Ciencias Do Comportamento
Ciencias Do Comportamento
Ciencias Do Comportamento
CIÊNCIAS DO
COMPORTAMENTO
Questões Atuais, Desafios e
Possibilidades
VOLUME 1
2022
© Dos organizadores - 2022
Editoração: Schreiben
Capa: Pixabay
Revisão: os autores
Editora Schreiben
Linha Cordilheira - SC-163
89896-000 Itapiranga/SC
Tel: (49) 3678 7254
[email protected]
www.editoraschreiben.com
EISBN: 978-65-89963-38-7
DOI: 10.29327/554050
CDU 159.9.019.4
Bibliotecária responsável Kátia Rosi Possobon CRB10/1782
Os capítulos desta obra foram avaliados e receberam pareceres ad hoc de:
APRESENTAÇÃO...................................................................................6
Denise de Matos Manoel Souza
Felipe Maciel dos Santos Souza
PREFÁCIO..............................................................................................8
Rodrigo Lopes Miranda
CAPÍTULO 1
CONHECER E AVANÇAR: UM PROJETO DE DIFUSÃO DA
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO EM MINAS GERAIS..................11
Henrique Costa Val
CAPÍTULO 2
QUEM DISSE ISTO? A PRESENÇA DE B. F. SKINNER
NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE PSICOLOGIA
SUL-MATO-GROSSENSE.....................................................................30
Felipe Maciel dos Santos Souza
Henrique Cabral Furcin
Jonatan dos Santos Franco
Nágila Thainá Christ Ghellere
CAPÍTULO 3
UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL SOBRE O TESTE DE
TURING: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E SISTEMAS
COMPUTACIONAIS.............................................................................45
Stephanny Sato Del Pin
CAPÍTULO 4
DO ESTABELECIMENTO ENQUANTO CIÊNCIA APLICADA
AOS DESAFIOS DE FORMALIZAR DE UMA ROTINA DE
ATENDIMENTO EM PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL
DO ESPORTE .......................................................................................56
Alberto da Silva Santos
CAPÍTULO 5
A EFICÁCIA DA TERAPIA COM CASAIS..........................................67
Jaqueline Batista de Oliveira Costa
Denise de Matos Manoel Souza
CAPÍTULO 6
ROLE-PLAYING NAS PSICOTERAPIAS COMPORTAMENTAIS:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
BRASILEIRA........................................................................................83
Thiago Francisco Peppe Del Poço
CAPÍTULO 7
ENSINO DE LEITURA NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
A PARTIR DE DIFERENTES UNIDADES TEXTUAIS........................93
Luisa Schivek Guimarães
Sergio Vaconcelos de Luna
CAPÍTULO 8
ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS PARA A ADESÃO
AO TRATAMENTO.............................................................................109
Mariana Amaral
CAPÍTULO 9
O USO DE AUTOCLÍTICOS NA CLÍNICA ANALÍTICO
COMPORTAMENTAL........................................................................126
Mayara Duim Barbosa
André Augusto Borges Varella
CAPÍTULO 10
UTILIZAÇÃO DO APLICATIVO “LER E CONTAR” COM
PESSOAS COM TRANSTORNO DE DESENVOLVIMENTO
INTELECTUAL...................................................................................136
Renan Leão Araújo
Luiz Felipe Silva Melo
Erick de Oliveira Tavares
Daniel Furtado Romero
CAPÍTULO 11
CORRELACIONANDO FATORES AMBIENTAIS E O
COMPORTAMENTO DE AUTOLESÃO.............................................150
Elenice Peixoto da Costa dos Santos
Paulo Roberto dos Santos Ferreira
SOBRE OS AUTORES.........................................................................164
APRESENTAÇÃO
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10
CAPÍTULO 1
Carolina Bori a Belo Horizonte como o grande marco para introdução dessa
abordagem no curso de Psicologia dessa instituição. A autora relata ainda
as condições do curso na época e os conflitos entre professores e alunos das
diferentes abordagens dentro do Departamento de Psicologia. No início da
década de 1990, conta a autora, vários professores se aposentaram, e isso
se refletiu no curso de Psicologia. Paralelamente ao que ocorria na institui-
ção mineira, foi fundada a Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina
Comportamental (ABPMC). Com a fundação desta, houve grandes avan-
ços da área incluindo o lançamento de uma coletânea Sobre Comportamento
e Cognição, que também contribuiu para o desenvolvimento e divulgação da
Análise do Comportamento. Além desses marcos, a autora relata o cresci-
mento do interesse pela clínica embasado pela Análise do Comportamento
por professores de Minas Gerais, que convidaram professores de outras ins-
tituições do Brasil para ir a Belo Horizonte. Os professores analistas do com-
portamento de Belo Horizonte passaram a oferecer estágios supervisionados
em Terapia Comportamental nos cursos de Psicologia.
Foi nesse contexto que, em 1999, em uma pequena reunião de analis-
tas do comportamento de Belo Horizonte, decidiu-se organizar uma Jornada
Mineira de Ciência do Comportamento. Dessa forma, em 2000, foi realizada
a primeira Jornada em Minas Gerais organizada por professores da UFMG.
A Jornada veio a se tornar anual, e a partir daí se abriu às diversas instituições
de ensino superior de Minas Gerais. Em 2002, foi lançada uma coleção re-
gional de Análise do Comportamento denominada Ciência do Comportamento:
conhecer e avançar composta por textos de professores e alunos do Estado, den-
tre outros (Teixeira, 2009).
O presente estudo tem o foco central na história da Análise do
Comportamento no estado de Minas Gerais, a partir da análise da Coleção
criada pelos organizadores da Jornada Mineira de Análise do Comportamento,
tendo como objetivo: caracterizar a difusão da Análise do Comportamento
em Minas Gerais a partir da análise da coleção Ciência do Comportamento:
conhecer e avançar.
Método
Fonte
A coleção Ciência do Comportamento: conhecer e avançar foi seleciona-
da para ser analisada devido a sua produção ter sido a partir de um even-
to regional de Análise do Comportamento, a Jornada Mineira de Análise
do Comportamento. Em textos e pesquisas com foco na história da Análise
do Comportamento em Minas Gerais, os autores chegam a fazer referência
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Procedimentos
Análise da Coleção
Após localizar os sete volumes da Coleção, foi realizada a leitura
do chamado paratexto (Prefácio; Agradecimentos; Apresentação; Tributo
Póstumo) e elaborada uma planilha Microsoft Office Excel (2010) com os se-
guintes campos: (1) Número do volume e Ano de publicação; (2) Nome e
filiação institucional dos envolvidos na produção editorial; (3) Número de
capítulos; (4) Páginas por volume.
Em seguida, os textos de cada volume foram lidos e analisados. Apesar
de apresentarem estruturas diferentes, o procedimento geral adotado foi:
leitura do título e introdução, e, quando necessário, resumo; eventualmente
foi realizada a leitura integral do texto. Desse modo, puderam ser construí-
das categorias a propósito do tipo de texto, linhas de pesquisa, e assunto
principal. Então, a partir de cada texto foi organizada uma nova planilha do
Microsoft Office Excel (2010), com os seguintes campos: (1) Ano de publicação;
(2) Número do volume; (3) Título do texto; (4) Nome do autor ou autores
do texto (1˚, 2˚, 3˚, 4˚, 5˚ e 6˚); (5) Filiação institucional do (s) autor (es); (6)
Tipo de texto: 6.1) Pesquisa: estudo que busca responder uma questão, apre-
sentando para isso dados novos coletados para atender o objetivo do estudo
6.2) Ensaio/Revisão/Discussão: estudo que apresenta análise de literatura
ou discussão sobre um tópico sem apresentar novos dados de pesquisa; 6.3)
Relato de aplicação: Relato de intervenção realizada.
Os textos que foram classificados como Pesquisa foram também cate-
gorizados quanto ao tipo, seguindo as três linhas de pesquisa: Básica: investi-
gação de relações comportamentais (relações organismo-ambiente) que cons-
tituem o objeto de estudo primário da Análise do Comportamento. Esse tipo
de pesquisa busca identificar regularidades nas relações comportamentais e é
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
Resultados e Discussão
A coleção Ciência do Comportamento: conhecer e avançar foi apresenta-
da à comunidade científica no ano de 2002, quando lançou, juntos, os dois
primeiros volumes. Hoje, tem sete volumes publicados, o último em 2009,
numerados de 1 a 7 na própria capa. Esta coleção reúne, em mais de 1300
páginas, textos que cobrem diversos temas em Análise do Comportamento, e
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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Organizadores
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
um Tributo Póstumo à Prof.ª Dr.ª Carolina Martuscelli Bori no ano de seu fa-
lecimento, 2004. A professora Carolina, foi pioneira no ensino de Análise
do Comportamento no Brasil e também em Minas Gerais, tendo inclu-
sive participado como convidada na IV Jornada Mineira de Ciência do
Comportamento, em 2003, e também na coleção Ciência do Comportamento:
conhecer e avançar.
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Organizadores
Figura 3 - Autores que mais publicaram (pelo menos três capítulos) na coleção Ciência do
Comportamento: conhecer e avançar com suas respectivas filiações e números de capítulos
publicados em Autoria única e em Coautoria.
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Organizadores
Figura 4 - Instituições às quais são filiados os autores dos capítulos e números de capítulos
dos autores dessas instituições
Tipos de texto
Ainda na análise do conteúdo dos textos publicados foram identifica-
das algumas características dessa Coleção. Os capítulos foram classificados
em relação ao tipo de textos em três categorias: Ensaio/Revisão/Discussão;
Relato de Aplicação; e Pesquisa. A Figura 5 apresenta o número de capítulos
segundo o tipo.
Figura 6 - Número total de capítulos por tipo de texto por volume da Coleção
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Considerações Finais
A presente pesquisa buscou caracterizar a difusão da Análise do
Comportamento em Minas Gerais, analisando a contribuição da coleção
Ciência do Comportamento: conhecer e avançar. Ao analisá-la, revelou-se também
importante a análise da Jornada Mineira de Ciência do Comportamento, a
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Organizadores
partir da qual a Coleção foi criada. Atualmente o evento está na sua 22ª edi-
ção (2021) e continua tendo um papel importante na disseminação do conhe-
cimento de Análise do Comportamento no estado. Ao final, alguns aspectos
gerais podem ser destacados.
Evidencia-se a estreita relação entre Coleção e Jornada quando se rea-
liza a comparação entre os organizadores e apresentadores das Jornadas e os
temas e autores da Coleção. Assim, em conjunto, além de separadamente,
ambas contribuíram para a difusão da Análise do Comportamento em Minas
Gerais. Isso se revela seja no crescimento do número de apresentadores nas
Jornadas ao longo das edições, seja na diversidade institucional destes, seja
na variedade de temas discutidos nos capítulos e apresentados no evento.
Apesar da ampla participação de instituições envolvidas nas Jornadas
e na Coleção, percebeu-se que grande parte dos trabalhos, em ambos os ca-
sos, se concentrou na UFMG. Isto permite falar da importância desta ins-
tituição na formação e incentivo à pesquisa na área; o que também não é
de estranhar, considerando que foi a primeira instituição pública de Minas
Gerais a oferecer curso de formação em Psicologia (seguida imediatamente
por uma privada, a PUC-Minas), e pioneira no ensino e pesquisa de Análise
do Comportamento, formando pessoal para as outras instituições. Além dis-
so, contribuiu amplamente para a realização de cinco das edições da Jornada
Mineira de Ciência do Comportamento, contando com professores e alunos
envolvidos com a abordagem comportamental, que participaram como auto-
res e organizadores dos volumes da coleção, além de integrarem a comissão
organizadora de edições da JMCC. Dentre as instituições de fora do Estado,
são as mesmas destacadas em outros estudos, por sua antecedência na oferta
de pós-graduação na área (USP, UFSCar, UnB, PUC-SP), mas também insti-
tuições particulares com foco em aplicação.
Aspecto fundamental na difusão da área no Estado parece ter sido a
iniciativa da Jornada e de seus idealizadores de realizar uma publicação pe-
riódica. A Coleção, uma das particularidades da Jornada de Minas Gerais se
comparada a outras Jornadas do Brasil, demonstrou, através do conteúdo de
seus textos, evidências da expansão da área: crescimento de instituições en-
volvidas do estado de Minas Gerais, inserção de novos nomes de interessados
na área e na produção das Jornadas; e, quanto à Coleção, chama a atenção
o fato de a grande maioria de autores ter publicado apenas uma vez, eviden-
ciando no geral uma participação diversa de autores; finalmente destaca-se
a variedade de temas abordados sob a ótica da Análise do Comportamento.
Em relação ao tipo de texto, na Coleção pode-se perceber que mais
de 70% dos capítulos foram do tipo Ensaio/Revisão/Discussão; o restante
distribuído entre Relato de Aplicação e Pesquisa com leve vantagem para
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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CAPÍTULO 2
do behaviorista para os leitores (Del Prette & Del Prette, 2010), sendo um
problema para a qualidade da produção científica.
Ao citar os autores apenas de passagem, sem buscar uma compreen-
são clara daquilo que por eles é proposto, o que se produz é uma imagem
distorcida, que muitas vezes substitui o texto original, uma vez que é mais
fácil ler um pequeno parágrafo do que um livro ou mesmo um capítulo. Essa
forma de expor uma fala torna-se por vezes um posicionamento contrário ao
fazer científico, que tem como intuito construir um conhecimento legítimo e
irradiá-lo para a comunidade (Sampaio, 2005). É justamente esse o resultado
que pode ser percebido em muitas das críticas feitas à obra de Skinner, que,
por vezes, utiliza extensivamente determinadas citações em detrimento do
material original e sua complexidade inerentemente superior.
Diante do exposto, julga-se ser imprescindível uma análise das citações
feitas a B. F. Skinner em periódicos brasileiros de Análise do Comportamento.
Como parte de uma pesquisa que visa analisar a institucionalização da
Análise do Comportamento em Mato Grosso do Sul a partir de publicações,
com o presente capítulo pretende-se (a) quantificar e (b) analisar as citações
a Skinner contidas em artigos escritos por, ao menos, um autor filiado a uma
instituição de Ensino Superior do estado. Acredita-se que este recorte geo-
gráfico contribua para perceber a disseminação da perspectiva teórica, uma
vez que os periódicos são idealizados também para agilizar o processo de
comunicação científica. Parte-se da premissa de que, por meio da análise de
citações, é possível verificar a contribuição que os autores têm oferecido a
outras publicações em diferentes áreas como também verificar as tendências
e direções das pesquisas publicadas e a contribuição efetiva destas (Ferreira,
2003).
Método
A pesquisa apresentada neste artigo caracteriza-se como explorató-
rio-descritiva, com delineamento de pesquisa histórica de enfoque quantita-
tivo (Massini et al., 2008) e realizada utilizando as seguintes fontes: Revista
Brasileira de Análise do Comportamento (REBAC), Revista Perspectivas em
Análise do Comportamento (Perspectivas) e Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva (RBTCC). Estas são as principais revistas de
Análise do Comportamento no Brasil e possuem livre acesso. Cada pesqui-
sador se responsabilizou por realizar a coleta e análise dos documentos de
uma fonte e, ao final do processo, todas as informações passaram pelo crivo
de um juiz, adotando-se como critério de aceitação, como em Souza (2011)
e Souza e Gonçalves (no prelo), o valor de 90% de concordância. Nos casos
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Organizadores
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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Organizadores
Resultados e Discussão
Como apresentado anteriormente, 11 documentos foram analisados,
com um total de 410 referências, sem excluir repetições de materiais. Desse
total, 233 (56,8%) são artigos; 63 (15,4%) livros, capítulos totalizam 51 ocor-
rências (12,4%) e 63 (15,4%) são outros tipos de material (cartilhas, leis, sí-
tios, dissertações, teses e vídeos). Tendo em vista os objetivos deste trabalho,
foram identificadas em 8 materiais, 14 referências a Skinner, sendo: 9 livros,
dois capítulos de livro e três artigos, como apresentado na Tabela 2. Ressalta-
se que não foram identificadas referências do teórico pesquisado em três do-
cumentos, os quais são: Moreno, Rocca e Souza (2014) e Torres, Cândido e
Miranda (2020).
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Tabela 2 - Por ano de publicação, informações sobre materiais referenciados de B. F. Skinner nos
documentos analisados
Ano de
Tipo Título Idioma
publicação
The operational analysis of psychological
1945 Artigo Inglês
terms
1953 Livro Science and Human Behavior Inglês
1956 Artigo A case history in scientific method Inglês
1957 Livro Verbal behavior Inglês
Capítulo
1966 An operant analysis of problem solving Inglês
de livro
1968 Livro The technology of teaching Inglês
1969 Livro Contigencies of reinforcement Inglês
1974 Livro About behaviorism Inglês
1978 Livro O comportamento verbal Português
1980 Livro Notebooks Inglês
Capítulo Contingências do reforço: Uma análise
1984b Português
de livro teórica
Capítulo
1987 The Evolution of Behavior Inglês
de livro
1990 Artigo Can psychology be a science of mind? Inglês
2003 Livro Ciência e comportamento humano Português
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
Considerações Finais
Sendo parte de uma pesquisa maior que visa analisar a instituciona-
lização da Análise do Comportamento em Mato Grosso do Sul, os dados
apresentados neste capítulo referem-se à segunda etapa da pesquisa. Este es-
tudo tem como objetivo investigar as referências a B. F. Skinner em documen-
tos publicados em periódicos por pesquisadores analítico-comportamentais
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Livros.
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43
Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
44
CAPÍTULO 3
48
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
De forma similar com o que vemos no TT, os autores (Yi & Rachlin,
2004) programaram o dilema entre cinco jogadores, com um participante
real e mais quatro participantes fictícios, que eram computadores programa-
dos. Todos os participantes receberam a seguinte instrução, que deveriam
jogar um jogo de computador e que sempre receberiam feedbacks das jogadas
52
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
experimental em conjunto.
Considerações Finais
A famosa pergunta feita por Turing, infelizmente, ainda “sofre” com os
limites da compreensão sobre o que é linguagem humana, como reproduzir
e controla processos comportamentais (especialmente os sociais), e por isso
precisamos realocá-la e rearranjá-la em outras perguntas, a fim de podermos
trabalharmos de fato na questão do teste. Uma interação comportamental,
social, verbal pode ser reproduzida por sistemas computacionais? E ficar sob
controle dos mesmos processos que regulam e das variáveis que afetam os
mais diversos tipos de comportamento humano? É possível reproduzirmos
ao máximo as condições humanas em sistemas automatizados? Aqui estão
algumas das questões que puderam ser levantadas durante a produção deste
texto.
Obviamente não poderemos responder, e talvez estejamos longe de res-
ponder tantos aspectos importantes sobre um modelo humano a ser desenvol-
vido computacionalmente. Ainda assim, o TT é um modelo comprometido
com questões extremamente avançadas (considerando que foi formulado há
70 anos atrás) e que ainda em 2021 é um constante desafio sem respostas acu-
radas. Como uma “quase previsão”, nas palavras de Turing (1950): “...The
survival of the fittest is a slow method for measuring advantages. The experi-
menter, by the exercise of intelligence, should be able to speed it up” (Turing,
1950, p.452). No entanto, o que vemos atualmente é que o experimentador/
experimento depende crucialmente de métodos sistemáticos de investigação,
para que possa avançar de fato.
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54
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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55
CAPÍTULO 4
58
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
59
Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
Referências
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65
Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
66
CAPÍTULO 5
A EFICÁCIA DA
TERAPIA COM CASAIS
Jaqueline Batista de Oliveira Costa
Denise de Matos Manoel Souza
68
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Materiais e Método
A presente pesquisa trata-se de uma revisão de natureza bibliográfica
exploratória e descritiva, na qual foram feitas sínteses e análise do material
69
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Resultados e Discussão
A busca nas bases de dados resultou em 109 artigos. Na MEDLINE da
U.S. National Library of Medicine foram encontrados n = 81; na SCIELO
- Scientific Electronic Library Online n = 14; na LILACS - Literatura Latino-
americana e do Caribe em Ciência da Saúde apareceram n = 12 e na INDEX
PSI Periódicos Técnico – Científicos, apenas n = 02.
Destes 109 estudos, foram excluídos 92, por não atenderem aos crité-
rios de análise pré-estabelecidos. Os artigos excluídos, nessa primeira etapa,
foram àqueles que apresentavam natureza teórica, (pesquisas bibliográficas);
eram estudos individuais e não utilizavam a abordagem da Terapia Cognitivo
Comportamental. Os 17 restantes foram analisados criteriosamente e ape-
nas 12 foram considerados pertinentes à proposta dessa investigação. Os 05
estudos, eliminados nessa segunda etapa, tratavam-se de investigações que
envolviam apenas um dos parceiros (n=2) e/ou eram repetidos em mais de
uma base de dados (n=3).
Dessa forma, foi analisada uma amostra total de 12 artigos, todos eles
encontrados nas bases MEDLINE da U.S. National Library of Medicine; e
LILACS - Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciência da Saúde.
Nenhum artigo da SCIELO - Scientific Electronic Library Online; e INDEX
PSI Periódicos Técnico – Científicos foram utilizados.
Percebe-se que a maioria dos artigos foi publicado entre os anos de
2016 e 2017. Na Tabela 01 serão apresentados os 12 artigos encontrados,
contendo o título, autores, ano, bem como os principais problemas conju-
gais que conduziram os cônjuges a buscarem auxílio da Terapia Cognitivo-
Comportamental para Casais.
Tabela 01 - Caracterização dos estudos analisados
PROBLE-
ORDEM TITULO AUTOR(ES) ANO MA ABOR-
DADO
Alterações no EEG de fre-
quência espacial do nível
do sistema coincidentes Donald R.
Sofrimento
com um programa de te- DuRousseau;
01 2012 físico e men-
rapia cognitivo-compor- Theresa A.
tal
tamental de 90 dias para Beeton
casais em sofrimento de
relacionamento
71
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Tr a n s t o r n o
Candice M. de estresse
Monson; pós-traumá-
Steffany J. tico (TEPT)
Effect of Cognitive-Be- Fredman; Al- e problemas
havioral Couple Therapy exandra Mac- de relaciona-
02 2015
for PTSD A Randomized donald; Nicole mento ínti-
Controlled Trial. D. Pukay-Mar- mo, incluin-
tin; Patricia A. do sofrimen-
Resick; Paula to de relacio-
P Schnurr namento e
agressão
Taft, Casey T;
Creech, Suzan-
nah K; Galla-
Strength at Home Cou-
gher, Matthew
ples program to prevent Violência en-
W; Macdon-
03 military partner violence: 2016 tre parceiros
ald, Alexan-
A randomized controlled militares
dra; Murphy,
trial
Christopher
M; Monson,
Candice M.
McCrady,
Barbara S;
Women with alcohol de- Mulheres
Epstein, Eliz-
pendence: A randomized com trans-
abeth E; Hall-
04 trial of couple versus in- 2016 tornos por
gren, Kevin A;
dividual plus couple ther- uso de álcool
Cook, Sharon;
apy. (AUDs)
Jensen, Noelle
K.
Fredman,
Steffany
J; Pukay-Mar-
Partner accommodation tin, Nicole
Tr a n s t o r n o
moderates treatment out- D; Macdon-
de estresse
05 comes for couple therapy ald, Alexan- 2016
pós-traumáti-
for posttraumatic stress dra; Wagner,
co (PTSD)
disorder Anne C; Vor-
stenbosch, Val-
erie; Monson,
Candice M.J
72
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Schumm, Jere-
miah A; Mon- Transtor-
Couple Treatment for Al-
son, Candice no por Uso
cohol Use Disorder and
M; O’Farrell, de Álcool e
Posttraumatic Stress Dis-
06 Timothy 2015 Tr a n s t o r n o
order: Pilot Results From
J; Gust- de Estresse
U.S. Military Veterans and
in, Nancy Pós-Traumá-
Their Partners
G; Chard, tico
Kathleen M.
Shnaider
O Papel do Apoio Social Suporte so-
P; Sijercic
na Terapia Conjuntiva cial inicial
I; Wanklyn
07 Cognitivo-Comportamen- 2017 na gravidade
SG; Suvak
tal para o Transtorno de pós-traumáti-
MK; Monson
Estresse Pós-Traumático co (TEPT)
CM
Preocupado conosco:
Ansiedade
Avaliando uma Interven- Paprocki
baseada em
08 ção para a Ansiedade Ba- CM; Baucom 2017
relaciona-
seada em Relacionamen- DH
mentos
tos
Associa-
ção entre
Terapia conjuntiva cog-
transtorno
nitivo-comportamental Macdonald
de estresse
para TEPT melhora vá- A; Pukay-Mar-
pós-traumá-
rios sintomas de TEPT e tin ND; Wag-
09 2016 tico (TEPT)
cognições relacionadas ao ner AC; Fred-
e prejuízos
trauma: Resultados de um man SJ; Mon-
no funciona-
estudo controlado rando- son CM
mento de re-
mizado
lacionamen-
tos íntimos
Hawrilenko Trabalhos
Motivando a Ação e Man-
M; Eubanks de casa em
tendo a Mudança: O Pa-
Fleming tratamentos
10 pel Variável do Tempo de 2016
CJ; Goldstein cognitivo-
Casa Após uma Interven-
AS; Cordova -comporta-
ção Breve de Casais.
JV. mentais
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Eficácia da
TCC no tra-
O efeito de um tratamen- Belus
tamento do
to baseado em casais para JM; Baucom
11 2014 transtorno
o TOC em parceiros ínti- DH; Abra-
obsessivo-
mos. mowitz JS.
-compulsivo
(TOC)
Viabilidade
e eficácia
potencial da
Viabilidade e efetividade
Corsini-Munt TCC para
preliminar de uma nova
S; Bergeron casais que
terapia cognitivo-compor-
12 S; Rosen 2014 lidam com a
tamental do casal para
NO; Mayrand vestibulodi-
vestibulodinia provocada:
MH; Delisle I. nia (DVP),
um estudo piloto
um problema
de dor vulvo-
vaginal
4 A Escala de Ajuste Díadico (DAS) é utilizada para entender se os casais estão em um relacio-
namento em dificuldades (Durousseau & Beeton, 2015).
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76
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
O objetivo da presente
investigação foi explorar o
construto da ansiedade ba-
seada em relacionamentos Tipo/Procedimentos: uma única sessão
08
e avaliar a eficácia de uma psicoeducacional foi desenvolvida.
breve sessão psicoeduca-
cional baseada em casais
para essa questão.
O presente estudo inves-
tigou mudanças em todo
o tratamento em clusters
de sintomas de TEPT
Participantes: 40 indivíduos e seus par-
avaliado pelo médico e
ceiros. Tipo/Procedimentos: Estudo
cognitivas relacionadas
controlado e randomizado comparando
09 ao trauma em um estudo
TCFC (Tomografia Computadorizada de
controlado randomizado
Feixe Cônico) para TEPT com lista de
comparando TCFC para
espera. Duração: não informada.
TEPT com lista de espera
em uma amostra de 40
indivíduos com TEPT e
seus parceiros.
Este estudo investigou os
preditores de conformida-
de com as recomendações
de trabalhos de casa e a
relação de variação no Participantes: 108. Tipo/Procedimen-
10
tempo de conclusão da tos: não especificado.
recomendação com a res-
posta ao tratamento em
uma breve intervenção de
casais.
77
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78
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
que casais que fazem menos tarefas progridem mais lentamente. Todavia,
convém destacar que os ganhos adquiridos com a TCC se mantêm por perío-
dos mais longos para alguns casais, mas para outros não.
Tabela 03 - Resultados: Benefícios/Eficácia da TCC sobre os problemas conjugais
ORDEM RESULTADOS OBTIDOS
Embora estudos relatem menos dor advinda de um melhor senso de
conexão com seu parceiro, esse estudo relata a ativação da região do
01
cérebro, ele não revela a ação das mudanças de atividade cerebral que
emergiram do programa de tratamento.
79
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Conclusão
O objetivo deste trabalho consistiu em empreender um levantamento
da literatura, publicada nos últimos dez anos em periódicos nacionais e inter-
nacionais, sobre a eficácia da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), no
manejo dos problemas conjugais.
Utilizando descritores específicos foram encontrados 109 estudos que
sugeriam relação com o tema, contudo, uma análise refinada demonstrou
que apenas 12 artigos eram pertinentes à proposta dessa investigação. Essa
pequena quantidade de trabalho publicados sobre o tema corroboram com
80
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Referências
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81
Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
82
CAPÍTULO 6
84
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Método
Base Documental e Procedimento de Coleta
Os artigos científicos analisados no presente estudo foram encontra-
dos em banco de dados nacional com o tema Ensaio Comportamental. A
busca e seleção dos dados foram realizadas nas bases Portal de Periódicos
CAPES, Scielo Brasil (Scientific Electronic Library Online) e Pepsic (Periódicos
Eletrônicos em Psicologia). O critério para inclusão dos artigos foram os tra-
balhos encontrados com as seguintes combinações de termos no título ou re-
sumo da pesquisa: “ensaio comportamental”, “role playing comportamental”,
“role play comportamental”. Os artigos selecionados foram os que continham
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Resultados e Discussão
A Tabela 1 mostra as características bibliográficas dos artigos localiza-
dos, incluindo o nome do periódico, nome dos autores, quantidade de auto-
res, ano de publicação e afiliação institucional e local de publicação.
Tabela 1 - Características Demográficas encontradas nos artigos selecionados, classificados por:
“autores e anos”, “quantidade de autores”, “afiliação institucional” e “local de publicação”.
Universidade
Magalhães e Temas em
2 Católica de Goiânia – GO
Murta (2003) Psicologia
Goiás
Universidade
Psicologia: de Brasília,
Murta e Tró-
2 Teoria e Pes- Universidade Brasília – DF
colli (2004)
quisa Católica de
Goiás
Revista Faculdade de
São José do Rio
Zanin e Vale- Brasileira Medicina de
2 Preto – SP
rio (2004) de Terapias São José do
Cognitivas Rio Preto
86
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Cortez,
Estudos de Universidade
Padovani
3 Psicologia Federal de São São Carlos – SP
e Williams
(Campinas) Carlos
(2005)
Universidade
Mundim e
2 RBTCC Católica de Goiânia – GO
Bueno (2006)
Goiás
Estudos de Universidade
Coelho e
2 Psicologia Católica de Goiânia – GO
Murta (2007)
(Campinas) Goiás
Revista Faculdade de
Barreto, Za-
Brasileira Medicina de São José do Rio
nin e Domin- 3
de Terapias São José do Preto – SP
gos (2009)
Cognitivas Rio Preto
Universidade
Frassetto e
2 RBTCC Luterana do Canoas – RS
Bakos (2010)
Brasil
Universidade
Souza, Orti e Estadual Pau-
Bolsoni-Silva 3 RBTCC lista - “Júlio São Paulo – SP
(2012) de Mesquita
Filho”
Universidade
Rocha, Bol- Estadual Pau-
soni-Silva e 3 Perspectivas lista “Júlio São Paulo – SP
Verdu (2012) de Mesquita
Filho”
Universidade
Tomas e Car- Rio de Janeiro
2 RBTCC Federal do Rio
valho (2014) – RJ
de Janeiro
Universidade
Federal do
Muller, Tren-
Contextos Rio Grande Porto Alegre
tini, Zanini e 4
Clínicos do Sul, Centro – RS
Lopes (2015)
Universitário
Metodista
Sustinere -
Revista de Clínica Parti- Rio de Janeiro
Silva (2018) 1
Saúde e Edu- cular – RJ
cação
87
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Organizadores
A coleta dos dados foi realizada nas bases de dados Plataforma Capes,
Scielo e Pepsic. Foram encontrados nessas bases, 13 artigos com as combi-
nações de termos “ensaio comportamental”, “role playing comportamental”,
“role play comportamental”. Desses 13 artigos, 9 foram encontrados na base
Pepsic, 4 na Scielo e um na Plataforma Capes. Como mostra a Tabela 1, nota-se
que o periódico que teve mais publicações foi a Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva (RBTCC) com 4 publicações, seguido pela
Revista Brasileira Cognitiva e o periódico Estudo de Psicologia (Campinas)
com duas publicações. As demais revistas (Temas em Psicologia, Sustinere -
Revista de Saúde e Educação, Psicologia: Teoria e Pesquisa, Perspectivas e
Contextos Clínicos) possuem uma publicação cada.
O primeiro artigo encontrado é datado de 2003, sendo o último encon-
trado do ano 2018. O ano com mais publicações é 2004 e 2012, com duas
pesquisas encontradas em cada um desses anos. Os artigos encontrados de
2012 são de autoria de Murta. Os autores que tiveram mais publicaram na
seleção do presente estudo foi Murta com três artigos no total seguido por
Zanin e Bolsoni-Silva com dois artigos publicados cada um. Murta parece
ter iniciado os estudos que utilizam role-playing como intervenção, ela publica
nos dois primeiros anos da seleção de artigos.
A Afiliação Institucional que teve maior número de publicações vincu-
lado aos pesquisadores foi a Universidade Católica de Goiás com quatro pu-
blicações, seguida pela Universidade Estadual Paulista - “Júlio de Mesquita
Filho” e a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto com duas publica-
ções cada. O local que teve maior número de publicações foi o estado de São
Paulo com quatro publicações, duas de São José do Rio preto e duas de São
Paulo capital. O segundo estado com maior número de publicações foi Goiás
com três publicações, seguido pelo Rio de Janeiro com duas publicações.
Tabela 2 - Características Metodológicas encontradas nos artigos selecionados, classificados por: “tipos
de pesquisa”, “terapia comportamental”, “amostra”, “método de intervenção” e “número de sessões”.
Tipo de
Terapia Amostra Método de Intervenção Sessões
Pesquisa
88
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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Organizadores
Considerações Finais
Há evidências que a ferramenta do ensaio comportamental é benéfi-
ca para a relação terapêutica, é mais fortalecida ao ser comparada com ou-
tras técnicas e, os clientes têm maior satisfação ao usar esse recurso. Foram
encontrados artigos que mostram a diminuição de ansiedade como efeito
do role-playing e corrobora com a técnica de respostas assertivas utilizadas
por Wolpe (1954) que utiliza a inibição recíproca para que o cliente emita
uma resposta incompatível e assertiva ao invés de respostas ansiosas, assim
o comportamento do cliente é reforçado socialmente e a estimulação ansiosa
é diminuída.
Diante do que foi analisado, novas pesquisas que utilizam treinos de
habilidades sociais e a técnica do role-playing (ensaio comportamental), de-
vem ser conduzidas utilizando a Terapia Analítico Comportamental visto
que há pouca literatura que relaciona role-playing com terapia analítico com-
portamental, os artigos mais encontrados utilizam a abordagem da terapia
cognitivo comportamental. Novas pesquisas poderiam também selecionar
mais indivíduos com amostras maiores de participantes e com outros trans-
tornos e diagnósticos psiquiátricos que ainda não foram estudados, equipes
de outras instituições como de saúde e educação, além da clínica, e mais
estudos com psicoterapia infantil.
Referências
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91
Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
92
CAPÍTULO 7
94
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
textual pelos participantes do Grupo Letra pode se dever ao fato de não ter
sido realizado o treino de palavras, que se demonstrou essencial no estudo
de Hanna et al. (2010), e ao fato de os participantes serem crianças que não
sabiam ler. Isto pode ter acentuado o impacto da ausência do ensino de fone-
mas (já que foram ensinados os nomes das letras, e não seus sons).
Tendo em vista estes resultados, alguns analistas do comportamento
começaram a investigar o efeito do ensino da relação entre fonemas e gra-
femas na leitura recombinativa. Procedimentos que ensinam os alunos a
produzirem os sons de letras individuais e a juntá-los em uma palavra são
denominados de instrução fônica (Saunders, 2011). Há um amplo consenso
de que a instrução fônica é uma estratégia de ensino eficaz, sendo um de
seus benefícios fazer com que o aprendiz se atente a cada uma das letras da
palavra (Saunders, 2011).
Em 1997, nos Estados Unidos, o National Insitute of Child Health and
Human Development (NICHD) criou uma iniciativa para investigar o status
do conhecimento sobre ensino de leitura produzido até então e para avaliar
a efetividade de várias abordagens de ensino. Pesquisadores de diversas áreas
realizaram uma meta-análise e uma revisão abrangente da literatura publi-
cada sobre alfabetização, fluência e compreensão da leitura em revistas ava-
liadas por pares, incluindo na revisão apenas artigos experimentais ou qua-
se-experimentais com um número suficiente de participantes e de qualidade
moderada a alta. O resultado da revisão culminou na publicação do National
Reading Panel (NICHD, 2000).
Em uma das partes da revisão realizada no National Reading Panel, bus-
cou-se identificar estudos que comparavam a performance das crianças quan-
do estas haviam recebido instrução fônica com a performance de crianças
que não receberam instrução fônica ou que não a receberam de forma sis-
temática. Foram analisados 38 estudos publicados desde 1970. Observou-se
que a instrução fônica sistemática foi mais efetiva para melhorar a habilidade
das crianças de ler palavras e pseudopalavras regulares e também produziu
aumento da capacidade de ler palavras irregulares, mas em menor proporção.
Quanto à habilidade de compreensão da leitura, a instrução fônica sistemáti-
ca produziu um aumento significativamente superior do que quando não foi
utilizada, quando se analisam os resultados das crianças que frequentavam
o equivalente ao último ano da Educação Infantil e das crianças mais velhas
que apresentavam dificuldades de leitura (não havendo diferença significativa
para as crianças mais velhas no geral). A instrução fônica também produziu
efeitos significativos nas habilidades de escrita das crianças mais novas (que
cursavam até o primeiro ano), mas para as crianças mais velhas a diferença
não foi estatisticamente significativa. Os resultados forneceram evidências
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
para ensino destas unidades e de suas relações com os grafemas vem sendo
aplicada por pesquisadores de outras áreas do conhecimento, incluindo pro-
fissionais da fonoaudiologia (Teixeira et al., 2012) e da pedagogia (Puliezi,
2012). Por exemplo, o ensino do fonema /s/ juntamente com a imagem de
uma serpente e a explicação de que ela faz esse som.
Já o procedimento para ensino de junção de fonemas foi baseado na
estratégia utilizada no programa de leitura desenvolvido pelo modelo Direct
Instruction, denominado “Distar Fast Cycle Reading Program”, que foi posterior-
mente modificado e reduzido por Engelmann, Haddox e Bruner (1983), de
modo a possibilitar sua aplicação em 100 dias e por pais.
O Estudo 1 de Guimarães (2019) foi conduzido com quatro crian-
ças que frequentavam o 1º ano do Ensino Fundamental e que apresentavam
dificuldades na alfabetização, sendo um deles participante-controle em um
delineamento de linha de base múltipla. As etapas do ensino foram: 1. apre-
sentação do grafema com o fonema e a figura correspondentes, seguidos da
resposta ecoica das crianças; 2. matching to sample do fonema com a figura cor-
respondente e da figura com o grafema correspondente; 3. matching to sample
arbitrário de resposta construída de sílabas (ditado com auxílio das figuras);
4. comportamento textual de sílabas com fading out dos estímulos auxiliares;
5. comportamento textual de sílabas realizado individualmente; 6. matching
to sample da sílaba falada com a sílaba escrita; 6. bloco misto individual do
comportamento textual de sílabas; 7. matching to sample arbitrário de resposta
construída de palavras (ditado com auxílio das figuras); 8. comportamento
textual de palavras com fading out dos estímulos auxiliares; 9. comportamen-
to textual de palavras realizado individualmente e 10. matching to sample da
palavra falada com a palavra escrita.
A emissão das sílabas/palavras do modo lento e contínuo e depois do
modo rápido era realizada nas tarefas de ditado, em que os participantes de-
veriam ecoar o modelo vocal. O ensino do comportamento textual tanto de
sílabas quanto de palavras foi realizado em quatro passos com fading out de
estímulos auxiliares: no primeiro deles, as crianças deveriam emitir compor-
tamento textual com auxílio intraverbal (emissão dos primeiros fonemas pela
pesquisadora), indicação do dedo correndo ao longo dos grafemas e uso de
imagens correspondentes aos fonemas; no segundo, era retirado o auxílio in-
traverbal; no terceiro, era retirada a indicação do dedo ao longo dos grafemas
e, no quarto, eram retiradas as imagens.
Todos os participantes apresentaram emergência de comportamento
textual e de leitura receptiva diante de palavras de recombinação, e apenas
um não apresentou emergência de leitura com compreensão. Em algumas si-
tuações foram emitidas respostas textuais diante de estímulos que continham
104
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Considerações Finais
Não há dúvidas de que o ensino das unidades menores produz melho-
res resultados do que o ensino de palavras, e há evidências da efetividade tan-
to do ensino direto de sílabas (e.g. Matos et al., 2006; de Souza et al., 2009;
Serejo et al., 2007) quanto do ensino direto de fonemas (e.g. Inhauser, 2012;
Nascimento & Micheletto, 2014; Rorato & Micheletto, 2014; Teixeira, 2018;
Guimarães, 2019) na emergência de leitura recombinativa, sendo necessárias
ainda pesquisas que comparem estes dois métodos.
Considerando que o ensino direto de fonemas parece permitir a leitura
de uma variedade maior de palavras do que o ensino direto de sílabas, por
possibilitar o controle pela menor unidade da palavra e a leitura das diversas
combinações possíveis destas unidades, além de que há um número consi-
deravelmente menor de fonemas do que de sílabas, a instrução fônica pode
representar uma economia no ensino. A aplicação de estratégias que ate-
nuem as desvantagens da instrução fônica (como a dificuldade na abstração e
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
Referências
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106
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
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CAPÍTULO 8
ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS
PARA A ADESÃO AO TRATAMENTO
Mariana Amaral
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
5 https://sbpt.org.br/portal/publico-geral/doencas/asma-mitos-e-verdades/
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Controle de estímulos
Grande parte dos pacientes afirma que deixa de seguir recomendações
importantes de saúde por se esquecerem de fazer o que lhes foi solicitado
(WHO, 2003). Em uma perspectiva analítico-comportamental, lembrar é
um comportamento operante que ocorre sob controle de um Sd (Guilhardi,
2012). Quando um paciente diz que não apresentou determinada resposta
porque “não se lembrou”, possivelmente o Sd que evoca a resposta em ques-
tão não estava presente no ambiente, ou o seu comportamento não ficou sob
controle do estímulo em questão. Assim, é necessário implementar interven-
ções que manipulem os estímulos sob controle dos quais as respostas de ade-
são são emitidas, garantindo que estejam presentes ou que se tornem mais
evidentes no momento em que estas respostas devem ser apresentadas.
Uma estratégia utilizada para evocar respostas de adesão é a utilização
de dicas (prompts), o que pode ser feito de diferentes maneiras. Pode-se parear
a ingestão de medicamentos com eventos diários importantes e regulares –
e.g. tomar o remédio junto com as refeições. Também podem ser utilizados
aplicativos específicos ou mesmo despertadores e lembretes, que podem ser
programados nos aparelhos celulares com essa finalidade. Existem ainda
embalagens de medicamentos com um dispositivo programável, que podem
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Organizadores
Contrato comportamental
A elaboração de contratos comportamentais formais, que especifiquem
as metas do tratamento e programem consequências positivas contingentes
ao alcance destas metas, é uma estratégia que pode contribuir para o aumento
da adesão ao tratamento (Delamater, 2006; Rapoff, 2010).
Rapoff (2010) sugere um passo a passo para a realização deste tipo de
intervenção. O autor define que o contrato é um acordo escrito que é elabora-
do por meio de negociações (discussões planejadas que resultam em acordo)
entre o paciente e o profissional de saúde ou o paciente e sua família. Rapoff
sugere que a negociação deve ser conduzida em um horário adequado para
as partes, com duração de 30 a 60min, sem a presença de estímulos concor-
rentes. Todos devem ser encorajados a participar, comunicando-se de modo
construtivo e oferecendo possíveis soluções para o problema discutido. O pla-
nejamento da implantação e da avaliação da solução também são discutidos,
e tudo isso deve ser redigido em um contrato a ser assinado pelas partes.
O contrato escrito auxilia na formalização do plano de solução de pro-
blemas, especificando as condições dos acordos feitos com o paciente. Sua
linguagem deve ser clara, com foco em comportamentos específicos a serem
apresentados e as recompensas a serem fornecidas. O modo pelo qual os ter-
mos do contrato serão monitorados também deve ser claramente descrito.
Outro aspecto importante é o tempo de vigência do documento sendo que, ao
final do período, deve haver uma reavaliação do contrato e, caso necessário,
a realização de possíveis mudanças.
118
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
crônicas, são expostos a muitas situações desafiadoras nas quais podem vir a
comprometer sua adesão ao tratamento, e que requerem tomadas de decisão
importantes em relação a sua saúde. Um paciente com diabetes, por exemplo,
pode deparar-se, em um evento social, com um cardápio muito distante do
que é o recomendado pelo seu nutricionista. Neste caso, é necessário que a
situação seja avaliada e que uma solução possível seja colocada em curso.
O treino em resolução de problemas é uma estratégia efetiva nes-
te contexto, pois ensina o paciente a identificar problemas, apontar possí-
veis soluções, escolher racionalmente uma solução e avaliar seus resultados
(Delamater, 2006). De acordo com D’Zurilla e Goldfried (1971), a resolução
de problemas pode ser definida como um técnica comportamental que torna
disponíveis uma variedade de respostas alternativas potencialmente efetivas
para lidar com uma situação-problema e aumenta a probabilidade de que,
dentre todas, a resposta mais efetiva seja apresentada.
Um treino de resolução de problemas envolve as seguintes etapas: (a)
reconhecimento e definição do problema, (b) levantamento de possíveis so-
luções, (c) tomada de decisão e implementação da decisão, (d) avaliação de
resultados, e (e) revisão e escolha de um plano alternativo em caso de insuces-
so (D’Zurilla & Goldfried, 1971, Rapoff, 2010). Para a condução do treino,
podem ser utilizadas situações do dia a dia do paciente ou casos hipotéticos
que se assemelhem a suas vivências.
Pode ser relevante solicitar ao paciente que mantenha, em seu ambien-
te natural, um registro no qual deve anotar situações problema nas quais te-
nha apresentado dificuldades em aderir a seu tratamento. Estes registros po-
dem ser utilizados no treino de resolução de problemas, aplicando os passos
necessários para o desenvolvimento de um bom plano de enfrentamento para
desafios semelhantes (Rapoff, 2010).
Automonitoramento
A habilidade de automonitoramento pode aumentar a consciência do
paciente sobre seu próprio comportamento, favorecer a compreensão de seus
determinantes e permitir a avaliação de seu progresso ao longo do tratamen-
to. Ele é um pré-requisito que colabora para mudanças comportamentais ao
longo do tempo, especialmente para o desenvolvimento da adesão em regi-
mes de tratamento complexos (Delamater, 2006).
O automonitoramento do tratamento pode ser feito por meio de regis-
tros, usando agendas, cartazes, entre outros recursos que facilitam a visualiza-
ção da tarefa a ser realizada no dia e o registro de sua concretização. Esse tipo
de estratégia é geralmente utilizado diariamente, até que os comportamentos
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Intervenções em autorregras
Comportamentos de saúde podem ser influenciados por autorregras
que, de acordo com a WHO (2003), podem relacionar-se a problemas na
adesão ao tratamento de duas maneiras. Os pacientes e/ou seus familiares
podem ter dificuldades em derivar regras sobre a doença ou o tratamento
em situações nas quais isso seria importante (e.g., “Preciso tomar meu medi-
camento de maneira consistente para que ele realmente funcione”). Ainda,
pacientes e/ou familiares podem ter autorregras incoerentes a respeito da
doença ou do tratamento (e. g., “Vou tomar meu remédio dependendo de
como eu estiver me sentindo”).
Dado o controle que as autorregras podem exercer sobre os comporta-
mentos de um indivíduo, é necessário verificar se os comportamentos de fa-
miliares e pacientes estão sob o controle de autorregras inadequadas (Rapoff,
2010). Nos casos em que há falha em extrair regras sobre o tratamento, o
psicólogo pode ajudar o paciente sugerindo regras que sejam coerentes com
a realidade e que de fato auxiliem na adesão ao tratamento médico. Quando
as autorregras não são condizentes com o recomendado, pode-se ajudar os
pacientes a desafiar ou questionar sua validade e, então, substituí-las por for-
mas mais adequadas de compreender os comportamentos requeridos para
seu tratamento (e.g., “Preciso tomar meu remédio conforme prescrito, inde-
pendente de como eu esteja me sentindo no momento”) (WHO, 2003).
Gamificação
Jogos são ferramentas importantes no desenvolvimento de padrões
comportamentais de saúde. É a chamada gamificação, que envolve um pro-
cesso pelo qual atividades comuns são configuradas para serem utilizadas
como um jogo. (Morford, Witts, Killingsworth, & Alavosius, 2014).
Segundo Morford et al. (2014), existe um marcante aumento recente
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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Considerações Finais
Diferentes estratégias comportamentais podem ajudar pacientes e suas
famílias a desenvolver e manter a adesão a tratamentos médicos. As interven-
ções multi-componente, ou seja, baseadas em diferentes estratégias, são as
mais efetivas para o aumento da adesão. O psicólogo, portanto, deve investir
em diferentes táticas para atingir seus objetivos. Para isso, é essencial que
as intervenções conduzidas em saúde sejam individualizadas e baseadas em
análise funcional, pois assim serão consideradas as características compor-
tamentais e contextuais de cada paciente, identificando-se as variáveis rele-
vantes que irão basear a escolha de intervenções eficazes (Amaral & Malerbi,
2019; Rapoff, 2010).
É importante considerar também que a adesão é um processo dinâmi-
co, podendo variar ao longo do tempo devido a diferentes fatores como reper-
tório comportamental do paciente, custo de resposta, tempo de tratamento,
entre outros. Portanto, precisa ser acompanhada de modo contínuo ao longo
de todo o curso da doença.
122
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Referências
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123
Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
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Organizadores
CAPÍTULO 9
O USO DE AUTOCLÍTICOS NA
CLÍNICA ANALÍTICO COMPORTAMENTAL
Mayara Duim Barbosa
André Augusto Borges Varella
Skinner (1957) coloca que “[...] o que ocorre quando um homem fala ou
responde a uma fala é claramente uma questão relativa ao comportamento
humano [...]” (p. 06), portanto, pertinente ao campo da psicologia. O autor,
que toma o comportamento verbal como seu objeto de estudo, traz a noção
de fala como dependente do comportamento do falante, e o uso de palavras
como ferramentas utilizadas num episódio verbal. Dessa forma, sentimen-
tos, desejos, ideias e significados podem ser entendidos como qualquer outro
conceito, expressos por um conjunto de palavras e passível de observação.
No entanto, é valido ressaltar que a noção de falante para Skinner não se res-
tringe apenas ao comportamento vocal, e sim para qualquer emissão de um
comportamento verbal.
No que concerne ao fenômeno motor da fala, Skinner (1957) ressalta
que é a partir dela que o falante expressa suas ideias, no entanto, não pode ser
dissociado da linguagem, visto que essa pode ser entendida como uma prática
social, como apontado em Catania (1999). Assim, a linguagem pode ser com-
preendida na observação dos comportamentos verbais dos indivíduos de um
grupo, como um processo de abstração. O autor ainda expõe que uma das for-
mas de aprendizagem, para o indivíduo, é através do uso de palavras. Dessa
forma, a aprendizagem de repertórios comportamentais pelo indivíduo rela-
ciona- se diretamente com o discurso do outro. Dentro do grupo social, tal
prática pode ser generalizada a todos seus membros, que individualmente,
passam a ensinar repertórios comportamentais uns aos outros. Também se
leva em conta os fatores ocorridos no organismo, ou seja, material privado a
partir do qual o sujeito se comporta. Acessíveis ao público através de palavras,
selecionadas com base no repertório do indivíduo. Dessa forma ao estudar a
fala considera-se suas fontes de controle essencialmente privadas, tanto quan-
to aquelas de origem externa ao organismo.
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QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
utilizadas pelo cliente mais do que sua ideia central. A análise funcional vol-
ta-se tanto as circunstâncias que motivam a fala, ou propriedades desta, quan-
to para as ênfases utilizadas pelo falante. Para exemplificar como a presença
de tal operante verbal pode ser encontrado, segue um recorte extraído de um
caso clínico cuja principal demanda envolve a interação social discursiva.
Nesse relato é possível notar a presença de vários autoclíticos, assim como
perceber através da intervenção terapêutica a possibilidade de atuação do clí-
nico através da alteração de contingências autoclíticas. Essa exemplificação
da atuação clínica se faz extremamente relevante em função da dificuldade
em encontrar material na área, o que dificulta o planejamento e refinamento
de intervenções que abarquem tal processo na clínica, como evidenciado em
Santos e Souza (2017).
Relato de caso
O presente caso configura-se como um recorte de um caso clínico. O
cliente N., aproximadamente 30 anos, trouxe como queixa dificuldade em
interagir socialmente. N. relatou não conseguir ficar sozinho, preferindo a
companhia dos amigos e da namorada, sempre. Também relatou não con-
seguir manter ou iniciar conversa com as pessoas quando saia em grupos;
ou mesmo estabelecer um contato com pessoas estranhas na rua (como pe-
dir uma informação, por exemplo), achando que as incomodava. N. relatava
dificuldade em ser assertivo com a namorada quanto aos seus sentimentos,
não conseguindo expressa-los exceto em situações que explodia, numa briga.
Com os amigos a queixa era em torno da dificuldade em explicar o que que-
ria fazer, defender uma ideia ou mesmo decidir o que fariam em conjunto;
falava de forma hesitante e enrolada, não apresentava muitas expressões
faciais, sempre com uma postura fácil neutra, mantinha a voz em tom baixo,
elevando-a bruscamente em momentos de maior euforia.
Durante o processo terapêutico foi realizada a análise funcional desses
comportamentos, onde observou-se que a topografia de neutralidade, adota-
da pelo cliente, somada ao seu tom de voz constantemente ameno, dificultava
seus amigos e sua namorada a identificarem suas emoções. Observou-se que
toda a estrutura discursiva de N. era proveniente de um processo de modela-
gem ocorrido desde a infância, em contexto familiar, e que tal processo foi
generalizado para outros grupos sociais como trabalho, faculdade, amigos e
namorada. Após a análise funcional desses comportamentos foi observado
que o cliente nunca havia tido um modelo adequado de como expressar seus
sentimentos e ideias, socialmente, utilizava de autoclíticos para amenizar
suas ideias de forma frequente, no entanto, não utilizava o mesmo recurso
132
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Considerações Finais
No recorte do caso clínico acima, fica explícito o uso de autoclíticos na
edição do discurso de N., visto que ele a editava, para apaziguar ou amenizar
sua fala para os amigos. De modo que as intervenções atuaram na edição
das falas do cliente, oferecendo modelos de como o próprio cliente poderia
construir e alterar seu discurso, de forma assertiva; alterando alguns dos re-
cursos que ele já utilizava. Para que as intervenções tenham surtido efeito é
importante ressaltar, como disse Skinner (1957) que o episódio verbal precisa
de um falante e um ouvinte especialmente treinado, ambos pertencentes a
mesma comunidade verbal. Podemos concluir que assim como qualquer ou-
tro comportamento operante, o uso de autoclíticos pode ser treinado dentro
de uma comunidade verbal que compartilhe a mesma noção de significado.
Como visto, o conceito de autoclíticos abarca grande complexidade na
134
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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CAPÍTULO 10
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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Organizadores
Delineamento
Utilizou-se delineamento experimental de sujeito único de reversão
ABAC.
Local
A pesquisa foi feita na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
da cidade de Três Corações, em Minas Gerais (APAE-TC).
Material
Foi utilizado o aplicativo Ler e Contar em sua versão para smartphone
Android de número 3.3.45, por meio de um celular Xiaomi Mi5 Plus, assim
como no tablet Multilaser M9 Quad Core disponibilizados pela instituição,
com o aplicativo em sua versão 3.4.9. Também foram utilizadas letras do
alfabeto impressas em folhas de papel A4 plastificadas e apresentadas como
estímulos a serem discriminados com a função de “letra do alfabeto”. Foram
ainda confeccionadas com acetato de vinila formas geométricas em cor preta
com a função de discriminação de “formas geométricas”. Por fim, foram im-
pressos, em folha A4, quadrados de variadas cores para exercer a função de
“reconhecimento de cores”.
As tarefas realizadas foram: Reconhecimento de cores – Atividade de
cores número 2; Discriminação de letras – Atividade de alfabeto número 5;
Discriminação de formas geométricas – Atividade de formas geométricas nú-
mero 5. Em todas as tarefas, o aplicativo emitia um estímulo sonoro de uma
voz, solicitando que o participante clicasse em um determinado estímulo; por
exemplo: “Clique na cor bege”. Quando o participante clicava em outra cor
que não a bege, o aplicativo voltava a reproduzir um estímulo sonoro indi-
cando o erro: “Essa não é a cor bege”. Se a resposta era correta, o aplicativo
apresentava estímulos sonoros de vozes infantis comemorando, bem como
estímulos visuais de balões subindo pela tela e uma voz padrão dizendo:
“Muito bem, você acertou!”. Assim, finalizada a tarefa, aparecia, logo em
seguida, o próximo estímulo. A voz indicava novamente o outro estímulo a
ser reconhecido. A mesma contingência era apresentada em todas as demais
tarefas, alterando-se somente o estímulo apresentado.
140
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Participantes
A pesquisa contou com dois indivíduos diagnosticados com transtorno
de desenvolvimento intelectual e que eram acompanhados, na época, pela
instituição APAE-TC. O Participante 1 era do sexo masculino, com idade
de 35 anos. O Participante 2 era do sexo feminino e tinha 12 anos de idade.
Os participantes ou seus responsáveis assinaram previamente o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e tinham total liberdade para
desistir de participar da pesquisa a qualquer momento.
Procedimentos
A variável independente (VI) era constituída pelos próprios feedbacks
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Organizadores
Resultados
Participante 1
O Participante 1 precisou dividir as três sessões de linha de base em
dois dias: uma sessão no primeiro dia, e as outras duas na semana seguinte,
por apresentar um desconforto por questões de saúde durante o término da
primeira sessão. Os resultados podem ser observados na Figura 2.
143
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Organizadores
a fase de linha de base, não foi possível realizar comparações entre elas.
Durante a fase de generalização, o Participante 1 foi submetido às
mesmas tarefas, mas exposto a estímulos fora do ambiente do tablet e do
celular. Na tarefa de Reconhecimento de letras, seu desempenho em acertos
foi de 70% e 90% nas Sessões 11 e 12, respectivamente. Seguindo, na tarefa
de Discriminação de formas geométricas, foram obtidos 70% de acertos na
Sessão 11, seguidos de 40% na Sessão 12. Já com a tarefa de Discriminação
de cores, o Participante 1 obteve 100% de acertos nas Sessões 11 e 12, corres-
pondentes à fase de generalização. Por fim, com a tarefa de Discriminação
de formas geométricas utilizando o tablet, obtiveram-se 40% de acertos na
Sessão 11 e 50% de acertos na Sessão 12.
Participante 2
O Participante 2 conseguiu realizar todas as três sessões em somente
um dia. Os resultados podem ser observados na Figura 3. Na fase de linha
de base, nas três sessões, o participante obteve 90% de acertos na tarefa de
Reconhecimento de letras, 50% de acertos na tarefa de Discriminação de for-
mas geométricas e 100% de acertos na tarefa de Discriminação de cores.
Na fase de treino (Figura 3), observou-se que o Participante 2, reali-
zando a tarefa de Reconhecimento de letras, alcançou 90% de acertos nas
Sessões 4 e 5; 100% na Sessão 6; e voltou a 90% de acertos nas Sessões 7 e 8.
Na tarefa de Discriminação de formas geométricas, os resultados foram de
60% de acertos na Sessão 4, 50% na Sessão 5, 40% na Sessão 6, aumentando
novamente para 60% nas Sessões 7 e 8. Já na tarefa de Discriminação de
cores, obteve um desempenho de 100% de acertos nas Sessões 4, 5, 6 e 7; po-
rém, na Sessão 8, teve uma queda de 10% no número de acertos. Na Sessão 7
dessa fase, foi inserida a utilização do tablet, pois, na versão de tablet, a tarefa
de formas geométricas apresentava menos opções de escolha. Houve tam-
bém a adição da solicitação para que o participante repetisse vocalmente o
estímulo-modelo solicitado pelo aplicativo, assim como se havia feito com o
Participante 1. Foram observados 60% de acertos na Sessão 7 e um aumento,
na Sessão 8, para 100% na tarefa de formas geométricas no tablet.
Na fase de teste (Figura 3), o Participante 2 realizou as quatro tare-
fas propostas, tendo 10 tentativas em cada. Com isso, durante a tarefa de
Reconhecimento de letras, obteve 100% de acerto nas Sessões 9 e 10 –
10% a mais de acertos em comparação com a linha de base. Na tarefa de
Discriminação de formas geométricas, foram alcançados 50% de acertos na
Sessão 9, mesmo resultado obtido na linha de base; e 70% na Sessão 10,
20% a mais do que na linha de base. Já na tarefa de Discriminação de cores,
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Organizadores
Discussão
Analisando os resultados descritos anteriormente, é possível observar
que ambos os participantes, na fase de teste, após serem submetidos às con-
dições de ensino por meio do aplicativo, mantiveram resultados na tarefa de
Reconhecimentos de letras semelhantes à fase de linha de base, ou seja, os
participantes já sabiam realizar essa discriminação.
Analisando-se, porém, os dados da tarefa de Discriminação de formas
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Considerações Finais
O presente estudo teve como objetivo testar a utilização do aplicati-
vo Ler e Contar como ferramenta psicoterapêutica/educacional em pessoas
diagnosticadas com transtorno do desenvolvimento intelectual (TDI) para
ensinar discriminações de letras, cores e formas geométricas.
Foi possível observar que, de acordo com as contingências e estímulos
a que os participantes foram expostos, houve desenvolvimento e ampliação
do repertório comportamental em relação às tarefas propostas.
É possível pensar em uma comparação da utilização dessas ferramen-
tas com as máquinas de ensinar de Skinner, atribuídas três características
principais para tal comparação: emissão de reforçador imediato, possibilida-
de de progressão do aprendizado de acordo com o ritmo do sujeito e o apren-
dizado por meio da repetição do comportamento a determinados estímulos.
Os resultados da presente pesquisa mostraram que há possibilidade de
aprendizado dentro do contexto de utilização dessa ferramenta, uma vez que
o momento contemporâneo possibilita o amplo contato da população com
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Organizadores
Referências
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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CAPÍTULO 11
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Método
Participaram do estudo 42 pessoas com idade entre 18 a 55 anos
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(equivalente a uma média de 28,5 anos e Desvio padrão de 7,97), que volun-
tariamente e anonimamente se dispuseram a responder o questionário online.
Destes, trinta e cinco (35) são do sexo feminino e sete (7) do sexo masculino.
Outros quatro (4) indivíduos também responderam ao questionário, no en-
tanto, tais dados foram excluídos por corresponderem a idades que estavam
fora do escopo da pesquisa. Três desses respondentes declararam ter, respec-
tivamente, 15, 16 e 17 anos, e um quarto respondeu ter 75.647.336 anos.
Os participantes foram prospectados por meio de grupos fechados ou
páginas abertas do Facebook e Instagram, em que a pesquisadora passou a par-
ticipar para divulgação do estudo. Também foi intensificada a divulgação do
estudo por meio de grupos do Whatsapp, em que o link do questionário foi
disponibilizado e repassado em grupos escolares.
Tipo de estudo
Esta pesquisa foi elaborada a partir do método survey descritivo, que
consiste na obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou
opiniões de um grupo de pessoas, por meio de um instrumento de pesquisa,
normalmente entrevista ou questionário projetado para esse fim, buscando
identificar quais situações, eventos, atitudes estão manifestos em uma popu-
lação. As etapas sugeridas neste modelo de pesquisa são: especificação dos
objetivos, operacionalização dos conceitos e variáveis, elaboração do instru-
mento para o levantamento de dados, seleção de amostra, coleta e verifica-
ção dos dados, análise, interpretação e apresentação dos resultados (Freitas,
Oliveira, Saccol & Moscarola, 2000).
Um tratamento estatístico foi utilizado para análise dos resultados,
ou seja, realizou-se algumas comparações e correlações estatísticas entre os
participantes expostos a diferentes condições (por exemplo, exposição a di-
ferentes ambientes). O objetivo de tal análise foi revelar se as variações entre
grupos excediam as variações intra-grupo (diferenças entre indivíduos de um
mesmo grupo). No caso em que a variação entre grupos excedeu a varia-
ção intra-grupo com significância estatística, conclui-se que a variável inde-
pendente teve um efeito sob o comportamento do indivíduo a ela exposto
(Velasco, Garcia-Mijares & Tomanari, 2010).
Além da análise estatística dos resultados, adotou-se também o delinea-
mento de sujeito único ou intraparticipantes, pois de acordo com Sampaio et
al., (2008) o comportamento é um fenômeno característico de organismos in-
dividuais, que interagem de modo único com o mundo. Neste caso, torna-se
importante conceituar que “único”, de acordo com Velasco, Garcia-Mijares
e Tomanari (2010), refere-se à unidade de análise considerada, no caso o
154
CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Procedimento e instrumento
A coleta de dados aconteceu de forma virtual, no período de 30 de
maio de 2020 a 10 de julho de 2020, cujo instrumento foi um questionário
elaborado pela própria pesquisadora, especificamente para a coleta de dados
deste estudo, através da plataforma Google Forms Online. O questionário não
foi desenvolvido com o fito de validação de instrumento, mas apenas para
obtenção de informações sobre o fenômeno na amostra populacional investi-
gada. A divulgação ocorreu por meio das redes sociais: Instagram, Facebook e
Whatsapp, bem como por meio de e-mail eletrônico.
O questionário foi composto por 29 perguntas, sendo 04 perguntas fe-
chadas ou dicotômicas, isso significa que são perguntas limitadas, de alter-
nativas fixas, em que o informante escolhe sua resposta entre duas opções:
SIM e NÃO. Também havia 23 questões de múltipla escolha, ou seja, são
perguntas fechadas, mas que apresentam uma série de possíveis respostas que
abrangem várias facetas do mesmo assunto e 02 perguntas de fato, que dizem
respeito a questões concretas, tangíveis, fáceis de precisar, referem-se a dados
objetivos, neste caso, estão relacionadas à idade (Marconi & Lakatos, 2003).
Essas questões investigaram a prevalência, topografia, ambiente, reforçado-
res, estímulos, frequência, aspectos motivadores e funções do comportamen-
to de autolesão.
Resultados
Dos participantes deste estudo, um total de 42 indivíduos, com idade
entre 18 a 55 anos, 83,3% (35 participantes) são do sexo feminino e 16,7%
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Falecimento de
Separação Briga com Conflitos
Ambiente um familiar ou Outros
dos pais amigos Familiares
amigo
Hostil/Tenso 0,0% 0,0% 0,0% 60,0% 40,0%
Insuportável 0,0% 50,0% 0,0% 50,0% 0,0%
Tranquilo 0,0% 0,0% 4,5% 27,3% 68,2%
Amigável 16,7% 0,0% 0,0% 16,7% 66,7%
para pertencer a um grupo ou por influência dos amigos 50% deles foi para
chamar atenção ou sentir-se pertencente ao grupo e 50% buscavam aliviar
sensações ruins e relaxar.
Tabela 3 - Descrição de eventos que vigoraram no momento em que o comportamento de autolesão foi
emitido
Para pertencer
a um grupo ou
50,00% 50,00% 0,00%
porque meus
amigos fazem
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Discussão
O objetivo deste estudo foi identificar as possíveis correlações entre as
características do comportamento autolesivo e situações que podem influen-
ciar na ocorrência e manutenção desse comportamento. Desta forma, bus-
cou-se identificar os eventos aversivos que determinavam o comportamento
de autolesão, bem como outros tipos de variáveis ambientais que determina-
vam a prática da autolesão, além de verificar o que mantém esse comporta-
mento e qual a sua função.
Na amostra estudada, observou-se uma associação estatisticamente sig-
nificativa, [X2 (12) = 32,305; p<0,05], entre o ambiente familiar caótico e os
conflitos familiares como propulsores do comportamento de autolesão, por
exemplo, no ambiente amigável apenas 16,7% dos participantes elencaram os
conflitos familiares como evento catalisador para a autolesão, enquanto que
no ambiente hostil/tenso esse percentual foi de 60% e no ambiente insupor-
tável 50%, dessa forma, sugere-se que o ambiente, as relações familiares e in-
terpessoais/sociais podem estar relacionadas a estratégias de enfrentamento
mal adaptadas, neste caso, autolesão.
De acordo com Silva e Botti (2017), alguns aspectos das relações fami-
liares ou sociais podem influenciar na ocorrência de comportamentos auto-
lesivos, principalmente problemas interpessoais, tais como: dificuldades de
relacionamento com parceiros, familiares, amigos, cônjuges e vizinhos. Além
disso, rejeição, conflitos, negligência, ambientes inseguros e inconsistentes
podem aumentar a probabilidade das pessoas se engajarem em comporta-
mentos danosos a si mesmo. Maltratos físicos, assédio, abuso físico e sexual,
separação dos pais, familiares com histórico de autolesão também são fatores
de risco para o comportamento de autolesão. Neto (2019) sugere que um
ambiente familiar caótico é propício para o indivíduo não adquirir habilida-
des comportamentais adequadas e com isso se torne um fator de risco para
a autolesão.
Giusti (2013) destaca que vários são os fatores que podem estar asso-
ciados ao comportamento de autolesão. Experiências traumáticas geralmen-
te precedem e podem contribuir para o desenvolvimento do fenômeno. Dos
problemas relacionados à infância, a autora destaca que a negligência, abusos
(sexual, físico, emocional), dificuldade de apego, doenças, estresse emocional
precoce podem ser eventos propulsores para a autolesão. No âmbito social,
destaca-se o bullying, influências de colegas, dificuldade de relacionamentos
interpessoais, bem como acesso a informações sobre autolesão em alguma
mídia eletrônica. No campo familiar, podem ser catalisadores da autolesão a
ausência de um dos pais, dependência de álcool, desvalorização por parte da
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Considerações Finais
Cabe relembrar que se trata de uma pesquisa de opinião pública, sem
identificação dos respondentes e sem contato da pesquisadora com os parti-
cipantes. o objetivo principal desta pesquisa foi fazer um levantamento para
identificar as possíveis correlações entre o comportamento de autolesão, os
estímulos aversivos e aspectos do ambiente que influenciaram na ocorrência
e manutenção deste comportamento.
Constatou-se que a autolesão geralmente é uma resposta aos eventos
aversivos presentes no ambiente dos participantes do estudo. Essa resposta
geralmente provocava a redução desses estímulos aversivos que, por sua vez,
aumentava a probabilidade de o indivíduo vir a se autolesionar novamente no
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Denise de Matos Manoel Souza | Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
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CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO:
QUESTÕES ATUAIS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES
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SOBRE OS AUTORES
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