Psicologias em Tempos Pandemicos
Psicologias em Tempos Pandemicos
Psicologias em Tempos Pandemicos
EM TEMPOS
PANDÊMICOS:
EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS,
FORMAÇÃO E PESQUISA
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10.48209/978-65-5417-084-0
ARCO EDITORES
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Os capítulos desta obra foram avaliados e receberam pareceres de
PARTE I
Experiências na pandemia
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 10
PARTE II
Pesquisas na pandemia
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
Apresentação
A XI Semana Acadêmica de Psicologia e o V Simpósio da Pós-Graduação
em Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) foram
ações realizadas por meio de um único evento, que buscou reunir a comunidade
acadêmica entre os dias 25 e 27 de outubro de 2021, de forma virtual, tendo
como sede a cidade Dourados, no Mato Grosso do Sul. O evento foi organizado
pelo Centro Acadêmico Virgínia Bicudo e pelo Programa de Pós-Graduação
em Psicologia da UFGD e teve como tema Psicologias e Práticas na Pande-
mia, agregando uma ampla diversidade de formas de expressão e pretendeu
ser um momento de troca, de aprendizagem e de reflexão, com o propósito de
contribuir para um debate transdisciplinar, público, gratuito e qualificado.
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PARTE I
Experiências na
Pandemia
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CAPÍTULO 1
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Dito isso, é uma oportunidade importante estar aqui com vocês para fa-
larmos sobre sofrimento psíquico na nossa atualidade, e quero iniciar colo-
cando uma questão: depois de receber o convite e começar a pensar no que
poderíamos conversar hoje, confesso que senti certo desconforto, não pelas
possibilidades do encontro, mas pela temática “Psicologia e práticas emergen-
tes na pandemia”, sendo a mesa especificamente sobre “Sofrimento psíquico na
pandemia”. O desconforto veio por ter que refletir sobre algo que, de alguma
maneira, pudesse me permitir caminhar aqui, hoje, com vocês. O desconforto
veio porque essa caminhada significaria percorrer um campo que tem feito par-
te de nossas vidas, de modo insistente e incontornável, desde março de 2020.
Desconforto porque me parece que não conseguimos e não podemos não falar
de pandemia. Desconforto porque não sei se há ainda algo a dizer, depois de
tudo que já foi dito, escrito, discutido, ao longo destes dois anos de pandemia e
do pior que temos encontrado de nossas humanidades.
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Frente a essa interrogação, assinalo que não sou uma pessoa muito dada
às tecnologias digitais. Escrevo isso pois hoje, na academia, o universo digital
tornou-se uma imposição às nossas rotinas de trabalho, portanto, uma das vias
privilegiadas que acessamos o mundo e a ele nos conectamos. Utilizo as tecno-
logias digitais na medida mesma que meu trabalho as impõe. Não se trata de ser
a favor ou contra, mas prefiro, quando posso, estar pessoalmente com pessoas,
dar uma aula, fazer uma banca; aprendi psicologia no encontro com as pessoas,
e não pelas intermediações entre as pessoas. As tecnologias digitais, para aque-
les que as acessam, permitiram que algumas atividades continuassem; para os
que não as acessam, aprofundaram os abismos das desigualdades e precariza-
ções. No meu caso, acabei acessando um universo digital que talvez, sem essas
imposições da pandemia, demorasse um pouco mais, ou mesmo nunca acessas-
se. No ano de 2020, não por ter mais tempo sobrando, acabei, por necessidades
do trabalho, entrando nesse universo digital para que ele pudesse auxiliar-me
como professora. Minhas buscas tiveram dois vetores fundamentais: como tor-
nar uma aula no Google Meet mais interessante e como trazer mais vidas para
dentro do Meet. A minha experiência com o universo digital, até então, era de
uma ausência de vida.
Com esses dois vetores, acabei por cruzar com diferentes vidas: literatu-
ra, música, entrevistas, podcasts, documentários, discussões das mais diversas.
Buscava nesses materiais algo que pudesse aproximar-me mais da experiência
do vivido, e não imagens em telas de computador. Ou seja, buscava o encanta-
mento e o tempo das ruas, e não os desencantos de uma vida intermediada por
tecnologias, gestão de tempo, medo. Seguia os rastros de uma vida praticada, e
não de uma vida funcional; rastros de vida de insistências e invenções: “Essa é
a minha história. Eu a contei. Por que me tornei fotógrafo? Porque me faltavam
palavras” (Latun [fotógrafo], 2016, p. 298).
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Cruzos de um caminho
Com essas duas questões, eu começo a tentar dar forma para a temática
“sofrimento psíquico e pandemia”, inspirando-me no livro Vozes de Tchernó-
bil: a história oral do desastre nuclear, da escritora bielorrussa Svetlana Alek-
sièvitch (2016, p. 40):
Este livro não é sobre Tchernóbil, mas sobre o mundo de Tchernóbil. Sobre
o evento propriamente, já foram escritos milhares de páginas e filmados
centenas de milhares de metros em película. Quanto a mim, eu me dedico
ao que chamaria de história omitida, aos rastros imperceptíveis da nossa
passagem pela Terra e pelo tempo. Escrevo relatos da cotidianidade dos
sentimentos, dos pensamentos, das palavras. Tento captar a vida cotidiana
da alma. A vida ordinária de pessoas comuns [...] Tchernóbil para elas não
é uma metáfora ou um símbolo, mas a sua casa.
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Luis Simas (2021) fala dos cruzos, ou seja, das encruzilhadas que são
lugares de encontros. Encontros que não subsumem um caminho ao outro, mas
que produzem combinações, composições inéditas de caminhos. Essas afeta-
ções sobre como conversar com a temática da mesa e trazer a minha experiência
de encontros com a pandemia e com uma política do amor, posicionaram vidas
lado a lado, conduzindo para encruzilhadas dos caminhos: “vozes de Tchernó-
bil”; escrevivências e a sangria da vida; sonhar em ser gente. Encruzilhadas da
pandemia com o sofrimento. Encruzilhadas para escrever este texto.
Então, sigo um pouco mais no caminho, pois “viver é melhor que sonhar”
(como cantava Elis Regina), e encontro-me com um evento organizado pela
UFAL – Universidade Federal de Alagoas, nomeado de “Formação diaspórica:
por escutas e afetos descolonizados” (2021). Consegui assistir a duas mesas
(César & Rodrigues, 2021; Oliveira, Kariri & Maciane, 2021), ambas com-
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Ana Emília Lobato (2021, p. 28) ajuda-me neste caminho para a com-
preensão do sofrimento psíquico e pandemia, e não propriamente sofrimento
psíquico na pandemia: um corpo mais bio-gráfico do que bio-lógico, um cor-
po “que é também texto, uma escrita da vida que foi se tecendo, sim, a cada
combinação genética aleatória, mas também a cada aprendizado, cada espanto,
cada gesto compartilhado”. O “E”, entre sofrimento e pandemia, entra aqui
como um multiplicador de experiências de vida e de conceitos. O “E” entra
como encruzilhadas, como linhas que se tecem, mais uma, mais uma, mais
uma, constituindo bio-grafias, vidas com distintas grafias, a vida das ruas, das
cozinhas, das florestas, das giras, da Terra. Então, não é o que o sofrimento é na
pandemia, mas que tessituras se cruzam com a pandemia: em algumas, ela de-
saparece; em outras, ela cresce; em outras, ainda, ela é somente uma pandemia.
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logia é essa pela qual a juventude não se sente representada? Que psicologia é
essa que criou tecnologias que não eram para todas as vidas? Como fazemos,
ainda hoje, uma psicologia que não tem os pés na terra, apoiada em uma bio-ló-
gica ocidental, colonial?
1 Esta fala também aparece em um capítulo de livro em que é uma das autoras: Desobediências
epistêmicas e pesquisas monstruosas em psicologia social.
Oliveira, Érika Cecília Soares, Bleinroth, Maria Laura Medeiros, & Silva, Yasmin Maciane da.
(2021). Desobediências epistêmicas e pesquisas monstruosas em psicologia social. In Lílian Rodri-
gues da Cruz, Betina Hillesheim, Letícia Maísa Eichherr (Orgs). Interrogações às políticas públi-
cas sobre travessias e tessituras do pesquisar (pp. 13-32). Porto Alegre: ABRAPSO.
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Referências
Aleksièvitch, S. (2016). Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre nu-
clear. São Paulo: Companhia das letras.
Brasil Urgente. (2021, out. 13). Meu sonho é ser gente, diz mãe liberada da
prisão por roubar alimentos. [You Tube]. Recuperado de https://www.youtube.
com/watch?v=MfNyl6rVpTI
César, A. & Rodrigues, N. (2021). Beber sabedoria: Se encontrar para ser livre.
In Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Diásporas na Formação: por es-
cutas e afetos descolonizados – Formação [Evento online – You Tube]. Maceió
– AL: Universidade Federal de Alagoas – UFAL. Recuperado de https://www.
youtube.com/watch?v=5DcBbCqcyTc
Latun, V. [fotógrafo]. (2016). Monólogo sobre o fato de que se deve somar algo
à vida cotidiana para compreendê-la - Terceira Parte: A Admiração Pela Triste-
za. In S. Aleksièvitch (Org.), Vozes de Tchernóbil: a história oral do desastre
nuclear (pp. 239-338) São Paulo: Companhia das letras.
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Oliveira, I., Kariri, T. & Maciane, Y. (2021). Histórias e heranças: Pela mão
do povo negro, pela mão do povo indígena. In Universidade Federal de Ala-
goas – UFAL. Diásporas na Formação: por escutas e afetos descolonizados
– Formação [Evento online – You Tube]. Maceió – AL: Universidade Federal
de Alagoas – UFAL. Recuperado de https://www.youtube.com/watch?v=djcN-
q6dgF_g
Rufino, L. (2020, jan. 27). Batalha contra o desencanto: a encruza como chega-
da. Revista Cult, edição 254, 26-28.
Simas, L. A. (2021). O corpo encantado das ruas (8a ed.). Rio de Janeiro: Ci-
vilização Brasileira.
Teles, L. (2021). A mulher que sonha ser gente. Revista Forum. Recuperado de
https://revistaforum.com.br/opiniao/2021/10/15/mulher-que-sonha-ser-gente-
-por-lel-teles-104781.html
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CAPÍTULO 2
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rados, MS, foi repleto de dilemas e desafios. O que nos provocou a (re)pensar
o fazer da psicologia diante do contexto sanitária vivido em escala global que,
por sua vez, acabou por escancarar e recrudescer, as desigualdades sociais en-
frentadas nas sociedades capitalistas e na nossa.
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Quando fui convidado para essa fala sobre as “práticas emergentes du-
rante a pandemia”, fiquei angustiado. Pensei: qual seria a prática emergente
que eu adotei em meu fazer enquanto psicólogo na assistência social? Depois
de repensar toda minha trajetória no decorrer desses últimos anos, cheguei à
conclusão que a melhor prática para o momento seria contar as histórias dos
usuários com os quais pude ter contato. Penso que contá-las faz com que dei-
xemos um pouco de lado o linguajar mais técnico – que, se não for olhado com
atenção, acaba por ser “tecnicizante” -, mas que também tem sua importância.
O momento, contudo, pede que o tecnicismo fique em segundo plano para que
a experiência de escuta das vivências dos outros venha à tona.
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Isto posto, após o primeiro contato com Josivaldo, realizamos sua aco-
lhida. Fizemos o possível, dentro do que era possível fazer no serviço público,
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para auxiliá-lo. Ele foi encaminhado para outros equipamentos do SUAS, como
o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do bairro onde residia,
para que recebesse a cesta de alimentos a que tinha direito. Então, começaram
alguns percalços que nos convocaram à reflexões, posicionamentos ético-polí-
ticos e críticos em relação ao fazer das psicólogas e psicólogos.
Com frequência ouvimos aquele clichê, que tem algum fundo de verdade,
“quem tem fome não espera”, isto é, neste caso, “quem tem fome não espera a
licitação”. Então, seguimos caminhos possíveis dentro do SUAS e também fora
dele. Assim, Josivaldo e sua família passaram pelo isolamento.
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Então ficou claro que a situação vivenciada por Josivaldo era atravessada
por uma rede de fatores que se conjugavam, e onde a pandemia foi apenas mais
um elemento que “jogou tudo no ventilador”. Historicamente haviam outras
variáveis, tais como sucateamento dos serviços e das políticas públicas, falta
de investimentos e recursos humanos entre outros, que deixavam suas marcas
no cotidiano dos usuários.
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Muitas vezes o olhar da/do psicóloga/o deve incidir sobre os fatores e aspectos
político-sociais que perpassam a vida dos sujeitos.
Eis, então, o papel fundamental dos serviços públicos e das políticas pú-
blicas (SUAS, SUS, Educação e, etc.). É preciso lutar para que essas políticas
continuem a existir mas que sejam ampliadas. Somente através de investimen-
tos, concursos públicos e trabalhadores/as das políticas sociais concursados
para atuar nesses locais, é que será possível enfrentar as desigualdades sociais
históricas em nosso país. A mais recente “modernização”, a Reforma Adminis-
trativa, consiste em um perigoso golpe aos serviços públicos. Precisamos estar
atentos!
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Não tenho como lhes dizer “olha, eu fiz isso e deu certo”, seria muita
pretensão minha. Por isso, gostaria de convidá-las/los a refletirem e se afeta-
rem pelas vivências de Josivaldo e, em seguida, repensar a psicologia. Para que
não fiquemos, como nos diz Fernando Pessoa (2011, p. 49), como “multidões
quotidianas nem alegres nem tristes nas ruas”, pois, ainda com Pessoa, para que
isso não aconteça é preciso com urgência “uma aprendizagem de desaprender”
(Pessoa, 2011, p. 35).
Assim, creio ser essa a melhor prática emergente disponível para o mo-
mento: contar histórias...
Referências
Brasil. Secretaria Nacional de Assistência Social. Ministério do Desenvolvi-
mento Social e Combate à Fome. (2011). Orientações técnicas: Centro de Re-
ferência Especializado de Assistência Social – CREAS. Brasília: Gráfica e Edi-
tora Brasil LTDA.
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CAPÍTULO 3
COVID-19, DESIGUALDADE
SOCIAL E PROCESSOS
DE RACIALIZAÇÃO:
ESTRATÉGIAS DE
ENFRENTAMENTO COLETIVO
César Augusto Assumpção
Brianne Benites da Mata de Camargo
Luan Kesley Mendes Batista
Jenniffer Simpson dos Santos
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-3
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2 Intenção exposta por Naná Prudêncio no debate sobre o documentário “Pandemia do Sistema”
por meio da plataforma IHAC Digital da Universidade Federal da Bahia (UFBA) no dia 22 de
outubro de 2020.
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A fome neste trabalho é entendida como uma violação dos direitos hu-
manos relacionada à ingestão diária inadequada e insuficiente de nutrientes.
Uma amostra do problema é a história de Cicera Mariana, mãe solteira de doze
filhos, residente na Favela da Ilha. O auxílio emergencial não chegou nessa
família, pois não tiveram acesso à informações sobre como reivindicar seus di-
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Uma das medidas adotadas pelo governo para controlar os efeitos econô-
micos da pandemia foi a implementação do auxílio emergencial. No entanto, a
execução do programa mostrou-se repleta de problemáticas: a ajuda financei-
ra só foi recebida pelos brasileiros após três meses de distanciamento social,
muitas famílias que precisavam do auxílio não tiveram o cadastro aprovado e
o valor, posteriormente reduzido pela metade, não se mostrou suficiente para
manter a segurança alimentar. Entretanto, como ressaltam Frutuoso e Viana
(2021) o problema da fome já persiste há muito tempo no Brasil:
O risco de aumento da fome no país já havia sendo alertado em discussões
e documentos de organizações da sociedade civil e da academia, diante de
reformas, como a trabalhista, com aumento do desemprego, da pobreza e
da desigualdade social; cortes e congelamentos de gastos públicos com im-
pacto direto em políticas públicas. Ilustram esse cenário as disputas recen-
tes relacionadas ao agronegócio que desmontam as estruturas públicas de
produção, distribuição e abastecimento de alimentos, reavivam as análises
de Josué de Castro e reforçam a sindemia global (...). (Frutuoso & Viana,
2021, p. 9).
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Considerações Finais
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Referências
Alves, M. C., Costa, E. S., & Castelar, M. (2020). Psicologias Antirracistas:
Desafios Epistemológicos, Metodológicos e Ético-Políticos. Psicologia: Ciên-
cia e Profissão. https://doi.org/10.1590/1982-3703003052019
Frutuoso, M. F. P., & Viana, C. V. A. (2021). Quem inventou a fome são os que
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Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (2017). Como o Brasil Saiu
do Mapa da Fome. Recuperado de https://www.mpms.mp.br/noticias/2017/07/
como-o-brasil-saiu-do-mapa-da-fome>. Acesso em: 16 nov. 2021.
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CAPÍTULO 4
A PSICOLOGIA DE
DOURADOS NA PANDEMIA:
A EXPERIÊNCIA NO CENTRO
DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
Elenita Sureke Abilio
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-4
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O reflexo da pesquisa ora citada traz em seu conteúdo questões para re-
flexão sobre a situação vivenciada em Dourados. Então, o diálogo se referia
a dois pontos: às afetações da pandemia da Covid-19 na vida das pessoas em
vulnerabilidade psicossocial vinculada à demanda de álcool e outras drogas, e
outro ponto foi pensar o trabalho em saúde oferecido à população e exercido
nesse período.
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Toda a equipe da unidade entendia que teríamos que nos adaptar, com
um olhar muito empático pelos usuários, mas alguns trabalhadores tinham co-
morbidades consideradas agravantes e tiveram que se ausentar do serviço, re-
duzindo drasticamente o número de trabalhadores ativos. Já vínhamos de uma
discussão da situação de vulnerabilidade psicossocial de muitos usuários do
serviço e de inúmeras estratégias de amenização dessa questão, mas nesse mo-
mento tão singular o distanciamento/isolamento prejudicaria ainda mais algu-
mas dessas pessoas.
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Referências
Albuquerque, J., & Silva-Filho, E. (2021). Impactos emocionais na pandemia
do Coronavírus (Covid-19) e possibilidades de intervenção psicológica. Revis-
ta Espaço Acadêmico, 21(228), 201-207.
Yasui, S., Luzio, C. A., & Amarante, P. (2018). Atenção psicossocial e atenção
básica: a vida como ela é no território. Rev. Polis Psique, 8(1), 173-190.
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CAPÍTULO 5
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
NO CONTEXTO DA PANDEMIA:
REFLEXÕES SOBRE SAÚDE
MENTAL JUNTO À EQUIPE DE
UM CENTRO DE REFERÊNCIA
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Rayssa de Oliveira Duarte
Luan Fernando Schwinn Santos
Gabriela Rieveres Borges de Andrade
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-5
Introdução
Este capítulo tem como objetivo relatar uma das experiências que se deu
no Estágio Supervisionado de Núcleo Comum (ESNC) realizado ao longo de
2021, significativa para compreender as mudanças e adaptações que foram rea-
lizadas no contexto de pandemia da Covid 19. O ESNC é previsto no Projeto
Político Pedagógico do Curso de Psicologia da UFGD para acontecer no ter-
ceiro ano do curso, como uma experiência mais sistemática com os campos de
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Foi emitida uma portaria n°367 de 26 de junho de 2020 que aprovou a re-
tomada das atividades letivas da graduação, de forma remota, por meio do Re-
gime Acadêmico Emergencial com regulamento próprio e temporário. Porém,
em fevereiro de 2021, a UFGD passou a seguir as diretrizes do Regulamento
Acadêmico por Modalidades e Fases (RAEMF), no qual foram previstas três
modalidades de ensino: não-presencial, presencial e híbrido. Assim, foi possí-
vel retomar com as atividades do estágio, mas de modo remoto.
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Considerações Finais
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pandêmico vivenciado. Então, quem cuida dos que cuidam? É necessário que
haja mais atenção e ações efetivas para garantir que esses profissionais tenham
suporte e o cuidado adequados da sua saúde mental.
Referências
Amarante, P. (2011). Saúde mental e atenção psicossocial. 3. ed. Rio de Janei-
ro: Editora Fiocruz.
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CAPÍTULO 6
EM FRENTE: CONSTRUÇÃO
DE UMA INTERVENÇÃO
COGNITIVA AUTOGUIADA
PARA PACIENTES COM
SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA
Mayara Vieira Santos
Amanda Marques Moreira
Luísa Feil Aquino
Betania Moura Mathias
Karen Priscila Del Rio
Regina Basso Zanon
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-6
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Em sua segunda etapa, o programa foi avaliado por duas juízas com ex-
pertise no campo de intervenções autoguiadas no Brasil, através de um for-
mulário com questões referentes à experiência do usuário e apresentação dos
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Questão 1: Pense em uma situação estressante que ocorreu com você re-
centemente. Você consegue se lembrar do que pensou naquele momento?
O que você pensou? Que emoções você sentiu?
Resposta: “Uma discussão recente com meu pai. Eu senti muita muita raiva
dele e pensava em como ele é hipócrita, mentiroso, ingrato e falso.”
Questão 2: Qual foi sua interpretação dessa situação?
Resposta: “Eu precisei explodir com meu pai e dizer tudo q penso dele e
das atitudes recentes dele. Conclui que ele não valoriza meu sofrimento e
que é um estranho pra mim.”
Questão 3: E como você agiu perante aquela situação?
Resposta: “Discuti, gritei, não me calei, disse como me sentia. Estava re-
voltada”
Questão 4: Quais são as evidências que apoiam sua interpretação? E quais
evidências são contrárias a esta ideia?
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Como resultados deste estudo piloto, foi possível perceber que os módu-
los foram exitosos em seus propósitos, visto que as respostas fornecidas pelas
participantes estavam em conformidade com as informações trabalhadas e os
objetivos das atividades. Outro fator positivo foi a apresentação de conteúdos
pessoais, reflexões e experiências de vida realizadas pelas participantes, fator
que expressa a potencialidade do material elaborado no programa. Por fim,
em relação à psicoeducação pode-se afirmar que as participantes manifestaram
competências suficientes para realizar a avaliação de seus pensamentos auto-
máticos, bem como passaram a conhecer a existência do modelo cognitivo para
compreensão de suas dificuldades e situações cotidianas.
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A partir deste dado, pode-se supor que altos índices de depressão dificultem
a motivação para a continuidade da realização de um programa autoguiado.
A hipótese de um menor desempenho na realização de protocolos on-line por
pacientes com depressão requer maior investigação, como apontam Carneiro e
Dobson (2016).
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Considerações Finais
Referências
American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5 (5a ed.). Porto Alegre: Artmed.
Andersson, G. (2014). The Internet and CBT: A Clinical Guide. Boca Raton,
FL: CRC Press.
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Botella, C., Mira, A., Herrero, R., García-Palacios, A., & Baños, Rosa. (2015).
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Recuperado de http://repositori.uji.es/xmlui/handle/10234/151206
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dgreen, T., Höfer,S., Oeverland, S., & Jensen, K. L. (2019). Best practices and
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Späth, C., Hapke, U., Maske, U., Schröder, J., Moritz, S., Berger, T., Meyer,
B., Rose, M., Nolte, S., & Klein, J. P. (2017). Characteristics of participants
in a randomized trial of an Internet intervention for depression (EVIDENT) in
comparison to a national sample (DEGS1). Internet Interventions, 9, 46-50.
89
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 7
HABILIDADES SOCIAIS NO
ENSINO TÉCNICO: UM RELATO
DE EXPERIÊNCIA DURANTE
A PANDEMIA DE COVID-19
Elder Alves Silva
Henrique Cabral Furcin
Rebeca Pereira Manfré
Larissa Dronov Oliveira
Jaqueline Batista de Oliveira Costa
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-7
90
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Nossa oficina que tratou o tema Habilidades Sociais foi realizada no Insti-
tuto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS).
Essa instituição agrega dez campos instalados nos municípios de Aquidauana,
Campo Grande, Corumbá, Coxim, Dourados, Jardim, Naviraí, Nova Andradi-
na, Ponta Porã e Três Lagoas. O IFMS oferta desde qualificação profissional até
pós-graduação, com opções de cursos presenciais e a distância.
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ser trabalhadas durante sua formação. Nessa perspectiva, o trabalho teve como
objetivos ampliar os conhecimentos dos alunos sobre as Habilidades Sociais;
introduzir o conceito de Habilidades Sociais; refletir sobre a importância do
ensino-aprendizagem de Habilidades Sociais; elaborar estratégias de ensino-
-aprendizagem de identificação de Habilidades Sociais, e promover o desen-
volvimento de Habilidades Sociais nos alunos.
Método
Foram desenvolvidos sete encontros, com duração de uma hora aula, nos
quais foram trabalhados conteúdos fundamentados em materiais científicos.
Estes caracterizam-se como desdobramentos do tema Habilidades Sociais. O
público alvo foram estudantes adolescentes do Instituto Federal, das cidades de
Naviraí, Dourados e Ponta Porã, com a faixa etária variando de 16 anos a 18
anos. Participaram dos encontros um total de quinze alunos matriculados vo-
luntariamente na oficina. As intervenções tiveram início em setembro e término
ao final de outubro. Dentre as estratégias foram utilizadas aulas expositivas
acompanhadas de discussões posteriores. Na sequência foram desenvolvidas
práticas com intuito de desenvolver as Habilidades Sociais dos alunos, neces-
sárias para seu contexto de vida escolar e/ou profissional. Foram utilizados,
também, ferramentas de multimídia, Google Meet para as reuniões e Google
Forms para as avaliações.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Resultados e Discussões
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
que foi uma experiência produtiva, não só para os alunos, como também para
os estagiários que enriqueceram seus conhecimentos e acumularam experiên-
cias práticas.
“Quando compreende um conteúdo trabalhado em sala de aula, o aluno
amplia sua reflexão sobre os fenômenos que acontecem à sua volta e isso
pode gerar, consequentemente, discussões durante as aulas fazendo com
que os alunos, além de exporem suas ideias, aprendam a respeitar as opi-
niões de seus colegas de sala” (Leite, 2005, p. 3).
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“gente um negócio que eu queria falar é que amanhã vou fazer entrevista
para estágio lá na prefeitura e vocês ajudaram demais nisso com essa ofi-
cina, fiquei dboa pra ir amanhã estava nervosa pra falar” (Aluno)
“Vocês me ajudaram a ver se realmente era isso que eu queria, obrigada,
obrigada por todas esses encontros, adorei muito e vou sentir saudades.”
(Aluno)
Conclusão
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Referências
Base Nacional Comum Curricular. (2018). Educação é a base. Retirado de:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
100
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Del Prette, A., & Del Prette, Z. A. P. (2017). Habilidades Sociais: intervenções
efetivas em grupo. São Paulo. Pearson Clinical Brasil.
Leite, A. C. S., Silva, P. A. B., & Vaz, A. C. R. (2005). A importância das aulas
práticas para alunos jovens e adultos: uma abordagem investigativa sobre a
percepção dos alunos do PROEF II. Ensaio pesquisa em educação em ciências,
7(3), 166-181.
101
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 8
HABILIDADES SOCIAIS
E COMPETÊNCIAS
SOCIOEMOCIONAIS ‘DA
PANDEMIA PARA O DIA
A DIA’: UM RELATO
DE EXPERIÊNCIA
Douglas Emanuel Silveira Ribeiro
Halana Antonagi Caseiro Lourenço
Valeria Aparecida Risson Dallabrida
Dielma de Sousa Borges Cassuci
Denise Mesquita de Melo Almeida
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-8
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Procedimentos Metodológicos
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regências, eleição das temáticas, escolha das estratégias tecnológicas, entre ou-
tras. Até mesmo as observações que, convencionalmente, teriam ocorrido pre-
sencialmente, foram substituídas por entrevistas com professoras(es), estudos
dos documentos e visitas às redes sociais das escolas, entre outras estratégias
para conhecer a escola com a qual a relação de aprendizagem da docência se
estabeleceria. Num momento de muita dor e muitas perdas pelo mundo, toda a
intencionalidade foi direcionada para a transformação do estágio em uma situa-
ção de trocas afetivas, estabelecimento de compromisso, solidariedade e cui-
dado de parte a parte – a escola de Educação Básica contribuindo na formação
profissional e técnica de novas(os) professoras(es) e a universidade, através das
regências em Psicologia, contribuindo para o cuidado da escola e sua comuni-
dade. Houve muita incerteza, receio e anseio pelo sucesso da empreitada, tudo
isso foi utilizado como subsídio para o delineamento do planejamento da ação.
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Resultados e Discussões
1 Para a gestão do estágio, além da docente supervisora na Universidade, contou-se com a partici-
pação de um representante de cada escola parceira, 03 psicólogas(os) escolares, 01 coordenadora
pedagógica e 02 monitoras, formandas do curso de Psicologia.
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Tudo isso impôs limites para o conjunto das ações realizadas. Contudo,
as três regências foram cuidadosamente preparadas, diversos elementos foram
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Considerações Finais
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Abed, A. L. Z. (2016). O desenvolvimento das habilidades socioemocionais
como caminho para a aprendizagem e o sucesso escolar de alunos da educação
básica. Construção psicopedagógica, 24(25), 8-27.
Barros, C.C. (2013). Psicologia e Educação para os Direitos Humanos. In: Ma-
chado, A. M., Sekkel, M. C. (2013). Licenciatura em psicologia: temas atuais.
116
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Del Prette, A., & Del Prette, Z. A. (2017). Psicologia das habilidades sociais
na infância: teoria e prática. Petrópolis: Vozes.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 9
(IM)POSSIBILIDADES
DO ENSINO REMOTO: UM
OLHAR DA LICENCIATURA
EM PSICOLOGIA
Ana Alice Cavalcanti Serejo
Júlia Medeiros Pereira
Luana dos Santos Machado
Mariana Beloto dos Santos
Jaqueline Batista de Oliveira Costa
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-9
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Neste sentido, o papel das tecnologias e das mídias digitais podem tanto
auxiliar a construção da identidade do adolescente, proporcionando modelos
saudáveis de comportamentos, quanto promover padrões de adoecimento fí-
sico e psíquico. Considerando o desenvolvimento da Autoimagem como um
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Material e Método
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As redes sociais, com seu amplo poder de influência, têm grande impac-
to na AE e AI, principalmente de adolescentes, constantemente conectados e
absorvendo conteúdos virtuais. Muitas vezes esse ambiente se torna hostil e
nocivo para a saúde mental sendo necessário compreender o que está sendo
consumido. Diante de tantos conteúdos diversos é fundamental a construção de
um senso crítico perante ao que se é exposto. Jovens e adolescentes têm se de-
senvolvido neste meio, o qual impõe um padrão de vida, de corpo e de posicio-
namentos que, muitas vezes, fogem da realidade. Logo, um indivíduo em de-
senvolvimento e em uma fase de descobertas pode se sentir não pertencente por
não se adequar a nenhum padrão exigido virtualmente e/ou pode desenvolver
uma AI distorcida sobre quem é, de sua aparência e de como deveria aparentar.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
O uso das redes sociais, tão presentes na vida diária dos estudantes, é per-
meado por propagandas, conteúdos e informações pensadas para gerar identifi-
cação e apreender o maior número possível de sujeitos em contato com aquele
material. Há pessoas que se conectam com temáticas diversas, podendo ou não
estar relacionadas à culinária, empreendimentos, política, religião, saúde, bele-
za, etc.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Alex: “Eu acho que a mídia tem uma grande pressão sobre a autoestima das pes-
soas.”.
Dominique: “As pessoas se comparam a influencers e se sentem mal.”.
Taylor: “Acho que significa que quando os influencers postam algo, eles estão in-
fluenciando os seus seguidores, pois este é o trabalho. Mas às vezes essa influência
pode ser negativa ou positiva. Negativa quando eles não mostram a verdade em
relação a eles mesmo e positiva quando influenciam as pessoas serem verdadeiras
com elas mesmas.”.
Manu: “As pessoas se importam muito com o que as outras pessoas pensam delas
e por isso acaba afetando a autoestima delas. Se for algo bom a autoestima aumen-
ta e se for algo ruim ela diminui.”.
Cris: “O ser humano tem uma necessidade natural de ser aceito no convívio so-
cial. No entanto com o surgimento das redes sociais essa necessidade tem cada vez
mais gerado distorções, através da necessidade de ser aceito pela maior quantida-
de de pessoas possíveis (através de comentários e likes), levando assim o indivíduo
a modificar sua estética em função da visão do outro, não por vontade própria.”.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Ariel: ‘Que as pessoas acabam tendo uma imagem distorcida da realidade e isso
acaba afetando sua autoestima e a autoimagem.”.
Quinn: “O mundo atual vive envolto na tecnologia, todos os dias é possível ter
acesso a milhares de conteúdos, estes os quais influenciam de forma explícita e
implícita em como enxergamos a vida. Se acompanharmos somente conteúdos pos-
tados em redes sociais, com todas aquelas ‘belas’ pessoas e suas vidas ‘perfeitas’,
comparações serão inevitáveis, fato esse que provavelmente irá levar as pessoas a
crerem que suas vidas e elas próprias são menos do que aquela glamourosa mos-
trada por outra pessoa (influencer).”.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
nessa oficina foi utilizado, no início e fim das atividades, o método de Brains-
torming ou Tempestade de Ideias, uma técnica que ocasiona um trabalho em
grupo e uma implicação individual para o levantamento de um grande número
de ideias sobre um tema específico, por meio do qual os estudantes constroem
espontaneamente suas ideias e potencializam sua criatividade (Pérez, González
& Maldonado, 2017).
Para isso, foi perguntado a eles, na primeira e última oficinas, o que pen-
savam quando ouviam as palavras Autoestima e Autoimagem. As falas chega-
ram via chat ou via microfone e uma estagiária anotou-as e compartilhou-as em
um slide com todo o grupo, a fim da reflexão em conjunto. O quadro dois faz
um comparativo dessas respostas.
Compreensão de AE e AI na
Compreensão de AE e AI na última oficina
primeira oficina
“Acho que envolve se conhecer, como me
“Uma avaliação positiva
vejo, como as pessoas me vem, o que elas
ou negativa”; “Se aceitar.”
pensam sobre mim.”.
“Acredito que autoimagem é como eu
“Não seguir padrões estéticos.”;
me vejo. Já a autoestima eu acho que seja
“O que pensamos sobre
a confiança que eu tenho em mim e nas
nós mesmos.”.
minhas escolhas.”.
“Defino a autoestima como a forma que
nos vemos diante do espelho por exemplo,
“Estar bem consigo mesmo
se comparando ou não com outras pessoas,
independente dos julgamentos.”;
e autoimagem acho que vai muito além de
“Como nos vemos.”
apenas aparência, acho que o modo que nos
vimos em um todo, nossa personalidade e
etc.”.
“Conhecer nossas qualidades
“A maneira pela qual você se percebe,
e aceitar nossos defeitos.”;
diante da sua subjetividade e do meio
“Aceitar a si mesmo do jeito
social que está inserido.”.
que nós somos.”
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Considerações Finais
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Calejon, L. M. C. & Brito, A. de S. (2020). Entre a Pandemia e o Pandemônio:
uma reflexão no campo da educação. Revista EDUCAmazônia, 25 (2), 291-311.
137
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
OITO razões para aprender psicologia no ensino médio (2008). Conselho Re-
gional de Psicologia SP. Disponível em: <http://www.crpsp.org.br/portal/
midia/fiquedeolho_ver.aspx?id=275#:~:text=8.,sujeitos%20aut%C3%B4no-
mos%2C%20respons%C3%A1veis%20e%20democr%C3%A1ticos.>.
138
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Spizzirri, R. C. P., Wagner, A., Mosmann, C. P., & Armani, A. B. (2012). Ado-
lescência conectada: mapeando o uso da internet em jovens internautas. Psico-
logia Argumento, Curitiba, 30 (69), 327-335.
Uchôa, F. N. M., Lustosa, R. P., Rocha, M.T. L., Daniele, T. M. C., & Aranha,
Á. C. M. (2015). Causas e implicações da imagem corporal em adolescentes:
um estudo de revisão, Cinergis, 16 (4), 292-298.
139
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 10
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
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Método
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Participantes
Oito gestantes se inscreveram para o PNP online, porém, apenas seis par-
ticiparam efetivamente. Na Tabela 1 são apresentados os dados sociodemo-
gráficos e obstétricos. As participantes tinham idade entre 21 e 29 anos (M =
25,5), 12 a 17 anos de escolaridade (M = 15,67) e encontravam-se entre a 11ª
e 33ª semana gestacional (M = 25,83). A maioria exercia trabalho remunerado,
encontrava-se na segunda gestação e planejou a gestação (66,7%). Todas con-
viviam com o parceiro e 50% passaram pela condição de aborto.
Frequência (%)
Sim 4 (66,7)
Trabalho remunerado
Não 2 (33,3)
Primípara 2 (33,3)
Número de gestações
Multípara 4 (66,7)
Sim 3 (50)
Histórico de aborto
Não 3 (50)
Sim 4 (66,7)
Gravidez Planejada
Não 2 (33,3)
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Instrumentos
Procedimento
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Em sua primeira turma, o PNP online foi ofertado em sete encontros on-
line, sempre às quintas-feiras, das 19h às 20h30 (horário de MS), de setembro a
novembro de 2021. Para realização utilizou-se da plataforma Google Meet. Os
temas e objetivos encontram-se descritos no Quadro 1.
Acolher as gestantes
nas diferentes fases de gestação
1.Formação e saúde Participação no contexto
que se encontram, esclarecendo
do bebê coletivo.
dúvidas e incentivando
a participação.
Participação no
contexto coletivo;
Descrever a interação Observação dos pontos
entre saúde emocional materna de corte para depressão,
2.Saúde emocional e desenvolvimento infantil. ansiedade e ou
materna Identificar precocemente sinais estresse (obtidos a partir
de depressão, ansiedade e ou da DASS-21);
estresse. encaminhamento para
atendimento psicológico
quando necessário.
Apresentar técnicas
4.Preparação de respiração, postura e Identificar falas
para reconhecimento cuidados importantes para a que indiquem a
e controle das vivência do parto humanizado. autonomia da gestante
contrações Descrever práticas de prevenção no processo do parto.
à violência obstétrica.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
7. Participação Esclarecimento
Incentivar a participação
familiar e de dúvidas e diálogo no
paterna nos cuidados neonatais.
paternidade contexto coletivo.
Análise de dados
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Resultados e Discussão
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Considerações Finais
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Almeida, N. M. C. & Arrais, A. R. (2014. O Pré-Natal Psicológico como Pro-
grama de Prevenção à Depressão Pós-Parto. Psicologia: Ciência e Profissão
[online]. 36(4), 847-863.
152
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
153
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Schiavo, R.A, & Perosa, G.B. (2020). Child Development, maternal depression
and associated factors: A longitudinal study. Paidéia (Ribeirão Preto), 30(3),
e3012.
154
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
PARTE II
Pesquisas na
Pandemia
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 11
VIDAS DE MULHERES
NO TRECHO
Luciana Codognoto da Silva
José Sterza Justo
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-S
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Método
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Resultados e Discussões
Para Justo (2011), são muitas as condições que levam as pessoas em si-
tuação de nomadismo a desancorar de uma vida territorializada. A busca por
um trabalho, o “fazer bicos”, a procura por serviços de assistência social para
completar a viagem e a condição financeira estão entre as principais. Mas tam-
bém, não podemos nos esquecer de três importantes aspectos: a busca por uma
situação melhor de vida, a fuga dos problemas gerados por uma vida indesejada
e o mais evidente – as relações interpessoais e afetivas, permeadas por forma-
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Acreditamos que, um evento isolado, por mais desgastante que seja, não
seria, por si só, o condicionante para a deserção, tal como apontam as pesquisas
com andarilhos e trecheiros de Justo (2011), e com mulheres em situação de
rua, enfatizadas por Santos (2014) e Rosa e Brêtas (2015). Designadamente no
caso das mulheres trecheiras, observamos que tanto as histórias de vida de Cris-
tal quanto as de Topázio foram marcadas por conflitos e divergências familia-
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
res importantes, vividos em especial com mulheres – a mãe, que ocultou a sua
verdadeira origem familiar, e, posteriormente, a repetição dos comportamentos
de sua filha na errância e na prostituição – e Topázio – que assinalou cenas mar-
cantes de violência vividas na prostituição, após a sua única irmã tê-la colocado
em um prostíbulo, na época.
Um fator que nos chamou a atenção foi que Safira sempre se dirigia à
pesquisadora pelo nome de “abençoada”. Durante a entrevista, a participante
alternava seus sentimentos, ora, de desconfiança, agressividade e choro, ora, de
apego e carinho a nós. Relutando, inicialmente, em estabelecer uma relação de
maior proximidade com a pesquisadora, Safira, no final da entrevista, estabele-
ce uma relação de confiança conosco, ao nos chamar de “abençoada”. Para ela,
abençoada era toda a pessoa que lhe fazia bem, que a escutava e a ajudava de
uma forma ou de outra. Já Esmeralda, nomeava os homens com os quais se re-
lacionava rapidamente de “meus cachos”. Quando questionada sobre o signifi-
cado deste termo, dizia ser uma forma carinhosa de tratar seus “rolos afetivos”.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Considerações Finais
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
BRASIL (2008). Pesquisa Nacional sobre População em Situação de Rua. Mi-
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Brasília.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 12
POLÍTICAS PÚBLICAS
PARA MULHERES E
ENCARCERAMENTO
FEMININO: ALGUMAS
APROXIMAÇÕES
Thiago Luís da Silva
Maria de Lourdes Dutra
Conrado Neves Sathler
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-D
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Na primeira década do ano 2000, foi possível verificar grande avanço nas
Políticas Públicas para mulheres, embora a luta das feministas date de muito
antes. A participação das mulheres na Constituinte e a criação da Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, em 2003,
foram grandes marcos, sobretudo porque as ações e projetos da Secretaria eram
elaborados e realizados em conjunto com a Secretaria Nacional de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial, em evidente movimento intersetorial. Desta-
cam-se também as I e II Conferências Nacionais de Políticas para Mulheres,
em 2004 e 2007 respectivamente, que resultaram na construção coletiva de dois
Planos Nacionais de Políticas para Mulheres e especialmente a promulgação da
Lei nº 11.340, em 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que caracteriza
uma conquista no sistema de justiça.
170
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
que Sueli Carneiro afirma estar no “último lugar da fila depois de ninguém”
(2011, p. 21), tomam o lugar primário de espoliação e violências, quando esca-
pam da morte, apesar de haver tantas leis de proteção.
O Brasil ocupa o terceiro lugar no pódio das nações com maior popula-
ção encarcerada e os índices de ascensão do encarceramento de mulheres são
alarmantes. Em números absolutos atualizados, obtidos por meio do Levanta-
mento Nacional de Informações Penitenciárias (InfoPen), referentes a dezem-
bro de 2019, temos 748.009 pessoas privadas de liberdade e, dessas, 36.929 são
mulheres. Mas o crescimento da taxa de encarceramento de mulheres chama
atenção: entre 2006 e 2014, a população feminina nos presídios brasileiros au-
mentou em 567,4%, ao passo que a média de aumento da população masculina
foi de 220% (Borges, 2019).
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Figura 2. Variação da taxa de aprisionamento nos cinco países que mais encar-
ceram mulheres no mundo (Melo, 2019).
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Para as autoras,
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
gas e pequeno comércio. Muitas são usuárias, sendo poucas as que exercem
atividades de gerência do tráfico. As condições sociais a que eram submetidas
antes do envolvimento criminal também caracteriza a seletividade penal: em
sua maioria, moradoras da periferia, responsáveis pela provisão do sustento
familiar, com baixa escolaridade, oriundas de extratos sociais economicamente
desfavorecidos e exerciam atividades de trabalho informal em período anterior
ao aprisionamento (Alves, 2017).
175
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Conclusão
Referências
Alves, E. A. (2015). Rés negras, judiciário branco: uma análise da intersec-
cionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão
paulistana. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, SP.
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CAPÍTULO 13
183
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1 Art. 144. § 5º da Constituição Federal. Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser-
vação da ordem pública.
2 Art. 193 da Constituição Federal. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como
objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
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De acordo com Reiner (2004), uma segurança pública com modelo ge-
rencialista nos moldes empresariais (cliente e prestação de serviço) foi desen-
6 A legislação que regula a PMMS é a Lei Complementar Nº 053, de 30 de Agosto de 1990, em seu
artigo 2º “Nos termos da Constituição Federal a Polícia Militar, instituição permanente destinada à
manutenção da Ordem Pública, sendo Força Auxiliar Reserva do Exército Brasileiro, subordina-
-se administrativamente eoperacionalmente ao Secretário de Estado de Segurança Pública” (grifo
meu). Disponível em:http://aacpdappls.net.ms.gov.br/appls/legislacao/secoge/govato.nsf/66ecc3c-
fb53d53ff04256b140049444b/ff 6e653dca4d5a630425729e006f48e7?OpenDocument.
186
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volvida na década de 1970 nos Estados Unidos e Inglaterra, que tinha como
premissa um policiamento voltado à resolução de problemas. Em que pese ain-
da não contemplar as violências no contextos domésticos.
Ainda segundo Veiga e Souza (2018, p.62), foi somente a partir dos anos
2000 que no Brasil o projeto didático-pedagógico da formação dos policiais
teve uma preocupação pautada nos Direitos Humanos. Em que pese grande
parte da grade de formação ainda ser para a educação física e a ordem unida,
para ressaltar o uso da força em detrimento das disciplinas de ética e direitos
humanos, “pela ideia do desenvolvimento de competências e pelo fomento à
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Para Goffman, “as instituições totais realmente não procuram uma vitória
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200
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CAPÍTULO 14
CRIMINOLOGIA
FEMINISTA: DISCURSOS
BIONECROPOLÍTICOS
NA MÍDIA E NO SISTEMA
PENITENCIÁRIO
Conrado Neves Sathler
Kyara Mauriane Oliveira Gradini
Rafaela Alexandre da Costa
Tawana Mirelle Gonçalves de Oliveira
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-G
201
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202
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203
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Como retratado por Davis (2016), os corpos negros eram considerados pro-
priedades no sistema escravagista e não havia distinção de gênero. O trabalho
da mulher negra voltava-se tanto aos serviços domésticos, como cozinheira e
arrumadeira na casa dos senhores, quanto às lavouras. O pouco valor dado às
questões de gênero também pode ser percebido nas ameaças do açoite, pois a
opressão vivida pelas mulheres era a mesma dos homens.
204
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Tecendo a Pesquisa
205
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tor sexista influencia na forma como os corpos femininos são violentados antes,
durante e posterior à morte. As características sexuais e femininas destes corpos
são alvo dos impulsos machistas, que buscam a manutenção de uma estrutura
político-social que violenta e segrega mulheres. Campos (2015) aponta, através
de estudos feministas, características específicas dessas mortes: “existência de
violência sexual, mutilação e desfiguração do corpo da vítima (especialmente
seios, vagina e rosto) desvelam um comportamento misógino” (p.109). As es-
tatísticas criminais do FBSP indicam que, no Mato Grosso do Sul, 42,5 % das
vítimas de feminicídio são mulheres de cor preta ou parda.
208
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Toda mulher possui uma relação íntima com o seu corpo. Quando ocorre
a violação do corpo, há também uma violação dessa relação. Este tipo de vio-
lência é resultado de uma concepção existente que vê a anatomia do corpo fe-
minino como suspeito de “objetos de transporte”, logo “é como se toda a ordem
de objetos ilícitos que adentra nos estabelecimentos prisionais fossem oriundos
dos corpos femininos (DONADEL, 2016, p. 57).
211
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Considerações Finais
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Referências
Akotirene, C. (2019). Interseccionalidade. São Paulo: Pólen.
Cor, gênero e classe: os desafios da mulher preta. (8 jul. 2020). Disponível em:
https://www.brasildefato.com.br/2020/07/08/cor-genero-e-classe-os-desafios-
-da-mulher-preta.
213
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Carvalho, I. (2019, abr 27). PEC das Domésticas completa seis anos: patrões
não respeitam a lei. Brasil de Fato. São Paulo.
Davis, A. Y. (2003). Are Prisons Obsolete?. New York: Seven Stories Press, f.
64, p. 128.
Davis, A. (2016). Mulheres, raça e classe. (Vol. 3). Boitempo Editorial, f. 128,
p. 255.
214
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Lemos, M. (2021, mai 22). Jacarezinho: Sandra Sapatão já ofereceu R$1 mi-
lhão a PMs por liberdade. Uol. Rio de Janeiro. (2021).
Paulo, P. P. (2021, jun 07). Uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum
tipo de violência na pandemia no Brasil, aponta pesquisa. G1 Globo. São Pau-
lo. (2021).
215
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Sanchez, I. (2021, jun 01). MS é o 3º estado do País onde mulheres mais pedem
socorro pelo 180. Campo Grande News. Campo Grande. (2021).
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CAPÍTULO 15
217
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Método
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anos de 2010 e 2019. Dessa forma, a pesquisa foi composta por três descritores:
relação interpessoal, relação profissional-usuário e vínculo profissional-usuá-
rio, que foram cruzados com os termos atenção básica e atenção primária.
Resultados e Discussão
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A partir da análise dos dados desta pesquisa, verifica-se que cinco (5)
produções entre as selecionadas abordam o papel do Agente Comunitário de
Saúde e uma (1) analisa, com maior profundidade, a relação interpessoal a
partir da perspectiva do trabalho deste profissional (Stein et al, 2015; Rezende,
2015; Moura & Silva, 2015, Santos, 2015; Santos et al., 2018). Esse dado é
relevante, uma vez que o ACS desempenha um papel central na Estratégia da
Saúde da Família, realizando, por meio das visitas em domicílios e educação
em saúde, a prevenção de doenças e agravos e a vigilância à saúde. Destacando
a importância do trabalho do ACS e a necessidade de maior investimento na
formação deste profissional, Costa et al (2013) afirmam que “(...) o ACS tanto
orienta a comunidade como informa a equipe de saúde sobre a situação das
famílias, principalmente aquelas em situação de risco, assumindo o papel de
sujeito articulador” (p.2155).
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Considerações Finais
226
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Barbosa, R. G. B., & Lima, N. K. D. C. (2006). Índices de adesão ao tratamento
anti-hipertensivo no Brasil e mundo. Rev Bras Hipertens, 13(1), 35-8.
227
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Costa, S. D. M., Araújo, F. F., Martins, L. V., Nobre, L. L. R., Araújo, F. M., &
Rodrigues, C. A. Q. (2013). Agente Comunitário de Saúde: elemento nuclear
das ações em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 18, 2147-2156.
Graff, V. A., & Toassi, R. F. C. (2018). Clínica em saúde bucal como espaço
de produção de diálogo, vínculo e subjetividades entre usuários e cirurgiões-
-dentistas da Atenção Primária à Saúde. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 28,
e280313.
Merhy, E. E., & Franco, T. B. (2003). Por uma composição técnica do traba-
lho em saúde centrada no campo relacional e nas tecnologias leves: apontando
mudanças paraosmodelostecno-assistenciais. Saúde em debate, Rio de Janeiro,
27(65), 316-323.
228
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Sá, S. L. B., Mattos, R. R., Pinheiro, V. L., Pequeno, L. L., & Diógenes, M. A.
R. (2012). Usuário da estratégia de saúde da família: conhecimento e satisfação
sobre acolhimento. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 25(2), 96-103.
229
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Stein, B. D.; Dallasta, P. A.; Teixeira, M. M.; Rupolo, I.; Stein B. M. T. & Büs-
cher, A. (2015). Vínculo profissional-usuário: competência para a atuação na
Estratégia Saúde da Família. Avances en Enfermería, 33(2), 222-229.
230
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 16
O PRONTUÁRIO DO
PACIENTE NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA EM SAÚDE:
UMA REVISÃO SOBRE A
CONTINUIDADE DA
INFORMAÇÃO E O REGISTRO
DE ASPECTOS PSICOSSOCIAIS
Barbara Yumi Brandão Sakane
Júlia Medeiros Pereira
Gabriela Rieveres Borges Andrade
Elenice Machado da Cunha
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-J
231
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Aspectos metodológicos
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Resultados
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Tipo de estudo
Título/ População/local
Objetivo / estratégia
Autoria/ano do estudo
metodológica
1. O uso do
Avaliação do 88 unidades de
prontuário familiar
prontuário saúde em 16
como indicador de
familiar por municípios dos
qualidade da atenção Estudo descritivo.
equipes de estados do Amapá,
nas unidades básicas
saúde da Pará, Maranhão e
de saúde.
Família. Tocantins.
Pereira et al. (2008)
2. Registros em
Quatro municípios
saúde: avaliação
com mais de 100
da qualidade do
mil habitantes no
prontuário do Avaliação dos
Estudo descritivo Estado do Rio de
paciente na atenção registros dos
exploratório Janeiro. Mulheres
básica, Rio de atendimentos.
maiores de 19
Janeiro, Brasil.
anos, hipertensas e
Vasconcellos et al.
diabéticas.
(2008).
236
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Analisar o
prontuário
da família e
identificar a
3. O prontuário da “percepção” da
Duas unidades
família na perspectiva equipe de saúde
Estudo descritivo de saúde de um
da coordenação da frente a sua
com abordagem município do
atenção à saúde. sistematização,
qualitativa Estado de São
Santos & Ferreira uso e
Paulo.
(2012). importância
para a
coordenação e
qualificação da
atenção.
4. Prontuário
Médicos,
Eletrônico: uma Investigar a
enfermeiros e
ferramenta que pode existência e a Estudo
cirurgiões-dentistas
contribuir para a acessibilidade quantitativo,
das equipes de
integração das Redes ao prontuário descritivo e
Saúde da Família.
de Atenção à Saúde. eletrônico na exploratório.
Montes Claros
Gonçalves et al. APS.
(MG)
(2013)
Verificar a
concordância
5. Informações dos entre as Estudo descritivo
cartões de gestantes informações -análise das
e dos prontuários da do cartão da informações Puérperas. Vitória
atenção básica sobre gestante e do s dos cartões (ES).
assistência pré-natal. prontuário da das gestantes e
Polgliani et al. (2014) APS sobre prontuários
a assistência
pré-natal
237
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
6. Estratégias para
Analisar
o enfrentamento
os motivos
do absenteísmo
das faltas Amostra consistiu
em consultas Estudo
às consultas de 385 usuários
odontológicas nas quantitativo,
odontológicas de 12 USF de
Unidades de Saúde descritivo e
em Unidades Piracicaba/SP,
da Família de um exploratório –
de Saúde da entrevistas com 12
município de grande entrevistas por
Família e cirurgiões-dentistas
porte: uma pesquisa- telefone
implementar e 12 enfermeiras.
ação.
estratégias para
Gonçalves et al.
sua redução.
(2015)
Identificar
fragilidades
no processo Realizado
de trabalho cruzamento
7. A vigilância dos Agentes de dados de
do território na Comunitários dois sistemas
atenção primária: de Saúde (ACS) de informação
UBS de
contribuição do e a percepção (prontuário
Florianópolis (SC).
agente comunitário de importância eletrônico e
na continuidade do dada por eles cadastro das
cuidado. sobre as ações famílias) e
Pedebos et al. (2018) em vigilância aplicação
do território questionário aos
para o trabalho ACS.
da equipe de
saúde.
8. Prontuários
eletrônicos na
Estudo transversal
Atenção Primária:
de base Portadores
gestão de cadastros Analisar os
populacional, de hipertensão
duplicados e registros
Análise dos e diabetes.
contribuição eletrônicos da
registros Município do Rio
para estudos APS
eletrônicos da de Janeiro –
epidemiológicos.
APS
Pinto & Santos
(2020)
238
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Investigar
9. Atenção Primária a visão dos Profissionais de
e Coordenação do profissionais duas equipes de
Pesquisa
Cuidado: dispositivo de saúde a APS que atuam
qualitativa –
para ampliação do respeito da em territórios com
entrevistas com
acesso e a melhoria coordenação do vulnerabilidades e
profissionais da
da qualidade. cuidado na APS desigualdades na
APS
Ribeiro e Cavalcanti e os desafios cidade do Rio de
(2020) frente ao seu Janeiro
exercício.
239
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
dos prontuários entre os diferentes pontos da rede de saúde (Pedebos et al., 2018;
Ribeiro & Cavalcanti, 2020), problemas no armazenamento e duplicidade de
cadastros (Pinto & Santos, 2020) e não padronização dos registros (Rocha et al.,
2020). Os estudos indicaram também a existência de anotações ilegíveis, dados
incompletos, com informações sucintas ou impossíveis de serem interpretadas
(Gonçalves et al., 2013; Ribeiro & Cavalcanti, 2020).
Autoria/ano
Achados relacionados à continuidade da informação
publicação
240
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Discussão
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Considerações Finais
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Barros, R. S. & Botazzo, C. (2011). Subjetividade e clínica na atenção básica:
narrativas, histórias de vida e realidade social. Ciência & Saúde Coletiva,
16(11), 4337-4348.
246
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Pereira, A. T. S., Noronha, J., Cordeiro, H., Dain, S., Pereira, T. R., Cunha,
F. T. S., & Junior, H. C. (2008). O uso do prontuário familiar como indicador
de qualidade da atenção nas unidades básicas de saúde. Cadernos de Saúde
Pública, 24(1), 123-133.
247
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
248
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 17
DESAFIOS DA SAÚDE DA
POPULAÇÃO NEGRA: REDE
HUMANIZASUS NO
ENFRENTAMENTO AO RACISMO
Elizandra dos Santos Razera
Catia Paranhos Martins
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-K
249
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Deste modo, podemos pensar a branquitude como uma força nos espaços
de poder em instituições que atuam com a formação de uma supremacia branca
responsável pela dominação de outros grupos raciais. Partindo desse pressu-
posto, mesmo que existam ações institucionalizadas, engajadas em combater
disparidades raciais na construção de políticas em saúde, buscando equidade
racial em consonância com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS),
mesmo sendo orientadas por leis, portarias e resoluções nos parecem não trans-
formar as estruturas, as práticas e as subjetividades. Melhor ilustrando, quando
uma política “para negros” é conquistada pelos movimentos sociais e acessa as
instituições, inevitavelmente a mesma se dilui e se transforma em uma política
“para todos” ou uma política “social”. Como afirma Maria Aparecida da Silva
Bento (2016, p. 20), “isso tem feito com que a mudança de condições de vida
da população negra seja menor e tenha um impacto insignificativo nas estatís-
250
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
ticas”. Para a autora, isso acontece devido ao perfil de quem ocupa os espaços
de decisão das políticas de combate ao racismo e promoção da igualdade racial,
ser majoritariamente tomado por pessoas brancas, em sua maioria homens, que
se organizam na direção da manutenção de privilégios materiais e simbólicos,
subjugando corpos negros e indígenas às margens das políticas públicas, acen-
tuando para populações racializadas um lugar de desprivilegios.
Partindo dessa reflexão, Maria Inês Barbosa (1998, p. 100), afirma que
a maioria das doenças que atingem a população negra é a mesma que atinge
a maioria da população em geral. O que diferencia é seu perfil mais crítico de
saúde, recorrente a diferentes contextos históricos que são pautados na discri-
minação e no racismo, confluindo, assim, na negação de direitos.
251
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
2 Idealização do padrão de existência a partir da cor branca da pele. Segundo Luciana Alves “[...]
“uma construção do branco como grupo privilegiado e como ideal ético, estético, econômico e edu-
cacional a ser alcançado pelos sujeitos” - Significados de ser branco – a brancura no corpo e para
além dele – Dissertação de mestrado – Luciana Alves. (Alves, 2010, p.7)
255
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
favor dos 77% das mulheres brancas. (Arraes, 2014). Nesse sentido, é inegável
que o racismo afeta a saúde e a qualidade de vida das mulheres negras, desde as
formas de atendimentos na rede de saúde, até a maneira como são construídas
as políticas de saúde. Se analisarmos a questão do aborto sob uma ótica racial,
mulheres negras e indígenas traçam o perfil de mulheres em maior risco de óbi-
to por aborto, sendo este um problema de saúde pública no Brasil (Cardoso et
al, 2020). Sabemos bem que o aborto e a decisão por fazê-lo, geram diferentes
significados para mulheres indígenas, negras e brancas.
256
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4 https://www.youtube.com/watch?v=hUgSDKpc7sU
259
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Das postagens com a tag “Saúde da mulher negra”, destacamos: “Diz que
não existe racismo, MAS, uma mulher negra recebe menos tempo de atendi-
mento médico que uma mulher branca – Desigualdades, tornam necessário de-
bater saúde da população negra” – postada por Valéria Regina, em 24/11/2017.
A autora é atuante na rede e trabalhadora da educação em Belo Horizonte – MG
e nos traz dados importantes para entendermos o histórico cenário necropolíti-
co na saúde de mulheres negras no Brasil. Relata a situação da população ne-
gra, especialmente no âmbito da saúde, apontando os índices de “precocidade
dos óbitos, altas taxas de mortalidade materna e infantil, maior prevalência de
doenças crônicas e infecciosas, bem como altos índices de violência urbana que
incidem sobre essa população”. E sobre a violência contra as mulheres, a autora
nos revela dados alarmantes que corroboram com a discussão:
261
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Considerações Finais
262
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Almeida. S. (2018). O que é Racismo Estrutural? Série – Feminismos Plurais.
Justificando. Ed. Letramento. São Paulo -SP.
263
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Batista, L., E., Wernwk. J. & Lopes. F. (2012). Saúde da população negra. (2a
ed). Brasília: ABPN - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros.
Cardoso, B., B., Vieira, F., M., S., B. & Saraceni, V. (2020). Aborto no Brasil:
o que dizem os dados oficiais? Cadernos de Saúde Pública, 36.
264
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Carone. I. & Bento. M., A., S. (2016). Psicologia social do racismo: Estudos
sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes.
Tavares. S., C., J. (2021). Racismo e saúde mental: subsídios para uma clínica
socialmente contextualizada. In I. R. Barbosa, K. M. Aiquoc, & T. A. Souza
(Orgs.)., Raça e saúde: múltiplos olhares sobre a saúde da população negra no
Brasil / organizadores (pp. 169-180). Natal: EDUFRN.
265
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 18
PRIMEIRA INFÂNCIA E
POLÍTICAS PÚBLICAS:
REFLEXÕES SOBRE O
PROGRAMA CRIANÇA FELIZ
Luan Fernando Schwinn Santos
Gabriela Rieveres Borges de Andrade
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-L
266
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
nificativas que a infância vem sofrendo nas últimas décadas. Os espaços para
brincar e se desenvolver livremente, em interação com a natureza vem se redu-
zindo significativamente nas sociedades modernas. Neste sentido, reforça-se a
preocupação com a estimulação precoce de bebês e com as condições que são
dadas ao desenvolvimento das crianças desde a tenra infância. O pleno desen-
volvimento físico-motor e cognitivo depende, portanto, de tais estímulos, que
podem intervir significativamente em ações como o falar, o engatinhar, o andar
e também ter reflexos na vida adulta, com maiores chances de tornarem-se
mais ativos e aptos à vida em sociedades complexas e que exigem cada vez
mais uma sofisticação tecnológica e social dos indivíduos (Shimabukuro &
Reis, 2019).
270
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
271
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Método
Este capítulo tem como objetivo refletir sobre o PCF como um programa
intersetorial que tem como premissa o fortalecimento da primeira infância. Para
isso, fazemos uma descrição do PCF em linhas gerais e pautamos o conceito
de intersetorialidade e as ações intersetoriais propostas pelo programa, com
base na bibliografia sobre o tema e no documento “Programa Criança Feliz: a
intersetorialidade na visita domiciliar” (MDS, 2017a; 2017b), estabelecendo
um diálogo com a bibliografia sobre o tema. O método da análise documental
permite utilizar um documento governamental enquanto fonte de pesquisa, a
partir de questões de interesse dos pesquisadores (Sá-Silva et al, 2009; Cellard,
2018; Lima Junior et al., 2021), identificar desafios e potencialidades da ação
intersetorial no desenho do PCF.
272
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
273
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
O PCF tem no seu desenho uma proposta intersetorial, que deve ser efeti-
vada por um Comitê Gestor Intersetorial e que se configura enquanto um espa-
ço de articulação formado por representantes das políticas envolvidas no PCF
e que auxiliará as ações desenvolvidas pelo Programa. Cada município define a
composição do Comitê Gestor Intersetorial de acordo com os serviços e políti-
cas ofertadas no âmbito local mas, em geral, o comitê é composto por represen-
tantes das políticas de Assistência Social, Saúde, Educação e Conselho Tutelar.
O município deve aderir ao PCF, sendo condição ter pelo menos um Cen-
tro de Referência de Assistência Social em funcionamento e ter, no mínimo,
140 habitantes na condição de público alvo do programa. Aderir ao progra-
ma, implica em uma contrapartida financeira que será realizada em três fases:
Implantação, Etapa de Execução - Fase I e Etapa de Execução - Fase II. Essa
contrapartida ocorre da seguinte maneira:
Etapa de Execução - Fase I: Parcela Fixa (R$75,00 X 80%) que será bali-
zada pela composição da equipe e do quantitativo de beneficiários acom-
panhados e uma Parcela Variável (R$75,00 X 20%) que será balizada pela
quantidade beneficiários visitados;
Etapa de Execução – Fase II: Parcela Fixa (R$75,00 X 60%) que será ba-
lizada pela composição da equipe e do quantitativo de beneficiários acom-
panhados e uma Parcela Variável (R$75,00 X 40%) que será balizada pela
quantidade beneficiários visitados; (Portaria n.º 2.496, 2018)
274
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275
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
276
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Ribeirão Preto (SP), Gaia, Candido e Barbosa Júnior (2019) apresentam pelo
menos duas conquistas relevantes a partir da sua implementação na cidade:
Considerações Finais
277
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Bichir, R. M., Haddad, A. E., Lotta G. S., Hoyler, T.,Canato, P., Marques, C.
L. (2019). A Primeira Infância na cidade de São Paulo: o caso da implementa-
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org/10.12660/cgpc.v24n77.72695
278
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
279
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Plano Nacional Primeira Infância: 2010 - 2022 | 2020 - 2030 / Rede Nacional
Primeira Infância (RNPI); ANDI Comunicação e Direitos. - 2a ed. ( revista e
atualizada). - Brasília, DF: RNPI/ANDI, 2020.
Prnewswire. (2019). Criança Feliz do Brasil, um dos seis vencedores dos Prê-
mios Wise 2019. Revista Exame. Recuperado em 20 julho, 2021, de https://
exame.com/negocios/releases/crianca-feliz-do-brasil-um-dos-seis-vencedores-
-dos-premios-wise-2019/
280
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Santos, G. S., Pieszak, G. M., Gomes, GC, Biazus C.B., Silva, S.O. (2019).
Contribuições da Primeira Infância Melhor para o crescimento e desenvolvi-
mento infantil na percepção das famílias. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fun-
damental. 11 (1), 67-73.
281
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 19
O ENSINO DA DISCIPLINA
DE PROCESSOS
PSICOLÓGICOS BÁSICOS
Maria Luiza da Costa Júlio
Gabriela Markus Chaves
Felipe Maciel dos Santos Souza
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-M
282
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
De acordo com Macedo et al. (2018), no Brasil existem 549 cursos ativos
de Psicologia. Destes, 84 funcionam em IES públicas (14,92%), distribuídas
em federais (n = 58), estaduais (n = 22) e municipais (n = 4); 438 no setor pri-
vado (77,79%) e 27 como IES (4,79%) que foram criadas por leis estaduais ou
municipais (até 1988). Os autores indicam que quanto ao número de matrícu-
las, totalizam 207.070, o que equivale a 2,64% do total de matrículas do ensino
superior brasileiro. Isso coloca a Psicologia na 7ª posição entre os cursos com
maior número de matrículas.
283
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Materiais e Método
Material
Sabe-se que tudo pode ser documento, desde que seja assumido como
tal, tendo em vista que os documentos não existem como tais antes que a curio-
284
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Resultados e Discussão
285
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Número de Disciplinas
Instituição2 Nome(s)
Identificadas
Processos Psicológicos
I1 1
Básicos
I2 1 Processos Psicológicos Básicos
2 A fim de preservar a identidade das IES, os autores codificaram aleatoriamente os nomes das
instituições em números de 1 a 3.
286
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Observa-se que todas as três IES possuem uma disciplina intitulada Processos Psicológicos
Básicos. Isso sugere um atendimento à obrigatoriedade do ensino, conforme as DCNs de 2011 (Mi-
nistério da Educação e Cultura, 2011). Atenta-se, ainda, que duas disciplinas possuem carga horária
de 80 horas, e uma de 72. Em dois cursos, as disciplinas são ofertadadas no 2º semestre e, em um,
no 1º semestre, ou seja no início dos cursos. Isso pode indicar o seu estudo como uma possibilidade
de apresentação geral de Psicologia. Essa característica pode indicar, também, que tais disciplinas
constituem pré-requisitos para aquelas específicas de teorias, métodos e técnicas psicológicas.
Deve-se ressaltar que não se posiciona a favor da inclusão de mais disciplinas de PPB,
nas IES, mas acredita-se que a restrição de sua oferta – ou a falta de sua articulação com outras
disciplinas – pode contribuir para omissão e controvérsia sobre as fundações, fundamentações e
aplicações. Como é possível relacionar os conteúdos relacionados à PPB com outras disciplinas,
como a Anatomia, Fisiologia Humana, Neuroanatomia, Neurologia, etc., outros estudos devem ser
realizados para identificar como estas disciplinas se relacionam nos cursos pesquisados.
Instituição Ementa
Teorias e pesquisa na área de processos cognitivos. Histórico e defi-
nições. Processos básicos de percepção. Processos complexos de re-
I1
solução de problemas. Tomada de decisões e raciocínio. Linguagem,
cultura e cognição.
Estudo dos processos psicológicos básicos. Aspectos Cognitivos
da aquisição de informação. Percepção como processo cognitivo.
Atenção e cognição. Bases Biológicas da aprendizagem. Cognição
I2
e Memória. Linguagem, conceitos e categorias: uso e representação.
Pensamento, resolução de Problemas e Criatividade. Comportamen-
to intencional e teoria da mente.
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Considerações Finais
288
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Por fim, para uma visão mais ampla da organização sobre o ensino de
PPB, como disciplina e recurso formativo de psicólogos, sugere-se que novos
estudos sejam realizados, em outras localidades brasileiras, com a variação dos
instrumentos utilizados como, por exemplo, a análise documental de Projetos
Políticos Pedagógicos (PPPs) e dos planos de ensino.
Referências
Calais, S. L., & Pacheco, E. M. C. (2001). Formação de psicólogos: análise
curricular. Psicologia Escolar e Educacional, 5(1), 11-18.
Castelo Branco, P., & Feitosa, E. (2017). Formação do psicólogo nos interiores
do Brasil: reflexões e implicações. In: Lemos, F. (Org.), Conversas tranver-
salizantes entre psicologia política, social-comunitária e institucional com os
campos da educação, saúde e direitos, v.7 (pp.557-565). Curitiba: Editora CRV.
289
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Macedo, J. P. R., Ramos, B. B., Souza, C. J., Lima, M. S. S., & Fonseca, K. P.
B. C. (2018). Formação em Psicologia e oligopolização do ensino superior no
Brasil. Estudos de Psicologia (Natal), 23(1), 46-56.
Mancebo, D., Vale, A., & Martins, T. (2015). Políticas de expansão da educação
superior no Brasil, 1995-2010. Revista Brasileira de Educação, 20(60), 31-50.
290
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Oliveira, I. T., Soligo, A., Oliveira, S. F., & Angelucci, B. (2017). Formação em
Psicologia no Brasil: Aspectos Históricos e Desafios Contemporâneos. Psico-
logia Ensino & Formação, 8(1), 3-15.
291
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
292
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 20
“PROFESSORES CULPADOS”:
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE
DILEMAS DO FRACASSO
ESCOLAR EM ESCOLAS PÚBLICAS
NA PERSPECTIVA DE DOCENTES
DE MATO GROSSO DO SUL
Esmael Alves de Oliveira
Fernanda Kozlowski Pinto
Daniela Sales
Liergi Vieira
Daniele Marques
Tainá Luane da Rocha Mattoso
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-N
293
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
1 Compreendemos a noção de fracasso como uma categoria polissêmica, ou seja, atravessada por
múltiplos sentidos e que, a depender do contexto e dos agentes que a mobilizam, pode assumir
diferentes significados e ênfases. De acordo com Pozzobon, Mahendra e Marin (2017), o termo é
ambivalente e, por vezes, há falta de especificidade em seu uso. Nesse sentido, o termo tem sido
“utilizado para fazer referência às dificuldades de aprendizagem; problemas de comportamento;
baixo desempenho escolar; distorção idade-série/ano; abandono escolar precoce ou repetência”
(Pozzobon, Mahendra & Marin, 2017, p. 388).
294
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298
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Se tudo isso não fosse suficiente, é necessário lidar com salas de aulas nu-
merosas, barulho excessivo, atividades extraclasse, baixa remuneração, violên-
cia, alunos desinteressados. Por conseguinte, a busca por novos recursos e para
fugir do tradicional acaba por tornar o cotidiano do docente mais desgastante e,
muitas vezes, mais desestimulante (Barreto, 2007).
299
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Carga
Nível de Tempo
Partici- Área de Disciplina horária Escola públi-
Gênero Idade atuação de de
pantes formação ministrada sema- ca/privada
Ensino atuação
nal
Língua
Masculi- Letras, Fundamen-
1 35 Portuguesa 24h Pública 7 meses
no Filosofia tal e médio
e Filosofia
Letras, Fundamen-
2 Feminino 47 Arte 20h Pública 25 anos
Arte tal
Masculi-
3 36 Pedagogia Médio Filosofia 40h Pública 8 anos
no
Fundamen-
4 Feminino 29 Geografia Geografia 35h Pública 5 anos
tal
Fundamen- Pública/pri-
5 Feminino 45 Pedagogia Diversas* 40h 12 anos
tal vada
Educação
6 Feminino 40 Pedagogia Médio 30h Pública 6 anos
Especial
Fundamen-
7 Feminino 37 Arte Arte 20h Pública 12 anos
tal
História e História e
8 Feminino 32 Médio 40h Pública 10 anos
Sociologia Sociologia
Matemá- Fundamen- Matemá-
9 Feminino 46 20h Pública 21 anos
tica tal tica
300
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
301
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Partici-
Quais fatores você atribuiria como causa do fracasso escolar?
pantes
Má gestão pública e a carga horária excessiva com baixos salários que
1 obrigam o professor a trabalhar mais para ganhar um tanto que seja ra-
zoável para viver.
2 Sistema de Ensino.
Má gestão por parte dos governantes que enxergam a educação como
gasto e não investimento. Isso, porque muitas vezes não convém formar
3
a sociedade, o conhecimento sempre será uma arma aos olhos de gover-
nantes sem boas intenções.
302
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Partici- Na sua prática docente, o que você tem feito com relação ao fracasso
pantes escolar (estratégias de enfrentamento)?
Burlando o sistema (possibilitando aos estudantes mais conteúdos críti-
1
cos e menos técnicos).
303
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Sempre tentamos mostrar a eles que lá na frente irá fazer falta o estudo...
7
Pois tudo que fazem precisam ter terminado os estudos escolares...
Podemos destacar que alguns desses mitos podem ser utilizados com a
intenção de isentar a escola e/ou seus profissionais do fracasso escolar, mas,
para superá-los, faz-se necessário ter conhecimento sobre quais são seus deter-
minantes; só isso permitirá enfrentá-lo.
304
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Uma outra possível causa pode ser identificada diretamente nas práticas
pedagógicas, que precisam ser revistas por meio de uma reflexão sobre seus
principais elementos estruturantes: relação professor-aluno; metodologia de
trabalho; currículo; avaliação; e gestão. Essa reflexão não pode perder de vista
a especificidade do trabalho escolar.
• Ambiguidade na responsabilização
305
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
aprendem. A metade entra sem aprendizado. Ensinar como, se não fazem cur-
sos? E governos e prefeitos não oferecem cursos para professores?”
• Salário
• Desvalorização profissional
“Há alunos que, por diferentes razões, não estão aptos (principalmente
anos iniciais) a seguir nas séries seguintes”.
306
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
307
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Considerações Finais
O que tudo isso nos permite pensar? Qual o papel da psicologia escolar
nesse contexto? Quais os caminhos possíveis para a superação dos impasses e
dilemas encontrados?
308
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Assunção, A. A., & Oliveira, D. A. (2009). Intensificação do trabalho e saúde
dos professores. Educação & Sociedade, 30(107): 349-372.
Pozzobon, M., Mahendra, F., & Marin, A. H.. (2017). Renomeando o fracasso
escolar. Psicol. Esc. Educ, 21 (3): 387-396.
309
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 21
O LÚDICO NA TERAPIA
ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL
INFANTIL
Juliety Aliny Souza
Felipe Maciel dos Santos Souza
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-B
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
311
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
pode ser limitado devido a suas fases de desenvolvimento o uso do lúdico pode
favorecer a interação terapeuta e cliente, na coleta de dados, seu histórico de
vida além de propiciar um ambiente harmônico e auxiliar no estabelecimento
do vínculo terapêutico. O lúdico ajuda, ainda, o terapeuta a desenvolver uma
relação mais efetiva com seu cliente, por isso apresenta-se como uma atividade
reforçadora no processo terapêutico, podendo contribuir para que a criança se
empenhe nesse processo, tornando-o mais efetivo. Diante disso, esta pesquisa
se propõe a discutir o lúdico como norteador na prática clínica na Terapia Ana-
lítico-comportamental Infantil (TACI).
Materiais e Método
Tipo de pesquisa
Fontes
A seleção dos artigos foi feita com o objetivo de verificar estudos de ca-
sos que usaram o lúdico na Terapia Analítico-comportamental Infantil. Primei-
ramente, foi feita a identificação dos artigos, em seguida, a análise do material
selecionado.
313
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Resultados e Discussão
314
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315
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Bezerra, Teixeira Júnior e Palha (2013) têm por objetivo em seu artigo
demonstrar como a brincadeira e a produção de regras podem interferir em
outros comportamentos de uma criança. O trabalho baseia-se nos registros dos
atendimentos da paciente de nome fictício Kissyla, seis anos, que foi levada à
terapia pela mãe, apresentando como queixa principal o ato de roubar, verifi-
cou-se que esse comportamento estava relacionado à dificuldade da criança de
seguir regras e também da ausência de vínculo afetivo com a mãe.
316
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
ta, tem acesso aos fatos que ocorrem no ambiente da criança, assim auxilia o
cliente a modificar comportamentos que são motivos da queixa inicial que le-
vou a criança a terapia e adquirir comportamentos desejáveis que a auxiliarão
no decorrer de sua vida.
Considerações Finais
318
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
Azevedo, M. R. Z. S. & Moura, C. B. (2000). Estratégias lúdicas para uso em
terapia comportamental infantil. Em: R. C. Wielenska, (Org.), Sobre comporta-
mento e cognição: Questionando e ampliando a teoria e as intervenções clínicas
em outros contextos. (Vol. 6, pp.163-170). Santo André: ESEtec.
Del Prette, A., & Del Prette, Z. A. P. (2006). Inventário de Habilidades Sociais
(IHS Del Prette): Manual de aplicação, apuração e interpretação. São Paulo:
Casa do Psicólogo.
Haber, G. M., & Carmo, J. S. (2007). O fantasiar como recurso na clínica com-
portamental infantil. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cogni-
tiva, 9(1).
319
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
320
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 22
321
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
322
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Estímulos Flankers
Dada a tarefa proposta por Eriksen e Eriksen (1974) existem termos fun-
damentais para a compreensão da forma como esta se apresenta, essencial-
mente nos denominados Flankers, que são tipos de distratores apresentados
de acordo com as respostas direcionais fornecidas a partir da procura por as
figuras alvos diante ao teste, os mesmos são caracterizados quanto a seu modo
de presença nas imagens bases dessa tarefa, são eles: Neutros, Congruentes e
Incongruentes (MClean et al., 2013).
323
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Tarefa de Flanker
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Materiais e Métodos
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Resultados e Discussão
Tabela 1: Quantidade de itens inseridos em relação aos descritores desta
pesquisa.
DESCRITORES N° DE ITENS
Flankers 3
Funções Executivas 7
Tarefa de Flanker 6
Este teste se apresenta como uma tarefa a ser resolvida, envolvendo ha-
bilidades do sistema cognitivo que devem funcionar de forma harmônica, tam-
bém possibilita um funcionamento geral das funções executivas principais,
aqui já citadas, como: memória de trabalho, controle inibitório e a flexibilidade
cognitiva, e a atenção que se encontra em ligação com estas, vale citar que o
uso da atenção seletiva se mostrará como conciliadora na ‘’concentração’’ em
330
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
meio aos estímulos e que a atenção visual se baseia em localização dos estimu-
lo perante ao espaço e características do alvo (Rossini & Galera, 2006).
Considerações Finais
Cabe ressaltar que este instrumento não é restritivo a nenhuma classe, po-
rém, serve de apoio para questões clínicas e de rastreamento, não cabendo a si
o diagnóstico de tal transtorno. Este material pode ser usado através de instru-
mentos tecnológicos (ex: computadores) permitindo maior comodidade, sendo
passível de modificações e adaptações, criando um ambiente mais controlado
para efetividade do teste, facilitando o acesso e, principalmente, fornecendo
dados estatísticos e computadorizados que permitem maior validade de resulta-
dos, sendo assim, uma proposta moderna.
Ressalta-se que esta pesquisa apresenta uma ideia enriquecedora para fa-
vorecer aos profissionais, pesquisadores, sujeitos com TDAH e indivíduos em
331
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Referências
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Cognitive Training for ADHD. Child and Adolescent Psychiatric Clinics of
North America, 23(4), 807–824.
Davranche, K., Hall, B., McMorris, T. (2009). Effect of Acute Exercise on Cog-
nitive Control Required During an Eriksen Flanker Task. Journal of Sport and
Exercise Psychology, 31, 628-639.
Dias, M. B., Pereira, R. S., Brito, S. V., Browne, R., Ramos, I. A., & Campbell,
C. S. G. (2013). Efeito de Brincadeiras Ativas Sobre O Desempenho Escolar
Em Crianças. Educação Física em Revista, 7(1).
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Eriksen, B. A., & Eriksen, C. W. (1974). Effects of noise letters upon the iden-
tification of a target letter in a nonsearch task. Perception & Psychophysics,
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Galdos, M. et al. (2011). Identificando estados de risco para além dos sintomas
positivos: um teste breve que avalia o impacto de disfunções neurocognitivas
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McLean, S. P., Garza, J. P., Wiebe, S. A., Dodd, M. D., Smith, K. B., Hibbing,
J. R., & Espy, K. A. (2014). Applying the Flanker Task to Political Psychology:
A Research Note. Political Psychology, 35(6), 831–840.
Miyake, A., & Friedman, N. P. (2012). The Nature and Organization of Indi-
vidual Differences in Executive Functions: Four General Conclusions. Current
Directions in Psychological Science, 21(1), 8–14.
Miyake, A., & Friedman, N. P., Emerson, M. J., Witzki, A. H., Howerter, A.
(202). The unity and diversity of executive functions and their contributions to
complex “Frontal lobe” tasks: A latent variable analysis. Cognitive Psychology,
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Posner, M. I., Snyder, C. R., & Davidson, B. J. (1980). Attention and the detec-
tion of signals. J Exp Psychol, 109(2), 160-74.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Stins, J. F., Polderman, J. C. T., Boomsma, D. I., & Geus, E. J. C. (2007). Con-
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White, C. N., Ratcliff, R., & Starns, J. J. (2011). Diffusion models of the flanker
task: Discrete versus gradual attentional selection. Cognitive Psychology, 63,
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334
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 23
O SUICÍDIO NA VISÃO
DA GESTALT-TERAPIA
Thaynara Rodrigues Damasio
Dionatans Godoy Quinhones
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-C
A pessoa que se encontra com uma ideação suicida está lidando com a
falta de sentido da vida, com sentimentos de solidão, culpa e raiva, e vê a morte
como solução para o desespero, e como diz Bispo e Rosa (2013, p.18)“o sui-
cídio parece trazer consigo a ilusão de liberdade”. Segundo Fukumitsu (2012),
o suicida não almeja a morte, mas outra maneira de se viver, e a tentativa de
suicídio pode ser visto como um pedido de ajuda ao outro, em que a pessoa não
quer deixar de existir, mas quer viver de maneira diferente.
335
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
Com esse entendimento, este trabalho teve como objetivo mapear e anali-
sar documentos encontrados nos dez últimos anos que dizem respeito ao fenô-
meno do suicídio na visão da Gestalt-terapia, pontuando e compreendendo os
mecanismos neuróticos da pessoa suicida e apresentando o que os documentos
encontrados dizem sobre a intervenção psicoterapêutica em situação de crise.
Materiais e Método
336
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
cados um total de 13 artigos nas bases dos dados. Os critérios de inclusão foram
artigos científicos com a palavra chave no título e/ou no resumo, na qual foram
selecionados oito artigos no total. E como critério de exclusão, foi a fuga do
tema, inclusão de temáticas mais abrangentes.
Resultados
337
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
338
Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
A pessoa suicida não demonstra uma rejeição pela vida, pelo contrário,
apresenta dificuldade de suportar a própria vida e a condição humana e se sente
339
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Mecanismos neuróticos
342
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(Gutzi, p.52), pois o suicida apresenta uma grande dificuldade de manejar suas
necessidades. Segundo Fukumitsu, a pessoa que pensa em se auto-aniquilar são
pessoas que não se permitem viver na espontaneidade (p.96).
Cada pessoa tem sua forma de defesa, de acordo com Gutzi (p.52), em
que fugir ou evitar o contato pode ser uma resistência ou defesa da pessoa con-
tra a possibilidade de sofrimento (Perls, 1981), e essa interrupção do contato é
uma das principais características da neurose (Tenório, 2003 p.24). Entende-se
a neurose como o resultado da interrupção do ciclo de contato e perdas e enfra-
quecimento das funções de ego do self (Tenório p. 241).
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Manejo do Psicoterapeuta
E isso pressupõe que o terapeuta não tira a pessoa do seu vazio existen-
cial “pois o vazio já está lá e é considerado pela Gestalt como fértil e cheio de
possibilidades. Ajudamos nossos clientes a transformarem o vazio estéril em
vazio fértil” (Fukumitsu p.93). Os psicoterapeutas são considerados facilitado-
res que ajudam seus clientes a entenderem seu sentidos de vida, com o objetivo
de eles se tornarem mais conscientes de suas necessidades e responsabilidades
de estar vivos (p.16), entendendo que é no contato, e por meio de uma boa rela-
ção entre cliente e terapeuta que as mudanças podem acontecer no processo de
psicoterapia (Cerqueira & Lima p. 455).
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Objetivo da psicoterapia
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454). Segundo Gutzi “Na perspectiva gestáltica o contato é uma das maiores
necessidades psicológicas do ser humano, sem contato não obtemos nutrientes
para sobreviver. (2014, p.53). Cabe ao profissional escutar e perceber os fun-
cionamentos disfuncionais (distúrbios de fronteira) do seu cliente, para poder
fazer um plano de intervenção e ajudá-lo a se perceber.
Conclusão
Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise
e mapeamento de documentos que retratassem o suicídio na visão da Gestal-
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Referências
Brasil-OPAS (2006). Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana de
Saúde Universidade Estadual de Campinas [UNICAMP]. Prevenção de sui-
cídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília:
Ministério da Saúde.
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CAPÍTULO 24
“ELE É UM POUCO
ESTRANHO QUANDO VOCÊ NÃO
O CONHECE”: O TRANSTORNO
OBSESSIVO COMPULSIVO
DE ADRIAN MONK
Ellen de Souza Valério Barbosa
Henrique Cabral Furcin
Jonatan dos Santos Franco
Nagila Thaina Christ Gheller
Felipe Maciel dos Santos Souza
Doi: 10.48209/978-65-5417-084-X
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Materiais e Método
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Levantamento bibliográfico
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Análise do episódio
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Discussão de dados
Resultados e Discussão
Para Skinner (1953), o conhecimento suficiente para uma ciência não pode
ser a descrição de um evento em si mesmo, deve-se relacionar o evento a outros
eventos; o comportamento só pode ser compreendido a partir do intercâmbio
do organismo com o ambiente, uma relação que não expresse uma causa, e
sim, que descreva uma função. Ressalta-se que sua preocupação básica de
sua ciência é o estudo do comportamento, a partir do próprio comportamento,
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Na sequência das cenas, vemos que a relação do detetive Monk com sua
enfermeira Natalie contribui para que a ocorram mudanças na frequência de
determinados comportamentos. Observa-se que as respostas emitidas fazem
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Considerações Finais
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Referências
Associação Americana de Psiquiatria (APA). (2014). Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais: DSM-5. (5a ed.). Porto Alegre, Artmed.
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PARTE III
I Mostra de
Livre Expressão:
Atos, Retratos
e Memórias da
Pandemia
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APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
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CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
Luísa Feil Aquino: Psicóloga formada pela Universidade Federal da Grande Doura-
dos (UFGD), com estágio específico em Psicoterapia Cognitiva realizado no LabS-
PA, em 2021.
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Karen Priscila Del Rio: Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católi-
ca do Rio Grande do Sul-PUCRS. Pós-doutora pelo Departamento de Psicobiologia
da UNIFESP. Docente do curso de Pós-Graduação em Psicologia pela Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD).
CAPÍTULO 7
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CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
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CAPÍTULO 10
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CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
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CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
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CAPITULO 18
CAPÍTULO 19
Felipe Maciel dos Santos Souza: Formado em Psicologia pelo Centro Universitário
da Grande Dourados, Dourados - MS. Mestre e Doutor em Psicologia Experimental:
Análise do Comportamento na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Rea-
lizou estágio pós-doutoral na Universidade Católica Dom Bosco. É membro do GT
História da Psicologia da ANPEPP.
CAPÍTULO 20
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CAPÍTULO 21
Felipe Maciel dos Santos Souza: Formado em Psicologia pelo Centro Universitário
da Grande Dourados, Dourados - MS. Mestre e Doutor em Psicologia Experimental:
Análise do Comportamento na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Rea-
lizou estágio pós-doutoral na Universidade Católica Dom Bosco. É membro do GT
História da Psicologia da ANPEPP.
CAPÍTULO 22
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CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
Felipe Maciel dos Santos Souza: Formado em Psicologia pelo Centro Universitário
da Grande Dourados, Dourados - MS. Mestre e Doutor em Psicologia Experimental:
Análise do Comportamento na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Rea-
lizou estágio pós-doutoral na Universidade Católica Dom Bosco. É membro do GT
História da Psicologia da ANPEPP.
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Psicologias em tempos pandêmicos: experiências profissionais, formação e pesquisa
ORGANIZAÇÃO
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PSICOLOGIAS
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EM TEMPOS
PANDÊMICOS:
EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS,
FORMAÇÃO E PESQUISA
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(55)99723-4952
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