Proibida Do Ceo
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Sinopse
Prólogo
Um
Dois
Três
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Epílogo
Em breve...
Agradecimentos
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A proibida do Ceo
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Sara Ester
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1. Romance
2. Adulto
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Sinopse
O que acontece quando os sentimentos são
mantidos em cheque dentro de uma relação de
amizade?
Romeu e Eva foram criados juntos, como
primos. A cumplicidade deles ia muito além de
qualquer ausência de laço sanguíneo, porque tudo o
que importava e fazia sentido era o que os tornava
unidos: a amizade, o respeito e a confiança.
Mas um pedido inusitado mudou tudo, e a
virgindade de Eva se tornou um problema a ser
resolvido.
Eva queria aprender.
Romeu seria o professor.
O que sobraria dessa amizade no final?
**Aviso**
Para você que não leu os primeiros livros da
série ou não se lembra, Romeu e Eva não possuem
qualquer tipo de laço sanguíneo, logo não se trata
de uma relação de incesto.
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Prólogo
A proposta
Romeu
prometo.
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Um
∞∞∞
Eu ainda não sabia o que dizer enquanto
meus olhos admiravam a cena diante de mim.
Romeu e eu tínhamos uma forte ligação, entretanto,
jamais desconfiei daquele lado humano dele. Meu
peito estava tão sufocado de amor, que me segurei
para não chorar.
— Venha, Eva — disse ele, inclinado ao
lado de uma garotinha, que usava uma touca rosa,
para mascarar a falta de cabelos. — Quero
apresentá-la minha namorada. A minha
princesinha, Julie.
Ele estava usando uma fantasia de mágico
— colocada minutos antes, quando me vi incrédula
assim que ele parou em frente ao Instituto que
tratava de crianças com câncer.
Tentando não chorar, eu me aproximei e me
abaixei, ficando sob meus joelhos.
— Oi, princesa.
Ela não respondeu, e Romeu me encarou,
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cochichando.
— Ela está com um pouco de ciúmes,
porque acha que você pretende me roubar dela —
falou, agindo como se aquilo fosse loucura. — Eu
prometi a ela que vamos nos casar quando ela
crescer, então...
Entrei na brincadeira.
— Oh. — Cobri os lábios com a mão. —
Então, nós seremos da mesma família, sabia?
Porque Romeu e eu somos primos. — Ela me
encarou, desconfiada.
— Verdade?
O som de sua voz era quase angelical.
Assenti, porque minha voz certamente
soaria embargada.
Respirei fundo.
— E digo mais... Com uma beleza como a
sua, dificilmente você precisa se sentir ameaçada,
querida. — Ela sorriu, encantada com minhas
palavras. Aproveitei a distração, e peguei a flor que
Romeu ofereceu, sem que a menina visse. Num
movimento de ilusão, eu levei a mão por trás de sua
orelha, e trouxe a flor diante de seus olhinhos
infantis, surpresos e brilhantes. — Uma flor, para
outra flor ainda mais bela.
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maravilhosa.
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Dois
Romeu
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Três
do momento.
Joguei a mochila para o lado, no ombro e,
em seguida, peguei o celular de dentro. Atendi.
— Oi, filha.
— Mamãe — respondi, enquanto
continuava caminhando. — Aconteceu alguma
coisa? — Ela não respondeu de imediato, e eu
estranhei. Pausei os passos, preocupada. —
Mamãe, o que foi?
— Cecílie está aqui — disse abruptamente,
num tom de voz perturbado. Inspirei fundo,
castigando meus lábios com os dentes,
compreendendo seu incômodo. Ela sempre se
sentia insegura quando o assunto se tratava da
minha mãe biológica, embora eu insistisse em
deixar claro que ela era e sempre seria única para
mim. — Sua mãe quer vê-la, querida. — Revirei os
olhos, pensando no quanto tudo aquilo era ridículo,
já que eu e Cecílie mal nos conhecíamos,
considerando que ela aparecia poucas vezes em
cada ano. — E não revire os olhos, Eva. Não seja
malcriada.
Eu ri, deliciada com a facilidade que minha
mãe tinha de me ler, mesmo que não estivéssemos
perto uma da outra.
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me dignei a sorrir.
— O que está estudando? — perguntei, na
intenção de puxar assunto e fazer valer aquela
oportunidade. Eu queria mostrar a ele que também
podia ser uma garota interessante.
— Anotações e mais anotações — disse,
sem muito entusiasmo. — É meu último ano, então
as coisas estão apertando. — Riu, e me vi rindo
junto.
Eu não estava fazendo mestrado, como ele,
mas sabia o quanto o ritmo de estudo, às vezes,
podia ser enlouquecedor.
Nos próximos minutos, Rangel começou a
narrar um pouco sobre seu curso e planos para seu
futuro; acabei descobrindo algumas curiosidades
dele, como por exemplo, que ele odiava a sensação
de apresentar seminários, porque se sentia
envergonhado ao se ver exposto. Eu ri, porque
jamais imaginei que ele fosse um cara tímido.
Aos poucos, eu fui me sentindo mais a
vontade; aquele nervosismo foi ficando para trás e
dando lugar à prazerosa sensação de bem estar; de
me sentir eu mesma.
Quando terminei de contar um pouco sobre
mim e minha rotina, percebi que Rangel estava
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verificando o relógio.
— Bom, querida, a conversa está boa, mas
eu preciso ir agora.
Tentei não deixar transparecer minha
decepção, porque se dependesse de mim, eu ficaria
o dia todo ali com ele.
— Oh, claro — falei, também verificando o
horário e me dando conta de que minha aula estava
prestes a começar. — Foi legal conversar com
você. Espero que possamos... — pigarreei, sem
jeito —, repetir isso mais vezes. Eu sempre...
Ele me cortou, fazendo-me piscar.
— Eva, querida, pegue... — ofereceu-me
um pedaço de papel com o número do seu telefone.
Meu coração começou a bater tão rápido que pensei
que fosse sofrer uma síncope. Era muita emoção
para conseguir administrar em tão pouco tempo.
Ainda lutando para encontrar minha voz, eu senti o
baque da água fria quando Rangel continuou: —
Será que você poderia fazer o favor de entregar
meu número de telefone para sua colega de quarto?
— questionou ele, sorrindo discreto.
Choque cobriu meu rosto.
— Mas, eu... eu pensei que...
Eu estava sem palavras. Lívida.
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∞∞∞
Fazia pouco mais de meia hora que eu
estava parada do lado de fora do bar, batendo no
chão com meus sapatos de salto alto.
Minha mente questionava-me sobre a
dificuldade de toda aquela situação, quando seria
muito mais fácil e divertido estudar o Teorema de
Pitágoras e a equação da Relatividade.
Cansada de me sentir acuada, eu enchi o
pulmão de ar, buscando coragem. Endireitei os
ombros, joguei os cabelos para o lado e segui para
o interior do estabelecimento. Meu corpo estava
trêmulo e minhas mãos suadas.
Ziguezagueando pelas mesas espalhadas, eu
tive vontade de ir até o balcão e pedir uma dose de
tequila, para me dar um pouco mais de coragem,
mas não tive tempo para raciocinar sobre mais
nada. Eu já estava devastada pelo nervosismo, e
piorou consideravelmente quando meus olhos o
avistaram.
Rangel.
Simplesmente não consegui manter a boca
fechada.
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— Eva?
Seu olhar no meu me causou dificuldade
para engolir. Minha mente ainda processava a visão
de seus cabelos bem arrumados e seus intensos
olhos verdes, então demorei alguns segundos para
responder:
— Oi — soprei.
Eu precisava respirar.
— Que surpresa vê-la por aqui —
comentou, sem esconder o espanto. — Está
sozinha?
— Eu, hum... — eu me esforcei para reunir
os pedacinhos do meu raciocínio —, vim para me
encontrar com alguém.
— Oh, que coincidência! Eu também.
Minhas bochechas se tornaram quentes.
— Rangel, eu...
— Junte-se a mim. — Apontou para sua
mesa. — Eu posso comprar um drinque para você.
— Não foi uma pergunta.
Eu não pensei duas vezes antes de tomar um
dos assentos como se fosse minha tábua de
salvação, porque minhas pernas estavam como
gelatina e, seria embaraçoso que eu desmaiasse por
causa do influxo de hormônios que estava fazendo
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tudo bem?
— Claro, sem problemas. — Ele piscou, e
eu me abanei internamente.
O banheiro ficava nos fundos do bar,
passando por duas mesas de sinuca.
— O que foi, Pê? Pode falar agora —
murmurei, assim que me enfiei numa das cabines
vagas.
— Romeu já chegou aí?
Juntei as sobrancelhas.
— Do que você está falando?
Ouvi sua áspera inspiração de ar.
— Romeu acabou de sair daqui, possesso.
— Não me passou despercebido a forma como ela
frisou a última palavra.
— O que você contou pra ele? Pelo amor de
Deus, Penélope, você por acaso disse alguma coisa
sobre o Rangel?
— E o que você queria que eu dissesse? —
retrucou. — Ele chegou aqui alegando que, mais
cedo, você ligou toda estranha para ele, que ficou
muito preocupado. Ah, Eva, sei lá... Seu primo não
me deixa muito confortável — defendeu-se. —
Além do mais, você sabe melhor do que ninguém
que ele não é nem um pouco meu fã.
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Presente
Eva
∞∞∞
Era quinta-feira à noite, e por incrível que
pudesse parecer, a Casa Noturna estava lotada.
Levou uns bons vinte minutos até finalmente
entrarmos no local, já que a fila estava enorme.
O ritmo dançante da música eletrônica me
fez querer sacolejar o corpo.
Penélope segurou minha mão e me levou ao
andar VIP, pois afirmou que tinha ganhado as
entradas de um amigo.
— O que você vai querer beber? — Ela
gritou. Seu corpo balançava conforme as batidas do
DJ, deixando qualquer marmanjo babando pelas
curvas perfeitas dentro daquele vestido pecaminoso
que ela estava usando.
Abri a boca para responder, mas fui
impedida por um furacão em forma de músculos e
muita testosterona.
— Ela não vai beber nada. — Romeu
decretou. — Porque vai embora comigo. Agora.
— Ei! Mas eu acabei de chegar — reclamei,
assim que ele segurou meu braço e saiu me
arrastando por entre o aglomerado de pessoas,
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Seis
Romeu
∞∞∞
Chegamos ao chalé, em Les Salines,
Parroquiá d’Ordino, perto da meia noite.
A casa era magnífica, de estilo rústico, e,
situada numa região tranquila, o que era
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os outros pensam?
— Eu não sei. Insegurança, talvez.
Segui-a quando a mesma caminhou até a
sala e retirou as sandálias de tiras, antes de se
deixar cair sobre o sofá.
O rosto dela estava ruborizado quando me
encarou por sob os cílios longos.
— Afinal de contas, por que me trouxe
aqui? Poxa, Romeu, você me ignorou durante toda
essa semana. O que estava pensando?
Dei uma pausa para respirar e pensar além
da névoa daquele turbilhão de sentimentos que
estava me sufocando naquele momento.
— Eu precisava de um tempo — falei no
fim.
Fui até a adega para me servir com uma
dose de vinho. Em seguida, liguei o sistema de
aquecimento da casa.
— Tempo? — Ela parecia confusa.
— Nós crescemos juntos, Eva. Você é
minha prima — respondi mais ríspido do que
planejei. — Então é óbvio que eu precisava pensar.
— Mas não temos nenhum laço sanguíneo.
— Ela revidou, nervosa. Seu tom de voz se alterou
um pouco, o que a deixou ainda mais linda e
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ouvir.
— Não seja rabugenta — falei, também
rindo.
— Tá legal... tá legal! — exclamou com um
gritinho agudo, e eu parei.
De repente, percebi que estávamos
próximos demais.
Meu corpo estava sobre o dela, prensando-
a. Ambos estávamos ofegantes, com nossos rostos
muito perto um do outro. Notei minha respiração
acelerar conforme meus olhos fixaram-se em seus
lábios rosados e tentadores. Por um segundo,
cogitei a ideia de infligir a maldita regra que eu
mesmo havia criado, sobre não nos beijarmos.
Porque porra, eu queria me esbaldar naquela boca.
Deslizei uma das mãos pelo seu queixo e
ajeitei uma mexa de cabelo atrás da sua orelha. Eu
podia jurar que ouvi sua pulsação quando,
lentamente, inclinei minha cabeça para baixo.
— Romeu...?
A realidade tomou conta de mim. O transe
imediatamente se desfez.
Saí de cima dela.
Pigarreei:
— Você pretende dormir assim? —
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Sete
Eva
Atordoada.
Era assim que eu estava me sentindo quando
entrei no banheiro para trocar de roupa.
A todo o momento, a minha mente buscava
processar tudo o que aconteceu e estava
acontecendo, além da promessa do Romeu a
respeito do que faríamos dali em diante.
Eu estava quente.
E tentando administrar tudo o que acontecia
em meu corpo desde que Romeu passou a me tocar
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∞∞∞
Uma leve brisa se chocou contra meu rosto,
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Cheguei à cozinha e parei por um momento
no arco da porta.
Romeu estava mexendo em algo no fogão e
parecia concentrado no que estava fazendo.
Agradeci mentalmente o fato de ele ter vestido uma
roupa, além daquela cueca perturbadora.
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Oito
Romeu
Abaixei a cabeça.
— Não. Ele não entenderia, porque não é o
que ele sonhou para mim, José. Meu pai almeja que
eu assuma o lugar dele na Corporação González.
Então certamente ele não ficará feliz em me ver
como CEO de uma empresa de games.
— Mas eu ainda acho que seria melhor
que...
— Agradeço pelo seu conselho, José, mas
eu realmente seguirei meus instintos e verei no que
vai dar — falei, cortando suas palavras. — Peço
total descrição e que tenha em mente que eu não
sou o filho do seu patrão, mas um cliente em busca
de ajuda empresarial.
Ele suspirou, claramente inconformado com
minha postura teimosa.
Desde que tive a ideia de procurá-lo, há
pouco mais de um mês, ele já demonstrou
insatisfação com o fato de eu pedir para que não
contasse nada ao meu pai. José trabalhava para a
família e para a empresa há anos, como Contador
de Custos e outras funções relacionadas a finanças
e planejamentos.
— Está certo — disse no fim. — Vou
enviar no seu e-mail todas as informações
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Nove
Eva
— Romeu...
Fui silenciada com o toque do seu indicador
em meus lábios. Sua cabeça se inclinou, tocando
nossas bocas num beijo casto, porém recheado de
promessas.
— Preste atenção no caminho para não se
perder — soprou contra meus lábios semiabertos.
— O quê? — perguntei, meio débil,
entorpecida pelo fato de estar nos braços dele.
Sua risadinha me fez piscar.
— A loja, Eva. Eu disse para você prestar
atenção no caminho quando for até a loja. Você não
disse que pretendia ir até lá?
Senti-me boba.
— Ah! — exclamei, afastando-me dele e
colocando algumas mechas de cabelo para trás das
orelhas, de modo a amenizar o desconforto. Eu
ainda não sabia como reagir e me comportar diante
de todas as novas sensações que Romeu estava
causando em mim. — Claro, eu vou.
Comecei a rodar feito uma barata tonta a
procura da minha bolsa, até que o assovio do
Romeu me fez encará-lo.
— Está procurando isso? — Balançava
minha bolsa nas mãos. Fui até ele, que sorria. — Se
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cuida — repetiu.
Rolei os olhos.
— Está certo, papai — zombei, me
afastando.
— Ei? — gritou ele, e me virei,
encontrando-o com o celular na orelha. — Por falar
em papai... — comentou, depois de esticar o
aparelho para mim.
Droga!
Peguei o celular e o cobri com a mão de
modo a abafar o som.
— O que falo pra ele? — questionei
Romeu, num sussurro.
Ele me encarou como se aquela pergunta
fosse doida.
— Que estamos participando de eventos
universitários, oras — falou por fim, como se fosse
algo simples.
Não era algo simples para mim, porque a
verdade é que eu odiava mentir, sobretudo, para
meus pais.
Voltei para a trilha, deixando Romeu para
trás.
Respirei fundo antes de atender.
— Oi, pai.
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— Eu também.
Desliguei, frustrada com toda aquela
situação.
∞∞∞
Eu estava com as mãos entupetadas de
sacolas quando retornei ao lugar que havíamos
escolhido para montar a barraca.
Uma olhada para o horizonte e pude assistir
a despedida do sol, enquanto seus raios deixavam
um lindo mosaico no céu. A visão era espetacular.
Contudo, nem tal beleza foi capaz de
amenizar o desconforto que senti ao me deparar
com a cena de Romeu e uma garota.
Ele estava terminando de organizar nossas
coisas, enquanto sorria de algo que ela estava
dizendo. Em determinado momento, ele parou ao
lado dela a fim de assistir sabe-se lá o quê que ela
lhe mostrava no próprio celular.
Arquejei quando a mão dela repousou no
ombro dele, abusando um pouco mais da
proximidade dos corpos. Romeu não percebeu, mas
eu vi quando, sutilmente, ela virou a cabeça para o
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∞∞∞
A noite estava absurdamente estrelada e
fria.
O lugar encheu de maneira rápida; diversas
pessoas e de vários lugares estavam ali em busca de
aventuras.
Eu me sentia encantada e eufórica com toda
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— Eva?
Era Romeu.
Enxuguei as lágrimas, não querendo que ele
visse que eu estava chorando. Contudo, continuei
no mesmo lugar e do mesmo jeito, encolhida.
— Eu estou bem — resmunguei.
Ignorando minhas palavras, ele entrou na
barraca, fechando-a.
— Não precisa ficar aqui comigo, Romeu
— falei, sendo sincera. — Você é livre para se
divertir.
Passou alguns minutos até que ele ergueu as
cobertas e se aninhou ao meu lado. Seu delicioso
perfume infundiu em minhas narinas, deixando-me
quase bêbada.
— Por que perderia meu tempo com outras
pessoas sendo que a única que me importa é você?
Mordi os lábios e virei um pouco meu corpo
para poder olhar nos olhos dele. Ele estava com a
cabeça apoiada numa das mãos, e trouxe a outra
mão até meu rosto de modo a limpar o rastro das
lágrimas teimosas.
— Você está chorando... — ele parecia
confuso — Foi por causa daquele desafio ridículo
de beijo? Eu não beijei aquela garota, Eva —
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abandonaram o colchão.
— Oh, meu... Romeu...
Fechei os olhos com força e mordi os
lábios, e minhas pernas começaram a tremer.
— Assim mesmo, anjinha, lambuze meus
dedos com o seu mel — disse ele, selvagemente. —
Mas olhe para mim — exigiu. — Veja quem é o
causador de todo esse frenesi.
Com isso, eu olhei para ele, e seu olhar
ardente fez com que eu perdesse o controle de vez,
e então me deixei cair.
— Romeu...
— Isso... — seus dedos lentamente foram
perdendo a força. — Deixe vir...
Sua boca desceu até meu seio, por cima da
camiseta, onde mordeu minha carne de leve.
Meu coração ainda batia descompassado no
peito quando senti sua mão sair de dentro da minha
calcinha.
Meu rosto ficou ainda mais vermelho
quando o vi levá-la ao nariz, cheirando os dedos
lambuzados.
— Acho que nunca mais vou lavar essa mão
— disse, sorrindo consigo mesmo.
Dei risada, me sentando e cutucando a
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Dez
Romeu
∞∞∞
Fui acordado de modo tão carinhoso que
quase quis permanecer fingindo que ainda dormia
apenas para continuar sendo beijado por Eva. O
perfume delicioso dela infundiu minhas narinas,
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∞∞∞
Quando pedi para que Eva se enturmasse
com a galera, não imaginei que ela levaria tão a
sério minhas palavras.
De volta ao acampamento, a primeira cena
que meus olhos visualizaram foi a proximidade da
Eva com Pietro, que pareciam alheios ao restante
do pessoal ao redor deles. Odiei que ele estivesse
arrancando sorrisos dela, quando aquela função
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Onze
Eva
Ele negou.
— Você sabe que isso não é o tipo de coisa
que ele aplaudiria, Eva — queixou-se com um leve
toque de tristeza. — Os sonhos dele para mim são
outros.
— Acho que você está enganado —
contrapus. — Pode até ser que o tio David tenha
outros planos para você, mas não significa que
pretende passar por cima dos seus sonhos. Antes de
tudo, vem a família. Esqueceu-se do lema dos
González? — brinquei, fazendo-o sorrir
lindamente.
— Você tem razão. — Afirmou, respirando
forte. — No fundo, acho que estou com medo de
decepcioná-lo. É difícil quando expectativas são
lançadas sobre nós de modo que nos obrigue a
seguir apenas o caminho dos acertos.
— Errar faz parte da trilha.
Romeu ergueu os joelhos, e com isso minha
cabeça ficou mais próxima da dele.
— Obrigado — soprou, unindo nossos
lábios. — Pretendo conversar com Laura e Edu
antes de qualquer coisa.
— Acho válido que você me contrate como
sua assessora pessoal — brinquei, mordendo os
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de beijos.
Naquele momento, me dei conta de que
aquele era o cenário que sempre almejei. O carinho
e cuidado do Romeu, além de todas as novas
sensações que ele estava me proporcionando.
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Doze
Romeu
∞∞∞
Enquanto estávamos na Cabana, meus
pensamentos não paravam, assim como o meu
desejo de continuar vivendo aquele sonho com
minha anjinha. E decidido a prolongar aquilo um
pouco mais, convidei Eva para esquiar como
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∞∞∞
Passava das sete da noite de domingo
quando entramos na Vila Universitária.
Coincidentemente estava silencioso, assim como
dentro do carro. Eu não ousava olhar para Eva,
porque temia não aguentar a fraqueza que os olhos
dela me causava. E apesar da mudança nítida em
nossos sentimentos, o principal motivo que deu
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Treze
Eva
Gelada.
Era exatamente assim que eu estava me
sentindo naquele momento, e tentando encontrar
alguma solução rápida para fugir daquele embate.
Não precisava ser um gênio para saber que
minha nova relação com Romeu não seria bem
vista pela nossa família, uma vez que, eles haviam
nos criado como irmãos. Criados para um cuidar do
outro, mas de uma maneira diferente da que
estávamos fazendo. O que diriam se descobrissem
que Romeu vinha me proporcionando orgasmos
maravilhosos?
A resposta para tal pergunta me deixava
enjoada, porque certamente não seria nada bom.
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∞∞∞
Acordei com meu despertador, mas não tive
a chance de desligá-lo, porque uma mão
intrometida fez isso por mim. Remexi-me na cama
e, lentamente, abri os olhos, me deparando com
Penélope, sentada ao meu lado.
— Desembucha!
Pisquei, obrigando minha mente a
raciocinar. Ergui-me, sentando com as costas
contra a cabeceira.
— Você acordada a esse hora? Por acaso,
eu dormi e acordei numa realidade distorcida?
Vi que ela cruzou os braços, enquanto seus
olhos reviravam-se nas órbitas.
— Passou três dias fora e voltou
engraçadinha, hun? — zombou, fazendo-me sorrir.
Baixei a cabeça, encarando minhas próprias
mãos, em cima das cobertas. Eu queria poder
compartilhar com ela tudo o que estava
acontecendo comigo e com Romeu, mas tinha
receio do que ela pudesse pensar.
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— Como assim?
Levantei, e segui até o banheiro.
— Nossa família se reuniu num evento
comemorativo — menti, mas acabei engasgando
quando, subitamente, Penélope abriu a porta do
banheiro. Cuspi a pasta de dente. — Você por
acaso conhece o sentido da palavra inconveniência?
Ela pareceu ignorar meu questionamento
sarcástico, porque recostou o ombro no arco da
porta.
— Você está mentindo!
Meu coração acelerou. Terminei de escovar
os dentes e joguei uma boa quantidade de água fria
no rosto.
— Por que diz isso?
Passei por ela, voltando ao nosso quarto.
— Porque se tivesse sido apenas uma
comemoração em família, você não teria ficado
incomunicável — deduziu. — Fora que Romeu não
teria levado você daquela maneira tão... — ela
pareceu pensar numa palavra que melhor se
encaixasse no contexto — neandertal.
Mordi o cantinho interno da boca, enquanto
escolhia as roupas para montar meu visual do dia,
já que quando voltei do jantar com Cecílie tudo o
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∞∞∞
A manhã, praticamente, voou e mal tive
tempo para almoçar, já que aproveitei para colocar
a matéria em dia, considerando que não compareci
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“Romeu: Me encontre no
estacionamento.”
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∞∞∞
Do alto do monte mais alto de Barcelona,
pode-se ver a cidade inteira até o mar. E foi
exatamente onde Romeu me levou.
— Que vista incrível! — exclamei,
sentando-me num espaço das ruínas do lugar.
— Desde que viemos para Barcelona,
minha visita aos Bunkers Del Carmel encheu meus
olhos, justamente, por isso. Apreciar a vista e as
cores da cidade ao pôr do sol — disse Romeu,
sentando-se ao meu lado e nos cobrindo com um
cobertor.
— Então você me trouxe aqui para assistir
ao pôr do sol com você? — indaguei em tom
brincalhão, embora meu coração estivesse
acelerado. Suas palavras, em contrapartida com seu
corpo colado ao meu, estavam me deixando
nervosa.
— Imaginei que o encontro com sua mãe
não tivesse sido algo muito confortável para você,
então que jeito melhor de escapar dos problemas
com algo assim? — Ele apontou para diante de nós.
A vista dali de cima era, sem dúvidas, uma
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— Que garota?
Olhei para ele com ar impaciente e, ele
revirou os olhos.
— Sim, mas isso não importa — falou sem
dar detalhes.
Franzi a testa.
— É claro que importa!
— Para mim, não.
Dizendo isso, ele tocou nossas bocas num
beijo sedento. Aquele era nosso primeiro beijo
depois do retorno ao Campus.
Gemi contra seus lábios.
— Você confia em mim? — Assenti,
abobalhada. — Então abaixe a calça e a calcinha.
Arregalei os olhos.
— O quê? Está louco?
Olhei ao redor. Apesar de não ter ninguém
por perto, aquele ainda era um lugar público.
Embora meu olhar estivesse escandalizado,
o de Romeu continuava pleno. Sua boca desceu até
meu ouvido.
— Está com medo?
Fechei os olhos, gemendo baixinho quando
arrepios deliciosos eriçaram meus pêlos.
— Não é uma questão de ter ou não ter
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Quatorze
Romeu
— Eu machuquei você?
Sentei-me, a fim de analisar o estrago feito
entre suas pernas, mas ela se apressou e freou meus
movimentos, segurando meu rosto entre suas mãos.
Seu olhar me manteve cativo.
— Foi lindo, Romeu — garantiu. — Você
foi perfeito. Foi incrível.
— Então o que significam essas lágrimas?
— perguntei, desconfiado, enquanto ela deixava
beijinhos por todo o meu rosto contraído pelas
dúvidas.
— Estou uma bagunça em todos os
sentidos, Romeu. — Ela riu. — Então dê um
desconto.
Voltamos a nos deitar de lado, frente a
frente. Unimos nossas mãos e permanecemos em
silêncio, porém sorrindo um para o outro.
Embora não expuséssemos em voz alta,
sabíamos que havíamos ultrapassado uma linha
sem volta.
E ali, aninhados um no outro, nós nos
perdemos na letra da música de Ed Sheeran — que
estava repetindo no aparelho de som — e, pela
primeira vez, eu fiquei com medo. Medo de perdê-
la.
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Quinze
Eva
∞∞∞
— Então você se tornou uma excelente
tatuadora? É algo interessante, considerando o
passado com sua irmã.
Não me preocupava em amenizar o tom
com Cecílie, uma vez que, não tinha intenção de
fingir sentimentos. Se fosse para construir uma
relação nova entre nós duas, que fosse de maneira
limpa e sincera.
Penélope tinha optado por encarar umas
ondas, enquanto eu e Cecílie permanecemos
sentadas debaixo do guarda-sol.
— Isso não tem nada a ver com Amálie,
Eva. — Afirmou. — Mas a verdade, que você já
está cansada de saber, é que eu sempre invejei a
minha irmã. — Ela revirou os olhos. — Sempre a
achei incrível, corajosa e autêntica. E quando tudo
aconteceu, e você nasceu, eu quis experimentar
essa mesma liberdade, então me joguei nesse
mundo a fora. Conheci tantas coisas, tantas culturas
novas... — parou de falar, como se tivesse
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— Ela é.
Nosso pequeno momento foi interrompido
com a chegada de uma esbaforida Penélope.
— Vocês precisam experimentar a água,
porque está uma delícia.
Ela encarou a nós duas.
— Perdi alguma coisa aqui? — Apontou de
uma para outra.
Demos risada.
— Estamos bem.
O brilho nos olhos de Cecílie me deixou
encantada.
∞∞∞
Durante o trajeto de volta para casa, meu
telefone vibrou com o aviso de novas mensagens.
Eu: Preciso.
— Eva...
Saindo da estação, eu optei por um taxi, e a
viagem até a Casa Milà não levou menos de três
minutos. Paguei a corrida e desci do carro, me
preparando para voltar a rever meu novo vício
particular.
Não demorou muito e, eu o vi. Romeu
estava encostado no seu conversível esperando por
mim. Soltei o ar, admirada com as reações do meu
corpo, considerando que não fazia nem vinte e
quatro horas que tínhamos nos visto.
Incapaz de continuar olhando-o de longe,
fui até ele, larguei tudo o que estava em minhas
mãos e passei meus braços ao redor do seu
pescoço, beijando-o como se fôssemos invisíveis.
Quando finalmente nos separamos, eu
estava ofegante e Romeu estava muito excitado.
Era possível sentir sua dureza contra meu abdômen.
Meu corpo estava coberto com uma canga
de renda.
— Porra, Eva, você foi à praia desse jeito?
Anjinha, eu preciso estar por perto quando você
decidir se aventurar por aí exibindo esse seu
corpinho sexy.
Voltei a beijá-lo, segurando sua camiseta e
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Dezesseis
Romeu
olhos.
Fiquei ali sentindo absolutamente nada e
absolutamente tudo.
Eu estava com tanta raiva de mim, dela e de
todos, que a única coisa que consegui fazer foi
encontrar um alvo para todo aquele sentimento
ruim. Então comecei a destruir um dos bancos ao
meu lado, com chutes e socos fortes e brutais na
madeira.
Eu estava perdendo o meu anjo...
∞∞∞
Depois do meu embate com a Eva, fui
obrigado a assistir mais três aulas antes de,
praticamente, acampar em frente ao apartamento
em que ela dividia com a Penélope. Em
determinado momento, decidi ficar escondido,
porque temia que ela pudesse voltar a fugir se me
encontrasse parado ali.
Era pouco mais de seis da tarde quando vi a
amiga dela saindo com uma roupa de ginástica,
provavelmente estava indo malhar.
Comecei a brincar com meu celular de
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Dezessete
Eva
— Merda — sibilei.
Não fiz nenhum esforço para ser gentil
enquanto empurrava o corpo do Romeu de cima de
mim e jogava os pés para fora da cama.
— Ei? Está tudo bem. — Romeu sussurrou.
— Não quero mais esconder o nosso
relacionamento.
Mordi os lábios, pegando as roupas
espalhadas pelo chão e jogando para ele.
— Eu também não quero, porém não estou
a fim de constranger minha melhor amiga ao
flagrar você, nu, na minha cama.
— Você também está nua. — Ele estava
sorrindo enquanto apontava para meu corpo.
Olhei para baixo.
— Droga, droga, droga!
Segurei Romeu e puxei-o para que pudesse
ficar de pé. Minha mente estava trabalhando rápido
demais, porém não havia outro ponto de escape a
não ser a porta do banheiro.
Empurrei-o para dentro e entrei logo em
seguida.
— Eva? — Pulei com a voz da minha
amiga.
— Estou no banheiro — gritei, enquanto
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∞∞∞
A música estava bem alta quando chegamos
à festa. Eu não fazia ideia de quem era o dono da
casa, que já estava lotada e ainda nem eram dez da
noite.
— Pê, eu não conheço nem um por cento
das pessoas que estão aqui — reclamei,
empurrando um rapaz que se jogou pra cima de
mim assim que eu entrei. — Argh! — resmunguei,
rolando os olhos.
— Não precisa conhecer — disse ela. —
Apenas se divirta. — De repente, ela se virou para
mim, carregando dois copos de bebidas nas mãos.
— Beba.
Aceitei, meio desconfiada.
Embora a casa fosse enorme, estava
extremamente sufocante com o tanto de pessoas
amontoadas. Desde que entramos, passamos por
duas salas. Meu corpo, automaticamente, começou
a sacudir no embalo das batidas da música
enquanto varria meus olhos pelo lugar abafado.
Nunca me senti a vontade naquele tipo de
ambiente; era como se eu não pertencesse àquela
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Real.
— Doce Eva? Uau! Você está... — a voz
dele, que outrora, arrepiava-me sempre que ele
falava, naquele momento não me causou nada. —,
linda.
Seus olhos desceram pelo meu corpo,
coberto por um vestido em tom nude, com uma
abertura generosa no decote.
— Não nos vemos há quanto tempo? Um
mês? Dois?
— Por aí... — respondi, encarando-o nos
olhos e percebendo a malícia em seu olhar. Olhei
para cima das escadas, ansiando subir e encontrar
um espaço silencioso para poder falar com o
Romeu.
— Está sozinha aqui? — Voltei-me para
Rangel, que estava mais perto. Senti o momento em
que seus braços pretendiam cercar minha cintura,
porém impedi, espalmando seu peito com minhas
mãos.
— Nem ouse tocar em mim — falei com
uma tranquilidade, que contradizia minha
expressão furiosa.
As sobrancelhas grossas e perfeitas se
arquearam, enquanto um sorriso sacana começava a
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∞∞∞
O trajeto até o prédio em que Romeu
morava foi feito em tempo recorde, porém
silencioso. Minhas entranhas estavam retorcidas em
pura expectativa com tudo o que ele tinha
prometido fazer comigo, apesar da ameaça crua por
trás de suas palavras.
A verdade é que eu tinha apreciado aquele
lado mais bruto dele, o aperto mais forte de suas
mãos em minha pele clara. Era excitante continuar
descobrindo novas formas de prazer. Mais excitante
ainda sendo com Romeu.
Assim que as portas do elevador se
fecharam, eu me joguei sobre o Romeu em busca
da sua boca. Meu corpo inteiro tremia pelo
descontrole causado por ele. Meu desejo era enrolar
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Dezoito
Romeu
Mortificada.
Essa era a palavra que descrevia Eva com
perfeição.
Minha vontade era de rir, mas certamente
pioraria as coisas pra ela. Eu sabia que minha
anjinha ainda não estava preparada para revelar
nosso relacionamento assim, tão rápido, ainda mais
dessa forma.
Jamais imaginei que seríamos flagrados por
meus amigos.
Esforçando-me ao máximo para não dar
risada da situação constrangedora, eu me aproximei
da porta.
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Romeu?
Fui até o quarto o mais rápido que consegui.
— Aqui. — Entreguei a ela.
Todos nós nos amontoamos ao redor do
laptop e vibramos quando o site com a nossa
logomarca surgiu na pequena tela. Era o nosso
sonho se concretizando diante dos nossos olhos.
— Vamos investir nessa porra! — gritei,
enquanto abraçava o Eduardo. — Fazer nossa
marca de games invadir cada lugar desse mundo.
Bati o braço no de Laura, que parecia tão ou
mais animada do que eu.
— Anjos em combate? — Eva questionou,
referindo-se ao nome dado a nossa marca. O sorriso
pairando em seus lábios me dizia que ela tinha
aprovado.
Puxei-a para mim, inspirando seu aroma
delicioso.
— Gostou? — soprei. — Foi em sua
homenagem.
Ela riu, envolvendo-me com seus braços
delicados. Eu podia facilmente me acostumar com
aquela rotina. Suas mãos em mim eram como um
bálsamo.
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∞∞∞
Não foi fácil convencer Eva a dormir
comigo depois que meus amigos foram embora. Ela
ainda se sentia desconfortável com a velocidade
com que as coisas entre nós dois estavam
acontecendo. Porém, bastou que minhas mãos
envolvessem seu corpo com um pouco mais de
vontade e, eu a tive, completamente, derretida para
mim.
A sensação que eu tinha quando Eva estava
nua em meus braços era indescritível. Surreal. Eu
sabia que não era apenas uma transa qualquer. Era
muito mais.
Era amor.
Puro e real.
Era desejo.
Puro e carnal.
Eram descobertas.
Novas e únicas.
Ao mesmo tempo em que, eu amava tê-la
daquela forma íntima, eu também odiava, porque
me sentia facilmente vulnerável. Nenhuma garota
já mexeu tanto com minhas estruturas quanto Eva
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∞∞∞
O trajeto até a Vila Universitária foi feito
em poucos minutos. Eu sequer tinha noção de como
consegui controlar minha ira enquanto trilhava o
caminho até o prédio rosa em que abrigava os
apartamentos.
Andressa me ofereceu um sorriso imenso
quando abriu a porta e se deparou comigo,
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Dezenove
Eva
minha pele.
Era surreal.
Mas aquilo éramos nós.
Romeu e eu.
Ainda estava me recuperando quando senti
Romeu se derramar em cima da minha barriga. O
rosnado que escapou da sua garganta fez com que
tremores invadissem todo o meu corpo.
Apesar de sentir que toda a força havia me
abandonado, ainda consegui me equilibrar sob os
braços para poder analisar o líquido pegajoso
escorrendo por minha pele. Era branco e espesso.
Pude ouvir a respiração de Romeu travar no
peito, quando levei os dedos sobre a substância de
aparência viscosa e, em seguida, trouxe à minha
própria boca.
Os olhos dele estavam enormes, pupilas
dilatadas, enquanto me observava lamber os dedos
que, outrora, estavam lambuzados pelo seu gozo.
— É salgado — comentei, sentindo o sabor
em minha língua.
Assustei-me quando seus lábios se
chocaram nos meus.
Tentei empurrá-lo, sem sucesso. A
alternativa foi cobrir sua boca com minha mão.
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Vinte
Romeu
∞∞∞
Já passava das duas da tarde, quando meu
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∞∞∞
Eva estava batendo o pé quando estacionei
o carro perto dela. Desci do veículo, verificando o
horário e tendo consciência do meu pequeno atraso;
a maldita carona para a Andressa não tinha sido
uma boa ideia afinal.
— O que aconteceu? — questionou Eva,
aceitando meu abraço. — Não estava perto do seu
celular? Liguei algumas vezes.
Beijei seus lábios convidativos.
— Eu devo ter deixado o celular na fábrica.
— Dei de ombros. Mordi seu lábio inferior quando
vi que ela fez um bico desgostoso. — Já falei que
amo quando você usa esse batom vermelho?
Ela enrolou os braços em minha cintura,
porém me dignando um olhar enviesado.
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coxa.
— Você vai mesmo me obrigar a falar? —
sibilou ela, nervosa.
— Eu adoro quando sua boca pronuncia
sacanagens e palavras feias, anjinha.
Ela riu, porém soltou um gemidinho quando
voltei a apertar sua coxa.
— Foder — falou num sussurro. —
Podemos aproveitar essas poucas horas para foder.
Afastei um pouco minha cabeça para poder
olhá-la e quase não controlei o rugido animalesco
que ficou engasgado na minha garganta. Eva estava
com o rosto completamente vermelho e me
encarava com um olhar recheado de malícia
enquanto mordia os lábios carnudos.
Ela estava puro pecado.
— Quando você diz foder, é foder mesmo?
— Argh, Romeu, já chega! — Se afastou,
rindo. — Não vou falar mais nada.
Minha risada foi espontânea, enquanto
ligava o carro na ignição e colocava o carro na pista
novamente.
— Pode ao menos dizer se está
molhadinha?
Ela me encarou, rubra.
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Vinte e um
Eva
instantes. — Devagar.
Depois de poucos minutos, consegui
equilibrar minha respiração.
— Está melhor?
Ergui os olhos para ela, que agora me
encarava de cara limpa, sem a máscara.
— Como descobriu?
Ela sorriu e, em seguida, veio se sentar na
cama, ao meu lado. Suas mãos tocaram as minhas.
— Eu não falei nada na hora, mas vi quando
você saiu de cima do colo do Romeu naquela noite
que peguei vocês dois no carro — contou, olhando-
me com um ar travesso. — Tentei ganhar sua
confiança primeiro, antes de entrar no assunto.
— Meu Deus, que vergonha! — Mordi os
lábios, baixando a cabeça e olhando para nossas
mãos juntas.
Cecílie tocou meu queixo, forçando meu
olhar no seu.
— Vergonha, por quê? — perguntou. —
Você e Romeu cresceram juntos, então é normal
terem essa curiosidade, essa ligação. — Mordi o
cantinho interno da boca. — Sua primeira vez foi
com ele?
Pensei em não responder, mas era ridículo,
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∞∞∞
Tinha acabado de chegar em casa depois de
longas horas com Cecílie fazendo minha tatuagem.
As asas não tinham muitos detalhes, também não
era muito grande, então ela conseguiu terminar.
Apesar da dor, eu me saí muito bem e o resultado
final foi incrível.
Penélope não estava no apartamento quando
cheguei, o que não me surpreendeu, já que ela
quase não parava em casa. Peguei meu celular,
verificando minhas chamadas e mensagens, e
estranhei por não ter nada do Romeu, uma vez que,
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∞∞∞
Apertei a campainha apenas uma vez e a
porta logo foi aberta. Não soube dizer se Romeu
não percebeu o meu rosto inchado, ou o fato de eu
não ter retribuído seu abraço quando ele me ergueu
do chão, trazendo-me para dentro do seu
apartamento, mas levou alguns instantes para que
seus olhos analisassem meu estado físico e
emocional.
— O que foi? — Havia um vinco gigante
em sua testa.
Mostrei o celular para ele.
— Ah, estava com você? Passei um bom
tempo procurando depois que você foi embora —
explicou. — Tinha realmente chegado a conclusão
de que tinha deixado na fábrica.
— Não estava comigo — falei num tom
frio. — Andressa acabou de deixá-lo na minha
porta, e me pediu para entregar a você. — O rosto
dele empalideceu. — Agora estou me perguntando
os motivos que fizeram seu celular ir parar no
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Vinte e dois
Romeu
∞∞∞
O bar que eu entrei estava
consideravelmente cheio, embora não me
importasse com nada e nem ninguém. Minha única
preocupação era em tentar esquecer minha dura
realidade. Uma realidade em que Eva não estava
mais comigo. Que nosso pequeno conto de fadas
havia chegado ao fim. E qual a melhor forma de
fazer isso do que encher a cara?
— Quero uma dose de uísque — pedi ao
barman. — Ou melhor, traga a garrafa.
Estava me ajeitando num dos banquinhos
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∞∞∞
— E-eu... não sei pra quêeee... chamar o
Eduu... — resmunguei num tom de voz embolado.
— E como pensou que eu o traria pra casa,
hein, bonitão? Nas costas? — Laura se irritou.
— Bastava ter deixxxado que eu ficasse lá...
no bar.
Tropecei em meus próprios pés, porém fui
segurado por Eduardo, que riu do meu estado.
— Romeu, meu amigo... — ele enganchou
o ombro abaixo de um dos meus braços —, já é
difícil lidar com você sóbrio, então, por favor, cale
a boca, porque seu lado bêbado apaixonado é um
saco.
Laura gargalhou e, eu quis brigar com eles,
mas acabei dando risada também.
— Cadê a chave? — Ela quis saber,
remexendo em meus bolsos.
— Wou! — reclamei quando ela enfiou a
mão no bolso da frente da minha calça. — Esse
instrumento já tem dooona — falei entre risos,
pendendo o peso do meu corpo no de Eduardo. —
Eva. Evaaa.
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Os dois riram.
— Querido, é mais fácil eu me interessar
pelo instrumento dela, não do seu.
Pisquei, confuso com suas palavras.
— Voocê gosta de garotas?
Eduardo me ajudou a caminhar para dentro
do meu apartamento.
— Faz tempo — respondeu ela,
despreocupada. — Nós já até dividimos uma,
tempos atrás.
Meus olhos quase saltaram das órbitas.
— Verdade?
— Laura, por favor, pare de torturá-lo. —
Eduardo comentou, rindo.
Fui deixado na minha cama como uma
criança. Pisquei, tentando focar no rosto dos meus
amigos.
— Vo-você gosta de boceta? — perguntei,
enrolando a língua.
— Uhum... — ela resmungou,
aproximando-se de mim, na cama, e depositando
meus pertences sobre o criado-mudo. — E daquelas
bem molhadinhas... — deu uma risadinha.
— Céus, Laura! Poupe-me dos detalhes —
reclamou Eduardo. — Estou indo. Se cuida,
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Romeu.
Laura revirou os olhos.
— Agora seja um bom menino e vá dormir,
porque dentro de poucas horas será um novo dia.
Assenti, sentindo-me zonzo. Joguei-me para
trás, cobrindo a testa com o braço. Minha cabeça
estava extremamente confusa, embora me
esforçasse para pensar com clareza.
Laura apagou a luz e, em seguida, deixou o
quarto, garantindo que daria um jeito de trancar
meu apartamento pelo lado de fora e passaria a
chave por baixo da porta.
Os minutos foram passando de maneira
lenta, mas o turbilhão dentro da minha cabeça não
diminuía. Na escuridão daquele quarto, peguei meu
celular em cima do criado-mudo e disquei o
número da Eva, mas obviamente a ligação caiu
direto na caixa postal.
— Oi, aqui é a Eva. Você ligou para o
número certo, a pessoa certa, o lugar certo, mas na
hora errada, então, por favor, deixe uma mensagem
após o bip:
— Anjinha... — suspirei, ofegante. —, sei
que vo-você não está disposta a falar comigo agora,
mas... — me calei, buscando as palavras certas —
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Vinte e três
Eva
eu fosse desaparecer.
— Isso tudo é saudade? — perguntou
mamãe e, eu funguei meu nariz na dobra do
pescoço cheiroso dele, arrancando-o mais risadas
por conta das cócegas.
— Lorenzo sabe que é o tesouro da mana,
né? — Ele assentiu, dando risadas, porque eu não
tirava as mãos dele. — Vamos jogar vídeo game?
— convidei, enquanto colocava-o no chão.
— Não sei se você consegue ganhar de
mim, mana — declarou, erguendo o queixo em
desafio e, eu ri, juntamente com a mamãe.
Coloquei a mão no peito de modo
dramático.
— Confesso que fiquei até com medo agora
— brinquei e, em seguida, me inclinei para ficar na
mesma altura dele. — Vai lá se aquecer, porque
daqui a pouco a mana sobe para brincarmos.
Ele bateu palminhas, demonstrando toda a
euforia. Mamãe e eu sacudimos a cabeça, rindo da
facilidade que era entreter uma criança.
Novamente sozinhas, ela me pegou pela
mão e nos levou até uma das salas. Eu adorava a
estética daquele cômodo, porque as paredes de
vidro permitiam que eu contemplasse o lindo
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∞∞∞
Depois do meu momento de fraqueza, eu fui
até o quarto do Lorenzo e brinquei um pouco com
ele, distraindo-me da dor constante em meu peito.
Depois de um tempo, ele acabou cochilando e,
então mamãe e eu decidimos dar uma volta de
bicicleta, como fazíamos antigamente. Nosso ponto
de partida foi do bairro de Moncloa, na zona norte
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da cidade.
Após algumas quadras, nós chegamos ao
Parque del Oeste. Em cima de um grande morro,
que nos presenteava com uma baita vista!
Fomos zanzando e cruzamos a Calle de
Ferraz apenas para dar uma olhadinha na bem
cuidada Plaza de España. Depois de um tempo,
retornamos para o outro lado da Calle de Ferraz e
descemos dois lances de escada. A partir desse
momento estávamos nos Jardins de Sabatini, o mais
florido e bem cuidado dos arredores. Encostamos
as bicicletas e escolhemos um dos vários bancos
para um descanso.
— Nossa! Senti falta disso — comentei,
sorrindo, embora estivesse cansada.
Olhei para minha mãe, que me encarava
com tanto encantamento que tive vontade de ficar
ao lado dela para sempre.
— Pode nos visitar quando quiser, meu
amor — disse ela, amorosa.
Peguei sua mão.
— Eu sei, mãe — murmurei, entrelaçando
nossos dedos.
O silêncio nos abraçou por poucos
segundos.
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lábios.
— Que lindo, mãe.
Sua mão ergueu para tocar em meu rosto.
— Não faça como eu fiz, querida. Se o
Romeu é aquele que faz seu coração bater mais
forte, então lute por ele. Lute por esse amor. Lute
pelo que você acredita.
Sorri, sendo seguida por ela, que beijou meu
rosto várias vezes.
— Meu Deus! Meu bebê cresceu —
comentou num tom brincalhão. — Já virou uma
mulher.
Eu ri, divertida.
— Será que o papai vai aceitar?
— Ninguém tem que aceitar nada, Eva. É a
sua vida, entendeu? Não aceite que ninguém
imponha suas vontades em cima das suas escolhas.
Nunca!
Puxei-a para mais um abraço forte e
apertado. Sentia-me muito mais leve.
∞∞∞
Quando chegamos em casa, o papai ainda
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Vinte e quatro
Romeu
∞∞∞
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Vinte e cinco
Eva
Obrigada.
Ele voltou a se sentar, olhando para mim
com expectativa.
— E então? Quais as novidades? Muita
pressão para finalizar o TCC?
Levei a xícara de café à boca, apreciando o
detalhe de ele ter se lembrado exatamente de como
eu gostava: preto, forte e sem açúcar.
— Bastante. Ainda mais porque decidi
escolher um tema difícil.
— Sério? — Ele pareceu interessado. Aliás,
meu pai sempre se mostrava interessado em tudo o
que eu me propunha a fazer. Era um pai e amigo
incrível.
Os minutos passaram voando enquanto
conversávamos sobre minha vida em Barcelona. Eu
o amava, porque ele tinha o dom de me fazer sentir
corajosa. Especial. Capaz de fazer e ser qualquer
coisa. Meu pai era o primeiro da fila a me aplaudir,
e o primeiro a me ajudar a levantar no momento
que eu caísse.
— Então pai... — mordi os lábios,
colocando a bandeja de lado, finalmente, me
preparando para a conversa tensa. — Não sei se a
mamãe já comentou algo...
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Sorri fraco.
— É, ela me contou.
Ele beliscou meu nariz.
— Meu silêncio foi apenas pelo choque. —
Sorriu. — Honestamente, eu não esperava por isso.
— Mas não está decepcionado? — insisti.
— Claro que não. Sempre apoiei suas
escolhas, filha, e agora não será diferente.
Meus olhos nublaram e, eu o puxei contra
mim num abraço de urso.
— Ah, pai, obrigada — gemi. — Estava
com tanto medo de que não me entendesse. O apoio
de vocês, seu e da mamãe, são muito importantes
para mim.
Senti o toque dos seus lábios em minha
testa num beijo singelo.
— Mas me diz uma coisa... — ele pigarreou
— Esse relacionamento de vocês é sério? Daqueles
com... hun... intimidades e tudo o mais?
— Está querendo saber se nós fazemos
sexo? — Ajudei, já que sabia que ele estava com
dificuldade para se expressar. — Ora, pai, nós
somos jovens.
Sua testa franziu, incomodado com o
assunto e, eu quase ri.
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∞∞∞
Mesmo o aeroporto de Barcelona sendo
imenso, os meus olhos não demoraram a encontrar
a razão dos meus pensamentos.
Romeu.
Eu tinha me preocupado em avisá-lo da
minha chegada, porque meu íntimo desejava
reencontrá-lo. Cada célula do meu corpo clamava
de saudade; de amor; de tesão. Naquele momento,
enquanto caminhava até ele, me esqueci de
qualquer motivo que tenha sido a razão da nossa
briga, e tudo o que desejava era me jogar em seus
braços e me perder em seus beijos.
A expressão dele estava diferente,
preocupada, eu diria, contudo seus olhos exalavam
amor ao direcioná-los a mim.
— Oi — soprei, parando na sua frente.
Ele fez menção de me tocar, mas acabou
hesitando. Então segurei suas mãos e trouxe-as até
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Vinte e seis
Romeu
Ela sorriu.
— Então você contou sobre sua empresa?
Desabafou sobre seus verdadeiros sonhos e
vontades?
Balancei a cabeça, fascinado com o brilho
deslumbrante nos olhos castanhos, que me
encaravam com emoção.
— Acho que sim.
Fui pego desprevenido quando suas mãos
vieram parar em minha nuca enquanto Eva colava
sua testa na minha.
— Então agora estamos livres, Romeu —
soprou ela, respirando seu aroma perto do meu
nariz, o que me fez quase um embriagado.
Fechei os olhos, lutando contra o que era
certo e o errado. O carinho na minha nuca, em
contrapartida com a maneira como estávamos
próximos, deixava tudo mais difícil. Eu a amava
tanto que chegava a doer o meu peito.
— Romeu? — Abri os olhos. Eva me
encarava com curiosidade e expectativa. — O que
foi? Você está tenso desde que saímos do
aeroporto. Tem mais alguma coisa pra dizer?
Fiquei em silêncio, apenas olhando para
aqueles olhos que me dominavam com uma
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∞∞∞
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jornada.
Já não éramos mais professor e aluna, mas
duas pessoas apaixonadas. Dois corações que se
amavam.
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Vinte e sete
Eva
Dias depois
— Eu não acredito que você não me
contou da sua relação com o Romeu, Eva.
Assustei-me com a chegada abrupta de
Penélope, que jogou a bolsa sobre a mesa em que
eu estava, bagunçando todas as minhas anotações.
— Céus, Penélope! — exclamei,
massageando meu peito, assustada. — Fale baixo,
poxa! Estamos numa biblioteca — sussurrei, sem
jeito por causa de alguns olhares feios em nossa
direção.
Ela deu de ombros, mas acabou se sentando
e, em seguida, inclinou-se sobre a mesa me
encarando com uma expressão sapeca.
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tudo.
Penélope quicou.
— Com todos os detalhes?
Rolei os olhos, mas o sorriso estava em
meus lábios.
— Do jeitinho que eu sei que você gosta. —
Ela riu. — Depois quero que vá comigo no meu
teste de direção.
— De novo? — zombou.
— Só vou parar quando conseguir.
∞∞∞
— Agora vire a esquerda e, em seguida,
estacione ali — disse o meu instrutor de direção.
Eu estava nervosa, contudo menos do que das
outras vezes. A presença do examinador no banco
de trás quase não me intimidou, porque eu estava
confiante.
Fiz exatamente como ele pediu.
— Agora faça a baliza — exigiu.
Assenti, respirando fundo.
Girei o volante para o lado direito e, em
seguida, para o lado esquerdo. A manobra foi tão
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∞∞∞
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— Palhaço!
Puxei-o para o quarto.
— E, então, sabe o que está acontecendo lá
em Madrid? Por que marcaram uma reunião com a
família? Aliás, você também recebeu uma
mensagem, né? — questionei, deixando-me cair
sobre a cama. — Será que tem a ver com a tia Léa?
Fico tão preocupada com ela por conta da gravidez.
— Respirei fundo, sentindo o medo me abater.
Amava demais minha família e temia perder
qualquer um deles. Minha mãe comentou comigo
uma vez que minha tia havia sido submetida a um
aborto quando jovem e, tal procedimento criminoso
trouxe complicações, o que dificultou todas as suas
tentativas de voltar a engravidar depois que casou
com tio Hugo. A gravidez surgiu quando as
esperanças já nem mais existiam, porém veio para
unir bem mais a família.
— Recebi logo cedo — respondeu ele. —
Também fico preocupado com a tia, mas acho que
está tudo bem com ela e o bebê. Acho que
marcaram esse encontro, porque querem conversar
conosco sobre nossa relação.
— Será?
Romeu pairou o corpo sobre o meu,
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∞∞∞
O avião tinha acabado de decolar, quando
Romeu se levantou e fez sinal para que eu o
seguisse. Não entendi o que pretendia, mas acabei
indo atrás.
— O que foi? — sussurrei, e fui puxada
para dentro do minúsculo banheiro.
— Que tal uma rapidinha?
Arregalei os olhos, sentindo meu coração
acelerar com a possibilidade.
— Não! Tá maluco?
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eu teria desfalecido.
Erguendo-se, Romeu me fez sentir meu
gosto e meu cheiro em seus lábios quando sua boca
atacou a minha com a mesma fome de sempre.
Ele me virou de costas para ele, enquanto
abria a braguilha e descia as calças. Poucos
instantes depois, eu segurei o grunhido quando ele
me penetrou furiosamente. Uma de suas mãos
desceu até minha perna, onde ergueu posicionando-
a sobre a privada. Joguei a cabeça para trás em
cima do seu ombro, o que facilitou o acesso dele ao
meu pescoço. Seus beijos, mordidas e lambidas, em
contrapartida com suas investidas estavam me
levando à loucura.
— Está gostando, hun? — Ele quis saber.
— Quer que eu pare?
— Não ouse! — Praticamente rosnei.
Joguei o bumbum para trás, indo de
encontro aos seus movimentos. O redemoinho
estava se formando outra vez em meu baixo ventre,
causando-me uma sensação de sentimentos e
emoções. Jamais imaginei que teria coragem de
fazer aquilo.
— Você está me levando para o mau
caminho, sabia? — Minha voz soou resfolegante e
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Vinte e oito
Romeu
e juntos.
Ela sorriu.
— Estamos juntos. Estamos bem. —
Concordou.
Assim que entramos, não demorou muito
para que meus olhos avistassem uma figura que
destoava o ambiente repleto de familiares.
— Romeu... — não consegui olhar para
Eva, assim que sua mão soltou a minha. — O que
essa garota está fazendo aqui?
Minha boca abria e fechava, embora
nenhum som saísse. Talvez eu pudesse colocar a
culpa ao pânico que tomou conta do meu corpo
quando meus olhos se chocaram com os de
Andressa. A maldita garota sem nome. A garota
com quem eu jamais deveria ter deixado brincar no
meu playground.
— Que bom que chegaram — disse meu
pai, sério. — Venham até aqui, por favor.
Eva estava arisca e desconfiada, mas
caminhou ao meu lado, em silêncio.
— Como foi a viagem, querida? — Ouvi a
pergunta da tia Blue, enquanto Eva a abraçava.
Não prestei atenção às conversas ao meu
redor, considerando que minha concentração estava
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fugir?
— Vocês não entendem! Romeu vai me
odiar — insistiu ela, protagonizando o papel de
vítima da situação.
Voltei a rir.
— É impressionante o cinismo.
— Cala a boca, Romeu! Será que dá para
demonstrar um pouco de arrependimento pelo que
fez? — falou tio Alejandro. — Você estava se
relacionando com minha filha, enquanto mantinha
um caso com essa pobre garota.
— Não! Isso não é verdade! — Fui até Eva,
que se desvencilhou do meu toque. Os olhos dela
estavam úmidos. — Eva, por favor, acredite em
mim.
— Mas está aqui — apontou para o celular
— Você mandou mensagem para ela exigindo o
aborto. Está aqui, Romeu. Está aqui! — Sua voz se
tornou embargada, quebrando meu coração em
pedaços. — Como pôde? Como conseguiu se
transformar de um príncipe encantado a um sapo de
uma hora para outra?
— Eva, por favor, me escuta. Essa garota
está mentindo, ela está querendo nos separar e eu
nem sei o porquê.
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toque.
— Gente, tem alguma coisa muito errada
aqui — disse tia Lea.
— Finalmente alguém sensato. — Ergui as
mãos.
— Se Romeu soubesse do que se tratava a
reunião, ele teria tempo para se armar; para fingir.
Mas ele não sabia.
— Mas e quanto às provas? — Tio Hugo
questionou, pensativo. Ele também parecia
desconfiado.
— Eu não sei, oras — disse ela,
depositando as mãos na barriga saliente e,
encarando Andressa com desconfiança. — Só estou
achando tudo isso muito estranho. Quem é essa
garota? De onde ela surgiu? Vocês estão
crucificando o Romeu sem nem pesquisar a história
a fundo.
— Preciso sair daqui — murmurou Eva,
desnorteada e me fazendo piscar.
Forcei-me a reagir, desesperado.
— Eu sinto muito, Eva, querida, não queria
ter estragado nada aqui. — Andressa chorou,
fingida. — Sabia que vocês tinham planos para o
futuro, não só no relacionamento amoroso, mas
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Vinte e nove
Eva
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volta no carro.
— Um pouco — respondi.
— Você fez aquela comida que a mamãe
sempre fazia? Ai, Oli, faz tanto tempo que não
como Bacalao a La llauna. — Penélope
confidenciou, abrindo a porta do passageiro. Decidi
me ajeitar no banco de trás.
— Eu fiz. — Olívia respondeu, fazendo a
irmã vibrar. — E de sobremesa, eu fiz...
— Crema Catalana. — Penélope completou,
fazendo-me rir do seu entusiasmo.
Olivia voltou a puxar a irmã para seus
braços, verdadeiramente apreciando a presença da
Penélope. Meus olhos se encheram de lágrimas,
porque estava me sentindo muito sentimental nos
últimos dias.
Meu telefone tocou, mas ignorei a chamada
depois que visualizei a foto da mamãe no visor.
Ainda não estava pronta para aceitar conversar com
eles. Estava extremamente magoada com o fato de
terem permitido que aquela garota me
ridicularizasse na frente de toda a família. Senti-me
traída não somente pelo Romeu, mas também por
todos eles.
— Está tudo bem? — Penélope quis saber,
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À noite, Penélope e eu optamos por ir a uma
pizzaria antes da balada, o que não tive certeza se
foi a melhor escolha, considerando que chegamos
por volta das vinte e três horas e o lugar estava
quase morto. Entretanto, com o passar dos minutos,
as pessoas logo começaram a vir e ficou lotado
muito rápido. Felizmente existiam dois pisos com
DJ's diferentes, por isso não estava muito cheio
como se não conseguíssemos respirar, apesar de ser
sexta-feira!
A música era surpreendente. Para todas as
idades e necessidades.
— Você não vai acreditar em quem eu vi!
— gritou Penélope, perto do meu ouvido. Eu estava
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Trinta
Eva
∞∞∞
Voltamos para o Campus no domingo a
noite, já que tínhamos aula logo na segunda. Como
eu estava no último semestre, a correria estava
maior, considerando que precisava cumprir
algumas disciplinas que ainda devia, ou não
poderia me formar.
Beirava às dez horas quando terminava de
me arrumar para sair a fim de assistir a terceira aula
da manhã. Meu dia tinha começado cedo, uma vez
que, fazia uma disciplina às sete. Penélope não se
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continuou:
— Minha alma dói quando penso que perdi
seu amor; que perdi sua amizade. E, eu estou
precisando tanto de você, anjinha. Tanto...
Meus olhos nublaram.
— Romeu, eu...
— Por favor, me abrace — implorou,
cortando minha tentativa de negar qualquer tipo de
intimidade com ele. — Não me negue isso, Eva.
Seguindo meu coração, eu respirei fundo,
abri os braços e Romeu me puxou para seu peito.
Ambos arquejamos com o contato, mas nada foi
dito. Fechei os olhos quando inspirei o cheiro dele.
Estava com tantas saudades.
Céus, eu o amava tanto!
Não era justo que nossa relação tivesse
chegado ao ponto que chegou. Merecíamos mais.
Merecíamos tudo.
Depois de alguns minutos, que pareceram
intermináveis, criei coragem e me afastei daqueles
braços que me apertavam com força exagerada.
Sem encará-lo, fui até a porta e a abri.
Passei os dedos abaixo dos olhos para limpar a
umidade das lágrimas.
— Precisa ir agora.
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∞∞∞
Não fazia nem vinte minutos que deixei a
sala de aula quando passei por um dos espaços
abertos do Campus e fui atingida por um copo
plástico de refrigerante.
— Ei! — Olhei para meu casaco sujo, e
depois me virei para trás. — Penélope? — Franzi a
testa ao me deparar com ela. — Por que fez isso?
Ela riu, debochada.
— Por quê? Não gostou?
Passei as mãos no meu casaco, indignada.
— É claro que não. Está louca?
Voltou a rir.
— Louca? É, talvez — gritou, alterada, e as
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∞∞∞
Eu estava me preparando para dormir
quando a porta do apartamento foi aberta. Penélope
se jogou na minha cama, sorrindo sapeca.
— Nosso showzinho de hoje cedo deu certo
— garantiu. — Andressa logo ficou sabendo sobre
a nossa briga e se aproximou de mim para entender
o que tinha acontecido.
— Não acredito! — Me sentei com rapidez.
— Que vadia.
— Uma vadia que a partir de agora se
tornará minha melhor amiga — disse ela,
maquiavélica e, eu ri. — Vamos descobrir o que ela
está escondendo, eu prometo.
Inspirei o ar profundamente.
A ideia de fingir uma discussão entre nós
tinha partido dela e, eu só aceitei porque estava
verdadeiramente desconfiada de que algo muito
errado estivesse acontecendo.
— Obrigada, Pê. — Puxei-a para um
abraço, sentindo-me agraciada por tê-la como
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amiga.
Estava tão sufocada, diante de toda a
bagunça que vinha acontecendo na minha vida, que
saber que podia contar com Penélope era
reconfortante. Eu não estava bem, e passei a me
sentir pior depois da conversa que tive com Romeu
mais cedo.
— Somos amigas e detesto injustiças. —
Afirmou ela, apertando-me.
Continuei abraçando-a, porque me sentia
inquieta demais para falar ou fazer qualquer outra
coisa.
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Trinta e um
Romeu
descobrir nada?
— Juro que quase a peguei pelos cabelos
um dia desses, mas me segurei, já que não sabemos
se ela está grávida mesmo.
Respirei fundo, brincando com meu copo de
café.
— Na verdade, estou evitando passar mais
tempo com ela do que o necessário, porque tenho
medo do que posso fazer. Não faço a menor ideia
de como ela conseguiu fazer aquelas trocas de
mensagens, provavelmente, foi quando pegou meu
celular e acabou causando aquele desentendimento
que tive com a Eva.
— Ela deve ter logado seu dispositivo de
mensagens em outro lugar e você nem percebeu. —
Afirmou Eduardo.
— Sim. Mas não adianta falar nada, porque
ninguém da minha família acredita em mim, salvo
minha tia Lea que se mostrou avessa às primeiras
informações. — Dei de ombros.
— E a Eva?
Meu coração doeu com a menção aquele
nome.
— Conversei com ela ontem— respondi. —
Mas estamos longe de estar bem.
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∞∞∞
Quando Andressa abriu a porta, sequer me
dignei a olhar em sua direção. Joguei a pequena
sacola com os remédios em suas mãos.
— Aí tem remédio para febre, enjôos e
todas essas merdas de gravidez.
— Merdas de gravidez? Está dizendo que
nosso bebê é uma merda, Romeu?
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∞∞∞
Estacionei o carro em frente ao Instituto
infantil de combate ao câncer, no mesmo momento
em que meu telefone começou a tocar. Pensei em
ignorar, mas resolvi atender quando vi que era o
número da minha tia Lea.
— Romeu?
— Oi, tia. Aconteceu alguma coisa? — quis
saber, estranhando sua ligação. — É o seu bebê?
Ela deu uma risadinha.
— Meu bebê está bem, não se preocupe,
querido. Meus cuidados estão sendo redobrados,
como sabe, por conta da minha idade, mas estamos
conseguindo enfrentar. Na verdade, não foi para
falar de mim que liguei, mas de outra coisa que
acabei percebendo aqui.
— Diga.
— Você sabia que todos os exames da
Andressa foram feitos na mesma clínica e fora de
Barcelona?
Franzi a testa.
— E o que tem isso?
— Não acha isso estranho?
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Trinta e dois
Eva
la.
Dei de ombros, suspirando.
— É, pode ser. Mas agora não consigo falar
com nenhum dos dois.
— Entendo. Deixe as coisas esfriarem.
— Estou deixando. — Mantive meus lábios
em linha reta.
— E você e o Romeu...
Cortei suas palavras:
— E como se chama esse lugar que você
está agora na África?
Ela riu um pouco por causa da minha
mudança brusca de assunto. Não tinha a menor
intenção de falar sobre o Romeu com ela.
— Ok, ok, entendi — murmurou e, em
seguida, virou a câmera para que eu pudesse ver a
linda paisagem. — Estou aqui há três dias e, é
simplesmente incrível, Eva, você precisa conhecer.
E nos próximos minutos, conversamos
sobre tudo, menos sobre Romeu, eu e toda a
complicação que vinha junto.
∞∞∞
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— Será?
— Por quê? Está com medo?
“Loucura pra mim é viver com medo, Eva.”
A voz de Cecílie veio a minha mente.
— Não. Eu vou — respondi, estufando o
peito. — Preciso ir a um lugar antes, mas ficarei
aguardando seu aval para começar a missão
detetive.
— É isso aí, garota.
Tocamos as mãos, rindo e, em seguida,
saímos.
Penélope seguiu por um caminho e, eu
segui por outro.
Eu sabia exatamente para onde ir, porque
meu coração gritava alto aos meus ouvidos.
Demorei um pouco, mas quando cheguei à
sala, a apresentação já estava em andamento.
Romeu defendia seu TCC com furor enquanto
alguns o assistiam, tão fascinados quanto eu. Meus
olhos provavelmente brilhavam, porque era
impossível não admirá-lo; era impossível esquecer
nossa história. Mesmo com tudo o que aconteceu, o
sentimento não se perdeu, pelo contrário. Estava
ali. Mais forte do que nunca.
Fiquei na porta por mais um tempinho até
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A porta do apartamento se abriu com
extrema facilidade. Observei o lugar com calma.
Não havia diferença entre nossos apartamentos,
mas o de Andressa era mais bagunçado.
Dei uma olhada minuciosa pela sala e pela
cozinha. Não sabia exatamente o que estava
procurando, mas meu instinto dizia que tinha
alguma coisa para encontrar.
Estalando os lábios, segui para o quarto e
repousei os olhos sobre o computador. Meu
coração acelerou.
Tentei acessar, mas o login estava seguro
por uma senha.
— Droga!
Insisti em mais algumas tentativas, mas
todas falharam.
Respirei fundo, pensativa, parando com as
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Olhei por cima dos ombros de Laura antes
de puxá-la porta adentro.
— Eu sabia que Romeu tinha ganhado na
loteria quando você aceitou ficar com ele, só não
sabia a proporção da sorte, garota. Invasão de
propriedade? É sério? — comentou, divertida. —
Sem dúvidas você é das minhas — disse, sacudindo
a cabeça. Seus olhos rastrearam o lugar como uma
águia. — Que tipo de crime nós cometeremos além
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da invasão, afinal?
Rolei os olhos, mas segurei-a pela mão e a
arrastei até o quarto.
— Há algumas semanas, minha amiga e eu
nos deparamos com Andressa numa situação
constrangedora.
— Como assim?
— Ela estava sendo coagida por um
homem, que depois descobrimos que era um
traficante.
— Descobriram? — Suas sobrancelhas
arquearam.
— Isso não vem ao caso agora —
desconversei. — Nós ficamos sabendo que
Andressa tem um irmão viciado em drogas e que
deve uma quantia absurda de dinheiro.
— Uau! Isso é meio surpreendente. Romeu
sabe?
Dei de ombros.
— Não sei.
Laura me analisou.
— Então o que estamos fazendo aqui
afinal? Porque Romeu meio que assumiu a nova
situação, considerando que você e, toda a família
acreditou na historinha daquela vadia.
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Suspirei.
— Na verdade, eu estou muito confusa,
Laura. Magoada também. Mas, honestamente? Eu
amo o Romeu e, acima de tudo, nós somos amigos.
Então se existe alguma possibilidade de essa garota
estar usando ele para se dar bem, eu preciso
descobrir — expliquei, assistindo um sorriso brotar
nos lábios dela. —Topa me ajudar?
— Garota, com você, eu topo tudo. —
Piscou ela, fazendo-me sorrir, embora minhas
bochechas houvessem ruborizado ao notar a
mensagem maliciosa pelas entrelinhas.
— Consegue acessar esse computador? —
Apontei. — Tem uma maldita senha. — Ela olhou
para o aparelho. — Sei que você e seu irmão são
feras em tecnologia.
Vi que seus lábios se distenderam num
sorriso arrogante.
— É, nós somos muito bons.
Dei risada da sua modéstia.
Ela começou a mexer na máquina e,
rapidamente, conseguiu acessar a área de trabalho.
Eu estava ansiosa e expectante.
— Olha só — disse ela, apontando para
algo na tela. — Esse é um programa de mensagens,
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— Deixa comigo.
Peguei meu celular e comecei a tirar várias
fotos também. Queria me garantir de todas as
formas.
— O que está pensando em fazer? — Laura
quis saber, curiosa.
— Vou desmascará-la, é claro.
Nesse momento, meu telefone começou a
vibrar na minha mão com uma chamada da minha
mãe. Dessa vez, eu atendi:
— Oh, filha, que bom que atendeu —
choramingou. — Vamos conversar?
— Tenho algo a dizer — decretei, sentindo
cada parte do meu ser se contorcendo pela culpa de
não ter acreditado no Romeu
— Pode falar, meu amor.
— Não assim — expliquei. — Quero toda a
família reunida, inclusive a Andressa e o Romeu.
— Por que isso, Eva? O que está tramando,
filha?
— A senhora verá — respondi, enigmática.
— Por favor, mãe, faça isso por mim.
— Está bem, eu faço.
— Obrigada.
Ficamos em silêncio. Eu estava magoada e,
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Trinta e três
Eva
continuava ali.
Esmagando.
Pressionando.
Fazendo-me refém.
— Vai dar tudo certo, Romeu. — Laura
sussurrou no ouvido dele quando se abraçaram. —
Apenas desfrute do show. — Piscou.
Aproveitei a oportunidade e caminhei pela
sala. Pedi ajuda para a governanta e conectei o
pendrive no receptor ligado a televisão e deixei o
arquivo pausado até que todos estivessem
prestando atenção em mim.
— Gostaria de continuar aguardando a tia
Lea, juntamente com o tio Hugo, mas na verdade,
eu já esperei demais. Ou melhor, Romeu e eu já
esperamos demais.
— Eva...
Cortei minha mãe:
— Por favor, não me interrompa. — Ela
assentiu, apesar de contrariada. Respirei fundo e
prossegui: — Há um tempo, eu procurei Romeu,
porque queria que ele me ensinasse a transar —
confessei a verdade, e o alvoroço começou, mas
não permiti que isso me desestimulasse, então
continuei, calando o falatório. — Eu estava cansada
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isso e...
Interrompi as palavras da minha tia Luna.
— Não! Vocês conversaram! — Apontei,
indignada. — Vocês acusaram. Vocês apontaram
os dedos.
— Eva... — Romeu segurou minha mão,
olhando-me com amor. — Está tudo bem, anjinha.
— Não. Não está tudo bem — rosnei. —
Essa garota é uma farsante.
— Sinto muito que minha gravidez tenha se
tornado um empecilho — choramingou ela, fingida.
— Gravidez? — perguntei, clicando no
botão do play e indicando a tela da TV. — Essa
onde você está comentando que vai precisar forjar
exames?
— O que é isso? — Tio David comentou,
semicerrando os olhos para ler o que estava na
televisão, assim como o restante da família.
— Isso, tio, é a prova do julgamento
errôneo de vocês ao único filho. — Fui passando as
imagens, onde continha as mensagens. — Semanas
atrás, Andressa pegou o celular do Romeu quando
o mesmo deu uma carona pra ela e, nessa
oportunidade, ela conseguiu logar a conta de
mensagens dele no computador pessoal dela e, ele
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Trinta e quatro
Romeu
divertida.
Foi minha vez de rir.
— Está certo — murmurei entre risos. — E
quando será a sua apresentação?
— Daqui um mês — respondeu. — Por
quê? Está com ideia de me contratar como sua
assistente?
Voltei a rir.
— Não tenho mais certeza de nada, Eva —
falei, sentindo-me leve depois de muito tempo. —
Deixei Laura e Edu livres para seguirem com o
projeto, sozinhos, então agora só sei que sou um
ex-CEO, aliás, eu nem mesmo cheguei a ser um —
brinquei.
— Aposto que eles não pretendem abrir
mão de você na equipe deles — disse ela,
orgulhosa. — Então seu lugar está garantido. —
Piscou. — Não pense que vou querer namorar um
desempregado.
Joguei a cabeça para trás, rindo com
liberdade.
—Então estamos juntos? — perguntei assim
que me recompus. Inclinei-me sobre a mesa,
querendo chegar o mais perto possível.
— Depende — disse, mordendo os lábios
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Trinta e cinco
Eva
∞∞∞
Quando retornamos a casa dos meus pais já
era de manhã, considerando que passamos a noite
no hotel.
Meus pais, meus tios, Penélope e os gêmeos
estavam conversando na sala quando chegamos.
— Ah, os fugitivos chegaram. — Penélope
comentou num tom de zombaria.
Nossos pais se levantaram e ambos nos
puxaram para um abraço apertado. Havia tanta
sinceridade naquele gesto que toda a minha
tentativa de manter aquela postura dura foi por
água abaixo e, no fim, acabei me desmanchando
nos braços deles.
— Antes de qualquer coisa, nós queremos
pedir perdão a vocês dois — ditou minha mãe, num
choro engasgado.
— Erramos quando, inconscientemente,
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Epílogo
Eva
Um mês e meio depois
∞∞∞
Quatro meses depois
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Em breve...
PROTETOR — Livro 1 —
LINHAGEM GONZÁLEZ
Lorenzo
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Agradecimentos
Primeiramente a Deus, por cuidar dos meus
passos a todo o instante. Sou grata pelo meu
marido, que me dá total atenção para que meus
personagens possam sair da minha mente. Um
agradecimento especial a autora Silmara Izidoro,
que foi fundamental na criação da série González:
Adoro você, amiga!
Enfim, obrigada a você que chegou até aqui,
seguindo a série ou pulando livros hahaha. Sou
muito feliz e honrada por cada um que me
acompanha e dá oportunidade aos meus livros.
Um beijo estalado♥
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(SÉRIE CAFAJESTE)
Um Cafajeste em Apuros — 1
Um Cafajeste no meu pé — 2
Trilogia Pecaminoso
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
(CONTOS)
Identidade G.
Ela não pode saber — As aventuras de um
noivo atrapalhado.
(HISTÓRIAS ÚNICAS)
A Luz dos teus olhos .
Outra vez em seus braços.
11 homens e uma mulher.
Insolente.
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS
PERIGOSAS ACHERON