Interações Químicas

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Trechos retirados do texto Petróleo no meio ambiente aquático (https://www.maxwell.vrac.

puc-
rio.br/8681/8681_3.PDF)

Fontes de contaminação por óleo

As fontes de contaminação do oceano por óleo são variadas e podem ser


separadas em quatro grandes grupos: percolação natural no fundo oceânico,
extração de petróleo, transporte de óleo e consumo de petróleo. A quantidade
de óleo que atinge os mares anualmente pode variar muito, dependendo da
ocorrência de acidentes ou guerras.

Estimativas do Comitê de Estudo de Óleo no Mar do National Research


Council (2003) indicam que o volume total de óleo que atinge os oceanos
anualmente é de cerca de 1.400.000 m³. A percolação natural ocorre quando o
óleo cru, a fração pesada do petróleo, atravessa o extrato geológico do fundo
marinho até a coluna d’água. Este fenômeno natural é responsável por quase
metade de todo óleo que é lançado anualmente (680.000 m³) no ambiente
marinho, mas sua taxa de liberação é suficientemente baixa para que o
ecossistema circunjacente possa se adaptar.

No transporte de óleo podem ocorrer enormes vazamentos como acidentes


com navios tanque, tal como o vazamento de 13.000 m3 de óleo do navio Exxon
Valdez, ocorrido no Alasca em 1989. A contribuição dos vazamentos decorrentes
do transporte anual de óleo para o mar é estimada em 165.000 m3 , 12% do total
mundial.

Em geral, os óleos são classificados como persistentes e não-persistentes.


Os óleos não persistentes, mais leves, tendem a desaparecer rapidamente
quando lançados na superfície do mar (gasolina, nafta e querosene), enquanto
os óleos persistentes, mais pesados, dissipam mais vagarosamente (óleos crus
e resíduos de refino). A persistência de um óleo depende de algumas
propriedades tais como: solubilidade, volatilidade, gravidade específica,
viscosidade, tensão superficial, entre outras. Essas propriedades influenciam
como o petróleo vai se comportar no ambiente aquático e determinar seus efeitos
sobre a biota.
Os efeitos do óleo sobre os organismos marinhos podem ser divididos em
efeitos físicos, resultantes do recobrimento dos organismos por óleo e, efeitos
químicos, associados à toxicidade dos compostos presentes. Estes efeitos não
são excludentes, podendo ocorrer simultaneamente. Nos óleos de alta
densidade, o efeito físico de recobrimento é predominante, enquanto nos óleos
de baixa densidade o efeito químico é mais representativo (CETESB, 2005).

Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

O petróleo é composto basicamente por hidrocarbonetos (97%), e


elementos como nitrogênio, enxofre e oxigênio (Yender et al., 2002; National
Research Council, 1985 apud National Research Council, 2003). Os
hidrocarbonetos podem ser classificados em dois grandes grupos: alifáticos e
aromáticos. Os hidrocarbonetos aromáticos são formados por pelo menos um
anel aromático e podem ser separados em dois grupos: os compostos
monoaromáticos e os poliaromáticos também chamados de hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPAs).

Embora os HPAs correspondam à menor fração presente no petróleo,


destacam-se por serem estáveis, persistentes no meio ambiente e podem
apresentar efeitos tóxicos nos organismos aquáticos.

Apesar de existirem fontes naturais de HPAs para o meio ambiente tais


como, incêndios naturais em florestas, a percolação natural de óleo, erupções
vulcânicas e bactérias, as fontes antropogênicas são as mais importantes
(Bjørseth, 1983). Segundo Hoffman (2003), as fontes antropogênicas são:
extração, transporte e consumo de óleo, incineração de lixo, motores de
combustão, principalmente os movidos a óleo diesel, entre outros, sendo a
contaminação das regiões costeiras causada por derramamentos de óleo,
esgoto urbano e industrial, escoamento urbano (runoff) e deposição atmosférica.
A concentração de HPAs presentes nos derivados de petróleo pode variar
bastante conforme mostrado na Tabela 1. Um óleo cru típico pode conter de
0,2% a 7% de HPAs e sua abundância geralmente diminui com o aumento da
massa molecular do HPA.

Os HPAs são formados por dois ou mais anéis aromáticos fundidos em sua
estrutura, incluindo os compostos alquilados. Estes compostos variam de dois
anéis (naftaleno) até sete anéis (coroneno). Suas propriedades físicas e
químicas estão relacionadas com a massa molecular, sendo divididos em HPAs
de baixo peso molecular (2 a 3 anéis benzênicos) e alto peso molecular (4 a 7
anéis benzênicos). Os HPAs de baixo peso molecular apresentam toxicidade
aguda significativa para os organismos aquáticos enquanto os de alto peso
molecular podem ser carcinogênicos e estão amplamente distribuídos no meio
ambiente (Newman & Unger, 2003).

Distribuição dos HPAs no ambiente aquático

Contaminantes orgânicos como os HPAs estão presentes em todo o meio


ambiente aquático. Sua distribuição é controlada por diversos processos físicos,
químicos e biológicos. Deve-se considerar a interação ar-água, água-sedimento,
água-biota, água-matéria orgânica dissolvida para entender os processos a que
eles estão sujeitos. A maioria dos HPAs que entra nos sistemas aquáticos
permanece relativamente próxima às suas fontes, decrescendo
aproximadamente de forma logarítmica, com a distância da origem. Assim, a
grande maioria dos HPAs encontrados está localizada em rios, estuários e águas
costeiras.
Uma das fontes de HPAs para os oceanos é a deposição atmosférica. Os
HPAs liberados na atmosfera têm grande afinidade por partículas orgânicas
presentes no ar, sendo depositadas no mar tanto por deposição seca quanto
úmida (Hoffman, 2003). Pode haver também solubilização de compostos
gasosos através da interface atmosfera-água.

Nos casos de derrame de óleo a volatilização é um fator importante na


remoção dos hidrocarbonetos já que os compostos com maior pressão de vapor
vão evaporar mais facilmente. A quantidade evaporada pode variar de 10% para
óleos crus até 75% para os óleos leves (Ferreira, 1995).

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