Estratégias de Criação de Publicidade - Apostila 01
Estratégias de Criação de Publicidade - Apostila 01
Estratégias de Criação de Publicidade - Apostila 01
Criação Publicitária
Material Teórico
Elementos Conceituais da Criatividade
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Elementos Conceituais da Criatividade
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Tratar de uma delimitação possível para a noção de “criatividade”;
• Orientar encaminhamentos para a aplicação do pensamento criativo sobre demandas
profissionais em Publicidade.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Elementos Conceituais da Criatividade
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Você Sabia? Importante!
O biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, Jean William Fritz Piaget (1896-1980) foi
um dos intelectuais mais importantes do século XX. Ele foi fundador da Epistemologia
Genética, a Teoria do Conhecimento com base no estudo da gênese psicológica do pen-
samento humano. Seu legado é essencial para estudos sobre o pensamento infantil e o
raciocínio lógico.
Já Avram Noam Chomsky (1928-) é um linguista, filósofo, sociólogo e cientista cogniti-
vo estadunidense. Ele é considerado, no meio acadêmico, “o pai da Linguística Moderna”.
Seus estudos sobre Linguagem são de enorme importância para várias áreas do saber,
mas ganham especial destaque na formação da Psicologia Cognitiva.
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UNIDADE Elementos Conceituais da Criatividade
Vejamos com um pouco mais de atenção essa ideia: uma criança recém-nascida,
obviamente, não compreende, e muito menos aplica conscientemente qualquer no-
ção de “processo”. Em outras palavras, um bebê não pode saber o que é “estru-
tura”, “relação” ou “ordem” de um pensamento criativo. De fato, estimulado pelos
próprios desejos e necessidades, e respondendo aos vários impulsos de seu ambien-
te circundante, um bebê simplesmente desenvolve pensamentos ordenados do tipo
“tentativa e erro”, “acerto e repetição”. Ali, o “processo” começa a ser elaborado a
partir dos bons resultados alcançados.
Mas esse bebê de nosso exemplo irá crescer, tornando-se uma criança com
melhor percepção e domínio de seu próprio corpo e de seu ambiente circundante.
Nesse estágio da vida, a criança descobre a linguagem, uma técnica mental ca-
paz de auxiliá-la na manipulação daquilo que é novo.
Assim, é por meio da Linguagem que essa criança conseguirá aplicar concep-
ções sobre conceitos mais abstratos. Isso aumenta o emprego e a compreensão de
noções como “estrutura”, “relação” e “ordem”.
É a interação entre esses três termos o que vai consolidar a ideia de realidade.
Essa interação, ou inter-relação entre os elementos, é permanente e não aceita que
apenas dois daqueles existam sem a presença do terceiro integrante.
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Pois bem, a partir disso, um exemplo: pensemos em uma mão, a nossa mão
direita – essa mão é uma “estrutura”. Aquilo que diferencia essa mão de outras
mãos, ou outras “estruturas”, é a disposição dos dedos, o tamanho da palma etc. –
portanto, a “ordem” desses componentes.
Esses exemplos não servem para esgotar o tema e nem para fazer com que as
nossas ideias fiquem fixas apenas nesses casos. Aliás, mais do nunca, é fundamen-
tal utilizarmos a nossa própria criatividade para expandirmos nosso imaginário
para outras várias possibilidades. O importante aqui é notarmos como “estrutura”,
“ordem” e “relação” estão sempre invariavelmente em contato. Uma não pode exis-
tir sem as outras sob o custo de se perder a percepção adequada de conhecimento
e de realidade. Mas, atenção, pois são justamente mudanças em uma ou outra delas
que farão com que o mesmo conhecimento e a mesma realidade sejam avaliados a
partir de novas estratégias de criatividade.
Voltamos, assim, ao contexto do universo das crianças. Sobre ele, podemos di-
zer, ainda, que o olhar (ou ponto de vista) infantil para os desafios da vida é sempre
cativante para os adultos. Bom, a razão desse fascínio pelo “ponto de vista” infantil
acontece porque as crianças apresentam para nós (adultos) soluções diferentes da-
quelas que acabamos por adotar como padrão de respostas.
Em outras palavras, as crianças lidam com “estrutura”, “relação” e “ordem” a
partir de uma perspectiva que está pouco a pouco evoluindo e proporcionando
uma nova percepção das coisas.
Por isso, podemos dizer, também, que o pensamento criativo está diretamente
associado à eliminação de preconcepções. Em outras palavras, o pensamento cria-
tivo está diretamente vinculado ao extermínio de preconceitos.
Esse pensamento admite, por excelência, o “novo”, e sobre ele reorganiza anti-
gos padrões e processos. Estamos falando, portanto, como a mudança do “ponto
de vista” sobre um determinado desafio da realidade convoca a reorganização es-
trutural, relacional e ordenada dos elementos daquele desafio.
A partir de então, podemos reativar as capacidades do pensamento criativo,
utilizando novos processos, novas organizações dos elementos disponíveis na reali-
dade para alcançarmos soluções criativas.
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UNIDADE Elementos Conceituais da Criatividade
Para finalizar este tópico sobre o pensamento criativo, não podemos esquecer
da importância do “conhecimento e das mudanças dos níveis”.
Normalmente, a noção dos diferentes níveis caminha ao lado do entendimento
sobre os “pontos de vista”.
Diante disso, um bom caso ilustrativo que reforça essa ideia é a passagem do
nível macroscópico para o nível microscópico e vice-versa. Por exemplo, para su-
pormos como funciona o mundo das formigas, não basta considerarmos quais são
os seus “pontos de vista” sobre as “estruturas”, “ordens” e “relações” do mundo dos
seres humanos. Se apenas fizermos valer que o ponto de vista das formigas para
os seres humanos é sempre de baixo para cima, isso não nos ajuda a compreender
que esse inseto está em um “nível” diferente do nosso.
Em outras palavras, o nível microscópico do mundo das formigas fará com que
não apenas o seu ponto de vista mude em comparação ao nosso mundo, mas mude
também a intensidade, a força e as consequências das estruturas, ordens e relações
para aqueles insetos.
E o oposto é válido para os seres humanos: quando nós, no nível macroscópico
(comparado às formigas), olhamos para o reino dos insetos, nosso ponto de vista é
distinto e nossa relação de intensidade com o observado também o é.
Vejamos um último exemplo que pode bem ilustrar a problemática dos níveis:
certamente, a maior parte dos seres humanos pode ver e se relacionar com uma
folha de árvore.
O mesmo também ocorre com as formigas, a grande maioria pode ver e inte-
ragir com folhas de árvores. Mas é bastante evidente que a intensidade dessa “es-
trutura folha” tem consequências muito distintas na vida humana em comparação
à vida dos insetos.
Essa é, pois, uma questão de “nível”.
Embora não faça parte das atribuições desta nossa Unidade de estudos um apro-
fundamento sobre a História das Artes, é importante deixarmos claro que a noção
de “individualismo” (nas Artes, pelo menos) surge durante o Renascimento, retro-
cede no período Barroco e no Classicismo para, depois, retornar impulsivamente
ao longo do Romantismo.
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Para um aprofundamento sobre os movimentos e períodos que delimitam a História das
Explor
Artes, recomendamos a leitura da obra clássica de Ernst Hans Gombrich: A História da Arte
(GOMBRICH, 1972).
(...)
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UNIDADE Elementos Conceituais da Criatividade
Pois bem, com isso, começamos a nos aproximar do nosso tempo presente, a
contemporaneidade que é, afinal, o período em que estão localizados os desafios
que temos de enfrentar em nossas construções pessoais e profissionais.
Uma concepção de mundo, que se agrava com o passar de décadas até os dias
atuais, que preza pela perspectiva de que a única realidade de mundo possível é a
do nosso “eu”.
Assim, esse agente criativo irá condicionar o seu trabalho a um elemento apenas
possível em si próprio, em sua subjetividade ativa, ou seja, em sua individualidade
(e que não poderia jamais ser controlado por mais ninguém): a “inspiração”.
Portanto, uma vez liberto do pensamento coletivo, não mais localizado em po-
sição de submissão aos mandatários do passado (reis, imperadores, a Igreja etc.),
esse agente da criatividade encontra um novo elemento para a sua subordinação:
a inspiração.
Mas acontece que a própria História ensina que, desde então, ou seja, desde a
Revolução Francesa, passando pelo movimento artístico do Romantismo, durante
os séculos XVIII e XIX, a subordinação da criatividade à inspiração é um fardo pe-
sado demais para a primeira.
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Esse adendo é importante porque tal técnica profissional não diz respeito ape-
nas ao domínio de procedimentos tecnológicos de última geração (embora isso
seja muito importante), mas diz respeito também a uma técnica específica, que é a
“técnica mental”.
Essa técnica mental está intimamente ligada ao próprio evoluir humano do agen-
te criativo, dentro de todas as possibilidades que o termo “humano” sugere, ou seja,
trata-se de um processo potencialmente infindável e, por essa razão, de exigências
cotidianas, permanentes.
Assim, chegamos a uma resolução essencial para os nossos estudos: nunca al-
guém fez um anúncio simplesmente por inspiração. Por mais genial que seja, toda
a criação em Publicidade é fruto de uma encomenda, sob enorme exigência de cro-
nograma, com objetivos estipulados sobre as regras de marketing, tipo de veículo,
limites de verba, posicionamento da concorrência etc.
O agente da criação publicitária é um artesão que domina muito bem seus recur-
sos técnicos (tecnológica e mentalmente falando), sendo bem recompensado por
essa capacidade. Porém, não devemos esperar que, em momento algum, esse pro-
fissional exprima sua “individualidade” nos anúncios criados. Pode até haver uma
“marca” criativa, mas o fato é que essa criatividade atua para resolver problemas da
indústria, do comércio, em suma, problemáticas dos clientes – desafios reais e com
prazos e condições muito bem definidos.
Diante de tal retrospecto, vamos agora tratar daquilo que serve como motivador
do uso de recursos criativos em nós, pessoal e profissionalmente.
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UNIDADE Elementos Conceituais da Criatividade
Bom, exatamente aí, no “problema”. Fato é que, como sabemos, a vida é di-
nâmica e nunca permanece estática em suas exigências. Se esta é uma regra que
se aplica a uma grande parte das realidades pessoais no mundo contemporâneo,
a existência de novas dinâmicas problemáticas é a razão de ser, em si, da própria
Publicidade. Ou, do contrário, não são “problemas” que devemos solucionar cria-
tivamente, sob regras e condições definidas, para os nossos clientes/contratantes?
Portanto, chegamos ao tema central desse terceiro tópico, que é: não há cria-
tividade sem problema referente. Em outras palavras, “criatividade é sinônimo de
solução de problema. Ela só existe, ela só se exprime face a um problema real, ou
seja, como aplicação para um problema real” (BARRETO, 1982, p. 69).
da vida cotidiana. Nesses casos, é preciso o uso criativo para se encontrar uma nova função
para determinados produtos antes existentes apenas no mundo dos laboratórios. Para co-
nhecer uma lista dessas curiosidades, acesse o seguinte link, do site Hypescience, intitulado
24 descobertas científicas acidentais. Disponível em: https://bit.ly/2lCnQa1.
Mas pense você também: que outros exemplos podemos citar como sendo do tipo “solu-
ção-problema”?
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Por fim, uma última reflexão útil ao nosso tópico de estudos: a dinâmica da cria-
ção publicitária deve ser criativa, inclusive, na concepção de seus problemas.
Vejamos essa ideia com um pouco mais de atenção. Tratamos até aqui, sobre-
tudo, de contextos em que o cliente leva o “problema” até o agente de criação
em Publicidade.
Esse mercado tem crescido e, com ele, novas necessidades têm surgido. “Neces-
sidades originais, realmente essenciais para a sobrevivência dos animais domésti-
cos?”, alguém pode arriscar perguntar.
Obviamente, não são necessidades “originais”, mas são sim necessidades origi-
nadas a partir da dinâmica da vida, originadas a partir de mudanças comportamen-
tais e culturais. Por isso, como dissemos anteriormente, a criatividade publicitária
não deve estar atenta apenas aos domínios das técnicas de execução propriamente
dita, mas também a todo o entorno que influencia a vida em Sociedade.
Diante disso, fica sempre mais fácil demonstrar que, sim, aquele “cachorrinho
da família” é muito mais do que um “animal”, e agora ele também gera “problema”
para a Publicidade – mesmo que esse problema seja a cor de sua coleira específica
para uso no final de semana.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Criatividade no Trabalho e na Vida
BARRETO, Roberto Menna. Criatividade no trabalho e na vida. São Paulo:
Summus, 1997.
Filmes
Processo Criativo
O filme debate o processo de criação em três campos de atuação profissional: artes
plásticas, design e propaganda.
https://youtu.be/TeNjbaFTzaE
Leitura
“Criatividade é, Talvez, o que temos de mais Importante como Espécie”
Entrevista com o professor Marcelo Gleiser.
https://bit.ly/2WrtVCN
O Processo Criativo na Publicidade
LAURINDO, R.; D’ÁVILA, J. C. O processo criativo na publicidade, Revista Mediação,
Belo Horizonte, n. 6, 1 sem., 2007.
https://bit.ly/2lBXd4W
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Referências
BARRETO, R. M. Criatividade em propaganda. 8.ed. São Paulo: Summus, 1982.
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