Barómetro Des Media Africanos: Uma Análise Das Tendências Do BMA para 28 Países Ao Longo de 11 Anos
Barómetro Des Media Africanos: Uma Análise Das Tendências Do BMA para 28 Países Ao Longo de 11 Anos
Barómetro Des Media Africanos: Uma Análise Das Tendências Do BMA para 28 Países Ao Longo de 11 Anos
DES MEDIA
AFRICANOS
Uma análise das tendências do BMA
para 28 países ao longo de 11 anos
2011/2021
BARÓMETRO
DES MEDIA
AFRICANOS
Uma análise das tendências do BMA para 28
países ao longo de 11 anos
2011/2021
Publicado pela:
Friedrich-Ebert-Stiftung (FES)
fesmedia Africa
Windhoek, Namíbia Tel:
+264 61 417523
E-mail: [email protected]
www.fesmedia-africa.org
ISBN: 978-99916-991-8-9
TENDÊNCIAS TEMÁTICAS DO
BARÓMETRO DOS MEDIA AFRICANOS
DE 2011 A 2021
Phillip Santos
ARGÉLIA
REPUBLIC OF
CABO VERDE
MALI
CHADE
SENEGAL
GUINÉ NIGÉRIA
ETIÓPIA
CAMARÕES
COSTA DE MARFIM BENIN UGANDA
GANA TOGO QUÊNIA
GABÃO REPÚBLICA
CONGO BRAZZAVILLE DEMOCRÁTICA DO CONGO
TANZÂNIA
MALAVI
ANGOLA MOÇAMBIQUE
ZÂMBIA
MADAGÁSCAR
ZIMBÁBUE
NAMIBIE
URÍCIA
MA
BOTSWANA
ESWATINI
ÁFRICA DO SUL
LESOTO
Prefácio
O Barómetro dos Media Africanos (BMA) é o nosso projeto principal, na fesmedia Africa,
sendo o projeto dos meios de comunicação social a nível regional da Friedrich Ebert
Stiftung, na Namíbia. Foi desenvolvido em 2004 em parceria com o Instituto dos Media da
África Austral (Media Institute of Southern Africa/MISA). Os seus indicadores baseiam-
se, em grande parte, na Declaração de Princípios sobre a Liberdade de Expressão em África,
da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP), tornando-o num
índice local. O principal objetivo do BMA é o de acompanhar a evolução dos meios de
comunicação social e dos processos democráticos a nível nacional e regional, assim como
proporcionar plataformas e instrumentos de diálogo entre as partes interessadas.
Desde a sua criação, o BMA tem servido como uma fonte de informação fidedigna sobre o
estado dos meios de comunicação social e os principais desenvolvimentos relativos à
liberdade de imprensa, à liberdade de expressão e ao acesso à informação em muitos países da
África Subsariana. Nas últimas duas décadas, vários ativistas da liberdade de imprensa e
do acesso à informação têm utilizado o BMA para defender e fazer pressão para a
reforma e a promulgação de leis que promovam ambientes favoráveis, uma imprensa
robusta e livre, a liberdade de expressão e o acesso à informação com diferentes graus de
sucesso e impacto. O BMA tem sido referenciado na investigação académica, na assessoria
política, em documentos de advocacia, assim como em estudos ou análises importantes do
panorama dos meios de comunicação social em África por instituições multilaterais e
organizações não governamentais internacionais.
Na última década, registou-se um aumento dos BMA em comparação com os anos 2000,
quando o índice estava ainda a dar os seus primeiros passos. Um número exponencial de
países comprometeu-se a conduzir um BMA, sendo que alguns países assim fizeram
mais de quatro vezes. Tornou-se evidente para a fesmedia Africa, seus parceiros e partes
interessadas que era necessário ter um olhar mais
PREFÁCIO
Acreditamos firmemente que esta análise de tendências será útil para todas as partes interessadas
que desejam tirar lições de outros países africanos e justapô-las com as suas experiências
domésticas, de modo a melhorar as suas paisagens mediáticas, incluindo jornalistas,
académicos, organizações da sociedade civil, legisladores e governos. Espero que esta
publicação encontre o seu lugar nas mãos dos campeões da mudança que a utilizarão para
materializar a mudança desejada pelos cidadãos.
3. METODOLOGIA 5
5. TEMAS SIGNIFICATIVOS 25
7. CONCLUSÃO 57
REFERÊNCIAS 60
APÊNDICE A 61
APÊNDICE B 62
CAPÍTULO 1:
1. Introdução
Experiências sociais desequilibradas (causadas por questões como o género, a etnia, a raça, a
sexualidade, o nível de educação e a dinâmica espacial) criaram um conjunto de
necessidades de justiça social contemporânea. Por conseguinte, poderá ser necessário que as
funções dos meios de comunicação social se alarguem para além das suas responsabilidades
habituais nas sociedades democráticas ou democratizadas. A título de exemplo, no desempenho
do seu papel radical, espera-se dos meios de comunicação que defendam a “igualdade absoluta
e a liberdade de todos os membros de uma sociedade democrática, de forma absoluta e
intransigente” (Christians et al. 2009: 179). No desempenho desse papel, os jornalistas
desafiam e expõem os efeitos negativos do poder concentrado — seja político ou comercial
— e asseguram que “nenhuma injustiça deve ser tolerada” (Christians et al. 2009: 179). O
continente africano é confrontado com uma panóplia de questões de justiça social
decorrentes de um vasto leque de desafios, tais como a desigualdade, a violência baseada no
género, a pobreza e o desemprego. Alguns deles resultam de uma má governação, de uma
liderança ineficaz, da corrupção e assim por diante, o que sugere o papel crítico dos meios
de comunicação social na vigilância dos assuntos públicos de interesse
O BMA é uma ferramenta meta-avaliadora que pode ser utilizada para avaliar as
condições em que as engrenagens e as instituições de democracia operam no continente
africano. Esta ferramenta fornece aos decisores políticos, ao meio académico, à sociedade
civil e a outras instituições sociais fundamentais um ponto de referência para refletir sobre
as conquistas e destacar os desafios dos meios de comunicação social em África. Dado o
papel central dos meios de comunicação social na construção e sustentação das
instituições democráticas, os indicadores do BMA referem-se a estruturas que podem
potencialmente restringir ou permitir a capacidade dos meios de comunicação social em
desempenharem as suas funções. Estes indicadores incluem o estado da liberdade de
expressão, a diversidade dos meios de comunicação social, a independência e a
sustentabilidade dos meios de comunicação social, a regulação dos meios de comunicação
social, a ética dos meios de comunicação social assim como o bem-estar dos jornalistas. No
entanto, é igualmente essencial examinar o impacto do BMA através da realização de um
estudo longitudinal retrospetivo, idêntico ao que culminou neste relatório.
Este estudo fornece um relato descritivo de tendências e temas emergentes e recorrentes que,
por sua vez, podem indicar as áreas em que foram registados (ou não) progressos,
ações/intervenções recomendadas, a natureza e a extensão de tais progressos (ou retrocessos)
e os novos desafios. Os desafios realçados no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019 do
Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) (tais como o aumento das
desigualdades, das migrações e das crises provocadas pelas alterações climáticas como as
secas e as inundações) só podem ser eficazmente abordados por funcionários e instituições
públicas incorruptíveis e competentes. Por sua vez, a sua eficácia depende de meios de
comunicação vigilantes, bem-financiados, plurais, diversificados, profissionais e críticos. Por
esta razão, é essencial avaliar continuamente os progressos realizados e as ações necessárias de
modo a encarar os desafios que os meios de comunicação social enfrentam, uma vez que
desempenham uma função central em qualquer sociedade democrática.
3. Metodologia
Este relatório é um estudo textual qualitativo que utiliza análises temáticas para analisar
tendências. Abrange os BMA publicados entre 2011 e 2021 no que diz respeito às
tendências nos meios de comunicação social em toda a África Subsariana, aos temas recorrentes
nesses ambientes assim como as recomendações igualmente recorrentes.
Este relatório apresenta uma visão geral dos desafios recorrentes e emergentes no
panorama dos meios de comunicação social africanos e dos desenvolvimentos positivos,
tais como a promulgação e a implementação de leis e de políticas progressistas,
considerando simultaneamente as suas implicações no desenvolvimento da democracia no
continente. Foi desenvolvido um instrumento para o tratamento dos dados (ver apêndice A)
que permite ao investigador discernir as tendências temáticas nos quatro sectores analisados
pelos BMA. Estes são o estado de liberdade de expressão, o panorama dos meios de
comunicação social, o sector da difusão audiovisual e os padrões profissionais na prática do
jornalismo.
De modo geral, os BMA publicados entre 2011 e 2021 mostram que quase todas as
constituições nacionais têm disposições sobre a liberdade de expressão, com alguns países a
terem também disposições específicas relativas à liberdade de imprensa. No entanto, esta
ampla disposição constitucional é, muitas vezes, enfraquecida por condições de retrocesso
nessas constituições e, em alguns casos, por leis restritivas aos meios de comunicação social
e aos meios de comunicação não social. A maioria dos países não dispõe de disposições
legais para o acesso à informação. Trata-se de um problema persistente em torno do qual
a maioria dos governos não parece dispor de medidas e de intervenções urgentes. Os
países que ainda precisam de promulgar legislação sobre o acesso à informação incluem
o Mali (BMA 2021), o Senegal (BMA 2018), a Namíbia (BMA 2018), o Botsuana (BMA
2020), Madagáscar (BMA 2019), os Camarões (BMA 2018), o Burkina Faso (BMA 2019),
Eswatini (BMA 2018), o Togo (BMA 2021) e o Malawi (BMA 2016).1
No que diz respeito ao panorama mediático, a maioria dos países aparenta ter um certo grau
de pluralismo. No entanto, tal nem sempre se traduz numa diversidade significativa dos
conteúdos noticiosos e dos temas. A tendência geral revela que o pluralismo é sobretudo
evidente nos meios de comunicação impressos, embora alguns países tenham também
expandido de modo significativo sector da difusão audiovisual. Por exemplo, o BMA de
2012 para o Mali mostra que o país tinha
250 jornais e mais de 300 estações de rádio privadas. No entanto, os BMA
1 O Mali não tem nenhuma lei específica sobre o acesso à informação, mas o acesso à informação é garantido pela Lei Nº 98 - 012 de
19 de janeiro de 1998.
Madagáscar não tem nenhuma lei específica que garanta o acesso à informação, mas a Carta Malgaxe sobre Acesso à
Informação e à Partilha de Conhecimentos (Malagasy Charter on Access to Information and Knowledge Sharing) é um texto
não vinculativo que foi implementado pelo Comité para a Salvaguarda da Integridade (Committee for the Safeguarding of
Integrity/CSI).
O Burkina Faso tem uma Lei sobre o Acesso à Informação Pública e aos Documentos Administrativos adotada em 2015 (Lei n.051-
2015/CNT) que não é aplicada devido à ausência de um Decreto para a entrada em vigo da mesma.
O governo de Eswatini divulgou em 2007 um projeto de Lei sobre Liberdade de Informação e de Proteção da Privacidade, mas este
ainda não tinha sido aprovado como lei em 2018.
No Togo, a Lei sobre a Liberdade de Acesso à Informação, aprovada em 2016, não está totalmente implementada porque o
Presidente da República ainda não assinou o Decreto para a implementação da mesma.
subsequentes do Mali (2016, 2021) mostram uma diminuição do número de jornais devido a
fatores económicos e a um aumento exponencial dos serviços de difusão audiovisual,
particularmente as plataformas de rádio e digitais. Em 2021, o Mali tinha mais de 400
estações de rádio, 235 jornais e 100 media online. Em 2012, a Tanzânia tinha 763
jornais, 26 estações de televisão e 85 estações de rádio. Em 2016, os Camarões tinham 600
jornais, 120 estações de rádio e 60 estações de televisão. Em 2019, o Burkina Faso
tinha 164 estações de rádio e 21 canais de televisão operacionais. O Benim, a Nigéria, o
Gana, a Costa do Marfim, Madagáscar e a África do Sul, entre outros, também
apresentam esta tendência. No entanto, no que respeita à difusão audiovisual, a maioria
dos governos e legislações não preveem disposições explícitas para a independência
editorial entre os organismos de difusão audiovisual ou os meios de
comunicação social financiados pelo “Os outros países que não
Estado em geral. A título de exemplo, o garantiram explicitamente a
BMA de 2019 da Nigéria destaca a falta independência editorial para
de independência editorial e de as emissoras nacionais
estabilidade financeira da emissora incluem o Botsuana, a Namíbia, o
nacional, sendo que esta última das Zimbabué, o Malawi,
poderá ser a causa da primeira. O BMA de Madagáscar e a RDC.”
2018 da República do Congo nota
que a televisão e a rádio estatais eram divisões no Ministério das Comunicações, que os seus
trabalhadores eram funcionários públicos (ver também o BMA de 2021 do Togo) que estes
meios de comunicação social não tinham, respetivamente, um conselho de administração para
supervisionar as suas atividades. Tal sugere que, em 2018, o governo da República do Congo
teve controlo direto sobre as operações dos media estatais e sobre o conteúdo editorial.
O BMA referiu ainda que o jornal estatal não operava há dois anos, sublinhando a
constrição da comunicação pública e dos espaços democráticos no país. O BMA não indicou
se o jornal estatal voltou, entretanto, a operar. No BMA do Benim, em 2021, foi referido
que a emissora pública operava sob a poderosa influência da presidência do país. No
entanto, o seu conteúdo foi apontado como satisfazendo o interesse público e
abrangendo questões locais. Os outros países que não garantiram explicitamente a
independência editorial dos organismos nacionais de difusão audiovisual incluem o
Botsuana, a Namíbia, o Zimbabué, o Malawi, Madagáscar e a RDC. O caso do Quénia
é único porque o controlo governamental sobre os meios de comunicação social
não apenas dissimulado, mas também alargado. Ao contrário do controlo direto exercido
através dos meios de comunicação estatais noutras partes do continente, a influência
política no Quénia opera através da distribuição da publicidade governamental em todos
os domínios. Como indicado no BMA de 2016 do país, a concorrência desta publicidade
governamental muito procurada comprometeu a qualidade dos conteúdos editoriais nos
meios de comunicação social. Para além do controlo governamental exercido através da
Kenya Broadcasting Corporation, cujo conselho é nomeado por esta, a
publicidade opera secretamente de modo “... os jornalistas que trabalham para
a influenciar o conteúdo das reportagens os meios de comunicação estatais são
dos media. Na República do Congo, os geralmente mal pagos e mais
meios de comunicação social estatais propensos a praticar a
não têm atribuição no orçamento autocensura...”
nacional e não existe apoio
estatal para estes, quer em termos de assistência direta quer através de isenções fiscais.
Efetivamente, com base nestes exemplos e muitos mais, podemos então afirmar que os
organismos de difusão audiovisual nacionais em África continuam vulneráveis à
interferência política. São também subfinanciados, o que limita a sua capacidade de
prestação de serviços públicos de difusão audiovisual e cuja responsabilidade é de, no
mínimo, de informar, educar e entreter.
Os BMA revelaram também que os jornalistas que trabalham nos meios de comunicação
social estatais são geralmente mal pagos e mais propensos à prática da autocensura para
salvaguardar o emprego, se não mesmo para proteger as suas próprias vidas, dependendo das
circunstâncias e do contexto. Os mesmos organismos de difusão audiovisual também estão
frequentemente mal equipados. Estes desafios foram destacados pelos BMA da Nigéria, do
Gabão, da República do Congo, dos Camarões, do Zimbabué, do Lesoto, de Madagáscar, do
Benim, d’Eswatini, do Mali, do Quénia, da RDC e do Senegal. Nalguns países, a
regulamentação é fragmentária e imprecisa; noutros, a regulação das telecomunicações e da
difusão audiovisual é harmonizada (ver o BMA 2018 do Senegal; o BMA 2018 da
Namíbia). Em termos de prática profissional, muitas tendências parecem prevalecer na
maioria dos países. Existe uma referência constante à invasão e à omnipresença da
corrupção no jornalismo (ou seja, pagamento para cobertura), à fraqueza do jornalismo
de investigação e ao enorme destaque dado às histórias políticas em detrimento das histórias
locais e de outras áreas temáticas. Existem também elevados níveis de
precariedade no que diz respeito à fraca representação dos jornalistas através de sindicatos
ou de associações profissionais. Veja-se, por exemplo, os BMA seguintes: Benim (2021),
Burkina Faso (2019), Madagáscar (2019), Camarões (2018), Zâmbia
(2021), Togo (2021) e Quénia (2016).
Tal como acima indicado, o panorama dos media num contexto politicamente estável tende
a ser plural e diversificado enquanto se mantém funcionalmente profissional e crítico.
Inversamente, quanto mais incerto, instável e transitório é o ambiente político, mais
precário é o estado da liberdade de expressão/imprensa, tornando os meios de
comunicação menos assertivos nas suas funções de supervisão e de vigilância. Os países que
demonstram estagnação política e regressão (no que respeita a abraçar plenamente a liberdade
de expressão e dos meios de comunicação social) incluem o Mali (ver os BMA de 2012, 2016
e 2021), Madagáscar (2019 AMB), o Lesoto (BMA 2019), os Camarões (BMA 2018) e o
Benim (BMA 2021). No caso do Mali, cuja constituição garante a liberdade de expressão
em consonância com os
O BMA continua a observar que “os jornalistas, sejam eles da oposição, dos meios de
comunicação social privados ou públicos, têm cuidado com o que dizem, com o que
publicam ou com o que expressam publicamente, nomeadamente através das respetivas
agências noticiosas” uma vez que “foram efetuadas detenções e processos judiciais
contra jornalistas nos últimos anos” (Ibid.). Neste contexto, existe um fosso consistente
e recorrente entre as disposições constitucionais propícias à liberdade de expressão (e, em
alguns casos, à liberdade de imprensa), as infraestruturas legislativas de um país e as
condições reais de funcionamento dos meios de comunicação social.
expressão e dos meios de comunicação social. A Lei dos Meios de Comunicação Social de
2013 e a Lei da Informação e das Comunicações do Quénia (Alterada) de 2013 também
enfraqueceram de modo efetivo a liberdade de expressão e dos meios de comunicação
social, uma vez que contêm propostas que restringem a liberdade da imprensa e impõem
sanções pesadas aos jornalistas e às agências noticiosas.
De igual modo, no Malawi, diplomas legislativos como o Código Penal de 1930, a Lei
de Proteção do Estandarte, dos Emblemas e dos Nomes (Protected Flag, Emblems, and
Names Act) (2014), a Lei Policial de 1946, a Lei dos Segredos Oficiais de 1913 e a Lei de
Censura e do Controlo do Entretenimento de 1968 restringem a liberdade de expressão e
a liberdade de imprensa, garantidas na Constituição. No Benim, o gozo da liberdade de
expressão e da liberdade de imprensa é dificultado por várias disposições do Código Digital
aprovadas em 2017, a Lei 2017 – 44 de 5 de fevereiro de 2018 do Código da Inteligência
e a Lei 2019-05 de 18 de janeiro de 2019 sobre a organização dos segredos da defesa
nacional. Em Madagáscar, a lei que rege as comunicações e o Código das Comunicações
podem ser utilizados para restringir a liberdade de imprensa e a democracia. Além disso
e apesar da amplamente reconhecida economia dos meios de comunicação social da África
do Sul, caso sejam invocados atos legislativos da era do apartheid tais como a Lei dos
Aspetos Principais (National Key Points Act) de 1980, a Lei da Defesa (1957) e a Lei
dos Ajuntamentos Desordeiros (Riotous Assemblies Act) de 1956, os meios de
comunicação social podem ficar
enfraquecidos. Tal como indicado no “...o paradoxo desse cenário está
BMA de 2018 da África do Sul, no fato dessas leis serem
algumas das leis acima referidas têm frequentemente invocadas em
sido utilizadas para “dificultar a tempos de crise política e
económica...”
comunicação crítica sobre os dinheiros
públicos gastos na herdade privada do
ex-Presidente Jacob Zuma em Nkandla”.
Como é evidente nos BMA, o paradoxo desse cenário está no fato dessas leis serem
frequentemente invocadas em tempos de crise política e económica (quando é mais
necessário ter meios de comunicação social mais assertivos e livres), tendo um efeito inibidor e
restritivo. O BMA 2020 do Zimbabué destaca algumas leis restritivas, antigas e
recentes. Refere que “a Lei dos Segredos Oficiais permanece em vigor
e deve ser assinada pelas pessoas que trabalham para o Estado, impedindo-as de revelar
informações à comunicação social”. Da mesma forma, aponta como “a Lei de Censura
e Controlo de Entretenimento também tem sido usada para proibir produções teatrais
entendidas como antigovernamentais”. Através da análise dos BMA, parece evidente que
a maioria das constituições nacionais prevê explicitamente a liberdade de expressão e/ou a
liberdade de imprensa; no entanto, também contêm condições que enfraquecem essas
liberdades.
O BMA de 2018 para as Maurícias nota que “a difusão audiovisual privada não prospera
e, desde 2002, o país tem apenas três estações de rádio privadas, não tendo estações de rádio
comunitárias nem canais de televisão privados”. Refere ainda que “a difusão audiovisual é
dominada pela empresa estatal Mauritius Broadcasting Corporation (MBC), que gere
seis estações de rádio e é a única emissora nacional de televisão”. A emissora nacional “não
é vista como um órgão independente e os seus membros do conselho de administração são
considerados como simpatizantes de qualquer governo que esteja no poder”. Outros
países em que se manifesta esta tendência incluem a RDC, a Nigéria, Eswatini, a Guiné,
a Tanzânia, o Mali, a Namíbia, a Zâmbia e o Gabão. É
também evidente que nos países onde o “Os BMA também mostram que
governo controla o sector da difusão ... o desejo dos governos de
audiovisual, ou pelo menos a difusão manter o controlo ou influência
audiovisual pública/estatal, este funciona sobre os meios eletrónicos
quase sempre com uma independência tornou-se bastante mais
editorial limitada.
assertivo...”
No entanto, vários países da África Subsaariana aparentam ter um sistema de difusão audiovisual
florescente a três níveis (difusão audiovisual pública/estatal, comercial e comunitária), com
alguns a registarem mais de uma centena de serviços de difusão radio e televisão. A África
do Sul e o Senegal são bons exemplos disso. Os BMA mostram também que, com a
convergência dos meios de comunicação social a tornar-se na norma da maioria dos
meios de comunicação social contemporâneos, o desejo dos governos de manter o controlo
ou influência sobre os meios eletrónicos aumentou, tal como indicado pelos instrumentos
legislativos propostos para responder ao crescimento e à prevalência dos meios digitais em
África. A título de exemplo, o governo namibiano promulgou a Lei das Comunicações de
2009 e, na altura do BMA de 2015, estava a trabalhar na Lei das Transações Eletrónicas e
do Crime Cibernético (parcialmente promulgada em 2019 como Lei das Transações
Eletrónicas de 2019) bem como na Lei Cinematográfica, que pode potencialmente ser usada
para restringir a liberdade de expressão. Além disso, o BMA da Zâmbia de 2021 refere à
promulgação no país de “uma lei de segurança digital controversa,
No entanto, os BMA mostram que a maioria dos governos africanos não respondeu
adequada e oportunamente à evolução da ecologia dos meios digitais, pelo menos ao nível
da regulamentação. Os países que percorreram algum caminho a esse respeito mostram um
certo grau de paranoia através de leis que promovem a interceção da comunicação digital
dos meios de comunicação social. No entanto, a maioria dos países não restringiu
ativamente o estabelecimento e o funcionamento de portais de comunicação digital, como
os blogs.
Não tem sido dada constante atenção ao tema da migração digital (passando da difusão
audiovisual com tecnologias analógicas para a difusão audiovisual com tecnologias digitais),
crucial para o alargamento da participação dos cidadãos no diálogo público, em todos os
países abrangidos pelos referidos BMA neste relatório. As recomendações significativas
relativas ao estado do sector da difusão audiovisual no continente centram-se na necessidade
de promover a independência editorial dos organismos nacionais de difusão audiovisual, no
estabelecimento de mecanismos regulamentares mais eficazes, unificados e funcionais
para a indústria e na disponibilização de formação consistente para os jornalistas da difusão
audiovisual.
2 O autopoliciamento e a aquiescência de órgãos reguladores com atores políticos devido à influência destes últimos.
O BMA de 2018 do Botsuana refere que “os jornais estão quase exclusivamente
disponíveis em inglês e nas áreas urbanas, com a sua acessibilidade do público mais vasto
fora destes domínios limitada”. A vontade de minimizar os custos e maximizar os
lucros parece ser o precursor do jornalismo elitista; a corrupção no jornalismo; o
jornalismo antiético (discutido abaixo); e a negligência do jornalismo de investigação, que
é visto como dispendioso e potencialmente irritante para a muito valorizada comunidade
publicitária. Com base nas tendências evidentes nos BMA, parece que o ângulo comercial
dos meios de comunicação social africanos é suscetível de aprofundar e de entrincheirar a
marginalização das pessoas pobres (pelo menos a nível discursivo), especialmente nas zonas
rurais cujo valor para eventuais anunciantes não é, muitas vezes, aparente. Apesar de alguns
países disporem de disposições legislativas e administrativas para apoiar financeiramente os
meios de comunicação social, o financiamento real disponível é geralmente inadequado
ou inexistente.
financeira dos meios de comunicação social, bem como das agências governamentais ou dos
organismos reguladores cujo trabalho está diretamente ligado a esses meios de
comunicação social. Tal afetou diretamente vários aspetos fundamentais das operações dos
meios de comunicação social na África Subsariana. A título de exemplo, devido à falta
de recursos, os BMA revelaram que, frequentemente, os jornalistas trabalhavam em
condições deploráveis com pouco ou nenhum salário; que, por vezes, os jornalistas, se
envolviam em atividades corruptas para complementar os seus rendimentos; e que
jornalistas praticavam a autocensura para caírem nas boas graças dos proprietários e
escaparem à ira de atores políticos hostis. Tal ficou patente em países como o Togo (BMA
2021), Madagáscar (BMA 2016), a RDC (BMA 2012), o Quénia (BMA 2016), a
República do Congo (BMA 2018) e o Mali (BMA 2016, 2021).
Para além disso, os BMA mostram que os meios de comunicação social africanos são, por
vezes, forçados a abandonar as histórias com foco nos grupos sociais marginalizados e
minoritários a favor daquelas que são mais propensas a ter eco nos interesses dos anunciantes e
dos políticos dominantes. O BMA de 2018 da África do
3 Quando os jornalistas são pagos em dinheiro ou géneros para dar cobertura ou não uma história
Sul observa que, embora o país tenha uma ampla escolha de fontes de informação num
espectro mediático abrangente, “o acesso é desviado em favor de audiências com
rendimentos superiores... enquanto a população com baixos rendimentos tem um acesso
limitado a fontes de informação diversificadas e plurais”. É feita a seguinte observação
crítica: “Pelo facto de os meios de comunicação sul-africanos serem em grande parte
corporativos e a publicidade ser impulsionada, os pobres e os marginalizados são o
grupo menos importante para o alcance dos meios de comunicação social devido ao seu
baixo rendimento”. No BMA de 2016 do Quénia, observou-se que o “aumento da
comercialização dos meios de comunicação social tem enfraquecido o papel dos media
enquanto ferramenta de desenvolvimento e de informação”. O elemento altamente
comercial nos meios de comunicação quenianos, destacou o BMA, fez com que “uma
concorrência intensa da publicidade governamental por parte dos diferentes órgãos de
comunicação social tenha resultado em conteúdos editoriais comprometidos”. Com
efeito, o BMA observou que os “meios de comunicação social quenianos tendem a
promover interesses comerciais e políticos, ignorando em grande medida os fatores sociais
e culturais, bem como os grupos minoritários”.
Outro elemento severamente afetado pelos recursos limitados é a migração digital dos
meios de comunicação social africanos, que, indiscutivelmente, mantém muitas pessoas
fora do ciclo de informação e enfraquece a ação política das mesmas. No entanto, este
desafio
não é tão transparente quanto parece
“Outro elemento severamente
à superfície. Enquanto a migração digital afetado pelos recursos limitados é
abre inevitavelmente o espaço para mais a migração digital dos meios de
intervenientes no sector da transmissão, comunicação social africanos...”
expandindo assim o alcance comunicativo,
tem tido o efeito
oposto noutras configurações. A título de exemplo, no Quénia, tem-se observado que a
migração digital aumentou os custos de acesso aos meios de comunicação social. Após uma
implementação bem-sucedida da migração digital em 2015, o BMA de 2016 do país nota
que o processo “eliminou algumas pessoas que acharam os custos de compra do
descodificador e os encargos mensais de subscrição demasiado elevados”. Previsivelmente,
as populações rurais foram as mais afetadas. As recomendações consistentes em resposta aos
desafios acima referidos centram- se em três grandes questões: a necessidade de formação
contínua dos jornalistas;
Os resumos dos BMA reconheceram a inclusão progressiva, ainda que insatisfatória, das
mulheres nas redações e nos cargos de liderança. O BMA de 2016 da Costa do Marfim
notou que “apesar da existência, desde 2014, de um Quadro sobre Igualdade de Género
nas profissões dos media, as agências noticiosas continuam a ter dificuldades em garantir
um lugar para as mulheres nos seus conteúdos. A igualdade de oportunidades é
promovida na imprensa marfinense, mas as mulheres ocupam poucos cargos de
responsabilidade”. A mesma tendência foi identificada no BMA de 2018 da África do
Sul, onde se observou que “as mulheres continuam a ser marginalizadas nas redações”.
Embora esse BMA reconheça que “o número de mulheres repórteres aumentou”, salientou
ainda que “há muito poucas mulheres a nível editorial e de gestão”. O BMA de 2021 do
Benim mencionou que os meios de comunicação não deram muito espaço às mulheres,
embora o seu acesso aos meios de comunicação social não estar restrito. Além disso, este BMA
salientou que apenas uma percentagem muito pequena de mulheres foi promovida em
meios privados e estatais. Foi também observado no BMA de 2019 da Etiópia que
“existe uma falta gritante de diversidade de género nos meios de comunicação social”,
situação atribuída à “sociedade patriarcal do país onde os homens são considerados como
estando acima das mulheres em estatuto e em poder”. O BMA de 2016 do Quénia
confirmou a marginalização das mulheres, salientando que poucas ocupavam cargos
editoriais e que havia falta de políticas de ação afirmativas para colmatar tais lacunas. O
BMA de 2017 do Gana observou que “as mulheres profissionais dos media também não
se organizaram numa associação, pelo que existem muito poucas atividades relacionadas
com o género e com os meios de comunicação social no país”. De modo mais
significativo, o mesmo relatório observou também que “muitas redações não têm
políticas sobre o assédio sexual ou políticas que
Uma omissão visível nos resumos dos BMA é a das pessoas LGBTQI sobre as quais
existem poucos comentários. Quando as suas preocupações são levantadas, são apenas
apresentadas como um ponto de referência superficial, o que é efetuado de forma evidente
nos BMA do Malawi e do Benim. O BMA de 2016 do Malawi observou que os meios de
comunicação social do país “estão a abrir-se constantemente à discussão das questões
LGBTI”, enquanto o BMA de 2021 do Benim notou que “os meios de comunicação
social não promovem a igualdade de oportunidades, independentemente da raça ou da
origem étnica, do grupo social, do género ou do sexo, da religião, da deficiência e da
idade”. Afirmou que “numa sociedade que não integrou totalmente as pessoas, tais como as
pessoas homossexuais, bissexuais, transgénero e intersexo (LGBTI), é difícil para os meios
de comunicação dar-lhes
uma cobertura abrangente”. A partir destes exemplos, pode argumentar-se que os meios de
comunicação social, dos quais se espera que destaquem as práticas sociais que enfraquecem a
expressão plena da cidadania e a autodeterminação de grupos sociais e indivíduos oprimidos
em África, parecem não cumprir esse mandato.
5. Temas significativos
Benim
BMA 2011
Em contraste com uma série de desenvolvimentos negativos no ambiente mediático do
Benim, que incluíram a interferência do governo nas operações da emissora nacional, as
condições de trabalho precárias dos jornalistas e a corrupção no jornalismo, este BMA
recomendou que as partes interessadas principais fossem pressionadas a transformar o
Gabinete de Rádio e Televisão do Benim (Benin Radio and Television Office) numa
agência noticiosa pública; o parlamento deverá ser pressionado a aprovar o projeto de lei
sobre o novo Código da Informação, assim como a criação de prémios para jornalistas e
agências noticiosas.
BMA 2014
Os pontos salientados neste BMA incluíram a continuação da aderência do governo à
emissora pública e à Autoridade de Difusão Audiovisual e das Comunicações
(Broadcasting and Communications Authority/HAAC), o agravamento da corrupção
nos meios de comunicação social e a falha da HAAC em proteger os jornalistas e os
meios de comunicação social. Perante este cenário, e provavelmente em reconhecimento
da falta de progressos nas questões levantadas no BMA de 2011, o BMA de 2014
recomendou a sensibilização sobre o BMA e a promoção de discussões sobre o seu
conteúdo nos meios de comunicação social mais populares.
BMA 2018
O BMA de 2018 observou alguns desenvolvimentos positivos que incluíram uma melhor
cobertura de serviços móveis, o crescimento dos meios de comunicação social online e as
oportunidades de formação para os jornalistas. No entanto, o BMA indicou também que
as autoridades estatais continuavam a manter uma posição firme nos meios de
comunicação social, que os meios de comunicação estavam a polarizar-se em vez de
serem pluralistas, que as condições de trabalho e os salários dos jornalistas se mantinham
precários e que a nova Lei da Inteligência, a Lei n.º 2015-20, de 20-03-2015 no Código da
Informação e das Comunicações bem como a Lei n.º 2017-20 de 20 de abril de 2018 do
Código Digital ameaçavam a liberdade de expressão. Recomendou a advocacia no sentido
de impulsionar as leis relativas aos meios de comunicação social que estavam pendentes e a
eliminação das disposições e das leis que limitam a liberdade de expressão.
BMA 2021
Este BMA fez eco com o BMA de 2018 ao destacar melhorias positivas na
disponibilidade de formação para os jornalistas, na penetração na internet móvel e na
cobertura de questões emergentes tais como as alterações climáticas, a agricultura, o
empreendedorismo, o extremismo violento e o género. Além disso, apontou para uma
evolução do jornalismo especializado e para a presença crescente de mulheres em cargos de
decisão (um marco significativo em comparação com os BMA anteriores). No entanto,
estes pontos estavam justapostos aos desenvolvimentos negativos tais como o elevado custo
da internet, a prevalência de leis e de decisões restritivas, a diminuição do financiamento
aos meios de comunicação social, o aumento de notícias falsas nos meios de comunicação
social e os ataques à liberdade de imprensa. Para além das ameaças tradicionais à liberdade de
expressão, essas questões emergentes (tais como as notícias falsas e o financiamento
reduzido dos meios de comunicação social) foram igualmente destrutivas. À luz destes
desafios, este BMA recomendou seminários para explorar possíveis modelos económicos da
imprensa, rever os códigos de ética no país e realizar pesquisas sistemáticas sobre o estado
da liberdade de expressão no país.
Botsuana
BMA 2011
O BMA de 2011 notou que, apesar das mudanças positivas no ambiente político do país,
os meios de comunicação governamentais se mantiveram sob o controlo do executivo, que
ainda não tinha sido formado um sindicato de jornalistas, que os jornalistas dos meios de
comunicação social continuavam a ser intimidados, que faltava diversidade e que as leis
relativas à difamação eram utilizadas contra os meios de comunicação social. Recomendou
o envolvimento do MISA na aprovação da Lei de Acesso à Informação. O MISA foi
também incentivado a facilitar a criação de um sindicato de jornalistas. Foi também
recomendada formação especializada para jornalistas e a formação de um fórum de
editores influentes.
BMA 2014
Embora este BMA tenha reconhecido mudanças positivas no ambiente político, também
destacou vários desenvolvimentos negativos. Estes incluíam as más práticas jornalísticas, a
acusação de jornalistas ao abrigo de leis arcaicas, a promulgação de regulamentos de
difusão audiovisual (nomeadamente a Lei Reguladora das Comunicações de 2012), e a
hostilidade da Presidência contra os jornalistas. Este BMA levantou muitas questões
semelhantes às questões levantadas em 2011.
BMA 2018
O BMA de 2018 não destaca quaisquer melhorias significativas nas questões
mencionadas nos BMA anteriores. No entanto, levantou novas questões como pontos
focais, tais como a sustentabilidade e o financiamento dos meios de comunicação social
e a necessidade de pesquisar o panorama dos meios de comunicação social no país.
Camarões
BMA 2011
Apesar das melhorias na diversidade e na formação dos meios de comunicação social nos
Camarões, o BMA de 2011 destacou, entre outras coisas, a falta de progressos na
emissão de licenças de televisão, a tendência do governo em atacar os jornalistas e os meios
de comunicação social, a diminuição do profissionalismo no jornalismo, assim como o
alcance limitado dos meios de comunicação social no país. Recomendou a
descriminalização da difamação, a advocacia para uma lei de
acesso à informação e benefícios fiscais para algumas componentes dos medias, tal como
no papel de jornal. Outras recomendações focaram-se no reforço da representação dos
jornalistas e na melhoria da formação dos mesmos.
BMA 2014
Esta BMA destacou melhorias positivas nas tentativas de reforma do sector e da legislação
relativos aos meios de comunicação social, na redução dos processos judiciais contra os
jornalistas e na proliferação do jornalismo digital. No entanto, o jornalismo de má
qualidade, a corrupção nos meios de comunicação social, a falta de uma lei de acesso à
informação assim como a falta de sustentabilidade dos meios de comunicação social
foram apontados como desafios persistentes. As recomendações centraram-se num aumento
dos esforços para estabelecer o acesso a legislação relativa à informação e para
implementar as reformas dos meios de comunicação propostas em 2011.
BMA 2018
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram uma maior cobertura
das questões relativas às mulheres, a expansão dos meios digitais e uma maior tolerância dos
meios de comunicação social públicos. Os desenvolvimentos negativos incluíram a
deterioração da situação política, o aumento do discurso de ódio e as questões da
sustentabilidade dos meios de comunicação social. Recomendou a advocacia para um
Código de Ética, para reformas nos meios de comunicação social que abordem a
sustentabilidade dos meios de comunicação social e para uma melhoria nas condições de
trabalho dos jornalistas. O acesso a legislação relativa à informação, uma questão persistente
em relatórios anteriores, foi uma omissão notável neste BMA.
Costa do Marfim
BMA 2012
Este BMA destacou desenvolvimentos tais como a anunciada intenção de privatizar os
meios de comunicação estatais, a atribuição de fundos para o desenvolvimento dos media
assim como isenções fiscais e aduaneiras para os mesmos, e um reforço do apoio às
empresas de comunicação social. As recomendações centraram-se na privatização dos
meios de comunicação estatais, na criação de uma plataforma
BMA 2016
Neste BMA, foi salientado um número significativo de desenvolvimentos positivos,
incluindo a introdução de uma lei sobre o acesso à informação; a regulação da
governação econômica dos meios de comunicação social impressos; o início da liberalização
do sector televisivo, o início do processo de revisão da Lei da Imprensa, Lei n.º 2004-643;
e a migração do analógico para o digital. Os desenvolvimentos negativos abrangeram
principalmente a inacessibilidade dos meios de comunicação social ao público causada pelos
custos elevados e as questões de sustentabilidade devido à diminuição das receitas. As
recomendações focaram-se na defesa da revisão da Lei da imprensa de 2004, na discussão
do papel dos meios de comunicação social públicos ou estatais, numa maior
consideração das questões de género e na necessidade de elaborar um estatuto para o
pessoal de rádio comunitário e semelhantes da imprensa privada.
Eswatini
BMA 2011
O BMA de Eswatini de 2011 (então Suazilândia) decorreu no meio de tensão política devido
à crise social em curso. Os poucos desenvolvimentos positivos incluíram o registo da
Comissão de Queixas dos Meios de Comunicação Social (Media Complaints
Commission/MCC) para a autorregulação dos meios de comunicação social, um maior
reconhecimento da importância da formação, a melhoria das condições de trabalho e dos
salários dos media e a adoção de políticas de género por parte de várias agências noticiosas.
Os desenvolvimentos negativos incluíram a abordagem pesada do governo no modo em
como lida com os meios de comunicação social, a hostilidade crescente do governo e dos
políticos da oposição contra os meios de comunicação social, assim como o desrespeito pelas
questões de ética no jornalismo. Neste contexto, o BMA recomendou o acionamento da
MCC, pressão para que uma comissão de reforma da legislação analise todas as leis em
geral, o reforço das organizações de comunicação social através do incentivo aos jornalistas
no sentido de se envolverem no desenvolvimento da sua profissão, assim como a facilitação
de uma colaboração maior entre os meios de comunicação social e as instituições de
formação.
BMA 2014
Neste BMA, Eswatini teve crédito pela criação de uma plataforma de interação entre
editores e políticos séniores, por estabelecer a MCC, por potenciar a formação de jornalismo
através de uma licenciatura de 4 anos na Universidade da Suazilândia, por melhorar o
acesso à internet e por ter estabelecido a Rede Comunitária de Rádio (Community
Radio Network) em 2013. Os desenvolvimentos negativos incluíram a intimidação de
editores, a inatividade da associação local de jornalistas e a lentidão das reformas
legislativas. As recomendações incluíram a divulgação da MCC, a revisão do seu Código de
Ética e a defesa da reforma legislativa dos meios de comunicação social.
BMA 2018
Este BMA reconheceu alguns desenvolvimentos positivos relativamente a questões não
levantadas no BMA anterior. A título de exemplo, salientou a flexibilização do
processo de pedido de licença de difusão audiovisual, os progressos de
institucionalização de esforços que visam o desenvolvimento dos meios de
Gana
BMA 2011
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram a expansão dos
operadores de media e, assim, uma maior diversidade e pluralismo. Foi também referida
uma melhoria na qualidade do jornalismo, assim como na disponibilidade de
instituições de formação. No entanto, salientou também a lentidão dos progressos
relacionados com reforma da difusão audiovisual pública, a inexistência de progressos no
desenvolvimento da Lei do Direito à Informação e da Lei da Difusão Audiovisual, assim
como um declínio nas normas do jornalismo profissional. As recomendações incluíram o
reforço da Comissão Nacional dos Meios de Comunicação Social (National Media
Commission) através do aumento do financiamento e da independência das autoridades
estatais, a simplificação da regulamentação da difusão audiovisual e a defesa de uma
Ghana Broadcasting Corporation independente e bem financiada.
BMA 2013
Os desenvolvimentos positivos deste BMA incluíram uma maior advocacia em defesa
da Lei do Direito à Informação, uma melhoria na qualidade do jornalismo de algumas
publicações e um aumento do acesso à internet. No entanto, estas melhorias foram
contrariadas por desenvolvimentos como a polarização política e o sensacionalismo das
notícias, a detenção de jornalistas, a corrupção no jornalismo e o bloqueio à legislação sobre
a difusão audiovisual e sobre o direito à informação. Notavelmente, registou-se, em relação
ao BMA anterior, um aumento das questões que exigem intervenção. As recomendações
abordaram vários desafios, incluindo
BMA 2017
O BMA de 2017 destacou um aumento significativo do uso de meios digitais e de
desafios à qualidade do jornalismo. O Lei do Direito à Informação e a Lei de Difusão
Audiovisual ainda não tinham sido aprovadas. As recomendações giraram em torno da
formação contínua sobre o código de ética, da advocacia para a aprovação da Lei de Difusão
Audiovisual, do aumento do número de mulheres nas redações, da utilização de fontes
noticiosas femininas e do aumento dos salários dos jornalistas.
Quénia
BMA 2012
Neste BMA, observou-se que o recurso às redes sociais tinha crescido rapidamente; que os
meios de comunicação social tinham adotado vários canais para chegarem ao seu público;
que a política dos media tinha melhorado e que o panorama se tinha tornado mais
conciliatório; que tinham sido lançadas novas publicações e serviços de difusão
audiovisual; que a nova constituição prometia uma legislação progressista; e que os meios
de comunicação social alternativos davam voz ao povo e destacavam questões ignoradas
pelos meios de comunicação social tradicionais. O jornalismo de investigação foi mais
proeminente, o investimento no sector dos media aumentou e o volume de conteúdos
locais também, incluindo a programação infantil. Um desenvolvimento negativo
significativo consistiu na tomada de posse das agências noticiosas por parte dos políticos,
tendo influenciado as decisões editoriais de acordo com as linhas partidárias. As
recomendações incluíam um maior envolvimento dos meios de comunicação social na
educação cívica/eleitoral através de parcerias entre os media/sociedade civil para formação,
a promoção da literacia mediática, uma maior advocacia para a liberdade de imprensa, a
aprovação de outras legislações de apoio à liberdade de expressão e aos meios de
comunicação social, assim como a formação de jornalistas para a comunicação de conflitos.
BMA 2016
Este BMA mencionou o aumento dos meios de comunicação social, incluindo das
publicações regionais fora da capital. Entre 2012 e 2016, o número de estações de rádio
aumentou de 103 para 147, e as estações de televisão de cerca de 20 para 67. Foi
também observado que o processo de migração digital bem-sucedido deveria levar à
existência de mais canais de televisão. Outros desenvolvimentos positivos incluíram o
aumento do envolvimento dos cidadãos; um maior número de relatórios regionais
devido à desconcentração; vozes mais especializadas; e um aumento das parcerias entre
os media locais e internacionais, levando a uma melhoria nas oportunidades de formação.
Além disso, o recurso às redes sociais e a sua influência aumentaram, assim como a
capacidade de defesa das organizações da sociedade civil. Os desenvolvimentos negativos
incluíram os bloqueios aos meios de comunicação social após a mudança de governo em
2013, o aumento da comercialização dos meios de comunicação social que enfraqueceu as
suas funções de desenvolvimento e de informação, o aumento da interferência estatal e
da censura aos media devido a preocupações de segurança e de terrorismo, uma captação
política maior dos meios de comunicação social, um conjunto de vozes restrito, o discurso
de ódio online e o incitamento político, assim como a diminuição no acesso aos meios de
comunicação social devido aos custos associados à migração digital.
Lesoto
BMA 2012
Este BMA observou um aumento na utilização dos meios digitais e na popularidade das
estações de rádio privadas, a aprovação de uma Lei das Comunicações adequada e a introdução
de novas estações de rádio. Os principais desafios incluem o controlo do Ministro das
Comunicações sobre a nomeação dos membros do conselho de administração dos órgãos
reguladores. As recomendações incluíram a criação de mecanismos de autorregulação, a
formação para a sensibilização relativamente à Lei das Comunicações, assim como a criação
de oportunidades de formação para os jornalistas.
BMA 2015
Os desenvolvimentos positivos mencionados neste BMA incluíram o aumento da atividade
da sociedade civil, um maior número de estações de rádio e de jornais, o aumento no
acesso à internet e a criação da Comissão para a Resolução de Conflitos no setor da
Difusão Audiovisual (Broadcasting Dispute Resolution Panel). Os desenvolvimentos
negativos incluíram as restrições à liberdade de expressão, a polarização política dos meios
de comunicação social, um aumento na intimidação dos jornalistas pelas forças de defesa,
a proteção limitada aos jornalistas, a corrupção nos media e a limitação de oportunidades
de formação para jornalistas. As recomendações incluíram a criação de um sindicato de
jornalistas assim como de uma associação que trate das questões dos medias, e intervenções
que visem melhorar as práticas no jornalismo.
BMA 2018
Os progressos observados por este BMA incluíram a suspensão da difamação criminal, a
expansão dos espaços discursivos digitais, a aquisição de uma tipografia, a introdução de
estações de rádio comunitárias e o aumento da tolerância dos meios de comunicação
públicos. Os desenvolvimentos negativos incluíram a falta de política mediática, o
sensacionalismo, a impotência da Comissão para a Resolução de Conflitos no setor da
Difusão Audiovisual (Broadcasting Disputes Resolution Panel) e o partidarismo nos
meios de comunicação social. As recomendações centraram-se na necessidade de
capacitar os meios de comunicação social através da mobilização de fundos, liderar
processos de reforma dos media, defender uma comunicação social forte e promover o
jornalismo profissional.
Madagáscar
BMA 2012
Os desenvolvimentos positivos assinalados neste BMA incluíram um aumento na
diversidade de publicações e de estações de rádio e televisão; um aumento de escolas de
formação em jornalismo; uma melhoria no acesso à informação; e a inclusão de
jornalistas femininas nas redações. Os desenvolvimentos negativos incluíram a interferência
política e económica nos meios de comunicação social, a ausência de um quadro
jurídico favorável, condições de trabalho deficientes para jornalistas e a impotência das
organizações profissionais de jornalismo. As recomendações incluíram a adoção de um
quadro jurídico que permita o desenvolvimento dos meios de comunicação social e a
melhoria das condições de trabalho dos jornalistas.
BMA 2016
Este BMA destacou as transformações fomentadas pelo aumento da adoção e da utilização
de ferramentas digitais e dos media. Observou uma melhoria na pluralidade de meios de
comunicação social para a recolha e tratamento de informação, assim como na
qualidade da escrita, do som e da imagem. Também reportou um aumento na diversidade
de programas, com os espetáculos locais a gozarem de preferência. Os desenvolvimentos
negativos incluíram o envolvimento dos meios de comunicação na chantagem da
informação e na regulação limitada, que abriu espaço para o abuso de poder por parte das
autoridades e, indiscutivelmente, pelos próprios meios de comunicação social. As
recomendações incluíram a melhoria das condições de trabalho dos jornalistas (uma vez
que tal afeta a qualidade do seu trabalho e as suas práticas éticas), o desenvolvimento de
um quadro e de um corpo autorreguladores pelos media e pela sociedade civil, a melhoria do
acesso às redes internacionais de difusão audiovisual, a profissionalização do sector privado
como base para atrair investimentos na indústria e a disponibilização de conteúdos
educativos.
BMA 2019
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram a adoção de um
Código das Comunicações (que ainda estava em curso), as alterações à Lei do
Cibercrime em 2016, o aumento de programas culturais no serviço público, o
crescimento dos media religiosos e o desenvolvimento das redes sociais na facilitação dos
debates públicos. As recomendações incluíram a criação de um sindicato de
Malawi
BMA 2012
O BMA de 2012 do Malawi, um país com uma longa história de regime autoritário, destacou
vários desenvolvimentos positivos potenciadores da liberdade de expressão. Entre eles, a
concessão de novas licenças de televisão e de rádio, a revogação da secção 46 do Código
Penal, a redução das ameaças contra os media por parte do novo governo, a nomeação de
assessores de imprensa para cada ministério, a eliminação do IVA nos jornais e a declaração
da Presidente Joyce Banda de que a emissora pública seria aberta à oposição e pontos de
vista alternativos. Além disso, destacou a pressão bem sucedida dos media relativamente à
alteração da Lei do Procedimento Civil, que exigia que o governo recebesse um aviso prévio
de três dias quando se pretendia obter uma interdição contra o Estado, assim como a
introdução de dois novos produtos dos media, o Business Times e o Nkwaso, o
ressurgimento da unidade de investigação do The Nation, a melhoria geral dos salários
e das condições de trabalho dos trabalhadores dos media e a iniciativa construtiva de
partilha de conteúdos entre estações de rádio privadas e comunitárias.
BMA 2016
Os desenvolvimentos positivos mencionados neste BMA incluíram o aumento das estações
de televisão e de rádio, o aumento da concorrência que levou à melhoria das normas, uma
legislação e uma política dos media positivas, a cobertura em direto dos processos
judiciais, o trabalho para reforçar a formação dos meios de comunicação social, a
redução dos casos de intimidação e de detenção de jornalistas, assim como a aprovação
da Lei da Igualdade de Género (2014) que impõe quotas nos departamentos
governamentais e nas instituições de formação. Os desenvolvimentos negativos incluíram os
salários baixos dos jornalistas, a introdução do IVA nos equipamentos de difusão
audiovisual e no papel de jornal importados, a detenções de cidadãos comuns por
expressarem as suas opiniões, a inversão dos esforços para transformar o organismo de
difusão audiovisual pública numa verdadeira emissora de serviço público, uma economia
empobrecida que afetou os salários e o sector dos media, as dificuldades no acesso ao
Presidente e a propriedade cruzada no sector dos media que reduz a diversidade de
conteúdos. As recomendações incluíram a pressão multissetorial para a implementação da
legislação relativa ao Acesso à Informação, a avaliação do desempenho da nova Lei das
Comunicações (2016) através do MISA Malawi, a transformação da emissora estatal numa
emissora verdadeiramente pública, a revogação das leis sobre a difamação, assim como
tornar o Conselho dos Meios de Comunicação Social do Malawi (Media Council of
Malawi) mais acessível e mais visível no combate contra comportamentos antiéticos,
traduzindo o código de ética em linguagem vernácula e investigando questões que
afetam os meios de comunicação social.
Mali
BMA 2012
Apesar das tensões políticas e securitárias no país, registaram-se várias melhorias positivas
neste BMA, incluindo o aumento da taxa de cobertura dos medias, a criação de
novas estações de rádio privadas (325 operacionais na altura), o lançamento de um
segundo canal de televisão, a disponibilização de 3 Veículos de Videografia Exterior para
Difusão Audiovisual à emissora nacional ORTM (Office de Radiodiffusion Télévision
du Mali/Gabinete de difusão Radio e Televisão do Mali), assim como o estabelecimento de
uma estação terrestre digital para a transmissão e a receção por satélite com base nas bandas
C e Ku. Além disso, o BMA registou uma revisão da legislação e dos regulamentos, a
promulgação de uma lei sobre a difusão audiovisual, a elaboração de vários projetos de lei, o
alargamento das oportunidades de formação e a redução dos custos das telecomunicações.
Os desenvolvimentos negativos incluíram o fraco desempenho do Observatório de Conduta
Profissional de Ética (Observatory of Professional Conduct of Ethics) na Imprensa
Escrita (entidade autorreguladora), o incêndio e a destruição de estações de rádio, a redução
do apoio aos meios de comunicação social, a suspensão das obras na escola de jornalismo,
os frequentes incidentes de agressão e de intimidação contra jornalistas, a não
implementação do contrato coletivo de trabalho, a não aplicação da nova lei relativa à
difusão audiovisual, as más condições de trabalho dos trabalhadores dos meios de
comunicação social e a diminuição da qualidade dos conteúdos dos media. Entre as
recomendações, está a exibição do código de conduta e de ética nas agências noticiosas, a
sensibilização para o acordo coletivo existente, a especialização dos jornalistas em diversas
áreas e a criação de mecanismos de desenvolvimento para uma parceria entre os meios de
comunicação social e outras organizações de apoio institucional e financeiro.
BMA 2016
Este BMA destacou alguns desenvolvimentos positivos, incluindo o Fórum Nacional de
Comunicação (National Communication Forum) em 2012, os planos para uma Escola de
Jornalismo, a criação da Alta Autoridade para as Comunicações (High Authority for
Communications/HAC), as reformas em curso da ORTM, o surgimento de novos
organismos de difusão audiovisual e de outros meios de comunicação, a adoção da Carta
dos Meios de Comunicação para o Respeito da Imagem das
BMA 2021
Foram reconhecidos vários desenvolvimentos positivos neste BMA, tais como a
diversificação das fontes de informação, o acesso a formação especializada para jornalistas,
o aumento da inclusão de género nos meios de comunicação social, grupos de imprensa
economicamente viáveis e o alargamento da apropriação digital pelos media e pela sociedade.
No entanto, os desenvolvimentos negativos revelaram que o Mali continuou a limitar a
liberdade de expressão e os meios de comunicação social. A título de exemplo, o BMA
destacou que o país se caracterizou pela falta de proteção jurídica aos jornalistas/fontes
mediáticas, pela censura na Internet, pela falta de consulta na elaboração de leis, pela
falta de independência editorial da imprensa estatal, pela precariedade económica das
empresas de comunicação social, pela utilização da publicidade para exercer pressão, pela
falta de regulação do setor publicitário, pela falta de consideração do interesse público na
atribuição de frequências, pela falta de práticas éticas, pela falta de negociação coletiva,
pela deterioração das condições de segurança, pela falta de subsídios à imprensa, pela falta
de regulamentação da imprensa online, pelas notícias falsas e pelos problemas legais.
Moçambique
BMA 2011
O BMA de 2011 notou que os meios de comunicação em Moçambique estavam a
crescer em termos de publicações e de estações de rádio e de televisão, que o ambiente
estava a facilitar a liberdade de expressão (embora o governo exercesse influência nos
meios de comunicação social públicos), que existia uma confiança pública crescente nos
meios de comunicação social e que havia menos processos judiciais contra os media. As
recomendações sublinharam a necessidade de aprovação de legislação em matéria de
difusão audiovisual, assim como a necessidade da sociedade civil continuar a trabalhar
no sentido de fortalecer a liberdade de expressão.
BMA 2014
Neste BMA, observou-se uma coerência no crescimento dos meios de comunicação social,
foi aprovada a Lei do Direito à Informação, foi criada uma Comissão de Resposta para a
Defesa da Liberdade de Imprensa (Response Committee for Advocacy of Freedom
of the Press) e notou-se um crescimento na utilização das redes sociais, assim como um
aumento das oportunidades de formação para os jornalistas. O ênfase contínuo na
necessidade de defender a liberdade de expressão e os interesses dos jornalistas implicou
ameaças constantes contra ambos. As recomendações sublinharam a necessidade de
supervisionar as questões éticas através de mecanismos de autorregulação, de reformar as
leis restritivas dos meios de comunicação social, de supervisionar a aplicação de
instrumentos internacionais, de transformar a difusão audiovisual pública, de observar a
migração digital e de aprovar legislação de difusão audiovisual pública e de rádio
comunitárias. Além disso, este BMA recomendou a implementação de códigos de
conduta enquanto mecanismos de autorregulação, assim como melhores oportunidades de
formação e de apoio ao jornalismo de investigação.
BMA 2018
Neste BMA, tal como nos dois relatórios anteriores, levantaram-se preocupações sobre a
erosão da liberdade de expressão devido a um ambiente de medo. Além disso,
destacaram-se a autocensura, o aumento do custo das licenças dos meios de comunicação
social e a diminuição da qualidade do jornalismo. Este BMA não mencionou quaisquer
desenvolvimentos positivos e observou a deterioração da
Namíbia
BMA 2011
Este BMA destacou vários desenvolvimentos positivos, incluindo a nomeação de um
Provedor para os Media (Media Ombudsman), alterações positivas na emissora pública, a
Namibia Broadcasting Corporation (NBC), a expansão do envolvimento dos cidadãos
através do Serviço de Mensagens Curtas (SMS) e das redes sociais, assim como a
digitalização dos meios de comunicação social do país. Os desenvolvimentos negativos incluíram
a indiferença da revista Sister Namibia relativamente às questões lésbicas e a ausência de
legislação sobre acesso à informação. As recomendações incluíram a necessidade do
alargamento da responsabilidade do Ombudsman à supervisão do conteúdo
publicitário, uma maior literacia mediática, a criação de uma relação entre a sociedade
civil e os meios de comunicação social tradicionais, a promoção do acesso à informação e
um alargamento da diversidade dos meios de comunicação social.
BMA 2015
Os desenvolvimentos positivos neste BMA incluíram o aumento da utilização das redes
sociais, a criação da Entidade Reguladora para as Comunicações da Namíbia
(Communications Regulatory Authority of Namibia), a inclusão de jovens nos meios
de comunicação social e as melhorias nas operações da NBC. Os desenvolvimentos
negativos incluíram a falta de proteção para fontes confidenciais e denunciantes, as
alterações restritivas à Lei da Investigação, da Ciência e da Tecnologia de 2004, a falta de
consulta para o desenvolvimento de legislação relevante, a falta de vozes diversificadas, a
regulamentação inadequada da concorrência, a independência limitada do organismo
nacional de difusão audiovisual e as más condições de trabalho dos jornalistas.
BMA 2018
Os desenvolvimentos positivos neste BMA incluíram o alargamento do sector dos media
devido com o aparecimento de novas agências noticiosas e de estações de rádio
comunitárias, o aumento do envolvimento dos cidadãos nas redes sociais, a revisão do
Código de Ética em 2016 e a digitalização da NBC. As recomendações incluíram a
aprovação da Lei de Acesso à Informação, a investigação sobre o panorama mediático
da Namíbia, a criação de um sindicato de jornalistas, a integração de populações-chave, a
cobertura equilibrada e sensível dos grupos minoritários, a reforma da legislação dos media
e a ativação de um fundo de apoio aos organismos de difusão audiovisual comunitários.
Nigéria
BMA 2011
Os desenvolvimentos positivos mencionados neste BMA incluíram a aprovação da Lei da
Liberdade de Informação em 2011, a nomeação de um Provedor (Ombudsman) em 2009
para supervisionar e regular o jornalismo, meios de comunicação social mais diversificados
devido ao novo licenciamento de rádio e de televisão, e uma melhoria nas relações entre
o governo e os meios de comunicação social. Os desenvolvimentos negativos
sublinharam o facto de os jornalistas continuarem a ser alvo de violência, o bem-estar
reduzido dos jornalistas, a diminuição da circulação de jornais, o encerramento de jornais
estatais por falta de financiamento e a comunicação tendenciosa da emissora estatal. As
recomendações incluíram melhorar o bem-estar dos jornalistas para garantir o
profissionalismo, transformar a emissora estatal numa emissora pública e mais
independência para a Nigerian Broadcasting Commission.
BMA 2015
Este BMA registou desenvolvimentos positivos pela abertura do espaço democrático, como por
exemplo, o licenciamento de 17 estações de rádio comunitárias distribuídas pelas
zonas políticas do país após anos de advocacia por parte da sociedade civil, a explosão das
redes sociais e do jornalismo online, assim como o aumento das estações de rádio na
Internet. Os desenvolvimentos negativos incluíram o incumprimento do prazo para a
migração digital, a passagem da Lei dos Crimes Cibernéticos (Proibição, Prevenção, Etc.)
(2015) e a ineficácia dos serviços reguladores de difusão audiovisual do país. As
recomendações incluíram a defesa de meios de comunicação social públicos com melhor
financiamento, a isenção de impostos sobre o material jornalístico através da aplicação da
Convenção de Florença, a promoção de notícias produzidas localmente, o desenvolvimento
de uma política abrangente de TIC com uma visão e orientação claras e a criação de um
organismo de autorregulação para os meios de comunicação social.
BMA 2019
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram a expansão do espaço
cívico aberto através da proliferação dos meios de comunicação social, a adoção da Lei
da Liberdade de Informação em 2011, a expansão do sector da difusão audiovisual e o
impacto da digitalização enquanto estímulo para um espírito empreendedor na indústria dos
media. Os desenvolvimentos negativos incluíram a falta de informação adequada sobre
corrupção nos sectores público e privado, a corrupção nos meios de comunicação social
devido às condições económicas, divisões sociais nos media, a restrição da liberdade de
imprensa por parte do Estado e a preocupação com o facto de várias propostas de Lei
regularem em demasia os meios de comunicação social. As recomendações incluíram a
reforma da lei da difusão audiovisual e a independência do organismo público de difusão
audiovisual; a harmonização da política para os sectores dos media e da
comunicação; a promoção da independência dos organismos reguladores; a melhoria
dos mecanismos de verificação do jornalismo; a construção de modelos económicos
sustentáveis para os meios de comunicação social; a atualização do código de ética; e
formação e advocacia sobre o género, os direitos humanos e as pessoas que vivem com
deficiência.
República do Congo
BMA 2013
Os desenvolvimentos positivos deste BMA incluíram a eliminação da prisão por infrações
nos media, que foi substituída por multas, assim como a deslocalização do organismo
público de difusão audiovisual para um edifício mais confortável e mais bem
equipado. O BMA reconheceu ainda que a negociação coletiva em 2009 melhorou as
condições de trabalho dos jornalistas. Os desenvolvimentos negativos incluíram
observações sobre o facto de a liberdade de imprensa ainda não ter sido totalmente
abraçada/implementada e o crescimento dos meios de comunicação ter sido
acompanhado por um aumento da propaganda pró-governo. As recomendações incluíram a
publicação, o lançamento e uma ampla distribuição do BMA enquanto ferramenta crítica de
defesa, a criação de um centro de recursos para os media, a criação de uma plataforma de
diálogo entre organizações dos meios de comunicação social e o Estado nos domínios
das reformas legais, um estatuto especial para os jornalistas e a defesa do apoio ao
desenvolvimento dos meios de comunicação congoleses.
BMA 2018
Não foram destacados desenvolvimentos positivos neste BMA. Os desenvolvimentos negativos
que do governo se estava a preparar para limitar o acesso aos portais digitais utilizados
pela maioria dos cidadãos, que muitos estabelecimentos privados tinham encerrado
recentemente e que as oportunidades de formação fora do sistema universitário estavam
em declínio. As recomendações sugeriram melhorar o quadro jurídico e regulamentar do
país, e assegurar a plena aplicação das leis competentes existentes; pressionar as
autoridades públicas a dar apoio financeiro e material aos meios de comunicação social;
capacitar os sindicatos e as associações de jornalistas; e promover do diálogo entre os
sindicatos, as associações e as autoridades públicas.
Senegal
BMA 2013
Neste BMA, o Senegal foi referenciado como estando estagnado em todos os aspetos.
As recomendações incluíram a realização de campanhas intensivas de advocacia e de
pressão para a adoção do projeto de Código da Imprensa; reforçar
BMA 2018
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram a transição do analógico
para o digital da Senegalese Radio Broadcasting (RTS), a promoção de 7 em 12
mulheres para cargos de responsabilidade na RTS, a potencial adição da televisão
comunitária às estações de rádio comunitárias existentes, a diversificação de expressões
culturais na rádio comunitária, a introdução de canais de televisão regionais pela RTS e a
criação de canais de televisão web. Os desenvolvimentos negativos incluíram a má
organização do sector da publicidade e da distribuição das receitas publicitárias na
ausência de uma lei que regule o sector, a falta de transparência na gestão e na
atribuição do espectro de frequências, a péssima gestão dos meios de comunicação social
estatais, sindicatos de jornalistas ineficazes e um Código da Imprensa que se caracteriza por
sanções severas para infrações à imprensa. O BMA também registou a má gestão e
distribuição do fundo de assistência aos meios de comunicação social; a ausência de um
contrato coletivo de trabalho; a impotência do organismo autorregulador, a CORED; a falta
de inovação no sector dos media; e a ausência de uma lei sobre o acesso à informação. Além
disso, destacou a persistência de reportagens tendenciosas nos meios de comunicação social;
e a concessão de frequências de rádio comunitárias aos políticos.
África do Sul
BMA 2013
Os desenvolvimentos positivos deste BMA incluíram a revisão do Conselho da
Imprensa e do Código da Imprensa após um extenso processo de consulta, o lançamento
do Africa Check (um mecanismo financiado por doadores destinado a promover a
precisão nas notícias), a entrada do Daily Maverick no mercado dos media e o crescimento
do jornalismo online, assim como a aprovação de novas licenças de difusão audiovisual
para estações de rádio comunitárias. Além disso, elogiou o aumento na utilização das redes
sociais que melhorou a participação dos cidadãos. No entanto, o mesmo período foi marcado
pelo encerramento devastador de revistas, pela aprovação da Lei de Proteção de
Informações do Estado em 2013, por problemas persistentes na South African Broadcasting
Corporation (SABC), pela hostilidade política contra os media e pela perda generalizada de
postos de trabalho. As recomendações incluíram a revisão dos regulamentos de difusão
audiovisual, a transformação da SABC numa emissora pública, a organização dos jornalistas
num sindicato eficaz e uma campanha contra a Lei do Sigilo.
BMA 2018
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram a relutância em avançar
com o Tribunal de Recurso dos Meios de Comunicação Social (Media Appeals
Tribunal), após a autorregulação dos meios de comunicação social se ter revelado eficaz, o
florescimento do jornalismo de investigação, a proliferação das redes sociais e a
independência da direção da SABC. Os desenvolvimentos negativos incluíram a redução do
financiamento dos meios de comunicação social, a perda de postos de trabalho e a
proliferação de notícias falsas. As recomendações foram no sentido de regular os aspetos da
convergência dos meios de comunicação social num único departamento e de revogar a lei
de difamação criminal. O BMA apelou ainda ao reforço da Autoridade Independente das
Comunicações da África do Sul (Independente Communications Authority of South
Africa) de modo a permitir um controlo e uma aplicação mais eficazes das licenças de
difusão audiovisual, assim como uma investigação sobre a sustentabilidade dos meios de
comunicação social.
Tanzânia
BMA 2012
Os desenvolvimentos positivos em destaque neste BMA incluíram a facilitação do
Conselho dos Meios de Comunicação Social da Tanzânia (Media Council of
Tanzania) para a formação de jornalistas, o papel dos meios de comunicação social na
educação dos cidadãos sobre o processo de reforma constitucional, a criação do Fórum
de Editores da Tanzânia (Tanzania’s Editors Forum) e os projetos de lei de acesso à
informação e dos serviços de comunicação social em vias de se tornarem leis. Os
desenvolvimentos negativos mencionados foram as ações do governo que limitavam a
liberdade de expressão e a intimidação de jornalistas. As recomendações incluíram a
ressuscitação do Sindicato de Jornalistas da Tanzânia (Tanzania Union of Journalists),
que seja exercida pressão para a aprovação da Lei do Acesso à Informação e dos Serviços
de Comunicação e que os meios de comunicação social se unam e militem para a inclusão,
na Constituição, de aspetos que lhes dizem respeito. Foi também recomendado que seja
efetuada uma auditoria de competências no sector dos media, assim como assegurar a
aplicação do código de ética.
BMA 2015
Este BMA notou que as redes sociais estavam a aumentar a liberdade de expressão na
Tanzânia e que a difusão audiovisual digital impulsionaria a acessibilidade ao aumentar o
número de espectadores. Outros desenvolvimentos positivos incluíram um crescimento do
jornalismo de investigação dinâmico e um aumento do interesse dos cidadãos no processo
de revisão constitucional. No entanto, o relatório também apontou vários
desenvolvimentos negativos que incluíram o uso excessivo da força contra os meios de
comunicação social por parte das forças de segurança, a falta de uma consulta significativa
sobre a nova legislação relativa aos media que poderia potencialmente suprimir a liberdade
de expressão, a suspensão de jornais por alegadamente publicarem artigos sediciosos, a
redução do financiamento dos meios de comunicação estatais, o aumento da interferência do
Estado no conteúdo editorial da emissora pública e os atrasos no processo de revisão
constitucional. As recomendações incluíam uma campanha para a segurança dos jornalistas,
um movimento para a reforma de leis draconianas e a proteção dos direitos e das
liberdades na Internet.
BMA 2019
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram um aumento dos meios de
comunicação social, a expansão das redes sociais, um crescimento das oportunidades de
formação disponíveis, assim como organizações mais dinâmicas na defesa da causa dos
meios de comunicação social e da imprensa livre. Os desenvolvimentos negativos
mencionaram a redução do espaço político e mediático, a introdução de leis repressivas em
2015 e o uso de robôs e trolles profissionais para controlar a liberdade de expressão. A
representação negativa das mulheres nos meios de comunicação social e o acesso limitado a
fontes oficiais foram apontados como desafios emergentes. As recomendações incluíam a
advocacia contra a legislação repressiva, o aumento da formação em matéria de segurança e
de diversidade dos meios de comunicação social, assim como a revitalização dos sindicatos
dos media.
Togo
BMA 2013
Os desenvolvimentos positivos deste BMA incluíram mais formação para jornalistas e mais
oportunidades para as mulheres nos meios de comunicação social. Os desenvolvimentos
negativos incluíram as tentativas das autoridades de controlar conteúdos mediáticos, a
incapacidade das autoridades públicas em honrar os seus compromissos, a perseguição aos
jornalistas que eram regularmente levados ao tribunal, a polarização entre jornalistas que
trabalham para os meios de comunicação públicos e aqueles que trabalham para os meios
de comunicação privados, as atitudes agressivas em relação aos jornalistas por parte de
políticos, assim como as más condições de trabalho e os salários baixos dos jornalistas. As
recomendações incluíram uma sociedade civil mais crítica, o aumento das ajudas estatais
aos meios de comunicação social, o desenvolvimento de um acordo coletivo de
trabalho, a transformação dos meios de comunicação estatais em meios de comunicação
públicos e a melhoria das relações entre os meios de comunicação social e as forças de
segurança.
BMA 2017
O BMA de 2017 destacou alguns desenvolvimentos positivos que incluíram uma
comunicação social menos agressiva, uma melhor gestão dos jornais, mais respeito pelos
direitos de primeira geração, uma melhoria dos direitos relativos ao acesso à informação,
uma maior vontade política de cumprimento das normas regionais
BMA 2021
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram melhorias no quadro
jurídico na sequência da aprovação de um Código das Comunicações e dos Meios de
Comunicação Social (2020) mais progressista, a melhoria das oportunidades de formação
dos jornalistas, a participação pública em programas de difusão audiovisual, o
reconhecimento legal do jornalismo online no novo código, a melhoria da qualidade das
produções dos medias, as negociações em curso sobre convenções coletivas para
melhorar as condições de trabalho dos jornalistas, a diversificação do conteúdo dos meios
de comunicação social e a melhoria na prática do jornalismo de investigação. Os
desenvolvimentos negativos incluíram o aumento da acusação de jornalistas, as más
condições de trabalho e os salários baixos dos trabalhadores dos meios de comunicação
social, a fraca observância dos códigos éticos, o aumento da autocensura, a diminuição da
credibilidade dos órgãos de comunicação social, a desagregação e a fragmentação das
organizações de comunicação social e a redução do mercado publicitário. As recomendações
foram no sentido de promover os resultados do BMA e de criar um mecanismo de
supervisão e de avaliação, de providenciar formação em gestão de empresas de
comunicação social e de defender a melhoria das condições de trabalho dos jornalistas.
Uganda
BMA 2012
Os desenvolvimentos positivos destacados neste BMA incluíram melhorias no acesso à
Internet, as audiências crescentes dos meios de comunicação social, o aumento de
utilizadores das redes sociais, novas publicações, a inclusão do acesso às TIC no plano
nacional de desenvolvimento, a abolição da legislação que proíbe a sedição, a fusão da
Comissão para as Comunicações (Communication Commission) e do Conselho de
Difusão Audiovisual (Broadcasting Council), assim como um
BMA 2016
Os desenvolvimentos positivos observados neste BMA incluíram um maior número de
agências noticiosas, uma maior diversidade dos meios de comunicação social e na qualidade
da cobertura noticiosa, o reforço das oportunidades de formação para os jornalistas, uma
melhor compreensão do papel dos meios de comunicação social e o apoio jurídico alargado
aos jornalistas pela sociedade civil. Os desenvolvimentos negativos incluíram restrições
estatais à cobertura mediática de histórias políticas e o aumento significativo da utilização
das redes sociais sem normas estabelecidas. O BMA recomendou apoio jurídico gratuito aos
jornalistas devido aos elevados custos legais, o combate à corrupção nos meios de
comunicação social e a melhoria das condições de trabalho dos jornalistas, mais formação
sobre o interesse jornalístico e a observação de normas profissionais, assim como mais
investigação relacionada com as questões dos media-
Zâmbia
BMA 2013
Os desenvolvimentos positivos neste BMA incluíram a introdução de novas
organizações de media, o crescimento da utilização da Internet e do telemóvel, a
introdução de blogs que expandiram a esfera pública, a melhoria no acesso às estações de
rádio através da utilização de telemóveis, a circulação de várias estações de rádio comunitárias
online e a unanimidade sobre a necessidade de reformas na legislação relativa aos meios de
comunicação social. Os desenvolvimentos negativos incluíram a intimidação de jornalistas, o
declínio dos padrões profissionais, a utilização sem ética das redes sociais, a aversão do
governo à crítica, a diminuição da diversidade e o aumento da autocensura nos meios de
comunicação social. O BMA recomendou um compromisso no sentido de
operacionalizar o órgão
BMA 2017
Este BMA observou vários desenvolvimentos no panorama dos meios de comunicação social do
país. Numa nota positiva, foram lançados alguns jornais novos, incluindo o The Daily
Nation; e o ímpeto para uma legislação sobre o acesso à informação manteve-se. Os
desenvolvimentos negativos incluíram o encerramento de sites relacionados com os media,
o aumento da violência durante os períodos eleitorais, assim como a vitimização e a
intimidação de ativistas e dirigentes sindicais dos meios de comunicação social. Este BMA
recomendou que fosse exigido às instituições de comunicação social mais sólidas a proteção
dos jornalistas, que a ZAMEC fosse operacionalizada, que os meios de comunicação
tradicionais respondessem aos doadores de modo a garantir um financiamento contínuo,
que os organismos reguladores fossem convergentes, assim como a melhoria do
profissionalismo e das diretrizes de difusão audiovisual aplicadas providenciadas pela
Autoridade Independente de Difusão Audiovisual (Independente Broadcasting
Authority/IBA). Além disso, foi recomendado que os meios de comunicação encontrassem
novos meios para gerar receita.
BMA 2021
Este BMA reconheceu o aparecimento de estações comunitárias de rádio e de televisão,
o reforço da liberdade de expressão e o surgimento de plataformas de redes sociais que
alargaram a ação dos cidadãos. No entanto, as mudanças no sentido da autorregulação
ainda não tinham sido apresentadas ao parlamento. Entretanto, também destacou como
negativa a interferência política no funcionamento das estações de rádio rurais e o
impacto da COVID-19 na sustentabilidade das agências noticiosas, o que as deixou
vulneráveis à influência das suas fontes de financiamento. Outros desenvolvimentos negativos
incluíram a revogação de pelo menos uma licença de estação de televisão, a polarização
dos meios de comunicação online e a fadiga em torno da campanha para o acesso à
informação. Recomendou ainda a auditoria de leis que violam a Carta dos Direitos, a
revogação de leis que infringem a liberdade de expressão, que os proprietários de meios
de comunicação social
Zimbabué
BMA 2012
Os desenvolvimentos positivos observados neste BMA incluíram o aumento da
participação da sociedade civil em campanhas de legislação dos meios de comunicação
social, o reforço da autorregulação, um aumento dos produtos mediáticos impressos no
mercado e a promoção de mulheres para cargos de decisão. Os desenvolvimentos
negativos incluíram a persistência de um quadro jurídico restritivo, a intimidação de
ativistas e jornalistas dos meios de comunicação social, a autocensura induzida pelo medo, o
aumento dos casos de difamação, a nomeação dos membros do conselho de administração
dos meios de comunicação social públicos e das autoridades reguladoras com base em
razões políticas, a não transformação da Zimbabwe Broadcasting Corporation (ZBC)
numa emissora pública, a falta de vontade em conceder licenças a estações de rádio
comunitárias, a redução dos padrões profissionais, assim como e um aumento da corrupção
nos media. As recomendações foram no sentido do MISA incentivar os seus membros a
abordarem questões sobre a reforma dos meios de comunicação social, de incentivar a
Associação de Rádios Comunitárias do Zimbabué (Communautaires (Zimbabwe
Association of Community Radio Stations) a exercer pressão sobre a Autoridade de
Difusão Audiovisual do Zimbabué Broadcasting Authority of Zimbabwe) para que
emita licenças às estações de rádio comunitárias, de incentivar o MISA a intensificar as
campanhas para transformar a ZBC num organismo público de difusão audiovisual e de
apelar a uma discussão sobre ética e profissionalismo nos meios de comunicação social
organizada por universidades ou outras instituições profissionais autónomas.
BMA 2015
Vários desenvolvimentos positivos significativos foram destacados neste BMA após a
adoção de uma nova constituição em 2013. Estes incluíram as disposições relacionadas com
os meios de comunicação social na nova constituição, os resultados da Comissão de
Investigação da Informação e dos Meios de Comunicação Social
BMA 2020
Os desenvolvimentos positivos salientados neste BMA incluíram a melhoria da
relação entre os meios de comunicação social e o governo; o Ministério da Informação,
Publicidade e Difusão audiovisual foi proactivo na divulgação de informação; houve
algum compromisso do governo em reformar leis que afetam os meios de comunicação
social; e os meios digitais aumentaram a participação de comunidades sub-representadas. Os
desenvolvimentos negativos incluíram atrasos na reforma da legislação dos meios de
comunicação social, o declínio nos padrões do jornalismo, a falta de independência da
emissora pública, os salários e as condições de trabalho precários dos jornalistas, assim
como a inexistência de estações de televisão privadas e comunitárias. Outros
desenvolvimentos negativos em destaque foram a falta de diversidade entre as novas
estações de rádio, as preocupações com a sustentabilidade dos meios de comunicação social,
o impacto das paralisações da
Como referido acima, estas tendências são moldadas principalmente pelo contexto político
em que os meios de comunicação social e a sociedade civil operam e têm um impacto
corrosivo no desenvolvimento de uma cultura democrática no continente. No entanto, os
progressos são também percetíveis em alguns países onde foram agora tomadas disposições
legais para o acesso à informação (Costa do Marfim, Moçambique e Nigéria); foram
concedidas licenças a várias estações de rádio comunitárias; a diversidade dos meios de
comunicação social e a pluralização foram alcançadas de forma significativa, sendo que
os meios digitais puderam florescer com poucos obstáculos. As recomendações
apontam igualmente para a necessidade constante de uma sociedade civil forte e
influente, envolvida na melhoria das operações das organizações jornalísticas e no
desenvolvimento de um quadro político favorável e adaptativo na África Subsariana.
7. Conclusão
Os BMA mostram que os meios de comunicação social africanos são geralmente plurais,
mas menos diversificados no conteúdo e, principalmente, patriarcais na sua cobertura
das mulheres. Embora os meios de comunicação impressos sejam abrangentes nos países
africanos, os números de circulação estão a diminuir, enquanto o custo dos jornais e
revistas limita a acessibilidade. A maioria dos países tem um número significativo de
serviços de difusão audiovisual (em particular a rádio, que continua a ser o meio mais
barato e acessível do continente) com base nos três níveis de meios de comunicação social
estatais/públicos, comerciais e comunitários. No entanto, observa-se também que tanto os
meios de comunicação impressos como os meios de comunicação audiovisuais
enfrentam desafios de
sustentabilidade devido à queda das receitas publicitárias e ao limitado apoio estatal aos
media, o que ameaça restringir o espaço comunicativo e o leque de assuntos e grupos sociais
abrangidos. Além disso, os BMA revelam o desejo limitado da maioria dos governos
africanos de fornecer garantias, na legislação, para a independência editorial dos meios de
comunicação social estatais/públicos.
Referências
Habermas, J. 1992. “Further Reflections on the Public Sphere.” (Reflexões adicionais sobre
a Esfera Pública). Em Calhoun, C. (Ed.). Habermas and the Public Sphere (Habermas e
a Esfera Pública). Londres: Imprensa do MIT.
PNUD. 2019. Relatório de Desenvolvimento Humano 2019. Nova Iorque: Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento. Disponível em: https://hdr.undp.org/ system/files/
documents//hdr2019pdf.pdf [Acedido a 10 de junho de 2022].
APÊNDICE A
LESOTO – 2018: TENDÊNCIAS TEMÁTICAS
Indica- Liberdade de expressão/ A paisagem mediática A Paisagem da difusão audiovisual Práticas dos meios de comunicação
BARÓMETRO DES MEDIA AFRICANOS 11 ANOS DE BALANÇO
COMENTÁRIOS GERAIS/OBSERVAÇÕES
Contexto providenciado – A instabilidade política parece ser endémica no Lesoto, embora a situação pareça ter melhorado no momento da redação do BMA de 2018.
Contexto providenciado – A instabilidade política parece ser endémica no Lesoto, embora a situação pareça ter melhorado no momento da redação do BMA de 2018.
Necessidade de reforma da Mobilização de fundos para Necessidade de transformar a emissora Renascimento dos corpos
legislação dos media. organizações locais de estatal numa emissora pública. profissionais.
APÊNDICE A
comunicação social (não é claro se à Usar prémios para promover o
nível nacional ou comunitário). jornalismo de qualidade.
Reformas da legislação dos media e meios
de comunicação social sólidos.
APÊNDIC
APÊNDICE B
ISBN: 978-99916-991-8-9