Maithuna - Sexo Tântrico - Otávio Leal (Dhayn Prem)

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Sumário

Sumário ........................................................................................ 3
Prefácio ........................................................................................ 5
As Luzes na Escuridão ................................................................. 7
Tantra – Você não sabe o que está perdendo................................ 9
Dravidas – Um pouquinho da história tântrica ........................... 12
Minha iniciação no Tantra .......................................................... 21
Kundalinî-Shaktí – O poder da serpente .................................... 31
Técnica do Giro .......................................................................... 34
Chakras (por quem já praticou) .................................................. 35
Chakra Sentido Horário .............................................................. 36
Chakra Sentido Anti-horário ...................................................... 36
Conhecendo os Chakras ............................................................. 37
Mudrás – Gestos magnéticos e de poder .................................... 45
Principais mudrás tântricos ........................................................ 46
Chakra Puja – Técnica do Giro Tântrico .................................... 49
Visualizações Especiais .............................................................. 54
Massagem Tântrica: Estimulação dos Chakras e Erógena ......... 57
Prática – Massagem tântrica ....................................................... 58
Sete Corpos ................................................................................ 65
Ásanas – Mudrás com o Corpo (um pouco de Yoga) ................. 67
Yogue Tirumular de Tamil Nadu ............................................... 68
Maithuna – Porta para o Êxtase .................................................. 69
Angas – Partes da Liturgia ......................................................... 73
Descrição detalhada de cada posição ......................................... 79
Práticas do mantra Om – As sete formas tântricas ..................... 83
Epílogo – Fim das Buscas ........................................................ 123
Glossário .................................................................................. 125
Bibliografia .............................................................................. 128
PREFACIO
“Somos a metade de um continente
que se rompeu há muito tempo.
Vim cruzando os oceanos lentamente
movido a correnteza e vento.
Agora que nós vamos unindo,
sinto os ajustes de nossos litorais e estremeço.
Onde eu findo
Ai é o seu começo”.
Latner

O convite para prefaciar um livro passa pelo privilégio e o desafio, pois representa a necessidade de ler e
avaliar o livro antes do grande público.
Em especial este livro trata de tema controverso e apaixonante, além de estabelecer uma nova visão na
divulgação dessa arte milenar e de difusão hermética, que passou a ser conhecida entre nós a menos de um
século, portanto, recentemente.
O que me tranqüiliza nesta tarefa é o fato de conhecer o autor há duas décadas e saber de seu interesse,
sua capacidade de pesquisa e da sua preocupação em vivenciar o tema antes de emitir opinião. Otávio é
daquelas pessoas que estuda longamente, busca autores diferentes, participa de cursos, de treinamentos,
viagens e desafios que poucos se disporiam, e o faz por acreditar que assim é que nos tornamos atores e
autores de estudo.
Imputo ao ator características tais como: estudioso, dedicado, quase obstinado, ousado, pesquisador,
comunicador... e tudo com forte carisma!
O sexo tântrico e o maithuna, nos dias de hoje, em que todos os temas, mesmo os milenares e herméticos,
são comercializados, vulgarizados e desprezados, como tema de estudo e livro, só poderia ser dignificado por
alguém que dedica sua vida à difusão de artes e técnicas que melhorem o entendimento do bem viver.
A hora é de mudança e são poucos os que já enxergam saídas para se livrar do envelhecimento sem
gratificação, baseado em uma vida sem gosto e propósito, na qual até o sexo se banaliza, perde o senso, o
gosto e a razão.

Este texto visita a história por intermédio de mestres e autores diversos, passa por experimentos no
longínquo Oriente e retorna ao nosso meio permeado pela vivência do autor, que prega a delicadeza, a
ritualização e o amor como antídoto ao desânimo da atualidade.
Portanto, este é um livro para ser estudado com atenção e respeito – respeito a você mesmo –, praticado
com o(a) companheiro(a) amado(a), cuidando dos mínimos detalhes e ritos, para depois ser compreendido e
julgado.

Boa leitura e boa prática!

Armando Austregésilo
Presidente da AMOR
Associação de Massagem Oriental
As Luzes na Escuridão
Meus mestres - Gratidão Eterna

“Existem muitos gurus, como lâmpadas que ardem em diversas casas; mas difícil de encontrar, ó Devî, é
o guru que ilumina todas as coisas como o Sol”.*
Gratidão eterna a Juliana (Krishna Priyah), Amanda e Marianita, sóis da minha existência.
“Existem muitos gurus que possuem a fundo o conhecimento sagrado revelado e os Shastras (escrituras
sagradas); mas difícil de encontrar, ó Devi, é o guru que chegou à Verdade Suprema”.*
Profunda gratidão aos mestres Osho, Satyaprem, Monja Coen, Dalai Lama e Ramana Maharshi. Todos
vocês apontaram em direção à única Verdade Suprema.
“Existem muitos gurus sobre a Terra que dão outras coisas que não o Si Mesmo; mas difícil de
encontrar em todos os mundos, ó Devi, é o guru que revela o Si Mesmo”.*
Gratidão a Diana Prem Zeenat que me fez olhar “Quem Sou”, olhando como você vê “quem é”.
“Muitos são os gurus que roubam o discípulo de sua riqueza, mas raro é o guru que elimina as aflições
do discípulo”.*
Agradeço a Armando Austregésilo e Katalina Fernandez Mera, que me colocaram no meu (não) caminho
sem aflições.
“É um verdadeiro guru aquele que, pelo contato, flui a suprema Bem-Aventurança (ânanda-felicidade).
Só a este, e a nenhum outro, deve o homem de inteligência escolher como seu guru”.*
Gratidão ao caminho do Tantra me foi transmitida por ti professor De Rose (1º professor de yoga),
Datatreya (a 1ª iniciação), Levi e Ananda Ram (iniciações na Índia), Georg Feuerstein e Harish Johari
(conhecimento), Gerson D´Addio (o Yoga levado a sério).
Gratidão ainda a todos esses amigos e cúmplices, sem vocês nada de prático seria possível: Edmilson
(Editora Alfabeto) Vladimir (no comando do computador, por entender minha letra e ser tão generoso);
Elemi (minha amiga e secretária, pela paciência); Miriam Morato e Luci (Mundial FM, pela abertura no
Rádio); A amigona Mirian que cuida das minhas deusinhas em forma de animal: Durga e Dhara (amo-as
como a Nicole e a Chandra – cara de lua); pelos desenhos de Fabinho, Claudia Defendi e Raquel (que coisa
linda fizemos, hein?); aos milhares de alunos da Humaniversidade Holística, uma escola de iluminação e
formação de alguns dos melhores terapeutas do planeta Terra e a todos os mestres da tradição tântrica,
gratidão eterna.

* (textos do Kula-Arnava Tantra)


Tantra
Você não sabe o que está perdendo
“Você não estuda o Tantra.
Você vive o Tantra”
Otávio Leal

Antes de definir o Tantra, vou explicar o que ele não é e, quem sabe, quebrar crenças e paradigmas que
você possa ter em relação ao mesmo. Muito que se ouve, fala e escreve sobre tantrismo são distorções da
essência desta filosofia. Em geral, as abordagens são parciais, errôneas e delirantes, restritas somente ao
aspecto sexual.
Tantra não é somente sexo, não é Kama-Sutra, nem um místico prometendo orgasmo cósmico ou uma
suposta “casa de massagens” ou grupos de sexo grupal. Não é tara ou desvios sexuais. Talvez somente algo
em torno de 5% de todos os textos e ensinamentos tântricos é de contexto sexual. Neste livro é abordado o
maithuna – ato sexual tântrico, mas que fique bem claro: o Tantra não é somente sexo. O tantrismo não é
seita ou religião, apesar de estreitar as relações entre o homem e os aspectos sutis do Universo. Não é magia,
apesar de possuir rituais mágicos, e não possui nenhuma prática de sacramentos maléficos. Apesar de o
mestre Osho citá-lo muito, este hindu iluminado, no final de sua visita nesse planeta, apontava muito mais na
direção do zen do que do Tantra.
O Tantra não é voltado só ao prazer comum, orgástico. É, sim, encontrar o êxtase masculino e o êntase
feminino, conhecido como Ananda Mahasukha. É uma prática que não apresenta nenhuma contra-indicação
apesar de alguns livros escritos por leigos afirmarem isso. Pelo contrário, Tantra visa muita saúde, bem-estar,
alegria consciência e muito amor-próprio.

Tantrik ou Tantra é uma filosofia antigüíssima, originária da Índia e que busca o reconhecimento do
Purusha (Consciência, Essência, Espírito) através de métodos práticos e técnicos, como posturas físicas
(ásanas e Yoga), respirações, concentrações, cuidados com a alimentação, e um universo de técnicas que se
utiliza da vida como um todo de forma prazerosa e libertária. É a união de Purusha com Prakriti (matéria).
Como filosofia de vida prática e não especulativa não há energia gasta no “por quê” e sim no “como”; um
exemplo é em vez de se preocupar com o “por quê” do sofrimento, se busca o “como” ser feliz, daí o Tantra
é conhecido como uma filosofia comportamental que o estimula a saber quem você é, como ser feliz, livre,
energético e, dentro do possível, auto-suficiente. Encontramos várias linhas de Yoga e várias escolas
filosóficas comporta-mentais de origem tântrica.
O praticante de Tantra é chamado de sádhaka (homem) e sádhika (mulher) ou tantrika (ambos), e buscam
um modo de vida que oferece a transcendência, a iluminação (realização), pela alegria, arte e celebração.
Que sacraliza tudo da existência: homens, animais, natureza, dança, música, alimentos, perfumes, ciclos
naturais, coisas simples do cotidiano e também o sexo, que tem como base a vitalidade do prazer, da
brincadeira e do compartilhar. O sexo que leva ao carinho, à amorosidade, ao amor universal expresso no
companheiro(a); o sexo que leva à integração homem (Shiva) / mulher (Shakti), yin (energia feminina) / yang
(energia masculina; corpo / mente, pênis (lingan) / vagina (yoni).
O Tantra aponta em direção a tudo que é natural no ser humano, o contato com a natureza, a descoberta
do seu ser por meio do amor e do respeito ao próximo, a exaltação do companheiro em nível de deus/deusa
tudo com a maior naturalidade e desprendimento, sem tabus ou regras retrógradas e anti-libertárias.
A palavra Tantra tem a sua magia, ela instiga a imaginação do leitor, porque permanece guardada num
arquivo de memória de milênios, assim é um mantram (som metafísico, palavra de poder) a qual muitas
pessoas, ao ouvir a sua pronúncia sentem vibrar seu inconsciente coletivo, despertando interesse por esse
assunto.

Foi assim comigo. Grande parte da transmissão dos ensinamentos tântricos são feitos de forma de boca-
ouvido (Vakrat Vak Tantraram).
O termo Tantra vem do sânscrito, é uma palavra do gênero masculino e significa “teia”, crescer,
desenvolver (prefixo Tan), salvação, instrumento (sufixo Tra), origina-se dos termos tanoti (elevação,
expansão) e trayati (consciência). É aquilo que expande a consciência. Gosto muito da definição do yogue
belga André Van Lysebeth: Tantra é “um corpo de doutrinas e, principalmente, de práticas milenares ou
instrumento de expansão do campo da consciência comum, para alcançar a supra consciente, raiz do ser e
receptáculo de poderes desconhecidos, que o Tantra quer despertar e utilizar. Pode ainda designar doutrina
mística e mágica, ou obra nela inspirada”.
Para o famoso místico e yoguim Harish Johari, “o Tantra é como um belo rosário com suas inúmeras
contas. Um instrumento único, que permite a busca da expansão do físico, do mental e da vida espiritual do
homem e da mulher”.
Finalizando, cito a auspiciosa definição que o Iluminado Osho nos dá do Tantra:
“O tantrismo é uma busca experimental que visa eliminar o sentido ilusório e conflitual de ser um ego.
Separado, a fim de nos conduzir à consciência de nossa verdadeira realidade, que é eterna as nossas
energias físicas, sexuais e mentais, ensinando-nos a ver o caráter sagrado de toda a vida.
O Tantra é ciência pura. Você pode transformar a si mesmo, e essa transformação precisa de uma
metodologia científica. As centenas de técnicas tântricas constituem a ciência da transformação.
O Tantra diz que não se pode mudar um homem, a menos que se dê a ele técnicas autênticas para mudar.
Apenas pela pregação, nada é alterado.
Tantra é o grande ensinamento. Pequenos ensinamentos dizem a você o que fazer e o que não fazer. Eles
lhe dão os ‘10 Mandamentos’. Um grande ensinamento, não lhe dá mandamento. Ele não cuida do que você
faz. Ele cuida do que é, do seu centro, da sua consciência.
O Tantra diz para aceitar o que você é. Você é um grande mistério de energia multidimensional; aceite
isso e mova-se com toda a energia, com profunda sensibilidade, atenção, amor e compreensão. Mova-se
assim e então cada desejo torna-se uma ajuda para sua iluminação, então este próprio mundo é Nirvana,
este próprio corpo é Templo - um Templo Sagrado”.
Depois dessas definições fica claro que o Tantra é vivenciado em todos os momentos da vida, por ter um
caráter comportamental de teu ser em relação ao universo, mostrando que você é tão sagrado assim como
qualquer outra criatura existente; seja Deus, homens ou borboletas.
Não é possível determinar a época exata em que a palavra Tantra começou a ser usada ou narrar a sua
história com a mesma precisão com que se descreve a trajetória de outras culturas. Isso porque os caminhos e
práticas tântricas são transmitidos oralmente, de mestre para discípulo, Gupta Vidya (conhecimentos
Secretos), transmitidos pelo sistema de Paranpará que significa “um após o outro”. Além disso, sempre
existiu uma tradição em se manter sigilo sobre alguns ensinamentos, passando-os somente a alguns
discípulos realmente interessados, provavelmente, para que eles não caiam em mãos profanas que possam
desvirtuá-los. É o que o Iluminado Jesus ensinava: “Não dê pérolas aos porcos”. Certamente o Tantra não é
para qualquer pessoa, como você poderá ler e julgar no decorrer deste livro.

Dravidas - Um pouquinho da história tântrica

Dravida é o nome de um povo que floresceu ao longo do rio Indo e do rio Saraswati numa área desértica
no atual Paquistão que revela-nos a cultura do Vale do Indo – Berço do Tantra e que data de
aproximadamente 6.500 a.C. de existência, sendo uma das mais antigas culturas espiritualistas e místicas
juntamente com as origens do Xamanismo (inclusive no Tantra há muitos elementos xamânicos). Alguns
estudiosos dizem que o Tantra só foi criado no século VI, pois a palavra Tantra foi amplamente divulgada
nessa época, mas para provar tal absurdo, lembremo-nos que a palavra sexo (do latim Sexus = separação,
divisão), só surgiu em meados do século XII, e, nem por isso, a partir de então as pessoas começaram a
praticá-lo.

O Tantra arcaico tem sua origem no período paleolítico junto com as próprias origens do homem tribal
(20.000 a.C.) e se afirma no neolítico (8000 a.C.) no culto a Deusa Mãe entre os Drávidas ou dravidicos, em
cidades como Harappa e Mohenjo Dharo, conhecidas como grandes centros comerciais da época.
Para elucidar melhor o que vem a ser o Tantra, é importante observar que ele se encontra em qualquer
cultura primitiva, ligada à terra, a leis naturais, aos ciclos sazonais, aos rituais de oferendas aos deuses (Lua
/Sol) e ao reconhecimento do mundo espiritual. Para um drávida a criação é uma obra divina, todo ato se
torna sagrado, como uma comunicação com o “mundo celeste”, não existe futuro, amanhã ou planejamento.
Tudo se baseia no aqui e no agora, no silêncio que é facilmente percebido e vivenciado pela possibilidade de
isolamento da época (população esparsa e rarefação demográfica). A religião era a natureza e todo o
necessário era fornecido por ela e fundamentado nos mistérios dos elementos: terra, fogo, água e ar.
Como todas as tribos primitivas, cuidavam da natureza, porque dela dependiam, e viviam cercadas de
animais e de vegetação abundante. Eram coletores de frutas e vegetais, mas também caçavam pequenos
animais. Os esqueletos encontrados nos sítios arqueológicos demonstravam que o povo era bem nutrido,
evidenciando não haver escassez de alimentos. Como civilização em desenvolvimento começaram a produzir
e comercializar mais, fabricando instrumentos eficientes e domesticando animais (ovelhas, cabras) até o
aparecimento da agricultura. Surgiram, assim, as primeiras aldeias, que mais tarde se transformaram em
cidades e registraram o aparecimento da cerâmica. Fabricavam peças de esteatite ou argila, com figuras de
animais e divindades, como o selo de Pashupati que faz alusão ao deus Shiva e ao significado de senhor dos
animais (pati-senhor, pashu-animais), onde um homem sentado de pernas cruzadas rodeado por um tigre, um
rinoceronte,um elefante e um búfalo. “Num desses selos há a representação de uma mulher de cujo útero
nasce uma planta, indícios de crenças e rituais de fertilidade que esperávamos encontrar numa sociedade
agrícola-primitiva...” cita o yogue Gerg Feurstein, tudo isso muito antes do povo mesopotâmico desenvolver
um sistema de escrita, tido como um dos primeiros do mundo, foram encontrados milhares de selos desse
povo dravida.

Selos Dravidas

Vrishashwa Pashupati

Os Dravidas eram baixos, morenos e de cabelos lisos, tinham uma cultura matriarcal, centrada na mulher
e nas suas potencialidades de reprodução da vida. A cultura do vale do Indo não deixou textos sagrados ou
religiosos. O que se especula é que seu idioma pode ter sido incorporado ao sânscrito, “escrita dos deuses”,
como é conhecida segundo histórias mitológicas, e que provavelmente foi a língua mãe de muitos outros
idiomas e muito utilizado para práticas de mantra e todos os nomes de posições físicas e exercícios de
respiração encontrados neste livro e nos vários estilos de Yoga, hoje famosos em todo o planeta – o Yoga é
uma parte (anga) da cultura dravida.
Essa civilização do Vale do Indo foi a maior e mais extensa das civilizações pré-clássicas. A antiga
Harappa dominava cerca de 130 mil quilômetros quadrados, era uma cidade cuidadosamente planejada, bem
dividida, com largas ruas orientadas na direção do vento, casas ordenadas construídas de tijolos cozidos com
o mesmo traçado. No leste, na parte mais baixa da cidade, ficavam os comércios e habitações. Na parte alta,
um bairro administrativo, com salas de rituais, reuniões e celeiros. Havia também construções de muralhas
para aplacar a fúria das enchentes e proteger as plantações. O que nos chama a atenção foi a falta de grandes
templos e impérios, levando-nos a considerar a liberdade do povo daquela época, sem grandes reis ou deuses
punidores.
O arqueólogo inglês Sir Mortimer escreveu a respeito dessa civilização: “Nada do que foi pesquisado no
Egito antigo ou da Mesopotâmia ou de qualquer lugar da Ásia pode ser comparado com os banhos da
excelente arquitetura e as casas espaçosas dos cidadãos de Mohenjo-Daro. Enquanto que naqueles outros
locais era empregado muito dinheiro para construção de templos magníficos para cultuar deuses e túmulos
para reis, o povo tinha de se contentar com casas feitas de terra. No vale do Indo as mais belas estruturas
são as que se erguem para a comunidade do povo”.
Todas as casas possuíam banheiros, salas de banhos, salas de visitas e salas de meditações.
“As salas de banhos eram revestidas de tijolos cozidos, impermeabilizados com gipsita. A água escorria
por uma calha na base da parede e dali para valas cobertas, construídas nas ruas. Esse sistema inovador de
encanamento, que incluía vasos sanitários, era mais do que uma conveniência: ajudou a reduzir doenças
entre os 400 mil harapenses.
As moradias – muitas vezes unidas uma a outra – formavam conjuntos habitacionais. Os historiadores
descobriram ainda uma medicina extremamente adiantada que originou o sistema ayurvédico, com suas
visões psicológicas do homem, massagens, fitoterapia, aromaterapia, etc.
Os Drávidas eram prósperos coletores de alimentos, pequenos agricultores, pastores e sacerdotes, cada
um desempenhando seu papel na vida, cuidavam do corpo, da saúde, expressavam sua forma de vida na arte,
viviam o Tantra puro, absolutamente mágico no qual cultivava-se a energia de shakti (energia feminina), que
representa a grande mãe ou esposa sagrada, também designada como Kundalinî, a energia da vida. Não
guerreavam, pois não havia vestígio algum de armamentos, eram grandes navegadores, atuavam na
arquitetura e nas artes. Nos milênios de tirania, de insegurança, de religiões e magias oficiais, uma conclusão
é surpreendente ao constatarmos no vale do Indo a preocupação pelo destino das pessoas, quando no resto do
mundo até hoje se faz tão pouco caso disso.
A mulher era venerada como Deusa, pois a sabedoria da mãe natureza está intimamente ligada à mulher,
aos ciclos da Lua com o ciclo hormonal e gestacional.
O culto à feminilidade pelo poder de produzir e plantar evidenciava o aumento populacional; é a partir
daí que a sociedade conhecida como dravídica começa a entrar em declínio.
É árdua a tarefa de identificar todas as causas, origens, datas e até mesmo o que determinou o fim deste
sistema social pré-clássico um gigantesco Império de mais de um milhão de quilômetros quadrados,
caracterizado por um sistema de poder central, poder central não tirânico, organizado e unificado.
São inúmeras as possíveis causas do desaparecimento:

1. Mudanças progressivas do clima que se tomou muito quente e seco;


2. Desgaste do solo, devido a séculos de agricultura intensiva, deixando a terra árida e estéril;
3. Desmatamento sistemático das florestas em busca de madeira, principalmente para alimentar os fornos
das inúmeras olarias, além de granjear espaço para a própria agricultura, provocando o aparecimento de áreas
desertas;
4. Sucessivas inundações catastróficas – possível causa das várias reconstruções de cidades como
Mohenjo-Daro e ainda devido a diversas etnias que habitavam a mesma região que contribuiu para o
surgimento de novos ritos, religiões, línguas e a história do desenvolvimento, a entrada da era moderna. Não
houve guerras, invasões ou total destruição desta cultura. Em todo o planeta Terra as culturas tribais de
milhares de anos foram aos poucos sendo substituídas por civilizações. No Brasil, até seu suposto
descobrimento (invasão bárbara de portugueses, holandeses e franceses), vigoravam os sistemas tribais.
Há um mito ou paradigma de uma invasão ariana, povos nômades vindos da Europa central – que
invadiram a Índia e misturaram-se aos drávidas. Não sabemos ao certo se foi uma invasão ou somente uma
miscigenação de dois povos e de duas culturas muito distintas. Aceito a versão de mudanças de paradigmas
tribais a civilizatórios, de união cultural dos drávidas e arianos que provavelmente eram um povo da própria
Índia e não de invasores europeus.
O Tantra, que era praticado pelos Dravídicos, tornou-se, com a fusão da cultura ariana, uma ciência
secreta, foi a partir de então perseguida, escondida e o culto à grande mãe, proibido. É interessante notar
como até hoje a Kundalinî ao ser mencionada, provoca um verdadeiro pavor aos adoradores do
Patriarcalismo. Os Arianos tinham uma cultura repressora, anti-sensorial e patriarcal de base, chamada
Bramacharya, que é a cultura que domina sensivelmente as opções espiritualistas do séc. XX, com uma
preponderante utilização de práticas e rituais masculinos.
Só no século VIII foi que os próprios arianos revelaram práticas tântricas ao mundo, daí a explosão do
Tantra não só na Índia, como em todo o planeta.
A partir do século III é que aparecem os primeiros escritos sobre Tantra; um famoso texto que ensinava
“fórmulas secretas”, e que foi publicado na China.
Alguns textos também aparecem no Tibet, no século VII. No Ocidente, o Tantra só chegou mais tarde
com o primeiro livro traduzido no século XVIII: O Maha – Nirvana Tantra (O livro da grande libertação).
Essa trajetória permitiu ao Tantra ser incorporado por muitas correntes iniciáticas e religiosas práticas:
ele encerra em si mesmo muitos dos conhecimentos necessários à consciência do ser e, por reunir em si
muitas ciências, o Tantra extrai a essência de cada uma delas, permitindo que o praticante tenha as mais
profundas experiências. Algumas Escolas Gnósticas e Teosóficas apontam os rituais e práticas tântricas como
originários da Lemúria e de Atlântida, aspecto esse rejeitado por mim, por experiência própria, por haver
tantas descobertas atuais sobre o povo drávida e por tudo o que me foi transmitido por mestres no Himalaia e
na Índia.
Na tradição tântrica reverencia-se a Shakti, princípio universal de energia, que representa o poder e a
criação personificados sob a forma feminina. A Shakti é a Mãe Universal e não pode se separar do princípio
básico masculino que é Shaktiman ou, de acordo com o Tantrismo, Shiva.
O Tantra estuda várias áreas da vida, sendo assim, ele estuda a própria vida. É uma maneira integral,
holística de vivenciar e sentir a origem e o desenvolvimento dos seres. Dentro das práticas tântricas, temos
acesso a centenas de itens, como a Alquimia, a Psicologia dos Budas, o Yoga em suas múltiplas divisões, a
Astrologia, a Matemática, a Geometria, as mais diferentes técnicas de Meditações, a Magia, a Massagem, a
Gemoterapia, a Medicina Sagrada, o maithuna (ato sexual sagrado), a Aromaterapia, o conhecimento das
divindades, das egrégoras e muito mais. Tudo para alcançar uma vida mais consciente e feliz. O Tantra
recorre à verdade da experiência, à sensação, à certeza obtida a partir daquilo que é palpável. Suas técnicas
funcionam há milhares de anos porque seus praticantes sentem o caminho da plenitude, da ruptura do ciclo
de repetições e Reencarnação (Samsara). O praticante tântrico não decora livros nem fica preso a pregações;
seu trabalho é prático, ele busca o real; percebe que é parte integrante de toda a forma de vida no Universo.
Não há separação nem a dualidade de certo/errado, bom/mal, moral/imoral etc. A prática tântrica traz ao
buscador consciência plena do momento presente, ou seja, viver o aqui e agora. Na tradição tântrica deve-se
buscar o auxílio de um mestre ou guru que é uma pessoa que lhe passará instruções de como trabalhar com
esses aspectos. Esse mestre deve ter experimentado, na prática os ensinamentos que irá transmitir (vide
capítulo iniciação).
É de suma importância que o praticante caminhe rumo ao reconhecimento do ser a conduta interior
daquele que o pratica. Ela possibilita compreender qual o nosso Dharma (caminhos sociais) neste mundo,
permite a consciência do corpo e da mente, dos sentidos físicos e, para isso, utiliza seus múltiplos elementos.
Ele nos fornece meios de liberar a consciência por meio das mais diferentes técnicas: Os conceitos de Karma
(ação) e Dharma, o Yoga, os Mantram, o conhecimento sobre os Mudrás (gestos simbólicos), Chakras
(centros energéticos) e a Kundalinî.
As linhagens tântricas principais estão relacionadas com as divindades cujos respectivos rituais são:
a ) Shaivas = Adoradores de Shiva
b ) Vaishinavas = Adoradores de Vishnu
c ) Shaktas = Adoradores de Shakti ou energia feminina.
Esses grupos dividem-se em várias sub-seitas. Nos estudos tântricos há a analogia, entre o homem e o
todo e, principalmente, entre a união do masculino (Purusha ou Shiva, consciência cósmica) e o feminino
(Prakriti ou Shakti - força da natureza), um não existiria sem o outro. É a união de energia e consciência,
Shakti e Shiva, além da elevação sexual, buscando a inseparabilidade dessas duas energias. O desejo do
tântrico é atingir a integração das polaridades por meio das práticas ativas, tornar-se Shiva-Shakti unidos em
um só. Daí o Tantra ser uma tradição viva que tem como um dos seus objetivos “a descoberta do mistério da
mulher”. Nos rituais, cada mulher é tida como uma duplicata do feminino maior e torna-se uma reencarnação
da energia cósmica, simbolizando a essência básica da realidade.
Shakti é a senhora de todas as manifestações da vida e seu poder é o do primeiro movimento no ventre
materno, dos ciclos repetitivos do Universo manifesto. O poder de Shakti com o Absoluto ou o Todo é
identificado nela como a bi-unidade divina dos princípios feminino e masculino.
Dentro de nosso corpo existe uma enorme reserva de força latente esperando ser despertada, tal reserva
chama-se “Kundalinî Shakti” e deve ser despertada, para finalmente se unificar à consciência cósmica, que é
Shiva. Quando Kundalinî está adormecida no homem comum, este só está consciente de suas limitações
sociais e materiais. Quando desperta, o homem dissolve-se no imensurável, não ficando limitado somente a
suas percepções, mas sim à consciência de Shiva e principalmente de Shakti – o poder feminino.
“A mulher cria o Universo, é o próprio corpo deste Universo.
A mulher é o suporte dos três mundos, é a essência do nosso corpo. Não existe outra felicidade senão a
que procura a mulher. Não existe outro caminho senão o que a mulher pode nos mostrar.
Nunca existiu ou existirá, hoje, ontem ou amanhã, outro destino que não seja a mulher. Nem outro reino,
peregrinação, oração, fórmula mágica ou outra plenitude que aquelas que a mulher proporciona.”
(Shaktisangama - Tantra tt. 52)
Outra originalidade do Tantra é que tudo no Universo é inteligente e ordenado, assim existem diversos
métodos para satisfazer as necessidades de cada indivíduo que tem a liberdade (dentro do possível) de seguir
a senda tântrica, buscando que o autoconhecimento torne-se conhecimento universal. Há milhares de anos
que os mestres, filósofos e místicos têm pesquisado e praticado o Tantra, a fim de aperfeiçoá-lo, buscando
nessa filosofia respostas aos anseios de cada um deles em cada época sem, é claro, deixar de lado a busca
pela iluminação em todas as suas partes e, assim, buscar o prazer maior em tudo o que fazemos no dia-a-dia.
Há três linhas principais no tantrismo que são o Dakshinachara, da mão direita (escola purista),
Vámachara da mão esquerda (escola contestadora) e algumas escolas do caminho do meio que não admitem
extremos. Buda ensinava esse caminho: “Não comer, exercitar-se, dormir, trabalhar etc., nem muito, nem
pouco. Ficar no centro. Eu também aponto nessa direção.
Existem 64 escolas principais conhecidas como Tantras e outras tantas variações destas.
Finalizando, o Tantra é o culto ao prazer, ao lúdico e à mulher, ao contrário de muitos outros caminhos de
cultos ao masculino, cheios de misérias, dores, remorsos e culpas, e buscas de paraíso no além. O Tantra é o
paraíso no agora porque não existe absolutamente nada que não seja o agora, o presente. (Se não concorda
com isso, eu o desafio a sair do agora, agora. Sair do presente, agora! Agora, agora, agora, agora...).
Quando se iniciam as práticas de Tantra, a vida se torna mais meditativa e bela. Essa perspectiva nos leva
de onde estamos para onde podemos estar. É o reconhecimento da Alma, do nosso interior e exterior, é a
percepção ampliada e sensibilizada, que nos abre para um mundo maior, um mundo de cuidar e amar,
características essenciais do feminino.

Hare Om (saudação tântrica)


Minha Iniciação no Tantra
A maior parte do amálgama tântrico de práticas, sexuais ou não, como já citei são Gupta Vidyá –
linguagem e liturgias secretas, transmitidas por mestres, gurus, saddhus e yogues que são experientes em suas
práticas e não por teóricos e inexperientes.
Iniciação é um ritual metafísico onde é “colocado”, insuflado, no discípulo alguma tradição mística ou
metafísica. É a transmissão espiritual (sancara).
No cristianismo, o batismo é considerado como uma iniciação de origem essênia que é chamada de kabôl
– transmissão. Jesus foi iniciado por João Batista, um iniciador de buscadores essênio. Em todas as culturas
místicas há rituais iniciáticos. Normalmente só se é permitido uma iniciação religiosa. Eu, por exemplo,
como sacerdote tântrico (Budismo Madhyamika Tantrayama), faço retiro com padres, mas não posso
comungar, (segundo eles); pois não tenho mais essa iniciação, ao fazer uma conversão (parâvritti) do
cristianismo ao budismo.

Algumas correntes iniciáticas dizem que pertencer a duas religiões causaria briga de egrégoras*. Em
minha experiência, sei que cada caso é um caso a ser estudado. Realmente, algumas egrégoras são
incompatíveis, outras não (se você necessitar de maiores informações sobre esse riquíssimo assunto consulte
as obras de Mircea Eliade e Joseph Campbell).
Vamos a minha iniciação. Ao que é possível contar, é claro.
O 1° livro de Yoga que tive em minhas mãos foi-me dado por minha Maha-Shakti, minha mãe, e se
chamava “Yoga e Saúde”. Eu tinha não mais que 15 anos e não só me interessei de coração pelo assunto
como iniciei a prática do Yoga, mas queria conhecer mais sobre Yoga, Índia e, é claro, realizar práticas
tântricas. Percorri várias escolas secretas (não tão secretas assim) como a Eubiose, Teosofia, Gnose e Rosa-
Cruz. Algumas, aliás, não recomendavam o Tantra, em busca das iniciações e dos mestres.
No início da década de 80 estudava massoterapia com o pioneiro e mestre nessa arte, Armando
Austregésilo, na A.M.O.R. – Associação de Massagem Oriental, que além de terapeuta é professor de Yoga e
conduzia práticas maravilhosas e, a seu conselho, fui procurar o Yoga tântrico do Prof. De Rose, Swasthya
Yoga. Fiquei fascinado pelos belos movimentos, a filosofia libertária, prazerosa e todo o tantra.
Aprendi em escolas místicas um Yoga muito fragmentado com práticas de simples pranayamas e meia
dúzia de mantram.
Junto com as práticas do Swasthya iniciei minha peregrinação por livros de todos os tipos (veja a
bibliografia), desde grandes textos até bobagens especulativas sobre o Tantra. Queria algo mais que a prática.
Queria a iniciação. Já havia esgotado a necessidade de compreensão intelectual. Queria sentir o toque do
mestre (ou por que não da mestra?).
A partir daí fui, ansiosamente, atrás do mestre e até encontrei vários deles, que conheciam uma parte,
fragmentos de práticas
tântricas, misturadas com taoísmo, Rosa-Cruz, Gnose, Magia, etc. Mas todas as práticas eram realizadas a
sós, sem a presença da mulher, sem o sexo tântrico e, quando esse era mencionado, era para a retenção, ou a
sublimação total da sexualidade, tornando o discípulo um celibatário. Não era o que eu desejava – não era
mesmo. Já havia lido a respeito em livros sérios uma das máximas do Tantra: “Shiva sem Shakti é Shava – o
homem sem a mulher é um cadáver”.
Depois de muito procurar e treinar as artes marciais (kung-fu, karatê-do e IAI-Dô), para ser o discípulo
que todo mestre procura, sério, saudável, de bem com a vida e sabendo fazer as perguntas certas, fui
apresentado e finalmente iniciado no Tantra, especificamente na técnica do Giro Tântrico e depois no
maithuna. Demorou, mas aconteceu. O que passei tentarei descrever com palavras, mas o que senti é
impossível de se transmitir:
O nome místico do mestre era Datatreya, e o conheci num local afastado, envolvido por muita natureza.
Pessoas lindas estavam junto dele e o local era inspirador: boa música, perfumes, incensos, tapetes hindus,
flores, obras de arte etc.

* Egrégora: palavra latina que significa união, junção, uma corrente gregária e segundo escolas
iniciáticas uma assembléia de personalidades terrestres e supraterrestres, constituindo uma unidade
hierárquica e movida por um ideal. Também é conhecida como uma parte do inconsciente coletivo. Quanto
mais antiga uma tradição, maior a egrégora.
Datatreya, com aproximadamente 60 anos, vestia-se de maneira alegre e elegante. Falava de maneira
objetiva, forte, mas por trás daquelas palavras sentia amor e carinho. Entramos em um quarto decorado com
incenso, velas, esculturas de Shiva e uma cama baixa. Depois de me explicar teoricamente o que faria,
apresentou-me sua Shakti (parceira) que se sentou a minha frente e, passo-a-passo, durante horas, ia me
apresentando o Giro-tântrico – Chakra-Puja (descrito na página 49). Nós íamos girando no sentido horário e
Datatreya ia me sugerindo movimentos, pensamentos de amor a serem transmitidos com as mãos por mim à
parceira, mantram, seqüências de toques, beijos, abraços, mordidas, etc. E ela, delicadamente, ia me dizendo
se os movimentos estavam prazerosos ou não. Ela era uma iniciadora na arte do amor. Uma Devadasi, “serva
dos Deuses”, como é conhecida na Índia. A cortesã do sagrado que domina a dança, Yoga, rituais e me
ensinou muito da arte do maithuna e principalmente como fazer amor de forma absolutamente prazerosa ao
casal, mas principalmente a mulher.
Ao final da prática, tinha alcançado aquilo que vários místicos, santos e monges atingiram. A iluminação
passageira sim, um bija samadhi, mas um estado de felicidade que até hoje alegra-me quando me lembro
desse casal mestre/mestra e de suas bênçãos e iniciações, estado que antes nunca havia atingido em várias
outras práticas meditativas que, inclusive, se tornaram “sem graça”. É como dançar sozinho e, como amantes,
abraçados, os dois se tornam um. A união mística que a Devadasi me proporcionou foi um dos momentos
mais celebrativos da minha vida.
Não só no Tantra a mulher é a grande iniciadora mas, também em tradições místicas fortíssimas na
China, na Arábia, na Índia, nas culturas tribais etc.
Todos os seres humanos vêm de uma yoni (vagina). O Hevajra Tantra ensina:
“Aquele que é conhecedor dos Tantras deve honrar todas as mulheres a fim de alcançar a libertação” e
o Kaularahasya afirma: “A mulher faz a iniciação através da mesma yoni da qual, numa vida anterior, o
homem nasceu. A mulher inicia com os mesmos seios que, em uma vida anterior, o homem sugou. A mulher
inicia com aquela mesma boca que no passado acalmou gentilmente o homem. A mulher é a iniciadora
suprema”.
Após receber de maneira prática os ensinamentos do Giro-tântrico e todos os seus segredos fui iniciado
no maithuna, passo-a-passo, da maneira que lhe transmito, leitor, nos capítulos seguintes.
Após minha iniciação, durante anos, iniciei mais de 100 Shaktís nessa técnica e a maioria das mesmas
reconheceram a iluminação do momento e entraram em profundo êxtase. Esses depoimentos ilustram um
pouco desses sentimentos:

“As oportunidades são únicas e não podemos desperdiçá-las por medo do desconhecido ou insegurança.
O Tantra aconteceu na minha vida e poderia ter mil motivos para não me aprofundar, poderia dizer que
era loucura sentir prazer com alguém a quem não estava ligado sentimentalmente comigo.
Posso até dizer que fui uma privilegiada! Mudou muito minha vida, era como se eu tivesse me libertado e
ao mesmo tempo nascido novamente.
O Tantra me deixou mais mulher e mais segura e com mais tesão, com certeza sim.
Todo aquele ritual, luz de velas, incenso, música, deixava-me muito relaxada, quando eu girava o meu
útero dançava, o meu corpo todo sentia, era um tesão apenas com um toque suave...
Não tem carícia melhor quando você se entrega, relaxa...
É muito difícil fazer um relato sobre o Tantra, é muito sensual, não dá para colocar em palavras, só de
relembrar...
Bom, o que eu posso dizer é que foi muito bom sentir prazer, sem me culpar, um prazer mais energético
do que físico, é ter sensações carnais de forma imaginária e sensações reais, é como se conhecer com a alma
em um mundo particular, privado e único.” (Alessandra)
“Sentei-me... e girei.
Girei enquanto o toque, o cheiro e o som inundavam meus sentidos, fazendo com que eu me entregasse
para simplesmente... sentir.
O toque irradiava amor e ultrapassava cada camada de pele... ultrapassava cada parte do meu corpo,
tocava minha alma.
A cada giro, um momento, uma plena descoberta de sentir-me única, amada e reconhecer-me completa...
esbanjando luz e brincando com esta doçura.” (Samadhi Devi)

“Fascinante a experiência que tive através do giro.


Logo nos primeiros instantes percebi que algo estava acontecendo, meu corpo inteiro vibrava
intensamente, podia sentir ondulações em minha barriga, aos poucos os pensamentos desapareciam e davam
lugar a uma Paz indescritível ou parecia estar flutuando, mas alguma coisa em mim podia observar tudo
isso. De repente senti uma pressão muito forte na cabeça e certa tontura. Ao abrir os olhos o tudo e o nada
estavam presentes. Era como se eu tivesse sonhando e o sonho era real. Podia ver tudo ao meu redor e
mesmo assim a Sensação prevalecia, eu estava em pleno êxtase, não havia limitações o Amor e Eu éramos
uma coisa só.” (Andrea Prem)
No passado, eu convidava pessoas para a realização da técnica sentindo quando as mesmas estavam
preparadas. “Quando o discípulo está pronto o mestre aparece”. Por representar Shiva, eu só

iniciava Shaktis, inclusive, de uma prática do Giro-Tântrico e posterior relacionamento pessoal com
Raquel nasceu minha filha Amanda (não é minha, é força de expressão, é da existência).
Atualmente iniciou milhares de pessoas em reiki, Chi-Kun, Sannyas (mudança de nome) budista, etc e
raramente inicio no Tantra, mas quando o faço, é motivo sempre de alegria, atingir o êxtase a dois, e ministro
regularmente, junto com Diana Prem Zeenat e Neelama Gayatri cursos teóricos de maithuna e giro-tântrico.
(Ao final desse livro há uma liturgia de auto-iniciação na egrégora tântrica para quem desejar praticar o giro
ligado à egrégora tântrica).
Após minha iniciação com Datatreya e sua Shakti, como não poderia deixar de ser, segui com uma
parceira, Gisele, rumo à Mãe-Índia, a fim de buscar outras iniciações com mestres sérios e não aqueles
Gurus-estrelas que vivem na Índia para serem adorados por discípulos que só querem saber de teorias e não
da prática.
O Tantra é secreto na própria Índia e quando algum ocidental pergunta pelo mesmo, normalmente é visto
como alguém que só quer sexo. Um curioso, um achador e não um buscador sério.
Procurei o mais secreto de todos os Tantras: o Aghorî, que trabalha com o desapego e com práticas
realmente fortes.
Aghorî, o não terrível, é um dos muitos nomes de Shiva aqui representado
por sua face destruidora.
Essa escola renuncia a todos os valores sociais e convenções criados pela
“sociedade humana”. É uma renúncia para valer. Olha-se a liberdade como
caminho maior na vida (adoro isso).Olha-se para a própria sombra e a social.
Não se vota, se paga os impostos, casa-se, não se considera ninguém autoridade
e as “autoridades” sociais são consideradas ilegítimas e seus membros
impotentes e não líderes, as leis são vistas como injustas e absolutamente
idiotas. “Aghorî não é permissividade, é a transformação, a força, da
escuridão em luz, da opaca personalidade individual ao ápice do absoluto.
Quando se chega ao absoluto, a renúncia deixa de existir, pois não há mais o
que renunciar. O aghorî penetra tão fundo na escuridão, em todas as coisas
com que o comum dos mortais não ousaria sequer sonhar, que, ao sair, sai na
luz.” (Texto: Aghorî).
Fui iniciado em Varanasi à beira do Rio Ganges pelo mestre Ananda Ram
Baba, após recitarmos alguns mantram e Ásanas tântricos e sermos sondados
sobre nossa linhagem e mestres anteriores, ficamos horas junto ao guru que
ativou todos os nossos Chakras, despertando um calor interno nunca antes
sentido (Kundalinî) com o Kripá-guru, o toque do mestre que transmite toda a
tradição desde Shiva-Shankara, que hoje eu retransmito a discípulos.
ANANDA RAM

Também fui iniciado no tantra Kaula (kaulismo) que é uma escola com milhares de iniciados e centenas
de escrituras que tem sua transmição (santati) baseada no despertar de Kundalinî-shakti.
A iniciação que recebi na Índia foi de uma iniciadora feminina (yogini-kaula) dentro de um templo
esculpido na caverna.
A escola kaula segundo George Feuerstein “é a síntese das escolas da mão esquerda (vama-marga) e da
mão direita (dakshina-marga)”. Concordo plenamente com ele.

“Ó Deusa! O kaula é o mais secreto dos segredos, a essência da essência, o mais elevado do elevado,
dado diretamente por Shiva e transmitido de um ouvido a outro.” (Kula-Arnavatantra)

Quando você viajar à Índia ou encontrar um guru sério procure receber a mágica iniciação Nyâsa – rito
de apalpação que é realizado nas florestas e consiste em ter todo o corpo tocado ou apalpado como um
“templo do Divino” (dehanyâsa). É uma técnica absolutamente deliciosa. O Giro-tântrico, conhecido na Índia
por Chakra Puja Nyâsa Devanyâsa, tem origem nessa iniciação.
Datatreya me dizia que: “a iniciação nos dá o tão sonhado Livre Arbítrio da Bradigênese (frear o ritmo de
um acontecimento), Taquigênese (acelerar o ritmo de um acontecimento) e Gestaltgênese (aproveitar, através
da plena consciência, todos os momentos da vida).
Não necessariamente concordo com isso, mais coloco essa questão a você leitor. Quanto você tem o
controle de sua vida? O que é destino, o que é livre arbítrio na sua existência? O que posso te dizer aqui é
relaxe no que você pode mudar e seja dedicado e um guerreiro no que pode e sabe modificar.
As iniciações tântricas se dividem em vários itens:
GURU SEVÁ
Quando há interesse pelo Tantra, é o discípulo (chêla) que se mostra receptivo. O candidato ingressa
nessa fase e recebe uma iniciação tântrica que busca dilacerar o Ego Social. Sabendo aproveitá-la, terá
contato com alguma técnica profunda de Samyama (meditação e equilíbrio corporal; pois se toca muito o
corpo). A técnica do Giro-tântrico se encaixa nessa iniciação, que como todas, muda sensivelmente a vida do
discípulo e mostra uma liberdade de valores sociais e “pseudo” morais inimagináveis.
Se o aspirante pratica com regularidade as técnicas, passa a ser aceito como discípulo e o mestre começa
a lhe passar ensinamentos da próxima etapa que se chama Santati.

SANTATI
É a transmissão oral. É uma iniciação usada principalmente no Tantra, Xamanismo, Yoga iniciático e
Kabbalah.
Nessa fase há técnicas mais avançadas que na anterior; trabalha-se intensamente Kundalinî e os Chakras,
ativando-os e despertando os seus poderes (Sidhis)e ainda buscando a iluminação temporal ou não
(Samadhi).
“Na iniciação, o mestre como que leva o discípulo em si mesmo, assim como a mãe (leva) o embrião em
seu corpo. Depois dos três dias da cerimônia (de iniciação), o discípulo nasce.” (texto do Tantra Kaula)

ATHARVA-VEDA KRIPÁ GURU


Quem gosta de práticas que nada fazem sentir, estarão fora dessa iniciação, pois aqui há o objetivo de
atingir um alto grau de hiperconsciência. Esta iniciação pode ser realizada em três níveis:

Kriyá-Dîkshâ
É um toque simples, uma bênção recebida por ritual, que qualquer pessoa pode receber de seu mestre.
Essa iniciação pode ser solicitada a mim pessoalmente em encontros com a verdade (sat-sang).

Sparsha-dîkshâ
É um toque iniciático poderoso, que transforma o discípulo em retransmissor do Tantra, podendo iniciar e
preparar outros alunos.

Nessa iniciação normalmente, cria-se vínculos de amor entre o mestre e o discípulo.


É uma iniciação secreta que, embora seja definida simbólicamente como um derramamento de óleo sobre
a cabeça, sabemos que ela representa a própria iniciação, pois é feita na fronte de quem recebe – Chakra
Ajnã.

Tantra Kripa
É um toque indescritível e secreto que desperta Chakras e Kundalinî através da libido. Esse toque é pouco
utilizado no Ocidente devido a bloqueios ao corpo e sua transmissão foi interrompida no passado em quase
todas as tradições, restando hoje poucos mestres que ainda mantêm a transmissão. Isso faz dessa iniciação
uma oportunidade rara e possível somente àqueles que possuem coragem e audácia bem acima do comum.
Sempre ensino que sem coragem nessa vida, “nada feito”.
A vida é uma grande aventura. Tudo ou nada.
Quando o discípulo recebe essa iniciação (shâktika) o mestre desperta sua consciência da iluminação ou
lhe fornece técnicas para práticas (ânavîdîkshâ). Dentro das iniciações tântricas modernas, temos a entrega do
neo-sannyas que, diferentemente do antigo sannyas hindu, aonde o iniciado renunciava a todos os seus bens,
família, paixões, como fez Buda, e vive nas montanhas meditando, o neo tantra aponta na direção do iniciado
viver e fazer tudo o que este mundo oferece até para perceber que mesmo tendo tudo, se não descobrir quem
se é, nada adianta, nada é suficiente.
Nesse tipo de iniciação, há uma mudança de nome que simboliza abandonar o passado e renascer no
agora.
Somente alguém que reconheceu o final das buscas pode iniciar o neo-sannyas.

“O guru é a primeira letra (do alfabeto). O discípulo é a última letra. O conhecimento é o ponto de
encontro. A instrução é o elo.”

Taittirîya-Upanishad
Kundalinî-Shaktí
O Poder da Serpente

“Quando a deusa adormecida Kundalinî é despertada pela graça do mestre, então todos os lótus sutis e
vínculos mundanos são atravessados. A pessoa deve elevar com firmeza e força a deusa Kundalinî, porque
Ela é adoradora de todos os poderes miraculosos.”
Shiva Samhita

Kundalinî energia sustentadora da vida, força vital presente em todos os seres, poder energético que dá
vida ao Universo. Tudo é energia, diz a ciência e tudo é um mar de energia kundalinî, aponta o Tantra. — A
palavra kundalinî vem do sânscrito “kundol”, que significa espiral ou enrolada. Kundalinî está adormecida no
homem comum (paçu), na base da espinha dorsal, e para que o indivíduo possa ter uma vida consciente e
prazerosa é necessário que essa energia seja ativada, reconhecida e elevada até o alto da cabeça, tornando o
homem comum robotizado num ser original, consciente e criativo. Geralmente, a kundalinî aparece
representada por uma serpente adormecida e que precisa ser despertada: seus movimentos espiralados e sua
postura (enrolada em si mesma) são típicos desse animal. Sua energia é ígnea, e enquanto dorme está
congelada, um fogo morto. Quando o praticante a desperta, sua força é tão grande que correntes tântricas a
consideram “a mãe divina que alimenta seus filhos”.
No Ocidente, Freud chamou-a de libido – energia do desejo de qualquer espécie, e Reich a conhecia
como orgone – energia do prazer.

O escritor Sir John Woodroffe no recomendado livro “EI Poder Serpentino” descreve: “em síntese,
Kundalinî é a representação corporal individual do grande poder cósmico, que cria e sustenta o universo.
Quando esta Shakti individual, que se manifesta como a consciência pessoal (jíva) se absorve na consciência
do Shiva supremo, o mundo se dissolve para esse jíva, e se obtêm a liberação.
O despertar e o estímulo ascendente do Kundalinî Yoga é uma forma dessa fusão do indivíduo na
consciência universal, ou união dos dois, que é a finalidade de todos os sistemas de Yoga na Índia”.
E Samael Aun Weor (gnóstico) dá a seguinte explicação mística:
“É a serpente ígnea dos nossos mágicos poderes. E essa serpente sagrada dorme dentro de nós,
enroscada três vezes e meia, em todos os Chakras. Kundalinî é o fogo de Pentecostes, a Grande Mãe Divina.
Seu santuário é o coração. (...) Os fogos do coração controlam a ascensão da Serpente Sagrada pelo canal
medular. E a kundalinî necessita subir até o cérebro, para depois chegar ao Santuário do Coração. Deve ser
despertada pelo maithuna (ato sexual sagrado), pela concentração, pela meditação, pela vontade, pela
devoção, pela compreensão e com os mantram sagrados”.
Osho define Kundalinî “como uma serpente que se move através dos Chakras e, no fim, quando a
iluminação é alcançada, é liberada pelo último chakra localizado no alto da cabeça”... falar teoricamente
sobre ela pode levar a alguns equívocos, por “causa do conhecimento, sem o conhecer”.
O trabalho iniciático de algumas tradições iniciáticas sérias é “elevar” a kundalinî, seja através do sexo,
ervas de poder, meditação, dança sagrada etc.
Segundo o mestre de Yoga Shivánanda “Sem Kundalinî não há Samádhi”. Apesar de saber que a subida
de Kundalinî é um dos métodos de iluminação, muitas escolas iniciáticas, filosóficas e religiosas ocidentais
incutem em seus discípulos pavor da ativação dessa energia. Isso porque ou não compreendem ou não
querem compreender, que trabalhar com kundalinî é absolutamente prazeroso, ou são pessoas recalcadas e
reprimidas quanto ao prazer e a sensualidade.
Mesmo aqueles que não sabem o que é Kundalinî, e estão em qualquer trabalho meditativo e iniciático
prático, provavelmente estão atuando para elevação da mesma. Exemplo disso é um cristão, que faz uma
oração e sente a presença do Espírito Santo, cujo símbolo é uma pomba, feminino, que representa Kundalinî
com outra denominação. É interessante como a auréola na cabeça dos Santos assemelha-se à figura de Shiva
ejaculando pela cabeça. Ambas representam Kundalinî.
O ideal é a ativação da kundalinî por um processo lento, gradativo, que exige persistência e práticas
constantes.
Ao ser desperta, a kundalinî se expande por meio das nadi (nadi vem de nad, e significa movimento,
corrente). As nadi são canais que conduzem a energia pelo corpo, o que inclui os meridianos (conhecidos
pela acupuntura), os vasos, os nervos, as artérias, os músculos e as veias.
O yogue Gopi Krishna descreve assim o despertar de kundalinî:
“De repente, com um rugido semelhante ao de uma catarata, senti uma corrente de luz líquida
penetrando no meu cérebro – através da medula espinhal. Eu não estava em absoluto preparado para esse
acontecimento e fui completamente pego de surpresa; mas, recuperando instantaneamente o autocontrole,
continuei sentado na mesma postura e com a mente voltada para o objeto de concentração. A iluminação foi
ficando cada vez mais brilhante, o rugido cada vez mais forte, eu me senti como se estivesse balançando e
depois percebi-me saindo do corpo, completamente envolvido por um halo de luz”.
O Mestre Datrateya nos conta que “Kundalinî desperta ascendendo é inconfundível; é sentida como uma
emoção interior, um fogo “ líquido”, simultaneamente quente e frio, elétrico, quase paralisante, abrindo
todo o ser, iluminando e liberando.
Quando eu tinha pouco mais de 20 anos, contrariando todo o bom-senso e as recomendações de meus
professores de Yoga e Tantra da época, resolvi por conta própria ter uma experiência com essa energia. Corri
atrás do Samádhi e, por aproximadamente um ano, praticava quatro vezes ao dia Yoga tântrico, artes
marciais, longas meditações, jejuns, monodietas de frutas, estímulo dos bija das pétalas dos Chakras (não
recomendado por nenhuma escola prática por ser muito forte), maithuna com duas parceiras, limpezas e
purificações físicas, e, um dia, para aprofundar, fui praticar uma viparita kaarani (posição de Yoga invertida
sobre os ombros) dentro de um pequeno riacho em Visconde de Mauá. Tive uma experiência inesquecível.
Um calor intenso saiu de minha

região pélvica, subindo pela coluna e lembro-me de algo parecido com um desmaio e sensações muito
gostosas. Ria muito e reconheci pela 1ª vez que sou o “observador” de tudo, não sou meu corpo, nem minha
mente e nem minhas emoções e sentimentos. Sentia-me parte da existência e qualquer idéia de um “eu
social” desaparecera por completo. As reações físicas é que não foram interessantes: vomito, náuseas, dores
no corpo, diarréia e febre.
Meu amigo Roberto Arantes trouxe-me de volta a São Paulo, aonde me tratei com ayurvédica e tive a
supervisão terapêutica de um mestre de Tantra. Assim, em tudo o que ensino nesse livro, tomei o cuidado de
não estimular em você, leitor, o exagero e a irresponsabilidade que tive um dia.

Técnica do Giro
(Meditação sutil de ativação de Kundalinî)

A técnica do giro tem por objetivo, além de despertar suavemente a Kundalinî, a meditação e o
aquietamento.
1. Num local tranqüilo, onde você esteja sozinho, acenda um incenso e coloque uma música suave.
2. Sente-se com a coluna ereta, as pernas cruzadas à frente do corpo, os ombros relaxados, o rosto sem
contrações e os olhos fechados.
3. Procure manter a respiração pausada e silenciosa, inspirando e expirando pelas narinas e de forma
abdominal.
4. Inicie um giro com a parte superior do corpo e deixe seus pensamentos fluírem livremente.
5. Aos poucos, sinta que seus pensamentos se dissipam, que todas as coisas que existem à sua volta se
dissolvem como se não existissem e procure sentir apenas a sua presença e a da música. Solte-se. Entregue-se
à existência.
6. Continue o giro pelo tempo que julgar conveniente.
Chakras
(Por quem já praticou)

Chakras são centros físicos, psicofísicos e energéticos do corpo. Os seres humanos contêm sete Chakras
principais que estão em constante atividade, embora sua presença não seja percebida conscientemente por
não meditadores. A palavra sânscrita Chakra é traduzida por roda, círculo ou movimento. As representações
pictóricas desses centros de energia são formadas por figuras geométricas e pétalas. São pelos Chakras que
transitam e se movem as energias sutis do corpo.
Os Chakras estão localizados dentro e fora do corpo (duplo etérico); já Kundalinî, energia da vida que
ativa os Chakras se movimenta dentro do corpo.
Normalmente, os Chakras são pequenos, não apresentando mais do que 5 centímetros de diâmetro. Com a
prática de mantram, Yoga, meditação, os Chakras aumentam de tamanho e sua luz se expande. Sua aparência
pode ser descrita como circular, luminosa, tal qual um pequeno CD girando. Cada um tem uma cor, mantram
e elemento que o estimula, seu movimento é ininterrupto, estão associados às glândulas do corpo físico e
funcionam como centros de captação, contenção e distribuição de energia para todo o corpo.
Os sete Chakras estão localizados ao longo da coluna vertebral, dispostos verticalmente e cada Chakra
tem funções específicas, mediante o recebimento de energias internas e externas. Temos nesses centros “nós”
que impedem a subida descontrolada de Kundalinî; um fica no muladhara (brahma-granthi), outro no
vishnudha (vishnu-granthi) e o último no ajña chakra (rudra-granthi). Eles são conhecidos como granthi e
quando são rompidos a energia se eleva. Com esses nós nos chakras é muito difícil alguém fazer bobagem
com Kundalinî, de toda forma, sempre vá devagar em suas práticas tântricas.
Os Chakras inferiores, mais associados à matéria, são o Muládhára, o Swadhistana e o Manipura. O
Médio, ou Intermediário é o Anahata, associado aos sentimentos. Os Superiores são o Vishuddha, o Ajña e o
Saháshara, que estão associados ao mental e à iluminação. Sua rotatividade obedece ao sentido horário ou
anti-horário, dependendo da qualidade energética de cada indivíduo.

Chakra Sentido Horário


Quando em rotação horária, o movimento é destrógeno (destro), para direita e se
caracteriza por:
• Possuir força centrífuga (coloca energia para fora);
• ser menos suscetível a influências externas;
• não carregar miasmas energéticos;
• ser um pólo irradiador (de dentro para fora);
• produzir siddhis (intuição).
• Quem tem os Chakras em rotação horária é conhecido nos meios ocultistas como
pessoa de “corpo fechado”.

Chakra Sentido Anti-horário


Quando em rotação anti-horária, o movimento é sinestrógeno (sinistro), para a
esquerda, com as seguintes características:
• Possui força centrípeta (para dentro);
• capta energia externa, mantendo o corpo astral “aberto”;
• estimula a mediunidade e sensitividade;
• amplia a sensibilidade ao ambiente;
• promove a aptidão para fazer diagnósticos precisos. Quando se trata de um bom
médium tem poder de captação (carrega miasmas).
Quando o Chakra gira no sentido anti-horário, perde-se energia. E quem perde
muita energia pode sobreviver da energia alheia, por meio de uma relação de
dependência chamada na metafísica de “vampirismo”.

Existem muitas práticas que fazem o Chakra girar em sentido horário ou anti-horário. É importante evitar
para não misturar essas práticas.
O Tantra trabalha para que os Chakras se movimentem cada vez mais depressa. Para isso, é necessário ter
consciência e adotar práticas que os estimulem, por meio do método interno ou externo.
Método interno: por meio desse método, despertamos a Kundalinî com a prática de Yoga, mantram, tai-
chi, chi-kun, iai-dô, aikidô ou maithuna. As escolas tântricas trabalham mais com os métodos internos e
exclusivamente com os Chakras girando no sentido horário.
Método externo: consiste no recebimento de passe magnético, de massagem, na aplicação de acupuntura,
moxabustão, geoterapia (pedras) ou cromoterapia (cores). Dentre outros métodos.
Os dois métodos contribuem para o estímulo de todos os Chakras, proporcionando melhor disposição
física e mental aos praticantes.
É importante mantê-los em equilíbrio, utilizando técnicas corporais (Yoga, tai-chi, dança), técnicas
mentais (mantram), alimentação equilibrada. Os Chakras influenciam e são influenciados também pelo corpo
físico, daí a necessidade destes cuidados.
Como vimos até aqui, todos os Chakras possuem qualidades energéticas próprias que em desequilíbrio
produzem determinadas doenças ou, do contrário, em situação de equilíbrio, conferem ao nosso organismo
inúmeros benefícios. Contudo, o sexto Chakra pode ser mais estimulado que os demais pelo mantra Om, pois
possui uma força que ajuda e atrai a subida da Kundalinî.

Conhecendo os Chakras
MÚLÁDHÁRA CHAKRA
• Significado do nome: Fundação ou suporte da base.
• Nome ocidental: Chakra Básico.
• Localização: Localizado nos órgãos genitais e na pélvis, relacionado com as gônadas (glândulas
sexuais), governa o sistema reprodutor. Este Chakra anima a substância do corpo físico, é a vontade, o poder
e o instinto de sobrevivência. É base da montanha, a ligação com a Terra. Concentra as energias da
Kundalinî, que uma vez despertadas e controladas progridem coluna acima, seguindo um padrão geométrico
similar ao padrão apresentado na dupla hélice das moléculas de DNA, que contêm o código da vida.
•Aspectos a serem compreendidos: Sobrevivência, alimentação, conhecimento, auto-realização, valores
(segurança financeira, situações materiais), sexo (procriação), longevidade e prazer.
• Cor: vermelho em brasa para tonificar. É a cor mais quente e densa. Aquece e estimula a circulação.
Estimula o fluido da medula espinhal e o sistema nervoso simpático; energiza o fígado, estimulando os
nervos e músculos. Vitaliza e organiza o corpo físico. Violeta, azul ou rosa para sedar a energia do Chakra.
• Mantra: Lam (concentrando-se nos genitais).
• Elemento: Terra – o mais denso dos elementos. É a mistura dos quatro elementos: água, fogo, ar e éter.
• Fase da vida: Desde a união do espermatozóide com o óvulo, até sete ou oito anos.
• Funções: É o Chakra onde nasce e reside a energia kundalínica que se movimenta em espiral, pelas
Nadis Ida e Píngala, e distribui por todo o corpo do indivíduo o impulso de vida: é também o centro erótico
do ser.

Nadis – rios energéticos


Nadis são correntes, canais, corredores ou filamentos de energia vital que circulam por todo o corpo,
alimentando a vida e movimentando os Chakras.
Semelhantes aos meridianos de acupuntura, seus pontos são chamados na China de tsubos. Seu número é
de aproximadamente 72.000.
As nadis estão intimamente relacionadas aos Chakras. A nadi central é conhecido por Sushumna e
encontra-se situada no centro do corpo pela coluna vertebral, que recebe o nome de meru danda. A Sushumna
nasce no Muladhara Chakra, e se estende corpo acima, até unir-se ao Sahasrara Chakra (que se situa no alto
da cabeça). No espaço fora do meru danda, estão dois outros nadis, denominados lda e Pingala. Ida é o canal
esquerdo, de natureza feminina, lunar, emocional e materna. Por estar associado à procriação e à purificação,
também é conhecido como Ganga (o rio sagrado da Índia). Pingala é o canal direito, de natureza masculina,
solar, racional e dinâmica.

Algumas pessoas têm dominante a energia (nadi) lunar (emoção) e outras solar (razão). O praticante
adiantado consegue manter esses temperamentos equilibrados.
Todas as nadis do corpo se originam no períneo em forma de um ovo (kanda).
Todos os sistemas místicos hindus são radicais sobre a importância de manter-se esses canais energéticos
absolutamente purificados.
No capítulo Angas do maithuna trataremos dessa autopurificação, principalmente com alimentação.

DEFINIÇÃO PARA ESTUDO


• Sushumna: nadi principal por onde Kundalinî sobe. Está relacionada à medula espinhal.
• Ida: canal esquerdo transportador das correntes lunares, natureza feminina visual e emocional,
produção de vida, energia materna, a respiração com a narina esquerda proporciona estabilidade para a vida.
A narina esquerda aberta durante o dia, equilibra a energia lunar criando um equilíbrio para si, tornando-nos
mais relaxados e mais alertas mentalmente.
• Píngala: canal direito, transporta correntes solares, natureza masculina, depósito de energia destrutiva,
também purificador. A narina do lado direito é de natureza elétrica masculina, verbal e racional. Torna o
corpo físico mais dinâmico, ativo e saudável. Quando um casal tem um orgasmo, sem repressão e com
consciência, algumas vezes elevam a Kundalinî, nutrindo todos os Chakras por meio de Ida e Píngala.
SWADHISTHANA CHAKRA
• Significado do nome: Lugar-morada do ser ou o “fundamento de si próprio”.
• Nome em Português: Chakra Esplênico Umbilical.
• Localização: Localizado na lombar e abaixo do umbigo no nível do púbis, está relacionado com as
glândulas supra-renais, regendo a coluna vertebral e os rins. As supra-renais são constituídas por uma medula
interna, coberta por um extrato chamado córtex e são responsáveis pela produção de adrenalina. Rege os rins,
sistema reprodutor, sistema circulatório e bexiga. As energias como a paixão, a expansão, sensualidade e a
criatividade são manifestadas por este Chakra.
• Aspectos a serem compreendidos: Poder de seduzir e atrair, criatividade e relacionamento.
• Cor: Laranja – tonifica; é uma cor acolhedora e estimula a alegria. É uma cor social que traz otimismo,
expansividade e equilíbrio emocional. Traz confiança, automotivação e senso de comunidade. Azul ou verde
para sedar.
• Mantra: Vam (concentrando-se abaixo do umbigo).
• Elemento: Água - forma circular – três quartos da Terra são cobertos de água, três quartos do peso de
uma pessoa são de água – a essência da vida. Os sons da água ampliam a vibração desse chakra, permitindo
um fluxo sem obstruções.
• Fase da vida: de 8 a 14 anos.
• Funções: Energia de criatividade, purificação e impulso emocional; é o centro da procriação, manifesta-
se sexualmente, mas sob o aspecto de sensação e prazer; fantasias e desejos sexuais. Neste Chakra inicia-se a
expansão da personalidade.

MANIPURA CHAKRA
• Significado do nome: Cidade das Gemas ou Cidade das pedras preciosas.
• Nome em Português: Chakra Plexo Solar.
• Localização: Um pouco acima do umbigo. Rege o pâncreas, glândula que possui função exócrina e
endócrina e que secreta o suco pancreático, cujas enzimas ajudam a digestão das proteínas, carboidratos e
gorduras. A parte endócrina da glândula é formada por pequenos grupos de células chamadas ilhotas de
langerhan, produtoras da insulina, que possuem um papel importante no controle do metabolismo da glicose.
a área de influência deste Chakra é o sistema digestivo: estômago, fígado e a vesícula biliar, além do sistema
nervoso.
• Aspetos a serem compreendidos: Escolhas, dentro do possível, do que você quer. Individualidade, poder
pessoal, como você se vê, sua identidade no mundo.
• Cor: Amarelo dourado para tonificar. É ativador dos nervos motores, exercendo influência no sistema
nervoso. Estimula a bílis e possui ação vermífuga, diminui a função do baço, porém estimula a função do
pâncreas, fígado e vesícula biliar. Fortalece as articulações, o sistema digestivo e linfático. É regenerador dos
tecidos, acelerando o processo de cicatrização. Estimula a função peristáltica e o raciocínio lógico. Violeta,
azul ou verde para sedar.
• Mantra: Ram – o principal ponto de concentração durante a produção deste som é o umbigo. Traz
longevidade.
• Elemento: Fogo, auxilia a digestão e a absorção do alimento fornecendo a energia vital.
• Fase da Vida: De 14 a 21 anos.
• Funções: Desenvolvimento do ego e da identidade individual; impulso de liderança; praticidade;
trabalho.

ANÁHATA CHAKRA
• Significado do nome: “Intocado” ou “Som não produzido” (batidas do coração).
• Nome em português: Chakra Cardíaco.
• Localização: Situa-se na região do tórax e está conectado com a glândula timo, responsável pelo
funcionamento do sistema imunológico. É o Chakra do coração, centro energético do amor.
A elevação das energias do Chakra do plexo solar até o coração acontece em indivíduos que estão
desenvolvendo a capacidade de pensar e atuar em termos de coletividade.
• Aspectos a serem compreendidos: amor, compaixão, perdão, verdade e gratidão.
• Cor: Rosa, estimula o amor incondicional e verde é relaxante do sistema nervoso. A cor violeta seda
esse centro.
• Mantra: Yam – a concentração deverá estar centralizada no coração, desfazendo qualquer bloqueio na
região cardíaca, proporcionando controle sobre o prana e a respiração.
• Elemento: Ar, auxilia o funcionamento dos pulmões e do coração.
• Fases da vida: 21 a 28 anos.
• Funções: Intermedia os Chakras superiores e inferiores; impulso de se ligar à verdade, ao amor;
reequilíbrio; altruísmo; compaixão. Este Chakra se expande em todas as direções e dimensões, como uma
estrela de seis pontas.
VISHUDDHA CHAKRA
• Significado do nome: Puro ou “Centro da Pureza”.
• Nome em português: Chakra Laríngeo.
• Localização: Sobre a garganta, comunica-se com a glândula tireóide que está relacionada ao
crescimento e aos processos oxidativos, e com as paratireóides que controlam o metabolismo do cálcio. Este
Chakra governa pulmões, brônquios e voz. Está ligado à inspiração, à comunicação e à expressão com o
mundo.
• Aspectos a serem compreendidos: Comunicação interna e externa – esclarecimento que conduz ao
estado divino, consciência e crenças (no que você acredita e se apega).
• Cor: Azul, atua como tranqüilizante na aura e regenerador celular. Traz quietude e paz mental, estimula
a busca da verdade, a inspiração, a criatividade, a compreensão, a fé (confiança na existência) e está
associada à gentileza, ao contentamento, à paciência e à serenidade. Turquesa, estimula a comunicação em
público. Para tonificar, laranja e violeta.
• Mantra: Ham – concentra-se na garganta.
• Elemento: Ar, prana, energia sutil, associado ao som.
• Fases da vida: 28 a 35 anos.
• Funções: Autoconhecimento; felicidade. Segundo o Satchakra Virupana, “quem alcança o
conhecimento mediante a concentração constante da consciência neste loto, converte-se num grande sábio e
encontra a paz. O indivíduo se eleva e se purifica de todos os carmas; morre-se para o passado e nasce-se
novamente para a realização da unidade”.

AJNÃ CHAKRA
• Significado do nome: Autoridade, poder, comando intuitivo.
• Nome em Português: Chakra do 3º olho ou frontal.
• Localização: Entre as sobrancelhas, relaciona-se com a glândula pituitária.
• Aspectos a serem compreendidos: Intuição e a consciência. Capacidade de se observar sem julgamento.
• Cor: Dourado para concentração falta de memória e confiança. Violeta, tranqüilizante, calmante e
purificador. Clareia e limpa a corrente psíquica do corpo e da mente, afastando problemas de obsessão
mental e psicose.
• Mantra: Om.
• Elemento: Presença dos cinco elementos, com três gunas que são manas (mente), buddhi (intelecto),
Ahankara e chitta (o ato de ser – o ser).
• Fases da vida: 35 a 42 anos.
• Funções: Austeridade; intuição; serenidade. É o chakra da Faculdade do Conhecimento: Buddhi:
(conhecimento intuicional), Ahankara (o ser / self), Indriyas (sentidos) e Manas (mente). É representado por
um triângulo branco simbolizando a yoni e, no meio, um lingan. No centro do Chakra está o yantra do som
Om, o melhor objeto de meditação.
“Meditando nesse centro, o praticante ‘vê a luz’; como uma chama incandescente. Fulgurante como o
Sol matutino, claramente brilhante, reluz entre o ‘Céu e a Terra’.” Satchakra Nirupana.

SAHASRÂRA CHAKRA
• Significado do nome: Chakra das Mil Pétalas.
• Nome em português: Chakra Coronário.
• Localização: No topo da cabeça. E o portal da espiritualidade, do reconhecimento da existência de Deus
em nós, no outro e em todo o universo.
• Aspectos a serem compreendidos: reconhecimento da Iluminação.
• Mantra: Sham (simbólico).
• Elemento: Todos os elementos, inclusive o éter, em suas manifestações mais sutis.
• Funções: Iluminação; espiritualidade plena; manifestação do Divino. Segundo o Satchakra Nirupana:
“O Lótus das mil pétalas é o mais brilhante e mais branco que a Lua cheia, tem a sua cabeça apontada para
baixo. Ele encanta. Seus filamentos estão coloridos pelas nuanças do Sol jovem. Seu corpo é luminoso, é
aqui o objetivo final de Kundalinî após ativar os outros Chakras. O indivíduo que atinge a consciência do
sétimo chakra realiza os planos da irradiação (torna-se iluminado como o Sol), das vibrações primordiais,
da supremacia sobre o prana, do intelecto positivo, da felicidade, da indolência”.
Obs: segundo o mestre Osho, praticantes de Yoga e a minha própria experiência o saber intelectual dos
chakras não substitue o “conhecimento” prático. A experiência de ativar esses centros e manifestar
Kundalini.
Mudrás
Gestos magnéticos e de poder

Mudrá é um gesto simbólico e místico carregado de poder que usualmente é feito com as mãos.
Literalmente a palavra mudrá quer dizer “selo”, “gesto” ou ainda “reflexo” de algo, sua prática cria estados
alterados de consciência, como elevação de Kundalinî e meditação.
O significado da palavra mudrá encontra-se no Kulanarva Tantra e no Nigranth Tantra, segundo os quais
mud = força de poder; êxtase (para fora) e êntase (para dentro); e dra (dravay) = controlar; manter;
capacidade de manter.
No Ocidente é comum um gesto de oração ou prece no qual se unem as duas mãos, palma com palma, o
que na Índia se assemelha ao de pronan mudrá.
Cada gesto ou selo produz uma infra-estrutura psicofísica e predispõe o praticante a um estado interior.
Os mestres são de opinião que o mudrá possui quatro “estados” ou “poderes” especiais e distintos, que são:
identificação; assimilação; domínio e desenvolvimento.
Nos textos clássicos, encontramos no Kulamava Tantra sua interpretação erudita: “O mudrá prepara o
praticante para um estado interno de identificação em que este, concentrado e interiorizado no gesto,
controla a força adquirida e a dirige para qualquer parte de seu corpo ou para fora dele”.
Os mudrás atuam profundamente, também, em nosso sistema nervoso.

RELAÇÃO DOS DEDOS COM OS MUDRÁS


Quando indicamos que alguém deve “pensar na vida”, nós o fazemos apontando o dedo indicador
(elemento ar) para a cabeça.
Quando queremos nos referir a um gesto sexual, mostramos o dedo médio (elemento fogo).

Utilizamos o dedo anular (elemento água) para unir casais. Casamento = casar (unir) + mento
(coração/mente). Não por acaso essa união é o elemento água, que diz respeito as nossas emoções e
sentimentos.
Reis e rainhas de todos os tempos usavam anéis no dedo mínimo (elemento terra) para simbolizar a
prosperidade sobre a matéria.
O dedo polegar (elemento éter) é o do espírito e representa a iluminação. Quando uma situação está bem,
costumamos levantar o polegar para representar o fato.
Quando praticamos um mudrá com a mente concentrada (manas mudrá) podemos, facilmente, estimular
os cinco elementos representados nos dedos.

Elemento Dedo
Terra Mínimo
Água Anular
Fogo Médio
Ar Indicador
Éter Polegar

Principais mudrás tântricos


SHIVA MUDRÁ
Expressa respeito à ancestralidade, sinceridade e receptividade. É um gesto de silêncio e ao fazê-lo
devemos imaginar que neste “cálice com as mãos” estamos disponíveis para receber todos os benefícios de
uma prática (sadhana). É um mudrá normalmente usado em inícios de rituais e práticas de Tantra.

PRONÂM MUDRÁ
Este é um gesto de cumprimento, reverência, saudação, reflexão e interiorização, tem característica
reflexológica fortíssima. É comum o utilizarmos ao iniciar e terminar uma prática de Tantra. No pronam
mudrá Jiva, as mãos ficam na altura do peito. No pronam mudrá Atmam (alma), as mãos elevam-se na altura
do rosto. Representa ainda a união (Yoga) de todos os sentimentos do tântrico. É usado no Tantra como um
cumprimento junto com o mantra Om Hara ou Hare Om, que pode ser traduzido como “salve a totalidade”.
No Budismo esse gesto chama-se Gassho e representa uma saudação: todos são Budhas, todos são
iluminados, eu saúdo toda a existência.
JÑANA MUDRÁ
É o mudrá da sabedoria. Serve para impedir que energias se dispersem nas práticas. Ao ligar-se o polegar
com o indicador fecha-se um circuito eletromagnético de baixa voltagem. Na prática feita das 6 às 18 horas
(dia/Sol), as palmas devem voltar-se para cima (mudrá surya, Sol). Na prática feita entre 18 e 6 horas
(noite/Lua), voltamos as palmas das mãos para baixo (mudrá chandra, Lua).

TRIMURTI MUDRÁ
É o mudrá trindade divina (Brahma, Vishnu, Shiva), também chamado de gesto das “três faces”, e
representa a consciência.
Serve para estímulo geral dos Chakras múládhára, anáhata e ajnã. Quando as mãos se voltam para baixo,
em direção ao solo, denomina-se trimurti mudrá prithivi (terra); se voltadas para cima, com os braços
elevados, chama-se trimurti mudrá vayu (ar).

ATMAM MUDRÁ
Trata-se de um mudrá magnético e poderoso para práticas avançadas. Produz forte dinamização dos
Chakras e desperta a Kundalinî.

YÔNILINGAM MUDRÁ
Gesto que representa a fusão de energia entre Shiva (masculino) e Shakti (feminino). Em minha opinião é
o mais forte de todos os mudrás quando usado corretamente.

TRISHULA
O polegar fecha um circuito de força com o dedo mínimo, formando um mudrá de força. Os três dedos
(indicador, médio e anular) simbolizam o tridente de Shiva, usados para destruir as correntes de
inconsciência.

SHIVALINGAM MUDRÁ (GESTO DO RENOVADOR ABSOLUTO)


Shiva aqui personifica a destruição, proporcionando a renovação. Dessa forma, esse mudrá representa a
independência, o poder e a virilidade. Estimula os Chakras múládhára, svadhisthana e manipura.

Como citado no início do texto, esses são os principais mudrás do Tantra. O número total de mudrás é
incerto, pois em cada região da Índia existem muitas escolas e filosofias.
Chakra Puja
Técnica do Giro Tântrico

“Tantra é a arte de se conhecer com a ajuda da parceria amorosa e do mergulho na própria alma.”
De Rose

O Chakra Puja Nyâsa Devanyâsa, círculo de energia, também conhecido como a onda do Chakra ou giro
tântrico é uma belíssima prática mística que atua como um poderoso estimulador da energia Kundalinî
através dos Chakras e dos canais prânicos, desenvolvendo assim, maior potencial orgástico para meditação e
Samadhi, além do êxtase da experiência mística.
É uma prática pouco conhecida no Ocidente e até mesmo no Oriente, sendo ensinada ou iniciada a
poucos discípulos que forem realmente persistentes.
Essa técnica faz parte do Tantra secreto, apesar de que uma pequena parte da mesma foi divulgada pela
escritora Margo Anand, no livro “The art of sexual magic”, mas de forma superficial.
Em grupos que ministro de Tantra, ensino passo a passo essa liturgia e principalmente as mulheres ficam
fascinadas / encantadas com a beleza e os efeitos da técnica.

REQUISITOS E PREPARAÇÃO PARA A PRÁTICA


Roupas: As mais confortáveis possíveis e que não apertem na cintura. Se o clima permitir, permaneça nu.
Isso estimula muito um dos objetivos da prática que é a sensorialização de todo o corpo.
Mentalização: As indicadas no decorrer desse capítulo.
Local: O mais tranqüilo e belo possível. Acenda incenso de Sândalo ou Tulasi e certifique-se que não
serão incomodados.
Aroma: Use óleos de Sândalo, Ylang-Ylang ou Patchouli na prática.
Música: Escolham as músicas que mais agradem, mas certifique-se que sejam suaves e façam da técnica
uma dança relaxada.

Tempo: Reserve no mínimo uma hora para essa prática.


Respiração: Ambos deverão respirar no mesmo ritmo, Shiva acompanha a respiração de Shakti, e essa
será abdominal ou completa.

INÍCIO
A prática se inicia com o casal sentado confortavelmente num colchonete; Shiva senta-se numa almofada
permanece atrás de Shakti e ambos aquietam suas mentes e emoções, fechando os olhos, descontraindo a face
e voltando a atenção para o Ajnã Chakra. Após a concentração, ambos podem sussurrar por alguns minutos o
mantram Om Srí Gam ou Om Srí Klim. Feito isso, inicia-se o movimento rotatório de girar no mesmo eixo,
no sentido horário, de forma suave, mantendo a coluna ereta.

PRÁTICA - MOVIMENTOS
O primeiro movimento é feito por Shiva que respira suavemente no pescoço da Shakti, enviando assim
um pouco de seu Prana e unindo as mãos, como em uma oração à frente do peito, em Pronam Mudrá,
saudando a essência de sua Shakti e mentalizando e/ou pronunciando o mantra e saudação Om Hará.

Iniciam-se os movimentos deslizando as mãos bem leves e sem a utilização de óleo. Os movimentos são
em sua maior parte de baixo para cima. Atente para que, pelo menos, uma das mãos, fique em contato com a
Shakti durante toda a prática, o ideal seriam as duas. Suavemente, passa-se a ponta dos dedos sem utilização
das unhas movimentando a energia de cima para baixo e logo a seguir de baixo para cima.
(Observe a seqüência de desenhos que foram feitas de forma bem didática).
Tão logo as mãos cheguem embaixo, o movimento muda de rumo e sobe. Repita esse movimento várias
vezes e novamente faça deslizamentos prazerosos com as mãos. Agora o movimento tem o mesmo formato a
não ser as mãos que tocam mais forte, inclusive encostando um pouco as unhas. Atenção que o toque é
realmente bem superficial e carinhoso com as unhas e bem profundo com as mãos. As mãos de Shiva devem
ser absolutamente macias e cheirosas. Shiva poderá cruzar as mãos fazendo com que haja troca de
polaridades. Nesse ponto, depois de feito algumas vezes os movimentos anteriores, Shiva poderá repetí-los,
com um pouco de óleo nas mãos. Trabalhe a região dos rins com muita delicadeza.

Trabalhe a região dos ombros com toques profundos. Repita várias vezes o movimento de trazer as
energias de baixo para cima e de cima para baixo que devem terminar na região do pescoço.
Faça vários movimentos com atenção nos braços, pescoço, rosto e lateral do corpo, muito suavemente e
com muito carinho morda o pescoço de Shakti. Esse movimento ativa o chakra Vishnudha, trabalha os seus
“nós energéticos” que tanto atrapalham a elevação de Kundalinî. Ainda com uma boa dose de carinho e, por
que não, amor, beije delicadamente em volta das orelhas. Faça movimentos dos dois lados e lembre-se que
todo o Chakra Puja é feito como uma dança, uma celebração, um ritual criativo e amoroso.
Encoste-se suavemente seu peito as costas de Shakti, sem pôr peso, o ideal é só encostar os pelos de seu
corpo nas costas de Shakti. Os movimentos na barriga são feitos obrigatoriamente com óleo e faça mais
movimentos no sentido horário e alguns poucos no anti-horário. Fazem-se movimentos fechados e abertos,
com os dedos e com as palmas das mãos. Aqui um mestre ou um discípulo treinadotântrico consegue
estimular a Kundalinî da Shakti, e é impressionante as contrações abdominais que as vezes culmina em um
orgasmo sem toques. Assista uma apresentação ao vivo e surpreenda-se. Na barriga, atente que enquanto se
gira com os dedos com uma das mãos a outra segura na cintura. Toca-se também próximo dos rins e em toda
a cintura, inclusive na região uterina e ovariana onde se concentram a maior carga de energia da Shakti. Tudo
isso de maneira muito carinhosa.
Os seios no Ocidente são considerados uma área sexual e até mesmo um tabu. No Tantra não. É uma
região do corpo absolutamente sagrada, como todas, e que deve ser muito tocada e acariciada. Faça
movimentos suaves e circulares. Observe os detalhes dos movimentos feitos nos seios.

Pode-se tocar um seio de cada vez ou ambos. Deve-se dar atenção especial aos mamilos. O importante,
sempre, é o toque ser prazeroso e não machucar.
Nesse ponto, Shiva irá para frente da mulher e a mesma irá sentar-se sobre as suas pernas, encaixando-se
perfeitamente.O homem terá que estar com as pernas bem treinadas a fim de acomodar o peso da Shakti.
Shiva deverá beijar o peito e os seios da Shakti. Tudo com muita calma, não deixando nenhuma região sem
um toque ou beijo.
O abraço permite uma total união e integração mística do casal.
Um desaparece no outro. Durante o abraço, o casal poderá beijar-se. O beijo deverá ser muito suave sem
utilizar-se muito da sexualidade e sim da sensualidade. Utilize os beijos tântricos descritos no Maithuna.
Observe o detalhe das mãos tocando os ombros da Shakti.
Termina-se a prática de Chakra Puja com a Shakti deitada e o Shiva sentado massageando-lhes a barriga
e o peito.
Visualizações Especiais

Quando se tocar no Chakra Muladhara: Visualizar a cor vermelha envolvendo toda a pelve com energia e
poder. Mentalize a geração de fogo, calor e ainda de uma energia quente. Shiva deve ainda mentalizar o
mantra Lam.
Na região do Chakra Swadhistana: Nos movimentos nessa região imagine que a energia está sendo
puxada para cima e a sua cor se altera de vermelho para laranja bem forte. Quando sentir que na barriga surge
um grande calor ou até mesmo contrações esporádicas é o momento de fazer movimentos circulares ao redor
do umbigo para canalizar mais força. O mantra mentalizado é o Vam.
Na área do Chakra Manipura: Quando passar as mãos para o plexo solar você sentirá que as contrações
abdominais e o calor aumentam. A sensação de quem aplica ou recebe os movimentos é que toda a região,
dos três primeiros Chakras se tornam uma força só. Nesse momento, visualiza-se uma forte cor amarela em
toda a região. Faça movimentos circulares suaves de agarrar a barriga (movimento de
Kung-Fu conhecido como garra do tigre). O Mantra mentalizado é Ram.
No Anahata Chakra: Os toques nesse Chakra deverão ser suaves e com a visualização de cor verde. Os
toques são cheios de amor e sentimento devocional. Os movimentos também são circulares e a respiração de
ambos deve ser bem forte. A visualização é de que o Chakra se abre tal como um botão em flor. O mantra
mentalizado é Yam.
No Vishudha Chakra: No Chakra da garganta os movimentos são suaves e com muita atenção, pois essa é
uma região sensível, principalmente na parte frontal. As mordidas na área cervical devem ser muito sutis e
delicadas. A mente de Shiva deve vibrar o mantra Ham.
Ajna Chakra: Nesse Chakra, de suma importância, você deixará que as pontas dos dedos o toquem
sempre de maneira suave e visualizando a cor azul índigo. O mantra indicado para mentalização é o Om.
Obs.: Todos os movimentos deverão ser repetidos por várias vezes e os mantram somente oito vezes.
A respiração de ambos deverá ser profunda e a visualização deverá ser dos Chakras e de Kundalinî se
movimentando por todo o corpo, mas principalmente na região do Ájña Chakra.
Após a primeira prática do Giro Tântrico, pergunte a Shakti se ela prefere toques mais suaves ou fortes.
Do que ela mais gostou e o que mais pode ser oferecido.
Amigas de amantes sempre me compartilham que os piores amantes são aqueles que não sabem ou não
tem humildade de perguntar o que dá mais prazer a mulher.
Regularmente demonstro Chakra Puja ao vivo, e isso é absolutamente lindo, mágico e uma das maiores
formas de prazer que uma mulher pode receber.
Massagem Tântrica
“Tocamos o céu quando apoiamos nossas mãos no corpo humano.”
Novalis

Essa técnica de Massoterapia é conhecida no Tantra como Prana Pratista Kara Nyasa Kosha Pratiahara,
que significa insuflar energia nos corpos através das mãos. O Tantra, como filosofia prática, libertária,
desrepressora e sensorial, tem em sua massagem toques globais e absolutamente carinhosos em todo o corpo.
Venera-se o nu e os toques na totalidade do ser. Imagine alguém que receba massagem com roupas? Essa
pessoa já não é tocada pelo ar ou sol, ou pelas mãos deduzindo repressão em algumas partes do corpo.
Massagear regiões reprimidas é um ato de trabalhar a si mesmo e ao parceiro. Quando ensino essa técnica em
estados mais repressores o aproveitamento é fraco. Ao ministrar formações em Tantra no Rio de Janeiro, tive
os melhores resultados, pois o carioca, de um modo geral, é menos complicado, vê o corpo como um todo e
um instrumento de prazer.
Somente há pouco mais de 3.500 anos o homem começou a deixar de andar nu e tocar algumas regiões
do corpo. Na época inquisitória as mulheres eram humilhadas e mal podiam exibir o tornozelo.
O homem de hoje pode mostrar o peito, a mulher não, só porque “sua sociedade”, caótica, assim aponta e
um punhado de robôs retrógrados e mal amados aceitam e criam leis a respeito disso.
O templo (corpo) deve ser tocado como um todo, principalmente as partes “mais íntimas”, a fim de
liberá-las e porque, a priori, são as que dão maior prazer. O Tantra é uma filosofia de autoconhecimento,
através do prazer. Lembre-se sempre disso.

Sobre o prazer de se ter um corpo, o Vishvasara Tantra ensina: “Não há nascimento como o humano.
Devas e anjos o desejam. Para a alma, o corpo humano é o mais difícil de se conseguir. Por isso, diz-se que
o nascimento humano se alcança com grande dificuldade. (...) Afirma-se nos shastras que, dos 8.400.000
nascimentos da alma, o humano é o mais frutífero. A alma não pode adquirir o conhecimento da verdade em
nenhum outro nascimento. O nascimento humano é a pedra fundamental do caminho da libertação. Por isso,
é raro e cheio de mérito quem chega a ele”.
Ao praticar essa seqüência sugira a sua parceria a nudez total. Isso é tântrico. Utilize preferencialmente
óleo de almíscar, patchouli, sândalo ou tulasi.

Prática – Massagem tântrica

Inicie a massagem tântrica apoiando uma mão no sacro e a outra no pescoço, tocando delicadamente o
templo sagrado. Neste momento, perceba sua respiração e do(a) parceiro(a). Entre em sintonia, esse toque
traz a sensação de segurança e aconchego. Perceba as sensações do tato em cada parte do corpo. Ao
massagear, seja criativo.
Mentalize os mantram Om Srí Gam e Om Srí Klim, várias vezes, afim de aquietar a mente e estimular
energias de saúde, prosperidade e alegria (atributos dos mantram).

Deslize suavemente as mãos, descendo das costas até os pés. Não é necessário aqui a aplicação de óleo, o
toque é sutil com a intenção de provocar ondas de arrepio e limpar miasmas astrais e energéticos.
Dê ao deslizamento uma pressão um pouco maior e faça o movimento mais devagar atuando assim nos
Chakras menores das pernas.
Aplique óleo nas mãos, friccionando para aquecer e energizar. Faça um deslizamento, subindo pela
perna, passando pelo tronco e descendo pelo braço até a mão.

Repita do outro lado exatamente da mesma forma. Aqui há uma circulação de energia e estímulos das
nadis (meridianos energéticos). Repita várias vezes os movimentos em ambos os lados. Permita que suas
mãos bailem, dancem no corpo do(a) parceiro(a).
Posicione-se acima da cabeça. Deslize as mãos paralelas, inteiramente apoiadas nas costas dos ombros
aos quadris, repita o movimento de cima para baixo. Esse movimento relaxa os músculos que sustentam a
coluna, ativa Kundalinî estimulando o saborear de ter-se um corpo.

Com os polegares apoiados nas laterais da coluna desça fazendo movimentos circulares, sempre de cima
para baixo. Esse movimento libera a energia estagnada nas costas, ativa Chakras e Nadis, e estimula uma
coluna saudável e flexível.

Posicione-se ao lado do ser amado, alternando as mãos, deslize-as na lateral do tronco, puxando a energia
na direção à coluna. E daí volte ao tronco. Repita do outro lado, da mesma forma, trocando a sua posição.
Esse movimento faz circular a energia dos rins (coragem) e coração (amor).
Sente-se de frente aos pés do(a) parceiro(a). Apóie as duas mãos e deslize empurrando a energia para
cima. Esse movimento relaxa as pernas, auxilia o fluxo sanguíneo e estimula segurança em todos os níveis.

A região dos glúteos deve ser muito bem trabalhada, pois a energia sexual depende da região pélvica
solta e relaxada. Faça movimentos circulares no glúteo de dentro para fora e de fora para dentro, liberando
toda a tensão nos músculos e estimulando o prazer. Lembre-se sempre de mentalizar os mantram Om Srí
Klim e Om Srí Gram.

Com uma mão na parte interna e a outra na parte externa deslize várias vezes do pé até os glúteos. Repita
tudo na outra perna.

Com as mãos na lateral do tronco deslize uma para cima e a outra para baixo, como se quisesse abrir o
espaço entre as costelas e os quadris. Esse movimento relaxa a região lombar, auxilia no processo digestivo e
de eliminação de detritos físicos e emocionais. Faça seus movimentos de forma absolutamente prazerosa.
Solte o seu corpo sobre do ser amado exercendo uma leve pressão com seu tronco. Esse movimento une
as energias/polaridades masculinas(Shiva) e femininas(Shakti) criando uma sensação de inteireza e conforto
a ambos.

Traga as mãos, em movimentos suaves, deslizando dos pés, subindo pelas costas até as mão, encerrando a
parte das costas e virando delicadamente (com calma) o ser amado de frente.

Fique ao lado do corpo do(a) parceiro(a) envolvendo o braço com uma mão e a outra segurando o punho,
faça deslizamentos em direção aos ombros e descendo na direção da mão. Esse movimento relaxa os braços,
fazendo circular a energia e diminuindo a ansiedade.

Apóie a mão da parceira no seu tronco e prenda com seu braço, deslize as mãos nos dois sentidos pelo
braço. Observe que é importante os braços de sua parceira estarem relaxados. Repita a mesma seqüência do
outro lado.

Alternando as mãos, deslize-as puxando a energia na direção dos dedos dos pés. Esse movimento trabalha
vários canais de energia que percorrem pés em direção aos dedos. Segure firme no tendão enquanto desliza a
mão na sola do pé. Esta área faz parte da reflexologia de todo o corpo, que representa no Tantra o Linga
Sharita – O Corpo de Luz.
Faça círculos no sentido horário em todo abdomên. Esse também é um ponto muito importante, a região
do Hara, ou o centro do corpo. É uma área onde se processam muitas emoções e sentimentos. É importante
que você incentive a parceira a respirar pela barriga, para que não haja bloqueios na mesma.

Com a parceira de frente, fique ao lado direito no seio direto, com o mamilo entre os dedos polegar e
indicador, exercendo leve pressão e fazendo rotações no sentido horário. Esse movimento pode liberar
sensações de prazer e eliminar mágoas do pretérito. Massageie também o centro do peito.

Segure o mamilo entre os dedos polegares e indicadores de ambas as mãos, fazendo movimento de
deslizar em ambos os sentidos. Repita do outro lado.

Fique ao lado do parceiro, apóie a mão no lingan (pênis) e aplique o óleo sobre a sua mão (a intenção não
é estimular a relação sexual).
No Tantra, a genitália é sagrada (sacro) e deve ser massageada normalmente sem nenhum preconceito.
Lembre-se que a filosofia tântrica nada tem em comum com a falida sociedade moderna patriarcal. Portanto,
toque o corpo como um todo sem conceitos retrógrados e anti-naturais.
Alternando as mãos, faça movimentos para cima, puxando a energia da base para todo o lingan. Consulte
Shiva se ele sente ou não prazer na região do ânus.

Fique ao lado da parceira, apoiando a mão na yoni (vagina) e aplicando óleo ou lubrificante sobre as
mãos. Faça movimentos ascendentes alternados.

Afaste os grandes lábios e massageie o clitóris com movimentos suaves de cima para baixo, e em círculos
ao redor do mesmo.

Massageie ao mesmo tempo o abdômen, deslizando para baixo, a yoni de cima para baixo. Esse
movimento conecta todo o corpo, espalhando a sensação de prazer para cada parte.
Apóie a mão esquerda na cabeça, e a direita na yoni ou lingam. Isso traz a energia para o alto da cabeça e
polariza todo o corpo, nadis, Chakras e Kundalinî.

Termine com uma polarização colocando a mão direita na base do lingan, e a esquerda na cabeça. É
importante que o casal troque a massagem. Desejando ser um mestre em massagem indianaa, tântrica e
ayurvédica (método Kussum e tradicional), estude com Diana Prem Zeenat na Humaniversidade Holística
(www.espacoholistico.com.br).

“Não existe nada neste Universo que não esteja no corpo humano. Tudo o que está aqui, está em toda
parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte.” Vishvasara Tantra
O tantrismo ensina que existem sete portas para o templo que é seu corpo. No maithuna ou massagem
tântrica, todos esses corpos, que são os portais de entrada da morada do self, essência e consciência, são
estimulados.

Os Sete Corpos na Visão Tântrica

Anna Maya Kosha – Corpo físico feito de matéria e energia.


Nele estão contidos os nove “portais” do templo corporal: boca, nariz, os dois olhos, o ânus, o órgão
sexual, os dois ouvidos e a moleira no alto da cabeça.
Prana Maya Kosha – Corpo energético feito de ar e prana.
Os pranayamas tântricos anexos no maithuna estimulam consideravelmente esse corpo invisível ao olhar
físico.
Kama Maya Kosha – Corpo dos desejos também conhecido como astral.
O estímulo dos desejos sexuais são o ideal para despertar esse corpo.
Ananda Maya Kosha – Corpo da felicidade e dos sentimentos.
Tão somente é estimulado pelo amor sem apego.
Manas Maya Kosha – Corpo mental e intelectual.
Estimulado com bons textos, estudos e artes plásticas ou teatrais.
Jnãnã Maya Kosha – Corpo da sabedoria.
“É saber somente o suficiente” como diz minha amiga, a monja Zen Budista Coen de Souza.
Buddhi Maya Kosha – A Essência ou o Self.
Não pode ser melhorado ou piorado, estimulado ou sedado. Simplesmente é.

Obs.: Todas as palavras Maya significam ilusão, apontando o sentido transitório de tudo. Somente o
corpo Buddhi não tem começo e fim. Você conhece esse corpo? Então, quem é você?
Anna Maya Kosha (corpo físico) é o corpo que mais sofre transformações. Para uma breve compreensão
do corpo e do prazer feminino, vamos entrar na história da humanidade. Há 4 milhões de ano, a relação
sexual era motivada por hormônios para a manutenção da vida, os nossos ancestrais (australopithecos
afarensis) não faziam jogos de sedução. A fêmea peluda, com 1m de altura, 27kg, os genitais na parte inferior
da coluna, espalhava seus ferormônios, pelas moitas atraindo uma infinidade de macacos. A sedução era
exclusiva da bioquímica, não do olhar, da beleza. A posição da fêmea era perfeita, com os genitais mais
posteriores, e ficando de quatro, neutralizava a ação da gravidade sobre o útero, evitando abortos e problemas
com parto, e os hormônios determinavam a disposição para o sexo, que mudava com a gravidez e
amamentação, só voltando “a ativa” depois da amamentação.
Tudo começa a mudar, quando os afarensis começam a correr e ficar de pé para colher frutos. Nesta
posição os genitais começam a ficar mais escondido, entre as pernas, surgindo o homo habilis. Esta mudança
causou uma transformação na relação. A nova posição permite o sexo de frente, olho no olho. E o macho
reconhece sua prole e protege a fêmea.
A fêmea começa a criar utensílios (cestas, maceradores de grão), o macho caça para manter a família e
surge o homo erectus, há mais ou menos 2 milhões de anos. A fêmea perde os pelos do corpo, mantendo-os
nos genitais.
Ela libera feromônios para toda pele e o contato se torna mais visual. Começa a necessidade de
comunicação. A evolução continua.
Os neandertais que habitavam parte de Ásia, Àfrica e Europa, cresceram tanto em população que a
natureza passa a controlar a sua reprodução com o sangramento. Quando a fêmea não queria copular,
sangrava e com isso, os neandertais foram se extinguindo e surge o Homo-Sapiens (cro-magnon).
Nesse povo, quem manda é a fêmea. Ela tem o poder de engravidar, de sangrar, de criar, cuidar, transa
olhando nos olhos quando quer, enfim é uma deusa na terra, por isso as primeiras deusas criadas para
mitologia religiosa primitiva eram fêmeas.
Nos machos o hormônio que predomina é a testosterona, que dá virilidade e força física. Já as mulheres
são bem mais complexas. O estrogênio determina a feminilidade, a Progesterona controla a gestação e
maternidade.
O sangramento para a mulher serve para afastar um macho, dando-lhe a escolha de transar ou não, sentir
prazer ou não.

Assim, todo o Tantra dá esse direito à mulher de escolher com quem amar e ter ou não prazer.

Ásanas – Mudrás com o Corpo


(um pouco de Yoga)

“Aqui mesmo (neste corpo) estão o rio Ganga, Prayaga e Varanasi, o Sol e a Lua ( isto é o masculino e o
feminino) e os lugares sagrados... Não existe outro lugar de peregrinação nem morada de felicidade
semelhante ao meu corpo. Em verdade, o yantra (símbolo sagrado), que é o próprio corpo, é o melhor de
todos os yantras.”
Gandharva Tantra

As principais posições físicas (asanás) que estimulam os Chakras e Kundalinî são os que trabalham a
região da coluna, e a flexibilidade das áreas anterior e posterior do corpo. É importante que você permaneça
nos mesmos por algum tempo e não os repita, pratique com muita atenção para não se machucar ou forçar
demais. Respeite os seus limites físicos. A prática de Yoga é benéfica e necessária para manter um corpo
saudável, em equilíbrio e energia em alta! Faça yoga antes que você precise (toda a vida).

Descrição dos 9 Asanás Tântricos (acompanhe as ilustrações)

1. Desça o tronco soltando o ar, e retorne com os joelhos flexionados.


2. Desça, levando a cabeça na direção dos joelhos.
3. Suba na inspiração levando as pernas para trás na expiração. Ajude com as mãos nas costas
4. Flexione para trás sem ar nos pulmões e retorne na inspiração.
5. Curve as costas como um gatinho se espreguiçando.
6. Suba o tronco, sem tirar o umbigo do chão e com a força dos braços, até o seu limite.
7. Suba na inspiração sem impulso. Fique alerta aos problemas cervicais. Qualquer desconforto deve ser
considerado um aviso de que a posição é muito forte para você. Esse Asaná desperta a Kundalinî.
8. Cruze as pernas soltando o tronco para trás, lentamente.
9. Segure os tornozelos, subindo o peito e as pernas, formando um círculo com o corpo.
Quando o corpo perece, a força vital esvai-se
e a luz da verdade não pode alcançar-se.
Eu aprendia a arte de preservar meu corpo e,
deste modo, também a força vital que habita nele.

Antes, preservava meu corpo.


Porém, mais tarde descobri que a divindade morava
em seu interior e comprovei que o corpo é o templo do Senhor.
Portanto, comecei a preservá-lo com o maior cuidado.
Yogue Tirumular de Tamil Nadu
Maithuna
Porta para o Êxtase

“O tantrismo ensina você a reverenciar seu parceiro sexual e a transformar o ato sexual em um
sacramento de amor.”
Nitya Lacroix

O Maithuna, considerado o auspício maior de todas as cerimônias tântricas, é uma das mais poderosas e
secretas técnicas místicas de todos os tempos, é o ato sexual íntimo, sem pressa, meditativo. Essa técnica
também é conhecida como Shaktização, pois os praticantes encarnam a consciência de Shakti, ou se busca a
união dos princípios masculinos e femininos - os opostos. É o Maha Mudrá (grande gesto) no qual homem-
Shiva e mulher-Shakti se reconhecem como unidade ou realidade suprema.
O Ocidente considera o maithuna como magia sexual, em que se busca o aperfeiçoamento sexual e
erótico entre as pessoas, não compreendendo sua magia ritualística. Como exemplo, quem não observa o que
está por detrás das imagens, vê até o batismo cristão, tão somente, como um banho de água na criança, o que
é lamentável. Sabemos da inverdade disso, pois para somente melhorar a conduta sexual temos outros
caminhos descritos em manuais orientais, sobre como fazer amor, conhecidos como Ananda Ranga,
Vatsyayana e as posições sexuais do Kama Sutra. O que afirmo com ênfase é que não se deve confundir
esses manuais sexuais com o maithuna como é feito diariamente em revistas populares e programas de tv, são
tantos delírios, falta de cultura sobre Tantra e hinduísmo, e absurdos que ouço, que seria impossível numerá-
las.

Maithuna é uma técnica muito especial e naturalista, que permite elevar nossa sensibilidade à “milésima
potência”. O ocidental vê no sexo tudo que é repulsivo, vergonhoso, imoral e obsessivo. A visão sexual das
tradições religiosas ocidentais é patológica a ponto de até hoje proibirem a exibição da beleza feminina, o
preservativo e o sexo antes do casamento institucionalizado. O tântrico observador da natureza íntima contida
em tudo no universo, procura na união dos pólos opostos à unidade maior, sem se ocupar em confusões de
abordagem ética e moral. O tântrico é um libertário. Busca a eliminação do ego por meio da força máxima do
Universo que está contida no amor, no desejo, e no mistério que cerca a escolha da parceria amorosa como
veículo de transcendência. Reconhece os impulsos animais e instintivos, os hormônios em ebulição, a atração
pelo cheiro e olhar, o magnetismo e o amor. São o animus e a anima em busca da unificação.

Durante a prática, o homem assume o papel de Shiva e a mulher de Shakti e ambos realizam o Maha
Yantra (grande símbolo) que os une em Âtma (Si mesmo imortal). A prática eleva a grande mãe Kundalinî
pelo canal Sushuma (linha da coluna) e ilumina a consciência tocando os centros superiores. Nesse capítulo
descrevo alguns tópicos do maithuna. Mais já de início defino que é fundamental nessa liturgia deliciosa
prolongar ao máximo a duração do ato sexual desenvolvendo a consciência de Si.

“O clímax do Yoga tântrico não é o orgasmo, mas o êxtase – a identificação do praticante com o Si
Mesmo transcendente, além da personalidade egóica.” George Feuerstein

Assim além do êxtase, o maithuna facilita-lhe o conhecimento de sua natureza única, o reconhecimento
de quem você é, e para isso existe uma estrutura prática que auxilia a obtenção dessa meta.

Você poderá utilizar-se de todas as partes da prática ou somente de algumas. Vá aos poucos.
Atenção: O maithuna - ato sexual ritualizado, é o processo final, onde se é importante uma preparação
anterior muito séria e competente por meio do Yoga ou outras práticas tântricas que envolvam um corpo
saudável.

Há um ditado tântrico que diz:

“Quando caímos no chão, é com o auxílio do chão que nos levantamos.


Pelo próprio fato de não se tratar de um ato profano, mas de um rito, no qual os participantes não são
mais seres humanos senão que estão ‘desprendidos’, como deuses, a união sexual não participa mais do
nível kármico. Os textos tântricos repetem com freqüência o adágio: ‘pelos mesmos atos que fazem com que
muitos homens se queimem no inferno durante milhões de anos, o yogue obtém a salvação eterna’. (...) O
jogo erótico se realiza num plano transfisiológico, porque nunca tem fim. Durante o maithuna, o yogue e
Shakti incorporam uma ‘condição divina’, no sentido de que não somente experimentam a beatitude, senão
que podem contemplar diretamente a realidade última.”
Mircea Eliade, El Yoga. Inmortalidad y Libertad.
Cuide-se muito bem por toda a vida e aproveite o prazer que teu corpo saudável pode oferecer.
Angas
Partes da Liturgia Sexual Sagrada

* UNIÃO
O Tantra de linhagem de esquerda ensina que o ritual de maithuna deverá ser realizado com pessoas
estranhas, pois assim haveria um maior potencial de erotização. No Tantra de direita pouco se pratica o
maithuna e quando isso ocorre é feito com a parceria fixa, ou seja, alguém casado ou namorado de tempos.
Na escola de linha do meio é permitida a opção de escolha pessoal, respeitando a transcendência de valores
mundanos e egoístas. De toda forma, o ideal é que haja no maithuna um compromisso, seja ele como uma
união amorosa ou de mestre para discípulo. Isso é claro no texto do Mahanirvana Tantra: “O casamento sob
a lei de Shiva é de dois tipos. Um é terminado na conclusão do rito e o outro tem a duração de uma vida.
Ambos requerem um alto nível de compromisso. Quando é declarado em voz alta: ‘Aprove o nosso
casamento de acordo com a lei de Shiva’; o compromisso de um casamento é verdadeiramente assumido”.
Medite nesse texto até incorporar esse ideal a suas práticas e porque não na própria vida.

* ESCOLHENDO O DIA DA PRÁTICA


Em geral, as Shaktis estão em períodos altamente energéticos para o maithuna no pré e pós-menstrual,
apesar de que a praticante adiantada de Tantra poderá criar condições energéticas sempre que desejar. Na Lua
cheia, Shakti tem mais potência sexual e na Lua crescente Shiva está mais viril. Na Lua nova, ambos estão
relativamente sexuais e na minguante a energia pode não estar muito propícia.
Dias considerados mágicos para o Tantra é o 5° dia de Lua cheia e o 5° dia da Lua crescente. Quanto a
horários, Shiva é mais energético nos períodos solares e as Shaktis nos lunares. Para se manter mais
prolongada a atividade sexual o melhor horário é das 13hs. às 23hs., principalmente para Shiva que deverá
ser aquele que mais necessita reter o êxtase orgástico, afim de durar muito o ritual.
Outra boa dica é respeitar o horário de nascimento de um dos praticantes que é um momento mágico e
com grande potencial energético do dia. Faça amor nessa hora.
A Shakti na TPM deve praticar o maithuna e assim aliviará a tensão, e ainda usará a força muitas vezes
raivosa ou depressiva como energia potencial.

* PRECAUÇÃO
É interessante que o maithuna não seja interrompido. Determine o tempo em que irá realizá-lo e
certifique-se que não haverá interrupções. Existem rituais de 2 horas até 21 dias dentro de escolas tântricas
tradicionais (não estou exagerando).

* BHUTA PASHARANA – LIMPEZA DO TEMPLO EXTERNO


Pode-se iniciar a limpeza do ambiente usando: incensos de boa qualidade, um copo de água com sal
marinho ou grosso que atuará como um absorvente de energias astrais inconvenientes para o ambiente (o sal
e água depois de 21 dias deverão ser jogados fora), e ainda a colocação de músicas de Sitar ou mantram
mesmo quando não houver ninguém no ambiente para o mesmo ficar com a vibração desses sons sagrados.
Para uma limpeza ainda mais atuante, você poderá queimar sal em pira de metal com carvão. Essa é uma
técnica que atua tão positivamente em “ambientes pesados” que sempre indico sua utilização em locais de
muito movimento ou em banheiros.

* O AMBIENTE – TRONO DO AMOR


Crie um santuário exterior. O ambiente deve agradar a ambos e a falta de imaginação dos ambientes
ocidentais pode ser alterada com tapeçarias, cortinas, ornamentos, imagens de Shiva e Ganesha, e utilização
de aromas estimulantes e objetos que seus olhos reconheçam beleza. As cores também atuam na atmosfera do
ambiente: o vermelho e o laranja são estimulantes e o violeta e azul escuro induzem a um estado emotivo.
O local deverá ser arejado, limpo, com muito espaço, o chão macio e tenha toalhas, lenços umedecidos de
papel e cobertores disponíveis.
A cama confortável e firme deve estar próxima ao chão com tapetes grandes, almofadas espalhadas,
travesseiros e tapetes limpos. Plantas e flores darão um clima de naturalidade, além de materiais orgânicos
como artesanatos feitos à mão, seda e travesseiros de pena. Velas coloridas colocadas em castiçais de bom
gosto auxiliam na decoração do ambiente e são fundamentais.
A luz elétrica é desaconselhável, mas em último caso use lâmpadas de 20 volts escolhendo entre o verde
(saúde) ou o laranja (energia). Utilize sempre os quatro elementos em forma de altar: fogo (vela de cera, um
arquétipo que significa o fogo interior que se manifesta como exterior), ar (incensos), água (mineral em um
cálice) e terra (flores vivas ou cristais) e outros objetos que desejar colocar nesse espaço sagrado. As luzes
das velas (símbolo arquétipo) combinadas com espelhos criam imagens lindas e favorecem os tons da pele,
ou serve ainda para dar um toque erótico a certas partes do corpo.
Escolha muito bem as músicas. As new ages de Ennya, Lorenna, Mc Kennil, Laize-Om, Aurio Corra e
Patrickk Bernhardt são algumas das que recomendo. Som de sitar limpa as nadis. Beethoven é curativo do
físico, Mozart nos coloca conscientes do momento presente, Bach é romântico, as quatro estações de Vivaldi
é muito recomendada, Valsas atuam no carinho, os mantram extraordinários de Krishna Das dão um toque
hindu à liturgia.
Fazer amor na natureza é perfeito, pois os lagos, campos, praias, já propiciam o ambiente certo, enfim em
comunhão com a natureza.
No Ananga Ranga está escrito: “Decore as paredes do quarto de amor com belos quadros e outros
objetos sobre os quais os olhos possam repousar com prazer. Espalhe alguns instrumentos musicais e sucos,
água de rosas, essências, leques e livros contendo ilustrações de posições amorosas. Luzes esplêndidas
devem brilhar, refletidas por largos espelhos, e nem o Shiva nem a Shakti devem sentir qualquer reserva ou
vergonha, entregando-se em completa nudez a suas paixões não reprimidas, sobre uma bela cama, decorada
com úteis travesseiros e coberta com um dossel. Os lençóis devem ser cobertos com algumas flores e
perfumados, e deve-se queimar incenso doce. Em tal cenário, o Shiva, subindo ao trono do amor, deve
possuir a Shakti com tranqüilidade e conforto, realizando todos os desejos e caprichos do casal.”
Você ainda poderá colocar pedras coloridas enfeitando o ambiente, símbolos do Om, óleos para ungir,
castiçais, alguns hibiscos, que são flores símbolos do Tantra, imagens de lingans e yonis, e tudo que sua
criatividade permitir.
“Uma vez Shiva disse a Parvati: ‘Minha querida, eis aqui uma bela casa. Vá ungir-se com pasta de
sândalo, e enquanto as abelhas zumbem e o Sol se põe, nós dois faremos amor em uma cama deliciosa
coberta de flores. Terei muito prazer em beijar-lhe os lábios vermelhos e brilhantes, e em acariciar-lhe o
corpo.” Padma Purana.

* VESTUÁRIOS
Nada de materiais sintéticos e botões, zíper ou nós. Prepare-se adequadamente. Evite cintos, pois
atrapalha a circulação do manipura Chackra. Utilize roupas de seda ou cetim com desenhos simples como
quimonos ou pijamas indianos, ou ainda robes, tudo simples e de bom gosto, proporcionando prazer ao toque
da pele. Não utilize animais mortos em contato com o corpo. Lembre-se: couro é animal. A Shakti deve usar
vermelho, pois esta é uma cor excitante para Shiva; esse, por sua vez, utiliza a cor violeta por suas
propriedades metafísicas tão apreciadas pelas Shaktis. Da mesma forma que você se prepara para um grande
evento, prepare-se para o que pode ser um dos maiores prazeres de sua vida.

* O PERFUME DO JARDIM
No ritual do maithuna, o mais puro óleo de jasmim é colocado nas mãos, óleo de patchouli no pescoço e
faces, âmbar ou almíscar (sintéticos) nos seios e nos órgãos sexuais; extrato de valeriana no cabelo, óleo de
sândalo nas coxas e perfume de açafrão nos pés da Shakti. No Shiva aplica-se sândalo na testa, pescoço,
barriga, peito, genitais, braços, pernas e pés. No kalikapurana lemos: “Que aqueles que presenteiam Shiva
com guirlandas de flores, do oleando ou do jasmim de doce perfume, obtenham o objeto de seus desejos.”
Utilize sândalo (estimula todos os Chakras), Patchouli (estimula Shiva), Almíscar-Musk (estimula
Shakti), Tulasi (confere força física), Mogra (favorece o romance) e Violeta, Jasmim, Rosas (são ativadores
da energia amorosa).
Diante da dificuldade de encontrarmos todas essas essências, utilize-se de algumas. A mestra de
meditação Diana Prem Zeenat confeccionou com o perfumista Roberto, da Portalle, sob minha orientação o
perfume Tantra Prem, que é absolutamente recomendável em suas práticas. Sua fórmula é secreta, mas
contém uma série de elementos estimulantes e afrodisíacos não encontrados em formas aromáticas
comerciais.
Você poderá pingar uma gota dessa essência na máquina de lavar, desta forma todas suas roupas ficarão
perfumadas. Todo tântrico é conhecido por ser muito perfumado (só não exagere).

* BANHOS – O SAGRADO DO PLANETA ÁGUA.


Na filosofia tântrica, a limpeza corporal é importantíssima.
O banho de imersão, chuveiro ou, se estiverem na natureza, de cachoeira ou mar – deve ser com a
utilização de sabonetes nêutros e esponjas naturais. No Tantra temos cinco banhos considerados mágicos: 1°.
Ervas purificadoras conhecidas como desembaraço. 2°. Banhos com água e sal. 3°. Imersão em água quente e
depois fria - esse banho é altamente energético estimulando absorção de Prana. 4°. Banho de calor - seco ou
úmido. 5°. Banho de cobertor. Há também o banho de Sol em horários saudáveis aonde o corpo deve estar
absolutamente nu.
O banho não é só um hábito higiênico como um processo de purificação física e emocional.
Inicie na cabeça e mãos e termine pelos pés ou de forma inversa.
Os tântricos, antes de banharem-se, seja em cachoeiras, lagos, rios, mar ou até no chuveiro, evocam
Vishnu – O Deus das águas.
É comum a realização de maithuna dentro d’água.
“Deve-se primeiro banhar o corpo com água corrente; depois aplicar perfumes ou enfeites. Esse tipo de
banho deve ser combinado com controle de respiração. O efeito é destruir a impureza interior e exterior e
preparar a pessoa para a espiritualidade.” Lakshmi Tantra

* SÚRYA NAMASKAR – SAUDAÇÃO AO SOL


“Para o Tantra o corpo e o espírito não são separados, um não é superior ao outro.” Nitya Lacroix

No dia da prática, logo pela manhã, o casal realiza a saudação ao Sol – surya namaskar. Esta prática que
remonta a pré-história do homem e do Tantra de saudação a Sávitri (Deus-Sol) é muito conhecida por
yogues e tântricos de todo o planeta. Nas figuras, seguem-se um mantra para cada ásana (posição física), que
amplia a concentração e os efeitos da prática. Estes mantram me foram-me transmitidos em um pergaminho
por um sadhu (homem sábio) na Índia com quem pratiquei yoga em Varanasi às margens do rio Ganges na
Índia. Além de fornecer flexibilidade e força física, ajudam a estimular os Chakras. Esta seqüência deverá ser
repetida de uma (iniciantes) a 108 vezes (praticante adiantado), de preferência pela manhã, com a face
voltada para o nascer do Sol.
Os benefícios físicos e energéticos desta prática são tantos que seria impossível enumerá-los aqui.
Pratique-o não só no período do maithuna. Cuide-se sempre e lembre-se que essa prática se tornará mais
competente se for realizada com um instrutor de Yoga tântrico.

Descrição detalhada de cada posição

Estude bem antes de praticar:

1. De pé com os olhos fechados, pés unidos, coluna ereta, voltado para o Sol nascente, junte as palmas
das mãos à frente do peito em pronam mudrá enquanto mentaliza ou pronuncia o mantra da figura.
Obs.: Durante toda a prática, mantenha o alinhamento da coluna, aquiete a mente e observe a respiração que
deve ser rítmica, suave e fixe o olhar na ponta do nariz.
2. Inspire profundamente, elevando os braços acima da cabeça, alongando todo o corpo e fazendo uma
pequena flexão para trás.
3. Expire lentamente, abaixando o tronco, braços esticados, coluna ereta, até atingir o solo com as
palmas das mãos. Com o pescoço relaxado e os joelhos estendidos (no começo, se não alcançar o chão, dobre
os joelhos), alongue toda a parte posterior das pernas e do tronco.
4. Inspire, levando a perna esquerda para trás com o joelho tocando o chão. Flexione a perna direita até
que o joelho encoste no peito, alongando a virilha.
5. Leve para trás a outra perna até o corpo ficar apoiado sobre as palmas das mãos e pontas dos pés.
Eleve os quadris formando um V invertido com o corpo enquanto inspira.
6. Desça os quadris, numa expiração, mantendo-se reto como uma tábua, e depois desça todo o corpo
numa flexão de braço, apoiando no solo a testa, o joelho e o peito. No começo é possível apoiar primeiro os
joelhos para quem não tem muita força.
7. Expire abaixando os quadris e apóie todo o corpo no chão. Mantenha as mãos na linha dos ombros e
inspire elevando o tronco, mantendo a pelve apoiada no chão. Retorne na expiração.
8. Inspire enquanto eleva os quadris, deixando a cabeça entre os braços, e forme novamente um V
invertido com o corpo.
9. Traga de volta a perna esquerda, mantendo-a à frente do peito e apoiando o joelho direito no chão.
10. Volte lentamente esticando o joelho e trazendo a perna direita para junto da esquerda. Junte os pés,
mantendo as mãos no chão.
11. Inspire e suba “desenrolando” a coluna voltando a retroflexão (postura 2).
12. Volte a postura inicial. sentindo necessidade, encerre a prática ou recomece a seqüência quantas vezes
desejar.

* YOGANIDRA – SONO OU RELAXAMENTO


Durante os dias de prática, ou não, o sono é um fator de equilíbrio. Quando pratiquei um maithuna longo,
na preparação afastei-me da cidade grande a fim de dormir adequadamente.
Algumas dicas:

• Utilizar cores relaxantes no ambiente de dormir. Aromatize-o com lavanda.


• Antes de dormir alimentar-se somente de frutas.
• Os parceiros devem manter contato mútuo durante o sonho, seja com um simples encostar de mãos ou
com a posição tântrica de nutrição na qual o casal abraça-se por trás.
• Durma nu e faça algum relaxamento profundo antes de deitar-se. Recomendo o CD Relax –
reprogramação emocional – da UniYoga, que utilizei com muito sucesso por muitos anos.
• Descubra a sua quantidade de sono ideal.

“O espírito humano tem duas moradas. Este mundo e o eterno além. Existe também um terceiro mundo,
o sempre mutante mundo dos sonhos. Quando o espírito está na terra dos sonhos, então todos os mundos
pertencem a este espírito.” Upanishad

* MANTRA TANTRA - A CIÊNCIA DO SOM


Mantra é a vocalização de sons de poder e metafísicos que no maithuna são utilizados como
estimuladores dos Chakras e de limpeza das nadis despertando o poder afetivo, sexual e a força física.
Em meu livro Mantra, a Metafísica do Som, ensino mais de 500 sons tântricos. Aqui descrevo os
principais para sua prática, mas você poderá utilizar outros se conhecer, evitando somente misturar sons de
outras tradições. Durante o ritual do maithuna é interessante que o casal pratique mantra a maior parte do
tempo. Assim, não deixará a mente solta, viajando caoticamente ao passado e ao futuro.

PRINCIPAIS MANTRAM E SEUS ATRIBUTOS:


• Om Srí* Gam – força, poder, desperta a sexualidade e o desejo.
• Om Srí* Klim – atua no afetivo, amor e compaixão.
• Om Klim Krom – felicidade e consciência.
• Om Namah Shivaya – estimula a energia masculina e o poder de Shiva.
• Om Namah Shaktiaya – estimula a energia feminina e o poder de Shakti.
• Om Tat Sat – reconhecer o quem eu sou.
• Om Shanti – paz, recolhimento e aquietamento.
• Om Klim Krishnaya Namah – afetividade e força.

Pratique ainda o Anahata-Dhivani – que é conhecido como som silencioso. Simplesmente observe os
pensamentos e a mente. Aquiete-se.
Desejando estimular os Chakras durante o ritual, coloquem as mãos em cada chakra do(a) parceiro(a) e
entoe os bijam-mantram na ordem crescente de força (vide capítulo chakras).
• 1ª semana – Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om, entoando somente uma vez cada som.
• 2ª semana – Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om entoando oito ou cento e oito vezes cada som de cada
chakra. Ex: Toque no muladhara e repita Lam oito vezes, só passando então para o próximo.
• 3ª semana – Om Lam, Om Vam, Om Ram, Om Yam, Om Ham, Om da mesma forma que o anterior
(essa é uma prática adiantada).

Outra prática é o mantra gayatri, que é absolutamente recomendado a quem é iniciado no Tantra, pois é
considerado o mais completo e poderoso Som de Poder.

Om Bhur Bhuva Swaha


Tat Savitur Varenyan
Bhargo Deva Swa Dhimahi
Dhyo Yo Nah Prachodayato

Sendo esse um mantra longo consulte um praticante para aprender a pronúncia correta.

*Srí: lê-se “chirí”


* MANTRA OM – A FORÇA PROCRIADORA DO COSMO

“Om: meditando só sobre esse som, a mente funde-se nele para passar por dentro do éte da pura
consciência.” Nada Bindu Upanishad
A sílaba Om é considerada o som primordial do Universo, o princípio, meio e fim. Segundo o Mandukya
Upanishad, Om é aquele que existe, que existiu e existirá sempre. O Om é tudo: está, ao mesmo tempo,
dentro e fora de tudo. É chamado na Índia por mátriká mantra, o som original, mãe de todos os sons. É o
mais conhecido de todos os bija mantra, capaz de tocar a essência de Ishwara, o Supremo e infinito. Entoado
corretamente, tem o poder de estimular os vários corpos do Shiva. Poucos, ao pronunciar ou escutar o mantra
Om, conseguem ficar indiferentes.
Om é o símbolo de vários ramos de Yoga e do Tantra. No Ocidente é moda entre buscadores os adesivos,
camisetas e fotos do Om, no desenho que parece o número 30 ( ). Om é uma sílaba constituída por três
letras: A, U e M. Essas três letras representam os três estados de consciência humana: sono, sonho e vigília.
A letra A se relaciona com o estado desperto, quando se começa o som. U representa todo estado sutil, o
sonho; e M todo o mundo causal, já que tudo se dissolve no M, no sono profundo. O Om grafado ( ) é um
yantra (símbolo). Somente ao ser vocalizado torna-se um mantra.
Dentro do símbolo há ainda os cinco elementos do universo — terra, fogo, ar, água e éter.

Conforme o erudito hindu Pranavopanishad, o A é nirman (criação de tudo), é Brahma, o criador e a


Terra. U é shiti (conservação do universo), é Vishnu, o preservador. O espaço M é pralaya (transformação do
universo), é Shiva, o destruidor e a iluminação. Sendo o som mais completo, sua prática é absolutamente
adequada ao maithuna.

* Práticas do mantra Om – As sete formas tântricas

VOCALIZAÇÕES
A respiração deve ser profunda e sempre regular. O mantra se faz na expiração, sem tremor de voz. A
nota musical deve ser a mais natural possível, mas para isso é preciso relaxar o corpo ao máximo. O som
começa com a boca aberta, mantendo a língua próxima do palato mole (fundo do céu da boca) e a garganta
relaxada. O som vem do centro do crânio, fazendo vibrar a garganta e o peito. Tente levar a língua mais para
trás, mantendo a boca aberta e o som se transformará num “O”. Ainda sem fechar a boca, a língua prende a
passagem de ar que, ao sair pelas narinas, faz o som tornar-se um M, vibrando intensamente no crânio.
Utilize as mãos para sentir a vibração passando do peito para a testa.
Outra maneira de entoar o mantra é começar pela letra “O”, emitindo seu som com a boca bem aberta e a
musculatura do rosto completamente relaxada. Depois, deve-se emitir um M prolongado e ir baixando o tom
de voz até sumir por completo.
O aperfeiçoamento das vocalizações depende da persistência. Dessa forma se desenvolvem também
muitos poderes psíquicos.
Há ainda sete formas de pronunciar o mantra Om que poderão ser aprendidas com yogues e praticantes
tântricos. A seguir estão algumas dicas que podem facilitar as pesquisas e a consulta de praticantes.
• 1ª prática: Repetição do som Om – Om – Om – Om – Om... por muito tempo. Estimula a concentração
e meditação.
• 2ª prática: Ooommm (contínuo). Estimula os poderes psíquicos dos tântricos (sidhis).
• 3ª prática: Óm. Dar ênfase à letra “Ó”. Fornece grande vibração na caixa craniana para o estimulo do
ajnã chakra.
• 4ª prática: Om. É um sopro com o Om (soltando-se o ar). Pode-se enviar mentalmente esse som para
qualquer pessoa, animal ou objeto com a intenção de harmonia.
• 5ª prática: Ohmmmmmm. Inicia-se com a boca fechada, concentra-se no “M” contínuo. Essa prática
recarrega as energias.
• 6ª prática: Àaâòoôùuûmmm (com todos os fonemas). Efeito global atua desenvolvendo e energizando
todos os corpos, nadis e Chakras, permitindo vários estados de consciência.
• 7ª prática: Õõõõmmmm... Esse Om contínuo é o mais poderoso, o único que não se pode fazer sozinho,
e sim em grupo pois quando uma pessoa termina a outra começa.
Durante suas práticas de maithuna escolha um ou dois mantram no máximo e uma prática do som Om.

* PRANAYAMAS (RESPIRAÇÃO E CIÊNCIA DA VIDA)


“A respiração, o pensamento e o sêmen são os três constituintes do Potencial de Iluminação. Devem ser
harmonizados e conscientemente controlados. O yogue que combina respiração, pensamento e sêmen torna-
se indestrutível, dotado de espontaneidade trancedental.” Kalachakra Tantra
Prana pode ser traduzido por energia da vida, Yama é controle, assim Pranayama é o domínio da energia
que está contida no Sol, ar, alimentos, pessoas, em tudo. Aqui praticaremos técnicas respiratórias adiantadas,
vá aos poucos. Na escola tântrica trabalha-se o maior tempo possível com retenção de ar (kumbhaka) e pouca
retenção sem ar.

* PRANAYAMAS – EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS


Todos os pranayamas devem ser praticados respeitando os limites físicos de cada um, sem causar
desconforto ou ansiedade.
Os exercícios aqui descritos estão no mesmo tempo que varia de acordo com sua capacidade pulmonar,
por isso o quadro demonstra as opções para praticar:
Faça a primeira inspiração contando o seu ritmo natural. Se você leva 6 segundos para inspirar este é o
tempo base para o resto do exercício.
O tempo é sempre 1, 4, 2 (inspiração, retenção, expiração, respectivamente). Se a inspiração leva 6
segundos, a retenção será 6 x 4 = 24 segundos e expiração 6 x 2 = 12 segundos. Assim, o exercício se adapta
a qualquer tipo de praticante, iniciante ou avançado.
Se você começar num ritmo e precisar mudar tanto para menos ou para mais é só respeitar a regra base.

INSPIRAÇÃO RETENÇÃO COM AR EXPIRAÇÃO


TEMPO (REGRA BÁSICA) 1x 4x 2x
4 seg. 16 seg. 8 seg.
3 seg. 12 seg. 6 seg.

PRANAYAMA PARA DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIAS


• Deite-se de costas.
• Posicione as mãos sobre o abdômen.
• Inspire contando um tempo e mentalizando que o prana se distribui por todas as células, membros, veias
nervos, artérias, músculos do seu corpo e para região genital.
• Retenha o ar contando quatro tempos e sinta os efeitos da mentalização.
• Expire, contando dois tempos. Obs.: Esse pranayama deve ser feito em todos os momentos de falta de
energia.

PRANAYAMA PARA A ENERGIZAÇÃO DA ÁGUA


(OU VINHO RITUALÍSTICO)
• Inspire elevando um copo de vidro ou cristal cheio de água com a mão direita.
• Retenha o ar mantendo o copo no alto.
• Expire e despeje a água num copo vazio que deverá estar em sua mão esquerda.
• Mentalize que o prana está contido na água.
BHÁSTRIKA – AUMENTO DA ENERGIA CORPORAL
• Inspire e expire pelas narinas rápida e vigorosamente, produzindo bastante barulho e expulsando o ar com
força. Cuidado para não sacudir os ombros ou contrair os músculos da face durante o pranayama. Obs.: Esse
pranayama deverá ser praticado com relativa moderação, para que não cause distorções na velocidade
cardíaca (arritmia).
KUMBHAKA BANDHA
• Inspire fazendo uma respiração completa, contando um tempo e inclinando a cabeça para trás. Execute
o jiva bandha colocando a língua dobrada no céu da boca. Retenha o ar contando até quatro tempos. Expire
fazendo a respiração abdominal completa contando até dois tempos. Obs.: esse pranayama estabiliza as ondas
mentais e pode conduzir o praticante ao samádhi provisório (pequena iluminação).

SUKHA PURVAKA
• Posicione as mãos em jnãnã mudra. Com o dedo médio da mão direita, obstrua a narina direita. Inspire
pela narina esquerda, 1 tempo enquanto medita no mantra Om Srí Klim. Retenha o ar nos pulmões, 4 tempos
enquanto medita no mantra Om Srí gam.
• Obstrua agora a narina esquerda, expire pela narina direita em dois tempos, meditando no mantra Om
Srí Srim.
• Repita algumas vezes a sequência agora iniciando inspirando pela narina direita. Obs.: esse pranayama
atua no humor do praticante, purifica as nadis e contribui para o despertar de kundalini. Além disso, pode ser
praticado por toda a vida, pois proporciona saúde. Ainda com a prática contínua, é possível aumentar o
tempo em cada fase. Exemplo: 3/12/6, 4/16/8.

PRANAYAMA PARA AUTO TRATAMENTO E ENERGIZAÇÃO


• Sente-se com a coluna ereta
• Inspire contando 1 tempo.
• Retenha o ar contando 4 tempos.
• Expire contando 2 tempos.

Obs.: ao inspirar, mentalize que está absorvendo prana e que este se dirige para onde a cura se faz
necessária, na retenção do ar, pouse as mãos na parte afetada e, ao expirar, mentalize que o prana flui de suas
mãos e extirpa o problema.

SHIVA-SKAKTI PRANAYAMA – POLARIDADE TÂNTRICA


a) O casal senta-se com a coluna ereta, pernas cruzadas, frente a frente com as mãos.
b) Ambos aproximam seus rostos e, conseqüentemente, as narinas e quando um expira o outro inspira
seu alento.
c) Após alguns minutos de prática, entoam juntos o mantra Om Sri Klim e um leva a mão do outro em
contato com o coração.

TRANTRIKA PRANAYAMA – ATIVAÇÃO ENERGÉTICA DE CHAKRAS E KUNDALINI


a) O casal senta-se frente a frente com as mãos em pronam mudrá (palma contra palma ambas a frente
do peito).
b) Ambos vocalizam oito vezes o bija dos ckakras de baixo para cima (Lam, Vam, Ram, Yam, Ham e
Om) tocando-se mutuamente nos respectivos chakras.
c) Dêem as mãos polarizando. Mão esquerda toca a direita e vice-versa
d) Fiquem alguns instantes em silêncio
e) Terminem com o mantra Om Srí Gam

* YANTRA PRANAPRATISTHA
É um símbolo que representa o corpo de uma divindade, elemento ou energia. A cruz cristã representa o
corpo de cristo, os tântricos utilizam os yantras na meditação como uma área sagrada com força egregorial.
Uma representação do macrocosmo. Ele também atua como um talismã de energias auspiciosas e proteção,
mas sua função principal é a contemplação e interiorização do símbolo. Shiva com o dedo médio, ou pincel,
desenha sobre o solo onde o casal estiver praticando o maithuna, um triângulo feminino com a ponta para
baixo e a Shakti desenha, do mesmo modo, um triângulo masculino com a ponta para cima, sobreposta ao de
Shiva. O casal poderá, somente com autorização de um mestre tântrico, fazer a prática do maithuna no centro
do símbolo; se não houver autorização, deixe-o ao lado esquerdo de Shakti durante rituais ou no Maithuna.
Leve esse conselho a sério.

* BINDUSHUDDHI
Shiva marca a testa de Shakti, com o dedo indicador, o sinal da iluminação no formato de um ponto
vermelho fogo entre as sobrancelhas. Shakti marca a testa de Shiva com símbolos masculinos como, por
exemplo, um tridente, um ponto no meio de três traços horizontais ou ainda uma lua com um ponto em cima
Cada uma dessas figuras geométricas possuem atributos metafísicos próprios e um potencial energético
chamado Akkriti Shakti. São utilizados em liturgias a iniciações.
- Elemento Ar – Estimula o pensamento

- Elemento fogo – Estimula a ação

- Elemento Terra – Estimula a sensação

- Elemento Água – Estimula o sentimento


Yantra completo dos
- Elemento Éter – Trás a tona a essência. 5 Elementos

Shri Yantra
O mais completo yantra tantrico. Conduz ao Samadhi

Você pode deixar esses Yantras acima no ambiente no maithuna e voltar seu olhar para os mesmos
durante o ritual a fim de estimular seus elementos internos (tatwas) e aquietar a mente.

* BHUTA SHUDHI - LIMPEZA DO TEMPLO INTERNO


Ao preparar o organismo para aproveitar todo o potencial orgástico e místico da prática é necessário que
as nadis estejam limpas, e isso se realiza em toda a prática já apresentada de pranayamas, mantras, asanas e
os kriyas, que são técnicas de purificação orgânica consideradas pela escola de mão-direita do Tantra como
fundamental. Na escola Kaula, a alimentação é o mais importante.

Alguns Kriyas – Limpezas do Corpo Físico:

• Jalabasti – limpeza intestinal com introdução de água.


• Dhauti – limpeza do estômago com água e sal.
• Nauli – limpeza do intestino com movimentos corporais e massageamento.
• Kapalabhati – limpeza das fossas nasais com respiração.
• Jalaneti – limpeza das fossas nasais com água morna.
• Trataka – exercícios e massageamento nos olhos.

Essas práticas citadas só devem ser realizadas com o acompanhamento de instrutores de Yoga. Por isso
aqui não dou maiores detalhes.
A purificação não deve somente ocorrer no corpo físico. “Limpar” as emoções indesejáveis na prática
como medo, ciúme, raiva, mágoa, rancor, ódio etc. é de suma importância. Como fazê-lo? “Sente-se na paz”
como se ensina no tai-chi, e somente observe esses sentimentos/pensamentos, passando por sua mente. Não
se envolva com os mesmos e respire fundo concentrando-se no respirar. Acalme-se e o próprio tempo irá
relaxá-lo (acostume-se a realizar essa prática antes de dormir, ao menos, por cinco minutos).

* ANNA TANTRA – ALIMENTAÇÃO SAGRADA


Veja sempre o Tantra como um sistema libertário que na maioria de suas escolas nada proíbem em dietas
alimentares, mas sempre incentivam algo muito natural próximo ao Lacto-Vegetariano a seus praticantes que
necessitam de uma purificação corporal, visto que muitos ocidentais se alimentam de carne (principalmente
vermelha), se embebedam, fumam, não se lavam adequadamente etc., são considerados intoxicados e não
aptos a práticas adiantadas.
Entenda os tipos alimentares na ordem do menos ao mais recomendável.

1. Carnivorismo ou Carniceirismo
Consumo exclusivo de carnes. Esse modelo alimentar pode se subdividir numa outra classe, o
carniceirismo, praticado por abutres e hienas. Algumas escolas tântricas proíbem todas as carnes, outras,
somente as vermelhas.
Em meus seminários de Tantra, proíbo os praticantes adiantados a carne vermelha.

2. Omnivorismo
Aqui alimenta-se de componentes de todos os grupos: carnes, vegetais, ovos etc. Esse grupo inclui
também os antropófagos. Tanto esse grupo como o acima alimentam-se com comida de cachorro, bichos
mortos e animais putrefatos.
Em meu primeiro longo jejum, já não me alimentava de carnes há mais de 60 dias e, no segundo dia de
prática, o cheiro de putrefato saía de minha pele e, principalmente, da boca. Uma pessoa omnivorista quando
fica algumas horas sem se alimentar já começa a cheirar mal e mesmo escovando fortemente os dentes tende
a não neutralizar o mau hálito. Outra curiosidade é que mesmo após meses como vegetariano ainda defecava
carne vermelha, que ficara presa em meu intestino. Diverticulite é o nome da doença de quem tem os
intestinos entupidos. Dá para fazer amor com alguém assim? Pessoas enfezadas são assim. Cheias de fezes.
Se você faz parte desse grupo alimentar, coloque muitas frutas na sua alimentação.

3. Macrobiótica
Compreende todos os tipos de vegetais (sobretudo cereais) e carne branca, como peixes e aves. Mas é
necessário um cuidado especial com a alimentação macrobiótica radical, pois existem inúmeras controvérsias
acerca de sua eficácia. O Tantra é de linha oposta à macrobiótica no que se diz respeito a muitas frutas que
são proibidas na macro. Obs: Existe ainda outra classe de alimentação muito próxima da macrobiótica, que é
quem come peixe e frango. Essa opção é preferível que o comer “carne vermelha”, que, além de mais
tóxicas, são responsáveis pela destruição de matas e do planeta para a criação de pastos.

4. Ovo-Lacto-Vegetarianismo
Elimina todas as carnes, mas aceita o consumo de outros derivados animais como o leite e os ovos, ao
lado, é claro, dos vegetais.

5. Lacto-Vegetarianismo
Tem os mesmos princípios do grupo anterior, mas não inclui ovos.

6. Vegetarianismo
Só se alimenta de vegetais, que podem ser cereais, verduras, legumes, frutas e, em alguns casos, até
flores. Não existe o consumo de carne, leite ou ovo de espécie alguma.

7. Naturismo
Consumo exclusivo de alimentos crus e sem tempero, ou seja, em sua forma natural.

8. Frugivorismo
É a linha ideal para muitos praticantes, pois só consomem frutas, ou seja, alimentos vivos dotados de uma
energia mais sutil e que podem, pelo plantio da semente, permanecer em seu ciclo reprodutivo. O livro
“Medicina Nutricional”, de Mário Sanches, fornece excelentes explicações acerca dessa corrente alimentar.

Upasana (Jejum)
Pratique somente com orientação de um instrutor experiente de algumas escolas de Yoga, Tantra e
orientação médica, de toda forma não aconselho longos jejuns e muito menos os que se abstêm de água.
Quanto a se alimentar de luz, aconselho muitíssimo esse método, mas somente aos que fisicamente já
morreram.
Faça mudanças graduais, sem fanatismo, observando as mudanças de seu corpo e sempre consultando
especialistas, médicos ou nutricionistas.

“A pessoa que pratica o Tantra sem moderar a dieta é vítima de várias doenças. O tântrico deve comer
arroz, cevada, feijão, castanha, frutas e outras coisas saudáveis. Comidas puras, doces e refrescantes devem
ser ingeridas em quantidade correspondente à metade do estômago. Isto é chamado de moderação em
dieta.” Gheranda Upanishad
* MAGIA DAS FRUTAS
Temos dois Chakras que se encontram abaixo da língua e próximas do palato mole, que tem o nome de
Jiva - chakra e que são estimulados pelo beijo e por frutas – é aqui ainda que homeopatas sugerem a
colocação de remédios e os alopatas remédios subilinguares. Tenha o costume de se alimentar de frutas e ao
mastigá-las, passe-as nos Chakras da boca. Cada fruta tem um atributo mágico. As principais são:
Banana – lingan, poder masculino.
Mamão – yoni, poder feminino.
Maçã – representa também a yoni, além do conhecimento de si.
Morango – o coração, a capacidade de amar.
Caqui – néctar da yoni (lubrificante vaginal).
Uva – sêmen de Shiva. Estimula a sexualidade masculina.

DICAS GERAIS:
A alimentação pesada impede Kundalinî de fluir pelo corpo. Assim, mastigar muito bem os alimentos
facilita a digestão e o fluir física e energeticamente. Só não mastigue muito carne vermelha para não formar
aquele “bolo” na boca de cadáver (se você fizer isso, dificilmente se alimentará de bichos mortos
novamente).
As monodietas – alimentação durante um pequeno período, somente com uma fruta. É recomendável as
melhores frutas para isso são: mamão, maçã, uva, banana, abacaxi (ideal para desintoxicar).
No momento da prática do maithuna recomenda-se somente alimentar-se de frutas e proíbe-se todas as
carnes, açúcar, sal, tóxicos, fumos e alimentos artificiais. O tântrico é conhecido por ter um corpo saudável,
limpo, cheiroso e flexível.

ALIMENTOS ESTIMULANTES
Gengibre, guaraná, manjericão, salsa, alho (atenção ao hálito), cardamomo, coentro, curry, açafrão,
tahine, ginseng, catuaba, gergelim, alcaparra, canela, orégano, hortelã, mostarda, oliva, pimenta, cravo, salsa,
sálvia, anis, tomilho, café, chá e mel. Os legumes com formato que penetram na terra como cenoura,
mandioca, tubérculos, estimulam Shakti e as raízes de Shiva.
“Das coisas materiais, o alimento é a principal, é o remédio para todas as doenças. E todas as coisas
provem do alimento.” Taittriya Upanishad

* ÁGUA
Na época dravídica (origem do tantra) a água do esgoto era separada da água potável. Hoje em cidades
“civilizadas” é comum a utilização de água tratada com substâncias químicas como o flúor. Em muitas
cidades, o que temos é urina e fezes (esgoto) tratados.
Água mineral é o ideal para o tântrico, na temperatura ambiente e deve ser tomada com calma.
Os banhos de chuva são recomendados por textos tântricos assim como, ao acordar, uma chuveirada
alternando água fria e quente.
“A água alimenta e sustenta o espírito e também o corpo físico. A água é considerada o elemento mais
importante, já que ela purifica e eleva o indivíduo do plano mundano para o transcendental. A água de
montanha, água de fonte e água de chuva são altamente benéficas e são consideradas nobres pelos sábios.”
Garuda Purana

* ADORAÇÃO - PÚJÁ
Adoração, veneração e respeito. Puja é uma doação energética ou material. No ato sexual é uma
veneração do ser amado que pode ser realizada de forma material (Pañchapuja) presenteando com flores,
frutas, jóias, perfumes, roupas etc., e o manas puja que presenteia com amor, carinho, votos de felicidade e
outros sentimentos.
No maithuna reserva-se um tempo especial para os pujas entre os praticantes (swabháva).
Falar “eu te amo” com intensidade, tocando o peito e olhando nos olhos da parceria é um exemplo de um
auspicioso puja. A Shakti gera a vida, cuida e alimenta seu “seio”. Todo seu corpo é preparado para acolher a
vida. Venere-a.
“O conhecedor da verdade deve sempre adorar o poder feminino, de acordo com a revelação dos
Tantras. Deve-se adorar a mãe, a irmã, a filha, a esposa e todas as Shaktis. Durante este tipo de adoração,
deve haver contemplação da unidade essencial da sabedoria e meio, os princípios masculinos e femininos.”
Hevajra Tantra
Sobre a nudez feminina e a adoração de Shakti, Mircea Eliada escreveu: “Toda Shakti nua encarna a
Deusa. Portanto, a primeira etapa consiste em olhá-la com a mesma admiração e o mesmo desprendimento
que se sente ao considerar o insondável segredo da Natureza e sua capacidade ilimitada de criação. A nudez
ritual da yoguini tem valor místico intrínseco. Se, diante da Shakti nua, não descobrirmos no mais profundo
de nosso ser a mesma emoção aterradora que sentimos diante da revelação do Mistério cósmico, não haverá
apenas um ato profano, com todas as conseqüências já conhecidas. A segunda etapa é a transformação da
Shakti-prakiriti em encarnação da Shakti: a companheira do rito torna-se uma deusa, assim como o yogue
deve encarnar o deus”.

* LEELAS – BRINCADEIRA SAGRADA


Além de significar preliminares, Leela tem como significado diversão. Brincar, rir, jogos lúdicos e
sedutores como um toque sensual, um olhar malicioso, um sorriso que cative, amarrar um dos parceiros,
roupas sensuais, uma carícia ou um beijo num lugar certo, um conto erótico, dançar unidos ou elementos
tradicionais liturgicos tântricos, assim como respirar juntos, entoação de mantram alegres e, claro, massagem
tântrica, giro-tântrico etc. Uma maneira tradicional de Leela é aguçar os cinco sentidos físicos:

• Olfato: permita que o seu cheiro característico, sem perfumes, seja percebido e reconhecido pelo(a)
parceiro(a); o perfume e o incenso são essenciais num segundo momento. Com a parceria de olhos
fechados, peça que cheire perfumes diversos, flores, frutas e óleos. Permita um tempo para a olfação que
está relacionada com o elemento terra.
• Paladar: coloque na boca do ser amado, frutas, sucos, mel, vinho (pouquíssimo) ou algum licor.
Estimule o elemento água.
• Audição: falar sussurrando no ouvido quais são suas vontades e o que você quer fazer com ele(a),
perguntar onde gostaria de ser tocado(a). Sinos tibetanos, palavras de amor, músicas com sons da natureza
e toda a variedade de sons melodiosos estimulam a audição e o elemento éter.
• Visão: o olhar expressa o desejo. Observe o corpo um do outro, admirando cada parte, olhando os
genitais, os seios, a barriga, os pés etc., isso é bastante excitante. Olhos nos olhos é uma técnica tântrica.
Além disso, você poderá colocar na frente da parceria flores, frutas, conchas, mandalas, figuras eróticas e
fotos inspiradoras. Tudo isso estimula o elemento fogo.
• Tato: estimule cada parte do corpo como quem desvenda o mistério da existência, toque com as mãos,
dedos, língua, nariz, lábios, sem pressa, de preferência com os olhos fechados para trabalhar melhor o
sentido; isso toca o elemento ar. Explorem-se, brinquem com o corpo.

“Não existe nada neste Universo que não esteja contido no corpo humano. Tudo o que está aqui, está em
toda parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte.” Vishvasara Tantra

“Aqui mesmo (neste corpo) estão os rios Ganga, Prayaga e Varanasi, o Sol e a Lua (isto é, o masculino e
o feminino) e os lugares sagrados... Não existe outro lugar de peregrinação nem morada de felicidade
semelhante ao meu corpo. Em verdade, o yantra que é o próprio corpo é o melhor de todos os yantras”.
Gandharva Tantra.
No livro “O que é corpolatria” – o título é bem tântrico – os autores, Wanderley Codo e Wilson Senne
nos contam: “É hora, e já é tarde, de perseguir de maneira consciente, um corpo saudável. É hora, e já é
tarde, de buscar o prazer, sem medo e a qualquer custo”.
Quando voltava de uma peregrinação ao Peru, minha Shakti Neelama Gayatri (Ju) recebeu-me em meu
refúgio com pétalas de rosas ao chão e uma indicação para que as seguisse, o que fiz, e, ao final da trilha,
absolutamente linda, encantadora e perfumada, ela fez uma dança hindú/árabe com véus sendo retirados um a
um até os auspiciosos finais do ato de amor.
A dança é fundamental no Tantra, que diz que a dançarina rejuvenesce a si e ao parceiro com sua dança.
Diz o Hevajra Tantra: “se alguém dança, quando chega a alegria, que isso seja feito tendo como objetivo a
iluminação”.
Dedique um tempo à prática dos Leelas. Todas as estatísticas contam que a maioria dos casais fazem sexo
com menos de cinco minutos de preliminares. Isso certamente não é Tantra.

LELLAS ERÓTICOS – DICAS MÁGICAS


Apesar de parecerem dicas superficiais e piegas, quando feitas com amor e erotismo elas se tornam
auspiciosas:

• Não “ataque” logo de cara. Beije, acaricie por cima das roupas. Espere a parceira ficar excitada, a ponto
de pedir que você as tire.
• Lembre-se que o toque é essencial. Provocar arrepios é muito excitante. Explore cada área, cada
dobrinha, embaixo das nádegas, atrás dos joelhos, nas axilas, na virilha, utilizando os dedos, a língua e
assoprando.
• Não se esqueça de massagear os pés, alternando com mordidinhas (somente se a parceira não tiver
cócegas).
• A penetração deve ser lenta. Não comece com pressa, a intenção é prolongar o prazer ao máximo.
• Muito sexo oral, com paciência e delicadeza, investindo às vezes num movimento mais rápido e
desacelerando quando o(a) parceiro(a) estiver chegando lá.
• Explore a região do períneo, por ser uma área muito sensível e excitante.
• Quando penetrar, não se esqueça que você ainda possui mãos e boca, e que elas também entram na
brincadeira.
• Pare quando você estiver muito excitado, investindo nos beijos mais carinhosos e frases de amor
(lembre-se que ouvidos também excitam).
• Fique tranqüilo(a) com o seu corpo.
• Abuse de olhares, principalmente nas áreas erógenas, elogiando com naturalidade, sem forçar.
• Nenhuma Shakti ou nenhum Shiva são iguais. Utilize a criatividade para explorar o corpo do ser amado.
• Sorria, brinque muito. Deus, na Índia, tem um de seus nomes Leela (brincadeira divina).
• Masturbem-se mutuamente; de todas as formas possíveis e imaginárias.
• Pergunte a sua parceira de tempos em tempos como ela gosta de ser masturbada e tocada. Nunca creia
que sabe tudo.
• Façam amor na natureza: cachoeiras, na chuva, praias, no topo de uma montanha.
• Olhem-se nos olhos sem desviá-los.
• Pergunte sempre a sua parceira sobre suas fantasias. Lembre-se que elas podem mudar; assim, sempre
mostre curiosidade e realize-as.
• Dispam-se lentamente um ao outro.
• Compartilhem histórias eróticas, seja em livros, revistas etc., criando ou contando experiências.
• Toquem-se e masturbem-se com olhos vendados.
• Troquem massagens sensuais, como a tântrica.
• Utilize essências e roupas que estimulem sua parceria.
• Experimente certa selvageria saudável no sexo.
• Brinque com alimentos na boca e no corpo da parceira, tal como foi feito no filme nove e meia semanas
de amor.
• Sempre seja gentil e generoso(a) com seu(sua) parcerio(a).
• Faça-lhe toques sensuais em momentos que ela menos espera.
• Tomem banho juntos a luz de velas.
• Escrevam cartas eróticas.
• Utilize Vibradores e itens de Sex Shop.
• Lamba todo o corpo de sua parceira com barras de massagem comestíveis.
• Compartilhem filmes eróticos.
• Amarrem-se mutuamente e brinquem de ativo e passivo.
• Pintem seus corpos com tintas laváveis.
• Sempre invistam muito nas preliminares.
• Dêem presentes eróticos.
• Sejam maliciosos.
• Sempre, sempre, sempre se elogiem.
• Diga sempre: eu te amo.

“O amante, utilizando as unhas com amor e afeição, pode trazer muito conforto para a Shakti. Na
verdade, talvez não exista nada mais agradável para o Shiva e para a Shakti que o uso habilidoso das
unhas.” Ananda Ranga

* OS BEIJOS
O beijo expressa uma grande variedade de emoções: erotismo, amor, ternura, gentileza, paixão, carinho,
respeito. O beijo demonstra o quanto o casal está envolvido e expressa os seus verdadeiros sentimentos.
O beijo boca a boca é chamado de contato dos portais superiores e pode estimular desde carinho até a
paixão. São trocas de energia e secreções vitais e troca de Yang por Ying.
Os Tantras consideram o beijo como uma parte profundamente importante do maithuna. Temos vários
tipos de beijos tântricos:

• Beijo reto: ambos os lábios se tocam.


• Beijo em curva: ambas as cabeças são curvadas.
• Beijo de língua: um dos parceiros toca a língua, dentes e palato da outra com a própria língua.
• Beijo envolvido: um dos parceiros toma os lábios do outro entre os seus lábios.
• Beijo esquimó e Maori: feito encostando a testa e o nariz com muita calma e delicadeza. No fabuloso
filme “A Encantadora de Baleias”, vemos a tradição deste “carinho”, que permanece até hoje em um sistema
cultural que ainda mantém suas raízes, a tribo Maori.
No Ananga Ranga está escrito: “Quando a Shakti está cheia de desejo, deve colocar o lábio superior no
inferior da boca do Shiva, mastigando-o e mordendo-o nesta região com suavidade. Ele deve fazer o mesmo
com o lábio superior da Shakti, tomando cuidado para sugá-lo com delicadeza”. Dessa forma ambos ficarão
sexualmente estimulados e sua paixão produzirá muito calor”.....”Quando a Shakti está dominada pela
paixão, deve cobrir os olhos do amante em suas mãos e, fechando os próprios olhos, deve introduzir a língua
em sua boca. Deve, então, movê-la de um lado para outro, para dentro e para fora, com um movimento
agradável que sugere formas mais íntimas de prazer ainda por vir. O beijo, ainda, troca secreções e
energias vitais altamente mágicas.”
No Kama Sutra encontramos dicas do beijo:
“Quando um Shiva beija o lábio superior de uma Shakti, isto é conhecido como Beijo Especial do Lábio
Superior. Nesta ocasião, ela deve beijar o lábio inferior do parceiro.”
O Tantra ensina, ainda, que o lábio superior da Shakti tem relação reflexológica com sua yoni. Várias
Shaktis foram estimulados por mim tão somente utilizando estímulos no Shankini nadi, a concha da
sabedoria no lábio superior. Experimente.

* OS ABRAÇOS
No Tantra, qualquer contato mais íntimo entre corpos é uma forma de abraço, mas aqueles contatos com
intenção mais emocional e sentimental são os que o maithuna utiliza, ao contrário dos ocidentais que
abraçam superficialmente e sem contato dos genitais. No Tantra o abraço é uma forma de contato profundo e,
certamente, de corpo inteiro. Veja alguns tipos de abraço:
• Trepadeira – em pé, como uma trepadeira enrola-se na árvore, faça o mesmo com sua parceria.
• Subindo na árvore – em pé, ambos abraçam-se apaixonadamente como se desejassem subir um no
outro.
• Mistura de arroz com gergelim – deitados abraçando-se fortemente com os braços e coxas e tocando
lingan e yoni.
• Mistura de leite e água – todas as partes são encostadas.
• Abraço da testa – coloca-se muita atenção e carinho na testa e os braços enroscam-se na cintura.

Pode-se ainda abraçar somente partes do corpo como abraços dos peitos, coxas, seio e pelve.
“Quaisquer que sejam os pensamentos em suas mentes, estes desaparecem completamente com o ímpeto
arrebatador do abraço apaixonado. Quando um Shiva e uma Shakti são um só, assim abraçados, não há
nada em todo o mundo que supere a alegria sublime daquele momento.” Kuttni Mahatmyam

* ZONAS ERÓGENAS – OS PORTÕES DO SAGRADO


Descubra as do ser amado; no Tantra qualquer parte do corpo pode ser estimulada e se transformar numa
área de prazer.

Vagina/Yoni – Espaço sagrado (honre-a e ame-a).


Os chineses ensinam que ao se colocar a boca na yoni sente que se bebe da fonte da vida e os tântricos
ensinam que ali está Kundalinî, e para tocá-la deve-se abrir a yoni e descobrir seus segredos.
Shiva sempre explorará e questionará a Shakti qual a melhor maneira de tocar a yoni, muito diálogo e
desinibição são aconselhados. As Shaktis tântricas são estimuladas desde sua iniciação sexual a explorarem a
sua yoni em frente ao espelho, em atitude de autodescoberta e compartilham isso com seus amantes.
O banho de chuveirinho forte e morno, a depilação total, o respirar da yoni sem calcinha dão uma
erotização muito interessante a Shakti.
Os tântricos sempre olharam, ao contrário dos ocidentais, o estímulo oral como natural e prazeroso. É
fundamental perguntar para a parceira como ela gosta de ser tocada. Principalmente em relação ao clitóris
que tem uma variação de tamanho, local e textura.
Existem Shaktis que gostam de toques fortes, outras suaves, mais sutis.
A língua poderá girar sentido horário e anti-horário para cima e para baixo, na horizontal e vertical.
Insisto: pergunte como é mais prazeroso. De todas as amantes que tive, nenhuma era igual – cada uma
preferia um oral distinto.
“Ela deve fazer com que ele sugue sua yoni e mostre o seu prazer. Inalando o odor, ele deve penetrá-la
com a língua, procurando as secreções. Ela deve dizer: ‘Coma minha essência!’ Beba as águas da
libertação! Ó filho, seja um escravo, seja pai e amante!” Chanda-maharosana Tantra

Pênis/Lingan – Bastão de luz (honre-o e ame-o).


Uma Shakti toca o lingan de seu parceiro como o lingan que originou toda a vida. O princípio masculino
da existência.
“Todos os deuses adoram o lingan, símbolo do Senhor Shiva.” Mahabhárata
Para Shiva ter ereções prolongadas, Shakti deve tocá-lo da base do pênis em direção a ponta e evitar tocar
a glande. Se for tocar os testículos faça-o com muita delicadeza.
O banho de chuveirinho frio antes de dormir ou morno durante o dia estimula a vascularização genital de
Shiva.
Lembre-se: todo o maithuna deve ser feito de maneira rítmica, relaxada e carinhosa. A ejaculação
segundo algumas escolas tântricas radicais deve ser sempre evitada, principalmente fora da Yoni da parceira,
mas fica evidente que se é algo que faz parte do desejo masculino, faça, não tenha pudores. Sempre lembre-
se que ser tântrico é ser livre.

ALGUMAS TÉCNICAS DE SEXO ORAL EM SHIVA


• O lingan é tocado totalmente pela língua.
• Sem o auxílio das mãos o lingan é movimentado dentro da boca da Shakti.
• O lingan é colocado inteiro dentro da boca e, após pressão dos lábios, é colocado para fora.
• Move-se o lingan entre os lábios.
• Utiliza-se sucção com absoluta delicadeza.
• Shiva penetra a boca de Shakti como se a mesma fosse uma segunda yoni.
• O lingan é beijado como se fosse o instrumento originário de toda a vida.

SEXO ORAL MÚTUO – O CORVO


Essa posição conhecida no Ocidente como “69” é um fortíssimo ásana tântrico, também chamada de
invertida.
O corvo é considerado um pássaro místico, pois seu metabolismo permite digerir venenos sem que lhe
provoquem nenhum mal.
No Yoga também existe o ásana do corvo, que traz força e energia aos braços e costas. A posição do
corvo no Tantra é importante para a circulação de energia de Shiva e Shakti, pois fecha um círculo como o
símbolo do TAO (yin e yang).
Os animais normalmente são atraídos pelo cheiro, um grande estimulante, lembre-se que um verdadeiro
tântrico não possui repressões, medos ou vergonha. Tudo vale para atingir um estado plenamente satisfatório.
As secreções da yoni e do lingan são extremamente energéticas (isso quando o corpo é saudável e a
alimentação controlada).
A língua de Shiva deve explorar cada parte da yoni lambendo e sugando vagarosamente, às vezes,
introduzindo a língua como um lingan. Shakti, por sua vez, suga o lingan como se sua boca fosse a yoni,
passa a língua da base do lingan até o topo. Trabalhando com total atenção, tentando dominar a habilidade da
boca, lábios e língua.
A língua é um instrumento importante por conter terminais nervosos e energéticos. É pela boca que nos
alimentamos, sugamos o seio da mãe, é a boca que saliva ao sentir um cheiro que nos agrada, e é por meio
dela que você pode dar e receber prazer. Quando estamos apaixonados ou amando, não vemos a hora de
poder tocar os lábios do companheiro e assim sugar sua saliva e demonstrar nosso desejo. Se isso é aceitável,
por que ainda nas culturas repressoras há tabu ou vergonha em relação a ingerir o sêmen ou as secreções da
yoni?
Invista na exploração da área do períneo (entre o ânus e a yoni ou o lingan). Essa é a morada da
Kundalinî. Desperte a parceira fazendo com que kundalinî ascenda pela coluna.
Lembre-se que muitas vezes um bloqueio pode ter relação com uma educação repressora, e que estas
técnicas podem trabalhar como uma grande cura, que vêm da compreensão e do carinho.
Vamos falar do famoso ponto G. No corvo, é muito importante que você se delicie com a procura dele.
Enquanto você procura, com certeza, a Shakti terá grande prazer. Cada Shakti tem uma área mais sensível e
fica quase impossível definir exatamente onde ele se encontra. Brinque.
SEXO ANAL
Sabemos a admiração e o fascínio, principalmente do povo ocidental, pelo sexo anal. Mesmo sendo visto
como proibido em culturas patriarcais e retrógradas, ele chama a atenção e é uma fonte de prazer para muitas
escolas tântricas.
Como sabemos, no Tantra tudo é sagrado, nenhuma parte do corpo deve ser vista como suja ou
inapropriada. Temos um exercício próprio para trabalhar os esfíncteres do ânus (mulabandha), trabalhando,
assim, a energia Kundalinî e estimulando as glândulas sexuais.
O ânus e o reto, como um órgão excretor, sempre contêm bactérias, o que pode ocasionar infecções e
lesões de tecidos, por ser uma área extremamente vascularizada, podendo também ocorrer sangramentos. A
prática do sexo anal constante pode distender e enfraquecer os músculos esfíncteres, levando a perda de
energia, desta forma, não se deve exagerar na prática de sexo anal.
A Shakti normalmente oferece o seu corpo e todos os seus orifícios como uma maneira de rendição e
compromisso com o amante Shiva, por sua vez, gosta do domínio e da submissão da parceira. Vemos aqui
que o sexo anal funciona também como uma maneira de dominação, muitas vezes contrário à filosofia que vê
Shakti como Deusa e não submissa.
Há uma infinidade de maneiras de explorar a sexualidade e o prazer sem precisar exagerar nesta variação.
Tudo é questão de criatividade. De toda forma, ao realizá-lo, muita atenção com a higiene e evite o exagero
na penetração. A carícia sem penetração é muito indicada.
Lembre-se que esta é uma área que exige delicadeza. Invista um tempo em beijinhos e lambidas nas
nádegas, lubrifique bem a região e massageie o ânus (com ou sem introdução dos dedos). Como a área é
sensível e muito vascularizada, provoca uma sensação gostosa (contanto que Shakti não se sinta
constrangida). A mesma técnica pode ser feita no parceiro. A sensação é a mesma, afinal Shiva e Shakti são
idênticos aqui e alguns textos tântricos apontam que aqui, em Shiva, há um ponto de profundo prazer.
Experimentem.

* POSIÇÕES SEXUAIS – INTENÇÃO E SAUDAÇÃO À DEUSA


No maithuna é a Shakti que, na maioria das posições, fica por cima ou na frente de Shiva. Essas são as
posições nas quais podem se ter maior liberdade de movimento e Shiva terá maior dificuldade em ejacular,
pois é tirado de sua postura ancestral de “cobrir a fêmea”, assim seu inconsciente aponta que o objetivo é não
fecundar, prolongando assim o contato e o maithuna.

Nas escolas patriarcais Shiva cobre a fêmea por trás como os animais ou fica Shiva por cima “possuindo”
Shakti. No Tantra, é Shakti que possui Shiva. Podemos ainda acrescentar que como Shakti é reverenciada,
Shiva olha para cima adorando a deusa. A mulher é a divindade encarnada no corpo da Shakti, Shakti é a
manifestação na terra da própria existência.

Samapada Bandha
Shakti deitada levanta as pernas o mais alto que pode desde os quadris e suas pernas tocam o pescoço
e/ou os ombros de Shiva. Essa flexão é excelente para a coluna de Shakti e os músculos das costas. Atenção:
Pratique com cautela e com a certeza de que a yoni pode acomodar o lingan. Shiva deve usar as mãos para
acariciar a barriga, os seios e a yoni de sua parceira.
Nagara Bandha
Shiva abre as pernas de Shakti apoiando-as em sua cintura. Abrindo as pernas poderá erotizar tendo a
visão de seu lingan penetrando a yoni. Shakti poderá envolvê-lo com suas pernas para maior intimidade.

Avidarita Ásana
Shakti levanta suas pernas e as apóia sobre o peito de Shiva, que se senta entre suas coxas. A
sensibilidade das solas dos pés dela junto à pele e aos pêlos causa excitação, enquanto os dedos dos pés de
Shakti podem brincar com seu peito.

Traivikrama Bandha
As pernas de Shakti são abertas como uma tesoura, uma perna deitada e a outra elevada até a cintura,
ombros ou até o alto da cabeça de Shiva, enquanto ele a penetra.

Smarachak Ásana
Shakti deita-se de costas e Shiva por cima. Ambos abrem as pernas amplamente e os braços também para
cima, Shiva segura nas mãos de Shakti proporcionando um contato gostoso do corpo, bem como dos genitais.
O peso de Shiva faz com que seu osso púbico massageie a região carnuda do Monte de Vênus.
Jrimbhita Ásana
Shakti deita-se de costas e Shiva coloca uma almofada sob os quadris de Shakti. Shiva ajoelha-se entre
suas pernas para conseguir penetrá-la como o “Céu envolve a Terra”.

Sphutma Bandha
Shiva penetra Shakti, que está deitada de costas, levantando suas pernas e segurando as coxas bem
próximas dele. Shakti pode apertar e contrair sua yoni como se sugando o lingan (mula bandha).

Puhapaka Ásana
Shiva está deitado em cima de Shakti olhando um para o outro, com suas pernas e braços juntos como se
estivessem entranhados.
Para que Shiva faça a penetração, Shakti abre as pernas, curva os joelhos, mostrando totalmente sua yoni
para esse puja, como a deusa que é, e então Shakti pode abaixar as pernas. Esta posição oferece contato
estimulante da raiz do lingan com a yoni. Shakti, aqui, comporta todo o peso de Shiva, por isso essa posição
não é ideal para todos os casais.

A próxima categoria de posições tântricas e hindus é o Tiryak, ou posições de lado que são relaxantes
para ambas as partes.

Karkata Bandha
Os dois deitam-se de lado com Shiva entre as coxas de Shakti; enquanto as pernas dela entrelaçam o
corpo dele, tornando mais fácil o movimento. Shakti pode ajustar a posição de forma que o clitóris fique em
contato direto com a pele quando se movimentam.
Lata Asana
Podem deitar-se de lado ou ficar em pé. Shakti respira forte misturando sua respiração com a de Shiva.
Ela ergue as pernas até o ombro dele, isto permite maior penetração e excitação. Os dedos de Shiva acariciam
cabelos, braços e pernas.

Postura sentados
As posições sentadas contribuem para a meditação e visualização. Os amantes devem permanecer
tranqüilos, mas alertas a qualquer nuança de participação e prazer. Não é necessário ficar sentado o tempo
todo. Elas podem ser praticadas de forma mais suave, recostando-se em uma almofada.

Rati Ásana
Shiva senta-se com as pernas abertas. Shakti cobre todo seu lingan com seu corpo. Eles se entreolham
profundamente; suas bocas unem-se, suas línguas misturam-se.

Chanchala Ásana
Shiva senta-se com os pés no chão. Shakti, de costas para ele, senta-se em seu lingan com suas pernas
encaixadas em suas pernas. As mãos de Shiva estão livres para tocar-lhe os seios e o clitóris.

Vaidhurit Ásana
O casal sentado entrelaça as pernas para acrescentar a sensação de unidade. É, sem dúvida, uma das
melhores posições para a prática de maithuna.
Sanyaman Ásana
Shakti coloca as pernas no alto da cintura de Shiva, enquanto ele segura o pescoço dela em suas mãos.
Em cada mudança de ângulo das pernas de Shakti, variam as sensações.

Ekadhari Ásana
Para iniciar esta posição, Shiva senta-se na cama, recostando-se confortavelmente, com suas pernas
abertas. Shakti, de costas para ele, agacha-se, com as pernas abertas e delicadamente acomoda-se sobre o
lingan. Os parceiros se mexem à vontade. A mão de Shiva fica livre para estimular os mamilos e o clitóris de
Shakti e ela pode massagear a próstata de Shiva.

Posturas em pé
As artes Indiana, Nepalesa e Tibetana, incluindo esculturas em pedra, bronze e pinturas, mostram muitas
variações de relações sexuais em pé.

Hari Vikrama Bandha


Shakti está em pé olhando para Shiva, uma perna dela no chão, a outra erguida e apoiada sobre alto da
coxa de Shiva. A barriga e os seios colados nele e a cabeça meio para trás. Se Shiva for mais alto do que a
Shakti, ela deve subir um degrau.
Yoni Ásana
Shiva está em pé com as pernas afastadas, segurando Shakti pelos pés ou nádegas e ela entrelaça as
pernas em sua cintura. Ele pode encostar-se em uma parede, ou deitar sua parceira para concluir a posição.
Divindades nessa posição são pintadas em bandeiras para decorar paredes de templos do Nepal e no
Tibet, desfrutando da alegria do êxtase.

Bandara Asana
Shakti ajoelha-se e coloca as mãos no chão, enquanto Shiva está em pé sobre e atrás dela.
Ele abre as duas luas das nádegas e penetra-a, com delicadeza. As mãos dele estão livres para massagear
os mamilos ou estimular o clitóris.

Gajasawa Ásana
Shakti deita na cama de bruços, com uma almofada sob a região da bacia e as pernas abertas. Shiva deita-
se sobre ela, flexionando suas costas para cima, apoiando-se sobre os braços e com seus quadris para baixo.
Assim ele sente a maciez das nádegas que ela impulsiona. Como essas posições "por trás" nem sempre
permitem que o lingan toque o clitóris, elas são melhores praticadas quando para terminar o maithuna, no
momento em que Shakti esteja bem excitada e facilmente orgástica.
Shiva ou Shakti podem também estimular o clitóris com as mãos.
Purushavita Bandha
Richard Burton diz que "esta posição é considerada um grande horror por algumas escolas radicais
muçulmanas, que dizem: “maldito seja aquele que se fez a terra e o céu”. Terra aqui é Shiva deitado e Shakti
erguida. O reverso é uma realidade dos tântricos, que mostram isso em pinturas mais do que qualquer outra
posição. Esta posição é a favorita da deusa Kali de copular com Shiva, segundo os mitos hindus. É,
particularmente, minha posição predileta ao fazer amor.

Viparata Ásana
Shakti deita-se sobre Shiva também deitado de costas. Ela aperta suas pernas juntas e movimenta-se para
frente e para trás, devagar no início, para erotizar a ambos, e depois mais rápido. Shiva desenvolve
movimentos circulares com os quadris, proporcionando mais prazer. A Shakti além de com as mãos poder
tocar suas costas e estimular seus Chakras.

Posições tântricas clássicas


Essas técnicas, são as mais ensinadas por mestres tântricos, são as consideradas clássicas, pois fornecem
movimentos relaxantes, controle orgástico por não serem altamente eróticas e nem conter movimentos de
vaivém e têm um forte impulso de veneração de Shakti. “Qualquer união sexual é sagrada, seja ela humana
ou animal. Ela reproduz o ato criador supremo, a união dos princípios cósmicos Shakti – Shiva, causa do
Universo manifesto.” A. Van Lysebeth.
Purushávita
Shakti acima de Shiva controla nessa posição todos os movimentos. Apesar de Shiva poder se
movimentar, ele o evita e a adora (Puja) como manifestação do feminino. Shiva ou Shakti podem estimular o
clitóris e os seios, ou ainda trocar massagem na barriga, peito e rosto.

Sukhásana
Shiva sentado em chão macio recebe Shakti com as pernas cruzadas ou com as plantas dos pés se
encostando. Ambos os parceiros fazem toques amorosos e sensuais nas costas.

Upavishta-variação
Shiva senta-se em chão macio unindo as plantas dos pés, uma a outra, próximas ao períneo (sede de
Kundalinî) e acolhe Shakti em seu colo.

Tiryakásana
Shiva deita-se de lado e Shakti com a barriga para cima. Ambos enroscam as penas, deixando uma perna
de Shakti sobre o quadril de Shiva. O corpo dela fica perpendicular ao dele. As mãos acariciam, e não é
necessário muito movimento.

Janujugmásana
Conhecida como postura em X é altamente recomendada, pois permite controle orgástico e dos
movimentos de Shakti. Essa posição é tão antiga que o yogue belga André Van Lysebeth ensina: “Essa
posição de maithuna bem mostra quanto o tantrismo tem profundas raízes na pré-história indiana, e é
comovente evocar os casais de outras eras ao praticá-la hoje em dia”.
Não pense que porque mencionei um número limitado de posições sexuais, há algum limite para os
tântricos.
Tenha em mente que o Tantra é liberação. O Tantra dá a você permissão (liberdade) para pensar, sentir e
ser erótico, bem como para desenvolver suas próprias variações e rituais. Seja criativo.

* SHAKTIS NA VISÃO TÂNTRICA


Essa classificação é correspondente aos quatro elementos da natureza (não se refere a elementos
astrológicos), fazendo uma distinção dos tipos de mulher.

PRITHIVÍ SHAKTI - SHAKTI TEMPERAMENTO TERRA


É a parceira mais ligada aos valores e pré-ocupações materiais e familiares, portanto muito pouco dos
seus desejos são de natureza sexual. Em princípio, são pessoas reprimidas e recalcadas que buscam somente
a suposta “segurança” dos envolvimentos, mas o prazer não é valorizado. O ato sexual com essa parceira
requer muita paciência e uma dose de imaginação, pois ela é cheia de “pudores”, medos, muitas vezes
timidez e dificuldade em alcançar o orgasmo, a não ser com estimulação oral.
Normalmente, é uma parceira ciumenta ou que não se cuida, não se faz sedutora. Nas posições sexuais
prefere ser dominada e ficar por baixo.

APAS SHAKTI - SHAKTI TEMPERAMENTO ÁGUA


Muito sensível e receptiva, pode ser uma amante agradável ou se perder nas próprias águas (sentimentos)
e ser uma pessoa pessimista e depressiva. Teme intimidade física e tem valores “moralistas”, além de
possível timidez. Dificilmente toma as iniciativas e não há dinamismo em seus movimentos sexuais.

AGNI SHAKTI - SHAKTI TEMPERAMENTO FOGO


É a companheira ideal para quem quer muita ação e iniciativa. Seu corpo literalmente dança, é solto, flui
e é flexível; ela se cuida, é perfumada, sensual, atraente e não tem possessividade alguma. É capaz de tudo e
mais um pouco. Desinibida, cheia de energia, toca cada parte do parceiro com adoração e carinho. Sua
disposição contagia. A maioria de minhas parceiras para o maithuna foi escolhida pela energia fogo. Desperta
o desejo até de um zumbi. Estão quase sempre de bem com a vida e descomplicam tudo. Nos atos sexuais
escolhem as posições e normalmente escolhem aquelas em que ficam por cima. Dentro do Tantra é a
parceira ideal.

VAYU SHAKTI - SHAKTI TEMPERAMENTO AR


É a Shakti que tem a sexualidade no corpo e na mente. Muito romântica e cativante só não tem tanta
energia como a Shakti Fogo. É muito brincalhona e sempre uma criança.
Harmoniosa ao se vestir e seduzir. Precisa de certo estímulo e é relativamente controladora. No ato sexual
precisa conversar, trocar experiências sobre as posições sexuais e se molda aos interesses do parceiro.

* FORMAS SEXUAIS
Omar Garinson em seu conhecido livro “A Yoga do Sexo” nos oferece 6 possibilidades ou níveis de
maithuna.
• 1º nível – Smarnanam: é a visualização ou imaginação de um ato sexual.
• 2º nível – Keli: manter-se na companhia do sexo oposto, ou da parceria amorosa, observando atitudes,
gostos e maneiras do outro.
• 3º nível – Guhyabhashanam: é a palavra gentil e amorosa. Conversar sobre amor e sexo. Durante o
maithuna, você poderá permanecer em silêncio ou não. No dia-a-dia declarar amor é parte importante do
tantra, lembre-se que “Os iluminados ensinam que Deus é amor; portanto falar de amor é falar de Deus”.
• 4º nível – Samkalpa – Grande desejo de manter relação, tocar, beijar, acariciar.
• 5º nível – Prekshenam: massagem, carícia ou namoro. O iniciado em Tantra sempre perguntará a sua
parceira como e onde ela gosta de ser tocada.
• 6º nível – Kriyanishpatti: ato sexual completo – maithuna.

* ABSORÇÃO MÚTUA
Os tântras e textos ancestrais do Hatha Yoga nos ensinam a mística de “absorver o equivalente do seu
parceiro” em todas as uniões que envolverem emissões de sucos vitais. É a absorção consciente das secreções
femininas ou masculinas já alquimizadas. Essa técnica é ensinada em seminários de maithuna, devido a seu
aspecto iniciático secreto e a necessidade de muito treino para, por exemplo, com o lingan absorver o sêmen
já transmutado da yoni feminina.
* MENSTRUAÇÃO
Como escola desrepressora o Tantra ensina que fica a critério dos parceiros ter ou não relações sexuais no
período menstrual. Conversem bem sobre isso. Uma maneira interessante de namorar para os que têm
vergonha é amarem-se dentro de uma banheira de espumas. Na menstruação a Shakti personifica Kali, a
deusa das mudanças de ciclos.
“O adepto tântrico deve olhar uma Shakti menstruada com reverência e admiração. Ela é a
personificação viva de Kali, o poder da transcendência; seu sangue menstrual (Khapushpa) é a essência
florida de toda a feminilidade, o próprio sangue da vida. Possuidor de qualidades sobrenaturais, é uma
potente força rejuvenes-cedora e transformadora, purificando todos os venenos através de seu fogo
alquímico. Realizando ritos sexuais com uma Shakti menstruada, o adepto pode mais rapidamente avançar
em seu caminho para a Libertação.” Kaula Tantra
“A menstruação acontece por apenas alguns dias, e Deus desejou que ela fosse usada para purificar e
limpar totalmente o útero. Quando ela termina, a Shakti está melhor do que antes.”
Shaykh Nafzawi

* A RETENÇÃO - URDHAVARRETAS
A retenção orgástica (energia nervosa do orgasmo masculino, e em alguns casos, feminino) constitui
prática fundamental dentro do maithuna.
Em várias escolas tântricas, podemos observar tendências diferentes em relação a ter o orgasmo ou não.
A linhagem kaula, que muito aponto nesse livro, segue uma tendência na questão orgástica de madhyamika –
caminho do meio – assim, aceita tanto a prática com ou sem orgasmo, ou seja alguns dias ou semanas tenha o
orgasmo final, outros não.
De toda forma, para os praticantes iniciantes é fundamental a retenção orgástica por um período, o que
aumentará o prazer final de forma abismal. Esse é um dos segredos tântricos: Aumento da energia sexual na
fricção dos genitais por um longo período de contato sexual sem orgasmo. Alguns tratados ensinam que o
ideal é o acúmulo da energia orgástica, orgone ou Kundalinî, e não o controle seminal. Algumas escolas
ensinam o contrário, que o tântrico deve reter a ejaculação de toda forma. Afirmam que o sêmen é força vital
pura e deve ser mantida. O objetivo do coitus reservatus é fazer o sêmen se transformar em ojas, uma energia
que ativaria os Chakras superiores (ûrdhva-reta, o sêmen em elevação).
Apesar de opiniões diferentes cabe a você, leitor, praticar e chegar a uma conclusão.
Ensina Datatreya, meu iniciador primeiro no Tantra que:
“O homem comum busca somente o relaxamento do gozo sexual, o orgasmo depois de dez minutos que é
ejaculação precoce para o praticante tântrico.... Pratique sem medo, traumas e de forma lenta e meditativa...
Não tenha pressa... E o maithuna transforma os praticantes em divindades vivas”.
A retenção – a sustentação do prazer por longo tempo – permite a consciência corporal, a tranqüilidade
da mente, o estímulo do hemisfério direito cerebral, o aumento de energia e, conseqüentemente, da saúde.
Haverá um aumento da libido e da produção de hormônios e endorfinas que reduzem o aparecimento de
doenças, dores, desânimo, stress, depressão, medo e outros distúrbios.
Toda prática tântrica, que inclui a retenção, deve ser realizada aos poucos. Vá gradualmente aumentado o
tempo de retenção.
Observe que isso não é difícil. É bom mudar alguns paradigmas:
Muitas pessoas me falam que é impossível se iluminar com práticas tântricas ou não, e muito difícil reter
orgasmo. Mentira! Praticar retenção é muito mais fácil do que parece. Iluminar-se mais ainda. Aliás, todos já
são em Purusha – essência, iluminados. O maithuna mostra-lhe isso. Aceita quem você é. “Não de deve
lançar esta ‘cânfora’ (sêmen) casualmente. É nesta substância que os iogues têm a sua origem. Sua natureza
é a do Supremo Prazer. É indestrutível e saboroso, tão difuso quanto o céu.” Hevajra Tantra

Dicas para a retenção orgástica durante o ato sexual


• Faça amor mesmo quando não houver muita excitação inicial.
• Não se deixe excitar demais durante o maithuna. Relaxe.
• Respire profundamente com retenção longa de ar nos pulmões.
• Regule o ritmo de seus movimentos.
• Retiradas parciais do lingan.
• Toque profundo na região entre o ânus e o escroto.
• Contração demorada do ânus com retenção de ar.
• Visualize os Chakras girando no sentido horário (como se estivessem colados em seu corpo).

Procure praticar retenção durante 30 minutos no 1º dia, uma hora no 2º, duas horas no 3º, e ir aumentando
gradativamente, evitando assim, sensibilidade exagerada na yoni feminina e dores nos testículos de Shiva.
TÉCNICAS TRADICIONAIS DE RETENÇÃO
1. Mula Bandha: Contração dos esfíncteres do ânus e da uretra por longos períodos de tempo (contraia
todo o assoalho pélvico) essa técnica se assemelha ao pompoarismo, que é uma parte absolutamente mínima
do amálgama tântrico e virou moda entre leigos e curiosos ocidentais. Os iniciados podem fazer a contração
de acordo com os batimentos cardíacos.
2. Jiva Bandha: Consiste em colocar a ponta da língua próximo ao palato mole e a garganta, e empurrá-lo
para cima.
3. Trataka: Olhar (de pálpebras fechadas) o Ájña chakra, 3º olho, no centro da testa ou fixar o olhar
aberto num ponto fixo. O ideal é a chama de uma vela.
4. Jalandhara Bandha: Encostar o queixo relaxado contra o peito.

O Vigyan Bhairav Tantra é uma escola que ensina 64 técnicas meditativas adiantadas que podem ser
realizadas tanto na prática do maithuna como em meditações solitárias. Segue as que mais pratiquei:

1. Observe o intervalo ou o ponto de mudança entre duas respirações.


2. Coloque sua atenção no momento da fusão das respirações.
3. Não tome os pensamentos como pessoais. Só observe-os.
4. Olhe amorosamente para o que quer que seja.
5. Observe com toda atenção qualquer sensação de seu corpo, seja dor, prazer, calor frio etc.
6. Olhe para o seu passado ou futuro sem identificar-se com eles.
7. Olhe para todas as mudanças de humor.
8. Fique como morto, absolutamente imóvel.
9. Torne-se a própria carícia em si ou no seu amado.
10. Sugue uma parte da sua parceira e torne-se o sugar.
11. Sente-se ou deite-se sentindo-se sem corpo.
12. Observe com plena atenção sua coluna vertebral.
13. Coloque sua atenção no Ajna Chakra.

Osho nos deixou 4 volumes interpretando o Vigyan Bhairav – os livros chamam-se “O Livro dos
Segredos” da editora Imago e eu os recomendo.
“Ele deve reter a respiração e contrair o baixo-ventre..., deve pressionar o calcanhar contra a base (o
escroto e a língua contra o céu da boca ). Concentrando seus pensamentos oscilantes e controlando a
respiração, evitará que o sêmen seja liberado. Assim que deve se praticar o Yoga da liberação.”
Chandamaharosana Tantra

“No momento em que o Shiva está para ejacular deve levantar a cabeça e prender a respiração. Com um
olhar zangado e revirando o olho da esquerda para a direita, deve contrair o estômago, fazendo o sêmen
retornar e penetrar-lhe as veias. Esta excelente prática tem o efeito de melhorar a visão e fortalecer o
espírito.” Yu-Fang-Pi-Chuh

* VISUALIZAÇÃO
Pode-se imaginar durante todo o maithuna a elevação de Kundalinî. Imagine que pela coluna vertebral
sobe, vindo do muladhara chakra uma forte corrente de energia laranja, que quando chega ao ajnã chakra,
torna-se uma linda flor de lótus aberta na cor violeta.

Quanto mais se permanecer em excitação durante o maithuna, mais se produzirá a energia que levará
Shakti Kundalinî aos chakras superiores. Mesmo se no final da prática houver a ejaculação, não há
necessidade de se culpar, pois já houve o prolongamento da excitação e o prazer foi maior.

* MEDITAÇÕES
“Há metafísica o bastante em pensar em nada. Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma e sobre a
criação do mundo? Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos e não pensar.” Fernando Pessoa
Após a prática do maithuna, o casal poderá fazer alguma técnica de meditação. Poderá ser juntos ou
separados. As técnicas que sugiro são: Meditações do mestre Osho: Nataraj, Kundalinî ou uma variação do
Shiva Netra. O mantra Om Srí Gam, o Giro Tântrico ou a Massagem tântrica. Leia sobre outras fantásticas
meditações no livro: Meditação, a Arte do Êxtase, de Osho. Editora Cultrix.

SHIVA-NETRA (A MEDITAÇÃO DO AJNÃ CHAKRA)


Uma vela deve ser usada para esta prática. A meditação dura em média 30 minutos e tem dois estágios
que devem ser repetidos. A técnica pode ser utilizada ao final do maithuna com o casal compartilhando ou
não a mesma chama da vela.
• Primeiro Estágio: Sente-se e observe a chama da vela com o olhar relaxado. Pode-se piscar sem
perder a concentração.
• Segundo Estágio: Fecham-se os olhos e, lentamente, oscila-se de um lado para o outro como se fosse
uma árvore que o vento movimenta. Repita algumas vezes o primeiro e o segundo estágios.

Yab-Yum: Exercício meditativo de divindades copulando;


Shiva e Shakti unidos num abraço extasiante.

MEDITAÇÃO KUNDALINÎ
É a técnica de meditação que envolve dança e movimentos de chacoalhar. É minha técnica predileta de
êxtase. Ela deixa o praticante muito sedutor, pois sua aura energética transpira sensualidade. Aos 16 anos
realizei essa técnica do mestre Osho com o meditador de nome Setu e nunca mais a abandonei. Costumava na
adolescência fazer Kundalinî antes de sair para paquerar, e seus efeitos eram facilmente sentidos. Kundalinî
movimenta os Chakras, estimula a libido, deixa o corpo solto. Osho comentava sobre a técnica: “Muita
energia Kundalinî despertará em você. Sentirá a vida pulsando e vibrando. Após a energia ser despertada
pelo chacoalhar, a dança é útil para fazer a energia se movimentar pelo corpo e retornar ao universo, a
existência. Então o silêncio segue-se, a quietude segue-se”.
• 1º Estágio: Aproximadamente por 15 minutos sacuda, chacoalhe todo o seu corpo. Comece pelas mãos
e pés e depois mexa tudo. Seja completo no chacoalhar, movimente, envolta todo seu ser no movimento.
• 2º Estágio: Durante 15 minutos ou mais, simplesmente dance, celebre, viva, goze o momento. Dance
para você, pouco importa se você julga o movimento bonito ou não, seja original e deixe os movimentos
fluírem. O mestre Zaratustra disse: “Não acredito em um Deus que não saiba dançar”. Eu também não.
• 3º Estágio: Sentado, fique imóvel, voltando a atenção a alguma música suave que deve estar tocando.
• 4º Estágio: Sentado ou deitado, apenas observe suas sensações corporais e/ou seus pensamentos.
Observe sem nenhum envolvimento.
“A visão total é tão clara que o indivíduo não pode mais que rir, e até em aparência ser irreverente,
quando vê a fantástica superestrutura de superstição e mistério que se há erguido em torno da simplicidade
elementar que é a verdade.” Sri Nisargadatta Maharaj

NATARAJ – DANÇA DE SHIVA


• 1º Estágio: Simplesmente dance como um ser possuído pela dança. Faça seus movimentos, crie, solte-
se, seja original.
• 2º Estágio: Sente-se em silêncio e observe seu corpo e seus pensamentos.
• 3º Estágio: Volte a dançar por alguns poucos instantes em profunda celebração e gratidão.

* FINALIZAÇÃO DA LITURGIA
Após a prática da meditação ou do ato sexual evita-se o desinteresse das trocas carinhosas. Saborei o
final, acariciem-se brinquem e não saiam voando em direção a um banho ou à tv.
O maithuna costuma energizar o casal, portanto, na maioria das vezes há necessidade de cada um virar
para um lado e dormir.
Fiquem deitados juntos em concha ou com os genitais unidos mesmo sem a excitação de Shiva ou ainda
utilize a energia do maithuna para atividades criativas.
Quando uma Shakti estiver cansada, deve colocar a testa na do amante e descansar, sem perturbar a
união de seus órgãos sexuais. Após ter descansado, Shiva deve virar-se e começar a fazer amor de novo. Se
os amantes passam algum tempo brincando e acariciando-se um ao outro no início, e também ao final do
amor, então seu êxtase e confiança aumentarão. Os jogos de amor aumentam o prazer. Kama Sutra.

Desejando dormir, certamente você dormirá em paz. Se necessitar de um relaxamento final para aquietar
as energias, pratique Shavasana: deite-se de bruços, inspire profundamente contraindo todo o corpo,
apertando as mãos, esticando as pernas e pés, tencionando o rosto e, após alguns instantes, relaxe todo o
corpo de uma só vez. Repita algumas vezes.

Apesar de tantas práticas aqui ensinadas tive a precaução de não colocar todos os segredos do maithuna,
pois algumas partes precisariam de uma preparação física que não pode ser ensinada através de livros.
Mesmo que alguém um dia escreva ou traduza os textos adiantados do maithuna, ainda assim sem a
iniciação e supervisão de um mestre, os rituais estariam incompletos. Isso acaba sendo uma proteção do
sagrado dos curiosos, não iniciados, místicos teóricos e especulativos. O que pode ser ensinado, você
encontra neste livro.
Que suas práticas sejam abençoadas por todos os Budas.

* AUTO-INICIAÇÃO NA EGRÉGORA TÂNTRICA E HINDU


Esta técnica ritualística tem muita força e pode substituir – quando não houver – um guru ou iniciador.
Observe atentamente as instruções abaixo, para fazer a auto-iniciação somente uma vez.

Diariamente, milhares de praticantes do Tantra e do hinduísmo no mundo todo trabalham com uma
corrente de pensamentos que envolvem todo o planeta. Essa prática é somada durante 20 minutos por dia,
durante milhares de anos, produzindo efeitos variados. É a egrégora oriental tântrico.
Em sua primeira prática, você estará realizando um ritual de iniciação. Nas vezes seguintes, poderá
recolher-se todos os dias que desejar e estabelecer contato com a egrégora da seguinte maneira:
• Escolha o mantra de sua preferência. Exemplo: Om Sri Klim (que trabalha o afetivo e o silêncio).
• Pontualmente, às 20:50h., recolha-se a um local tranqüilo e sereno, onde não seja incomodado. Sente-se
de frente para o Oriente. Utilize-se dos quatro elementos acendendo uma vela (fogo), um incenso (ar),
colocando perto de você uma flor plantada num vaso ou uma pedra (terra) e um copo de água (água). Faça
várias respirações profundas abdominais ou a respiração completa, caso domine essa técnica.
• Olhe fixamente para o símbolo do Om (yantra) a seguir, que será seu protetor astral e conector com a
egrégora.
• Até as 21 horas, pontualmente, entoe em voz baixa o mantra Om, durante dez minutos como segue:
“Oooommmmmm... Ooooommmmm... Ooooommmmmmm...”
• Durante esses dez minutos, enquanto utiliza o mantra Om com muita atenção, dirija seu pensamento às
egrégoras de auto-suficiência, compaixão, amor e consciência das escolas tântricas, enfocando saúde, amor,
poder, prosperidade e excelência. Visualize esse pensamento como uma luz azul-índigo que sai de sua testa
em direção ao símbolo do Om (yantra) e o envolve. O yantra, por sua vez, filtra e remete essa vibração até as
egrégoras.
• Às 21 horas, interrompa a vocalização do mantra e comece a mentalizar que do símbolo do Om parte
um foco de luz azul-índigo que toma conta de sua aura e penetra seu corpo físico, proporcionando-lhe tudo
aquilo que você deseja e necessita. Do mesmo modo em que emitiu energia para as egrégoras, receberá a
energia do que mentalizar, no período das 21 horas até as 21:10h.
• Às 21:10h. feche a egrégora desse exercício místico, pronunciando as seguintes palavras:

“Que os mestres do Tantra e do hinduísmo me dêem o prazer auspicioso da minha iniciação (e, em outras
práticas, o que tiver mentalizado). Que assim seja. Om Sri Klim (pronuncia-se Om Xiri Klimmmm)”.
Repita o mantra Om Sri Klim no mínimo 108 vezes. Se preferir, utilize-se de outro mantra tântrico para
fazer a auto-iniciação.
A partir desse momento você é um auto-iniciado no Tantra e no hinduísmo e sempre poderá utilizar o
mantra Om Sri Klim para suas práticas.
“O yogue que aspira à qualidade de yogue (yogitva), mas não foi iniciado, é semelhante a Shiva que
cerra o punho para o céu e bebe a água de uma miragem.” Kriyá – Samgraha – Panjikâ.

Yantra do Om
Epílogo
Fim das Buscas

Em 2003, após praticar insistentemente ocultismo, budô, Yoga, esoterismo, xamanismo e, claro, tantra,
sentei-me com dois iluminados, Satyaprem e Monja Coen e, finalmente, encerrei minhas buscas.
Será que a prática do tantra-maithuna foi uma etapa para o reconhecimento de quem sou? Buda sentou-se
em silêncio até se iluminar e um discípulo questionou: “O que você praticou?”. Ao que Buda respondeu:
“Nada, não fiz nada, só observei”. Será que não bastaria eu ter apenas me sentado em silêncio, como fez
Buda? Seria preciso praticar tanto? Nunca saberei. E, como dizia o mestre Rinzai, quando perguntado o que
fez para reconhecer sua iluminação, respondeu: “Não há ninguém aqui que se importe com isso agora”.
Hoje pratico técnicas tântricas, não mais buscando experiências místicas, iluminação, ou seja lá o que for,
pois nada mais precisa ser encontrado. Pratico pelo prazer de namorar, tocar e ser tocado, acariciar, amar, ter
orgasmos tântricos ou não, fazer minha Shakti feliz.
É uma outra visão do tantra. Faça por prazer, não esperando que algo aconteça.
O Buda Satyaprem ensina que “Então só há um caminho: parar a caminhada e descobrir. Você já chegou
lá, basta abrir os olhos”.
Agora digo-lhe: Se você tem um corpo. Divirta-se nele. O corpo foi feito para sentir assim. Sinta!
Osho sempre disse: “Play the game” – jogue o jogo de estar nesse mundo e celebre. Não há prazer maior
que o orgasmo, assim... Encerro esse livro com o texto de Ken Wilber, baseado nos ensinamentos do
Iluminado Ramana Maharshi. Se você não entender esse texto, nada posso fazer por ti. Se entender, não é
necessário que ninguém faça nada por você.

Quem sou eu?


Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.
Eu posso ver e sentir meu corpo,
E o que pode ser visto e sentido não é o verdadeiro Vidente.
Meu corpo pode estar cansado ou excitado,
Doente ou saudável, pesado ou leve,
mas isso nada tem a ver com meu Eu interior.
Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.

Eu tenho desejos, mas eu não sou meus desejos, eu posso conhecer meus desejos,
e o que pode ser conhecido não é o verdadeiro. Conhecido.
Desejos vêm e vão, flutuando através de minha percepção,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho desejos, mas não sou desejos.

Eu tenho emoções, mas eu não sou minhas emoções.


Eu posso sentir minhas emoções,
e o que pode ser sentido não é o verdadeiro Senciente.
As emoções passam através de mim,
mas elas não afetam meu Eu interior.
Eu tenho emoções, mas eu não sou emoções.

Eu tenho pensamentos, mas eu não sou meus pensamentos.


Eu posso conhecer e intuir meus pensamentos,
E o que pode ser conhecido não é o verdadeiro Conhecedor.
Pensamentos vêm a mim e pensamentos me deixam,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho pensamentos, mas não sou meus pensamentos.

Eu sou o que permanece, um centro puro de percepção,


uma testemunha impassível de todos esses
pensamentos, emoções, sentimentos e desejos.

Amor e Silêncio
Otávio Leal (Dhyan Prem)
Aqui e Agora – eternamente
Glossário
Aghorî: escola secreta tântrica.
Ai kidô: arte marcial de origem japonesa conhecida como harmoniosa.
Ai-dô: pratica marcial japonesa que se utiliza espada, prática dos samurais.
Ájña: nome do chackra frontal (no centro da testa).
Anáhata: nome do chackra cardíaco.
Ánanda: felicidade, bem aventurança, benção divina.
Ananda mahasukha: êxtase, prazer.
Anga: partes, divisões.
Anima: aspecto ou forma.
Animus: aspecto ou forma.
Annasakti: não apego.
Ásana: posturas físicas executadas no yoga.
Átman: o si mesmo, o que é imortal.
Ayurvédica (ayurveda): medicina védica.
Bíja: mantras semente que ativa os chackras.
Brahmá: deus na mitologia hindu é o criador.
Chakra: roda, centros energéticos.
Chandra: lua.
Chéla: aprendiz, discípulo.
Chi-kun: exercícios físicos e respiratórios chineses.
Dakshina tantra: tantrismo da mão direita.
Dharma: caminho social, lei humana.
Ganesha: deus hindú da prosperidade.
Gupta vidya: conhecimento secreto.
Hara: nome japonês do centro energético que situa-se na barriga.
Harappa: antigas cidades hindu onde encontramos a origem do yoga e do tantra.
Idá: canal energético que sobe ao longo da coluna desde o múládhára chackra até a narina esquerda. Sua
polaridade é negativa.
Íshwara(íshvara): senhor, um dos nomes do yôgis.
Jihva bandha: trava da língua no palato mole.
Jíva: homem vivo, ser vivo.
Káma-sutra: texto hindu de etiqueta sexual.
Karma: ação, fazer. Lei de ação e reação.
Kaula: escola tântrica fundada por metyedranatha.
Kriyá: limpeza e purificação do organismo. É também um ramo do yoga.
Kunda: casa da kundalinî.
Kundalinî: energia primordial, sexual.
Leela: brincadeira divina
Linga ou lingam: pênis, Bastão de Luz, símbolo masculino de força vital e a shiva.
Madhyamika: caminho do meio, centro.
Maithuna: ato sexual ou matrimônio sagrado tântrico.
Manas: mente, pensamento
Manipura: centro energético situado no plexo solar.
Mantra: sons utilizados para disciplinar a mente.
Mohenjo: dharo: uma das antigas cidades hindu que originou o tantra
Mudrá: gestos simbólicos com as mãos ou com o corpo.
Múládhára: centro energético situado na base da coluna.
Nádí: canais por onde flui energia (ki)
Nyása: direcionar a energia para qualquer parte do corpo dentro do ritual tântrico.
Om: mantra semente do Ájña chackra. Símbolo do hinduísmo e do yoga.
Paçu: pessoas que estão “dormindo”, sem consciência, segundo osho o robopata social.
Pashupati: senhor dos animais
Pingalá: canal energético que sobe pela coluna da muladhara ate a narina direita, sua polaridade é positiva.
Prakriti: a energia primeira, procriadora.
Pránáyáma: exercícios de respiração, controle do prana
Prônam mudrá: gesto simbólico de unir as mãos palmas contras palmas na altura do peito, é conhecido
como gasho no japão.
Pújá: oferenda de energia adoração.
Púrusha: átma ou alma, consciência pura, monada
Sádhaka: homem ou mulher praticante de yoga e ou tantra.
Sádhana: prática ou ritual de yoga ou tantra.
Sádhika: mulher praticante de yoga e ou de tantra.
Sadhu: praticante tantrico que vive nas montanhas ou cavernas.
Sahásrara: chakra do alto da cabeça.
Samádhi: iluminação. Consciência de quem é você.
Samyama: a união de concentração (dháráná), meditação (dhyána) e consciência (samádhi).
Sannyas: renúncia ou aproveitamento máximo dos aspectos mundanos seja sexo, dinheiro, diversões,
família, etc... Também é a mudança de nome como um símbolo de renascimento ao mestre que lhe deu o
novo nome.
Sansara: mundo das ilusões.
Self: centro imutável do ser. Aquilo que não pode ser melhorado ou piorado corresponde ao purusha
tantrico.
Shaivas: seguidores de shiva.
Shakta: linha de tantra devocional
Shaktí: nome da esposa de shiva. Energia feminina criadora.
Shastras: escritura sagrada dos hindus, pertencente a uma escola filosófica ou científica.
Shiva: no tantra corresponde à essência. É também o criador mitológico do yoga.
Siddhid: poderes paranormais que o praticante de yoga adquire com a hiper consciência.
Súrya: sol.
Sushumná: a nádí corresponde à medula espinhal.
Swádhistána: o 2º centro energético localizado logo abaixo do umbigo.
Swásthya: auto-suficiência, saúde. Escola de yoga.
Tai-chi: prática corporal de origem chinesa de movimentos leves e flexíveis que estimulam a saúde e
longevidade.
Trayati (traya): triplo.
Upanishad: coleção de textos sagrados do hinduísmo.
Vêda: antigas escrituras sagradas hindus. São quatro os números de vedas: rig, yajur, sama e atharva.
Vishnu: deus hindu da conservação.
Vishuddha: chakra da garganta.
Yantra: símbolo, figura ou instrumento geométrico utilizado na prática de meditação.
Yoga: união; segundo mestres tradicionais é qualquer método prático que te mostre a iluminação. Prática
física.
Yoni: órgão sexual feminino.
Bibliografia
Tantra, o culto da feminilidade; André Van Lysebeth, Summus Editorial, 1991 – São Paulo
Alimentação Vegetariana: chega de abobrinha; Mestre De Rose, Ed. Nobel, 2004 – São Paulo
A Era dos Reis Divinos; Editores de Time – Life Livros, Abril Livros, 1991 – Rio de Janeiro
Tantra, A Yoga do Sexo; Omar Garrison, Ed, Nórdica, 1964 – Rio de Janeiro
Introdução ao Tantra; Murillo Nunes de Azevedo, Ed. Pensamento, 1985 – São Paulo
A Arte da Magia Sexual; Margo Anand, Ed. Campus, 1996 – Rio de Janeiro
A Arte dos Pajés; Orlando Villas Bôas, Ed. Globo, 2000 – Rio de Janeiro
A Arte do Sexo Tântrico; Nitya Lacroix, Ed. Vitória Régia, 1997
Sexo Tântrico – Como Prolongar o Prazer a Atingir o Êxtase Espiritual; Cassandra Lorius, Ed. Ediouro,
1999
O Livro dos Segredos; Osho, Ed. Ícone , 2000 – São Paulo
Tantra – Sexualidade e Espiritualidade; Georg Feuerstein, Ed. Nova Era, 2001 – São Paulo
A Tradição do Yoga, Georg Feuerstein, Ed. Pensamento, 2003
Yoga, Sámkhya e Tantra; Mestre Sérgio Santos, Martin Claret – Uni-Yoga, 1995
Yoga: Mitos e Verdades; Mestre de Rose UniYoga, 1992 – São Paulo
Yoga – Inmortalidad Y Liberdade, La Pléyade; Mircea Éliade, Buenos Aires
Shakti and Shakta, Kier; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
Princípios del Tantra, Kier; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
El Poder Serpentino; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
Sylvain Levi: On Tantrik Fragments From Kucha; Indian Historical Quaterly, 1936
A Inteligência Hormonal da Mulher; Dr. Eliezer Berenstein,Ed. Objetiva, 2001
A Visão Tântrica; Osho, Ed. Madrás, 1998
Faça Yoga Antes que Você Precise; Mestre De Rose, Ed. Martin Claret, 1994
Segredos Sexuais; Nik Douglas e Penny Slinger, Ed. Record, 1979
Hiperorgasmo, uma via Tântrica; Mestre De Rose, Ed. Martin Claret, 1998
Shiva e Dionísio, a Religião da Natureza e do Eros; Alan Danielou, Ed. Martin Fontes, 1979
A História do Yoga; Pedro Kupfer, Ed. Dharma, 1997

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