Especiação Do Cromo
Especiação Do Cromo
Especiação Do Cromo
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Rio Grande/RS-Brasil
2009
1
Por
Rio Grande/RS-Brasil
2009
2
Elaborada por
Aline Rocha Borges
Comissão Examinadora
AGRADECIMENTOS
À toda minha família, especialmente aos meus pais, agradeço por todo apoio e amor
incondicional em todos os momentos.
Aos professores Luis Felipe Hax Niencheski, Maria Goreti Rodrigues Vale e Ednei
Gilberto Primel por terem aceitado participar desta banca.
Ao Professor Luis Felipe Hax Niencheski pelas valiosas sugestões neste trabalho.
Aos meninos da Iniciação Científica que tanto me ajudaram e que também fizeram
parte desse trabalho: Bruno Nogueira, Guilherme Pêgas, Vitor Zizemer e Oda Shamah. Muito
Obrigada!
Àqueles que se tornaram meus grandes amigos: Meibel, Carlos e Fabíula. Dividi com
vocês horas de trabalho, alegrias e muitas.... muitas conversas. Vocês estarão sempre em meu
coração. Sei que a nossa amizade é verdadeira e para as amizades verdadeiras o tempo nunca
passa e as distâncias não existem.
Ao meu namorado Bruno, por ser a pessoa que mais me incentivou a seguir a diante.
Obrigada por toda paciência, amizade e amor. Hoje, quero te agradecer, porque você fez, faz
e fará sempre parte de minha história!
Agradeço a Deus por mais uma conquista em minha vida. Entender a vontade de Deus,
nem sempre é fácil, mas crer que Ele tem um plano para nossa vida, faz a caminhada sempre
valer a pena!!
4
RESUMO
ABSTRACT
The presence of metals in the environment is associated with the natural or anthropogenic
source. The increase in concentration of these elements may result in an ecosystem
unbalanced becoming a potential risk for the environment. The chromium, studied in this
assignment, has its effects related to its concentration and the redox state, since its trivalent
state is considered essential, whereas its hexavalente state is considered extremely toxic.
Thus, the aim of this assignment is to carry out the chemical speciation of chromium after the
analytical method has been revalidatidated, comprising linear strip of assignment, limits of
detection and quantification, accuracy and precision. This study is essential for baths the
environmental and the sanitary matter, since the speciation was carried out in five points of
the estuary of the Patos Lagoon - two in the Port Zone and tree at “Saco da Mangueira”
(March to September 2008), and also in the local Water Treatment Station (January to
September 2008). Cathodic stripping voltammetry was used to determine the following
fractions: active Cr (III), Cr (VI) and non-active Cr (III). The fraction of Total Chromium was
determined by Atomic Absorption Spectrometry. Determinations of the following chemical-
physical parameters were carried out in situ: salinity, pH, Eh, dissolved nutrients. Metal in the
more toxic forms, hexavalente chromium and active Cr (III) were not identified. The metal
was identified in the trivalent form and complexed by steady natural ligands, here named non-
active form. The concentration of total chromium was always below the limit established by
the Brazilian regulatory agencies. Therefore, even with the industrial and port activities
existent in the studied region, neither concentrations nor species of chromium characterizing
an impacted environment were identified.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Localização dos Pontos de Coleta no Estuário da Lagoa dos Patos............33
Figura 2.11 - Tempo de Irradiação Ultravioleta para abertura das amostras com
salinidade..................................................................................................................................56
Figura 2.12 - Determinação Voltamétrica para amostra com salinidade com a abertura
de amostra realizada com Irradiação Ultravioleta.....................................................................57
Figura 2.13 - Comparativo das médias mensais das concentrações de cromo total nas
águas que margeiam o PV.........................................................................................................65
Figura 2.14 - Comparativo das médias mensais das concentrações de cromo total nas
águas que margeiam o DS.........................................................................................................65
7
Figura 2.15 – Relação salinidade - Cromo Total para as águas que margeiam o
PV..............................................................................................................................................66
Figura 2.16 – Relação salinidade -Cr (III) não ativo para as águas que margeiam o
PV.............................................................................................................................................66
Figura 2.17 – Relação salinidade - Cromo Total para as águas que margeiam o
DS.............................................................................................................................................66
Figura 2.18 – Relação salinidade -Cr (III) não ativo para as águas que margeiam o
DS.............................................................................................................................................66
Figura 2.19 - Comparativo das médias de amônio, nitrato e nitrito, para RE...............71
Figura 2.20 - Comparativo das médias de amônio, nitrato e nitrito, para IF................71
Figura 2.21 - Comparativo das médias amônio, nitrato e nitrito, para RE...................72
Figura 3.9 – Porcentagem de Cr (III) não ativo nas águas bruta e tratada...................87
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Parâmetros de funcionamento utilizados no Forno de Microondas para
abertura de amostra com salinidade..........................................................................................38
Tabela 2.7 - Valores médios dos parâmetros físico-químicos entre os anos 2006, 2007,
2008 nas águas que margeiam o Porto Velho..........................................................................60
Tabela 2.8 - Valores médios dos parâmetros físico-químicos entre os anos 2006, 2007,
2008 nas águas que circundam a construção do Dique Seco...................................................62
Tabela 2.9 - Valores médios dos nutrientes nitrogenados nas águas que margeiam o
Porto Velho nos anos de 2006, 2007 e 2008............................................................................63
Tabela 2.10 - Valores médios dos nutrientes nitrogenados nas águas que margeiam
Dique Seco nos anos de 2006, 2007 e 2008.............................................................................63
Tabela 3.2 – Média das concentrações de Cr Total para água bruta e tratada em alguns
estudos e órgãos de fiscalizações..............................................................................................88
10
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO..........................................................................................14
1.1 Apresentação.....................................................................................................................15
2.1 Introdução..........................................................................................................................28
3.1 Introdução........................................................................................................................77
3.2 Materiais e Métodos........................................................................................................79
3.3 Otimização para Determinação Voltamétrica de Amostras sem Salinidade.............80
3.3.1 Preparo das Amostras com irradiação ultravioleta........................................................ 80
3.3.2. Preparo das Amostras com Irradiação no Microondas................................................. 80
3.3.3 DTPA ........................................................................................................................... .80
3.4 Determinação das Amostras...........................................................................................80
3.5 Resultados.........................................................................................................................81
3.5.1 Preparo das Amostras ....................................................................................................81
3.5.1.1 Preparo das Amostras utilizando Irradiação Ultravioleta............................................81
3.5.1.2 Preparo das Amostras com Forno de Microondas e Peróxido de Hidrogênio........... .82
3.5.2 DTPA..............................................................................................................................83
3.5.3 Parâmetros Físico-Químicos...........................................................................................84
3.5.3 O Cromo na Água de Abastecimento.............................................................................87
3.6 Conclusões........................................................................................................................90
13
Referências Bibliográficas.....................................................................................................94
Anexos ..................................................................................................................................102
14
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
15
1.1 Apresentação
Esse trabalho foi elaborado com o objetivo de realizar a especiação química de cromo
em ambientes aquáticos em torno do município de Rio Grande/RS. Foi estudada a região do
baixo estuário da Lagoa dos Patos e a água de abastecimento do município de Rio Grande/RS.
Para a realização deste trabalho, a dissertação compõe-se de quatro capítulos:
No Capítulo I – Introdução – são apresentadas as Justificativas, as Considerações
Gerais relacionadas ao cromo, à Especiação Química e às Técnicas Analíticas utilizadas para
o desenvolvimento deste trabalho e por fim os Objetivos.
O Capítulo II – Análise da Especiação Química do Cromo em Águas Naturais –
compreendeu a determinação de cromo em cinco pontos de estudo no Estuário da Lagoa dos
Patos, sendo dois no Complexo Portuário e três no Saco da Mangueira. Também foi abordada
a revalidação da metodologia analítica para determinação voltamétrica de águas com
salinidade.
No Capítulo III – Análise da Especiação Química do Cromo na Água de
Abastecimento de Rio Grande/RS – foram coletadas amostras de água antes e após o
tratamento realizado na Estação de Tratamento de Água de Rio Grande. Também foi realizada
a revalidação da metodologia analítica para determinação voltamétrica de águas sem
salinidade.
E no Capítulo IV – Conclusões Gerais do Trabalho – aborda todos os aspectos
discutidos nos capítulos anteriores de maneira a contextualizá-los.
16
químicas presentes nos efluentes industriais podem interferir de modo antagônico no ambiente
em estudo.
Segundo a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC, 2008) a análise
da especiação química de um elemento consiste em toda atividade analítica de identificação
e/ou quantificação de uma ou mais espécies químicas. A especiação permite: (a) diferenciar
os estados de oxidação; (b) diferenciar a coordenação entre íons, formas catiônicas, neutras,
protonadas e desprotonadas; (c) diferenciar espécies monoméricas e poliméricas e (d)
caracterizar os diferentes graus de associações homogêneas e heterogêneas dos metais com
componentes naturais (Kotas e Stasicka, 2000).
A legislação brasileira estabelece limites apenas para concentração total do metal
presente em ambientes hídricos. O limite máximo estabelecido pela Resolução n° 357 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005) para o teor de cromo total em
águas doce e salgada foi de 0,05 mg L-1. No entanto, segundo Milani (2004), a concentração
total do metal traço não fornece informações sobre sua toxicidade e reatividade, sendo então
recomendada no mínimo sua determinação na fração dissolvida para melhor avaliar o risco
ambiental.
Tão importante quanto a quantidade é a qualidade com que a água chega ao consumo
humano. Um dos princípios estipulados pela Organização Internacional das Nações Unidas
(ONU, 2008) diz que “a utilização da água implica o respeito à lei. A gestão da água impõe
um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica,
sanitária e social.” Por isto, um efetivo controle e fiscalização são imprescindíveis para se ter
uma água de qualidade. Dentre os compostos preocupantes quando se fala em contaminação
estão os metais, por isso a análise da especiação química do cromo, é extremamente relevante
contribuindo com os estudos a cerca da qualidade da água de abastecimento público que é
consumida pela população, proveniente da Estação de Tratamento de água de Rio Grande/RS.
A análise da especiação química do cromo torna-se de fundamental importância
também no Estuário da Lagoa dos Patos, já que os estuários constituem os únicos sistemas
costeiros semi-fechados onde ocorre interação dinâmica entre as águas doces, as águas
marinhas, o sistema terrestre e a atmosfera. Os estuários apresentam características únicas que
resultam em elevada produtividade biológica, o que os torna uma importante zona de
alimentação para numerosas formas de peixes e crustáceos de relevância comercial, por isso,
além da importância ecológica, os estuários geram bens e serviços para comunidades locais
(Barbosa, 2006).
19
Outro aspecto relevante apontado por Barbosa (2006), diz respeito às margens dos
estuários que são, em geral, locais privilegiados para a implantação de atividades urbanas,
industriais, portuárias, pesqueiras e turísticas, o que conduz a uma presença urbanística
bastante acentuada. Por estes múltiplos usos surgem os impactos causados pelas atividades
antrópicas que podem modificar as características originais destes ecossistemas. Os resíduos
de atividades antrópicas mais comuns na zona costeira são provenientes de esgotos
domésticos e industriais. Contaminantes tipicamente associados a esses resíduos incluem os
metais traço e os nutrientes nitrogenados. Como em geral, os estuários estão localizados na
interface entre ecossistemas terrestres e aquáticos, representam um risco adicional para a
contaminação ambiental local.
Os cuidados com o manuseio das amostras e com o material a ser utilizado para a
análise são de extrema importância vindo ao encontro da evolução dos métodos analíticos, o
que é decorrência da necessidade de identificação de um número cada vez maior de
compostos e da exigência da determinação de concentrações cada vez menores.
Nas últimas décadas observa-se um ciclo que vai do desenvolvimento de novos
métodos analíticos à adoção de legislações que exigem um controle mais rígido dos níveis de
contaminação por espécies químicas, passando pela compreensão dos processos que levam à
degradação do ambiente e dos mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento de algumas
doenças (Kuban et al., 2005).
Algumas técnicas podem ser utilizadas na caracterização do cromo, mesmo o metal
estando em baixíssimas concentrações no ambiente, tais como:
- Espectrometria de Absorção com Atomização Eletrotérmica, do inglês ETAAS:
utilizada na análise da especiação química por Zhu et al., 2005; Krishna at al., 2005; Al-
Shahawi et al, 2005 e Blas at al., 2007 dentre outros.
- Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado, do inglês ICP-MS
utilizada na análise da especiação química por Krishna et al., 2005; Chen et al., 2007,
utilizada na determinação de Cromo Total por Hammer et al., 2005; Chan et al., 2006; Richter
et al., 2007; Alonso et al., 2007; Hammens et al. 2007 e na determinação de Cr (VI) por
Rahman et al. 2005 e Scanar et al., 2005 dentre outros.
- Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Indutivamente Acoplado, do inglês
ICP-OES na análise da especiação química por Menegário et al., 2005; Parodi et al., 2005;
Sumida et al, 2005; Gil et al., 2005; Vilain et al. 2007, na determinação de Cromo Total por
Bezerra et al. 2007; Alonso et al. 2007; Bolsan et al., 2007, Giusti et al. 2007; Hammens et al.
2007 dentre outros.
- Espectrometria de Fluorescência, do inglês FASS utilizada na análise da especiação
química por Chen et al., 2005; na determinação de Cromo Total por Minami et al. 2005; Botté
et al. 2007 e na determinação de Cr (VI) Amany et al. 2007 dentre outros.
- Voltametria Adsortiva de Redissolução Catódica, do inglês CAdSV analisando a
especiação química do cromo nos trabalhos de Boussemart et al., 1992; Li e Xue, 2001, na
determinação de Cr (III) por Kumar et al. 2005 e na determinação de Cr (VI) por Molgorzata
et al. 2006, Safavi et al. 2006, dentre outros.
21
componentes voláteis da matriz (350-1250 °C); uma etapa de atomização (2000-3000 °C) e
um ciclo de limpeza e temperatura máxima a fim de queimar o analito remanescente. Requer
uma otimização cuidadosa de todos os parâmetros do aquecimento durante o desenvolvimento
de um método para obter resultados reproduzíveis e exatos.
Correia et al. (2003) diz que as técnicas espectrométricas são bem estabelecidas e
largamente utilizadas nos laboratórios de pesquisa, de aplicações e de controle de qualidade
para a determinação de elementos metálicos, semimetálicos e não metálicos em diversos tipos
de amostras.
Entre as técnicas espectroanalíticas, a ETAAS ocupa uma posição de destaque devido
à elevada sensibilidade, seletividade, à pequena quantidade de amostra necessária para
realizar a análise e à possibilidade de tratamento térmico da amostra durante o programa de
aquecimento, tornando possível introduzir amostras nas formas sólida, líquida e gasosa ou em
suspensões (Correia et al., 2003).
24
1.3 Justificativa
1.4 Objetivos
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Definir os locais a serem amostrados nas proximidades do município de Rio Grande, com
base em dados pretéritos.
CAPÍTULO II
2.1 Introdução
amadora. Portanto, surge a preocupação em caracterizar o metal cromo neste ambiente, já que
possui diversos tipos de influências que poderiam caracterizar possíveis fontes de
contaminação para o ambiente em questão.
Também será estudada a possível relação do metal cromo com os nutrientes
nitrogenados (nitrito, nitrato e amônio). Niencheski e Windom (1994), a partir de um balanço
de massa no estuário da Lagoa dos Patos, uma região ocupada por uma refinaria de petróleo e
indústrias de fertilizantes, entre outras, demonstraram que o aporte antropogênico associado a
estas instalações foi o principal responsável pelas altas concentrações de nitrogênio e fósforo
inorgânico dissolvido na região. Filho et al. 2003, comenta que os sistemas estuarinos são os
principais fornecedores de nutrientes para região costeira, pois recebem e concentram o
material originado de sua bacia de drenagem e podem vir a receber aportes significativos por
ação antrópica.
Embora os nutrientes sejam constituintes indispensáveis para a produtividade de um
corpo hídrico, quando em excesso podem desencadear processos indesejáveis e desequilíbrios
ambientais, como já mencionado por Niencheski e Baumgarten (1997), por isso suas
concentrações não podem exceder os níveis estipulados pela legislação para que a qualidade
ambiental seja preservada.
A água utilizada para o preparo de todas as soluções passou pelo processo de Osmose
reversa e deionização garantindo assim altíssima pureza, sendo chamada por isso de uma água
ultrapura.
Na determinação polarográfica de cromo foi utilizado como eletrólito de suporte a
solução de nitrato de potássio (KNO3) 5 mol L-1, preparada a partir de 25,27 g do sal Merck®
em 50 mL de água ultrapura. A solução passou por banho-maria até completa dissolução,
após, para purificação, foi adicionado 100 L de cloreto férrico (FeCl3. 4H2O p.a Merck®) 0,1
mmol L-1 e ainda quente a solução foi filtrada á vácuo em sistema de filtração Sartorius em
membrana de acetato de celulose com 0,45 µm de porosidade.
Para neutralização da amostra foi utilizada a solução tampão de acetato de sódio
(CH3COONa) 2 mol L-1, preparada a partir da dissolução de 4,1 g de acetato de sódio
Suprapur® em 25 mL de água ultrapura. Após, foram adicionados 2,4 mL de ácido acético
30
Segundo Barbosa (2006), o Porto de Rio Grande é a mais importante saída marítima
de cargas do sul do Brasil, atendendo à navegação lacustre e marítima de longo curso.
Estende-se desde a região norte da cidade do Rio Grande (Porto Velho), incluindo a região
leste (Porto Novo) e sudeste (Superporto).
A região do Porto Velho, representado na Figura 2.1 pela sigla “PV”, é uma área com
atividades de carga e descarga de produtos hortifrutigranjeiros, materiais de construção e de
atividades operacionais e industriais pesqueiras, entre outras, por isto a preocupação com a
conservação desta área, já que pode apresentar diversas fontes de contaminação, o que
justifica a escolha desse local de amostragem.
Também será estudada a área onde está sendo construído um Dique Seco,
representado na Figura 2.1 pela sigla “DS”, situada no Canal de Acesso. As construções no
local e o manuseio de maquinário às margens do ambiente hídrico podem estar influenciando-
o de maneira negativa. Outra justificativa para a escolha desse local reside na necessidade de
conhecer os possíveis impactos decorrentes durante a construção do Dique Seco.
O Canal do Rio Grande sofre impactos diretos e indiretos com navegação, atividades
portuárias e o estabelecimento de indústrias de fertilizantes e processamento de pescado,
implantação de um Pólo Naval e a refinaria de petróleo, embora este última não esteja em
pleno funcionamento. Vários estudos para a determinação de cromo já foram feitos na região
do complexo portuário, podendo ser citados:
- Windom et al. (1994) determinou Cromo Total existente no material em suspensão,
- Baraj et al. (2003) detectou Cromo Total em moluscos designados para alimentação
humana. Foi constatado que as amostras não continham concentrações acima do permitido
pela legislação brasileira, além de atenderam às legislações estrangeiras.
- Os dados do Programa de Monitoramento do Porto dos anos de 2006 e 2007, também
reportam a presença de Cromo Total sem que as concentrações ultrapassassem os valores
máximos permitidos pela legislação vigente que é de 21153 nmol L-1 (CONAMA, 2005).
Na Figura 2.1 são visualizados os locais de coleta no Complexo Portuário.
A região estuarina da Lagoa dos Patos possui várias enseadas marginais de baixa
profundidade, dentre essas, destaca-se o Saco da Mangueira. Essa enseada orienta-se na
32
direção nordeste-sudoeste do estuário. Possui uma forma oval, semi-fechada, com uma área
submersa de 23 km2 e uma profundidade média entre 1 e 1,5 m.
Segundo Cabrera (2005), por intermédio de uma abertura, ou canal, as águas correm
ora no sentido Saco da Mangueira-Canal do Rio Grande (vazante do Saco da Mangueira), ora
no sentido inverso (enchente da enseada).
As águas do Saco da Mangueira como servem para contato primário, é uma área de
proteção de comunidades aquáticas e à criação natural e/ou intensivo cultivo de espécies
destinadas à alimentação humana se encaixam como Classe B pela FEPAM (1995), baseado
na Resolução n°357 do CONAMA (2005).
PV
RE
IN
DS
PR
Figura 2.1 - Localização dos Pontos de Coleta no Estuário da Lagoa dos Patos
PV = Porto Velho (S 32° 02 730; WO 52° 05 031)
DS = Dique Seco (S 32° 05 552; WO 52° 06 010)
IN = Indústrias de Fertilizantes (S 32° 05 068; WO 52° 07 281)
RE = Refinaria de Petróleo (S 32° 03 781; WO 52° 06 231)
PR = Ponto Referência (S 32° 07 765; WO 52° 09 089)
34
2.4.1 DTPA
Vários estudos têm sido feitos para explicar as reações do Cr (VI) e Cr (III) com
DTPA (Golimowski et al., 1985; Boussemart et al., 1992; Romanus et al., 1991), as diferentes
sensibilidades do Cr (VI) e Cr (III), o tempo da existência do Cr (III) após contato com DTPA
e outros fenômenos (Sander e Koschunsky, 2000; Torrance e Gatford, 1987).
A função do DTPA é formar um complexo eletroativo com o Cr (III), no entanto este
possui a capacidade de formar complexos com inúmeros metais como Chumbo, Ferro,
Cobalto e Níquel, já estudados por Boussemart et al. (1992). Por isso, se for adicionada baixa
concentração de DTPA, este passa a ser disputado pelos metais ocasionando interferência no
pico do cromo, gerando com isso um baixo sinal analítico. No entanto, se a concentração de
DTPA adicionado for muito alta, ocorre à formação de um complexo com Cr (III) que não é
eletroquimicamente ativo, que também acaba por gerar baixo sinal analítico. Assim, existe um
intervalo ótimo de concentração do ligante para cada amostra no qual se estabelece uma
relação linear entre a concentração de cromo e a intensidade corrente.
O Cr (VI) existente na amostra passa, por convecção, já que existe agitação mecânica,
à superfície do eletrodo na qual está sendo aplicado um potencial de -1,1 V, sendo reduzido a
Cr (III). Pela ação do DTPA ocorre a complexação formando o complexo Cr (III)-H2DTPA, o
qual é eletroquimicamente ativo. Com a varredura de potencial de -1,1 a -1,5 V o íon metálico
complexado é reduzido a Cr (II)-H2DTPA. Pela ação do nitrato ocorre sua reoxidação
formando novamente o complexo Cr (III)-H2DTPA. A ação do nitrato tem papel fundamental,
já que a tendência é a predominância da forma Cr (III)-DTPA que é eletroquimicamente
inativa. No entanto, ao longo do tempo o complexo eletroativo [(Cr3+)H2DTPA] tende a geral
o complexo não-eletroativo [(Cr3+)2H2DTPA]3+. Por isso a determinação precisa ser feita no
máximo após 30 minutos da adição dos reativos. Já com Cr (III) presente na amostra, sua
complexação com o DTPA irá acontecer ainda em solução e a partir daí, por convecção entra
em contato com a superfície do eletrodo para ser posteriormente reduzido, conforme já
descrito. Boussemart et al. (1992) e Li e Xiu (2001) discutem esse comportamento e empregam
essa metodologia para interpretar o ambiente.
Para o teste ocorreu a adição gradativa do complexante. A variação ocorreu com
adições de 0, 25, 50, 75, 100 e 125 L de DTPA 0,25 mol L-1.
36
2.4.3 Freqüência
Segundo Allen e Hansen (1996) e Gho et al. (2001), a concentração e natureza dos
ligantes orgânicos e inorgânicos exercem um papel fundamental no estudo da especiação
química de metais em sistemas aquáticos naturais. Uma das principais propriedades destes
ligantes é a capacidade de formar complexos estáveis com metais e, em virtude disso, reduzir
o potencial tóxico destas espécies.
Estes ligantes compreendem uma grande variedade de compostos, geralmente,
minerais, partículas orgânicas incluindo as substâncias húmicas, microorganismos e tecidos
biológicos e partículas inorgânicas cobertas por material orgânico (Shi et al., 1998; Grassi et
al., 2000). Sodré et al. (2004) comenta que na fração dissolvida, os principais compostos
responsáveis pela complexação de espécies metálicas são os compostos orgânicos em solução,
principalmente em substâncias húmicas aquáticas.
A determinação dos teores de metais na fração não-lábil e na fração total, contendo o
material particulado, está associada uma etapa de digestão que leva à solubilização da espécie
37
de interesse, seja pela completa destruição dos ligantes naturais, ou pela degradação parcial de
compostos espúrios. A presença da matéria orgânica dissolvida, por exemplo, pode resultar
em interferências na determinação de metais quando se emprega espectrometria de absorção
atômica, quimiluminescência e técnicas voltamétricas de redissolução, como mencionado por
Sodré et al. (2004).
Segundo Van den Berg (1988), a presença da matéria orgânica em análises
voltamétricas pode comprometer a determinação da concentração de metais por meio da
formação de metalo-complexos estáveis, além de competir com a espécie de interesse pela
superfície do eletrodo de trabalho, reduzindo assim a sensibilidade da medida e provocando o
aparecimento de sinais interferentes.
Tabela 2.1- Parâmetros de funcionamento utilizados no Forno de Microondas para abertura de amostra com
salinidade
Segundo Ribani et al. (2004), cada vez mais está sendo exigida qualidade nas
medições químicas, através de sua comparabilidade, rastreabilidade e confiabilidade, já que
dados analíticos não confiáveis podem conduzir a decisões desastrosas e a prejuízos
financeiros irreparáveis. Para garantir que um novo método analítico gere informações
confiáveis e interpretáveis é indispensável a Validação do Método.
Neste estudo será realizada a revalidação do método voltamétrico, englobando Curva
Analítica, Faixa Linear de Trabalho, Limite de Detecção, Limite de Quantificação, Exatidão e
Precisão.
39
Faixa linear é definida como a faixa de concentrações na qual a sensibilidade pode ser
considerada constante, correspondendo a capacidade do método em fornecer resultados
diretamente proporcionais à concentração da substância em exame, dentro de uma
determinada faixa de aplicação (Ribani et al., 2004; Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), 2003).
Para a definição da faixa de trabalho, foi utilizado o método proposto pelo INMETRO
(2003). Em uma amostra com salinidade foram feitas 8 adições de 50 µL com cromato de
potássio (K2CrO4) 0,5 mol L-1 em intervalos iguais de 50, 100, 150, 200, 250, 300, 350 e 400
L. Para cada adição foram feitas três leituras e o cálculo da concentração foi feito pela média
das correntes elétricas medidas.
Ribani et al. (2004) caracteriza o Limite de detecção (LD) como a menor concentração
da substância em estudo que pode ser detectada, mas não necessariamente quantificada,
utilizando um determinado procedimento analítico. O LD foi calculado considerando o
critério de três desvios padrões (3s). O desvio padrão (s) é calculado a partir de 7 repetições
da determinação da concentração de uma amostra de teor característico. A concentração de
cada réplica foi determinada pelo método da adição de padrão, sendo que para cada adição
foram feitas, no mínimo três replicadas.
Foram preparadas 7 celas palarográficas, cada uma com 9 mL de amostra sem
salinidade com uma concentração de cromo conhecida em 3 nmol L-1. Em cada cela foram
adicionadas frações de 50 L do padrão cromato de potássio (K2CrO4) 0,5 mol L-1. O LD é
calculado pela multiplicação do desvio padrão das 7 amostras analisadas por 3,3.
Também foi calculado o Limite de quantificação (LQ) que é caracterizado por Ribani
et al. (2004) e pelo INMETRO (2003) como a menor concentração da substância em estudo
que pode ser medida com um nível aceitável de precisão e exatidão utilizando um
determinado procedimento experimental.
Foi adotado o critério que considera o LQ igual a três vezes o LD.
40
2.5.3 Precisão
2.5.4 Exatidão
Em que:
C1 = concentração determinada na amostra adicionada (nmol L-1) ,
C2 = concentração determinada na amostra não adicionada (nmol L-1),
C3 = concentração adicionada (nmol L-1).
Parâmetros
Eletroquímicos
Após passar pelo processo de filtração citado no item 2.6.1, as amostras foram
transferidas para ampolas de quartzo para sofrer abertura com irradiação ultravioleta com
lâmpada de 100 W durante 8 horas. Este processo tem o objetivo de destruir a matéria
orgânica deixando o metal livre para se analisado.
Com a amostra irradiada, foram adicionados os reagentes na cela polarográfica, como
já citado no item 2.6.1 e a determinação também foi realizada por Voltametria de
Redissolução Catódica, conforme representado na Figura 2.2.
A determinação da fração não-lábil, analisada por Voltametria de Redissolução
Catódica, teve os mesmos parâmetros eletroanalíticos expostos na Tabela 2.2.
A concentração da fração não lábil foi calculada conforme descrito no item 2.6.1
Tabela 2.3 - Parâmetros Analíticos utilizados no Absorção Atômica para a determinação da fração total de cromo
Amônio foi determinado pelo Método Colorimétrico descrito por Solorzano (1969;
apud: BAUMGARTEN et al., 1996).
2.7.1.1 Reagentes:
R1: Fenol
1 100 1 10
2 50 2 10
3 50 4 20
4 50 6 30
5 50 10 50
6 50 20 100
7 50 30 150
8 50 40 200
2.7.2 Nitrito
2.7.2.1 Reagentes
Amostra: 15mL
R1=300µL
R2=300µL
Ler em cubeta de 1 cm e 5 cm
Adicionar o R1 e agitar.
Deixar repousar de 2 a 8 minutos
Juntar 1 mL do R2 e agitar
Esperar de 10 min a 2 h e medir a densidade ótica a 543 nm.
Anotar o valor obtido.
2.7.3 Nitrato
2.7.3.1 Reagentes
Colocar água destilada na coluna ficando sem bolhas. Tapar a saída e agitar, fazer isso
até sair toda sujeira da resina e a água sair limpa. Não deixar entrar ar na coluna.
Lavar o recipiente com destilada e colocar a solução preparada de cloreto de amônio
diluída.
Ligar o sistema e tirar as bolhas que restaram (dobra a saída da coluna, tirar a tampa
superior, completar com água destilada e fecha a tampa superior, em seguida solta a saída
também para passar a solução). Fazer isso com todas as colunas. Deixar o sistema
funcionando por 2 h.
Fazer padrão de NO2- (não passar na coluna, apenas recolher 5 mL e colocar os reativos)
Figura 2.4 – Espectrofotômetro utilizado na determinação dos nutrientes nitrogenados (amônio, nitrito e nitrato)
2.8 Resultados
Construída a curva de calibração foi obtida a reta com coeficiente de correlação r =1,000
(n=9), apresentando linearidade até a concentração de 20 nmol L-1. Esses resultados
concordam com os estudos de Boussemart et al. (1992) que também verificaram uma
linearidade de até 20 nmol L-1, já Li e Xue (2001) encontra uma faixa linear até 60 nmol L-1, o
que para este estudo não é necessário visto o histórico dos ambientes em questão. Na Figura
2.5 está representada a curva de calibração.
Foi encontrado um LD de 0,1 nmol L-1. O resultado mostrado neste estudo coincide
perfeitamente com os dados obtidos por Boussemart et al. (1992) e Li e Xue (2001), que
apresentam igualmente o mesmo LD.
O Limite de Quantificação foi calculado pela multiplicação do desvio padrão por 3,
sendo igual a 0,3 nmol L-1.
2.8.1.3 Precisão
Com um desvio padrão relativo (RSD) de + 3% (n=7). Em métodos de análise de
traços ou impurezas, dependendo da complexidade da amostra, são aceitos RSD de até 20%,
53
Ribani et al. (2004). Esse RSD encontrado se iguala ao encontrado por Boussemart et. al
(1992) e Li e Xue (2001) que também apontaram 3% de RSD.
2.8.1.4 Exatidão
A solução problema resultou em 0,7 nmol L-1. A s soluções adicionadas foram de 2, 6
e 9 nmol L-1, resultaram em soluções de 2,7, 6,7 e 9,7 nmol L-1. A média por porcentual
recuperado foi de 104%, mostrando que o ensaio é exato para a finalidade analítica.
2.8.2.1 DTPA
Com a variação de DTPA nas determinações voltamétricas foi possível verificar que
100 µL é a quantidade ideal de complexante a ser adicionada a 9 mL de amostra. É possível
visualizar na Figura 2.6, que uma quantidade inferior a isto representa um pico não
representativo e com quantidades superiores o pico tende a deslocar de potencial, ou até
mesmo desfigurando completamente o pico.
Figura 2.6 – Voltamogramas para diferentes quantidades de DTPA a ser adicionada a 9 mL de amostra.
54
Para a altura de pulso, os testes demonstraram que o pico mais nítido produzido foi de
0,020 V. Utilizando altura de pulso menor, o pico formado é muito pequeno. Já com alturas
de pulso maiores o pico descaracteriza não sendo representativo. Está representado na Figura
2.7 o teste realizado com a variação de altura de pulso.
2.8.2.3 Freqüência
A freqüência que mais correspondeu com o melhor pico foi de 100 Hz, como
mostrado na Figura 2. 8.
A amostra com salinidade que passou por abertura no Forno de Microondas não gerou
um resultado positivo por não haver a formação de picos após a adição da solução padrão. Na
Figura 2.10 é representada tal abertura com adições do padrão cromato de potássio 0,5 µmol
L-1.
56
Amostra
Amostra + 50 µL de K2CrO4 0,5 µmol L-1
Amostra + 50 µL de K2CrO4 0,5 µmol L-1
Figura 2.10 - Abertura de amostra com salinidade sob influência do Forno de Microondas e adições de padrão.
Como os testes de abertura com microondas não foram eficazes para a determinação
voltamétrica de cromo, novo teste foi realizado utilizando a Irradiação Ultravioleta. Na Figura
2.11 está mostrada a influência do tempo de irradiação da amostra sobre o sinal analítico.
Figura 2.11 - Tempo de Irradiação Ultravioleta para abertura das amostras com salinidade
Visualizando a Figura 2.11 é possível perceber que o melhor tempo de irradiação foi
de aproximadamente 480 min., sendo este tempo suficiente para a abertura de amostra. Na
57
literatura este tempo é de 60 min., no entanto foi empregada uma lâmpada dez vezes mais
potente.
Após a definição do tempo ótimo de irradiação, houve a determinação voltamétrica
para uma amostra. Na Figura 2.12 é representada sua determinação com duas adições de
padrão.
Amostra
Amostra + 50 µL de K2CrO4 0,5 µmol L-1
Amostra + 50 µL de K2CrO4 0,5 µmol L-1
Figura 2.12 - Determinação Voltamétrica para amostra com salinidade com a abertura de amostra realizada com
Irradiação Ultravioleta
Na Tabela 2.4 permite visualizar os resultados das amostras coletadas nos diferentes
locais da área de estudo.
58
Tabela 2.6 – Resultados obtidos para os parâmetros físico-químicos, nutrientes nitrogenados e frações de cromo no Complexo Portuário
apontam a saturação como uma característica persistente da Lagoa dos Patos durante todo o
ano na região estuarina.
O ambiente apresentou características oxidativas para todas as amostras coletadas,
conforme evidenciado pelos valores do potencial redox que variaram entre +105 e +205 mV.
Para altos valores de oxigênio dissolvido, os valores do potencial redox também são altos
enquanto que em caso de concentração mais baixa de oxigênio ou sua ausência os processos
redutivos são predominantes. Segundo Connel (1997), a contaminação, usualmente, age de
maneira redutiva sendo que água poluída sempre tem medidas de potencial redox bem
inferiores do que da água não poluída.
Na Tabelas 2.5, 2.6, 2.7 e 2.8 são mostrados valores de concentração máxima, média e
mínima para o Estuário obtidos no Programa de Monitoramento do Porto, realizado nos anos
de 2006 e 2007, e pelo presente estudo para as águas de contato com o Porto Velho e Dique
Seco, respectivamente. Uma vez que o local identificado como Dique Seco não faz parte do
Programa de Monitoramento, os valores apresentados para 2006 e 2007 são a média dos dois
locais amostrados no Programa de Monitoramento mais próximos ao Dique Seco.
Tabela 2.7 - Valores médios dos parâmetros físico-químicos entre os anos 2006, 2007, 2008 nas águas que
margeiam o Porto Velho. Entre parênteses estão os valores mínimos e máximos.
27 18 21
Salinidade
(21-33) (0-34) (13-32)
87 89 82
Saturação (%)
(62-106) (84-95) (76-85)
61
Tabela 2.8 - Valores médios dos parâmetros físico-químicos entre os anos 2006, 2007, 2008 nas águas que
circundam a construção do Dique Seco. Entre parênteses estão os valores mínimos e máximos
sustentada pelo fato de que essa área do porto acaba recebendo efluentes domésticos não
tratados. Sua presença também poderia estar relacionada com a liberação da água intersticial
da coluna sedimentar perturbada pela movimentação da coluna d’água, já que a água
intersticial é, enriquecida com amônio devido à decomposição de matéria orgânica
previamente depositada.
A presença de compostos amoniacais nas águas que margeiam o Dique Seco pode
estar relacionada à proximidade do Saco da Mangueira, já que esta enseada possui muitos
efluentes clandestinos ricos em compostos amoniacais, de origem doméstica e industrial, que
acabam tendo contato com o Canal de Rio Grande (Baumgarten, 1995).
No entanto, mesmo com esta proximidade, as águas que margeiam o Porto Velho se
apresentaram mais impactado com amônio do que o Dique Seco, já que a hidrodinâmica dessa
região do canal de acesso é mais acentuada que a do Porto Velho. Aznar (1993, apud
Niencheski, 1997), já havia mostrado que a contaminação do efluente se sobressai até 600 m
de distância do seu lançamento e que a partir daí, a hidrodinâmica e a profundidade,
gradativamente, encarrega-se da diluição e diminuição da toxicidade. Rodrigues (2007)
também considera a hidrodinâmica como um fator condicionante de qualidade das águas, pois
atua diretamente nos fenômenos de transporte, diluição, deposição, ressuspensão de materiais,
determinando a variabilidade das concentrações e fluxos de contaminantes
Outro fato a ser considerado é que pela localização de terminais pesqueiros no Porto
Velho faz com que o sedimento de fundo deste ambiente seja formado, até cerca de 5cm,
quase que completamente por escamas e restos de peixes, como já apontado por Niencheski e
Baumgarten (1997). Foi sugerido que as fontes de contaminação orgânica deste local
realmente podem ser o efluente não tratado, somado aos lançamentos de resíduos sólidos das
indústrias de pescado do local.
Concluindo, a presença de amônio não representa um risco potencial para as águas
próximas aos pontos PV e DS, embora indique que tais ambientes são afetados por aportes
urbanos. Nas Tabelas 2.7 e 2.8, foram feitas comparações entre as concentrações de amônio
deste estudo com os resultados obtidos pelo Programa de Monitoramento realizado pelo
Laboratório de Hidroquímica nos anos de 2006 e 2007.
No ciclo do nitrogênio, os íons nitrito representam o estado de oxidação intermediário
entre o amônio e o nitrato. Nas águas oceânicas, as concentrações são baixas podendo ser até
menores que 0,1 µmol L-1 N-NO2. Nas águas costeiras elas são na ordem de 0,01 a 1 µmol L-1
sendo considerados com isto como estuários não poluídos (Aminot e Chaussepied, (1983;
apud Baumgarten, 1996).
63
Tabela 2.9 – Valores médios dos nutrientes nitrogenados nas águas que margeiam o Porto Velho nos anos de
2006, 2007 e 2008. Entre parênteses estão os valores mínimos e máximos
Nutrientes
Nitrogenados 2006 2007 2008
(µmol L-1)
Tabela 2.10 - Valores médios dos nutrientes nitrogenados nas águas que margeiam Dique seco nos anos de 2006,
2007 e 2008. Entre parênteses estão os valores mínimos e máximos
Nutrientes
Nitrogenados 2006 2007 2008
(µmol L-1)
1,3 5,7 5,2
Amônio
(0,2-2,1) (4,3-7,9) (2,1-9,6)
0,5 0,4 0,2
Nitrito
(0,2-0,7) (0,2-1,0) (0,1-0,3)
3,8 10,3 12,4
Nitrato
(1,9-4,6) (1,4-32,0) (2,0-26,5)
64
e 3,1 nmol L-1, respectivamente. Messerschmidt (1991) estudou as águas contaminadas por
efluentes de curtume, que também são reconhecidos por serem altamente impactados por
cromo. Nesse estudo também não foi detectada a presença de Cr (VI), e as concentrações
médias de Cr (III) e de Cr total foram de 7,7 e de 25 nmol L-1, respectivamente.
As Figuras 2.13 e 2.14 mostram os teores de cromo total para os locais amostrados
(PV e DS) com relação aos teores do metal encontrados no Programa de Monitoramento nos
anos de 2006 e 2007, nas mesmas estações climáticas em que foram coletadas amostras nesse
estudo.
Figura 2.13 - Comparativo das médias mensais das concentrações de cromo total nas águas que margeiam o PV
Figura 2.14 - Comparativo das médias mensais das concentrações de cromo total nas águas que margeiam o DS
66
Nas Figuras 2.15 a 2.18, são mostradas as relações da salinidade com as frações de
cromo total e Cr (III) não-ativo para as estações de amostragem do Complexo Portuário (PV e
DS).
Figura 2.18 – Relação salinidade Cromo Total para as Figura 2.17 – Relação salinidade - Cr (III) não ativo para
águas que margeiam o DS. as águas que margeiam o DS.
67
Tabela 2.11 - Resultados obtidos para os parâmetros físico-químicos, nutrientes nitrogenados e frações de cromo nas águas do Saco da Mangueira
Período Abr/08 Jul/08 Ago/08 Set/08 Abr/08 Jul/08 Ago/08 Set/08 Abr/08 Jul/08 Ago/08 Set/08
Cr (VI) (nmolL-1) ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
C r(III) ativo (nmolL-1) ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Cr (III) não ativo (nmolL-1) 0,8 0,7 ND ND 0,9 0,5 0,3 0,2 1,3 1,1 0,9 0,6
Cr Total (nmol L-1) 60 42 48 150 21 40 58 100 60 31 48 48
ND = Não-Determinado (< LD)
LD = 0,01nmol L-1
77
70
O mês de abril apresentou a maior salinidade em função de ser uma época com
predominante entrada da água salina. No inverno, que se caracteriza pela maior precipitação,
ocorre maior vazão de água doce dos tributários da Lagoa dos Patos, e é observada
diminuição da salinidade. Para a coleta de setembro, o vento predominante estava na direção
NE, o que favorece a entrada de água doce no Saco da Mangueira, como já afirmado por
Castelo (1985). Ventos no quadrante NE, juntamente com alta descarga fluvial características
do inverno, causam um decréscimo significativo na salinidade do estuário.
Apesar dos valores médios de salinidade nos três locais amostrados não terem sido
significativamente diferentes entre si, a complexa hidrodinâmica do local permite que se
encontre variação de salinidade entre as diferentes regiões do Saco da Mangueira. Na região
próxima às indústrias de fertilizantes, pois já foi descrita a presença de bolsões de águas mais
mixohalinas, formados por águas com maior tempo de residência, comparadas com as águas
mais centrais da enseada (Cabrera, 2005).
Figura 2.19 - Comparativo das médias de amônio, nitrato e nitrito, para RE.
Figura 2.20 - Comparativo das médias de amônio, nitrato e nitrito, para IN.
79
72
Figura 2.21 - Comparativo das médias amônio, nitrato e nitrito, para RE.
Foi investigada a possível relação da presença do amônio com o cromo total. Está
expressa na Figura 2.22 e 2.23 a relação entre o íon amônio e a concentração de cromo total.
A relação existente não fica bem clara, existe uma leve declividade, no entanto a correlação
nesses casos é muito baixa.
Figura 2.22 – Relação do amônio com o Cromo Total Figura 2.23 – Relação do amônio com Cr (III) não ativo
80
73
2.8.4.4 Relação da Salinidade com Cromo Total e com o Cr (III) não ativo
Figura 2.24 – Relação do Cr (III) não ativo com a Figura 2.25 – Relação do Cromo Total com a
salinidade com a salinidade
De modo semelhante ao verificado para o estuário da Lagoa dos Patos, não foi
evidenciada a presença de Cr (VI) nem Cr (III) ativo nos locais amostrados, somente pôde ser
determinada a fração de Cr (III) não-lábil.
Figura 2.26 – Comparativo entre as três regiões do Saco da Mangueira na concentração de Cr (III) não ativo
81
74
2.9 Conclusões
CAPÍTULO III
3.1 Introdução
Figura 3.1 - Processo para o Tratamento de água desenvolvido na Companhia Riograndense de Saneamento
86
79
Figura 3.3: Canal Adutor Figura 3.4: Tanque contendo a água tratada
87
80
Assim como realizado para água com salinidade, a água sem salinidade também
passou por algumas otimizações. Para a abertura de amostras foram realizados testes no
Ultravioleta e no Forno de Microondas.
3.3.3 DTPA
3.5. Resultados
Na Figura 3.5 é mostrada uma amostra sem salinidade, analisada por voltametria, que
passou por irradiação ultravioleta com sucessivas adições de padrão cromato de potássio 0,5
µmol L-1. A abertura não foi eficiente, já que não houve formação de pico. Com a variação do
tempo de irradiação em 1, 3,5 e 8 horas, o pico permaneceu sem modificações, possivelmente
pela grande concentração de matéria orgânica presente nas águas doces (Connel, 1997)
fazendo com que a abertura não fosse completa.
89
82
Figura 3.5: Polarograma de Amostra sem salinidade com abertura realizada no Ultravioleta
Foi realizada uma variação na concentração de peróxido de hidrogênio até que pudesse
haver a formação do pico. No entanto, é uma estreita faixa de concentração, como pode ser
visto quando adição é de 0,4 mmol L-1 já é descaracterizado o pico, sendo formado somente o
pico para o peróxido de hidrogênio. Logo, a concentração a ser adicionada para 50 mL de
amostra é de 0,2 mmol L-1.
Figura 3.6 - Concentração de Peróxido de Hidrogênio a ser adicionado a 9 mL de amostra para na abertura em
Forno Microondas
90
83
Figura 3.7 - Abertura de amostra da Corsan realizada com Forno Micrrondas e Peróxido de Hidrogênio
3.5.2 DTPA
Na seqüência de adições de DTPA de 25, 40, 75, 100 e 125 L, percebe-se um
intervalo ideal para a complexação Cr-DTPA em água doce que é de 75 L. Percebe-se que
após a adição de 100 µL há decaimento do sinal analítico possivelmente ocasionado pela
formação do complexo que não gera sinal analítico.
91
84
Figura 3.8 - Determinação de DTPA a ser adicionado na célula voltamétrica para determinação de cromo em
água doce
Tabela 3.1: Parâmetros físico-químicos e concentrações de Cromo na água de abastecimento da Cidade de Rio Grande/RS
Meses Amostrais Jan/08 Fev/08 Mar/08 Abr/08 Mai/08 Set/08 Jan/08 Fev/08 Mar/08 Abr/08 Mai/08 Set/08
pH 7,5 7,6 6,8 6,6 7,6 7,0 6,8 6,5 5,5 5,3 6,7 6,5
Eh (mV)
297 189 388 180 240 486 730 689 766 789 814 710
Saturação (%)
80 89 70 89 69 70 100 100 100 99 100 100
-1
O2 (mg L )
8,0 8,5 7,0 7,5 6,2 7,0 9,8 9,9 9,9 9,6 9,2 9,5
Temperatura (°C)
25,1 34 24,1 19,3 22 25 27,2 34 24 21 25 23
Cr (VI) (nmol L-1)
ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Cr (III) ativo
(nmol L-1) ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
-1
Cr(III)não ativo(nmol L ) 29,2 28,4 12,5 25,4 41,5 38,4 13,8 13,0 11,5 15,4 5,0 14,2
Cr Total (nmol L-1) 73,0 71,0 38,5 61,5 65,4 44,2 60,0 14,2 18,1 38,5 17,7 38,5
De acordo com a Tabela 3.1 podemos perceber o pH da água bruta com média 7,15,
estando dentro do esperado, pois é recomendado pela Portaria 518 do Ministério da Saúde
(2004) que para a água de abastecimento receber a etapa de cloração, o pH deve estar menor
do que 8,0 e também pela própria origem da água natural que vem pelo Canal São Gonçalo
que é normal apresentar um pH neutro. No entanto, quando verificada a água tratada, a média
encontrada para o pH foi 6,0 um pH mais baixo, o que está dentro do estipulado pelo mesmo
órgão citado anteriormente, pois para a distribuição à comunidade o pH deve estar entre de
6,0 e 9,5.
O oxigênio dissolvido obteve uma média de 7,1 mg L-1 para a água bruta, bem menor
do que o verificado para a água pronta para a distribuição que apresentou uma média de 9,6
mg L-1 esse valor está dentro do estipulado pelo CONAMA (2005), que proíbe uma
concentração de O2 dissolvido menor do que 6,0 mg L-1. Na água bruta, o oxigênio dissolvido
é bastante alto, evidenciado pela saturação, em função das águas da Lagoa Mirim serem
saturadas com oxigênio, como já apontado por Friendrich (2004). Também durante o
transporte pelo canal São Gonçalo a condição de plena oxigenação é mantida, evidenciando a
boa qualidade da água utilizada para abastecer o município.
O Eh, tanto para água bruta quanto para água tratada, manteve-se sempre alto, no
entanto na água tratada seu nível foi muito maior, já que na água tratada o nível de espécies
redutoras é bem menor que no ambiente livre de tratamento.
Nas amostras analisadas não ocorreram formas do Cromo lábil, seja na forma de Cr
(VI) ou de Cr (III) ativo. Nas frações de cromo foi verificada somente a existência de Cr (III)
não-ativo. A presença somente dessa espécie demonstra que o cromo está presente na forma
trivalente, significativamente menos tóxica do que a hexavalente, e que o íon encontrava-se
complexado à matéria orgânica naturalmente presente na água superficial.
Assim, embora haja presença de cromo na forma dissolvida, seu potencial tóxico
torna-se muito baixo. Esse comportamento também foi observado por Li e Xue, (2001) que
em 16 amostras analisadas somente em 30% foi identificada a presença de Cr (VI) e em 30%
a presença de Cr (III) ativo. Os resultados também demonstram que o tratamento causa uma
redução do teor de cromo dissolvido.
Esse comportamento já foi identificado em estudo anterior (Primel et al., 2008) em
que para o mesmo local de coleta, quando analisado o teor de metal total. Naquele estudo, o
cromo juntamente com o ferro, manganês e alumínio tem suas concentrações reduzidas em
torno de 90% após o tratamento. Foi apontada como principal causa para redução na
concentração do metal a separação durante a etapa de floculação e a co-precipitação.
94
87
Embora não tenha sido identificada a presença de Cr (III) ativo nem Cr (VI), o Cr (III)
não-ativo não corresponde a todo cromo existente em solução, já que existe a parcela de
cromo no material em suspensão.
Na Figura 3.9 está representada a relação entre o Cr (III) não-ativo e o cromo total. As
razões calculadas para a água bruta e tratada estão mostradas na Figura 3.9.
Figura 3.9 – Porcentagem de Cr (III) não ativo nas águas bruta e tratada
Figura 3.10 - Eficiência do Tratamento da Estação de Tratamento na remoção de Cromo Total e de Cr (III) não
ativo
Tabela 3.2 - Média das concentrações de Cromo Total para água bruta e tratada em alguns estudos e nos órgãos
de fiscalização. Entre parênteses estão os valores máximos e mínimos
As concentrações de cromo total nas amostras de água bruta são comparáveis aos
teores encontrados por Primel et al.(2008) e significativamente diferentes dos apresentados
por Friedrich (2004). A semelhança de resultados entre esse estudo e o de Primel (2008) deve-
96
89
3.6 Conclusões
Os testes demonstraram que a abertura de amostras de água com salinidade zero para
determinar a fração de Cr (III) não-ativo deve ser ajustada conforme a natureza da amostra.
Os melhores resultados foram obtidos para abertura assistida por microondas em
presença de concentração adequada de peróxido de hidrogênio (H2O2). A definição da
concentração demonstrou ser um fator crítico, pois se o peróxido de hidrogênio estiver em
concentração insuficiente, a concentração de matéria orgânica existente nas amostras sem
salinidade, impede a complexação do Cr com DTPA e, consequentemente, não ocorre o sinal
analítico. Se a concentração do peróxido de hidrogênio for muito alta ocorre um
“alargamento” do pico e a altura deixa de ser proporcional à concentração do analito.
Durante o tratamento para tornar a água própria para consumo adotado pela Estação de
Tratamento da CORSAN Rio Grande ocorre a eliminação de aproximadamente 50% do
cromo total e do Cr (III) não-ativo presente na água, sem que ocorra alteração na proporção
do Cr (III) não-ativo para o cromo total em função do tratamento.
Por não apresentar as formas tóxicas do cromo, a água de abastecimento de Rio
Grande pode ser considerada própria para o consumo. Somente foi identificada a forma
complexada, e mesmo assim, em concentrações bastante baixas. Visto isto, quando enfocando
o metal cromo, a água que abastece a população da cidade de Rio Grande não apresenta riscos
potenciais para quem a utiliza.
98
CAPÍTULO IV
CONCLUSÕES DO TRABALHO
99
92
A presença de matéria orgânica nas amostras de água com salinidade zero impõe um
processo de abertura diferente daquela usada para amostra com salinidade, quando analisadas
por voltametria. Os resultados demonstraram a necessidade de que as amostras com salinidade
zero sejam abertas na presença de peróxido de hidrogênio utilizando Forno de Microondas.
No entanto, para as amostras de água com salinidade, a irradiação com ultravioleta durante
oito horas foi eficiente para assegurar a abertura. De modo semelhante, a concentração de
DTPA também teve que ser ajustada para cada matriz. Uma vez que a água doce contém
menor concentração de íons, foi usada menor quantidade de DTPA, ficando estimada em 75
µL de DTPA 0,25 mol L-1; para a análise de água salgada foi necessária a adição de 100 µL
de DTPA 0,25 mol L-1.
A revalidação do método foi completamente coerente com a literatura, atingindo
Limite de Detecção de 0,1 nmol L-1 e recuperação média de 105%.
Os resultados de cromo total desse estudo concordam com os dados pretéritos da
Complexo Portuário, não tendo sido encontrados valores acima ou mesmo próximos aos
limites definidos pela legislação brasileira. É importante enfatizar que o cromo dissolvido
encontrou-se na forma trivalente e complexado por ligantes naturais.
Na região do Saco da Mangueira foi observada uma relativa homogeneidade entre as
concentrações de nitrogenados e de cromo. O local previamente definido como ponto de
controle, por estar geograficamente afastado de aporte antropogênico revelou concentrações
de mesma ordem de grandeza, ou mesmo superior, a dos locais situados próximos a áreas
industriais. Por essa razão, é possível assumir que a presença de cromo é fundamentalmente
de origem natural.
O processo de tratamento adotado pela CORSAN, Rio Grande, causa uma redução
média de 50% na concentração de cromo, seja total ou não-reativo, presente na água de
abastecimento comparada à água natural. As concentrações determinadas estão abaixo dos
valores máximos permitidos pela legislação brasileira. Além disso, não foram identificadas
formas lábeis de cromo (Cr (VI) e Cr(III) ativo) na fração dissolvida indicando que a água
distribuída não apresenta as formas tóxicas daquele metal.
O estudo propôs a especiação química do cromo, o que foi executado após a
revalidação do método analítico, evidenciando a ausência das frações de cromo
potencialmente tóxicas, estando o metal em sua forma complexada.
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ANEXOS
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Palestras Ministradas