Maithuna - Sexo Tântrico - Otávio Leal (Dhayn Prem)
Maithuna - Sexo Tântrico - Otávio Leal (Dhayn Prem)
Maithuna - Sexo Tântrico - Otávio Leal (Dhayn Prem)
Sumário ........................................................................................ 3
Prefácio ........................................................................................ 5
As Luzes na Escuridão ................................................................. 7
Tantra – Você não sabe o que está perdendo................................ 9
Dravidas – Um pouquinho da história tântrica ........................... 12
Minha iniciação no Tantra .......................................................... 21
Kundalinî-Shaktí – O poder da serpente .................................... 31
Técnica do Giro .......................................................................... 34
Chakras (por quem já praticou) .................................................. 35
Chakra Sentido Horário .............................................................. 36
Chakra Sentido Anti-horário ...................................................... 36
Conhecendo os Chakras ............................................................. 37
Mudrás – Gestos magnéticos e de poder .................................... 45
Principais mudrás tântricos ........................................................ 46
Chakra Puja – Técnica do Giro Tântrico .................................... 49
Visualizações Especiais .............................................................. 54
Massagem Tântrica: Estimulação dos Chakras e Erógena ......... 57
Prática – Massagem tântrica ....................................................... 58
Sete Corpos ................................................................................ 65
Ásanas – Mudrás com o Corpo (um pouco de Yoga) ................. 67
Yogue Tirumular de Tamil Nadu ............................................... 68
Maithuna – Porta para o Êxtase .................................................. 69
Angas – Partes da Liturgia ......................................................... 73
Descrição detalhada de cada posição ......................................... 79
Práticas do mantra Om – As sete formas tântricas ..................... 83
Epílogo – Fim das Buscas ........................................................ 123
Glossário .................................................................................. 125
Bibliografia .............................................................................. 128
PREFACIO
“Somos a metade de um continente
que se rompeu há muito tempo.
Vim cruzando os oceanos lentamente
movido a correnteza e vento.
Agora que nós vamos unindo,
sinto os ajustes de nossos litorais e estremeço.
Onde eu findo
Ai é o seu começo”.
Latner
O convite para prefaciar um livro passa pelo privilégio e o desafio, pois representa a necessidade de ler e
avaliar o livro antes do grande público.
Em especial este livro trata de tema controverso e apaixonante, além de estabelecer uma nova visão na
divulgação dessa arte milenar e de difusão hermética, que passou a ser conhecida entre nós a menos de um
século, portanto, recentemente.
O que me tranqüiliza nesta tarefa é o fato de conhecer o autor há duas décadas e saber de seu interesse,
sua capacidade de pesquisa e da sua preocupação em vivenciar o tema antes de emitir opinião. Otávio é
daquelas pessoas que estuda longamente, busca autores diferentes, participa de cursos, de treinamentos,
viagens e desafios que poucos se disporiam, e o faz por acreditar que assim é que nos tornamos atores e
autores de estudo.
Imputo ao ator características tais como: estudioso, dedicado, quase obstinado, ousado, pesquisador,
comunicador... e tudo com forte carisma!
O sexo tântrico e o maithuna, nos dias de hoje, em que todos os temas, mesmo os milenares e herméticos,
são comercializados, vulgarizados e desprezados, como tema de estudo e livro, só poderia ser dignificado por
alguém que dedica sua vida à difusão de artes e técnicas que melhorem o entendimento do bem viver.
A hora é de mudança e são poucos os que já enxergam saídas para se livrar do envelhecimento sem
gratificação, baseado em uma vida sem gosto e propósito, na qual até o sexo se banaliza, perde o senso, o
gosto e a razão.
Este texto visita a história por intermédio de mestres e autores diversos, passa por experimentos no
longínquo Oriente e retorna ao nosso meio permeado pela vivência do autor, que prega a delicadeza, a
ritualização e o amor como antídoto ao desânimo da atualidade.
Portanto, este é um livro para ser estudado com atenção e respeito – respeito a você mesmo –, praticado
com o(a) companheiro(a) amado(a), cuidando dos mínimos detalhes e ritos, para depois ser compreendido e
julgado.
Armando Austregésilo
Presidente da AMOR
Associação de Massagem Oriental
As Luzes na Escuridão
Meus mestres - Gratidão Eterna
“Existem muitos gurus, como lâmpadas que ardem em diversas casas; mas difícil de encontrar, ó Devî, é
o guru que ilumina todas as coisas como o Sol”.*
Gratidão eterna a Juliana (Krishna Priyah), Amanda e Marianita, sóis da minha existência.
“Existem muitos gurus que possuem a fundo o conhecimento sagrado revelado e os Shastras (escrituras
sagradas); mas difícil de encontrar, ó Devi, é o guru que chegou à Verdade Suprema”.*
Profunda gratidão aos mestres Osho, Satyaprem, Monja Coen, Dalai Lama e Ramana Maharshi. Todos
vocês apontaram em direção à única Verdade Suprema.
“Existem muitos gurus sobre a Terra que dão outras coisas que não o Si Mesmo; mas difícil de
encontrar em todos os mundos, ó Devi, é o guru que revela o Si Mesmo”.*
Gratidão a Diana Prem Zeenat que me fez olhar “Quem Sou”, olhando como você vê “quem é”.
“Muitos são os gurus que roubam o discípulo de sua riqueza, mas raro é o guru que elimina as aflições
do discípulo”.*
Agradeço a Armando Austregésilo e Katalina Fernandez Mera, que me colocaram no meu (não) caminho
sem aflições.
“É um verdadeiro guru aquele que, pelo contato, flui a suprema Bem-Aventurança (ânanda-felicidade).
Só a este, e a nenhum outro, deve o homem de inteligência escolher como seu guru”.*
Gratidão ao caminho do Tantra me foi transmitida por ti professor De Rose (1º professor de yoga),
Datatreya (a 1ª iniciação), Levi e Ananda Ram (iniciações na Índia), Georg Feuerstein e Harish Johari
(conhecimento), Gerson D´Addio (o Yoga levado a sério).
Gratidão ainda a todos esses amigos e cúmplices, sem vocês nada de prático seria possível: Edmilson
(Editora Alfabeto) Vladimir (no comando do computador, por entender minha letra e ser tão generoso);
Elemi (minha amiga e secretária, pela paciência); Miriam Morato e Luci (Mundial FM, pela abertura no
Rádio); A amigona Mirian que cuida das minhas deusinhas em forma de animal: Durga e Dhara (amo-as
como a Nicole e a Chandra – cara de lua); pelos desenhos de Fabinho, Claudia Defendi e Raquel (que coisa
linda fizemos, hein?); aos milhares de alunos da Humaniversidade Holística, uma escola de iluminação e
formação de alguns dos melhores terapeutas do planeta Terra e a todos os mestres da tradição tântrica,
gratidão eterna.
Antes de definir o Tantra, vou explicar o que ele não é e, quem sabe, quebrar crenças e paradigmas que
você possa ter em relação ao mesmo. Muito que se ouve, fala e escreve sobre tantrismo são distorções da
essência desta filosofia. Em geral, as abordagens são parciais, errôneas e delirantes, restritas somente ao
aspecto sexual.
Tantra não é somente sexo, não é Kama-Sutra, nem um místico prometendo orgasmo cósmico ou uma
suposta “casa de massagens” ou grupos de sexo grupal. Não é tara ou desvios sexuais. Talvez somente algo
em torno de 5% de todos os textos e ensinamentos tântricos é de contexto sexual. Neste livro é abordado o
maithuna – ato sexual tântrico, mas que fique bem claro: o Tantra não é somente sexo. O tantrismo não é
seita ou religião, apesar de estreitar as relações entre o homem e os aspectos sutis do Universo. Não é magia,
apesar de possuir rituais mágicos, e não possui nenhuma prática de sacramentos maléficos. Apesar de o
mestre Osho citá-lo muito, este hindu iluminado, no final de sua visita nesse planeta, apontava muito mais na
direção do zen do que do Tantra.
O Tantra não é voltado só ao prazer comum, orgástico. É, sim, encontrar o êxtase masculino e o êntase
feminino, conhecido como Ananda Mahasukha. É uma prática que não apresenta nenhuma contra-indicação
apesar de alguns livros escritos por leigos afirmarem isso. Pelo contrário, Tantra visa muita saúde, bem-estar,
alegria consciência e muito amor-próprio.
Tantrik ou Tantra é uma filosofia antigüíssima, originária da Índia e que busca o reconhecimento do
Purusha (Consciência, Essência, Espírito) através de métodos práticos e técnicos, como posturas físicas
(ásanas e Yoga), respirações, concentrações, cuidados com a alimentação, e um universo de técnicas que se
utiliza da vida como um todo de forma prazerosa e libertária. É a união de Purusha com Prakriti (matéria).
Como filosofia de vida prática e não especulativa não há energia gasta no “por quê” e sim no “como”; um
exemplo é em vez de se preocupar com o “por quê” do sofrimento, se busca o “como” ser feliz, daí o Tantra
é conhecido como uma filosofia comportamental que o estimula a saber quem você é, como ser feliz, livre,
energético e, dentro do possível, auto-suficiente. Encontramos várias linhas de Yoga e várias escolas
filosóficas comporta-mentais de origem tântrica.
O praticante de Tantra é chamado de sádhaka (homem) e sádhika (mulher) ou tantrika (ambos), e buscam
um modo de vida que oferece a transcendência, a iluminação (realização), pela alegria, arte e celebração.
Que sacraliza tudo da existência: homens, animais, natureza, dança, música, alimentos, perfumes, ciclos
naturais, coisas simples do cotidiano e também o sexo, que tem como base a vitalidade do prazer, da
brincadeira e do compartilhar. O sexo que leva ao carinho, à amorosidade, ao amor universal expresso no
companheiro(a); o sexo que leva à integração homem (Shiva) / mulher (Shakti), yin (energia feminina) / yang
(energia masculina; corpo / mente, pênis (lingan) / vagina (yoni).
O Tantra aponta em direção a tudo que é natural no ser humano, o contato com a natureza, a descoberta
do seu ser por meio do amor e do respeito ao próximo, a exaltação do companheiro em nível de deus/deusa
tudo com a maior naturalidade e desprendimento, sem tabus ou regras retrógradas e anti-libertárias.
A palavra Tantra tem a sua magia, ela instiga a imaginação do leitor, porque permanece guardada num
arquivo de memória de milênios, assim é um mantram (som metafísico, palavra de poder) a qual muitas
pessoas, ao ouvir a sua pronúncia sentem vibrar seu inconsciente coletivo, despertando interesse por esse
assunto.
Foi assim comigo. Grande parte da transmissão dos ensinamentos tântricos são feitos de forma de boca-
ouvido (Vakrat Vak Tantraram).
O termo Tantra vem do sânscrito, é uma palavra do gênero masculino e significa “teia”, crescer,
desenvolver (prefixo Tan), salvação, instrumento (sufixo Tra), origina-se dos termos tanoti (elevação,
expansão) e trayati (consciência). É aquilo que expande a consciência. Gosto muito da definição do yogue
belga André Van Lysebeth: Tantra é “um corpo de doutrinas e, principalmente, de práticas milenares ou
instrumento de expansão do campo da consciência comum, para alcançar a supra consciente, raiz do ser e
receptáculo de poderes desconhecidos, que o Tantra quer despertar e utilizar. Pode ainda designar doutrina
mística e mágica, ou obra nela inspirada”.
Para o famoso místico e yoguim Harish Johari, “o Tantra é como um belo rosário com suas inúmeras
contas. Um instrumento único, que permite a busca da expansão do físico, do mental e da vida espiritual do
homem e da mulher”.
Finalizando, cito a auspiciosa definição que o Iluminado Osho nos dá do Tantra:
“O tantrismo é uma busca experimental que visa eliminar o sentido ilusório e conflitual de ser um ego.
Separado, a fim de nos conduzir à consciência de nossa verdadeira realidade, que é eterna as nossas
energias físicas, sexuais e mentais, ensinando-nos a ver o caráter sagrado de toda a vida.
O Tantra é ciência pura. Você pode transformar a si mesmo, e essa transformação precisa de uma
metodologia científica. As centenas de técnicas tântricas constituem a ciência da transformação.
O Tantra diz que não se pode mudar um homem, a menos que se dê a ele técnicas autênticas para mudar.
Apenas pela pregação, nada é alterado.
Tantra é o grande ensinamento. Pequenos ensinamentos dizem a você o que fazer e o que não fazer. Eles
lhe dão os ‘10 Mandamentos’. Um grande ensinamento, não lhe dá mandamento. Ele não cuida do que você
faz. Ele cuida do que é, do seu centro, da sua consciência.
O Tantra diz para aceitar o que você é. Você é um grande mistério de energia multidimensional; aceite
isso e mova-se com toda a energia, com profunda sensibilidade, atenção, amor e compreensão. Mova-se
assim e então cada desejo torna-se uma ajuda para sua iluminação, então este próprio mundo é Nirvana,
este próprio corpo é Templo - um Templo Sagrado”.
Depois dessas definições fica claro que o Tantra é vivenciado em todos os momentos da vida, por ter um
caráter comportamental de teu ser em relação ao universo, mostrando que você é tão sagrado assim como
qualquer outra criatura existente; seja Deus, homens ou borboletas.
Não é possível determinar a época exata em que a palavra Tantra começou a ser usada ou narrar a sua
história com a mesma precisão com que se descreve a trajetória de outras culturas. Isso porque os caminhos e
práticas tântricas são transmitidos oralmente, de mestre para discípulo, Gupta Vidya (conhecimentos
Secretos), transmitidos pelo sistema de Paranpará que significa “um após o outro”. Além disso, sempre
existiu uma tradição em se manter sigilo sobre alguns ensinamentos, passando-os somente a alguns
discípulos realmente interessados, provavelmente, para que eles não caiam em mãos profanas que possam
desvirtuá-los. É o que o Iluminado Jesus ensinava: “Não dê pérolas aos porcos”. Certamente o Tantra não é
para qualquer pessoa, como você poderá ler e julgar no decorrer deste livro.
Dravida é o nome de um povo que floresceu ao longo do rio Indo e do rio Saraswati numa área desértica
no atual Paquistão que revela-nos a cultura do Vale do Indo – Berço do Tantra e que data de
aproximadamente 6.500 a.C. de existência, sendo uma das mais antigas culturas espiritualistas e místicas
juntamente com as origens do Xamanismo (inclusive no Tantra há muitos elementos xamânicos). Alguns
estudiosos dizem que o Tantra só foi criado no século VI, pois a palavra Tantra foi amplamente divulgada
nessa época, mas para provar tal absurdo, lembremo-nos que a palavra sexo (do latim Sexus = separação,
divisão), só surgiu em meados do século XII, e, nem por isso, a partir de então as pessoas começaram a
praticá-lo.
O Tantra arcaico tem sua origem no período paleolítico junto com as próprias origens do homem tribal
(20.000 a.C.) e se afirma no neolítico (8000 a.C.) no culto a Deusa Mãe entre os Drávidas ou dravidicos, em
cidades como Harappa e Mohenjo Dharo, conhecidas como grandes centros comerciais da época.
Para elucidar melhor o que vem a ser o Tantra, é importante observar que ele se encontra em qualquer
cultura primitiva, ligada à terra, a leis naturais, aos ciclos sazonais, aos rituais de oferendas aos deuses (Lua
/Sol) e ao reconhecimento do mundo espiritual. Para um drávida a criação é uma obra divina, todo ato se
torna sagrado, como uma comunicação com o “mundo celeste”, não existe futuro, amanhã ou planejamento.
Tudo se baseia no aqui e no agora, no silêncio que é facilmente percebido e vivenciado pela possibilidade de
isolamento da época (população esparsa e rarefação demográfica). A religião era a natureza e todo o
necessário era fornecido por ela e fundamentado nos mistérios dos elementos: terra, fogo, água e ar.
Como todas as tribos primitivas, cuidavam da natureza, porque dela dependiam, e viviam cercadas de
animais e de vegetação abundante. Eram coletores de frutas e vegetais, mas também caçavam pequenos
animais. Os esqueletos encontrados nos sítios arqueológicos demonstravam que o povo era bem nutrido,
evidenciando não haver escassez de alimentos. Como civilização em desenvolvimento começaram a produzir
e comercializar mais, fabricando instrumentos eficientes e domesticando animais (ovelhas, cabras) até o
aparecimento da agricultura. Surgiram, assim, as primeiras aldeias, que mais tarde se transformaram em
cidades e registraram o aparecimento da cerâmica. Fabricavam peças de esteatite ou argila, com figuras de
animais e divindades, como o selo de Pashupati que faz alusão ao deus Shiva e ao significado de senhor dos
animais (pati-senhor, pashu-animais), onde um homem sentado de pernas cruzadas rodeado por um tigre, um
rinoceronte,um elefante e um búfalo. “Num desses selos há a representação de uma mulher de cujo útero
nasce uma planta, indícios de crenças e rituais de fertilidade que esperávamos encontrar numa sociedade
agrícola-primitiva...” cita o yogue Gerg Feurstein, tudo isso muito antes do povo mesopotâmico desenvolver
um sistema de escrita, tido como um dos primeiros do mundo, foram encontrados milhares de selos desse
povo dravida.
Selos Dravidas
Vrishashwa Pashupati
Os Dravidas eram baixos, morenos e de cabelos lisos, tinham uma cultura matriarcal, centrada na mulher
e nas suas potencialidades de reprodução da vida. A cultura do vale do Indo não deixou textos sagrados ou
religiosos. O que se especula é que seu idioma pode ter sido incorporado ao sânscrito, “escrita dos deuses”,
como é conhecida segundo histórias mitológicas, e que provavelmente foi a língua mãe de muitos outros
idiomas e muito utilizado para práticas de mantra e todos os nomes de posições físicas e exercícios de
respiração encontrados neste livro e nos vários estilos de Yoga, hoje famosos em todo o planeta – o Yoga é
uma parte (anga) da cultura dravida.
Essa civilização do Vale do Indo foi a maior e mais extensa das civilizações pré-clássicas. A antiga
Harappa dominava cerca de 130 mil quilômetros quadrados, era uma cidade cuidadosamente planejada, bem
dividida, com largas ruas orientadas na direção do vento, casas ordenadas construídas de tijolos cozidos com
o mesmo traçado. No leste, na parte mais baixa da cidade, ficavam os comércios e habitações. Na parte alta,
um bairro administrativo, com salas de rituais, reuniões e celeiros. Havia também construções de muralhas
para aplacar a fúria das enchentes e proteger as plantações. O que nos chama a atenção foi a falta de grandes
templos e impérios, levando-nos a considerar a liberdade do povo daquela época, sem grandes reis ou deuses
punidores.
O arqueólogo inglês Sir Mortimer escreveu a respeito dessa civilização: “Nada do que foi pesquisado no
Egito antigo ou da Mesopotâmia ou de qualquer lugar da Ásia pode ser comparado com os banhos da
excelente arquitetura e as casas espaçosas dos cidadãos de Mohenjo-Daro. Enquanto que naqueles outros
locais era empregado muito dinheiro para construção de templos magníficos para cultuar deuses e túmulos
para reis, o povo tinha de se contentar com casas feitas de terra. No vale do Indo as mais belas estruturas
são as que se erguem para a comunidade do povo”.
Todas as casas possuíam banheiros, salas de banhos, salas de visitas e salas de meditações.
“As salas de banhos eram revestidas de tijolos cozidos, impermeabilizados com gipsita. A água escorria
por uma calha na base da parede e dali para valas cobertas, construídas nas ruas. Esse sistema inovador de
encanamento, que incluía vasos sanitários, era mais do que uma conveniência: ajudou a reduzir doenças
entre os 400 mil harapenses.
As moradias – muitas vezes unidas uma a outra – formavam conjuntos habitacionais. Os historiadores
descobriram ainda uma medicina extremamente adiantada que originou o sistema ayurvédico, com suas
visões psicológicas do homem, massagens, fitoterapia, aromaterapia, etc.
Os Drávidas eram prósperos coletores de alimentos, pequenos agricultores, pastores e sacerdotes, cada
um desempenhando seu papel na vida, cuidavam do corpo, da saúde, expressavam sua forma de vida na arte,
viviam o Tantra puro, absolutamente mágico no qual cultivava-se a energia de shakti (energia feminina), que
representa a grande mãe ou esposa sagrada, também designada como Kundalinî, a energia da vida. Não
guerreavam, pois não havia vestígio algum de armamentos, eram grandes navegadores, atuavam na
arquitetura e nas artes. Nos milênios de tirania, de insegurança, de religiões e magias oficiais, uma conclusão
é surpreendente ao constatarmos no vale do Indo a preocupação pelo destino das pessoas, quando no resto do
mundo até hoje se faz tão pouco caso disso.
A mulher era venerada como Deusa, pois a sabedoria da mãe natureza está intimamente ligada à mulher,
aos ciclos da Lua com o ciclo hormonal e gestacional.
O culto à feminilidade pelo poder de produzir e plantar evidenciava o aumento populacional; é a partir
daí que a sociedade conhecida como dravídica começa a entrar em declínio.
É árdua a tarefa de identificar todas as causas, origens, datas e até mesmo o que determinou o fim deste
sistema social pré-clássico um gigantesco Império de mais de um milhão de quilômetros quadrados,
caracterizado por um sistema de poder central, poder central não tirânico, organizado e unificado.
São inúmeras as possíveis causas do desaparecimento:
Algumas correntes iniciáticas dizem que pertencer a duas religiões causaria briga de egrégoras*. Em
minha experiência, sei que cada caso é um caso a ser estudado. Realmente, algumas egrégoras são
incompatíveis, outras não (se você necessitar de maiores informações sobre esse riquíssimo assunto consulte
as obras de Mircea Eliade e Joseph Campbell).
Vamos a minha iniciação. Ao que é possível contar, é claro.
O 1° livro de Yoga que tive em minhas mãos foi-me dado por minha Maha-Shakti, minha mãe, e se
chamava “Yoga e Saúde”. Eu tinha não mais que 15 anos e não só me interessei de coração pelo assunto
como iniciei a prática do Yoga, mas queria conhecer mais sobre Yoga, Índia e, é claro, realizar práticas
tântricas. Percorri várias escolas secretas (não tão secretas assim) como a Eubiose, Teosofia, Gnose e Rosa-
Cruz. Algumas, aliás, não recomendavam o Tantra, em busca das iniciações e dos mestres.
No início da década de 80 estudava massoterapia com o pioneiro e mestre nessa arte, Armando
Austregésilo, na A.M.O.R. – Associação de Massagem Oriental, que além de terapeuta é professor de Yoga e
conduzia práticas maravilhosas e, a seu conselho, fui procurar o Yoga tântrico do Prof. De Rose, Swasthya
Yoga. Fiquei fascinado pelos belos movimentos, a filosofia libertária, prazerosa e todo o tantra.
Aprendi em escolas místicas um Yoga muito fragmentado com práticas de simples pranayamas e meia
dúzia de mantram.
Junto com as práticas do Swasthya iniciei minha peregrinação por livros de todos os tipos (veja a
bibliografia), desde grandes textos até bobagens especulativas sobre o Tantra. Queria algo mais que a prática.
Queria a iniciação. Já havia esgotado a necessidade de compreensão intelectual. Queria sentir o toque do
mestre (ou por que não da mestra?).
A partir daí fui, ansiosamente, atrás do mestre e até encontrei vários deles, que conheciam uma parte,
fragmentos de práticas
tântricas, misturadas com taoísmo, Rosa-Cruz, Gnose, Magia, etc. Mas todas as práticas eram realizadas a
sós, sem a presença da mulher, sem o sexo tântrico e, quando esse era mencionado, era para a retenção, ou a
sublimação total da sexualidade, tornando o discípulo um celibatário. Não era o que eu desejava – não era
mesmo. Já havia lido a respeito em livros sérios uma das máximas do Tantra: “Shiva sem Shakti é Shava – o
homem sem a mulher é um cadáver”.
Depois de muito procurar e treinar as artes marciais (kung-fu, karatê-do e IAI-Dô), para ser o discípulo
que todo mestre procura, sério, saudável, de bem com a vida e sabendo fazer as perguntas certas, fui
apresentado e finalmente iniciado no Tantra, especificamente na técnica do Giro Tântrico e depois no
maithuna. Demorou, mas aconteceu. O que passei tentarei descrever com palavras, mas o que senti é
impossível de se transmitir:
O nome místico do mestre era Datatreya, e o conheci num local afastado, envolvido por muita natureza.
Pessoas lindas estavam junto dele e o local era inspirador: boa música, perfumes, incensos, tapetes hindus,
flores, obras de arte etc.
* Egrégora: palavra latina que significa união, junção, uma corrente gregária e segundo escolas
iniciáticas uma assembléia de personalidades terrestres e supraterrestres, constituindo uma unidade
hierárquica e movida por um ideal. Também é conhecida como uma parte do inconsciente coletivo. Quanto
mais antiga uma tradição, maior a egrégora.
Datatreya, com aproximadamente 60 anos, vestia-se de maneira alegre e elegante. Falava de maneira
objetiva, forte, mas por trás daquelas palavras sentia amor e carinho. Entramos em um quarto decorado com
incenso, velas, esculturas de Shiva e uma cama baixa. Depois de me explicar teoricamente o que faria,
apresentou-me sua Shakti (parceira) que se sentou a minha frente e, passo-a-passo, durante horas, ia me
apresentando o Giro-tântrico – Chakra-Puja (descrito na página 49). Nós íamos girando no sentido horário e
Datatreya ia me sugerindo movimentos, pensamentos de amor a serem transmitidos com as mãos por mim à
parceira, mantram, seqüências de toques, beijos, abraços, mordidas, etc. E ela, delicadamente, ia me dizendo
se os movimentos estavam prazerosos ou não. Ela era uma iniciadora na arte do amor. Uma Devadasi, “serva
dos Deuses”, como é conhecida na Índia. A cortesã do sagrado que domina a dança, Yoga, rituais e me
ensinou muito da arte do maithuna e principalmente como fazer amor de forma absolutamente prazerosa ao
casal, mas principalmente a mulher.
Ao final da prática, tinha alcançado aquilo que vários místicos, santos e monges atingiram. A iluminação
passageira sim, um bija samadhi, mas um estado de felicidade que até hoje alegra-me quando me lembro
desse casal mestre/mestra e de suas bênçãos e iniciações, estado que antes nunca havia atingido em várias
outras práticas meditativas que, inclusive, se tornaram “sem graça”. É como dançar sozinho e, como amantes,
abraçados, os dois se tornam um. A união mística que a Devadasi me proporcionou foi um dos momentos
mais celebrativos da minha vida.
Não só no Tantra a mulher é a grande iniciadora mas, também em tradições místicas fortíssimas na
China, na Arábia, na Índia, nas culturas tribais etc.
Todos os seres humanos vêm de uma yoni (vagina). O Hevajra Tantra ensina:
“Aquele que é conhecedor dos Tantras deve honrar todas as mulheres a fim de alcançar a libertação” e
o Kaularahasya afirma: “A mulher faz a iniciação através da mesma yoni da qual, numa vida anterior, o
homem nasceu. A mulher inicia com os mesmos seios que, em uma vida anterior, o homem sugou. A mulher
inicia com aquela mesma boca que no passado acalmou gentilmente o homem. A mulher é a iniciadora
suprema”.
Após receber de maneira prática os ensinamentos do Giro-tântrico e todos os seus segredos fui iniciado
no maithuna, passo-a-passo, da maneira que lhe transmito, leitor, nos capítulos seguintes.
Após minha iniciação, durante anos, iniciei mais de 100 Shaktís nessa técnica e a maioria das mesmas
reconheceram a iluminação do momento e entraram em profundo êxtase. Esses depoimentos ilustram um
pouco desses sentimentos:
“As oportunidades são únicas e não podemos desperdiçá-las por medo do desconhecido ou insegurança.
O Tantra aconteceu na minha vida e poderia ter mil motivos para não me aprofundar, poderia dizer que
era loucura sentir prazer com alguém a quem não estava ligado sentimentalmente comigo.
Posso até dizer que fui uma privilegiada! Mudou muito minha vida, era como se eu tivesse me libertado e
ao mesmo tempo nascido novamente.
O Tantra me deixou mais mulher e mais segura e com mais tesão, com certeza sim.
Todo aquele ritual, luz de velas, incenso, música, deixava-me muito relaxada, quando eu girava o meu
útero dançava, o meu corpo todo sentia, era um tesão apenas com um toque suave...
Não tem carícia melhor quando você se entrega, relaxa...
É muito difícil fazer um relato sobre o Tantra, é muito sensual, não dá para colocar em palavras, só de
relembrar...
Bom, o que eu posso dizer é que foi muito bom sentir prazer, sem me culpar, um prazer mais energético
do que físico, é ter sensações carnais de forma imaginária e sensações reais, é como se conhecer com a alma
em um mundo particular, privado e único.” (Alessandra)
“Sentei-me... e girei.
Girei enquanto o toque, o cheiro e o som inundavam meus sentidos, fazendo com que eu me entregasse
para simplesmente... sentir.
O toque irradiava amor e ultrapassava cada camada de pele... ultrapassava cada parte do meu corpo,
tocava minha alma.
A cada giro, um momento, uma plena descoberta de sentir-me única, amada e reconhecer-me completa...
esbanjando luz e brincando com esta doçura.” (Samadhi Devi)
iniciava Shaktis, inclusive, de uma prática do Giro-Tântrico e posterior relacionamento pessoal com
Raquel nasceu minha filha Amanda (não é minha, é força de expressão, é da existência).
Atualmente iniciou milhares de pessoas em reiki, Chi-Kun, Sannyas (mudança de nome) budista, etc e
raramente inicio no Tantra, mas quando o faço, é motivo sempre de alegria, atingir o êxtase a dois, e ministro
regularmente, junto com Diana Prem Zeenat e Neelama Gayatri cursos teóricos de maithuna e giro-tântrico.
(Ao final desse livro há uma liturgia de auto-iniciação na egrégora tântrica para quem desejar praticar o giro
ligado à egrégora tântrica).
Após minha iniciação com Datatreya e sua Shakti, como não poderia deixar de ser, segui com uma
parceira, Gisele, rumo à Mãe-Índia, a fim de buscar outras iniciações com mestres sérios e não aqueles
Gurus-estrelas que vivem na Índia para serem adorados por discípulos que só querem saber de teorias e não
da prática.
O Tantra é secreto na própria Índia e quando algum ocidental pergunta pelo mesmo, normalmente é visto
como alguém que só quer sexo. Um curioso, um achador e não um buscador sério.
Procurei o mais secreto de todos os Tantras: o Aghorî, que trabalha com o desapego e com práticas
realmente fortes.
Aghorî, o não terrível, é um dos muitos nomes de Shiva aqui representado
por sua face destruidora.
Essa escola renuncia a todos os valores sociais e convenções criados pela
“sociedade humana”. É uma renúncia para valer. Olha-se a liberdade como
caminho maior na vida (adoro isso).Olha-se para a própria sombra e a social.
Não se vota, se paga os impostos, casa-se, não se considera ninguém autoridade
e as “autoridades” sociais são consideradas ilegítimas e seus membros
impotentes e não líderes, as leis são vistas como injustas e absolutamente
idiotas. “Aghorî não é permissividade, é a transformação, a força, da
escuridão em luz, da opaca personalidade individual ao ápice do absoluto.
Quando se chega ao absoluto, a renúncia deixa de existir, pois não há mais o
que renunciar. O aghorî penetra tão fundo na escuridão, em todas as coisas
com que o comum dos mortais não ousaria sequer sonhar, que, ao sair, sai na
luz.” (Texto: Aghorî).
Fui iniciado em Varanasi à beira do Rio Ganges pelo mestre Ananda Ram
Baba, após recitarmos alguns mantram e Ásanas tântricos e sermos sondados
sobre nossa linhagem e mestres anteriores, ficamos horas junto ao guru que
ativou todos os nossos Chakras, despertando um calor interno nunca antes
sentido (Kundalinî) com o Kripá-guru, o toque do mestre que transmite toda a
tradição desde Shiva-Shankara, que hoje eu retransmito a discípulos.
ANANDA RAM
Também fui iniciado no tantra Kaula (kaulismo) que é uma escola com milhares de iniciados e centenas
de escrituras que tem sua transmição (santati) baseada no despertar de Kundalinî-shakti.
A iniciação que recebi na Índia foi de uma iniciadora feminina (yogini-kaula) dentro de um templo
esculpido na caverna.
A escola kaula segundo George Feuerstein “é a síntese das escolas da mão esquerda (vama-marga) e da
mão direita (dakshina-marga)”. Concordo plenamente com ele.
“Ó Deusa! O kaula é o mais secreto dos segredos, a essência da essência, o mais elevado do elevado,
dado diretamente por Shiva e transmitido de um ouvido a outro.” (Kula-Arnavatantra)
Quando você viajar à Índia ou encontrar um guru sério procure receber a mágica iniciação Nyâsa – rito
de apalpação que é realizado nas florestas e consiste em ter todo o corpo tocado ou apalpado como um
“templo do Divino” (dehanyâsa). É uma técnica absolutamente deliciosa. O Giro-tântrico, conhecido na Índia
por Chakra Puja Nyâsa Devanyâsa, tem origem nessa iniciação.
Datatreya me dizia que: “a iniciação nos dá o tão sonhado Livre Arbítrio da Bradigênese (frear o ritmo de
um acontecimento), Taquigênese (acelerar o ritmo de um acontecimento) e Gestaltgênese (aproveitar, através
da plena consciência, todos os momentos da vida).
Não necessariamente concordo com isso, mais coloco essa questão a você leitor. Quanto você tem o
controle de sua vida? O que é destino, o que é livre arbítrio na sua existência? O que posso te dizer aqui é
relaxe no que você pode mudar e seja dedicado e um guerreiro no que pode e sabe modificar.
As iniciações tântricas se dividem em vários itens:
GURU SEVÁ
Quando há interesse pelo Tantra, é o discípulo (chêla) que se mostra receptivo. O candidato ingressa
nessa fase e recebe uma iniciação tântrica que busca dilacerar o Ego Social. Sabendo aproveitá-la, terá
contato com alguma técnica profunda de Samyama (meditação e equilíbrio corporal; pois se toca muito o
corpo). A técnica do Giro-tântrico se encaixa nessa iniciação, que como todas, muda sensivelmente a vida do
discípulo e mostra uma liberdade de valores sociais e “pseudo” morais inimagináveis.
Se o aspirante pratica com regularidade as técnicas, passa a ser aceito como discípulo e o mestre começa
a lhe passar ensinamentos da próxima etapa que se chama Santati.
SANTATI
É a transmissão oral. É uma iniciação usada principalmente no Tantra, Xamanismo, Yoga iniciático e
Kabbalah.
Nessa fase há técnicas mais avançadas que na anterior; trabalha-se intensamente Kundalinî e os Chakras,
ativando-os e despertando os seus poderes (Sidhis)e ainda buscando a iluminação temporal ou não
(Samadhi).
“Na iniciação, o mestre como que leva o discípulo em si mesmo, assim como a mãe (leva) o embrião em
seu corpo. Depois dos três dias da cerimônia (de iniciação), o discípulo nasce.” (texto do Tantra Kaula)
Kriyá-Dîkshâ
É um toque simples, uma bênção recebida por ritual, que qualquer pessoa pode receber de seu mestre.
Essa iniciação pode ser solicitada a mim pessoalmente em encontros com a verdade (sat-sang).
Sparsha-dîkshâ
É um toque iniciático poderoso, que transforma o discípulo em retransmissor do Tantra, podendo iniciar e
preparar outros alunos.
Tantra Kripa
É um toque indescritível e secreto que desperta Chakras e Kundalinî através da libido. Esse toque é pouco
utilizado no Ocidente devido a bloqueios ao corpo e sua transmissão foi interrompida no passado em quase
todas as tradições, restando hoje poucos mestres que ainda mantêm a transmissão. Isso faz dessa iniciação
uma oportunidade rara e possível somente àqueles que possuem coragem e audácia bem acima do comum.
Sempre ensino que sem coragem nessa vida, “nada feito”.
A vida é uma grande aventura. Tudo ou nada.
Quando o discípulo recebe essa iniciação (shâktika) o mestre desperta sua consciência da iluminação ou
lhe fornece técnicas para práticas (ânavîdîkshâ). Dentro das iniciações tântricas modernas, temos a entrega do
neo-sannyas que, diferentemente do antigo sannyas hindu, aonde o iniciado renunciava a todos os seus bens,
família, paixões, como fez Buda, e vive nas montanhas meditando, o neo tantra aponta na direção do iniciado
viver e fazer tudo o que este mundo oferece até para perceber que mesmo tendo tudo, se não descobrir quem
se é, nada adianta, nada é suficiente.
Nesse tipo de iniciação, há uma mudança de nome que simboliza abandonar o passado e renascer no
agora.
Somente alguém que reconheceu o final das buscas pode iniciar o neo-sannyas.
“O guru é a primeira letra (do alfabeto). O discípulo é a última letra. O conhecimento é o ponto de
encontro. A instrução é o elo.”
Taittirîya-Upanishad
Kundalinî-Shaktí
O Poder da Serpente
“Quando a deusa adormecida Kundalinî é despertada pela graça do mestre, então todos os lótus sutis e
vínculos mundanos são atravessados. A pessoa deve elevar com firmeza e força a deusa Kundalinî, porque
Ela é adoradora de todos os poderes miraculosos.”
Shiva Samhita
Kundalinî energia sustentadora da vida, força vital presente em todos os seres, poder energético que dá
vida ao Universo. Tudo é energia, diz a ciência e tudo é um mar de energia kundalinî, aponta o Tantra. — A
palavra kundalinî vem do sânscrito “kundol”, que significa espiral ou enrolada. Kundalinî está adormecida no
homem comum (paçu), na base da espinha dorsal, e para que o indivíduo possa ter uma vida consciente e
prazerosa é necessário que essa energia seja ativada, reconhecida e elevada até o alto da cabeça, tornando o
homem comum robotizado num ser original, consciente e criativo. Geralmente, a kundalinî aparece
representada por uma serpente adormecida e que precisa ser despertada: seus movimentos espiralados e sua
postura (enrolada em si mesma) são típicos desse animal. Sua energia é ígnea, e enquanto dorme está
congelada, um fogo morto. Quando o praticante a desperta, sua força é tão grande que correntes tântricas a
consideram “a mãe divina que alimenta seus filhos”.
No Ocidente, Freud chamou-a de libido – energia do desejo de qualquer espécie, e Reich a conhecia
como orgone – energia do prazer.
O escritor Sir John Woodroffe no recomendado livro “EI Poder Serpentino” descreve: “em síntese,
Kundalinî é a representação corporal individual do grande poder cósmico, que cria e sustenta o universo.
Quando esta Shakti individual, que se manifesta como a consciência pessoal (jíva) se absorve na consciência
do Shiva supremo, o mundo se dissolve para esse jíva, e se obtêm a liberação.
O despertar e o estímulo ascendente do Kundalinî Yoga é uma forma dessa fusão do indivíduo na
consciência universal, ou união dos dois, que é a finalidade de todos os sistemas de Yoga na Índia”.
E Samael Aun Weor (gnóstico) dá a seguinte explicação mística:
“É a serpente ígnea dos nossos mágicos poderes. E essa serpente sagrada dorme dentro de nós,
enroscada três vezes e meia, em todos os Chakras. Kundalinî é o fogo de Pentecostes, a Grande Mãe Divina.
Seu santuário é o coração. (...) Os fogos do coração controlam a ascensão da Serpente Sagrada pelo canal
medular. E a kundalinî necessita subir até o cérebro, para depois chegar ao Santuário do Coração. Deve ser
despertada pelo maithuna (ato sexual sagrado), pela concentração, pela meditação, pela vontade, pela
devoção, pela compreensão e com os mantram sagrados”.
Osho define Kundalinî “como uma serpente que se move através dos Chakras e, no fim, quando a
iluminação é alcançada, é liberada pelo último chakra localizado no alto da cabeça”... falar teoricamente
sobre ela pode levar a alguns equívocos, por “causa do conhecimento, sem o conhecer”.
O trabalho iniciático de algumas tradições iniciáticas sérias é “elevar” a kundalinî, seja através do sexo,
ervas de poder, meditação, dança sagrada etc.
Segundo o mestre de Yoga Shivánanda “Sem Kundalinî não há Samádhi”. Apesar de saber que a subida
de Kundalinî é um dos métodos de iluminação, muitas escolas iniciáticas, filosóficas e religiosas ocidentais
incutem em seus discípulos pavor da ativação dessa energia. Isso porque ou não compreendem ou não
querem compreender, que trabalhar com kundalinî é absolutamente prazeroso, ou são pessoas recalcadas e
reprimidas quanto ao prazer e a sensualidade.
Mesmo aqueles que não sabem o que é Kundalinî, e estão em qualquer trabalho meditativo e iniciático
prático, provavelmente estão atuando para elevação da mesma. Exemplo disso é um cristão, que faz uma
oração e sente a presença do Espírito Santo, cujo símbolo é uma pomba, feminino, que representa Kundalinî
com outra denominação. É interessante como a auréola na cabeça dos Santos assemelha-se à figura de Shiva
ejaculando pela cabeça. Ambas representam Kundalinî.
O ideal é a ativação da kundalinî por um processo lento, gradativo, que exige persistência e práticas
constantes.
Ao ser desperta, a kundalinî se expande por meio das nadi (nadi vem de nad, e significa movimento,
corrente). As nadi são canais que conduzem a energia pelo corpo, o que inclui os meridianos (conhecidos
pela acupuntura), os vasos, os nervos, as artérias, os músculos e as veias.
O yogue Gopi Krishna descreve assim o despertar de kundalinî:
“De repente, com um rugido semelhante ao de uma catarata, senti uma corrente de luz líquida
penetrando no meu cérebro – através da medula espinhal. Eu não estava em absoluto preparado para esse
acontecimento e fui completamente pego de surpresa; mas, recuperando instantaneamente o autocontrole,
continuei sentado na mesma postura e com a mente voltada para o objeto de concentração. A iluminação foi
ficando cada vez mais brilhante, o rugido cada vez mais forte, eu me senti como se estivesse balançando e
depois percebi-me saindo do corpo, completamente envolvido por um halo de luz”.
O Mestre Datrateya nos conta que “Kundalinî desperta ascendendo é inconfundível; é sentida como uma
emoção interior, um fogo “ líquido”, simultaneamente quente e frio, elétrico, quase paralisante, abrindo
todo o ser, iluminando e liberando.
Quando eu tinha pouco mais de 20 anos, contrariando todo o bom-senso e as recomendações de meus
professores de Yoga e Tantra da época, resolvi por conta própria ter uma experiência com essa energia. Corri
atrás do Samádhi e, por aproximadamente um ano, praticava quatro vezes ao dia Yoga tântrico, artes
marciais, longas meditações, jejuns, monodietas de frutas, estímulo dos bija das pétalas dos Chakras (não
recomendado por nenhuma escola prática por ser muito forte), maithuna com duas parceiras, limpezas e
purificações físicas, e, um dia, para aprofundar, fui praticar uma viparita kaarani (posição de Yoga invertida
sobre os ombros) dentro de um pequeno riacho em Visconde de Mauá. Tive uma experiência inesquecível.
Um calor intenso saiu de minha
região pélvica, subindo pela coluna e lembro-me de algo parecido com um desmaio e sensações muito
gostosas. Ria muito e reconheci pela 1ª vez que sou o “observador” de tudo, não sou meu corpo, nem minha
mente e nem minhas emoções e sentimentos. Sentia-me parte da existência e qualquer idéia de um “eu
social” desaparecera por completo. As reações físicas é que não foram interessantes: vomito, náuseas, dores
no corpo, diarréia e febre.
Meu amigo Roberto Arantes trouxe-me de volta a São Paulo, aonde me tratei com ayurvédica e tive a
supervisão terapêutica de um mestre de Tantra. Assim, em tudo o que ensino nesse livro, tomei o cuidado de
não estimular em você, leitor, o exagero e a irresponsabilidade que tive um dia.
Técnica do Giro
(Meditação sutil de ativação de Kundalinî)
A técnica do giro tem por objetivo, além de despertar suavemente a Kundalinî, a meditação e o
aquietamento.
1. Num local tranqüilo, onde você esteja sozinho, acenda um incenso e coloque uma música suave.
2. Sente-se com a coluna ereta, as pernas cruzadas à frente do corpo, os ombros relaxados, o rosto sem
contrações e os olhos fechados.
3. Procure manter a respiração pausada e silenciosa, inspirando e expirando pelas narinas e de forma
abdominal.
4. Inicie um giro com a parte superior do corpo e deixe seus pensamentos fluírem livremente.
5. Aos poucos, sinta que seus pensamentos se dissipam, que todas as coisas que existem à sua volta se
dissolvem como se não existissem e procure sentir apenas a sua presença e a da música. Solte-se. Entregue-se
à existência.
6. Continue o giro pelo tempo que julgar conveniente.
Chakras
(Por quem já praticou)
Chakras são centros físicos, psicofísicos e energéticos do corpo. Os seres humanos contêm sete Chakras
principais que estão em constante atividade, embora sua presença não seja percebida conscientemente por
não meditadores. A palavra sânscrita Chakra é traduzida por roda, círculo ou movimento. As representações
pictóricas desses centros de energia são formadas por figuras geométricas e pétalas. São pelos Chakras que
transitam e se movem as energias sutis do corpo.
Os Chakras estão localizados dentro e fora do corpo (duplo etérico); já Kundalinî, energia da vida que
ativa os Chakras se movimenta dentro do corpo.
Normalmente, os Chakras são pequenos, não apresentando mais do que 5 centímetros de diâmetro. Com a
prática de mantram, Yoga, meditação, os Chakras aumentam de tamanho e sua luz se expande. Sua aparência
pode ser descrita como circular, luminosa, tal qual um pequeno CD girando. Cada um tem uma cor, mantram
e elemento que o estimula, seu movimento é ininterrupto, estão associados às glândulas do corpo físico e
funcionam como centros de captação, contenção e distribuição de energia para todo o corpo.
Os sete Chakras estão localizados ao longo da coluna vertebral, dispostos verticalmente e cada Chakra
tem funções específicas, mediante o recebimento de energias internas e externas. Temos nesses centros “nós”
que impedem a subida descontrolada de Kundalinî; um fica no muladhara (brahma-granthi), outro no
vishnudha (vishnu-granthi) e o último no ajña chakra (rudra-granthi). Eles são conhecidos como granthi e
quando são rompidos a energia se eleva. Com esses nós nos chakras é muito difícil alguém fazer bobagem
com Kundalinî, de toda forma, sempre vá devagar em suas práticas tântricas.
Os Chakras inferiores, mais associados à matéria, são o Muládhára, o Swadhistana e o Manipura. O
Médio, ou Intermediário é o Anahata, associado aos sentimentos. Os Superiores são o Vishuddha, o Ajña e o
Saháshara, que estão associados ao mental e à iluminação. Sua rotatividade obedece ao sentido horário ou
anti-horário, dependendo da qualidade energética de cada indivíduo.
Existem muitas práticas que fazem o Chakra girar em sentido horário ou anti-horário. É importante evitar
para não misturar essas práticas.
O Tantra trabalha para que os Chakras se movimentem cada vez mais depressa. Para isso, é necessário ter
consciência e adotar práticas que os estimulem, por meio do método interno ou externo.
Método interno: por meio desse método, despertamos a Kundalinî com a prática de Yoga, mantram, tai-
chi, chi-kun, iai-dô, aikidô ou maithuna. As escolas tântricas trabalham mais com os métodos internos e
exclusivamente com os Chakras girando no sentido horário.
Método externo: consiste no recebimento de passe magnético, de massagem, na aplicação de acupuntura,
moxabustão, geoterapia (pedras) ou cromoterapia (cores). Dentre outros métodos.
Os dois métodos contribuem para o estímulo de todos os Chakras, proporcionando melhor disposição
física e mental aos praticantes.
É importante mantê-los em equilíbrio, utilizando técnicas corporais (Yoga, tai-chi, dança), técnicas
mentais (mantram), alimentação equilibrada. Os Chakras influenciam e são influenciados também pelo corpo
físico, daí a necessidade destes cuidados.
Como vimos até aqui, todos os Chakras possuem qualidades energéticas próprias que em desequilíbrio
produzem determinadas doenças ou, do contrário, em situação de equilíbrio, conferem ao nosso organismo
inúmeros benefícios. Contudo, o sexto Chakra pode ser mais estimulado que os demais pelo mantra Om, pois
possui uma força que ajuda e atrai a subida da Kundalinî.
Conhecendo os Chakras
MÚLÁDHÁRA CHAKRA
• Significado do nome: Fundação ou suporte da base.
• Nome ocidental: Chakra Básico.
• Localização: Localizado nos órgãos genitais e na pélvis, relacionado com as gônadas (glândulas
sexuais), governa o sistema reprodutor. Este Chakra anima a substância do corpo físico, é a vontade, o poder
e o instinto de sobrevivência. É base da montanha, a ligação com a Terra. Concentra as energias da
Kundalinî, que uma vez despertadas e controladas progridem coluna acima, seguindo um padrão geométrico
similar ao padrão apresentado na dupla hélice das moléculas de DNA, que contêm o código da vida.
•Aspectos a serem compreendidos: Sobrevivência, alimentação, conhecimento, auto-realização, valores
(segurança financeira, situações materiais), sexo (procriação), longevidade e prazer.
• Cor: vermelho em brasa para tonificar. É a cor mais quente e densa. Aquece e estimula a circulação.
Estimula o fluido da medula espinhal e o sistema nervoso simpático; energiza o fígado, estimulando os
nervos e músculos. Vitaliza e organiza o corpo físico. Violeta, azul ou rosa para sedar a energia do Chakra.
• Mantra: Lam (concentrando-se nos genitais).
• Elemento: Terra – o mais denso dos elementos. É a mistura dos quatro elementos: água, fogo, ar e éter.
• Fase da vida: Desde a união do espermatozóide com o óvulo, até sete ou oito anos.
• Funções: É o Chakra onde nasce e reside a energia kundalínica que se movimenta em espiral, pelas
Nadis Ida e Píngala, e distribui por todo o corpo do indivíduo o impulso de vida: é também o centro erótico
do ser.
Algumas pessoas têm dominante a energia (nadi) lunar (emoção) e outras solar (razão). O praticante
adiantado consegue manter esses temperamentos equilibrados.
Todas as nadis do corpo se originam no períneo em forma de um ovo (kanda).
Todos os sistemas místicos hindus são radicais sobre a importância de manter-se esses canais energéticos
absolutamente purificados.
No capítulo Angas do maithuna trataremos dessa autopurificação, principalmente com alimentação.
MANIPURA CHAKRA
• Significado do nome: Cidade das Gemas ou Cidade das pedras preciosas.
• Nome em Português: Chakra Plexo Solar.
• Localização: Um pouco acima do umbigo. Rege o pâncreas, glândula que possui função exócrina e
endócrina e que secreta o suco pancreático, cujas enzimas ajudam a digestão das proteínas, carboidratos e
gorduras. A parte endócrina da glândula é formada por pequenos grupos de células chamadas ilhotas de
langerhan, produtoras da insulina, que possuem um papel importante no controle do metabolismo da glicose.
a área de influência deste Chakra é o sistema digestivo: estômago, fígado e a vesícula biliar, além do sistema
nervoso.
• Aspetos a serem compreendidos: Escolhas, dentro do possível, do que você quer. Individualidade, poder
pessoal, como você se vê, sua identidade no mundo.
• Cor: Amarelo dourado para tonificar. É ativador dos nervos motores, exercendo influência no sistema
nervoso. Estimula a bílis e possui ação vermífuga, diminui a função do baço, porém estimula a função do
pâncreas, fígado e vesícula biliar. Fortalece as articulações, o sistema digestivo e linfático. É regenerador dos
tecidos, acelerando o processo de cicatrização. Estimula a função peristáltica e o raciocínio lógico. Violeta,
azul ou verde para sedar.
• Mantra: Ram – o principal ponto de concentração durante a produção deste som é o umbigo. Traz
longevidade.
• Elemento: Fogo, auxilia a digestão e a absorção do alimento fornecendo a energia vital.
• Fase da Vida: De 14 a 21 anos.
• Funções: Desenvolvimento do ego e da identidade individual; impulso de liderança; praticidade;
trabalho.
ANÁHATA CHAKRA
• Significado do nome: “Intocado” ou “Som não produzido” (batidas do coração).
• Nome em português: Chakra Cardíaco.
• Localização: Situa-se na região do tórax e está conectado com a glândula timo, responsável pelo
funcionamento do sistema imunológico. É o Chakra do coração, centro energético do amor.
A elevação das energias do Chakra do plexo solar até o coração acontece em indivíduos que estão
desenvolvendo a capacidade de pensar e atuar em termos de coletividade.
• Aspectos a serem compreendidos: amor, compaixão, perdão, verdade e gratidão.
• Cor: Rosa, estimula o amor incondicional e verde é relaxante do sistema nervoso. A cor violeta seda
esse centro.
• Mantra: Yam – a concentração deverá estar centralizada no coração, desfazendo qualquer bloqueio na
região cardíaca, proporcionando controle sobre o prana e a respiração.
• Elemento: Ar, auxilia o funcionamento dos pulmões e do coração.
• Fases da vida: 21 a 28 anos.
• Funções: Intermedia os Chakras superiores e inferiores; impulso de se ligar à verdade, ao amor;
reequilíbrio; altruísmo; compaixão. Este Chakra se expande em todas as direções e dimensões, como uma
estrela de seis pontas.
VISHUDDHA CHAKRA
• Significado do nome: Puro ou “Centro da Pureza”.
• Nome em português: Chakra Laríngeo.
• Localização: Sobre a garganta, comunica-se com a glândula tireóide que está relacionada ao
crescimento e aos processos oxidativos, e com as paratireóides que controlam o metabolismo do cálcio. Este
Chakra governa pulmões, brônquios e voz. Está ligado à inspiração, à comunicação e à expressão com o
mundo.
• Aspectos a serem compreendidos: Comunicação interna e externa – esclarecimento que conduz ao
estado divino, consciência e crenças (no que você acredita e se apega).
• Cor: Azul, atua como tranqüilizante na aura e regenerador celular. Traz quietude e paz mental, estimula
a busca da verdade, a inspiração, a criatividade, a compreensão, a fé (confiança na existência) e está
associada à gentileza, ao contentamento, à paciência e à serenidade. Turquesa, estimula a comunicação em
público. Para tonificar, laranja e violeta.
• Mantra: Ham – concentra-se na garganta.
• Elemento: Ar, prana, energia sutil, associado ao som.
• Fases da vida: 28 a 35 anos.
• Funções: Autoconhecimento; felicidade. Segundo o Satchakra Virupana, “quem alcança o
conhecimento mediante a concentração constante da consciência neste loto, converte-se num grande sábio e
encontra a paz. O indivíduo se eleva e se purifica de todos os carmas; morre-se para o passado e nasce-se
novamente para a realização da unidade”.
AJNÃ CHAKRA
• Significado do nome: Autoridade, poder, comando intuitivo.
• Nome em Português: Chakra do 3º olho ou frontal.
• Localização: Entre as sobrancelhas, relaciona-se com a glândula pituitária.
• Aspectos a serem compreendidos: Intuição e a consciência. Capacidade de se observar sem julgamento.
• Cor: Dourado para concentração falta de memória e confiança. Violeta, tranqüilizante, calmante e
purificador. Clareia e limpa a corrente psíquica do corpo e da mente, afastando problemas de obsessão
mental e psicose.
• Mantra: Om.
• Elemento: Presença dos cinco elementos, com três gunas que são manas (mente), buddhi (intelecto),
Ahankara e chitta (o ato de ser – o ser).
• Fases da vida: 35 a 42 anos.
• Funções: Austeridade; intuição; serenidade. É o chakra da Faculdade do Conhecimento: Buddhi:
(conhecimento intuicional), Ahankara (o ser / self), Indriyas (sentidos) e Manas (mente). É representado por
um triângulo branco simbolizando a yoni e, no meio, um lingan. No centro do Chakra está o yantra do som
Om, o melhor objeto de meditação.
“Meditando nesse centro, o praticante ‘vê a luz’; como uma chama incandescente. Fulgurante como o
Sol matutino, claramente brilhante, reluz entre o ‘Céu e a Terra’.” Satchakra Nirupana.
SAHASRÂRA CHAKRA
• Significado do nome: Chakra das Mil Pétalas.
• Nome em português: Chakra Coronário.
• Localização: No topo da cabeça. E o portal da espiritualidade, do reconhecimento da existência de Deus
em nós, no outro e em todo o universo.
• Aspectos a serem compreendidos: reconhecimento da Iluminação.
• Mantra: Sham (simbólico).
• Elemento: Todos os elementos, inclusive o éter, em suas manifestações mais sutis.
• Funções: Iluminação; espiritualidade plena; manifestação do Divino. Segundo o Satchakra Nirupana:
“O Lótus das mil pétalas é o mais brilhante e mais branco que a Lua cheia, tem a sua cabeça apontada para
baixo. Ele encanta. Seus filamentos estão coloridos pelas nuanças do Sol jovem. Seu corpo é luminoso, é
aqui o objetivo final de Kundalinî após ativar os outros Chakras. O indivíduo que atinge a consciência do
sétimo chakra realiza os planos da irradiação (torna-se iluminado como o Sol), das vibrações primordiais,
da supremacia sobre o prana, do intelecto positivo, da felicidade, da indolência”.
Obs: segundo o mestre Osho, praticantes de Yoga e a minha própria experiência o saber intelectual dos
chakras não substitue o “conhecimento” prático. A experiência de ativar esses centros e manifestar
Kundalini.
Mudrás
Gestos magnéticos e de poder
Mudrá é um gesto simbólico e místico carregado de poder que usualmente é feito com as mãos.
Literalmente a palavra mudrá quer dizer “selo”, “gesto” ou ainda “reflexo” de algo, sua prática cria estados
alterados de consciência, como elevação de Kundalinî e meditação.
O significado da palavra mudrá encontra-se no Kulanarva Tantra e no Nigranth Tantra, segundo os quais
mud = força de poder; êxtase (para fora) e êntase (para dentro); e dra (dravay) = controlar; manter;
capacidade de manter.
No Ocidente é comum um gesto de oração ou prece no qual se unem as duas mãos, palma com palma, o
que na Índia se assemelha ao de pronan mudrá.
Cada gesto ou selo produz uma infra-estrutura psicofísica e predispõe o praticante a um estado interior.
Os mestres são de opinião que o mudrá possui quatro “estados” ou “poderes” especiais e distintos, que são:
identificação; assimilação; domínio e desenvolvimento.
Nos textos clássicos, encontramos no Kulamava Tantra sua interpretação erudita: “O mudrá prepara o
praticante para um estado interno de identificação em que este, concentrado e interiorizado no gesto,
controla a força adquirida e a dirige para qualquer parte de seu corpo ou para fora dele”.
Os mudrás atuam profundamente, também, em nosso sistema nervoso.
Utilizamos o dedo anular (elemento água) para unir casais. Casamento = casar (unir) + mento
(coração/mente). Não por acaso essa união é o elemento água, que diz respeito as nossas emoções e
sentimentos.
Reis e rainhas de todos os tempos usavam anéis no dedo mínimo (elemento terra) para simbolizar a
prosperidade sobre a matéria.
O dedo polegar (elemento éter) é o do espírito e representa a iluminação. Quando uma situação está bem,
costumamos levantar o polegar para representar o fato.
Quando praticamos um mudrá com a mente concentrada (manas mudrá) podemos, facilmente, estimular
os cinco elementos representados nos dedos.
Elemento Dedo
Terra Mínimo
Água Anular
Fogo Médio
Ar Indicador
Éter Polegar
PRONÂM MUDRÁ
Este é um gesto de cumprimento, reverência, saudação, reflexão e interiorização, tem característica
reflexológica fortíssima. É comum o utilizarmos ao iniciar e terminar uma prática de Tantra. No pronam
mudrá Jiva, as mãos ficam na altura do peito. No pronam mudrá Atmam (alma), as mãos elevam-se na altura
do rosto. Representa ainda a união (Yoga) de todos os sentimentos do tântrico. É usado no Tantra como um
cumprimento junto com o mantra Om Hara ou Hare Om, que pode ser traduzido como “salve a totalidade”.
No Budismo esse gesto chama-se Gassho e representa uma saudação: todos são Budhas, todos são
iluminados, eu saúdo toda a existência.
JÑANA MUDRÁ
É o mudrá da sabedoria. Serve para impedir que energias se dispersem nas práticas. Ao ligar-se o polegar
com o indicador fecha-se um circuito eletromagnético de baixa voltagem. Na prática feita das 6 às 18 horas
(dia/Sol), as palmas devem voltar-se para cima (mudrá surya, Sol). Na prática feita entre 18 e 6 horas
(noite/Lua), voltamos as palmas das mãos para baixo (mudrá chandra, Lua).
TRIMURTI MUDRÁ
É o mudrá trindade divina (Brahma, Vishnu, Shiva), também chamado de gesto das “três faces”, e
representa a consciência.
Serve para estímulo geral dos Chakras múládhára, anáhata e ajnã. Quando as mãos se voltam para baixo,
em direção ao solo, denomina-se trimurti mudrá prithivi (terra); se voltadas para cima, com os braços
elevados, chama-se trimurti mudrá vayu (ar).
ATMAM MUDRÁ
Trata-se de um mudrá magnético e poderoso para práticas avançadas. Produz forte dinamização dos
Chakras e desperta a Kundalinî.
YÔNILINGAM MUDRÁ
Gesto que representa a fusão de energia entre Shiva (masculino) e Shakti (feminino). Em minha opinião é
o mais forte de todos os mudrás quando usado corretamente.
TRISHULA
O polegar fecha um circuito de força com o dedo mínimo, formando um mudrá de força. Os três dedos
(indicador, médio e anular) simbolizam o tridente de Shiva, usados para destruir as correntes de
inconsciência.
Como citado no início do texto, esses são os principais mudrás do Tantra. O número total de mudrás é
incerto, pois em cada região da Índia existem muitas escolas e filosofias.
Chakra Puja
Técnica do Giro Tântrico
“Tantra é a arte de se conhecer com a ajuda da parceria amorosa e do mergulho na própria alma.”
De Rose
O Chakra Puja Nyâsa Devanyâsa, círculo de energia, também conhecido como a onda do Chakra ou giro
tântrico é uma belíssima prática mística que atua como um poderoso estimulador da energia Kundalinî
através dos Chakras e dos canais prânicos, desenvolvendo assim, maior potencial orgástico para meditação e
Samadhi, além do êxtase da experiência mística.
É uma prática pouco conhecida no Ocidente e até mesmo no Oriente, sendo ensinada ou iniciada a
poucos discípulos que forem realmente persistentes.
Essa técnica faz parte do Tantra secreto, apesar de que uma pequena parte da mesma foi divulgada pela
escritora Margo Anand, no livro “The art of sexual magic”, mas de forma superficial.
Em grupos que ministro de Tantra, ensino passo a passo essa liturgia e principalmente as mulheres ficam
fascinadas / encantadas com a beleza e os efeitos da técnica.
INÍCIO
A prática se inicia com o casal sentado confortavelmente num colchonete; Shiva senta-se numa almofada
permanece atrás de Shakti e ambos aquietam suas mentes e emoções, fechando os olhos, descontraindo a face
e voltando a atenção para o Ajnã Chakra. Após a concentração, ambos podem sussurrar por alguns minutos o
mantram Om Srí Gam ou Om Srí Klim. Feito isso, inicia-se o movimento rotatório de girar no mesmo eixo,
no sentido horário, de forma suave, mantendo a coluna ereta.
PRÁTICA - MOVIMENTOS
O primeiro movimento é feito por Shiva que respira suavemente no pescoço da Shakti, enviando assim
um pouco de seu Prana e unindo as mãos, como em uma oração à frente do peito, em Pronam Mudrá,
saudando a essência de sua Shakti e mentalizando e/ou pronunciando o mantra e saudação Om Hará.
Iniciam-se os movimentos deslizando as mãos bem leves e sem a utilização de óleo. Os movimentos são
em sua maior parte de baixo para cima. Atente para que, pelo menos, uma das mãos, fique em contato com a
Shakti durante toda a prática, o ideal seriam as duas. Suavemente, passa-se a ponta dos dedos sem utilização
das unhas movimentando a energia de cima para baixo e logo a seguir de baixo para cima.
(Observe a seqüência de desenhos que foram feitas de forma bem didática).
Tão logo as mãos cheguem embaixo, o movimento muda de rumo e sobe. Repita esse movimento várias
vezes e novamente faça deslizamentos prazerosos com as mãos. Agora o movimento tem o mesmo formato a
não ser as mãos que tocam mais forte, inclusive encostando um pouco as unhas. Atenção que o toque é
realmente bem superficial e carinhoso com as unhas e bem profundo com as mãos. As mãos de Shiva devem
ser absolutamente macias e cheirosas. Shiva poderá cruzar as mãos fazendo com que haja troca de
polaridades. Nesse ponto, depois de feito algumas vezes os movimentos anteriores, Shiva poderá repetí-los,
com um pouco de óleo nas mãos. Trabalhe a região dos rins com muita delicadeza.
Trabalhe a região dos ombros com toques profundos. Repita várias vezes o movimento de trazer as
energias de baixo para cima e de cima para baixo que devem terminar na região do pescoço.
Faça vários movimentos com atenção nos braços, pescoço, rosto e lateral do corpo, muito suavemente e
com muito carinho morda o pescoço de Shakti. Esse movimento ativa o chakra Vishnudha, trabalha os seus
“nós energéticos” que tanto atrapalham a elevação de Kundalinî. Ainda com uma boa dose de carinho e, por
que não, amor, beije delicadamente em volta das orelhas. Faça movimentos dos dois lados e lembre-se que
todo o Chakra Puja é feito como uma dança, uma celebração, um ritual criativo e amoroso.
Encoste-se suavemente seu peito as costas de Shakti, sem pôr peso, o ideal é só encostar os pelos de seu
corpo nas costas de Shakti. Os movimentos na barriga são feitos obrigatoriamente com óleo e faça mais
movimentos no sentido horário e alguns poucos no anti-horário. Fazem-se movimentos fechados e abertos,
com os dedos e com as palmas das mãos. Aqui um mestre ou um discípulo treinadotântrico consegue
estimular a Kundalinî da Shakti, e é impressionante as contrações abdominais que as vezes culmina em um
orgasmo sem toques. Assista uma apresentação ao vivo e surpreenda-se. Na barriga, atente que enquanto se
gira com os dedos com uma das mãos a outra segura na cintura. Toca-se também próximo dos rins e em toda
a cintura, inclusive na região uterina e ovariana onde se concentram a maior carga de energia da Shakti. Tudo
isso de maneira muito carinhosa.
Os seios no Ocidente são considerados uma área sexual e até mesmo um tabu. No Tantra não. É uma
região do corpo absolutamente sagrada, como todas, e que deve ser muito tocada e acariciada. Faça
movimentos suaves e circulares. Observe os detalhes dos movimentos feitos nos seios.
Pode-se tocar um seio de cada vez ou ambos. Deve-se dar atenção especial aos mamilos. O importante,
sempre, é o toque ser prazeroso e não machucar.
Nesse ponto, Shiva irá para frente da mulher e a mesma irá sentar-se sobre as suas pernas, encaixando-se
perfeitamente.O homem terá que estar com as pernas bem treinadas a fim de acomodar o peso da Shakti.
Shiva deverá beijar o peito e os seios da Shakti. Tudo com muita calma, não deixando nenhuma região sem
um toque ou beijo.
O abraço permite uma total união e integração mística do casal.
Um desaparece no outro. Durante o abraço, o casal poderá beijar-se. O beijo deverá ser muito suave sem
utilizar-se muito da sexualidade e sim da sensualidade. Utilize os beijos tântricos descritos no Maithuna.
Observe o detalhe das mãos tocando os ombros da Shakti.
Termina-se a prática de Chakra Puja com a Shakti deitada e o Shiva sentado massageando-lhes a barriga
e o peito.
Visualizações Especiais
Quando se tocar no Chakra Muladhara: Visualizar a cor vermelha envolvendo toda a pelve com energia e
poder. Mentalize a geração de fogo, calor e ainda de uma energia quente. Shiva deve ainda mentalizar o
mantra Lam.
Na região do Chakra Swadhistana: Nos movimentos nessa região imagine que a energia está sendo
puxada para cima e a sua cor se altera de vermelho para laranja bem forte. Quando sentir que na barriga surge
um grande calor ou até mesmo contrações esporádicas é o momento de fazer movimentos circulares ao redor
do umbigo para canalizar mais força. O mantra mentalizado é o Vam.
Na área do Chakra Manipura: Quando passar as mãos para o plexo solar você sentirá que as contrações
abdominais e o calor aumentam. A sensação de quem aplica ou recebe os movimentos é que toda a região,
dos três primeiros Chakras se tornam uma força só. Nesse momento, visualiza-se uma forte cor amarela em
toda a região. Faça movimentos circulares suaves de agarrar a barriga (movimento de
Kung-Fu conhecido como garra do tigre). O Mantra mentalizado é Ram.
No Anahata Chakra: Os toques nesse Chakra deverão ser suaves e com a visualização de cor verde. Os
toques são cheios de amor e sentimento devocional. Os movimentos também são circulares e a respiração de
ambos deve ser bem forte. A visualização é de que o Chakra se abre tal como um botão em flor. O mantra
mentalizado é Yam.
No Vishudha Chakra: No Chakra da garganta os movimentos são suaves e com muita atenção, pois essa é
uma região sensível, principalmente na parte frontal. As mordidas na área cervical devem ser muito sutis e
delicadas. A mente de Shiva deve vibrar o mantra Ham.
Ajna Chakra: Nesse Chakra, de suma importância, você deixará que as pontas dos dedos o toquem
sempre de maneira suave e visualizando a cor azul índigo. O mantra indicado para mentalização é o Om.
Obs.: Todos os movimentos deverão ser repetidos por várias vezes e os mantram somente oito vezes.
A respiração de ambos deverá ser profunda e a visualização deverá ser dos Chakras e de Kundalinî se
movimentando por todo o corpo, mas principalmente na região do Ájña Chakra.
Após a primeira prática do Giro Tântrico, pergunte a Shakti se ela prefere toques mais suaves ou fortes.
Do que ela mais gostou e o que mais pode ser oferecido.
Amigas de amantes sempre me compartilham que os piores amantes são aqueles que não sabem ou não
tem humildade de perguntar o que dá mais prazer a mulher.
Regularmente demonstro Chakra Puja ao vivo, e isso é absolutamente lindo, mágico e uma das maiores
formas de prazer que uma mulher pode receber.
Massagem Tântrica
“Tocamos o céu quando apoiamos nossas mãos no corpo humano.”
Novalis
Essa técnica de Massoterapia é conhecida no Tantra como Prana Pratista Kara Nyasa Kosha Pratiahara,
que significa insuflar energia nos corpos através das mãos. O Tantra, como filosofia prática, libertária,
desrepressora e sensorial, tem em sua massagem toques globais e absolutamente carinhosos em todo o corpo.
Venera-se o nu e os toques na totalidade do ser. Imagine alguém que receba massagem com roupas? Essa
pessoa já não é tocada pelo ar ou sol, ou pelas mãos deduzindo repressão em algumas partes do corpo.
Massagear regiões reprimidas é um ato de trabalhar a si mesmo e ao parceiro. Quando ensino essa técnica em
estados mais repressores o aproveitamento é fraco. Ao ministrar formações em Tantra no Rio de Janeiro, tive
os melhores resultados, pois o carioca, de um modo geral, é menos complicado, vê o corpo como um todo e
um instrumento de prazer.
Somente há pouco mais de 3.500 anos o homem começou a deixar de andar nu e tocar algumas regiões
do corpo. Na época inquisitória as mulheres eram humilhadas e mal podiam exibir o tornozelo.
O homem de hoje pode mostrar o peito, a mulher não, só porque “sua sociedade”, caótica, assim aponta e
um punhado de robôs retrógrados e mal amados aceitam e criam leis a respeito disso.
O templo (corpo) deve ser tocado como um todo, principalmente as partes “mais íntimas”, a fim de
liberá-las e porque, a priori, são as que dão maior prazer. O Tantra é uma filosofia de autoconhecimento,
através do prazer. Lembre-se sempre disso.
Sobre o prazer de se ter um corpo, o Vishvasara Tantra ensina: “Não há nascimento como o humano.
Devas e anjos o desejam. Para a alma, o corpo humano é o mais difícil de se conseguir. Por isso, diz-se que
o nascimento humano se alcança com grande dificuldade. (...) Afirma-se nos shastras que, dos 8.400.000
nascimentos da alma, o humano é o mais frutífero. A alma não pode adquirir o conhecimento da verdade em
nenhum outro nascimento. O nascimento humano é a pedra fundamental do caminho da libertação. Por isso,
é raro e cheio de mérito quem chega a ele”.
Ao praticar essa seqüência sugira a sua parceria a nudez total. Isso é tântrico. Utilize preferencialmente
óleo de almíscar, patchouli, sândalo ou tulasi.
Inicie a massagem tântrica apoiando uma mão no sacro e a outra no pescoço, tocando delicadamente o
templo sagrado. Neste momento, perceba sua respiração e do(a) parceiro(a). Entre em sintonia, esse toque
traz a sensação de segurança e aconchego. Perceba as sensações do tato em cada parte do corpo. Ao
massagear, seja criativo.
Mentalize os mantram Om Srí Gam e Om Srí Klim, várias vezes, afim de aquietar a mente e estimular
energias de saúde, prosperidade e alegria (atributos dos mantram).
Deslize suavemente as mãos, descendo das costas até os pés. Não é necessário aqui a aplicação de óleo, o
toque é sutil com a intenção de provocar ondas de arrepio e limpar miasmas astrais e energéticos.
Dê ao deslizamento uma pressão um pouco maior e faça o movimento mais devagar atuando assim nos
Chakras menores das pernas.
Aplique óleo nas mãos, friccionando para aquecer e energizar. Faça um deslizamento, subindo pela
perna, passando pelo tronco e descendo pelo braço até a mão.
Repita do outro lado exatamente da mesma forma. Aqui há uma circulação de energia e estímulos das
nadis (meridianos energéticos). Repita várias vezes os movimentos em ambos os lados. Permita que suas
mãos bailem, dancem no corpo do(a) parceiro(a).
Posicione-se acima da cabeça. Deslize as mãos paralelas, inteiramente apoiadas nas costas dos ombros
aos quadris, repita o movimento de cima para baixo. Esse movimento relaxa os músculos que sustentam a
coluna, ativa Kundalinî estimulando o saborear de ter-se um corpo.
Com os polegares apoiados nas laterais da coluna desça fazendo movimentos circulares, sempre de cima
para baixo. Esse movimento libera a energia estagnada nas costas, ativa Chakras e Nadis, e estimula uma
coluna saudável e flexível.
Posicione-se ao lado do ser amado, alternando as mãos, deslize-as na lateral do tronco, puxando a energia
na direção à coluna. E daí volte ao tronco. Repita do outro lado, da mesma forma, trocando a sua posição.
Esse movimento faz circular a energia dos rins (coragem) e coração (amor).
Sente-se de frente aos pés do(a) parceiro(a). Apóie as duas mãos e deslize empurrando a energia para
cima. Esse movimento relaxa as pernas, auxilia o fluxo sanguíneo e estimula segurança em todos os níveis.
A região dos glúteos deve ser muito bem trabalhada, pois a energia sexual depende da região pélvica
solta e relaxada. Faça movimentos circulares no glúteo de dentro para fora e de fora para dentro, liberando
toda a tensão nos músculos e estimulando o prazer. Lembre-se sempre de mentalizar os mantram Om Srí
Klim e Om Srí Gram.
Com uma mão na parte interna e a outra na parte externa deslize várias vezes do pé até os glúteos. Repita
tudo na outra perna.
Com as mãos na lateral do tronco deslize uma para cima e a outra para baixo, como se quisesse abrir o
espaço entre as costelas e os quadris. Esse movimento relaxa a região lombar, auxilia no processo digestivo e
de eliminação de detritos físicos e emocionais. Faça seus movimentos de forma absolutamente prazerosa.
Solte o seu corpo sobre do ser amado exercendo uma leve pressão com seu tronco. Esse movimento une
as energias/polaridades masculinas(Shiva) e femininas(Shakti) criando uma sensação de inteireza e conforto
a ambos.
Traga as mãos, em movimentos suaves, deslizando dos pés, subindo pelas costas até as mão, encerrando a
parte das costas e virando delicadamente (com calma) o ser amado de frente.
Fique ao lado do corpo do(a) parceiro(a) envolvendo o braço com uma mão e a outra segurando o punho,
faça deslizamentos em direção aos ombros e descendo na direção da mão. Esse movimento relaxa os braços,
fazendo circular a energia e diminuindo a ansiedade.
Apóie a mão da parceira no seu tronco e prenda com seu braço, deslize as mãos nos dois sentidos pelo
braço. Observe que é importante os braços de sua parceira estarem relaxados. Repita a mesma seqüência do
outro lado.
Alternando as mãos, deslize-as puxando a energia na direção dos dedos dos pés. Esse movimento trabalha
vários canais de energia que percorrem pés em direção aos dedos. Segure firme no tendão enquanto desliza a
mão na sola do pé. Esta área faz parte da reflexologia de todo o corpo, que representa no Tantra o Linga
Sharita – O Corpo de Luz.
Faça círculos no sentido horário em todo abdomên. Esse também é um ponto muito importante, a região
do Hara, ou o centro do corpo. É uma área onde se processam muitas emoções e sentimentos. É importante
que você incentive a parceira a respirar pela barriga, para que não haja bloqueios na mesma.
Com a parceira de frente, fique ao lado direito no seio direto, com o mamilo entre os dedos polegar e
indicador, exercendo leve pressão e fazendo rotações no sentido horário. Esse movimento pode liberar
sensações de prazer e eliminar mágoas do pretérito. Massageie também o centro do peito.
Segure o mamilo entre os dedos polegares e indicadores de ambas as mãos, fazendo movimento de
deslizar em ambos os sentidos. Repita do outro lado.
Fique ao lado do parceiro, apóie a mão no lingan (pênis) e aplique o óleo sobre a sua mão (a intenção não
é estimular a relação sexual).
No Tantra, a genitália é sagrada (sacro) e deve ser massageada normalmente sem nenhum preconceito.
Lembre-se que a filosofia tântrica nada tem em comum com a falida sociedade moderna patriarcal. Portanto,
toque o corpo como um todo sem conceitos retrógrados e anti-naturais.
Alternando as mãos, faça movimentos para cima, puxando a energia da base para todo o lingan. Consulte
Shiva se ele sente ou não prazer na região do ânus.
Fique ao lado da parceira, apoiando a mão na yoni (vagina) e aplicando óleo ou lubrificante sobre as
mãos. Faça movimentos ascendentes alternados.
Afaste os grandes lábios e massageie o clitóris com movimentos suaves de cima para baixo, e em círculos
ao redor do mesmo.
Massageie ao mesmo tempo o abdômen, deslizando para baixo, a yoni de cima para baixo. Esse
movimento conecta todo o corpo, espalhando a sensação de prazer para cada parte.
Apóie a mão esquerda na cabeça, e a direita na yoni ou lingam. Isso traz a energia para o alto da cabeça e
polariza todo o corpo, nadis, Chakras e Kundalinî.
Termine com uma polarização colocando a mão direita na base do lingan, e a esquerda na cabeça. É
importante que o casal troque a massagem. Desejando ser um mestre em massagem indianaa, tântrica e
ayurvédica (método Kussum e tradicional), estude com Diana Prem Zeenat na Humaniversidade Holística
(www.espacoholistico.com.br).
“Não existe nada neste Universo que não esteja no corpo humano. Tudo o que está aqui, está em toda
parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte.” Vishvasara Tantra
O tantrismo ensina que existem sete portas para o templo que é seu corpo. No maithuna ou massagem
tântrica, todos esses corpos, que são os portais de entrada da morada do self, essência e consciência, são
estimulados.
Obs.: Todas as palavras Maya significam ilusão, apontando o sentido transitório de tudo. Somente o
corpo Buddhi não tem começo e fim. Você conhece esse corpo? Então, quem é você?
Anna Maya Kosha (corpo físico) é o corpo que mais sofre transformações. Para uma breve compreensão
do corpo e do prazer feminino, vamos entrar na história da humanidade. Há 4 milhões de ano, a relação
sexual era motivada por hormônios para a manutenção da vida, os nossos ancestrais (australopithecos
afarensis) não faziam jogos de sedução. A fêmea peluda, com 1m de altura, 27kg, os genitais na parte inferior
da coluna, espalhava seus ferormônios, pelas moitas atraindo uma infinidade de macacos. A sedução era
exclusiva da bioquímica, não do olhar, da beleza. A posição da fêmea era perfeita, com os genitais mais
posteriores, e ficando de quatro, neutralizava a ação da gravidade sobre o útero, evitando abortos e problemas
com parto, e os hormônios determinavam a disposição para o sexo, que mudava com a gravidez e
amamentação, só voltando “a ativa” depois da amamentação.
Tudo começa a mudar, quando os afarensis começam a correr e ficar de pé para colher frutos. Nesta
posição os genitais começam a ficar mais escondido, entre as pernas, surgindo o homo habilis. Esta mudança
causou uma transformação na relação. A nova posição permite o sexo de frente, olho no olho. E o macho
reconhece sua prole e protege a fêmea.
A fêmea começa a criar utensílios (cestas, maceradores de grão), o macho caça para manter a família e
surge o homo erectus, há mais ou menos 2 milhões de anos. A fêmea perde os pelos do corpo, mantendo-os
nos genitais.
Ela libera feromônios para toda pele e o contato se torna mais visual. Começa a necessidade de
comunicação. A evolução continua.
Os neandertais que habitavam parte de Ásia, Àfrica e Europa, cresceram tanto em população que a
natureza passa a controlar a sua reprodução com o sangramento. Quando a fêmea não queria copular,
sangrava e com isso, os neandertais foram se extinguindo e surge o Homo-Sapiens (cro-magnon).
Nesse povo, quem manda é a fêmea. Ela tem o poder de engravidar, de sangrar, de criar, cuidar, transa
olhando nos olhos quando quer, enfim é uma deusa na terra, por isso as primeiras deusas criadas para
mitologia religiosa primitiva eram fêmeas.
Nos machos o hormônio que predomina é a testosterona, que dá virilidade e força física. Já as mulheres
são bem mais complexas. O estrogênio determina a feminilidade, a Progesterona controla a gestação e
maternidade.
O sangramento para a mulher serve para afastar um macho, dando-lhe a escolha de transar ou não, sentir
prazer ou não.
Assim, todo o Tantra dá esse direito à mulher de escolher com quem amar e ter ou não prazer.
“Aqui mesmo (neste corpo) estão o rio Ganga, Prayaga e Varanasi, o Sol e a Lua ( isto é o masculino e o
feminino) e os lugares sagrados... Não existe outro lugar de peregrinação nem morada de felicidade
semelhante ao meu corpo. Em verdade, o yantra (símbolo sagrado), que é o próprio corpo, é o melhor de
todos os yantras.”
Gandharva Tantra
As principais posições físicas (asanás) que estimulam os Chakras e Kundalinî são os que trabalham a
região da coluna, e a flexibilidade das áreas anterior e posterior do corpo. É importante que você permaneça
nos mesmos por algum tempo e não os repita, pratique com muita atenção para não se machucar ou forçar
demais. Respeite os seus limites físicos. A prática de Yoga é benéfica e necessária para manter um corpo
saudável, em equilíbrio e energia em alta! Faça yoga antes que você precise (toda a vida).
“O tantrismo ensina você a reverenciar seu parceiro sexual e a transformar o ato sexual em um
sacramento de amor.”
Nitya Lacroix
O Maithuna, considerado o auspício maior de todas as cerimônias tântricas, é uma das mais poderosas e
secretas técnicas místicas de todos os tempos, é o ato sexual íntimo, sem pressa, meditativo. Essa técnica
também é conhecida como Shaktização, pois os praticantes encarnam a consciência de Shakti, ou se busca a
união dos princípios masculinos e femininos - os opostos. É o Maha Mudrá (grande gesto) no qual homem-
Shiva e mulher-Shakti se reconhecem como unidade ou realidade suprema.
O Ocidente considera o maithuna como magia sexual, em que se busca o aperfeiçoamento sexual e
erótico entre as pessoas, não compreendendo sua magia ritualística. Como exemplo, quem não observa o que
está por detrás das imagens, vê até o batismo cristão, tão somente, como um banho de água na criança, o que
é lamentável. Sabemos da inverdade disso, pois para somente melhorar a conduta sexual temos outros
caminhos descritos em manuais orientais, sobre como fazer amor, conhecidos como Ananda Ranga,
Vatsyayana e as posições sexuais do Kama Sutra. O que afirmo com ênfase é que não se deve confundir
esses manuais sexuais com o maithuna como é feito diariamente em revistas populares e programas de tv, são
tantos delírios, falta de cultura sobre Tantra e hinduísmo, e absurdos que ouço, que seria impossível numerá-
las.
Maithuna é uma técnica muito especial e naturalista, que permite elevar nossa sensibilidade à “milésima
potência”. O ocidental vê no sexo tudo que é repulsivo, vergonhoso, imoral e obsessivo. A visão sexual das
tradições religiosas ocidentais é patológica a ponto de até hoje proibirem a exibição da beleza feminina, o
preservativo e o sexo antes do casamento institucionalizado. O tântrico observador da natureza íntima contida
em tudo no universo, procura na união dos pólos opostos à unidade maior, sem se ocupar em confusões de
abordagem ética e moral. O tântrico é um libertário. Busca a eliminação do ego por meio da força máxima do
Universo que está contida no amor, no desejo, e no mistério que cerca a escolha da parceria amorosa como
veículo de transcendência. Reconhece os impulsos animais e instintivos, os hormônios em ebulição, a atração
pelo cheiro e olhar, o magnetismo e o amor. São o animus e a anima em busca da unificação.
Durante a prática, o homem assume o papel de Shiva e a mulher de Shakti e ambos realizam o Maha
Yantra (grande símbolo) que os une em Âtma (Si mesmo imortal). A prática eleva a grande mãe Kundalinî
pelo canal Sushuma (linha da coluna) e ilumina a consciência tocando os centros superiores. Nesse capítulo
descrevo alguns tópicos do maithuna. Mais já de início defino que é fundamental nessa liturgia deliciosa
prolongar ao máximo a duração do ato sexual desenvolvendo a consciência de Si.
“O clímax do Yoga tântrico não é o orgasmo, mas o êxtase – a identificação do praticante com o Si
Mesmo transcendente, além da personalidade egóica.” George Feuerstein
Assim além do êxtase, o maithuna facilita-lhe o conhecimento de sua natureza única, o reconhecimento
de quem você é, e para isso existe uma estrutura prática que auxilia a obtenção dessa meta.
Você poderá utilizar-se de todas as partes da prática ou somente de algumas. Vá aos poucos.
Atenção: O maithuna - ato sexual ritualizado, é o processo final, onde se é importante uma preparação
anterior muito séria e competente por meio do Yoga ou outras práticas tântricas que envolvam um corpo
saudável.
* UNIÃO
O Tantra de linhagem de esquerda ensina que o ritual de maithuna deverá ser realizado com pessoas
estranhas, pois assim haveria um maior potencial de erotização. No Tantra de direita pouco se pratica o
maithuna e quando isso ocorre é feito com a parceria fixa, ou seja, alguém casado ou namorado de tempos.
Na escola de linha do meio é permitida a opção de escolha pessoal, respeitando a transcendência de valores
mundanos e egoístas. De toda forma, o ideal é que haja no maithuna um compromisso, seja ele como uma
união amorosa ou de mestre para discípulo. Isso é claro no texto do Mahanirvana Tantra: “O casamento sob
a lei de Shiva é de dois tipos. Um é terminado na conclusão do rito e o outro tem a duração de uma vida.
Ambos requerem um alto nível de compromisso. Quando é declarado em voz alta: ‘Aprove o nosso
casamento de acordo com a lei de Shiva’; o compromisso de um casamento é verdadeiramente assumido”.
Medite nesse texto até incorporar esse ideal a suas práticas e porque não na própria vida.
* PRECAUÇÃO
É interessante que o maithuna não seja interrompido. Determine o tempo em que irá realizá-lo e
certifique-se que não haverá interrupções. Existem rituais de 2 horas até 21 dias dentro de escolas tântricas
tradicionais (não estou exagerando).
* VESTUÁRIOS
Nada de materiais sintéticos e botões, zíper ou nós. Prepare-se adequadamente. Evite cintos, pois
atrapalha a circulação do manipura Chackra. Utilize roupas de seda ou cetim com desenhos simples como
quimonos ou pijamas indianos, ou ainda robes, tudo simples e de bom gosto, proporcionando prazer ao toque
da pele. Não utilize animais mortos em contato com o corpo. Lembre-se: couro é animal. A Shakti deve usar
vermelho, pois esta é uma cor excitante para Shiva; esse, por sua vez, utiliza a cor violeta por suas
propriedades metafísicas tão apreciadas pelas Shaktis. Da mesma forma que você se prepara para um grande
evento, prepare-se para o que pode ser um dos maiores prazeres de sua vida.
* O PERFUME DO JARDIM
No ritual do maithuna, o mais puro óleo de jasmim é colocado nas mãos, óleo de patchouli no pescoço e
faces, âmbar ou almíscar (sintéticos) nos seios e nos órgãos sexuais; extrato de valeriana no cabelo, óleo de
sândalo nas coxas e perfume de açafrão nos pés da Shakti. No Shiva aplica-se sândalo na testa, pescoço,
barriga, peito, genitais, braços, pernas e pés. No kalikapurana lemos: “Que aqueles que presenteiam Shiva
com guirlandas de flores, do oleando ou do jasmim de doce perfume, obtenham o objeto de seus desejos.”
Utilize sândalo (estimula todos os Chakras), Patchouli (estimula Shiva), Almíscar-Musk (estimula
Shakti), Tulasi (confere força física), Mogra (favorece o romance) e Violeta, Jasmim, Rosas (são ativadores
da energia amorosa).
Diante da dificuldade de encontrarmos todas essas essências, utilize-se de algumas. A mestra de
meditação Diana Prem Zeenat confeccionou com o perfumista Roberto, da Portalle, sob minha orientação o
perfume Tantra Prem, que é absolutamente recomendável em suas práticas. Sua fórmula é secreta, mas
contém uma série de elementos estimulantes e afrodisíacos não encontrados em formas aromáticas
comerciais.
Você poderá pingar uma gota dessa essência na máquina de lavar, desta forma todas suas roupas ficarão
perfumadas. Todo tântrico é conhecido por ser muito perfumado (só não exagere).
No dia da prática, logo pela manhã, o casal realiza a saudação ao Sol – surya namaskar. Esta prática que
remonta a pré-história do homem e do Tantra de saudação a Sávitri (Deus-Sol) é muito conhecida por
yogues e tântricos de todo o planeta. Nas figuras, seguem-se um mantra para cada ásana (posição física), que
amplia a concentração e os efeitos da prática. Estes mantram me foram-me transmitidos em um pergaminho
por um sadhu (homem sábio) na Índia com quem pratiquei yoga em Varanasi às margens do rio Ganges na
Índia. Além de fornecer flexibilidade e força física, ajudam a estimular os Chakras. Esta seqüência deverá ser
repetida de uma (iniciantes) a 108 vezes (praticante adiantado), de preferência pela manhã, com a face
voltada para o nascer do Sol.
Os benefícios físicos e energéticos desta prática são tantos que seria impossível enumerá-los aqui.
Pratique-o não só no período do maithuna. Cuide-se sempre e lembre-se que essa prática se tornará mais
competente se for realizada com um instrutor de Yoga tântrico.
1. De pé com os olhos fechados, pés unidos, coluna ereta, voltado para o Sol nascente, junte as palmas
das mãos à frente do peito em pronam mudrá enquanto mentaliza ou pronuncia o mantra da figura.
Obs.: Durante toda a prática, mantenha o alinhamento da coluna, aquiete a mente e observe a respiração que
deve ser rítmica, suave e fixe o olhar na ponta do nariz.
2. Inspire profundamente, elevando os braços acima da cabeça, alongando todo o corpo e fazendo uma
pequena flexão para trás.
3. Expire lentamente, abaixando o tronco, braços esticados, coluna ereta, até atingir o solo com as
palmas das mãos. Com o pescoço relaxado e os joelhos estendidos (no começo, se não alcançar o chão, dobre
os joelhos), alongue toda a parte posterior das pernas e do tronco.
4. Inspire, levando a perna esquerda para trás com o joelho tocando o chão. Flexione a perna direita até
que o joelho encoste no peito, alongando a virilha.
5. Leve para trás a outra perna até o corpo ficar apoiado sobre as palmas das mãos e pontas dos pés.
Eleve os quadris formando um V invertido com o corpo enquanto inspira.
6. Desça os quadris, numa expiração, mantendo-se reto como uma tábua, e depois desça todo o corpo
numa flexão de braço, apoiando no solo a testa, o joelho e o peito. No começo é possível apoiar primeiro os
joelhos para quem não tem muita força.
7. Expire abaixando os quadris e apóie todo o corpo no chão. Mantenha as mãos na linha dos ombros e
inspire elevando o tronco, mantendo a pelve apoiada no chão. Retorne na expiração.
8. Inspire enquanto eleva os quadris, deixando a cabeça entre os braços, e forme novamente um V
invertido com o corpo.
9. Traga de volta a perna esquerda, mantendo-a à frente do peito e apoiando o joelho direito no chão.
10. Volte lentamente esticando o joelho e trazendo a perna direita para junto da esquerda. Junte os pés,
mantendo as mãos no chão.
11. Inspire e suba “desenrolando” a coluna voltando a retroflexão (postura 2).
12. Volte a postura inicial. sentindo necessidade, encerre a prática ou recomece a seqüência quantas vezes
desejar.
“O espírito humano tem duas moradas. Este mundo e o eterno além. Existe também um terceiro mundo,
o sempre mutante mundo dos sonhos. Quando o espírito está na terra dos sonhos, então todos os mundos
pertencem a este espírito.” Upanishad
Pratique ainda o Anahata-Dhivani – que é conhecido como som silencioso. Simplesmente observe os
pensamentos e a mente. Aquiete-se.
Desejando estimular os Chakras durante o ritual, coloquem as mãos em cada chakra do(a) parceiro(a) e
entoe os bijam-mantram na ordem crescente de força (vide capítulo chakras).
• 1ª semana – Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om, entoando somente uma vez cada som.
• 2ª semana – Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om entoando oito ou cento e oito vezes cada som de cada
chakra. Ex: Toque no muladhara e repita Lam oito vezes, só passando então para o próximo.
• 3ª semana – Om Lam, Om Vam, Om Ram, Om Yam, Om Ham, Om da mesma forma que o anterior
(essa é uma prática adiantada).
Outra prática é o mantra gayatri, que é absolutamente recomendado a quem é iniciado no Tantra, pois é
considerado o mais completo e poderoso Som de Poder.
Sendo esse um mantra longo consulte um praticante para aprender a pronúncia correta.
“Om: meditando só sobre esse som, a mente funde-se nele para passar por dentro do éte da pura
consciência.” Nada Bindu Upanishad
A sílaba Om é considerada o som primordial do Universo, o princípio, meio e fim. Segundo o Mandukya
Upanishad, Om é aquele que existe, que existiu e existirá sempre. O Om é tudo: está, ao mesmo tempo,
dentro e fora de tudo. É chamado na Índia por mátriká mantra, o som original, mãe de todos os sons. É o
mais conhecido de todos os bija mantra, capaz de tocar a essência de Ishwara, o Supremo e infinito. Entoado
corretamente, tem o poder de estimular os vários corpos do Shiva. Poucos, ao pronunciar ou escutar o mantra
Om, conseguem ficar indiferentes.
Om é o símbolo de vários ramos de Yoga e do Tantra. No Ocidente é moda entre buscadores os adesivos,
camisetas e fotos do Om, no desenho que parece o número 30 ( ). Om é uma sílaba constituída por três
letras: A, U e M. Essas três letras representam os três estados de consciência humana: sono, sonho e vigília.
A letra A se relaciona com o estado desperto, quando se começa o som. U representa todo estado sutil, o
sonho; e M todo o mundo causal, já que tudo se dissolve no M, no sono profundo. O Om grafado ( ) é um
yantra (símbolo). Somente ao ser vocalizado torna-se um mantra.
Dentro do símbolo há ainda os cinco elementos do universo — terra, fogo, ar, água e éter.
VOCALIZAÇÕES
A respiração deve ser profunda e sempre regular. O mantra se faz na expiração, sem tremor de voz. A
nota musical deve ser a mais natural possível, mas para isso é preciso relaxar o corpo ao máximo. O som
começa com a boca aberta, mantendo a língua próxima do palato mole (fundo do céu da boca) e a garganta
relaxada. O som vem do centro do crânio, fazendo vibrar a garganta e o peito. Tente levar a língua mais para
trás, mantendo a boca aberta e o som se transformará num “O”. Ainda sem fechar a boca, a língua prende a
passagem de ar que, ao sair pelas narinas, faz o som tornar-se um M, vibrando intensamente no crânio.
Utilize as mãos para sentir a vibração passando do peito para a testa.
Outra maneira de entoar o mantra é começar pela letra “O”, emitindo seu som com a boca bem aberta e a
musculatura do rosto completamente relaxada. Depois, deve-se emitir um M prolongado e ir baixando o tom
de voz até sumir por completo.
O aperfeiçoamento das vocalizações depende da persistência. Dessa forma se desenvolvem também
muitos poderes psíquicos.
Há ainda sete formas de pronunciar o mantra Om que poderão ser aprendidas com yogues e praticantes
tântricos. A seguir estão algumas dicas que podem facilitar as pesquisas e a consulta de praticantes.
• 1ª prática: Repetição do som Om – Om – Om – Om – Om... por muito tempo. Estimula a concentração
e meditação.
• 2ª prática: Ooommm (contínuo). Estimula os poderes psíquicos dos tântricos (sidhis).
• 3ª prática: Óm. Dar ênfase à letra “Ó”. Fornece grande vibração na caixa craniana para o estimulo do
ajnã chakra.
• 4ª prática: Om. É um sopro com o Om (soltando-se o ar). Pode-se enviar mentalmente esse som para
qualquer pessoa, animal ou objeto com a intenção de harmonia.
• 5ª prática: Ohmmmmmm. Inicia-se com a boca fechada, concentra-se no “M” contínuo. Essa prática
recarrega as energias.
• 6ª prática: Àaâòoôùuûmmm (com todos os fonemas). Efeito global atua desenvolvendo e energizando
todos os corpos, nadis e Chakras, permitindo vários estados de consciência.
• 7ª prática: Õõõõmmmm... Esse Om contínuo é o mais poderoso, o único que não se pode fazer sozinho,
e sim em grupo pois quando uma pessoa termina a outra começa.
Durante suas práticas de maithuna escolha um ou dois mantram no máximo e uma prática do som Om.
SUKHA PURVAKA
• Posicione as mãos em jnãnã mudra. Com o dedo médio da mão direita, obstrua a narina direita. Inspire
pela narina esquerda, 1 tempo enquanto medita no mantra Om Srí Klim. Retenha o ar nos pulmões, 4 tempos
enquanto medita no mantra Om Srí gam.
• Obstrua agora a narina esquerda, expire pela narina direita em dois tempos, meditando no mantra Om
Srí Srim.
• Repita algumas vezes a sequência agora iniciando inspirando pela narina direita. Obs.: esse pranayama
atua no humor do praticante, purifica as nadis e contribui para o despertar de kundalini. Além disso, pode ser
praticado por toda a vida, pois proporciona saúde. Ainda com a prática contínua, é possível aumentar o
tempo em cada fase. Exemplo: 3/12/6, 4/16/8.
Obs.: ao inspirar, mentalize que está absorvendo prana e que este se dirige para onde a cura se faz
necessária, na retenção do ar, pouse as mãos na parte afetada e, ao expirar, mentalize que o prana flui de suas
mãos e extirpa o problema.
* YANTRA PRANAPRATISTHA
É um símbolo que representa o corpo de uma divindade, elemento ou energia. A cruz cristã representa o
corpo de cristo, os tântricos utilizam os yantras na meditação como uma área sagrada com força egregorial.
Uma representação do macrocosmo. Ele também atua como um talismã de energias auspiciosas e proteção,
mas sua função principal é a contemplação e interiorização do símbolo. Shiva com o dedo médio, ou pincel,
desenha sobre o solo onde o casal estiver praticando o maithuna, um triângulo feminino com a ponta para
baixo e a Shakti desenha, do mesmo modo, um triângulo masculino com a ponta para cima, sobreposta ao de
Shiva. O casal poderá, somente com autorização de um mestre tântrico, fazer a prática do maithuna no centro
do símbolo; se não houver autorização, deixe-o ao lado esquerdo de Shakti durante rituais ou no Maithuna.
Leve esse conselho a sério.
* BINDUSHUDDHI
Shiva marca a testa de Shakti, com o dedo indicador, o sinal da iluminação no formato de um ponto
vermelho fogo entre as sobrancelhas. Shakti marca a testa de Shiva com símbolos masculinos como, por
exemplo, um tridente, um ponto no meio de três traços horizontais ou ainda uma lua com um ponto em cima
Cada uma dessas figuras geométricas possuem atributos metafísicos próprios e um potencial energético
chamado Akkriti Shakti. São utilizados em liturgias a iniciações.
- Elemento Ar – Estimula o pensamento
Shri Yantra
O mais completo yantra tantrico. Conduz ao Samadhi
Você pode deixar esses Yantras acima no ambiente no maithuna e voltar seu olhar para os mesmos
durante o ritual a fim de estimular seus elementos internos (tatwas) e aquietar a mente.
Essas práticas citadas só devem ser realizadas com o acompanhamento de instrutores de Yoga. Por isso
aqui não dou maiores detalhes.
A purificação não deve somente ocorrer no corpo físico. “Limpar” as emoções indesejáveis na prática
como medo, ciúme, raiva, mágoa, rancor, ódio etc. é de suma importância. Como fazê-lo? “Sente-se na paz”
como se ensina no tai-chi, e somente observe esses sentimentos/pensamentos, passando por sua mente. Não
se envolva com os mesmos e respire fundo concentrando-se no respirar. Acalme-se e o próprio tempo irá
relaxá-lo (acostume-se a realizar essa prática antes de dormir, ao menos, por cinco minutos).
1. Carnivorismo ou Carniceirismo
Consumo exclusivo de carnes. Esse modelo alimentar pode se subdividir numa outra classe, o
carniceirismo, praticado por abutres e hienas. Algumas escolas tântricas proíbem todas as carnes, outras,
somente as vermelhas.
Em meus seminários de Tantra, proíbo os praticantes adiantados a carne vermelha.
2. Omnivorismo
Aqui alimenta-se de componentes de todos os grupos: carnes, vegetais, ovos etc. Esse grupo inclui
também os antropófagos. Tanto esse grupo como o acima alimentam-se com comida de cachorro, bichos
mortos e animais putrefatos.
Em meu primeiro longo jejum, já não me alimentava de carnes há mais de 60 dias e, no segundo dia de
prática, o cheiro de putrefato saía de minha pele e, principalmente, da boca. Uma pessoa omnivorista quando
fica algumas horas sem se alimentar já começa a cheirar mal e mesmo escovando fortemente os dentes tende
a não neutralizar o mau hálito. Outra curiosidade é que mesmo após meses como vegetariano ainda defecava
carne vermelha, que ficara presa em meu intestino. Diverticulite é o nome da doença de quem tem os
intestinos entupidos. Dá para fazer amor com alguém assim? Pessoas enfezadas são assim. Cheias de fezes.
Se você faz parte desse grupo alimentar, coloque muitas frutas na sua alimentação.
3. Macrobiótica
Compreende todos os tipos de vegetais (sobretudo cereais) e carne branca, como peixes e aves. Mas é
necessário um cuidado especial com a alimentação macrobiótica radical, pois existem inúmeras controvérsias
acerca de sua eficácia. O Tantra é de linha oposta à macrobiótica no que se diz respeito a muitas frutas que
são proibidas na macro. Obs: Existe ainda outra classe de alimentação muito próxima da macrobiótica, que é
quem come peixe e frango. Essa opção é preferível que o comer “carne vermelha”, que, além de mais
tóxicas, são responsáveis pela destruição de matas e do planeta para a criação de pastos.
4. Ovo-Lacto-Vegetarianismo
Elimina todas as carnes, mas aceita o consumo de outros derivados animais como o leite e os ovos, ao
lado, é claro, dos vegetais.
5. Lacto-Vegetarianismo
Tem os mesmos princípios do grupo anterior, mas não inclui ovos.
6. Vegetarianismo
Só se alimenta de vegetais, que podem ser cereais, verduras, legumes, frutas e, em alguns casos, até
flores. Não existe o consumo de carne, leite ou ovo de espécie alguma.
7. Naturismo
Consumo exclusivo de alimentos crus e sem tempero, ou seja, em sua forma natural.
8. Frugivorismo
É a linha ideal para muitos praticantes, pois só consomem frutas, ou seja, alimentos vivos dotados de uma
energia mais sutil e que podem, pelo plantio da semente, permanecer em seu ciclo reprodutivo. O livro
“Medicina Nutricional”, de Mário Sanches, fornece excelentes explicações acerca dessa corrente alimentar.
Upasana (Jejum)
Pratique somente com orientação de um instrutor experiente de algumas escolas de Yoga, Tantra e
orientação médica, de toda forma não aconselho longos jejuns e muito menos os que se abstêm de água.
Quanto a se alimentar de luz, aconselho muitíssimo esse método, mas somente aos que fisicamente já
morreram.
Faça mudanças graduais, sem fanatismo, observando as mudanças de seu corpo e sempre consultando
especialistas, médicos ou nutricionistas.
“A pessoa que pratica o Tantra sem moderar a dieta é vítima de várias doenças. O tântrico deve comer
arroz, cevada, feijão, castanha, frutas e outras coisas saudáveis. Comidas puras, doces e refrescantes devem
ser ingeridas em quantidade correspondente à metade do estômago. Isto é chamado de moderação em
dieta.” Gheranda Upanishad
* MAGIA DAS FRUTAS
Temos dois Chakras que se encontram abaixo da língua e próximas do palato mole, que tem o nome de
Jiva - chakra e que são estimulados pelo beijo e por frutas – é aqui ainda que homeopatas sugerem a
colocação de remédios e os alopatas remédios subilinguares. Tenha o costume de se alimentar de frutas e ao
mastigá-las, passe-as nos Chakras da boca. Cada fruta tem um atributo mágico. As principais são:
Banana – lingan, poder masculino.
Mamão – yoni, poder feminino.
Maçã – representa também a yoni, além do conhecimento de si.
Morango – o coração, a capacidade de amar.
Caqui – néctar da yoni (lubrificante vaginal).
Uva – sêmen de Shiva. Estimula a sexualidade masculina.
DICAS GERAIS:
A alimentação pesada impede Kundalinî de fluir pelo corpo. Assim, mastigar muito bem os alimentos
facilita a digestão e o fluir física e energeticamente. Só não mastigue muito carne vermelha para não formar
aquele “bolo” na boca de cadáver (se você fizer isso, dificilmente se alimentará de bichos mortos
novamente).
As monodietas – alimentação durante um pequeno período, somente com uma fruta. É recomendável as
melhores frutas para isso são: mamão, maçã, uva, banana, abacaxi (ideal para desintoxicar).
No momento da prática do maithuna recomenda-se somente alimentar-se de frutas e proíbe-se todas as
carnes, açúcar, sal, tóxicos, fumos e alimentos artificiais. O tântrico é conhecido por ter um corpo saudável,
limpo, cheiroso e flexível.
ALIMENTOS ESTIMULANTES
Gengibre, guaraná, manjericão, salsa, alho (atenção ao hálito), cardamomo, coentro, curry, açafrão,
tahine, ginseng, catuaba, gergelim, alcaparra, canela, orégano, hortelã, mostarda, oliva, pimenta, cravo, salsa,
sálvia, anis, tomilho, café, chá e mel. Os legumes com formato que penetram na terra como cenoura,
mandioca, tubérculos, estimulam Shakti e as raízes de Shiva.
“Das coisas materiais, o alimento é a principal, é o remédio para todas as doenças. E todas as coisas
provem do alimento.” Taittriya Upanishad
* ÁGUA
Na época dravídica (origem do tantra) a água do esgoto era separada da água potável. Hoje em cidades
“civilizadas” é comum a utilização de água tratada com substâncias químicas como o flúor. Em muitas
cidades, o que temos é urina e fezes (esgoto) tratados.
Água mineral é o ideal para o tântrico, na temperatura ambiente e deve ser tomada com calma.
Os banhos de chuva são recomendados por textos tântricos assim como, ao acordar, uma chuveirada
alternando água fria e quente.
“A água alimenta e sustenta o espírito e também o corpo físico. A água é considerada o elemento mais
importante, já que ela purifica e eleva o indivíduo do plano mundano para o transcendental. A água de
montanha, água de fonte e água de chuva são altamente benéficas e são consideradas nobres pelos sábios.”
Garuda Purana
* ADORAÇÃO - PÚJÁ
Adoração, veneração e respeito. Puja é uma doação energética ou material. No ato sexual é uma
veneração do ser amado que pode ser realizada de forma material (Pañchapuja) presenteando com flores,
frutas, jóias, perfumes, roupas etc., e o manas puja que presenteia com amor, carinho, votos de felicidade e
outros sentimentos.
No maithuna reserva-se um tempo especial para os pujas entre os praticantes (swabháva).
Falar “eu te amo” com intensidade, tocando o peito e olhando nos olhos da parceria é um exemplo de um
auspicioso puja. A Shakti gera a vida, cuida e alimenta seu “seio”. Todo seu corpo é preparado para acolher a
vida. Venere-a.
“O conhecedor da verdade deve sempre adorar o poder feminino, de acordo com a revelação dos
Tantras. Deve-se adorar a mãe, a irmã, a filha, a esposa e todas as Shaktis. Durante este tipo de adoração,
deve haver contemplação da unidade essencial da sabedoria e meio, os princípios masculinos e femininos.”
Hevajra Tantra
Sobre a nudez feminina e a adoração de Shakti, Mircea Eliada escreveu: “Toda Shakti nua encarna a
Deusa. Portanto, a primeira etapa consiste em olhá-la com a mesma admiração e o mesmo desprendimento
que se sente ao considerar o insondável segredo da Natureza e sua capacidade ilimitada de criação. A nudez
ritual da yoguini tem valor místico intrínseco. Se, diante da Shakti nua, não descobrirmos no mais profundo
de nosso ser a mesma emoção aterradora que sentimos diante da revelação do Mistério cósmico, não haverá
apenas um ato profano, com todas as conseqüências já conhecidas. A segunda etapa é a transformação da
Shakti-prakiriti em encarnação da Shakti: a companheira do rito torna-se uma deusa, assim como o yogue
deve encarnar o deus”.
• Olfato: permita que o seu cheiro característico, sem perfumes, seja percebido e reconhecido pelo(a)
parceiro(a); o perfume e o incenso são essenciais num segundo momento. Com a parceria de olhos
fechados, peça que cheire perfumes diversos, flores, frutas e óleos. Permita um tempo para a olfação que
está relacionada com o elemento terra.
• Paladar: coloque na boca do ser amado, frutas, sucos, mel, vinho (pouquíssimo) ou algum licor.
Estimule o elemento água.
• Audição: falar sussurrando no ouvido quais são suas vontades e o que você quer fazer com ele(a),
perguntar onde gostaria de ser tocado(a). Sinos tibetanos, palavras de amor, músicas com sons da natureza
e toda a variedade de sons melodiosos estimulam a audição e o elemento éter.
• Visão: o olhar expressa o desejo. Observe o corpo um do outro, admirando cada parte, olhando os
genitais, os seios, a barriga, os pés etc., isso é bastante excitante. Olhos nos olhos é uma técnica tântrica.
Além disso, você poderá colocar na frente da parceria flores, frutas, conchas, mandalas, figuras eróticas e
fotos inspiradoras. Tudo isso estimula o elemento fogo.
• Tato: estimule cada parte do corpo como quem desvenda o mistério da existência, toque com as mãos,
dedos, língua, nariz, lábios, sem pressa, de preferência com os olhos fechados para trabalhar melhor o
sentido; isso toca o elemento ar. Explorem-se, brinquem com o corpo.
“Não existe nada neste Universo que não esteja contido no corpo humano. Tudo o que está aqui, está em
toda parte; o que não está aqui, não está em nenhuma parte.” Vishvasara Tantra
“Aqui mesmo (neste corpo) estão os rios Ganga, Prayaga e Varanasi, o Sol e a Lua (isto é, o masculino e
o feminino) e os lugares sagrados... Não existe outro lugar de peregrinação nem morada de felicidade
semelhante ao meu corpo. Em verdade, o yantra que é o próprio corpo é o melhor de todos os yantras”.
Gandharva Tantra.
No livro “O que é corpolatria” – o título é bem tântrico – os autores, Wanderley Codo e Wilson Senne
nos contam: “É hora, e já é tarde, de perseguir de maneira consciente, um corpo saudável. É hora, e já é
tarde, de buscar o prazer, sem medo e a qualquer custo”.
Quando voltava de uma peregrinação ao Peru, minha Shakti Neelama Gayatri (Ju) recebeu-me em meu
refúgio com pétalas de rosas ao chão e uma indicação para que as seguisse, o que fiz, e, ao final da trilha,
absolutamente linda, encantadora e perfumada, ela fez uma dança hindú/árabe com véus sendo retirados um a
um até os auspiciosos finais do ato de amor.
A dança é fundamental no Tantra, que diz que a dançarina rejuvenesce a si e ao parceiro com sua dança.
Diz o Hevajra Tantra: “se alguém dança, quando chega a alegria, que isso seja feito tendo como objetivo a
iluminação”.
Dedique um tempo à prática dos Leelas. Todas as estatísticas contam que a maioria dos casais fazem sexo
com menos de cinco minutos de preliminares. Isso certamente não é Tantra.
• Não “ataque” logo de cara. Beije, acaricie por cima das roupas. Espere a parceira ficar excitada, a ponto
de pedir que você as tire.
• Lembre-se que o toque é essencial. Provocar arrepios é muito excitante. Explore cada área, cada
dobrinha, embaixo das nádegas, atrás dos joelhos, nas axilas, na virilha, utilizando os dedos, a língua e
assoprando.
• Não se esqueça de massagear os pés, alternando com mordidinhas (somente se a parceira não tiver
cócegas).
• A penetração deve ser lenta. Não comece com pressa, a intenção é prolongar o prazer ao máximo.
• Muito sexo oral, com paciência e delicadeza, investindo às vezes num movimento mais rápido e
desacelerando quando o(a) parceiro(a) estiver chegando lá.
• Explore a região do períneo, por ser uma área muito sensível e excitante.
• Quando penetrar, não se esqueça que você ainda possui mãos e boca, e que elas também entram na
brincadeira.
• Pare quando você estiver muito excitado, investindo nos beijos mais carinhosos e frases de amor
(lembre-se que ouvidos também excitam).
• Fique tranqüilo(a) com o seu corpo.
• Abuse de olhares, principalmente nas áreas erógenas, elogiando com naturalidade, sem forçar.
• Nenhuma Shakti ou nenhum Shiva são iguais. Utilize a criatividade para explorar o corpo do ser amado.
• Sorria, brinque muito. Deus, na Índia, tem um de seus nomes Leela (brincadeira divina).
• Masturbem-se mutuamente; de todas as formas possíveis e imaginárias.
• Pergunte a sua parceira de tempos em tempos como ela gosta de ser masturbada e tocada. Nunca creia
que sabe tudo.
• Façam amor na natureza: cachoeiras, na chuva, praias, no topo de uma montanha.
• Olhem-se nos olhos sem desviá-los.
• Pergunte sempre a sua parceira sobre suas fantasias. Lembre-se que elas podem mudar; assim, sempre
mostre curiosidade e realize-as.
• Dispam-se lentamente um ao outro.
• Compartilhem histórias eróticas, seja em livros, revistas etc., criando ou contando experiências.
• Toquem-se e masturbem-se com olhos vendados.
• Troquem massagens sensuais, como a tântrica.
• Utilize essências e roupas que estimulem sua parceria.
• Experimente certa selvageria saudável no sexo.
• Brinque com alimentos na boca e no corpo da parceira, tal como foi feito no filme nove e meia semanas
de amor.
• Sempre seja gentil e generoso(a) com seu(sua) parcerio(a).
• Faça-lhe toques sensuais em momentos que ela menos espera.
• Tomem banho juntos a luz de velas.
• Escrevam cartas eróticas.
• Utilize Vibradores e itens de Sex Shop.
• Lamba todo o corpo de sua parceira com barras de massagem comestíveis.
• Compartilhem filmes eróticos.
• Amarrem-se mutuamente e brinquem de ativo e passivo.
• Pintem seus corpos com tintas laváveis.
• Sempre invistam muito nas preliminares.
• Dêem presentes eróticos.
• Sejam maliciosos.
• Sempre, sempre, sempre se elogiem.
• Diga sempre: eu te amo.
“O amante, utilizando as unhas com amor e afeição, pode trazer muito conforto para a Shakti. Na
verdade, talvez não exista nada mais agradável para o Shiva e para a Shakti que o uso habilidoso das
unhas.” Ananda Ranga
* OS BEIJOS
O beijo expressa uma grande variedade de emoções: erotismo, amor, ternura, gentileza, paixão, carinho,
respeito. O beijo demonstra o quanto o casal está envolvido e expressa os seus verdadeiros sentimentos.
O beijo boca a boca é chamado de contato dos portais superiores e pode estimular desde carinho até a
paixão. São trocas de energia e secreções vitais e troca de Yang por Ying.
Os Tantras consideram o beijo como uma parte profundamente importante do maithuna. Temos vários
tipos de beijos tântricos:
* OS ABRAÇOS
No Tantra, qualquer contato mais íntimo entre corpos é uma forma de abraço, mas aqueles contatos com
intenção mais emocional e sentimental são os que o maithuna utiliza, ao contrário dos ocidentais que
abraçam superficialmente e sem contato dos genitais. No Tantra o abraço é uma forma de contato profundo e,
certamente, de corpo inteiro. Veja alguns tipos de abraço:
• Trepadeira – em pé, como uma trepadeira enrola-se na árvore, faça o mesmo com sua parceria.
• Subindo na árvore – em pé, ambos abraçam-se apaixonadamente como se desejassem subir um no
outro.
• Mistura de arroz com gergelim – deitados abraçando-se fortemente com os braços e coxas e tocando
lingan e yoni.
• Mistura de leite e água – todas as partes são encostadas.
• Abraço da testa – coloca-se muita atenção e carinho na testa e os braços enroscam-se na cintura.
Pode-se ainda abraçar somente partes do corpo como abraços dos peitos, coxas, seio e pelve.
“Quaisquer que sejam os pensamentos em suas mentes, estes desaparecem completamente com o ímpeto
arrebatador do abraço apaixonado. Quando um Shiva e uma Shakti são um só, assim abraçados, não há
nada em todo o mundo que supere a alegria sublime daquele momento.” Kuttni Mahatmyam
Nas escolas patriarcais Shiva cobre a fêmea por trás como os animais ou fica Shiva por cima “possuindo”
Shakti. No Tantra, é Shakti que possui Shiva. Podemos ainda acrescentar que como Shakti é reverenciada,
Shiva olha para cima adorando a deusa. A mulher é a divindade encarnada no corpo da Shakti, Shakti é a
manifestação na terra da própria existência.
Samapada Bandha
Shakti deitada levanta as pernas o mais alto que pode desde os quadris e suas pernas tocam o pescoço
e/ou os ombros de Shiva. Essa flexão é excelente para a coluna de Shakti e os músculos das costas. Atenção:
Pratique com cautela e com a certeza de que a yoni pode acomodar o lingan. Shiva deve usar as mãos para
acariciar a barriga, os seios e a yoni de sua parceira.
Nagara Bandha
Shiva abre as pernas de Shakti apoiando-as em sua cintura. Abrindo as pernas poderá erotizar tendo a
visão de seu lingan penetrando a yoni. Shakti poderá envolvê-lo com suas pernas para maior intimidade.
Avidarita Ásana
Shakti levanta suas pernas e as apóia sobre o peito de Shiva, que se senta entre suas coxas. A
sensibilidade das solas dos pés dela junto à pele e aos pêlos causa excitação, enquanto os dedos dos pés de
Shakti podem brincar com seu peito.
Traivikrama Bandha
As pernas de Shakti são abertas como uma tesoura, uma perna deitada e a outra elevada até a cintura,
ombros ou até o alto da cabeça de Shiva, enquanto ele a penetra.
Smarachak Ásana
Shakti deita-se de costas e Shiva por cima. Ambos abrem as pernas amplamente e os braços também para
cima, Shiva segura nas mãos de Shakti proporcionando um contato gostoso do corpo, bem como dos genitais.
O peso de Shiva faz com que seu osso púbico massageie a região carnuda do Monte de Vênus.
Jrimbhita Ásana
Shakti deita-se de costas e Shiva coloca uma almofada sob os quadris de Shakti. Shiva ajoelha-se entre
suas pernas para conseguir penetrá-la como o “Céu envolve a Terra”.
Sphutma Bandha
Shiva penetra Shakti, que está deitada de costas, levantando suas pernas e segurando as coxas bem
próximas dele. Shakti pode apertar e contrair sua yoni como se sugando o lingan (mula bandha).
Puhapaka Ásana
Shiva está deitado em cima de Shakti olhando um para o outro, com suas pernas e braços juntos como se
estivessem entranhados.
Para que Shiva faça a penetração, Shakti abre as pernas, curva os joelhos, mostrando totalmente sua yoni
para esse puja, como a deusa que é, e então Shakti pode abaixar as pernas. Esta posição oferece contato
estimulante da raiz do lingan com a yoni. Shakti, aqui, comporta todo o peso de Shiva, por isso essa posição
não é ideal para todos os casais.
A próxima categoria de posições tântricas e hindus é o Tiryak, ou posições de lado que são relaxantes
para ambas as partes.
Karkata Bandha
Os dois deitam-se de lado com Shiva entre as coxas de Shakti; enquanto as pernas dela entrelaçam o
corpo dele, tornando mais fácil o movimento. Shakti pode ajustar a posição de forma que o clitóris fique em
contato direto com a pele quando se movimentam.
Lata Asana
Podem deitar-se de lado ou ficar em pé. Shakti respira forte misturando sua respiração com a de Shiva.
Ela ergue as pernas até o ombro dele, isto permite maior penetração e excitação. Os dedos de Shiva acariciam
cabelos, braços e pernas.
Postura sentados
As posições sentadas contribuem para a meditação e visualização. Os amantes devem permanecer
tranqüilos, mas alertas a qualquer nuança de participação e prazer. Não é necessário ficar sentado o tempo
todo. Elas podem ser praticadas de forma mais suave, recostando-se em uma almofada.
Rati Ásana
Shiva senta-se com as pernas abertas. Shakti cobre todo seu lingan com seu corpo. Eles se entreolham
profundamente; suas bocas unem-se, suas línguas misturam-se.
Chanchala Ásana
Shiva senta-se com os pés no chão. Shakti, de costas para ele, senta-se em seu lingan com suas pernas
encaixadas em suas pernas. As mãos de Shiva estão livres para tocar-lhe os seios e o clitóris.
Vaidhurit Ásana
O casal sentado entrelaça as pernas para acrescentar a sensação de unidade. É, sem dúvida, uma das
melhores posições para a prática de maithuna.
Sanyaman Ásana
Shakti coloca as pernas no alto da cintura de Shiva, enquanto ele segura o pescoço dela em suas mãos.
Em cada mudança de ângulo das pernas de Shakti, variam as sensações.
Ekadhari Ásana
Para iniciar esta posição, Shiva senta-se na cama, recostando-se confortavelmente, com suas pernas
abertas. Shakti, de costas para ele, agacha-se, com as pernas abertas e delicadamente acomoda-se sobre o
lingan. Os parceiros se mexem à vontade. A mão de Shiva fica livre para estimular os mamilos e o clitóris de
Shakti e ela pode massagear a próstata de Shiva.
Posturas em pé
As artes Indiana, Nepalesa e Tibetana, incluindo esculturas em pedra, bronze e pinturas, mostram muitas
variações de relações sexuais em pé.
Bandara Asana
Shakti ajoelha-se e coloca as mãos no chão, enquanto Shiva está em pé sobre e atrás dela.
Ele abre as duas luas das nádegas e penetra-a, com delicadeza. As mãos dele estão livres para massagear
os mamilos ou estimular o clitóris.
Gajasawa Ásana
Shakti deita na cama de bruços, com uma almofada sob a região da bacia e as pernas abertas. Shiva deita-
se sobre ela, flexionando suas costas para cima, apoiando-se sobre os braços e com seus quadris para baixo.
Assim ele sente a maciez das nádegas que ela impulsiona. Como essas posições "por trás" nem sempre
permitem que o lingan toque o clitóris, elas são melhores praticadas quando para terminar o maithuna, no
momento em que Shakti esteja bem excitada e facilmente orgástica.
Shiva ou Shakti podem também estimular o clitóris com as mãos.
Purushavita Bandha
Richard Burton diz que "esta posição é considerada um grande horror por algumas escolas radicais
muçulmanas, que dizem: “maldito seja aquele que se fez a terra e o céu”. Terra aqui é Shiva deitado e Shakti
erguida. O reverso é uma realidade dos tântricos, que mostram isso em pinturas mais do que qualquer outra
posição. Esta posição é a favorita da deusa Kali de copular com Shiva, segundo os mitos hindus. É,
particularmente, minha posição predileta ao fazer amor.
Viparata Ásana
Shakti deita-se sobre Shiva também deitado de costas. Ela aperta suas pernas juntas e movimenta-se para
frente e para trás, devagar no início, para erotizar a ambos, e depois mais rápido. Shiva desenvolve
movimentos circulares com os quadris, proporcionando mais prazer. A Shakti além de com as mãos poder
tocar suas costas e estimular seus Chakras.
Sukhásana
Shiva sentado em chão macio recebe Shakti com as pernas cruzadas ou com as plantas dos pés se
encostando. Ambos os parceiros fazem toques amorosos e sensuais nas costas.
Upavishta-variação
Shiva senta-se em chão macio unindo as plantas dos pés, uma a outra, próximas ao períneo (sede de
Kundalinî) e acolhe Shakti em seu colo.
Tiryakásana
Shiva deita-se de lado e Shakti com a barriga para cima. Ambos enroscam as penas, deixando uma perna
de Shakti sobre o quadril de Shiva. O corpo dela fica perpendicular ao dele. As mãos acariciam, e não é
necessário muito movimento.
Janujugmásana
Conhecida como postura em X é altamente recomendada, pois permite controle orgástico e dos
movimentos de Shakti. Essa posição é tão antiga que o yogue belga André Van Lysebeth ensina: “Essa
posição de maithuna bem mostra quanto o tantrismo tem profundas raízes na pré-história indiana, e é
comovente evocar os casais de outras eras ao praticá-la hoje em dia”.
Não pense que porque mencionei um número limitado de posições sexuais, há algum limite para os
tântricos.
Tenha em mente que o Tantra é liberação. O Tantra dá a você permissão (liberdade) para pensar, sentir e
ser erótico, bem como para desenvolver suas próprias variações e rituais. Seja criativo.
* FORMAS SEXUAIS
Omar Garinson em seu conhecido livro “A Yoga do Sexo” nos oferece 6 possibilidades ou níveis de
maithuna.
• 1º nível – Smarnanam: é a visualização ou imaginação de um ato sexual.
• 2º nível – Keli: manter-se na companhia do sexo oposto, ou da parceria amorosa, observando atitudes,
gostos e maneiras do outro.
• 3º nível – Guhyabhashanam: é a palavra gentil e amorosa. Conversar sobre amor e sexo. Durante o
maithuna, você poderá permanecer em silêncio ou não. No dia-a-dia declarar amor é parte importante do
tantra, lembre-se que “Os iluminados ensinam que Deus é amor; portanto falar de amor é falar de Deus”.
• 4º nível – Samkalpa – Grande desejo de manter relação, tocar, beijar, acariciar.
• 5º nível – Prekshenam: massagem, carícia ou namoro. O iniciado em Tantra sempre perguntará a sua
parceira como e onde ela gosta de ser tocada.
• 6º nível – Kriyanishpatti: ato sexual completo – maithuna.
* ABSORÇÃO MÚTUA
Os tântras e textos ancestrais do Hatha Yoga nos ensinam a mística de “absorver o equivalente do seu
parceiro” em todas as uniões que envolverem emissões de sucos vitais. É a absorção consciente das secreções
femininas ou masculinas já alquimizadas. Essa técnica é ensinada em seminários de maithuna, devido a seu
aspecto iniciático secreto e a necessidade de muito treino para, por exemplo, com o lingan absorver o sêmen
já transmutado da yoni feminina.
* MENSTRUAÇÃO
Como escola desrepressora o Tantra ensina que fica a critério dos parceiros ter ou não relações sexuais no
período menstrual. Conversem bem sobre isso. Uma maneira interessante de namorar para os que têm
vergonha é amarem-se dentro de uma banheira de espumas. Na menstruação a Shakti personifica Kali, a
deusa das mudanças de ciclos.
“O adepto tântrico deve olhar uma Shakti menstruada com reverência e admiração. Ela é a
personificação viva de Kali, o poder da transcendência; seu sangue menstrual (Khapushpa) é a essência
florida de toda a feminilidade, o próprio sangue da vida. Possuidor de qualidades sobrenaturais, é uma
potente força rejuvenes-cedora e transformadora, purificando todos os venenos através de seu fogo
alquímico. Realizando ritos sexuais com uma Shakti menstruada, o adepto pode mais rapidamente avançar
em seu caminho para a Libertação.” Kaula Tantra
“A menstruação acontece por apenas alguns dias, e Deus desejou que ela fosse usada para purificar e
limpar totalmente o útero. Quando ela termina, a Shakti está melhor do que antes.”
Shaykh Nafzawi
* A RETENÇÃO - URDHAVARRETAS
A retenção orgástica (energia nervosa do orgasmo masculino, e em alguns casos, feminino) constitui
prática fundamental dentro do maithuna.
Em várias escolas tântricas, podemos observar tendências diferentes em relação a ter o orgasmo ou não.
A linhagem kaula, que muito aponto nesse livro, segue uma tendência na questão orgástica de madhyamika –
caminho do meio – assim, aceita tanto a prática com ou sem orgasmo, ou seja alguns dias ou semanas tenha o
orgasmo final, outros não.
De toda forma, para os praticantes iniciantes é fundamental a retenção orgástica por um período, o que
aumentará o prazer final de forma abismal. Esse é um dos segredos tântricos: Aumento da energia sexual na
fricção dos genitais por um longo período de contato sexual sem orgasmo. Alguns tratados ensinam que o
ideal é o acúmulo da energia orgástica, orgone ou Kundalinî, e não o controle seminal. Algumas escolas
ensinam o contrário, que o tântrico deve reter a ejaculação de toda forma. Afirmam que o sêmen é força vital
pura e deve ser mantida. O objetivo do coitus reservatus é fazer o sêmen se transformar em ojas, uma energia
que ativaria os Chakras superiores (ûrdhva-reta, o sêmen em elevação).
Apesar de opiniões diferentes cabe a você, leitor, praticar e chegar a uma conclusão.
Ensina Datatreya, meu iniciador primeiro no Tantra que:
“O homem comum busca somente o relaxamento do gozo sexual, o orgasmo depois de dez minutos que é
ejaculação precoce para o praticante tântrico.... Pratique sem medo, traumas e de forma lenta e meditativa...
Não tenha pressa... E o maithuna transforma os praticantes em divindades vivas”.
A retenção – a sustentação do prazer por longo tempo – permite a consciência corporal, a tranqüilidade
da mente, o estímulo do hemisfério direito cerebral, o aumento de energia e, conseqüentemente, da saúde.
Haverá um aumento da libido e da produção de hormônios e endorfinas que reduzem o aparecimento de
doenças, dores, desânimo, stress, depressão, medo e outros distúrbios.
Toda prática tântrica, que inclui a retenção, deve ser realizada aos poucos. Vá gradualmente aumentado o
tempo de retenção.
Observe que isso não é difícil. É bom mudar alguns paradigmas:
Muitas pessoas me falam que é impossível se iluminar com práticas tântricas ou não, e muito difícil reter
orgasmo. Mentira! Praticar retenção é muito mais fácil do que parece. Iluminar-se mais ainda. Aliás, todos já
são em Purusha – essência, iluminados. O maithuna mostra-lhe isso. Aceita quem você é. “Não de deve
lançar esta ‘cânfora’ (sêmen) casualmente. É nesta substância que os iogues têm a sua origem. Sua natureza
é a do Supremo Prazer. É indestrutível e saboroso, tão difuso quanto o céu.” Hevajra Tantra
Procure praticar retenção durante 30 minutos no 1º dia, uma hora no 2º, duas horas no 3º, e ir aumentando
gradativamente, evitando assim, sensibilidade exagerada na yoni feminina e dores nos testículos de Shiva.
TÉCNICAS TRADICIONAIS DE RETENÇÃO
1. Mula Bandha: Contração dos esfíncteres do ânus e da uretra por longos períodos de tempo (contraia
todo o assoalho pélvico) essa técnica se assemelha ao pompoarismo, que é uma parte absolutamente mínima
do amálgama tântrico e virou moda entre leigos e curiosos ocidentais. Os iniciados podem fazer a contração
de acordo com os batimentos cardíacos.
2. Jiva Bandha: Consiste em colocar a ponta da língua próximo ao palato mole e a garganta, e empurrá-lo
para cima.
3. Trataka: Olhar (de pálpebras fechadas) o Ájña chakra, 3º olho, no centro da testa ou fixar o olhar
aberto num ponto fixo. O ideal é a chama de uma vela.
4. Jalandhara Bandha: Encostar o queixo relaxado contra o peito.
O Vigyan Bhairav Tantra é uma escola que ensina 64 técnicas meditativas adiantadas que podem ser
realizadas tanto na prática do maithuna como em meditações solitárias. Segue as que mais pratiquei:
Osho nos deixou 4 volumes interpretando o Vigyan Bhairav – os livros chamam-se “O Livro dos
Segredos” da editora Imago e eu os recomendo.
“Ele deve reter a respiração e contrair o baixo-ventre..., deve pressionar o calcanhar contra a base (o
escroto e a língua contra o céu da boca ). Concentrando seus pensamentos oscilantes e controlando a
respiração, evitará que o sêmen seja liberado. Assim que deve se praticar o Yoga da liberação.”
Chandamaharosana Tantra
“No momento em que o Shiva está para ejacular deve levantar a cabeça e prender a respiração. Com um
olhar zangado e revirando o olho da esquerda para a direita, deve contrair o estômago, fazendo o sêmen
retornar e penetrar-lhe as veias. Esta excelente prática tem o efeito de melhorar a visão e fortalecer o
espírito.” Yu-Fang-Pi-Chuh
* VISUALIZAÇÃO
Pode-se imaginar durante todo o maithuna a elevação de Kundalinî. Imagine que pela coluna vertebral
sobe, vindo do muladhara chakra uma forte corrente de energia laranja, que quando chega ao ajnã chakra,
torna-se uma linda flor de lótus aberta na cor violeta.
Quanto mais se permanecer em excitação durante o maithuna, mais se produzirá a energia que levará
Shakti Kundalinî aos chakras superiores. Mesmo se no final da prática houver a ejaculação, não há
necessidade de se culpar, pois já houve o prolongamento da excitação e o prazer foi maior.
* MEDITAÇÕES
“Há metafísica o bastante em pensar em nada. Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma e sobre a
criação do mundo? Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos e não pensar.” Fernando Pessoa
Após a prática do maithuna, o casal poderá fazer alguma técnica de meditação. Poderá ser juntos ou
separados. As técnicas que sugiro são: Meditações do mestre Osho: Nataraj, Kundalinî ou uma variação do
Shiva Netra. O mantra Om Srí Gam, o Giro Tântrico ou a Massagem tântrica. Leia sobre outras fantásticas
meditações no livro: Meditação, a Arte do Êxtase, de Osho. Editora Cultrix.
MEDITAÇÃO KUNDALINÎ
É a técnica de meditação que envolve dança e movimentos de chacoalhar. É minha técnica predileta de
êxtase. Ela deixa o praticante muito sedutor, pois sua aura energética transpira sensualidade. Aos 16 anos
realizei essa técnica do mestre Osho com o meditador de nome Setu e nunca mais a abandonei. Costumava na
adolescência fazer Kundalinî antes de sair para paquerar, e seus efeitos eram facilmente sentidos. Kundalinî
movimenta os Chakras, estimula a libido, deixa o corpo solto. Osho comentava sobre a técnica: “Muita
energia Kundalinî despertará em você. Sentirá a vida pulsando e vibrando. Após a energia ser despertada
pelo chacoalhar, a dança é útil para fazer a energia se movimentar pelo corpo e retornar ao universo, a
existência. Então o silêncio segue-se, a quietude segue-se”.
• 1º Estágio: Aproximadamente por 15 minutos sacuda, chacoalhe todo o seu corpo. Comece pelas mãos
e pés e depois mexa tudo. Seja completo no chacoalhar, movimente, envolta todo seu ser no movimento.
• 2º Estágio: Durante 15 minutos ou mais, simplesmente dance, celebre, viva, goze o momento. Dance
para você, pouco importa se você julga o movimento bonito ou não, seja original e deixe os movimentos
fluírem. O mestre Zaratustra disse: “Não acredito em um Deus que não saiba dançar”. Eu também não.
• 3º Estágio: Sentado, fique imóvel, voltando a atenção a alguma música suave que deve estar tocando.
• 4º Estágio: Sentado ou deitado, apenas observe suas sensações corporais e/ou seus pensamentos.
Observe sem nenhum envolvimento.
“A visão total é tão clara que o indivíduo não pode mais que rir, e até em aparência ser irreverente,
quando vê a fantástica superestrutura de superstição e mistério que se há erguido em torno da simplicidade
elementar que é a verdade.” Sri Nisargadatta Maharaj
* FINALIZAÇÃO DA LITURGIA
Após a prática da meditação ou do ato sexual evita-se o desinteresse das trocas carinhosas. Saborei o
final, acariciem-se brinquem e não saiam voando em direção a um banho ou à tv.
O maithuna costuma energizar o casal, portanto, na maioria das vezes há necessidade de cada um virar
para um lado e dormir.
Fiquem deitados juntos em concha ou com os genitais unidos mesmo sem a excitação de Shiva ou ainda
utilize a energia do maithuna para atividades criativas.
Quando uma Shakti estiver cansada, deve colocar a testa na do amante e descansar, sem perturbar a
união de seus órgãos sexuais. Após ter descansado, Shiva deve virar-se e começar a fazer amor de novo. Se
os amantes passam algum tempo brincando e acariciando-se um ao outro no início, e também ao final do
amor, então seu êxtase e confiança aumentarão. Os jogos de amor aumentam o prazer. Kama Sutra.
Desejando dormir, certamente você dormirá em paz. Se necessitar de um relaxamento final para aquietar
as energias, pratique Shavasana: deite-se de bruços, inspire profundamente contraindo todo o corpo,
apertando as mãos, esticando as pernas e pés, tencionando o rosto e, após alguns instantes, relaxe todo o
corpo de uma só vez. Repita algumas vezes.
Apesar de tantas práticas aqui ensinadas tive a precaução de não colocar todos os segredos do maithuna,
pois algumas partes precisariam de uma preparação física que não pode ser ensinada através de livros.
Mesmo que alguém um dia escreva ou traduza os textos adiantados do maithuna, ainda assim sem a
iniciação e supervisão de um mestre, os rituais estariam incompletos. Isso acaba sendo uma proteção do
sagrado dos curiosos, não iniciados, místicos teóricos e especulativos. O que pode ser ensinado, você
encontra neste livro.
Que suas práticas sejam abençoadas por todos os Budas.
Diariamente, milhares de praticantes do Tantra e do hinduísmo no mundo todo trabalham com uma
corrente de pensamentos que envolvem todo o planeta. Essa prática é somada durante 20 minutos por dia,
durante milhares de anos, produzindo efeitos variados. É a egrégora oriental tântrico.
Em sua primeira prática, você estará realizando um ritual de iniciação. Nas vezes seguintes, poderá
recolher-se todos os dias que desejar e estabelecer contato com a egrégora da seguinte maneira:
• Escolha o mantra de sua preferência. Exemplo: Om Sri Klim (que trabalha o afetivo e o silêncio).
• Pontualmente, às 20:50h., recolha-se a um local tranqüilo e sereno, onde não seja incomodado. Sente-se
de frente para o Oriente. Utilize-se dos quatro elementos acendendo uma vela (fogo), um incenso (ar),
colocando perto de você uma flor plantada num vaso ou uma pedra (terra) e um copo de água (água). Faça
várias respirações profundas abdominais ou a respiração completa, caso domine essa técnica.
• Olhe fixamente para o símbolo do Om (yantra) a seguir, que será seu protetor astral e conector com a
egrégora.
• Até as 21 horas, pontualmente, entoe em voz baixa o mantra Om, durante dez minutos como segue:
“Oooommmmmm... Ooooommmmm... Ooooommmmmmm...”
• Durante esses dez minutos, enquanto utiliza o mantra Om com muita atenção, dirija seu pensamento às
egrégoras de auto-suficiência, compaixão, amor e consciência das escolas tântricas, enfocando saúde, amor,
poder, prosperidade e excelência. Visualize esse pensamento como uma luz azul-índigo que sai de sua testa
em direção ao símbolo do Om (yantra) e o envolve. O yantra, por sua vez, filtra e remete essa vibração até as
egrégoras.
• Às 21 horas, interrompa a vocalização do mantra e comece a mentalizar que do símbolo do Om parte
um foco de luz azul-índigo que toma conta de sua aura e penetra seu corpo físico, proporcionando-lhe tudo
aquilo que você deseja e necessita. Do mesmo modo em que emitiu energia para as egrégoras, receberá a
energia do que mentalizar, no período das 21 horas até as 21:10h.
• Às 21:10h. feche a egrégora desse exercício místico, pronunciando as seguintes palavras:
“Que os mestres do Tantra e do hinduísmo me dêem o prazer auspicioso da minha iniciação (e, em outras
práticas, o que tiver mentalizado). Que assim seja. Om Sri Klim (pronuncia-se Om Xiri Klimmmm)”.
Repita o mantra Om Sri Klim no mínimo 108 vezes. Se preferir, utilize-se de outro mantra tântrico para
fazer a auto-iniciação.
A partir desse momento você é um auto-iniciado no Tantra e no hinduísmo e sempre poderá utilizar o
mantra Om Sri Klim para suas práticas.
“O yogue que aspira à qualidade de yogue (yogitva), mas não foi iniciado, é semelhante a Shiva que
cerra o punho para o céu e bebe a água de uma miragem.” Kriyá – Samgraha – Panjikâ.
Yantra do Om
Epílogo
Fim das Buscas
Em 2003, após praticar insistentemente ocultismo, budô, Yoga, esoterismo, xamanismo e, claro, tantra,
sentei-me com dois iluminados, Satyaprem e Monja Coen e, finalmente, encerrei minhas buscas.
Será que a prática do tantra-maithuna foi uma etapa para o reconhecimento de quem sou? Buda sentou-se
em silêncio até se iluminar e um discípulo questionou: “O que você praticou?”. Ao que Buda respondeu:
“Nada, não fiz nada, só observei”. Será que não bastaria eu ter apenas me sentado em silêncio, como fez
Buda? Seria preciso praticar tanto? Nunca saberei. E, como dizia o mestre Rinzai, quando perguntado o que
fez para reconhecer sua iluminação, respondeu: “Não há ninguém aqui que se importe com isso agora”.
Hoje pratico técnicas tântricas, não mais buscando experiências místicas, iluminação, ou seja lá o que for,
pois nada mais precisa ser encontrado. Pratico pelo prazer de namorar, tocar e ser tocado, acariciar, amar, ter
orgasmos tântricos ou não, fazer minha Shakti feliz.
É uma outra visão do tantra. Faça por prazer, não esperando que algo aconteça.
O Buda Satyaprem ensina que “Então só há um caminho: parar a caminhada e descobrir. Você já chegou
lá, basta abrir os olhos”.
Agora digo-lhe: Se você tem um corpo. Divirta-se nele. O corpo foi feito para sentir assim. Sinta!
Osho sempre disse: “Play the game” – jogue o jogo de estar nesse mundo e celebre. Não há prazer maior
que o orgasmo, assim... Encerro esse livro com o texto de Ken Wilber, baseado nos ensinamentos do
Iluminado Ramana Maharshi. Se você não entender esse texto, nada posso fazer por ti. Se entender, não é
necessário que ninguém faça nada por você.
Eu tenho desejos, mas eu não sou meus desejos, eu posso conhecer meus desejos,
e o que pode ser conhecido não é o verdadeiro. Conhecido.
Desejos vêm e vão, flutuando através de minha percepção,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho desejos, mas não sou desejos.
Amor e Silêncio
Otávio Leal (Dhyan Prem)
Aqui e Agora – eternamente
Glossário
Aghorî: escola secreta tântrica.
Ai kidô: arte marcial de origem japonesa conhecida como harmoniosa.
Ai-dô: pratica marcial japonesa que se utiliza espada, prática dos samurais.
Ájña: nome do chackra frontal (no centro da testa).
Anáhata: nome do chackra cardíaco.
Ánanda: felicidade, bem aventurança, benção divina.
Ananda mahasukha: êxtase, prazer.
Anga: partes, divisões.
Anima: aspecto ou forma.
Animus: aspecto ou forma.
Annasakti: não apego.
Ásana: posturas físicas executadas no yoga.
Átman: o si mesmo, o que é imortal.
Ayurvédica (ayurveda): medicina védica.
Bíja: mantras semente que ativa os chackras.
Brahmá: deus na mitologia hindu é o criador.
Chakra: roda, centros energéticos.
Chandra: lua.
Chéla: aprendiz, discípulo.
Chi-kun: exercícios físicos e respiratórios chineses.
Dakshina tantra: tantrismo da mão direita.
Dharma: caminho social, lei humana.
Ganesha: deus hindú da prosperidade.
Gupta vidya: conhecimento secreto.
Hara: nome japonês do centro energético que situa-se na barriga.
Harappa: antigas cidades hindu onde encontramos a origem do yoga e do tantra.
Idá: canal energético que sobe ao longo da coluna desde o múládhára chackra até a narina esquerda. Sua
polaridade é negativa.
Íshwara(íshvara): senhor, um dos nomes do yôgis.
Jihva bandha: trava da língua no palato mole.
Jíva: homem vivo, ser vivo.
Káma-sutra: texto hindu de etiqueta sexual.
Karma: ação, fazer. Lei de ação e reação.
Kaula: escola tântrica fundada por metyedranatha.
Kriyá: limpeza e purificação do organismo. É também um ramo do yoga.
Kunda: casa da kundalinî.
Kundalinî: energia primordial, sexual.
Leela: brincadeira divina
Linga ou lingam: pênis, Bastão de Luz, símbolo masculino de força vital e a shiva.
Madhyamika: caminho do meio, centro.
Maithuna: ato sexual ou matrimônio sagrado tântrico.
Manas: mente, pensamento
Manipura: centro energético situado no plexo solar.
Mantra: sons utilizados para disciplinar a mente.
Mohenjo: dharo: uma das antigas cidades hindu que originou o tantra
Mudrá: gestos simbólicos com as mãos ou com o corpo.
Múládhára: centro energético situado na base da coluna.
Nádí: canais por onde flui energia (ki)
Nyása: direcionar a energia para qualquer parte do corpo dentro do ritual tântrico.
Om: mantra semente do Ájña chackra. Símbolo do hinduísmo e do yoga.
Paçu: pessoas que estão “dormindo”, sem consciência, segundo osho o robopata social.
Pashupati: senhor dos animais
Pingalá: canal energético que sobe pela coluna da muladhara ate a narina direita, sua polaridade é positiva.
Prakriti: a energia primeira, procriadora.
Pránáyáma: exercícios de respiração, controle do prana
Prônam mudrá: gesto simbólico de unir as mãos palmas contras palmas na altura do peito, é conhecido
como gasho no japão.
Pújá: oferenda de energia adoração.
Púrusha: átma ou alma, consciência pura, monada
Sádhaka: homem ou mulher praticante de yoga e ou tantra.
Sádhana: prática ou ritual de yoga ou tantra.
Sádhika: mulher praticante de yoga e ou de tantra.
Sadhu: praticante tantrico que vive nas montanhas ou cavernas.
Sahásrara: chakra do alto da cabeça.
Samádhi: iluminação. Consciência de quem é você.
Samyama: a união de concentração (dháráná), meditação (dhyána) e consciência (samádhi).
Sannyas: renúncia ou aproveitamento máximo dos aspectos mundanos seja sexo, dinheiro, diversões,
família, etc... Também é a mudança de nome como um símbolo de renascimento ao mestre que lhe deu o
novo nome.
Sansara: mundo das ilusões.
Self: centro imutável do ser. Aquilo que não pode ser melhorado ou piorado corresponde ao purusha
tantrico.
Shaivas: seguidores de shiva.
Shakta: linha de tantra devocional
Shaktí: nome da esposa de shiva. Energia feminina criadora.
Shastras: escritura sagrada dos hindus, pertencente a uma escola filosófica ou científica.
Shiva: no tantra corresponde à essência. É também o criador mitológico do yoga.
Siddhid: poderes paranormais que o praticante de yoga adquire com a hiper consciência.
Súrya: sol.
Sushumná: a nádí corresponde à medula espinhal.
Swádhistána: o 2º centro energético localizado logo abaixo do umbigo.
Swásthya: auto-suficiência, saúde. Escola de yoga.
Tai-chi: prática corporal de origem chinesa de movimentos leves e flexíveis que estimulam a saúde e
longevidade.
Trayati (traya): triplo.
Upanishad: coleção de textos sagrados do hinduísmo.
Vêda: antigas escrituras sagradas hindus. São quatro os números de vedas: rig, yajur, sama e atharva.
Vishnu: deus hindu da conservação.
Vishuddha: chakra da garganta.
Yantra: símbolo, figura ou instrumento geométrico utilizado na prática de meditação.
Yoga: união; segundo mestres tradicionais é qualquer método prático que te mostre a iluminação. Prática
física.
Yoni: órgão sexual feminino.
Bibliografia
Tantra, o culto da feminilidade; André Van Lysebeth, Summus Editorial, 1991 – São Paulo
Alimentação Vegetariana: chega de abobrinha; Mestre De Rose, Ed. Nobel, 2004 – São Paulo
A Era dos Reis Divinos; Editores de Time – Life Livros, Abril Livros, 1991 – Rio de Janeiro
Tantra, A Yoga do Sexo; Omar Garrison, Ed, Nórdica, 1964 – Rio de Janeiro
Introdução ao Tantra; Murillo Nunes de Azevedo, Ed. Pensamento, 1985 – São Paulo
A Arte da Magia Sexual; Margo Anand, Ed. Campus, 1996 – Rio de Janeiro
A Arte dos Pajés; Orlando Villas Bôas, Ed. Globo, 2000 – Rio de Janeiro
A Arte do Sexo Tântrico; Nitya Lacroix, Ed. Vitória Régia, 1997
Sexo Tântrico – Como Prolongar o Prazer a Atingir o Êxtase Espiritual; Cassandra Lorius, Ed. Ediouro,
1999
O Livro dos Segredos; Osho, Ed. Ícone , 2000 – São Paulo
Tantra – Sexualidade e Espiritualidade; Georg Feuerstein, Ed. Nova Era, 2001 – São Paulo
A Tradição do Yoga, Georg Feuerstein, Ed. Pensamento, 2003
Yoga, Sámkhya e Tantra; Mestre Sérgio Santos, Martin Claret – Uni-Yoga, 1995
Yoga: Mitos e Verdades; Mestre de Rose UniYoga, 1992 – São Paulo
Yoga – Inmortalidad Y Liberdade, La Pléyade; Mircea Éliade, Buenos Aires
Shakti and Shakta, Kier; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
Princípios del Tantra, Kier; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
El Poder Serpentino; John Woodroffe Kier, Buenos Aires
Sylvain Levi: On Tantrik Fragments From Kucha; Indian Historical Quaterly, 1936
A Inteligência Hormonal da Mulher; Dr. Eliezer Berenstein,Ed. Objetiva, 2001
A Visão Tântrica; Osho, Ed. Madrás, 1998
Faça Yoga Antes que Você Precise; Mestre De Rose, Ed. Martin Claret, 1994
Segredos Sexuais; Nik Douglas e Penny Slinger, Ed. Record, 1979
Hiperorgasmo, uma via Tântrica; Mestre De Rose, Ed. Martin Claret, 1998
Shiva e Dionísio, a Religião da Natureza e do Eros; Alan Danielou, Ed. Martin Fontes, 1979
A História do Yoga; Pedro Kupfer, Ed. Dharma, 1997