N2 Respons - Civil Atividade 2016
N2 Respons - Civil Atividade 2016
N2 Respons - Civil Atividade 2016
RESPONSABILIDADE CIVIL
caracterização da responsabilidade civil pela reparação do dano causado. Com essa lei,
as penas passaram a ser proporcionais ao prejuízo.
Carlos Roberto Gonçalves também nos ensina que: “Quem pratica um ato, ou
incorre numa omissão de que resulte dano, deve suportar as conseqüências do seu procedimento.
Trata-se de uma regra elementar de equilíbrio social, na qual se resume, em verdade, o problema
da responsabilidade. Vê-se, portanto, que a responsabilidade é um fenômeno social.”
O ato ilícito pode repercutir na ordem civil e na ordem penal. Ocorre que a
responsabilidade civil, normalmente patrimonial (já que a privação da liberdade
atualmente só é possível em caso de falta de pagamento de pensão alimentícia, quando
o alimentante pode recolher e não paga os alimentos), depende de violação de norma
de direito privado.
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem", onde será aplicada a teoria objetiva.
O agente retira uma vantagem do risco criado, como nos casos envolvendo
os riscos de um produto, relacionados com a responsabilidade objetiva decorrente do
Código de Defesa do Consumidor. Em um outro exemplo, deve uma empresa
farmacêutica responder por um novo produto que coloca no mercado e que ainda está
em fase de testes (risco de desenvolvimento).
c) por fato causado por animais (art. 936, CC) e coisas inanimadas (arts. 937
e 938, CC) que estejam sob a guarda do agente e, ainda,
Observação: Da imputabilidade
Por isso se diz que não há como responsabilizar quem quer que seja pela
prática de um ato danoso se, no momento em que o pratica, não tem capacidade de
entender o caráter reprovável de sua conduta e de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Para que a imputabilidade se concretize, mister se faz que esta conduta
(ação ou omissão) tenha origem em um ato de vontade livre e capaz. Maria Helena
Diniz esclarece com a seguinte lição:
É o que vem exposto no CC, em seus arts. 186 e 187. Para que alguém
pratique um ato ilícito e seja obrigado a reparar o dano causado, é necessário que tenha
capacidade de discernimento. Em outras palavras, aquele que não pode querer e
entender, não incorre em culpa e, com isso, não pratica ato ilícito.
(art. 932, I, CC), se estiverem sob sua autoridade e em sua companhia (culpa in
vigilando).
O artigo 116, da Lei 8.069/90 (ECA) estabelece que o adolescente pode ser
obrigado a restituir a coisa, promover o ressarcimento do dano ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima, no caso da prática de atos infracionais com reflexos
patrimoniais.
1.5.2. Da culpa
Culpa, nos dizeres de Maria Helena Diniz é: “[...] em sentido amplo, como
violação de um dever jurídico, imputável a alguém, em decorrência de fato intencional ou de
omissão de diligência ou cautela compreende: o dolo, que é a violação intencional do dever
jurídico, e a culpa em sentido estrito, caracterizada pela imperícia, imprudência ou negligência,
sem qualquer deliberação de violar um dever”.
tanto, que sua conduta seja reprovável e censurável. A constatação da culpa do agente
é imprescindível para a caracterização da responsabilidade civil subjetiva.
A culpa, em seu caráter stricto sensu, na lição de Aguiar Dias, é: [...] falta de
diligência na observância da norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do
esforço necessário para observá-la, com resultado, não objetivado, mas previsível, desde que o
agente se detivesse na consideração das conseqüências eventuais da sua atitude.
A vítima não terá que provar a culpa psicológica, subjetiva, do agente, que
é presumida. Basta a prova da relação de causa e efeito entre o ato por este praticado e
o dano experimentado. Para livrar-se da presunção de culpa, o causador da lesão
patrimonial ou moral é que terá de produzir prova de inexistência de culpa ou de caso
fortuito. Assim, se o motorista sobe com o veículo na calçada e atropela o transeunte, a
culpa decorre do próprio fato, isto é, está in re ipsa, cabendo ao agente afastá-la
provando o caso fortuito ou a força maior.
Da lição cada vez mais prestigiada de Maria Helena Diniz, vale destacar:
"Se o lesado e lesante concorreram com uma parcela de culpa, produzindo um mesmo prejuízo,
porém, por atos independentes, cada um responderá pelo dano na proporção em que concorreu
para o evento danoso. Não desaparece, portanto, o liame de causalidade; haverá tão somente uma
atenuação da responsabilidade, hipótese em que a indenização é, em regra, devida pela metade ou
diminuída proporcionalmente. Haverá uma bipartição dos prejuízos, e a vítima, sob a forma
negativa, deixará de receber a indenização na parte relativa a sua responsabilidade.".
Desse modo, pode-se verificar que a única diferença entre as duas figuras de
responsabilidade civil encontra-se no fato de a primeira existir em razão de um contrato
que vincula as partes e, a segunda surge a partir do descumprimento de um dever legal.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem.
que saiu do bolso do lesado em virtude da ofensa) e lucros cessantes (é tudo aquilo que
o lesado razoavelmente deixou de aferir em virtude da lesão).
Um exemplo é o motorista de táxi que tem seu carro abalroado por um motorista
bêbado. O taxista tem seu carro destruído e fica internada por dois meses, não podendo
dirigir por um ano em virtude da gravidade das lesões sofridas. Como advogado do
taxista, o que você pediria?
Até quando essa família receberá esses 800 reais? A viúva receberá até que
complete 70 anos de idade, desde que não case novamente, ou não viva em união
estável. E os filhos receberão até que completem 25 anos de idade.
O STF já fixou a orientação nos sentido de que se este menino, mesmo não
sendo trabalhador, se for originário de família pobre, há uma presunção de que ele
fatalmente trabalharia e contribuiria para o sustento da família. Com base nessa
presunção de ganhos, fixa-se uma verba, com base no salário mínimo, dos 14 aos 25
anos, em favor de seus pais.
(Mesmo que ele tenha falecido com 10, ou 11 anos. Fala-se em 14, porque é a
idade mínima que a Constituição prevê para o exercício de atividade laboral. Por outro
lado, 25 é a idade em que provavelmente ele se casaria e deixaria de contribuir para o
sustento de seus pais).
Isso vai depende do caso concreto. Há casos em que serão fixados lucros
cessantes até os 65 anos, mas após os vinte e cinco anos, o valor deve ser reduzido à
metade, pois mesmo se presumindo que ele contribuiria para os pais, teria despesas com
sua própria família a partir do momento em que se casasse.
Observação importante: nos exemplos dados, o causador do evento danoso
sempre foi a empresa de ônibus. Como essa sociedade empresária, em regra, tem grande
capacidade financeira, a família da vítima pode exigir a constituição de um capital. O
Código Civil foi além disso.
O parágrafo único do artigo 950 prevê que a família da vítima pode requerer que
o causador do dano efetue o pagamento de uma só vez. Isso serve para garantir
segurança jurídica, retirando da família o temor de que algo ocorra com aquela empresa
e impossibilite o pagamento da verba alimentar.
Ex: Heloane é uma estudante de concurso que obteve aprovação nas 3 fases do
concurso para ingresso no Ministério Público do Estado de Goiás. No dia da prova oral,
ao atravessar a Avenida FuedSebba, Heloane é atropelada por Renan, motorista bêbado,
que lhe causa uma fratura exposta, ficando ela impedida de se submeter ao exame.
Não, uma vez que não há qualquer certeza de que ela seria aprovada no
concurso. Ela, então, não pode pleitear lucros cessantes. Entretanto, ela perdeu a chance
de se tornar Promotora de Justiça. Isso tem valor econômico...Quando alguém,
injustamente, frustra essa chance, deve restituir financeiramente a perda dessa chance.
O caso mais famoso no Brasil é o da baiana Ana, que respondeu à pergunta dos
500 mil reais no programa “Show do Milhão” e, ao ver a pergunta que valia 1 milhão de
reais, desistiu, indo embora apenas com os 500 mil.
Ao chegar em casa e ver que a Constituição não fixava esse percentual, ela
ingressou com ação de indenização em face do SBT, pedindo os outros 500 mil reais. O
Juiz monocrático, na Bahia, concedeu os 500 mil reais. O TJ/BA confirmou a sentença
monocrática. Entretanto, o STJ reformou a decisão, sob o fundamento que não havia
garantia alguma de que ela acertaria a pergunta. Isso não se caracteriza como lucros
cessantes. O STJ, entretanto, entendeu que ela perdeu uma chance. Logo, ela recebeu
125 mil reais, o que corresponde a 25% do valor (como eram quatro assertivas, a chance
dela responder à correta era de 25%).
Outro exemplo: você ingressa com uma ação de indenização, pedindo 100 mil
reais. O pedido é julgado improcedente e você, embora queira recorrer, não pode em
virtude de seu advogado ter perdido o prazo recursal. Você pode pleitear esses 100 mil
reais do seu advogado? Claro que não. O TJ/RS tem feito o seguinte cálculo:
De cada 10 ações, quantas foram revertidas em segundo grau? Vinte por cento.
Então, o que você pode pedir de seu advogado é vinte por cento do valor
pleiteado, ou seja, vinte mil reais. Trata-se da teoria da perda de uma chance.
Entre o dano emergente e o lucro cessante, tem-se um terceiro gênero, que seria
a teoria da perda de uma chance.
Essa teoria pode ser vista, ainda, por outro ângulo, ou seja, ela pode ser
analisada quando alguém perde a chance de sobreviver, ou a chance de se curar.
Ex: você faz uma cirurgia, que é bem sucedida, mas o médico deixa um
instrumento cirúrgico dentro de você. Depois de um tempo, você tem dores fortes e
morre em virtude de infecção decorrente desse instrumento que fora deixado dentro de
você.
herdeiros). Essa pensão não se confunde com o benefício previdenciário que deve ser
pago pelo INSS.
Esta verba relativa ao pensionamento pelo ato ilícito não é compensado pelo
valor que é pago pelo INSS. A pensão tem natureza indenizatória, ao passo que a do
INSS tem natureza securatória (é um seguro previdenciário decorrente de toda uma
ideia de risco social que o Estado deve dar proteção). Nada impede que elas sejam
cumuladas.
Artigo complementar:
RESPONSABILIDADE CIVIL PELA PERDA DO TEMPO - Pablo Stolze.
Existe algo inexplicável por trás desta nossa complexa realidade.O que de fato faz a sua
vida ter sentido?A posição social que você alcança? O cargo cobiçado que você tanto
almeja? O dinheiro que você acumula?Sem menoscabar a importância dessas metas
materiais de vida, o fato é que, um dia, você compreenderá a verdade cósmica dita pelo
profeta RAUL SEIXAS, na música “Ouro de Tolo”:
E, por isso, o nosso tempo tem um profundo significado e um imenso valor, que não
podem passar indiferentes ao jurista do século XXI.
Certamente, ao longo de todo o bacharelado, você conheceu diversas figuras jurídicas: o
contrato, a família, a propriedade, a posse, a empresa.E o tempo?Você saberia dizer qual
a sua natureza jurídica?
Para bem respondermos a esta pergunta, é preciso considerar o tempo em uma dupla
perspectiva:
a) Dinâmica;
b) Estática.
1
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil – Parte Geral
– Volume 1. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, págs. 345-346.
de que é vítima o consumidor, obrigado a “esperar em casa, sem hora marcada, pela
entrega de um produto novo, pelo profissional que vem fazer um orçamento ou um
reparo, ou mesmo por um técnico que precisa voltar para fazer o conserto malfeito” 3.
Vasculhe a sua própria experiência de vida, caro leitor, e reflita se tal situação – pela
qual talvez você já haja passado –, a par de vexatória, não traduziria um intolerável
desperdício de tempo livre, com potencial prejuízo, não apenas na seara econômica e
profissional, mas, até mesmo, no delicado âmbito de convivência familiar, como anotei
em recente editorial:
Deve ficar claro, nesse contexto, que nem toda situação de desperdício do tempo
justifica a reação das normas de responsabilidade civil, sob pena de a vítima se
converter em algoz, sob o prisma da teoria do abuso de direito.
4
GAGLIANO, Pablo Stolze. Responsabilidade Civil pela Perda do Tempo. Editorial publicado no dia 25
de dezembro de 2012, disponível no: https://www.facebook.com/pablostolze/posts/399780266768827
Por outro lado, não se pode negar, que, por se tratar, “a responsabilidade pela
perda do tempo livre” ou pelo “desvio produtivo do consumidor”, de uma tese
relativamente nova - ao menos se levarmos em conta o atual grau de penetração no
âmbito das discussões acadêmicas, doutrinárias e jurisprudenciais -, impõe-se, a todos
nós, uma mais detida reflexão acerca da sua importância compensatória e, sobretudo,
utilidade punitiva e pedagógica, à luz do princípio da função social.
Isso tudo porque o intolerável desperdício do nosso tempo livre, agressão típica
da contemporaneidade, silenciosa e invisível, mata, aos poucos, em lenta asfixia, valor
dos mais caros para qualquer um de nós.
5
GUGLINSKI, Vitor Vilela. Danos morais pela perda do tempo útil: uma nova modalidade. Jus
Navigandi, Teresina, ano 17, n. 3237, 12 maio 2012 . Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/21753>. Acesso em: 25 dez. 2012
Age com negligência quem não toma o devido cuidado ao praticar o ato. Se o
sujeito tivesse agido com maior diligência, o dano não teria sido causado. O dano é
causado por uma desatenção, uma falta de zelo do sujeito. Ex: deixar maçã cair do 18º
andar e causar dano a um carro estacionado. É o “deixar de fazer o que se deve”.
Age com imprudência que, embora esteja habilitado a praticar o ato, excede os
limites do razoável, ousa, atreve. Tivesse o sujeito se limitado a praticar o ato dentro dos
limites da cautela, o dano teria sido evitado. O dano é causado por um erro na manobra
audaciosa do sujeito. Ex: andar de bicicleta em excesso de violência e se chocar com o
objeto, causando-lhe danos. É o “fazer o que não se deve”.
Age com imperícia quem pratica ato para o qual não se encontra devidamente
habilitado. O dano é resultado do desempenho imperfeito do ato devido ao
desconhecimento técnico de quem o praticou. Ex: alguém não habilitado que, por não
saber onde é o freio, causa danos.
O artigo 187 entende como ato ilícito o abuso de direito, nos seguintes termos:
Entendeu o STJ: “Age com abuso de direito e viola a boa-fé o banco que,
invocando cláusula constante do contrato de financiamento, cobra-se lançando mão do
numerário depositado pela correntista em conta destinada ao pagamento dos salários de
seus empregados, cujo numerário teria sido obtido junto ao BNDES. A cláusula que
permite esse procedimento é mais abusiva do que a cláusula mandato, pois, enquanto
esta autoriza apenas a constituição do título, aquela permite a cobrança pelos próprios
meios do credor, nos valores e no momento por ele escolhidos” (STJ, REsp. 250.523,
Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 4a T., j. 19/10/00, p. DJ 18/12/00).
O artigo 188, por sua vez, elenca os atos que não são considerados atos ilícitos,
não sendo possível, portanto, a reparação civil:
Esse artigo deve ser interpretado de forma sistemática com os artigos929 e 930 do CC:
Ex: Augusto saiu de seu apartamento e esqueceu o ferro de passar roupas ligado sobre a
tábua. Posteriormente, inicia-se um incêndio. Arcênio, passando na rua, ouve os gritos
de socorro de Berenice, uma senhora idosa. Para salvá-la, Arcênio dá um golpe na porta
de entrada do edifício, de vidro, e a estilhaça. Ganhando acesso, corre até o apartamento
de Berenice, consegue abrir a porta e a resgata do imóvel em chamas. Momentos
depois, os bombeiros chegam e o fogo é controlado.
E se não fosse possível determinar a causa do incêndio, Arcênio teria que pagar e ficar
no prejuízo por ter ajudado Berenice? Não... Ele pagaria ao condomínio, mas teria
direito de regresso em face de Berenice, uma vez que causou o dano em benefício dela
(parágrafo único do artigo 930).
a) Conduta
b) Dano
c) Nexo causal
d) Dolo ou culpa
DANO MORAL
Dano moral não é a mágoa, o sofrimento, a dor que decorre de uma lesão. Isso
são eventuais consequências de um dano moral.Há pessoas que não tem dano moral
algum e choram, sofrem. Da mesma forma, há outras que sofrem dano moral e nem tem
qualquer sofrimento.
Segundo esse princípio, todo ser humano deve ser respeitado em sua essência,
em sua existência.A dignidade da pessoa humana é violada quando ela não é tratada
como pessoa.
Reparação é um termo que serve tanto para o dano patrimonial como para o
dano moral.
O artigo 948 é claro nesse sentido ao estabelecer que “sem excluir outras
reparações”. Logo, no exemplo do atropelamento, é claro que a família pode pedir, além
do dano material, dano moral pela perda do ente querido.
Uma pessoa jurídica pode pleitear reparação pelo dano moral? Súmula 227 do
STJ:A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
A pessoa jurídica, embora não tenha honra subjetiva, ela tem honra objetiva
(credibilidade, reputação no mercado), então, ela não pode sofrer injúria ou calúnia, mas
pode sofrer difamação.
Há parte da doutrina que entende que, apesar da súmula, a pessoa jurídica não
pode sofrer dano moral, porque ela não é pessoa humana, não sendo possível, portanto,
falar em dignidade da pessoa humana.
É possível que uma pessoa pleiteie reparação por dano moral sofrido por outra
pessoa? Sim. Trata-se do dano moral reflexo ou por ricochete. Ex: Garrincha (tamanho
do pênis referido na biografia). As filhas dele propuseram ação pleiteando reparação por
danos morais. Entendeu-se que as filhas têm legitimidade para propor ação, uma vez
que houve lesão ao nome do falecido, à sua honra. As filhas são chamadas de lesadas
indiretas. Lembre-se que os direitos da personalidade do Garrincha não são
transmissíveis (posto que personalíssimos, portanto, intransmissíveis), mas as filhas
podem, em nome próprio, defender o nome do pai.
Sim. Ex: navio cargueiro derrama óleo na Baía de Guanabara. O MP, na ação
civil pública, pode pleitear a reparação por esse dano moral coletivo (art. 1º da Lei n.º
7.347/85), uma vez que o meio ambiente equilibrado é um direito fundamental
transgeracional. Se condenada, a Petrobrás pagará multa ao fundo de recomposição dos
bens lesados. (art. 13 da lei n.º 7.347/85). Essa multa tem natureza pedagógica, punitiva
e inibitória.
Quanto ao dano moral, não há um artigo específico. Por isso, estende-se a aplicação do
artigo 944 à compensação por danos morais. O juiz deve se valer de dois critérios:
b) condição pessoal da vítima (como era a vítima antes e depois da lesão), afinal, cada
ser humano lida com uma lesão de forma diferente.
O dano moral é presumido quanto a sua existência, não quanto a sua extensão.
No curso do processo, deve-se observar a singularidade dos ofendidos.
Ex: imaginemos que todos nós, na sala de aula, perdemos uma mão. Se nós
perdemos a mão, presume-se a existência do dano moral, afinal, todos nós tivemos
nossa dignidade violada. Entretanto, se um dos alunos for um pianista famoso, o valor
da indenização dele deverá ser maior, porque o dano dele foi maior, em virtude de sua
situação pessoal.
Ex: inscrição do seu nome nos órgãos de proteção ao crédito. O simples fato de
ter o nome inscrito sem a notificação já gera o dano moral. Se a pessoa for muito
correta, ela receberá uma indenização maior que a pessoa que é normalmente
inadimplente, pois o dano dela é maior. O devedor contumaz, aquele que tem seu nome
inscrito no SERASA pela centésima vez, nem faz jus ao dano moral, segundo decisões
do STJ.
A condição pessoal não significa situação econômica. Isso não tem qualquer
relação com a fixação do dano. Logo, não há diferença entre atropelar o Bill Gates ou o
Zé das Couves. O dano moral é o mesmo. O que varia é o valor dos lucros cessantes.
Para pagar o Bill Gates, será necessário trabalhar quinze gerações.
O fato desta espécie de dano ser tratado com pouco esmero pelo judiciário
pátrio, se deve no seu elemento subjetivo, muitas vezes incapaz de demonstrar o
sofrimento de ofensas irrogadas à sócios, cônjuges e familiares, bem como, por morte
destes ou outros danos de tantas outras naturezas.
E ainda:
Como já dito algures, pode sofrer dano extrapatrimonial não apenas a vítima do
ato ilícito, mas também, um terceiro que é indiretamente atingido na sua seara mais
íntima, em específico, quando ocorre a morte da vítima. É o que a doutrina
convencionou chamar de "dano reflexo”, dano em “ricochete”, ou ainda, como querem
outros, dano “indireto".
NEXO CAUSAL
Muitas vezes, aquele que, em tese, é o causador do dano, não será obrigado a
indenizar, uma vez que há excludentes de nexo causal.Ex: a conduta do agente não foi o
evento determinante para que o dano se caracterizasse.
tido um infarto. É um dano que vem de dentro pra fora. Nesse caso, a empresa responde
pelos danos causados.
Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas
bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da
responsabilidade.
Entretanto, se eu for assaltado num caixa eletrônico, que fica num lugar isolado,
trata-se de um fortuito externo, não havendo, portanto, dever de indenizar. Isso ocorre
pois a segurança geral é dever do Estado e não da instituição financeira.
A doutrina tenta estabelecer distinções entre caso fortuito e força maior. Para
Sérgio Cavalieri Filho estaremos em face de caso fortuito quando se tratar de evento
imprevisível e, por isso, inevitável; se o evento for inevitável, ainda que previsível,
como decorre das forças da natureza, estaremos em face da força maior.
Caio Mário Pereira da Silva, por sua vez, define o caso fortuito como o
acontecimento natural ou o evento derivado da força da natureza (terremotos,
inundações); enquanto a força maior seria o dano originado do fato de outrem (guerra,
greves) . Já Carlos Roberto Gonçalves entende o caso fortuito como decorrente de fato
ou ato alheio e a força maior decorrente das forças da natureza.
Dessa forma, sempre que presente um fato necessário, cujos efeitos não era
possível evitar ou impedir, estaremos diante de uma hipótese de caso fortuito ou força
maior apta a exonerar o agente. Não obstante o artigo se refira à responsabilidade
contratual, a jurisprudência já se firmou no sentido de que ele tem aplicação, também, à
responsabilidade extracontratual.
Outro ponto que merece destaque é a distinção entre fortuito interno e externo
para fins de liberação do agente. Essa teoria está ligada a ideia de atividade exercida.
Entende-se por fortuito interno o fato imprevisível e, por isso, inevitável que se liga à
organização da atividade. O fortuito externo, por sua vez, é o fato imprevisível e
inevitável, mas estranho à organização da empresa. Somente o fortuito externo tem o
condão de eximir o agente de responsabilidade.
A cláusula é vista com extrema cautela no nosso direito e aplicada com bastante
restrição. Para saber da validade da cláusula de irresponsabilidade, deve-se indagar qual
a sua abrangência. Nessa seara, é interessante verificar quando ela não é admissível.
b) Fato exclusivo da vítima – Ex: rapaz que, desiludido, bebe muito e atravessa
rapidamente a rua e morre. A família ingressará com ação de indenização em
face do motorista, o qual, se comprovar que o acidente ocorreu em virtude do
comportamento negligente da vítima, não terá que indenizar e poderá, ainda,
cobrar os danos causados pelo impacto da cabeça do falecido em seu carro.
O fato exclusivo da vítima rompe o nexo causal, não havendo, portanto, dever de
indenizar.
Se fosse um táxi, nesse acidente, que, ao ser projetado, faz com que a passageira
quebre a perna. O motorista do táxi poderia deixar de indenizar alegando fato de
terceiro? Não, pois ele é um transportador e, em virtude disso, ele assumiu uma
obrigação contratual (embora verbal) de te levar em segurança até o seu destino.
Qualquer coisa que aconteça no trajeto, caracteriza inadimplemento contratual do
taxista.
Nesse caso, o taxista deve indenizar a passageira, mas terá direito de regresso em
face do causador do dano.
O STJ entende que o Estado deve indenizar em caso de suicídio, pois o Estado
tem o dever de vigiar o preso, inclusive contra si próprio. Nesse caso, o dever de
indenizar decorreu do fato de o preso ter se utilizado de uma faca que entrou de forma
clandestina no presídio.
Sim, pois a fuga do preso (decorrente da omissão do Estado) foi a causa direta e
imediata da morte do taxista. Aquele dano só ocorreu em virtude de uma conduta
omissiva do Estado.
Se este preso fugiu da prisão e, quinze dias depois, ele pratica um assalto e mata
um comerciante, o Estado responde?
Não, pois não houve dano direto. Houve um rompimento do nexo causal. Depois
de quinze dias, ele já se juntou a comparsas, ele teve tempo de preparar, ou seja, o
Estado não responde.