Relatório 2022.1
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Relatório 2022.1
VETERINARIA
RESIDÊNCIA EM ÁREA MULTIPROFISSIONAL DA SAÚDE
2022
A gestão local de desastres naturais tem como objetivos desenvolver um conjunto de
ações continuadas para fazer o enfrentamento das Emergências em Saúde Pública (ESP);
reduzir o risco da exposição da população e dos profissionais de saúde e reduzir doenças e
agravos decorrentes deles bem como os danos à infraestrutura de saúde.
As Emergências de Saúde Pública são classificadas como eventos extraordinários que
constituem um risco para a saúde pública. De acordo com a Portaria nº 2.952/2011, é
considerada Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) nas seguintes
situações: situações epidemiológicas (surtos e epidemias); situação de desastre e situação de
desassistência à população.
A população está sujeita à risco de diferentes espécies, como os desastres naturais
(enchentes, secas, deslizamentos); acidentes com produtos perigosos e desastres industriais.
Esses desastres podem acarretar em problemas e graves consequências, como o aumento de
doenças como a Leptospirose e o Tétano, aumento de infecções respiratórias e dermatológicas;
súbito aumento no número de óbitos; mortes decorrentes de traumas e afogamentos; acidentes
por animais peçonhentos; desagregação de comunidades e famílias; transtornos psicológicos na
população e aumento de doenças causadas por contaminação microbiológica da água e
alimentos.
Com isso, a partir da Vigilância Ambiental em Saúde, foi criado o Programa de
Vigilância em Saúde Ambiental de Risco Decorrentes de Desastres, chamado também de
Vigidesastres. O programa é sob a responsabilidade da Coordenação Geral de Vigilância em
Saúde Ambiental (CGVAM), do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do
Trabalhador (DSAT) e da Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS do Ministério da Saúde.
O Vigidesastres é importante para reduzir o risco em desastres, função esta essencial da
saúde pública. Além disso, ele estabelece estratégias para a atuação em desastres de origem
natural e tecnológica e atua na articulação das mudanças climáticas e seus efeitos à saúde
humana.
Seus fundamentos baseiam-se nas diretrizes e princípios do Sistema Único de Saúde
(SUS); com mesmo modelo, campo e forma de atuação; tendo competências e atribuições para
os três níveis de governo. Além disso, o programa possui um enfoque transversal e
multidisciplinar, com o envolvimento de todo o sistema de saúde, planejando e realizando ações
de promoção, vigilância e atenção.
A sua gestão pode ser dividida pela Coordenação Geral de Vigilância em Saúde
Ambiental da Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS/MS a nível federal; pelas Secretarias
Estaduais de Saúde a nível estadual e pelas Secretarias Municipais de Saúde a nível municipal.
O Vigidesastres foi implementado em 2003, através do Decreto 4.726, de 09 de junho
de 2003 pelo Ministério da Saúde. Em 2004, foi elaborado o Modelo de Atenção do programa,
além da inserção de kits de medicamentos.
Em 2005, através da Portaria nº 372, de 10 de março de 2005 do Ministério da Saúde,
foi criada uma comissão de atendimento emergencial aos estados e municípios acometidos por
desastres naturais. Já em 2006, ocorreu o aumento e ampliação da equipe que poderia compor o
Vigidesastres, para mais tarde, em 2007, ocorrer a restruturação dos programas inseridos no
Vigidesastres, como a Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Acidentes com Produtos
Químicos Perigosos – VIGIAPP e a Vigilância em Saúde Ambiental associada aos Fatores
Físicos – VIGIFIS. Outra ação importante do Vigidesastres foi o apoio, proteção no rompimento
da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019.
O modelo de atuação do Vigidesastres pode ser dividido em três etapas: redução do
risco, manejo do desastre e reabilitação/recuperação. Na primeira etapa de redução do risco, há
as ações de prevenção, mitigação e preparação. O manejo de desastre engloba as ações de alerta
e resposta. Já a etapa de recuperação engloba as ações de reabilitação e reconstrução.
Como algumas ações para redução do risco, pode-se citar a promoção de articulação
intra e intersetorial; a estruturação do programa de Vigilância em Saúde Ambiental Relacionado
a Desastres na sua esfera de atuação; a identificação de ameaças e áreas de risco; identificação
de população vulnerável e de recursos disponíveis; a elaboração de um plano de contingência
(preparação e resposta) e a promoção de capacitações.
Já como ações para o manejo do desastre são o acompanhamento da divulgação de
alertas preventivos; apoiar a busca, resgate, socorro, evacuação e assistência médico-hospitalar
às vítimas; monitoramento a morbimortalidade e outros impactos à saúde humana; notificação
dos desastres; intensificar as ações de Vigilância em Saúde e avaliação de danos.
Após a ocorrência do desastre, como ações para a recuperação são importantes a
avaliação integral dos danos e estimação das necessidades na região do desastre; intensificação
das ações de vigilância em saúde; regulação das demandas de atenção e assistência;
contribuição e articulação na restauração da rede de serviços e programas de saúde e
organização do fluxo de atendimento para os agravos prioritários.
Como estratégias do Vigidesastres, pode-se citar os planos de preparação e
contingência, como o Plano de Preparação e Resposta às Emergências em Saúde Pública e o
Plano de Contingência para Emergência em Saúde Pública por Inundação. Além disso, a criação
de Comitês Municipais/Estadual de Saúde em Desastres; capacitação de equipes através de
simulados e disponibilidade de kits de medicamentos e insumos estratégicos.
Para que possa implementar o Vigidesastres, é necessário avaliar cada cenário de risco
de forma distinta, levando em conta as especificações de cada local. Por exemplo, as
particularidades de cada região brasileira: no Nordeste são comuns as secas; no Sudeste os
deslizamentos; no Norte os incêndios florestais e na região Sul são comuns os vendavais.
Além disso, é necessário a criação de planos eficientes e profissionais de saúde
treinados, respondendo a população em tempo oportuno. Para isso, é de suma importância que
se faça o mapeamento de áreas de risco, fazendo a análise de situação de saúde, fazendo os
seguintes questionamentos: O que temos? Em que quantidade: Que riscos oferece? Em que
escala?
É essencial que haja ações de Educação em Saúde especificas para desastres de origem
natural; além da estruturação, em cada município, da Vigilância em Saúde Ambiental
relacionada aos riscos associados de desastres e a capacitação do pessoal, através de cursos,
treinamentos e videoconferências.
Para que o Vigidesastres obtenha sucesso, é necessário o trabalho conjunto de
Secretarias, Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Atenção Básica, Bombeiros,
Defesa Civil e Assistência farmacêutica. Com toda essa articulação de diferentes setores, as
chances de se evitar tragédias são menores.
No estado e município do Rio de Janeiro o Vigidesastres costuma atuar quando ocorre
chuvas intensas, que são associadas às vulnerabilidades socioambientais, configurando um risco
à saúde da população. Com isso, ocorreu a necessidade de um plano de contingência da saúde
frente às inundações e deslizamentos, além da elaboração de folders, guias e cartilhas.
Com isso, é necessário conhecer, estruturar e fortalecer o programa, mostrando sua
importância. A redução do risco de desastres é uma função essencial da saúde pública, sendo
necessário o envolvimento de todo o sistema de saúde. A atuação em desastres é de
responsabilidade compartilhada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS