Pratica - Docente 2021
Pratica - Docente 2021
Pratica - Docente 2021
Cuiabá-MT
2021
Reitor da UFMT
Evandro Aparecido Soares da Silva
Vice-Reitora
Rosaline Rocha Lunardi
Produção Gráfica
Secretaria de Tecnologia Educacional - SETEC/UFMT
Diagramação
Fiama Bamberg
CONTEÚDO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................................5
REFERÊNCIAS...................................................................................................................................................................35
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INTRODUÇÃO
Estamos propondo uma possibilidade de formação continuada para diálogo dos sa-
beres mediados por tecnologia. Iniciamos por identificar alguns conceitos de importân-
cia nesta reflexão. Vamos tratar principalmente do papel do professor e da professora na
relação do aprender e do ensinar e refletir sobre os saberes necessários para a prática
docente.
Queremos neste curso construir um espaço de reflexão sobre o fazer docente como
um processo que envolve diferentes componentes na construção de seus saberes, inclu-
sive os saberes dos alunos e da comunidade.
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UNIDADE I - QUEM É O PROFESSOR E A
PROFESSORA NO PROCESSO DE ENSINAR E
APRENDER
Para refletir sobre esta questão vamos tomar por base a forma de caracterizar o papel
do professor e da professora através de importantes pensadores e educadores do nosso
tempo, alguns deles muito conhecidos por todos nós professores como Paulo Freire, Mo-
acir Gadoti, Pedro Demo, Rubens Alves, Antônio Nóvoa e outros.
Vamos iniciar, lendo um trecho de uma carta de Paulo Freire endereçada aos profes-
sores e professoras.
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Carta de Paulo Freire aos professores
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REFLETINDO SOBRE O TEXTO
Vamos destacar alguns trechos desse texto para nossa
reflexão:
O exercício da docência é muito mais que dar aulas, aplicar e corrigir provas e traba-
lhos. A docência é uma tarefa que exige muito estudo, preparo, conhecimento, pesquisa,
tempo de dedicação. Requer também o compromisso e comprometimento em fazer o
outro crescer. O que não se trata de uma tarefa simples. É função do professor e da pro-
fessora cuidarem da aprendizagem do aluno.
É comum ouvir dos professores e professoras a seguinte fala: “ensino para trinta alu-
nos, mas só cinco ou seis aprendem”. Qual é sua opinião sobre essa afirmação? Que
importância tem para esses professores e essas professoras a aprendizagem do aluno?
Será que é possível falar em ensino sem a aprendizagem dos alunos?
Paulo Freire destaca também, nesta carta, a responsabilidade ética, política e profissio-
nal que deve ter o professor para com a sua competência. Portanto, faz parte da prática
do ser professor, um projeto pessoal de formação, de construção contínua de saberes, de
revisão dos saberes construídos, de atualização permanente de sua formação.
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e referendada pela Resolução CNE 02, de 1º de julho de 2015. Portanto, é dever do Esta-
do promover as possibilidades da formação contínua e direito do professor construir um
projeto pessoal de formação permanente, incluindo aí as diferentes especializações, os
mestrados acadêmicos ou profissionais e os doutorados.
A figura abaixo remete para o diálogo, para a interação entre os diferentes sujeitos e
veja também as palavras de Wellerson Corrêa, da Defensoria Pública in: http://oficinadei-
magens.org.br/caminhos-para-a-harmonia-na-escola-violencia-dentro-das-instituicoes-
-de-ensino/
“O professor tem que ter a consciência de que não é só aquele profissional que cum-
pre carga horária e passa conteúdo programático. O papel dele é muito maior, reco-
nhecendo todas as dificuldades da carreira. A razão de ser da escola é o aluno, ele é
o protagonista”.
PROFESSOR OU EDUCADOR?
“Com o advento do utilitarismo, a pessoa passou a ser definida pela sua produ-
ção; a identidade é engolida pela função. E isso se tornou tão arraigado que, quando
alguém nos pergunta o que somos, respondemos inevitavelmente dizendo o que
fazemos. Com essa revolução, instaurou-se a possibilidade de se gerenciar a perso-
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nalidade, pois aquilo que se faz e se produz — a função — é passível de medi-
ção, controle, racionalização.
É isso que eu quero dizer ao afirmar que o nicho ecológico mudou. O educador,
pelo menos o ideal que minha imaginação constrói, habita um mundo em que a in-
terioridade faz uma diferença, em que as pessoas se definem por suas visões, suas
paixões, suas esperanças e seus horizontes utópicos. O professor, ao contrário, é fun-
cionário de um mundo dominado pelo Estado e pelas empresas. É uma entidade
gerenciada, administrada segundo a sua excelência funcional, excelência esta que
é sempre julgada a partir dos interesses do sistema. Frequentemente, o educador é
um mau funcionário, porque o ritmo do mundo do educador não segue o ritmo do
mundo das instituições [...]
GADOTTI (2003, p. 68) trazendo o professor Jefferson Ildefonso da Silva que susten-
ta existir um “falso dilema” entre educador e professor. Esse dilema diz ele, “se dilui e
perde sua relevância ao se encarar a formação do educador para além do âmbito peda-
gógico ou individualista, para situá-lo na perspectiva de uma proposta e de uma teoria
pedagógica que incorpore o caráter político da prática pedagógica e sua dependência
da práxis social global, em que se dá a luta hegemônica das classes”.
Todo professor é, por função, educador. Para ele, o educador é um intelectual diri-
gente, orgânico. Numa sociedade dividida, ele não é neutro.
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nal capaz de construir uma realidade diferente e uma escola capaz de contribuir
para uma sociedade mais humana.
Para concluir nossa reflexão sobre o texto de Rubens Alves, fazemos a seguinte afirma-
ção: A ação do ensinar não está restrita aos conteúdos específicos de área de formação
do professor/professora nem tampouco ao domínio dos mesmos, embora, trabalhar os
conteúdos e dominá-los seja indispensável. O fazer docente é um processo que envolve
diferentes componentes na construção de seus saberes.
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incalculável.
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educação que estejam em lugares e tempos diversos.
Estamos vivendo um novo tempo de ensinar e aprende. No entanto uma parte das
escolas ainda desenvolve seus projetos pedagógicos com os instrumentos tradicionais
das escolas do século passado.
Até o final do século XIX, para a maioria das crianças brasileiras, que estudavam, essa
atividade se dava em torno de uma mesa, onde o mestre, o professor, mediava o proces-
so de ensino-aprendizagem.
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Voltando ao processo de aprendiza-
gem, retomo Moacir Gadotti que interpre-
ta o autor Herbert McLuhan e afirma que
o ciberespaço rompeu com a ideia de
tempo próprio para a aprendizagem. O
espaço da aprendizagem é aqui, em qual-
quer lugar; o tempo de aprender é hoje e
sempre. O que temos são novos espaços
de aprendizagem. Um deles é o Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA).
José Moran (2013, p. 27-29) argumenta que “hoje, o professor, em qualquer curso pre-
sencial, precisa aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equi-
librada e inovadora, pois antes ele só se preocupava com o aluno em sala de aula. Agora,
continua com o estudante no laboratório (organizando a pesquisa), na Internet (ativida-
des a distância) e no acompanhamento das práticas, dos projetos, das experiências que
ligam o aprendiz à realidade, à sua profissão (ponto entre a teoria e a prática) – e tudo
isso fazendo parte da carga horária da sua disciplina, estando visível na grade curricular,
flexibilizando o tempo de estada em aula e incrementando outros espaços e tempos de
aprendizagem”.
A tendência é ampliar cada vez mais o espaço de aprender e não apenas as salas de
aulas, as bibliotecas e os laboratórios. É preciso considerar, ao se definirem os espaços de
aprendizagem, o perfil do estudante atual. Com o surgimento de diferentes redes sociais,
o YouTube, blogs....está ocorrendo uma mudança na forma como os estudantes acessam
e utilizam a informação. O sistema educacional e o professor como parte dele, na atual
comunidade global, onde a informação pode ser compartilhada instantaneamente, pre-
cisam desenvolver habilidades de trabalhos coletivos e interdisciplinar. O nosso futuro
é cada vez mais coletivo. Para tanto está posto um desafio: preparar a comunidade de
ensinantes para a utilização de mecanismos de aprendizagem colaborativa e em grupo.
Revendo o conteúdo
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Abordamos também a importância da formação contínua nos tempos das no-
vas tecnologias de informação, para dar conta das demandas sociais e políticas. O
espaço de aprender se amplia cada vez mais e a sala de aula toma outra dimensão.
QUESTÕES AVALIATIVAS
1. Leia o texto a seguir e reflita sobre as palavras do autor.
“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas (Rubens Alves, 2004,
p. 68)
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte de
voo. Pássaros engaiolados são pássaros sobre controle. Engaiolados o seu dono
pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixa-
ram de ser pássaros porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os
pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo,
isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não
pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. ”
Assinale a alternativa que que responda a seguinte questão: Na nossa prática, quais
características identificam uma escola gaiola?
c) Uma escola em que aluno elabora sua consciência política, participa da construção
do seu conhecimento a partir dos saberes construídos com a comunidade.
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diversos espaços nela contidos.
b) Alternativa correta, pois como vimos no módulo II o professor é um mediador do conhecimento e não
a figura central no processo ensino aprendizagem. Isso caracteriza uma escola gaiola.
c) Alternativa errada, pois uma escola onde o aluno elabora a sua consciência política é uma escola
liberta, que respeita outros saberes dos seus alunos para a partir deles compartilhar o mundo. Portanto, não
se caracteriza como uma escola gaiola.
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UNIDADE II - SABERES NECESSÁRIOS PARA
PRÁTICA DOCENTE
• saber cultural, herdado de sua trajetória de vida e de sua pertença a uma cultura
particular, que ele partilha em maior ou menor grau com os alunos.
Todos nós profissionais da docência sabemos que, do ponto de vista da carreira, saber
como viver com a comunidade escolar é tão importante quanto saber ensinar na sala de
aula e nos diferentes espaços de aprendizagem.
Tardif (2002) destaca outras importantes questões da docência que são os saberes
advindos da realidade prática da sala de aula, pouco valorizados. E afirma que o conhe-
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cimento profissional docente emerge de suas vidas cotidianas, discursos e atos, sendo
marcado pelo saber social que compõe os diversos saberes refletidos na maneira como
os professores ensinam.
Outro autor que aborda os saberes docentes é Antônio Nóvoa. Ele sugere a necessida-
de de uma formação de professores construída dentro da profissão. No decorrer da sua
reflexão ele pergunta: O que é um bom professor?
Nóvoa2 sugere cinco disposições que são essenciais à definição dos professores nos
dias de hoje:
• o tato pedagógico. Quantos livros se gastaram para tentar apreender este conceito
tão difícil de definir? Nele cabe essa capacidade de relação e de comunicação sem
a qual não se cumpre o ato de educar. E também essa serenidade de quem é capaz
de se dar ao respeito, conquistando os alunos para o trabalho escolar. Saber conduzir
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alguém para a outra margem, o conhecimento, não está ao alcance de todos. No ensi-
no, as dimensões profissionais cruzam-se sempre, inevitavelmente, com as dimensões
pessoais;
• das ciências da educação – que fornece ao professor uma visão das várias facetas
da educação;
Shulman (2005) apresenta sete categorias de saberes que formariam a base do co-
nhecimento do professor:
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• conhecimento didático do conteúdo – uma especial amálgama entre matéria e pe-
dagogia, que constitui uma esfera exclusiva dos professores, sua especial maneira de
compreensão profissional;
• conhecimento dos objetivos, das finalidades e dos valores educativos, assim como
seus fundamentos filosóficos e históricos.
Diante das manifestações dos autores citados, queremos discutir que espaço
da escola e os setores de gestão da educação proporcionam para o professor e
a professora refletirem coletivamente sobre os problemas da profissão docente.
Vamos colocar aqui algumas questões para nortear a nossa reflexão. Vamos abordar
os desafios da trajetória (carreira) docente.
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os que aprendem. Exercitá-la faz a diferença no trabalho docente.
Observe a figura abaixo e reflita sobre a atividade docente. Ser professor vai muito além
do que se imagina, não é? Portanto, reflita sempre sobre a sua escolha.
Como vimos, ser professor e professora não é uma tarefa fácil. Requer uma constru-
ção permanente dos saberes docentes, um cuidado especial com a aprendizagem dos
alunos, pois a profissão docente requer conhecimento sobre a natureza humana. É por
essa e por outras razões que os saberes docentes vão além do conteúdo de sua forma-
ção. Nesta perspectiva afirmamos serem necessários outros saberes par dar significado
à aprendizagem.
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QUESTÕES AVALIATIVAS
1. Na Unidade II tratamos dos saberes necessários para a prática docente. Lemos vários
autores que tratam do tema e aprendemos uma série de saberes próprios da docência.
Vimos ainda entre outras importantes questões, que os saberes advindos da realidade, na
prática da sala de aula são pouco valorizados. No entanto, o conhecimento profissional
docente emerge de suas vidas cotidianas, discursos e atos, sendo marcado pelo saber
social que compõe os diversos saberes refletidos na maneira como os professores
ensinam.
Respostas
a) Alternativa errada, pois ensinar é criar possibilidades ao aluno para construção do seu conhecimento.
Este é o saber necessário à formação do docente, numa perspectiva de educação libertária.
b) Alternativa correta, pois o docente deve respeitar os saberes socialmente construídos pelos alunos
na prática comunitária. Discutir os problemas por eles vividos e estabelecer correlações entre os saberes
curriculares necessário aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos. E é a partir dessa
correlação que aluno amplia o seu saber.
c) Alternativa errada, pois não existe uma formação acabada e tão pouco o domínio total do conhecimen-
to. O ensinar exige pesquisa. Enquanto ensinamos continuamos buscando. Ensino porque busco, porque
indaguei, porque indago e me indago. Educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conhe-
ço e para comunicar o novo (Paulo Freire).
I - A docência exige saber dialogar, pois é preciso criar novos vínculos, novas relações
humanas e sociais.
III - O exercício docente exige cada vez mais trabalho em equipe e compromisso social.
a) I e II estão corretas
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b) II e III estão corretas
Resposta
A alternativa correta é a c) pois a afirmativa II não procede porque os saberes experienciais e culturais são
tão importantes quanto o domínio do conteúdo. A presença da afirmativa II na composição das alternativas
a, b, d e e as fazem erradas
Assinale a alternativa correta sobre a categoria de saber de que trata a figura apresentada.
a) Saberes não formais porque foram construídos no interior das escolas rurais.
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Respostas
Alternativa errada, pois, os saberes não formais ocorrem na sociedade e na família.
Alternativa errada, pois, os saberes formais são construídos na escola.
Alternativa correta, pois, os saberes experiências são perpassados pela família e pela comunidade.
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UNIDADE III - OUTROS SABERES PARA DAR
SIGNIFICADO À APRENDIZAGEM
Gadotti (2003, p. 25) nos fala que o professor não pode ser um mero executor do currí-
culo oficial e a educação já não é mais propriedade da escola, mas de toda comunidade.
Os professores precisam assumir uma postura mais racional, dialógica, cultural, contextu-
al e comunitária”.
Iniciamos este capítulo que se propõe a refletir sobre a ampliação da formação e de ou-
tros saberes necessários para dar conta de um processo de ensino aprendizagem mais
próximo dos aspectos éticos, coletivos, comunicativos próprios de sociedade de infor-
mação.
Nossa proposta é olhar para as possibilidades de aprendizagem para além das salas
de aulas, considerando o aprendizado construído na vivência cotidiana e em espaços
não formais como forma de ampliar construtos significativos.
Sabemos que há mais ou menos 10 mil anos a educação tinha caráter informal, a
aprendizagem se dava de geração a geração e ocorria dentro da comunidade. Os en-
sinamentos não eram sistematizados e não existiam escolas. O papel de ensinar era de-
sempenhado pela própria família e a experiência de vida. Os saberes-experienciais eram
comungados oralmente.
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Na figura ao lado estamos diante de plantas medici-
nais comercializadas no mercado municipal de Manaus.
Foto: Ferreira (2017).
Fonte emebmariabarbosamartins.
blogspot.com
Casa de pau-a-pique
Foto: Ferreira, 2016
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Estas cenas fazem parte do cotidiano da vida brasileira. Elas representam diferentes sa-
beres construídos em contextos históricos distintos e em espaços de aprendizagem não
formais. As fontes que alimentam esses saberes são as famílias, as comunidades e suas
vivências. São denominados conhecimentos não formais porque não são sistematizados
e não instituídos nos espaços escolares.
Então, são importantes para serem incorporados aos saberes docentes por cons-
tituírem construtos significativos para muitos representantes dos povos tradicionais pre-
sentes nas escolas brasileiras.
http://portaldoamazonas.com/mec-debate-projeto-de-construcao-de-50-escolas-indigenas
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Considerando o conceito de escola inclusiva, como você, interpreta a cena acima?
Qual a importância dos conhecimentos tradicionais para essa comunidade escolar?
As redes foram por muito tempo, e ainda são, em muitas famílias, o leito que embala
o sono e o prazer, desde o nascimento até morte”.
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A foto retrata uma rede tecida artesanalmente por mulheres da comunidade de Bonsu-
cesso-MT. São atividades culturais que traduzem a identidade das mulheres ribeirinhas
com a biodiversidade, nesse caso aves e flores, presentes no dia-dia.
A educação informal também pode ser altamente eficaz, como ilustra essa deliciosa
passagem de um texto de Richard Bawden (1991, p. 30), na qual ele conta como seus
três filhos pequenos se lançaram à construção de seu pequeno mundo de unidade na
diversidade, transpondo as barreiras de língua e de cultura que separam a Austrália do
Uruguai:
Em 4 de janeiro de 1975, assisti a meus três filhos pequenos aprenderem a falar espa-
nhol. Correndo para o jardim de nossa nova residência, em Montevidéu, eles gritaram para
a garotinha da casa ao lado: “Hello!”. “Ola!”, respondeu ela. “Ola!”, gritou o trio Bawden em
coro, imitando não apenas o som, mas também o gesto exuberante que o acompanhou!
De meu próprio estado de paralisia linguística, fiquei maravilhado com o que aconteceu
nas semanas seguintes, à medida que eles aprendiam a conversar, construindo frases in-
teiras em sua nova língua. Da mesma forma que eles aprenderam espanhol, eles passaram
também a fazer coisas à moda espanhola, coerentes com o fato de eles estarem se tornan-
do integrados à sua nova cultura uruguaia. Através da língua, eles estavam aprendendo
a saber, a fazer e a ser... tudo isso ao mesmo tempo; na verdade, cada forma de saber era
de importância vital para as duas outras coisas e, de algum modo, eles pareciam saber
isso também! Com quatro, cinco e sete anos de idade, meus filhos haviam assumido, eles
próprios, o controle das maneiras pelas quais eles transformavam suas novas experiên-
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cias em conhecimento, como veículo para a adaptação a seu novo ambiente (CAMPBELL,
2002, p. 36-37).
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Uma doce curiosidade – uma das muitas lendas sobre o chocolate.
Tchocolat
http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=863&sid
Ilustração: Barbara Mello
Se você é louco por chocolate e sempre achou que só podia ser mesmo divino, saiba
que não é o único. Em mais de dois mil anos de história, o chocolate foi por muito tempo
considerado sagrado por sociedades antigas do México e da América Central. Foram os
povos primitivos dessa região que descobriram que as sementes de cacau poderiam ser
amassadas e transformada em uma bebida deliciosa, o tchocolatl.
Quer dizer, deliciosa para eles, porque os europeus quando chegaram à América, no
final do século XV, não gostaram nem um pouquinho daquela bebida amarga, gordurosa
e... picante! O chocolate daquele tempo era muito diferente do que conhecemos hoje:
não levava açúcar e ainda era misturado à pimenta e outros temperos fortes.
Mas, se os europeus, a princípio, não gostaram muito do tal tchocolatl, para os astecas,
civilização altamente organizada que habitava o México desde o século XIV, ele era um
presente divino. Mais precisamente de Quetzalcoatl, deus da sabedoria e do conheci-
mento.
Os astecas acreditavam que essa divindade havia trazido do céu as sementes de ca-
cau e, por isso, festejavam as colheitas com rituais cruéis de sacrifícios humanos. Para
completar a cena, que mais parece ter saído de um filme de horror, eles ainda ofereciam
às vítimas taças de chocolate!
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Muito tempo depois, já no século XVIII, o botânico sueco, Carlos Lineu, inspirado por
essas histórias e pelo sabor do chocolate, batizou a árvore do cacau de Theobroma ca-
cao, que, em grego, quer dizer alimento divino.
É uma planta com importante valor social, usada para diversos fins, como medicinal,
por exemplo, mas o maior valor econômico é o produto de suas sementes transformadas
em chocolate.
Na sua região existem recursos que têm importância atual e cujo conhecimento vem
sendo construído ao longo da história humana?
MUDANDO PARADIGMAS
Há uma antiga e estéril discussão sobre a superioridade da teoria ou da prática. Na re-
alidade não há nenhuma superioridade pedagógica no ensino de visões mais abstratas,
relativamente ao conhecimento concreto local: é uma falsa dualidade, pois é na interação
que se gera a capacidade de aprender e de lidar com os próprios conceitos abstratos.
Essa falsa dualidade tem dado lugar a simplificações absurdas como “na prática a teoria
não funciona”, prejudicando justamente a apreensão teórica dos problemas (DOWBOR,
2006).
Por fim, concordamos com as palavras de Paulo Freire, ao afirmar que a teoria sem a
prática não faz sentido. A teoria vira blá blá blá e a prática sem a teoria, vira ativismo.
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para o ensino com um corpo de compreensões, saberes, habilidades e disposições ne-
cessários, para propiciar processos de ensinar e de aprender. Essa base envolve conhe-
cimentos de diferentes naturezas, e, como vimos, no decorrer deste curso, todos neces-
sários e indispensáveis para a atuação profissional.
Devemos nos convencer que ensinar não é transferir conhecimento, mas é criar
possibilidades para construção e produção de saberes. A escola precisa ser estru-
turada para que os professores e professoras prossigam com vontade de ensinar
e os estudantes, de aprender. Para tanto, é preciso aprender a viver coletivamente,
compartilhar valores e realizar projetos que proporcionem a compreensão mútua
de paz.
Vamos juntos caminhar com os que sonham com a educação brasileira de quali-
dade.
QUESTÕES AVALIATIVAS
1 - Na unidade III tratamos da diversidade de saberes com os quais professores e
professoras deverão usar como base no processo ensino aprendizagem.
Resposta
Alternativa correta, pois são saberes produzidos e comungados ao longa da vivência humana, sem a
mediação de instituições organizadas
Alternativa errada porque os ensinamentos não sistematizados não são de responsabilidade da escola.
Alternativa errada porque os ensinamentos não sistematizados são produzidos e comungados pela famí-
lia e pela sociedade, mas, não são formais.
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2 - O Theobroma cacao é o nome científico do cacau – planta cujas sementes são usadas
para a preparação do chocolate. Sobre o Theobroma cacao é também correto afirmar
que:
Resposta
Alternativa errada porque o Theobroma cacao no Brasil ocorre apenas nas regiões de florestas pluviais.
Alternativa correta de acordo com que informa o texto.
Alternativa errada, pois de acordo com que traz o texto o Theobroma cacao é uma plana da floresta plu-
vial da américa tropical que não inclui a América do Norte.
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REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. Gaiola ou asas. A arte do voo ou a busca da alegria de aprender. Porto:
Edições Asas, 2004.
______________ Conversa com que gosta de ensinar. Campinas, SP.: Papirus, 2008.
FREIRE, Paulo. Carta de Paulo Freire aos professores. Estudos Avançados, 15 (42), 2001
disponível in: http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/9805/11377
ARANHA, Maria Salete Fábio (Org.). Programa de Educação Inclusiva: Direito à diversi-
dade. Ministério da Educação, Brasília, 2004.
SANTILLI, Juliana. Saberes locais e biodiversidade. In: MOREIRA, Eliane, et al, Seminário
Saber Local/Interesse Global: propriedade intelectual, biodiversidade e conhecimento
e conhecimento tradicional na Amazônia, 2005.
PRÁTICA DOCENTE 35
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4 ed. Rio de Janeiro: Vo-
zes, 2002.
WEBGRAFIA
http://aliteraturanaescola-helena.blogspot.com.br/2013/10/ser-professor-ser-educador-
-rubem-alves.html
https://pizarrasypizarrones.blogspot.com.br/2012/06/los-saberes-de-los-docentes-for-
macion_11.html
http://www.vdl.ufc.br/solar/aula_link/lquim/A_a_H/estrutura_pol_gest_educacional/
aula_01/imagens/01/Educacao_Formal_Nao_Formal_2005
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