SUS - Natália Murad
SUS - Natália Murad
SUS - Natália Murad
CURSO DE MEDICINA
FELIPE ALBARELLI
LUIS CARLOS CORRÊA DUARTE FILHO
MARCOS DAVI
MARIA CAROLINA OLIVEIRA SILVA
MARIA VITORIA RODRIGUES PASSARINHO
NATALIA MURAD SCHMITT
PRISCILA ANNE MONTEIRO GUIMARÃES
RODRIGO DA SILVA PLÁCIDO
VANESSA GOEDEL
WILLIAM HAFEMANN CASTRO
IMPERATRIZ - MA
2017
FELIPE ALBARELLI
LUIS CARLOS CORRÊA DUARTE FILHO
MARCOS DAVI
MARIA CAROLINA OLIVEIRA SILVA
MARIA VITORIA RODRIGUES PASSARINHO
NATALIA MURAD SCHMITT
PRISCILA ANNE MONTEIRO GUIMARÃES
RODRIGO DA SILVA PLÁCIDO
VANESSA GOEDEL
WILLIAM HAFEMANN CASTRO
IMPERATRIZ - MA
2017
“Deficiente é quem não consegue modificar sua vida
aceitando as imposições de outras pessoas ou da
sociedade em que vive sem ter consciência de que é
dono do seu destino”.
GHANDI
SUMARIO
1. INTRODUÇÃO
2. POLITICAS PUBLICAS DE SAUDE NO BRASIL
2.1. HISTORIA
2.1.1. Do descobrimento do Brasil até a chegada da família real
2.1.2. Da proclamação da república até 1930
2.1.3. A era Vargas
2.1.4. Do final da ditadura Vargas até o golpe militar
2.1.5. Do golpe militar à VIII Conferencia Nacional de Saúde
3. O SUS: ORGANIZAÇÃO, LEIS E EVOLUÇÃO
3.1. GENERALIDADES
3.2. O QUE É UM SISTEMA?
3.3. OS PRINCIPIOS
3.4. AS DIRETRIZES
3.4.1. Descentralização/Regionalização
3.4.2. Participação Popular
3.4.3. Hierarquização dos Serviços
3.5. A LEGISLAÇÃO
3.6. FINANCIAMENTO DO SUS
3.7. OS PACTOS PELA SAUDE
3.8. OS DESAFIOS
4. A ATENÇÃO BASICA NO BRASIL
4.1. A ATENÇÃO BASICA (AB) EM SAÚDE
4.1.1. Os Serviços da AB
4.2. A POLITICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB)
4.3. A ESTRATEGIA DE SAUDE DA FAMILIA (ESF)
4.3.1. Atribuições das Equipe
4.3.2. O território
4.3.3. O diagnóstico de saúde
5. O PROCESSO SAUDE-DOENÇA
5.1. FATORES DETERMINANTES E CONDICIONANTES DO PROCESSO SAUDE-DOENÇA
5.2. FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO
5.3. FATORES COMUNS
5.3.1. Obesidade
5.3.2. Sedentarismo
5.3.3. Alimentação Inadequada
5.3.4. Tabagismo
5.3.5. Uso de Álcool
5.3.6. Estresse
5.4. POLITICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAUDE (PNPS)
6. CONSIDERAÇOES FINAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
RESUMO
Neste relatório é abordado que o Brasil teve suas políticas de saúde diretamente influenciadas pelos
eventos históricos e econômicos de cada época, onde a saúde coletiva e a individual não eram um
problema tratado pelo Estado. Sua evolução ocorreu de forma lenta e apenas em 1988 a saúde teve
o status de direito reconhecido pela constituição, e o atendimento foi universalizado, o que garantiu
uma nova estrutura, com o Sistema Único de Saúde (SUS) criado pela Lei no 8.080, de 1990. Os
princípios que regem o sistema são três: a universalização, a equidade e a integralidade, e que, para
que esses princípios sejam colocados em prática, são necessárias as diretrizes: participação popular,
descentralização/regionalização e hierarquização. O relatório compreende o SUS de forma geral,
assim como os fatores determinantes sobre como as características psicossociais e a inserção do
indivíduo e da coletividade na sociedade aumentam sua suscetibilidade ao adoecimento.
In this report it is approached that Brazil had its health policies directly influenced by the historical and
economic events of each era, where collective and individual health were not a problem treated by
the State. Its evolution occurred slowly and only in 1988 did health have the right status recognized
by the constitution, and the service was universalized, which guaranteed a new structure, with the
Unified Health System (SUS) created by Law No. 8,080, of 1990. The principles that govern the system
are three: universalization, equity and wholeness, and that, for these principles to be put into practice,
the guidelines are required: popular participation, decentralization / regionalization, and hierarchy.
The report comprehends SUS in a general way, as well as the determining factors as to how the
psychosocial characteristics and the insertion of the individual and of the society in the society increase
their susceptibility to illness.
2.1. HISTORIA
Após a descoberta do Brasil, o país foi colônia de exploração por um longo período, não
havendo interesse de Portugal em investir em infraestrutura para melhoria das condições de
vida de quem vivia aqui, como diz vários autores, entre eles, SOARES (2016) que também
afirma que a população era composta majoritariamente por indígenas, escravos, senhores,
muitas vezes nobres e aventureiros portugueses e poucos colonos degredados ou fugidos de
Portugal e do restante da Europa. Como a economia estava pautada no extrativismo, bastava
haver portos com estrutura mínima para o escoamento da matéria-prima explorada.
O perfil de adoecimento era marcado pela presença de doenças transmissíveis, tanto
as doenças originais do país quanto as importadas. São exemplos a malária, introduzida em
1549, a varíola, em 1561, a febre amarela e a hanseníase, por volta de 1680. Todas essas
doenças foram trazidas pelos colonizadores, pelos aventureiros e pelo comércio de escravos.
A assistência à saúde não existia. Segundo SOLHA (2014), “quem tinha dinheiro ia à
Europa ou trazia médicos de lá para se tratar, quem não tinha procurava a medicina popular,
a fim de cuidar do espírito e fazer uso de ervas”. As Santas Casas de Misericórdia ainda não
possuíam caráter de hospital propriamente dito, eram voltadas para abrigar pobres e doentes
mentais, sem um cuidado apropriado. A primeira Santa Casa do Brasil foi inaugurada em 1543,
em Santos, São Paulo.
Após a leitura de SOLHA (2014), percebe-se que a situação da saúde no país passou a
mudar por volta do séc. XVIII, quando houve um maior afluxo de médicos e nobres portugueses
para cá e as cidades começaram a aumentar. A grande preocupação nas cidades era com o
lixo, que se acumulava nas vias públicas. Por isso foram criados órgãos que cuidavam da
limpeza e da higiene das cidades, mas nada era feito ainda em relação à saúde das pessoas.
Apenas com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, houve um início
de preocupação com a saúde das pessoas nas cidades.
Grandes epidemias assolavam o Brasil, como febre amarela, varíola, peste, entre
outras, diz SOARES (2016), o qual ameaçavam a economia, tendo em vista que ela estava
calcada na exportação de café e outros produtos nacionais, os quais deviam ser escoados por
via marítima. Mas como escoar a produção se os navios estrangeiros se negavam a parar em
nossos portos, com medo de as doenças epidêmicas matarem as tripulações?
Entre as medidas tomadas, estavam a vacinação obrigatória contra a varíola, o controle
dos ratos e dos locais de procriação de mosquitos. A fim de controlar as doenças, no Rio de
Janeiro e em São Paulo, foi estabelecida a polícia sanitária, composta por agentes de polícia
que acompanhavam os agentes de saúde na aplicação das medidas saneadoras, a fim de coibir
manifestações e reações contrárias da população e garantir seu cumprimento.
No Rio de Janeiro, após a leitura de SOLHA (2014), pode-se afirmar que os cortiços e as
casas do centro da cidade foram derrubados de forma violenta, deixando a população sem
abrigo (muitas pessoas foram para os morros, dando início ao nascimento das favelas cariocas).
Doentes de hanseníase eram levados para os sanatórios e proibidos de conviver com seus
familiares. Pessoas eram vacinadas à força contra varíola. Essas decisões tomadas de forma
arbitrária e violenta, provocaram uma forte reação da população carioca, e, sob liderança de
militares opositores do governo, estourou a chamada Revolta da Vacina em 1904, a qual foi
fortemente reprimida e teve seu fim em menos de 48 horas.
Oswaldo Cruz, segundo SOARES (2016), alcançou seu objetivo no Rio de Janeiro, que
era sanear a cidade e controlar as epidemias. Mesmo com toda a controvérsia sobre a forma
como tudo estava sendo feito, em poucos anos ele foi reconhecido como figura importante
para a saúde brasileira.
Enquanto isso, após a leitura do mesmo, a saúde individual permanecia parecida com
a do Brasil colônia: médico para quem podia pagar e curandeiros e Santas Casas para os pobres.
Com a chegada dos imigrantes, houve uma discreta mudança. Muitos eram trabalhadores que
atuavam politicamente em seus países, com ideias sobre a importância de sua união para
garantir direitos básicos, como acesso à moradia e à saúde.
SOLHA (2014) diz que, a partir de 1920 “médicos sanitaristas começaram a discutir, no
país, ideias trazidas dos Estados Unidos e da Europa sobre um sistema de saúde que
funcionasse a partir dos centros de saúde, locais onde se realizava primordialmente assistência
às gestantes e às crianças”.
Em 1923 foi promulgada a Lei Elói Chaves, que determinava a criação das Caixas de
Aposentadoria e Pensão (CAP), uma derivação dos fundos mútuos. A lei inovou ao determinar
que o empregador também contribuísse com uma porcentagem para a formação do fundo
comum. Essa lei é considerada o embrião da Previdência Social no país.
Em 1975, segundo SOARES (2016), foi criado o Sistema Nacional de Saúde, pela Lei no
6.229, de 17 de julho, a qual apenas reforçou o que já estava em vigor: a previdência social
continuava responsável pela assistência médica individual e curativa, enquanto o Ministério da
Saúde e as secretarias estaduais e municipais se responsabilizavam pelos cuidados preventivos.
Nesse período do país, as discussões sobre a reforma sanitária, serviu de base para a
mudança no modelo de saúde brasileiro. As tentativas de se emplacar um modelo de atenção
organizado a partir da participação comunitária, com regionalização dos serviços existentes,
integração do sistema público-privado e atenção primária como porta de entrada no sistema,
mas somente em 1986, na VIII Conferência Nacional de Saúde, essa proposta foi aceita, afirma
BERTOLOZZI (1996).
3.1. GENERALIDADES
Não existe um elemento principal, eles são inter-relacionados e nenhum deles pode
existir sem o outro, SOLHA (2014), define esses como:
É importante ressaltar, após a leitura de SOLHA (2014), que o sistema de saúde privado,
com todos seus convênios (e estes com seus hospitais, ambulatórios etc.), também faz parte
do SUS e é chamado de sistema suplementar. Esse sistema é regulado pela Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS), órgão ligado ao Ministério da Saúde.
3.3. OS PRINCIPIOS
Equidade: esse valor é baseado na justiça social “dar mais a quem pode menos”. Todos
possuem direito, mas nem todos têm as mesmas condições para acessar esse direito,
então, o Estado deve prover as condições para que as pessoas sejam tratadas de forma
justa, ou seja, que cada um seja tratado conforme sua necessidade.
Integralidade: a assistência deve ser fornecida visando atender todas as necessidades
da população, atuando na prevenção, na cura e na reabilitação dos problemas de saúde
e também sobre os determinantes de saúde.
A partir desses princípios, SOLHA (2014), fala sobre alguns questionamentos que são
levantados por muitos brasileiros todos os dias, são eles:
a. Se o SUS é universal, quem nunca vai a hospitais públicos ou UBS está usando o
sistema?
Sim, pois o SUS não se limita à assistência, ele é responsável por diversos serviços, como
a vigilância sanitária. Por exemplo: nenhum medicamento é aprovado para consumo
humano sem a avaliação e a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
Sim, todos os estrangeiros residentes ou viajantes podem ser atendidos pelos serviços
do SUS, pois os residentes pagam os mesmos impostos que todos os brasileiros.
Não, pois já́ pagamos impostos, e muitos dos problemas estão relacionados não apenas
ao subfinanciamento, mas à organização e à administração do sistema.
d. Por que as pessoas acham que o SUS é um sistema de saúde para pobres?
Por desconhecimento. É claro que muitos dos serviços de saúde estão em regiões
desfavorecidas, mas você se lembra do princípio da equidade? Aproximar os serviços
das populações mais pobres obedece a esse valor, já que elas não podem competir em
situação de igualdade, pois têm deficiências em muitas partes de sua vida: no trabalho,
no salário, no transporte, na educação, e precisam de apoio para alcançar melhor nível
de vida.
Os questionamentos sobre o SUS sempre existirão, e eles são importantes, pois ajudam
a avaliar o funcionamento desse sistema e a esclarecer como e por que as coisas funcionam.
3.4. AS DIRETRIZES
3.4.1. DESCENTRALIZAÇÃO/REGIONALIZAÇÃO
Essa participação também é uma exigência para que ocorra o repasse de verbas aos
municípios, pois o plano de saúde de cada município deve ser aprovado em conjunto pela
Secretaria Municipal de Saúde e o Conselho Municipal de Saúde.
Para que todas essas diretrizes funcionem, é preciso haver uma regulamentação e
dinheiro.
A Lei no 8.080, de 19 de dezembro de 1990, criou o SUS, sendo regulamentada pelo
Decreto no 7.508, de 28 de junho de 2011. A Lei no 8.080 estabelece diretrizes para a gestão
do sistema nas três esferas de gestão: federal, estadual e municipal, também dá ênfase à
descentralização político-administrativa e determina como competência do SUS a definição de
critérios de avaliação/ implantação, de valores e da qualidade dos serviços.
Segundo SOLHA (2014), os recursos são provenientes dos impostos pagos pela
população, de forma direta (como o IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores, pago direto ao Estado, e como o ISS – Imposto sobre Serviços, pago direto ao
município) e indiretamente (por exemplo, quando se compra um produto, paga-se parte do
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias). Outra fonte de recursos provém das
contribuições sociais de empregadores e empregados (Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço – FGTS).
A lei no 8.142/90 determina claramente que os recursos financeiros federais devem ser
repassados diretamente da União para os estados e municípios.
A quantidade de recursos alocados no setor saúde, segundo SOLHA (2014), sempre
gerou discussões e insatisfações entre gestores, usuários e políticos, uma vez que não havia
definições claras sobre o percentual da receita orçamentária que cada ente federativo deveria
investir para financiar as ações e os serviços de saúde.
Após a leitura do autor, pode-se dizer que uma tentativa de sanar essa dificuldade foi a
promulgação da Emenda Constitucional (EC) 29. Promulgada em 2000, o qual trouxe como
impacto positivo a determinação dos percentuais mínimos de investimento em saúde pelos
estados e municípios, mas deixou em aberto a questão do financiamento pela União, ainda em
discussão pelos movimentos sociais representados no Conselho Nacional de Saúde e Senado.
Contudo, ainda existem muitas dificuldades no cumprimento da resolução.
Os pactos pela saúde e pela gestão do SUS são compromissos públicos, assinados pelos
gestores, que visam à qualificação da gestão e à melhoria da eficácia das ações de saúde.
Foram consideradas como ações prioritárias, segundo MACHADO et al. (2009): o compromisso
com o SUS e seus princípios, o fortalecimento da atenção primária, a valorização da saúde, a
articulação intersetorial, o fortalecimento do papel dos estados, a luta pela regulamentação
da Emenda Constitucional no 29 (que regulamenta os recursos mínimos para o financiamento
das ações e dos serviços públicos de saúde).
O autor ainda afirma que o pacto pela vida tem como prioridades: “a saúde do idoso, o
controle do câncer de colo de útero e mama, o fortalecimento da atenção básica; a redução
da mortalidade infantil e materna, o fortalecimento da capacidade de respostas às doenças
emergentes e endemias, com ênfase em dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza
e a promoção da saúde”.
3.8. OS DESAFIOS
Os desafios para o SUS melhorar são muitos, segundo SOLHA (2014), e só podem ser
resolvidos com vontade política e pressão da população. São necessárias diversas mudanças,
como por exemplo:
Melhora do financiamento, com maiores investimentos por parte das três esferas de
governo;
Melhor organização do sistema, com mais informações para que a população
compreenda os fluxos entre os serviços e o papel de cada um;
Organização dos serviços em RAS (Redes de Atenção à Saúde);
Redução das desigualdades regionais, pois estados mais ricos possuem serviços em
maior quantidade e mais bem distribuídos.
O SUS, a partir da leitura de SOLHA (2014), está em constante mudança e é reconhecido
mundialmente pelos vários avanços que logrou, como a redução da mortalidade infantil e
materna, um programa de imunizações que é referência internacional, e outro voltado para o
controle de tabaco, com resultados importantes em 20 anos, um dos poucos países a oferecer
tratamento gratuito e acompanhamento para portadores de HIV/Aids, entre outras
conquistas. Além disso, mais de 70% da população utilizam os serviços do SUS de forma direta,
e 90% dessas pessoas avaliam o atendimento como bom ou ótimo.
O autor aina afirma que “os profissionais de saúde têm uma responsabilidade grande
perante à população e ao SUS, com o intuito de fortalecer o sistema”.
Ao ler essa definição, pode-se perceber, após a leitura de SOLHA (2014), que a AB
reforça os princípios e as diretrizes do SUS e que, a partir daí, passa a ter papel central no sistema,
pois seus serviços devem ser a porta de entrada para a rede e a referência principal para o
usuário, além de ser a coordenadora do cuidado, isto é, a responsável por orientar e acompanhar
o usuário em sua trajetória na rede, sendo o elo entre todos.
4.1.1. OS SERVIÇOS DA AB
Os serviços de saúde que formam a AB são as Unidades Básicas de Saúde (UBS), tanto
do modelo tradicional quanto de saúde da família, segundo o MINISTERIO DA SAUDE (2005), são
as equipes de AB para a população de rua (consultórios na rua), UBS Fluviais e ESF para as
populações ribeirinhas. Os serviços de atenção domiciliar também fazem parte das estratégias
de atenção da AB.
Imunização;
Cuidados de enfermagem (curativos, aferição de pressão arterial e glicemia, coleta de
exames laboratoriais, dispensação e administração de medicamentos);
Ações locais de vigilância epidemiológica (incluindo visitas domiciliares);
Grupos educativos;
Atendimentos individuais/compartilhados de vários profissionais: médicos, enfermeiros,
assistentes sociais, psicólogos, entre outros.
Essas UBS, após a leitura do MINISTERIO DA SAUDE (2005), podem realizar suas ações
intra e extramuros, quer dizer, dentro dos limites da unidade ou na comunidade. Um exemplo
disso são as campanhas de vacinação: a unidade é a referência principal para a vacinação e
postos volantes podem ser montados em outros locais da comunidade.
As UBS devem ter uma estrutura física mínima para os atendimentos. Segundo
MINISTERIO DA SAUDE (2005), sua construção precisa estar de acordo com as regras
preconizadas pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
obedecer às regras de sinalização, de ambiência (ambiente confortável e acolhedor) e de
controle de infecções.
Essa portaria inova a organização do SUS, pois segundo SOLHA (2014), coloca a AB como
nível central dentro do sistema, com diversas responsabilidades, entre elas, coordenar a
integralidade da assistência por meio de articulação das ações curativas, de promoção à saúde
e de prevenção de doenças/agravos. Os serviços ainda estão em processo de estruturação, e a
discussão sobre a articulação entre eles também acontece em outros níveis de atenção. Essa
articulação deve acontecer por meio de uma comunicação eficiente (um dos principais desafios
do SUS hoje), usando como estratégias as reuniões com representantes de todos os níveis de
atenção, conferências, fóruns, os meios de comunicação informatizados e diversas outras
ferramentas.
Como exemplo, vamos usar a Rede de Atenção à Saúde Materna, também chamada de
Rede Cegonha, primeira rede desenvolvida e implementada pelo governo federal junto aos
municípios. SOLHA (2014), diz que “foi desenvolvida com o objetivo de reduzir a mortalidade
materna e neonatal (primeiros 28 dias de vida da criança, período em que ela corre o maior risco
de morrer) ”.
Essa rede é complexa e prevê a participação de diversos serviços para atender a mulher
e seu filho, antes, durante e após a gestação. Na imagem 03, pode-se ver quais são os serviços
básicos e as relações entre eles.
Perceba que cada serviço possui um cuidado específico para a mulher e a criança,
dependendo da necessidade, mas que tudo se concentra na UBS, que será sempre o serviço de
referência, uma vez que o usuário será constante responsabilidade da AB. Todos os serviços,
segundo SOLHA (2014), relacionam-se, mas quem deve coordenar o “caminhar” da mulher pela
rede é a UBS (por isso as setas escuras e o destaque da UBS).
A partir de 2012, após a leitura do autor, percebe-se que o programa se tornou uma
estratégia e, assim, garantiu a continuidade do trabalho, pois, como programa, ele poderia ser
interrompido a qualquer momento. Pretendeu-se com isso expandir as equipes de Saúde da
Família (eSF), que possuem uma capacidade maior de penetração na comunidade, e
compreender os determinantes de saúde com maior profundidade, a fim de atuar sobre eles,
tanto atendendo às necessidades quanto auxiliando o desenvolvimento/a ampliação das
habilidades da comunidade para lidar com os problemas de forma autônoma.
4.3.2. O TERRITÓRIO
Definir o território de atuação é a primeira atribuição das eSF. Sem definir onde as ações
irão acontecer, fica difícil realizar um planejamento, pois as eSF não terão como levantar os
dados necessários para avaliar as necessidades de saúde da população.
E por fim, essa delimitação deve obedecer ao número máximo de famílias a serem
atendidas pelas equipes, que são no máximo 1.000 famílias ou 4.500 pessoas.
Ao se implantar uma nova unidade de saúde, é essencial, segundo SOLHA (2014), que
a população participe do processo de definição do território, pois ela tem uma visão sobre a
dinâmica da comunidade que pode enriquecer as discussões e o vínculo entre a comunidade e a
unidade.
Após a definição do território, SOLHA (2014) diz que a equipe deve conhecer os
problemas de saúde da região e a estrutura que existe nela, a fim de fazer seu plano de ação. O
diagnóstico de saúde é formado por dados levantados de várias fontes: profissionais da equipe,
moradores, conselho gestor, observação do território, dados governamentais e do Sistema de
Informação da Atenção Básica (SIAB).
O SIAB, segundo o MINISTERIO DA SAUDE (2005), é a ferramenta das ESF para conhecer
o perfil epidemiológico de sua área de abrangência: quantas pessoas moram na região, faixa
etária, sexo, algumas doenças referidas - doenças referidas pelas pessoas, mas sem
comprovação diagnóstica (como pressão alta, diabetes, doença de chagas, alcoolismo,
deficiências) - se existem gestantes, internações, óbitos e outras informações.
5. PROCESSO SAUDE-DOENÇA
Após a leitura de SOLHA (2014), pode-se dizer o conceito de risco é largamente utilizado
em saúde. A partir dele, são definidas várias ações voltadas para a redução de riscos, prevenindo
assim o adoecimento ou agravos de saúde. Mas o que é risco? O risco pode ser definido como
uma probabilidade de um evento ocorrer, sendo desfavorável à saúde na maioria das vezes.
A noção de risco também está ligada à relação causa-efeito: em geral, se existe causa,
existe efeito, um não acontece sem ou outro. Em muitas situações de saúde, os fatores
envolvidos são tantos que não é possível definir qual deles influenciou diretamente o evento.
Não se pode esquecer que o processo saúde-doença é complexo, com vários fatores
determinantes e condicionantes interagindo ao mesmo tempo.
A partir desse momento, ainda comentando sobre a leitura de SOLHA (2014),
epidemiologistas e pesquisadores começaram a formular o conceito de vulnerabilidade, pois o
conceito de risco sozinho podia ser usado de forma inadequada, responsabilizando apenas o
indivíduo doente pela sua condição, sem considerar a variedade e a complexidade dos
determinantes de saúde envolvidos no processo.
5.3.1. OBESIDADE
A obesidade, segundo SOLHA (2014), é considerada uma doença multifatorial (isto é,
desenvolve-se por causas múltiplas: biológicas e psicossociais). Quanto maior o excesso de
peso, maior o risco. Quando o excesso de peso é combinado a outros fatores de risco, a
probalidade de adoecimento aumenta.
5.3.2. SEDENTARISMO
O sedentarismo traz consequências para a saúde, SOLHA (2014), afirma que aumenta
o risco de doenças cardiovasculares, osteomusculares (que afetam os ossos, articulações e
músculos), endócrinas (diabetes), entre outras.
Após a leitura do autor, constata-se que a prática de atividade física contribui para a
melhoria da capacidade cardiovascular e da resistência física, alivia e evita dores (principalmente
as musculares, muitas vezes causadas pelo desuso do corpo), auxilia na manutenção da pressão
arterial e no controle de doenças como a diabetes, aumenta a densidade dos ossos, tornando-
os mais fortes, libera substâncias no cérebro (como as endorfinas) que proporcionam sensação
de bem-estar.
5.3.4. TABAGISMO
5.3.6. ESTRESSE
O estresse, segundo SOLHA (2014), pode ser definido como uma reação a situações que
produzem uma sensação de inquietude e ansiedade. As causas podem ser internas (padrões
de reações emocionais da pessoa) ou externas (situações que o indivíduo não pode controlar,
como brigas, violência). A pessoa com estresse crônico pode apresentar insônia, irritabilidade,
dores musculares, fadiga, e até chegar a um quadro de exaustão mental e física.
O estresse, após a leitura do autor, é componente ativo em várias doenças e agravos,
desde os transtornos mentais, como ansiedade e depressão, até o infarto agudo de miocárdio,
pois altera bioquimicamente o organismo ao aumentar a liberação de substâncias como a
adrenalina, que mantém o corpo em estado de alerta contínuo. A fim de enfrentar o estresse,
indica-se uma alimentação saudável, a prática de exercícios físicos, lazer e exercícios de
relaxamento.
Esses são os pontos de atuação da PNPS, segundo PELLEGRINI FILHO (2011), eles não
tratam, de forma direta, dos fatores de risco e de como atuar “clinicamente” e de modo
individual sobre esses fatores. As ações são voltadas para os determinantes de saúde, pois, ao
atuar de forma ampla, melhora-se a qualidade de vida da população e os resultados serão
gerais, o que provoca mudanças em todas as camadas da sociedade e atinge a coletividade,
chegando até os indivíduos.
Entre as ações definidas pela portaria, BRASIL (2012), ainda fala sobre o Programa
Saúde na Escola (PSE), que merece destaque. Esse programa tem entre seus objetivos educar
as crianças para que elas cuidem da própria saúde e, assim, influenciem a família e a
comunidade. Uma das estratégias é a integração das escolas com os serviços de saúde da
Atenção Básica (AB), oportunidade para os profissionais de saúde e os educadores trabalharem
em conjunto, planejando e executando ações voltadas aos temas de saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O SUS foi criado como resultado da VIII Conferência Nacional de Saúde, e que seu marco
legislatório é a Lei Orgânica de Saúde, que engloba as Leis no 8.080/90 e 8.142/90. Os
princípios que regem o sistema são três: a universalização, a equidade e a integralidade, e que,
para que esses princípios sejam colocados em prática, são necessárias as diretrizes:
participação popular, descentralização/regionalização e hierarquização. Além disso, os pactos
pela saúde e em defesa do SUS visam à melhoria da gestão do sistema e possuem metas que
são consideradas prioritárias para o cuidado de saúde das populações.
Os fatores de risco apresentados na relação saúde-doença, estão intimamente ligados
aos determinantes sociais da saúde. Sendo assim, não é possível enfrentá-los apenas de forma
individual. É claro que as pessoas são responsáveis pela própria saúde, mas a constante
interação com o meio social, e as mudanças nesse meio impactam na qualidade de vida.
Todos os profissionais de saúde devem estar preparados para educar as pessoas sobre
os fatores de risco e da importância da adoção de hábitos saudáveis.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. 3. ed. Brasília: Ministério
da Saúde, 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_
promocao_saude_3ed.pdf>. Acesso em: 20/05/2017.
LUNA, Francisco Vidal. História econômica e social do Brasil: o Brasil desde a república. Saraiva:
São Paulo, 2016.
SOARES, Rodrigo Goyena. História do Brasil I: o tempo das monarquias. Saraiva: São Paulo, 2016.
SOLHA, Raphaela Karla de Toledo. Saúde coletiva para iniciantes: políticas e práticas
profissionais. Editora Érica: São Paulo, 2014.
SOLHA, Raphaela Karla de Toledo. Sistema Único de Saúde: componentes, diretrizes e políticas
públicas. Editora Érica: São Paulo, 2014.