Literatura Brasileira Do Início Do Século XX Pré-Modernismo 2

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3ª SÉRIE EM

Literatura
brasileira
do início do
século XX: Pré-
Modernismo
A literatura brasileira do início do século XX na
História
Período marcado pela afirmação da República Velha (1894-1930)
e pelo clima de otimismo que caracterizou a Belle Époque na
então capital do país (Rio de Janeiro).
Tentativa de reprodução do modo de vida europeu.
Urbanização que empurrava a população mais pobre para longe
do centro da cidade, a fim de dar lugar a largas avenidas e praças
que lembrassem o cenário parisiense.
Revolta da Armada (1893), Guerra de Canudos (1896-1897),
Revolta da Vacina (1904) e Revolta da Chibata (1910-1914):
movimentos que revelavam o descontentamento dos chamados
“esquecidos da República”.
A literatura brasileira do início do século XX na
História
Aspectos da literatura
brasileira do início do
século XX
Buscou A principal referência literária
redimensionar, por do grande público ainda era a
meio de um olhar poesia parnasiana. Havia
atento e investigativo, apreço por uma literatura que
um Brasil que incorporava visões menos
abrangia desde o problemáticas da realidade.
sertanejo nordestino No entanto, alguns escritores
até o interiorano se destacaram e alcançaram
paulista. visibilidade justamente por
romper com essa expectativa
do público.
Aspectos da literatura
brasileira do início do
século XX
O crítico literário Tristão de Athayde criou, em 1940, o termo
“pré-modernismo”, que pode ser entendido de duas maneiras
distintas e complementares: “pré” é lido tanto como “antes”
quanto como “precedência, influência”.
Produção literária produzida antes da Semana de Arte
Moderna e também antecipou algumas das características que se
consolidaram como marca desse movimento literário.
Não pode ser tomada como uma escola literária, pois
apresenta individualidades, e não um estilo de época. Entretanto,
é possível identificar algumas tendências presentes nas obras dos
autores desse período.
A poesia produzida no início do século
XX
1) Augusto dos Anjos: um poeta original

Autor de um único livro, intitulado Eu (1912).


Poemas quase sempre sombrios.
Expressão de uma angústia existencial e de uma atitude pessimista
diante da vida.
Há poucos pontos de convergência com o que se produzia no
período pré-modernista.
O uso da palavra considerada apoética, o arranjo singular e
expressivo de ideias, a recorrência à ciência como metáfora geradora
de imagens são algumas características marcantes do autor.
"Psicologia de um vencido", Augusto
dos Anjos
Eu, filho do carbono e do amoníaco, Já o verme – este operário das ruínas –
Monstro de escuridão e rutilância, Que o sangue podre das carnificinas
Sofro, desde a epigênesis da infância, Come, e à vida em geral declara guerra,
A influência má dos signos do zodíaco.
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
Profundissimamente hipocondríaco, E há de deixar-me apenas os cabelos,
Este ambiente me causa repugnância... Na frialdade inorgânica da terra!
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco. ANJOS, Augusto dos. Obra completa. Rio de
Janeiro:
Nova Aguilar, 1994. p. 203.
A prosa produzida no início do século
XX
1) Euclides da Cunha e o relato de um massacre

Sua obra mais importante, publicada em 1902, “Os Sertões”, narra os


acontecimentos da guerra de canudos (1896-1897), no interior da Bahia,
liderada por Antônio Conselheiro (1830-1897).
Foi convidado como jornalista pelo Jornal Estado de São Paulo para cobrir a
guerra (Canudos: diário de uma expedição. O Estado de São Paulo,
1897).Assim surgiu sua obra mais emblemática, num misto de literatura,
relato histórico e jornalístico. Ela está dividida em três partes:
1. A Terra: descrição do ambiente do sertão, da seca.
2. O Homem: descrição do homem, da vida e dos costumes do sertão, o
sertanejo.
3. A Luta: a guerra de canudos.
A prosa produzida no início do século
XX
1) Euclides da Cunha e o relato de um massacre
"O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos
mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro
lance de vista revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno,
a estrutura corretíssima das organizações atléticas. Reflete a preguiça
invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto
contrafeito, no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na
tendência constante à imobilidade e à quietude. [...]
O homem transfigura-se. Empertiga-se; [...] e corrigem-se-lhe, prestes, numa
descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos;
e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta inesperadamente o aspecto
dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de
força e agilidade extraordinárias."
CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Cultrix, 1975. p. 99-100.
Assista ao vídeo "'Os sertões', de Euclides da
Cunha: a terra, o homem e a luta", do jornal
Nexo.

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?
v=ANEpvYuR8Tk&ab_channel=NexoJornal
A prosa produzida no início do século
XX
2) Lima Barreto: uma voz à margem

Suas obras apresentam uma linguagem coloquial e fluida. Uma das


características é o teor satírico e humorístico presente em seus escritos.
Pautas voltadas à temática social, expressando muitas injustiças
como preconceito e o racismo.
Criticou os modelos políticos da República Velha e do Positivismo.
Foi simpatizante do socialismo e do anarquismo, rompendo com o
nacionalista ufanista.
Seus livros foram recebidos de forma negativa pela crítica, que o
acusou de usar uma linguagem displicente e pouco acadêmica, fato
que, anos depois, foi reavaliado como positivo pelos modernistas.
A prosa produzida no início do século
XX
2) Lima Barreto: uma voz à margem
Assista ao vídeo "Lima Barreto: Triste
visionário", da professora e historiadora Lilia
Schwarcz.

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?
v=TfFL2eUwolQ&ab_channel=CompanhiadasLe
tras
Exercícios:

1) A seguir, leia mais um


trecho do livro Os
sertões, em que é
descrito o momento
final da Guerra de
Canudos. Depois,
responda às questões
propostas.
Exercícios
a) Por que o narrador considera Canudos um exemplo único?
b) Quantos foram os últimos defensores de Canudos? Relacione esse
número ao
sentido do termo “expugnado” no contexto do trecho lido.
c) De algum modo, o narrador testemunha sua impotência diante dos atos
que presenciou. Selecione, do trecho lido, uma passagem que indique esse
sentimento.
d) Qual seria, segundo o texto, a intenção do exército ao desenterrar e
fotografar o corpo de Antônio Conselheiro?
e) O trecho lido permite identificar se o narrador é isento ou se toma
posição diante dos fatos que narra? Justifique seu ponto de vista.
Exercícios
2) A seguir, você lerá um trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma, que está no
início do romance e caracteriza a personalidade e as convicções de Quaresma. Leia-o
para responder às questões propostas.

"– Policarpo, você precisa tomar juízo. Um homem de idade, com posição, respeitável,
como você é, andar metido com esse seresteiro, um quase capadócio – não é bonito!
O major descansou o chapéu de sol – um antigo chapéu de sol, com a haste
inteiramente de madeira, e um cabo de volta, incrustado de pequenos losangos de
madrepérola – e respondeu:
– Mas você está muito enganada, mana. É preconceito supor-se que todo homem que
toca violão é um desclassificado. A modinha é a mais genuína expressão da poesia
nacional e o violão é o instrumento que ela pede. Nós é que temos abandonado o
gênero, mas ele já esteve em honra, em Lisboa, no século passado, com o Padre
Caldas, que teve um auditório de fidalgas. Beckford, um inglês notável, muito o elogia.
– Mas isso foi em outro tempo; agora..."[...]
Exercícios
"– Que tem isso, Adelaide? Convém que nós não deixemos morrer as nossas tradições, os
usos genuinamente nacionais...
– Bem, Policarpo, eu não quero contrariar você; continue lá com as suas manias.
O major entrou para um aposento próximo, enquanto sua irmã seguia em direitura ao interior
da casa. Quaresma despiu-se, lavou-se, enfiou a roupa de casa, veio para a biblioteca, sentou-
se a uma cadeira de balanço, descansando.
Estava num aposento vasto, com janelas para uma rua lateral, e todo ele era forrado de
estantes de ferro.
Havia perto de dez, com quatro prateleiras, fora as pequenas com os livros de maior tomo.
Quem examinasse vagarosamente aquela grande coleção de livros havia de espantar-se ao
perceber o espírito que presidia a sua reunião.
Na ficção, havia unicamente autores nacionais ou tidos como tais: o Bento Teixeira, da
Prosopopeia; o Gregório de Matos, o Basílio da Gama, o Santa Rita Durão, o José de Alencar
(todo), o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros. Podia-se afiançar que nem
um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major."
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro: Garnier, 1989. p. 15-16.
Exercícios
a) A fala da irmã do major revela um preconceito típico do final do
século XIX, mas que Policarpo Quaresma se recusa a aceitar. Que
preconceito é esse?
b) Quais são os dois argumentos usados por Quaresma para
tentar demover a irmã de seus preconceitos?
c) Releia o trecho que indica os autores prediletos de Quaresma e
que constam na biblioteca do personagem. O que essas escolhas
revelam sobre ele?
Referências
bibliográficas
SM, Edições (org.). Ser Protagonista.
3. ed. São Paulo: Sm, 2016, 352 p.

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