fácil de lidar e
valoriza seu negócio.
É extremamente importante identificar os clientes que valorizam seu negócio
e a melhor forma de atendê-los.
Público alvo
▪ Gênero;
▪ Faixa etária;
▪ Localização geográfica;
▪ Escolaridade;
▪ Poder aquisitivo;
▪ Hábitos de consumo, etc.
Exemplo: mulheres, faixa etária de 25-50 anos, casadas, com filhos, bairros
de alto padrão, renda familiar de 3 a 10 salários mínimos.
9
Persona
MARKETING E CONTEÚDO
É a forma como agir para atrair o público que valoriza seu trabalho, seu cliente
ideal. Envolve todas as ações e ferramentas para que essas pessoas conheçam seu
trabalho, seu produto e você. Através dessas ações, eles vão perceber o valor de seu
produto e decidirão se vão comprar seu produto ou não.
Entretanto existe um caminho a ser percorrido nessa jornada para que ele
tome a decisão positiva, que te beneficia. É preciso entender esse caminho para poder
conduzir o cliente nesse percurso de decisão de compra.
O que o seu cliente já sabe? Sobre você, sobre seu produto ou serviço, sobre
os problemas que tem.
Atração – O cliente chegou até seu negócio por indicação, ficou interessado
nos seus produtos ou na sua história.
11
Conversão – nessa etapa você descobre como seu produto pode beneficiar
o cliente, quais as vantagens para ele. Ele invariavelmente faz comparações com
outros produtos similares. É aqui que ele adquire confiança em você, na sua história
e nos benefícios do seu produto.
Venda – é o momento da oferta do produto que vai atender a expectativa do
cliente. Aqui ele já tem confiança em você, já conheceu os benefícios e toma a decisão
de comprar.
Fidelização – é o momento de se aproximar e conhecer mais sobre ele.
Também é o momento de oferecer mais produtos e manter um relacionamento.
VALORIZAÇÃO LOCAL
Pense no seu cliente, nas memórias dele e nas sensações que ele tinha
quando se recorda dessas suas experiências passadas. Agir localmente é fortalecer
os vínculos territoriais e isso traz vários benefícios, como:
▪ Preservação local;
▪ Desenvolvimento econômico da região;
▪ Geração de empregos;
▪ Melhoria das condições de vida.
tópico desses engloba inúmeras atividades distintas, vamos focar nos quesitos de
transporte e informações fiscais.
Transporte
Embalagem
Nota Fiscal
Pós Venda
APOIO TÉCNICO
FUTURO E POSSIBILIDADES
Diante desse novo desafio, o produtor precisa estar munido não apenas de
conhecimentos técnicos de produção. É preciso aprender a lidar com o negócio de
forma integral e profissionalmente, entendendo a dinâmica do mercado, as
necessidades de seus clientes e as estratégias para se destacar no seu nicho.
Os desafios no campo costumam estar muito próximos da realidade de
distintas regiões. Mão de obra rural, alto custo de operação, sucessão da propriedade,
desvalorização, concorrência com a indústria, trabalho em família, internet, canais de
venda e atendimento ao cliente. Essas são, em geral, as dificuldades mais
recorrentes.
Os meios digitais proporcionaram grande alavancagem na comercialização
dos produtos do campo, entretanto, dada as nossas dificuldades logísticas, tais
oportunidades não acompanharam esse impulso na mesma proporção, criando
expectativas não atendidas.
Feiras e eventos fora das regiões de origem e voltadas ao meio agrário se
apresentam como um forte vetor de divulgação dos produtos regionais, bem como
uma enorme oportunidade de troca de experiências com outros produtores. Essa troca
proporciona um ganho de conhecimento mútuo, onde cada um contribui e aprende
com as ações e desafios que compartilham.
O esforço na profissionalização do queijista é um reflexo do amadurecimento
do setor. Figura que surgiu como um pivô para orientar o consumidor nas suas
escolhas e ensinar as diferenças, particularidades e origem de cada produto.
O queijista tem a responsabilidade de ligar o produtor ao consumidor final e a
utilização do termo só foi possível diante dos avanços que a associação teve ao longo
dos anos, ressaltando a importância de se associar.
Comerqueijo
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