Cervicalgia e Lombalgia

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Aline Kühl Torricelli

CLÍNICA MÉDICA V

LOMBALGIA E CERVICALGIA

1
SUMÁRIO

LOMBALGIA E CERVICALGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2. A coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1. Região cervical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

3. Etiologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4. Abordagem da cervicalgia e lombalgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.1. Anamnese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

Mapa mental. Sinais de alerta vermelho e amarelo na investigação da dor lombar 7


4.2. Exame físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
4.3. Exame Neurológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4.4. Exames complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

5. Síndromes clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5.1. Síndrome dolorosa miofascial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5.2. Lombalgia mecânica comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5.3. Hérnia discal com radiculopatia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5.4. Estenose de canal lombar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

6. Conduta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6.1. Terapia não farmacológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6.2. Terapia medicamentosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6.3. Tratamento cirúrgico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Mapa mental. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15


Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2
LOMBALGIA E CERVICALGIA

importância/prevalência

O QUE VOCÊ PRECISA SABER?

u Quais são os red flags.


u Exame físico da lombalgia/cervicalgia.
u Raízes nervosas e respectivos achados nas radiculopatias.
u No tratamento, repouso absoluto é desencorajado.

1. INTRODUÇÃO articula com C1. A articulação de C1/C2 recebe o


nome de atlantoaxial e é exclusivamente sinovial.

A cervicalgia tem uma prevalência de cerca de 10 a Figura 1. Coluna vertebral.


20% da população adulta; por outro lado, estima-se
que até 84% dos adultos apresentem lombalgia
em algum momento da vida. Por isso, ambas são
queixas comuns, seja ambulatorialmente ou no
contexto do pronto atendimento.
A maioria dos pacientes apresenta um distúrbio
mecânico/musculoesquelético para o aparecimento
dos sintomas, como desvios posturais, contratura
muscular, um trigger point, sobrecarga ligamentar,
entre outras. Antes de iniciarmos a avaliação e o
manejo da cervicalgia e lombalgia, é importante
relembrar aspectos importantes sobre a anatomia
dessas regiões, para melhor compreensão das
possíveis etiologias.

2. A COLUNA VERTEBRAL

2.1. REGIÃO CERVICAL

A coluna cervical é composta por 7 vértebras e 8


nervos espinhais. C2 a C7 são separados entre si
por discos intervertebrais. C1 e C2 têm aspectos
anatômicos diferenciados: C1, conhecida como
atlas, é um anel ósseo articulado, serve de apoio
ao crânio e não possui corpo vertebral; C2, o axis,
tem um eixo ósseo (processo odontoide) que se Fonte: Acervo Sanar.

3
Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

Figura 2. Articulação atlantoaxial (C1-C2). As demais vértebras cervicais são constituídas pelo
corpo vertebral e pelo arco posterior, formando o
forame vertebral; e articulam-se entre si através dos
discos intervertebrais (articulações fibrocartilagino-
sas) e articulações zigoapofisárias/interfacetárias
(sinoviais).

Fonte: Acervo Sanar.

Figura 3. Representação esquemática de uma incidência lateral da coluna


mediocervical (A) e da região superior de C5 (B).

Os processos articulares inferiores da vértebra se articulam com os processos articulares superiores da vértebra situada
logo abaixo desta, através das facetas articulares (articulações zigoapofisárias). A medula espinhal se situa dentro do forame
vertebral, delimitado pelas lâminas, pedículos e corpo vertebral. A artéria vertebral passa através do forame transverso.
Fonte: Acervo Sanar.

4
Lombalgia e cervicalgia 

É característica comum das vértebras lombares possuírem corpos grandes e reniformes, forames
vertebrais triangulares, pedículos e lâminas curtas e espessas.

Figura 4. Vértebra lombar típica.

Fonte: stihii/Shutterstock.com¹.

A medula espinal ocupa o canal vertebral, do forame São inúmeras as etiologias responsáveis por cau-
magno até a 1ª ou 2ª vértebra lombar, depois diverge sar cervicalgia ou lombalgia. Vimos que existem
em nervos individuais que viajam para a porção estruturas que compõem a região musculoesque-
inferior lombossacra. Por causa de sua aparência, lética cervical e lombar, como músculos, nervos,
este grupo de nervos é chamado de cauda equina. ligamentos, articulações, e, além das estruturas
musculoesqueléticas, causas extraespinhais podem
levar à sintomatologia álgica, como uma pielonefrite
3. ETIOLOGIAS evoluindo com dor lombar ou uma tireoidite evo-
luindo com dor cervical. Portanto, fique atento ao
enunciado das questões de prova para identificar
corretamente a causa da cervicalgia/lombalgia.
   BASES DA MEDICINA
A possibilidade de diagnósticos diferenciais de
cervicalgia e lombalgia é ampla, porém a maioria
 ara compreender as etiologias possíveis, é fundamental
P
conhecer os aspectos anatômicos apresentados anterior- dos casos é secundário a problemas musculoesque-
mente e também lembrar das estruturas não espinhais léticos, como tensão muscular, dor miofascial, dor
da região cervical e lombar. discogênica ou dor de origem facetária. O segundo
grupo mais frequente é de causas neurológicas,

5
Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

como as radiculopatias, seguido de causas não


espinhais, como infecção, malignidade e doença 4. A BORDAGEM DA CERVICALGIA
reumatológica. E LOMBALGIA

Diante de tantas possibilidades, nem sempre é


possível identificar uma única e exclusiva causa e, 4.1. ANAMNESE
frequentemente, várias condições são encontradas
simultaneamente, como radiculopatia e degenera- Diante da queixa de lombalgia ou cervicalgia, são
ção do disco vertebral, por exemplo. A forma de elementos-chave da anamnese: início da dor (súbito
apresentação clínica da cervicalgia e lombalgia versus progressivo); tempo de evolução: aguda (<4
depende essencialmente da sua causa. semanas), subaguda (4 a 12 semanas) ou crônica
(acima de 12 semanas); fatores de melhora ou
piora; ritmo da dor (mecânica versus inflamatória);
irradiação; presença de sintomas neurológicos;
presença de sinais de alerta (red flags); presença
de sinais de recorrência (yellow flags) e avaliação
de incapacidade.

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Lombalgia e cervicalgia 

Mapa mental. Sinais de alerta vermelho e


amarelo na investigação da dor lombar

SINAIS DE ALERTA VERMELHO

• Sinais ou sintomas sistêmicos: febre, perda de peso, sudorese noturna, calafrios.


• Déficit neurológico focal progressivo/profundo.
• Dor refratária ou persistente por > 6 semanas.
• Idade > 50 anos.
• História pessoal de câncer.
• Incontinência/retenção urinária.
• Uso de glicocorticoide.
• Trauma.
• Imunocomprometimento.

SINAIS DE ALERTA AMARELO

• Pensamento catastrófico quanto à lombalgia.


• Sintomas sem base anatômica ou fisiológica definida.
• Elevado comprometimento funcional basal.
• Baixo estado geral da saúde.
• Depressão, ansiedade ou pessimismo diante da vida.

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Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

A avaliação da presença de red flags é fundamental o médico fique atento à necessidade de abordar o
na anamnese e determina a necessidade ou não paciente de maneira mais holística e multidisciplinar,
de avaliação complementar. Note que a presença evitando a solicitação excessiva de exames, assim
de sinais de alarme indica a possibilidade de dor como terapias farmacológicas em demasia.
secundária à síndrome da cauda equina, origem
traumática, infecciosa, neoplásica ou reumato- 4.2. EXAME FÍSICO
lógica inflamatória (espondiloartrite). Portanto, a
possibilidade de não se tratar de uma dor de origem
puramente musculoesquelética primária faz com
   BASES DA MEDICINA
que exista a necessidade de investigação adicional.
Já a presença de yellow flags (bandeiras amarelas)  embre-se, cada nervo espinhal é composto por uma raiz
L
indica risco de cronificação e incapacidade da dor ventral e outra dorsal; a raiz ventral contém fibras eferentes
lombar. A presença de yellow flags como catastro- dos neurônios motores no corno ventral da medula; já a
fismo, depressão, situação trabalhista, faz com que raiz dorsal contém fibras aferentes sensoriais primárias
das células no gânglio da raiz dorsal.

Figura 5. Corte transversal da medula espinhal.

Fonte: Acervo Sanar.

e testes neurológicos para investigar causas espe-


   BASES DA MEDICINA cíficas.

Dermátomos e miótomos 4.2.1. Inspeção


W Dermátomo é o território cutâneo inervado por uma
Deve-se iniciar o exame físico pela inspeção estática
única raiz nervosa dorsal e recebe o nome da raiz que
o inerva (ex.: dermátomo de C6). da coluna, observando se há presença de desvios,
atrofia muscular e avaliação da pele local, verificando
W Miótomo ou território radicular motor é o conjunto de
se há presença de sinais flogísticos. Na inspeção
músculos inervados por uma única raiz ventral.
dinâmica é possível avaliar a marcha e a mobilidade
O exame físico, além do exame geral que auxilia a da coluna.
afastar doenças sistêmicas ou identificar um sítio
extralombar para a dor, sugerindo uma causa refe- 4.2.2. Palpação
rida, deve abranger a avaliação da coluna lombar
A palpação deve ser realizada nos planos mus-
culares, nas apófises espinhosas e nos espaços

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Lombalgia e cervicalgia 

discais, buscando encontrar os pontos álgicos e já dor na parte anterior ipsilateral, é sugestivo de
identificar exatamente onde se localiza a dor e para patologias do quadril.
onde irradia.
Figura 7. Teste de Patrick.
4.2.3. Testes

4.2.3.1. Lombalgia

Na suspeita de radiculopatia lombossacra, é manda-


tória a realização do Teste de Lasègue, que consiste
em: com o paciente em decúbito dorsal, elevar o
membro dolorido, mantendo o joelho estendido.
Pode-se sensibilizar o teste fazendo uma dorsiflexão
do pé. O teste é positivo quando há exacerbação
da dor e irradiação neste membro a 35-70 graus.
Fonte: Acervo Sanar.

Figura 6. Teste de Lasègue.


O Teste de Schober avalia a mobilidade da coluna
lombar: com o paciente em pé, marcar um ponto na
coluna, na altura de L5-S1 (projeção da espinha ilíaca
posterior) e marcar outro ponto a 10 cm deste; em
seguida, pede-se para o paciente realizar uma flexão
ventral, notando então um aumento da distância
entre os pontos marcados em 5 cm, totalizando no
mínimo 15 cm entre os 2 pontos. O teste é positivo
quando o aumento é < 5 cm.

Figura 8. Teste de Schober.

Fonte: Spallek et al.²

Fonte: Acervo Sanar.


A avaliação do quadril e sacroilíaca é feita através
do Teste de Patrick – Fabere. O Teste de Patrick
4.2.3.2. Cervicalgia
consiste em: posicionar o maléolo lateral de um
pé encostado na patela contralateral; em seguida, A mobilidade da coluna cervical pode ser avaliada
pressionar com uma mão o joelho da perna fletida com a flexão, extensão, rotação e lateralização
e estabilizar com a outra mão a pelve contralate- cervical.
ral. Dor durante a realização deste teste na parte
posterior contralateral, é sugestivo de sacroileíte; O Teste de Adson é performado para avaliação da
síndrome do desfiladeiro torácico (vide capítulo de

9
Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

“Fibromialgia e síndromes dolorosas regionais”) Figura 10. Teste de Spurling.


e consiste em palpar o pulso radial enquanto o
paciente faz abdução de 90 graus com o membro
superior sintomático em rotação e extensão. A
cabeça é rodada para o lado examinado. O teste
é positivo quando ocorre a redução do pulso e
parestesia medial no membro testado.

Figura 9. Manobra de Adson.

Fonte: Chu KyungMin/Shutterstock³.

4.3. EXAME NEUROLÓGICO

É importante realizar o exame neurológico avaliando


tônus, reflexos, bem como avaliação de dermátomos
e miótomos. Testar a sensibilidade nos dermátomos
de L4, L5 e S1, assim como os cervicais (Quadro 1).

A avaliação motora é importante, pois a presença


Fonte: Acervo Sanar.
de fraqueza é mais específica para compressão
radicular do que a descrição de ciatalgia na história
Teste de Spurling é análogo ao Lasègue para avalia- clínica do paciente. Com isso, testa-se no contexto
ção radicular; no entanto, visa rastrear radiculopatia da lombalgia a dorsiflexão do pé (L4), dorsiflexão
da região cervical. Com o paciente sentado, o exa- do hálux para L5 e, ao testar a flexão plantar do pé,
minador inclina a cabeça dele para o lado doloroso é possível avaliar a força em S1, pedindo para o
e realiza uma compressão para baixo. Considerado paciente deambular na ponta dos pés. Um resumo
positivo no caso de reprodução da dor, parestesia das raízes nervosas lombares e cervicais está nos
e irradiação. Quadros 1 e 2.

Quadro 1. Raízes nervosas e alterações correspondentes motoras, de sensibilidade e reflexos (C5-C8 e T1).

Raízes nervosas C5 C6 C7 C8 T1

Face lateral
Dedos anelar
do antebraço,
Sensibilidade/ Face lateral do e mínimo, face Face medial
polegar, índice Dedo médio
Trajeto da dor antebraço medial do do antebraço
e metade do
antebraço
dedo médio

Bíceps,
Tríceps, flexores Flexores dos Musculatura
Teste motor Deltoide e bíceps extensores
do punho dedos intrínseca da mão
do punho

Reflexos Bicipital Braquiorradial Tricipital Nenhum Nenhum

Fonte: Marques Neto et al.4

10
Lombalgia e cervicalgia 

Quadro 2. Raízes nervosas e alterações correspondentes motoras, de sensibilidade e reflexos (L4, L5 e S1).

Raízes nervosas L4 L5 S1

Nádega-face posterolateral
Nádega-face anterolateral Nádega-face posterior
Sensibilidade/ da coxa-face lateral da
da coxa-borda da coxa-face posterior da
Trajeto da dor perna até tornozelo-região
anterior da perna perna-região plantar do pé
dorsal do pé e hálux

Teste motor Dorsiflexão do pé Dorsiflexão do hálux Flexão plantar do pé

Reflexos Patelar Nenhum Aquileu


Fonte: Marques Neto et al.4

Figura 11. Exame neurológico na suspeita de radiculopatia.

Fonte: Acervo Sanar.

Figura 12. Dermátomos cervicais. 4.4. EXAMES COMPLEMENTARES

A supervalorização dos exames de imagem é o


principal erro diagnóstico em portadores de lom-
balgia e cervicalgia. Alterações degenerativas em
exames de imagem da coluna vertebral guardam
pouca ou nenhuma correlação com a clínica do
indivíduo. O achado de hérnia discal na ressonância
magnética ocorre em 1/3 dos indivíduos assinto-
máticos, e a estenose de canal em 20% dos idosos
assintomáticos.
A maioria dos pacientes com lombalgia não tem
indicação de avaliação complementar. Exames de
Fonte: Acervo Sanar.
imagem estão indicados naqueles com sinais de

11
Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

alerta e pacientes que não melhoram em 6 semanas, 5.2. LOMBALGIA MECÂNICA COMUM
apesar do tratamento adequado.
O exame de imagem mais adequado para avaliação
   BASES DA MEDICINA
da coluna é a ressonância nuclear magnética pela
sua alta sensibilidade; no entanto, não apresenta
uma boa especificidade, já que muitos achados no  origem da dor na LMC não é muito conhecida. Acredi-
A
ta-se que seja multifatorial e associada à disfunção no
exame não são correlacionáveis com a clínica do
controle da dor no sistema nervoso central.
paciente. Já a radiografia é uma opção acessível
e de menor custo, com utilidade na detecção de Guarde essa síndrome, pois é a principal causa de
alterações ósseas. lombalgia crônica. A dor lombar é inespecífica e
chamada de Lombalgia Mecânica Comum (LMC).
Trata-se de uma lombalgia de ritmo mecânico bilate-
   DIA A DIA MÉDICO ral ou unilateral, com ou sem irradiação para nádegas
e região sacral. Tal irradiação não caracteriza uma
 a prática do manejo de lombalgias e cervicalgias, vemos
N radiculopatia (Teste de Lasègue e reflexos normais,
uma solicitação excessiva de exames complementares, trajeto da dor não compatível com raiz nervosa).
desnecessária e redundante. Infelizmente, a avaliação
clínica, anamnese e exame físico, não são priorizados. Os exames laboratoriais são normais, e exames de
imagem podem mostrar alterações degenerativas
inespecíficas, como desidratação discal e osteófitos.
5. SÍNDROMES CLÍNICAS
O tratamento é conservador, com analgesia, edu-
cação ao paciente, cinesioterapia e fortalecimento
5.1. SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL muscular. O afastamento ao trabalho e repouso
absoluto devem ser desencorajados.

   BASES DA MEDICINA
   DIA A DIA MÉDICO

 músculo cervical e o trapézio têm a função de apoiar


O
 LMC será a causa mais comum de lombalgia dos
A
e fornecer movimento e alinhamento da cabeça e pes-
pacientes. Note que exames laboratoriais e de imagem
coço, além de proteger a medula espinhal e os nervos
são desnecessários, e o diagnóstico é clínico. Solicitar
espinhais do estresse mecânico. De maneira análoga à
imagem e encontrar alterações que não correspondem
parte cervical, na região lombar temos a musculatura do
com a clínica podem inclusive confundi-lo.
core como importante estabilizador.

A síndrome dolorosa miofascial é um quadro mus-


cular com dor associada à queimação e à irradiação 5.3. HÉRNIA DISCAL COM RADICULOPATIA
com pontos-gatilho (trigger points). Os pontos repro-
duzem a dor, irradiam e podem causar fraqueza e
sintomas autonômicos. Discutiremos a síndrome    BASES DA MEDICINA
dolorosa miofascial no capítulo “Fibromialgia e
síndromes dolorosas regionais”.  disco intervertebral é composto pelo anel fibroso e pelo
O
núcleo pulposo. O anel fibroso é uma estrutura circular que
abraça e garante o suporte do núcleo pulposo. Este, por
sua vez, tem consistência gelatinosa e é rico em água. A
função do núcleo pulposo é de absorver e de amortecer
os impactos gerados na coluna. Com o envelhecimento,
ocorre desidratação do núcleo pulposo e surgem fissuras
no ânulo fibroso.

12
Lombalgia e cervicalgia 

A degeneração do disco intervertebral faz com podemos encontrar hérnia discal pela imagem em
que o núcleo pulposo colabe e empurre para fora pacientes assintomáticos. Em determinados casos,
o anel fibroso que está enfraquecido. Quando nos a hérnia discal pode ser sintomática, resultando em
referimos à presença de hérnia discal, estamos envolvimento da raiz nervosa e quadro clínico de
definindo que houve o deslocamento do núcleo radiculopatia.
pulposo além dos limites do anel fibroso. Portanto,

Figura 13. Disco normal e hérnia de disco.

Fonte: Acervo Sanar.

A maioria das hérnias discais acometem os discos resolução da dor em semanas. Evolução para sín-
de L4-L5 e L5-S1. No caso da hérnia discal sintomá- drome da cauda equina é rara e ocorre por uma
tica, o envolvimento da raiz nervosa faz com que o hérnia discal maciça de linha média. Trata-se de
paciente se apresente com dor irradiada em trajeto uma emergência cirúrgica, e clinicamente o paciente
radicular (cervicobraquialgia ou lombociatalgia). A se apresenta com ciatalgia bilateral, déficit motor,
dor é de início agudo, após esforço em flexão. anestesia em cela (perda sensorial no períneo) e
incontinência urinária e fecal.
O diagnóstico é clínico, baseado na história compa-
tível e exame físico característico: limitação e piora
da dor à flexão, Sinal de Lasègue positivo, trajeto da 5.4. ESTENOSE DE CANAL LOMBAR
dor e sensibilidade compatíveis com raiz nervosa,
assim como alteração de reflexo (hiporreflexia)
correspondente à compressão da raiz acometida    BASES DA MEDICINA
e ao déficit motor.
O prognóstico da hérnia discal com radiculopatia  ormalmente o canal medular tem reserva de espaço
N
suficiente, permitindo o deslizamento e a tração das
é favorável, com menos de 10% necessitando de
estruturas nervosas, sem o desenvolvimento de sintomas.
intervenção cirúrgica, e a maioria dos casos com No entanto, numa condição patológica, pode ocorrer a

13
Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

compressão gradual e progressiva do tecido nervoso. de exercício físico, fisioterapia e medidas terapêu-
Esta compressão se desenvolve simultaneamente com ticas, como: terapia cognitivo-comportamental,
o avançar do processo degenerativo (espessamentos
acupuntura e outras. Como dito anteriormente, o
ligamentares, osteofitose, prolapsos discais e alarga-
mento da lâmina).
repouso absoluto deve ser desencorajado, e os
pacientes devem ser orientados a manter suas ati-
A síndrome do canal estreito é mais comum após vidades rotineiras, o que leva à recuperação mais
os 50 anos e aumenta sua frequência com o enve- rápida e menor incapacidade a longo prazo.
lhecimento. Geralmente decorre de processos dege-
nerativos, como hipertrofia ligamentar, protrusões
6.2. TERAPIA MEDICAMENTOSA
discais, escolioses, que ocasionam diminuição do
canal lombar.
Sabe-se que cerca de 90% das lombalgias melhoram
Clinicamente, o indivíduo se manifesta com lom- espontaneamente sem qualquer intervenção, em um
balgia crônica, que piora a extensão da coluna e período de 30 dias. No entanto, na prática, é comum
melhora a flexão. A claudicação neurogênica é a prescrição de anti-inflamatórios não esteroidais,
um sintoma característico da estenose de canal analgesia simples e relaxantes musculares. Sendo
lombar, e é definida como dor ou desconforto nos a lombalgia um sintoma relacionado à dor, o trata-
membros inferiores, exacerbada pela extensão da mento “sintomático” deve seguir a escala de dor,
coluna lombar em ortostase prolongada ou marcha sendo o tratamento escalonado. É muito importante
e que melhora com a flexão da coluna. ponderar os possíveis efeitos colaterais, fazendo
Diante de achados clínicos sugestivos, a ressonância uma análise do risco-benefício.
magnética da coluna facilita a avaliação do canal e Os antidepressivos duais, tricíclicos e gabapenti-
as relações anatômicas das estruturas. noides são medicações que podem ser usadas na
O tratamento geralmente é conservador, com anal- sintomatologia crônica.
gesia e reabilitação. Pacientes incapacitados pela Ademais, o tratamento deve ser dirigido à etiolo-
claudicação neurogênica tem indicação cirúrgica. gia; logo, causas infecciosas bacterianas devem
ser tratadas com uso de antibióticos, assim como
espondiloartrites, neoplasias e fratura vertebral por
DICA
Claudicação neurogênica = esteno- osteoporose, seguem suas respectivas recomen-
se de canal lombar. dações de tratamento.

6.3. TRATAMENTO CIRÚRGICO

6. CONDUTA O papel do tratamento cirúrgico nas cervicalgias


e lombalgias não é de rotina, visto que a grande
maioria dos pacientes melhora antes de se pensar
O tratamento conservador será o indicado na maioria em qualquer terapia mais agressiva.
dos casos, com educação ao paciente, modificação
de vícios posturais, analgesia e reabilitação. Dessas,
a principal medida é a reabilitação (fisioterapia)
para fortalecimento muscular.

6.1. TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA

A terapia não farmacológica é baseada em mudan-


ças comportamentais, como perda de peso, prática

14
Lombalgia e cervicalgia 

Mapa mental. Tratamento

Lombalgia

Red flag presente Investigação adicional

Hernia discal com


Sinais de radiculopatia
radiculopatia

Estenose de
Claudicação neurogênica
canal medular

Ausência de radiculopatia
e claudicação
Lombalgia mecânica
comum
Ausência de radiculopatia
e claudicação

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Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

REFERÊNCIAS

1. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis-


ponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-il-
lustration/second-lumbar-vertebra-spine-vertebral-bo-
nes-265644461. Acesso em: 12 de julho de 2022.
2. Spallek M, Kuhn W, Schwarze S, Hartmann B. Occupational
medical prophylaxis for the musculoskeletal system: A
function-oriented system for physical examination of the
locomotor system in occupational medicine (fokus(C)). J
Occup Med Toxicol [Internet]. 2007 [acesso 12 jul 2022];
2:12. Disponível em: https://openi.nlm.nih.gov/detailedre-
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C3%A8gue&it=xg&lic=by&req=4&npos=1%5B
3. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com,
disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/ima-
ge-illustration/3d-medical-illustration-explain-spurlin-
g-test-2054765090. Acesso em: 12 de julho de 2022.
4. Marques Neto JF, Vasconcelos JTS, Shinjo SK, Radominski
SC. Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. São
Paulo: Manole; 2021.

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Lombalgia e cervicalgia 

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1 após levantar peso no ambiente de trabalho. No


episódio inicial apresentou dor intensa e súbita
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – RJ – 2021) Homem de
associada à limitação de movimentos que levou
65 anos, sedentário, com hipertensão arterial sis-
a afastamento do trabalho por um período de 10
têmica e IMC = 29 kg/m2, apresenta episódios oca-
dias. Voltou a trabalhar, porém, manteve dor lom-
sionais de lombalgia. Três dias após levantar peso
bar contínua, de intensidade leve a moderada com
em casa, iniciou quadro de lombalgia aguda com
irradiação para ambas as coxas de forma difusa e
manifestações neurológicas. Após realizar resso-
piora com esforços. Vários períodos de afastamen-
nância magnética de coluna, mostrando hérnia de
to laboral desde então, sempre com manutenção
disco entre L4-L5, é esperado que o exame clínico
das queixas. Há 6 meses refere dor moderada a
mostre reflexo patelar e aquileu:
intensa com irradiação para ambos os membros
⮦ Preservados e marcha dificultada sobre os cal- inferiores e grande limitação para atividades diárias
canhares. sem qualquer melhora com uso de anti-inflamató-
rios ou analgésicos. Faz uso eventual de tramadol,
⮧ Diminuídos e marcha dificultada sobre os cal-
porém nega melhora significativa. Nega febre ou
canhares.
perda de peso. O exame clínico é normal exceto por
⮨ Preservados e marcha dificultada na ponta dos dor à flexão e extensão lombar. O exame neuroló-
pés. gico é normal. Paciente traz exame de ressonância
⮩ Diminuídos e marcha dificultada na ponta dos magnética realizado há 2 meses com desidratação
pés. discal L4-L5 e L5-S1. Discretas protrusões discais
nesses níveis sem conflito radicular. Qual é a prin-
cipal hipótese diagnóstica?
Questão 2
⮦ Lombalgia mecânica comum.
(SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE VOLTA RE-
DONDA – 2019) Na prevenção de novos episódios de ⮧ Estenose de canal lombar.
lombalgia se mostraram eficientes: ⮨ Espondilite anquilosante.
⮩ Hernia discal.
⮦ Exercícios.
⮧ Uso de suporte lombar.
⮨ Manejo de estresse. Questão 4

⮩ Programas de redução de levantamentos de peso. (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE PIRACICABA – SP – 2021)


Paciente foi avaliado pelo médico da USF, detectou
lombociatalgia, e foram prescritos analgésicos
Questão 3
(dipirona) e anti-inflamatórios não esteroidais (di-
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – 2020) Homem de 42 clofenaco sódico) por 7 dias. Dentre os possíveis
anos de idade com antecedente de hipertensão ar- efeitos adversos, qual mais esperado para o caso?
terial apresenta dor lombar crônica há cinco anos,

17
Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

⮦ Hepatite aguda. Questão 7


⮧ Rabdomiólise.
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE LUCAS DO RIO VERDE -
⮨ Confusão mental. MT - 2020) Qual a melhor conduta para um paciente
⮩ Úlcera gástrica. que você faz o diagnóstico clínico de lombalgia
⮪ NDA. mecânica?

⮦ Prescrever AINEs por 3 dias e repouso por 2 dias.


Questão 5 ⮧ Solicitar radiografia de coluna lombar e, se re-
sultado normal, prescrever AINEs por 5 dias e
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE PIRACICABA – SP – 2021)
repouso por 3 dias.
Ainda em relação a lombalgia, qual condição abaixo
que o médico deve ter maior atenção ao chamado ⮨ Orientar postura correta, atividade física regular,
Red Flags? prescrever AINEs por 5 dias e repouso por 3 dias.
⮩ Prescrever AINEs, solicitar radiografia de coluna
⮦ Adulto jovem com obesidade. lombar e encaminhar ao ortopedista.
⮧ Mulher com neoplasia de mama.
⮨ Mulher gestante no terceiro trimestre.
Questão 8
⮩ Febre há 7 dias, disúria e dor lombar.
⮪ NDA. (REDE DOR – SP - 2020) O diagnóstico diferencial de lom-
balgia é amplo e muitas vezes pode ser realizado
sem propedêutica armada e considerando histó-
Questão 6 ria clínica e exame físico bem apurado. Assinale
a opção onde há correspondência coerente entre
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – 2020) Homem de 42
o sinal de alerta em lombalgia e a causa potencial
anos, sem antecedentes mórbidos, vem ao Pronto-
para tal achado.
-Socorro com queixa de dor lombar intensa, de início
súbito, após levantar peso. A dor limita os movimen- ⮦ Febre e perda de peso - causas inflamatórias.
tos e irradia para o membro inferior esquerdo, com ⮧ Rigidez matinal maior que 1 hora - causas trau-
trajeto pela face póstero-lateral da coxa, panturrilha máticas.
e planta do pé. Exame clínico: bom estado geral,
⮨ Dor com maior intensidade à noite – osteoartrite.
corado, PA = 150 x 90 mmHg, FC = 90 bpm, Tax =
36,9°C. Contratura muscular paravertebral lombar ⮩ Diminuição da força muscular - espondilite ou
com limitação aos movimentos de flexão lombar. epifisite.
Teste de Lasègue positivo. Apresenta dificuldade ⮪ Anestesia em sela - compressão da cauda equina.
para marcha na ponta dos pés e o reflexo aquileu
esquerdo está diminuído. Sem outras alterações.
Questão 9
O próximo exame a ser solicitado é:
(HOSPITAL SÃO LUCAS COPACABANA – RJ – 2020) Uma mu-
⮦ Radiografia de coluna lombossacra AP e perfil.
lher de 68 anos de idade queixa-se de piora de dor
⮧ Tomografia computadorizada de coluna lom- nas costas, nádegas e nas coxas bilateralmente
bossacra. nos últimos 6 a 9 meses. Ela relata que a dor é pior
⮨ Ressonância magnética de coluna lombossacra. quando fica em pé por mais de 10 a 15 minutos. A
⮩ Não é necessário nenhum exame adicional. dor também está presente durante uma caminha-
da prolongada. Em todos os casos, ela se sente
melhor quando se senta. Ela nega qualquer dor ou
inchaço na panturrilha. Seu histórico médico é no-
tável para hipertensão controlada com enalapril.
Seu único outro medicamento é a vitamina D diária.

18
Lombalgia e cervicalgia 

Seu exame físico é normal, com sinais vitais nor-


mais, sem inchaço nos membros inferiores e sem
sopro vascular. Qual das alternativas a seguir é o
diagnóstico mais provável?

⮦ Dissecção da aorta.
⮧ Doença do disco lombar.
⮨ Estenose do canal medular lombar.
⮩ Arterite de Takayasu.
⮪ Claudicação vascular.

Questão 10

(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES – UFRN – 2021) Ho-


mem de 36 anos, balconista, apresenta um quadro
agudo de dor lombar ao tentar pegar um botijão de
água no chão. A suspeita clínica é de compressão
de raiz nervosa por hérnia de disco L5-S1 que se
caracteriza, na anamnese e no exame físico, por
lombociatalgia com irradiação para a região:

⮦ Posterior da coxa e da perna, posterolateral do pé


com diminuição ou abolição do Reflexo Aquileu.
⮧ Anterolateral da perna com fraqueza de múscu-
lo quadríceps e diminuição do Reflexo Aquileu.
⮨ Posterolateral da coxa, até o joelho, com atrofia
do quadríceps e diminuição do reflexo patelar.
⮩ Medial da perna e do pé, com fraqueza muscular
do extensor longo do hálux e ausência de res-
posta plantar dos dedos.

19
Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

GABARITO E COMENTÁRIOS

Questão 1 dificuldade:    um culpado, então a hipótese mais provável é lom-


balgia mecânica comum.
Y Dica do professor: Você podia até saber os reflexos,
dermátomos e miótomos das respectivas raízes L4/ ✔ resposta: A
L5/S1, mas era importante também lembrar que
uma hérnia discal lombar geralmente comprime a
Questão 4 dificuldade: 
raiz correspondente à vértebra inferior (ex: hérnia
discal L4/L5 comprime a raiz de L5). Y Dica do professor: A aspirina e muitos outros anti-
Alternativa A: CORRETA. L5 não tem reflexo compa- -inflamatórios não esteroides (AINEs) (por exemplo,
tível e pode ser testado andando nos calcanhares. ibuprofeno, indometacina, naproxeno e cetorolaco)
podem causar lesão epitelial tópica no estômago
Alternativa B: INCORRETA. Reflexo patelar seria L4 e
levando à formação de úlcera péptica pela inibição
reflexo Aquileu S1.
dos fatores protetores da mucosa gastrointestinal,
Alternativa C: INCORRETA. Marcha dificultada nas
como as prostaglandinas. Logo, esta é uma possível
pontas dos pés seria S1.
complicação, devendo o paciente estar atendo aos
Alternativa D: INCORRETA. Andar nas pontas dos pés sinais e sintomas, e não utilizar o medicamento de
testa S1 e o reflexo seria o Aquileu. forma indiscriminada, pois haveria aumento do risco.
✔ resposta: A Outros efeitos adversos com diversas gravidades
podem estar associados desde à dor abdominal, à
diarreia e à dispepsia e até úlceras, a hemorragias
Questão 2 dificuldade:  gastrointestinais e à perfuração. As demais con-
dições supracitadas podem estar associadas se
Y Dica do professor: O fortalecimento da muscula-
houver uso excessivo do medicamento; contudo,
tura paravertebral reduz de forma considerável a
ocorrem em menor frequência quando compara-
sobrecarga na coluna lombar, com melhora impor-
dos a úlcera gástrica.
tante da dor lombar.
resposta: D
resposta: A

Questão 5 dificuldade:  
Questão 3 dificuldade:  
Y Dica do professor: Red flags são definidos como
Y Dica do professor: Paciente com queixa mecânica
dados da história médica individual e exame clíni-
de longa data; logo, podemos descartar espondilite
co que possam estar associados a um risco eleva-
anquilosante. Estenose de canal é compatível com
do de doenças graves, como infeção, inflamação,
idosos apresentando claudicação neurogênica, já a
neoplasias ou fratura. Portanto, a presença de red
hérnia discal teria sinais de radiculopatia ao exame
flags enfatiza a necessidade de investigação para
físico. Se você não consegue encontrar claramente
diferenciar uma causa mecânica ou não mecânica,
podendo indicar presença de doença grave. A coluna

20
Lombalgia e cervicalgia 

vertebral é um dos primeiros locais a ser afetados Questão 8 dificuldade: 


pela doença metastática óssea, especialmente nas
neoplasias que têm propensão a metastizar, como Y Dica do professor: A lombalgia é uma queixa ex-
as neoplasias da mama, próstata, pulmão, rim e ti- tremamente frequente na atenção primária e nos
roide. Portanto, o histórico de alguma dessas neo- consultórios de ortopedia. 90% dos pacientes que
plasias em pacientes com lombalgia essa situação se apresentam com o quadro tem lombalgia sem
constitui-se red flags para se suspeitar de lesões sinais de alarme, e devem ser manejados clinica-
malignas da coluna vertebral. Outro red flag é a pre- mente com analgesia e fisioterapia, sem necessida-
sença de febre, que nos faz considerar a presença de de avaliação complementar através de exames
de foco infeccioso associado, como pielonefrite ou de imagem. No entanto, o diagnóstico diferencial
espondilodiscite. Portanto temos duas assertivas da lombalgia é amplo e inclui quadros infecciosos,
prováveis a letra B e D. neoplásicos, quadros de compressão radicular e
doenças inflamatórias, portanto é essencial ava-
✔ resposta correta considerada pela banca, B
liar o paciente com cautela para que os sinais de
alerta sejam identificados, e sejam solicitados exa-
Questão 6 dificuldade:  mes complementares para aqueles pacientes que
apresentam indicação para investigação adicional.
Y Dica do professor: Na avaliação da lombalgia, vários
Alternativa A: INCORRETA. A presença de febre e per-
fatores são importantes para a sua concretização
da ponderal não intencional é sugestiva de quadros
e, especialmente, seu manejo, sendo fundamental
neoplásicos ou até mesmo infecciosos (como a
a história e o exame físico antes de qualquer exame
Doença de Pott, por exemplo).
complementar. Em indivíduo jovem com dor asso-
ciada agudamente à levantamento de peso, que li- Alternativa B: INCORRETA. O quadro de rigidez ma-
mita o movimento por processo álgico; associado tinal é sugestivo de causas inflamatórias, como a
à dor que irradia pela região póstero-lateral da coxa espondilite anquilosante.
e panturrilha; e presença de Teste de Lasègue posi- Alternativa C: INCORRETA. O quadro de dor pior à
tivo, estamos diante de um quadro clássico de lom- noite (principalmente durante a segunda metade
bociatalgia sem sinais de complicação. Assim, não da noite) é sugestivo de espondilite anquilosante.
necessitamos de exame complementar, somente Alternativa D: INCORRETA. A presença de diminuição
conduta com analgesia e relaxamentos musculares da forma muscular é sugestiva de radiculopatias
associada à fisioterapia local. ou mesmo de uma doença de degenerativa do sis-
✔ resposta: D tema nervoso.
Alternativa E: CORRETA. A anestesia em sela (aneste-
sia da região perineal) é sugestiva de compressão
Questão 7 dificuldade: 
da cauda equina. Pode vir acompanhada de reten-
Y Dica do professor: Anti-Inflamatórios Não Hormo- ção urinária e incontinência fecal.
nais (AINHs), na prática clínica, são os medicamen- ✔ resposta: E
tos mais empregados para lombalgia. Dependendo
da dose utilizada, a intervalos regulares, têm efei-
Questão 9 dificuldade: 
tos analgésicos e anti-inflamatórios. A terapia não
farmacológica é baseada em mudanças compor- Y Dica do professor: Questão com quadro clássico
tamentais, como perda de peso, prática de exercí- de estenose medular: paciente idosa apresentando
cio físico e fisioterapia. Sabemos que no manejo quadro de claudicação neurogênica. Em movimentos
da lombalgia é desencorajado o repouso absoluto, no qual há flexão da coluna, ou paciente sentado, há
então consideraremos que o autor da questão quis alívio da dor. Doença mais prevalente em pacientes
dizer repouso relativo. de meia idade, com quadros já de osteoartrite ou
✔ resposta: C outras doenças osteomusculares.

21
Lombalgia e cervicalgia Reumatologia

Alternativa A: INCORRETA. Quadro clássico de dor


torácica de forte intensidade e início súbito.
Alternativa B: INCORRETA. Não há relato de melhora
quando a paciente muda de posição, uma vez que
há protusão contínua das raízes nervosas pelo nú-
cleo pulposo extravasado.
Alternativa C: CORRETA.
Alternativa D: INCORRETA. Essa é uma vasculite, com
abertura de quadro em pacientes mais jovens, que
em nada interfere o movimento. São dores com
padrão anginosos.
Alternativa E: INCORRETA. A descrição típica para esse
quadro é: “andou, doeu; parou, melhorou”. Apenas
a postura ereta não aumenta a intensidade da dor.
✔ resposta: C

Questão 10 dificuldade:  

Y Dica do professor: Lembre-se que na hérnia discal


lombar a raiz que será acometida é a correspondente
a vértebra inferior. Estamos diante de um paciente
jovem com quadro de lombalgia de origem mecânica
de provável origem de compressão de raiz nervosa
por hérnia localizada entre L5 e S1Ç. Logo, o quadro
apresentado será correspondente à compressão
de S1. Sabemos que este tipo de compressão se
manifesta com dor na região posterior da coxa e da
perna, com diminuição ou abolição do reflexo pate-
lar. A compressão, quando ocorre por hérnia entre
L3 e L4, se apresenta com dor na região anterior da
coxa e redução do reflexo patelar; e, quando entre
L4 e L5, manifesta-se com dor na lateral da coxa,
sem alteração dos reflexos.
✔ resposta: A

22

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