Processo Civil - Aulas 11 A 18
Processo Civil - Aulas 11 A 18
Processo Civil - Aulas 11 A 18
ITEM I
DEFINIÇÃO IMEDIATA DO PROCESSO CIVIL
Art 1 – (Nota)
Pronuncia (ou declara) na Câmara de Conselho
O artigo 375 do Código da forma de tratar no Fórum uma questão ou
“processo” civil é substituído do seguinte.
“Art 375 – (Declara ou Pronuncia em Câmara de Conselho) – A Corte – seja
em seções unidas que em seções simples, pronuncia (ou declara) com questão
de ordem na Câmara de Conselho quando reconhece do dever.
Declarar a inadmissibilidade do recurso principal e daquele incidental
eventualmente proposto.
Ordenar a integração do contraditório ou dispor que seja seguida a notificação
da impugnação a norma do artigo 332.
Declarar a extinção do processo por advinda renuncia da norma do artigo 390.
Pronunciar em ordem à extinção do processo em cada outro caso.
Pronunciar sobre instâncias de regulamento de compet6encia e de jurisdição.
A Corte, seja a seções unidas como que a seções simples, declara sentença na
câmara de conselho quando o recurso principal e aquele incidental
eventualmente proposto são manifestamente fundados e vão, portanto,
acolhidos ambos, o quando reconhece de dever pronunciar a rejeição de ambos
por falta de fundamento dos mesmos, ainda mais quando um recurso vai
acolhido para ser manifestamente fundado e o outro vai rejeitado por falta dos
motivos previstos no artigo 360 ou por manifesto de falta de fundamento dos
mesmos.
A Corte, se retém que não recorrem às hipóteses de cujo ao primeiro e ao
segundo parágrafo (ou inciso), reenvia a causa à publica audiência.
As conclusões do público ministério, ao menos vinte dias antes da audiência da
Corte na câmara de conselho, são notificados aos advogados das partes, que
têm faculdade de apresentar memórias dentro do término (ou termo) de cujo ao
artigo 378 e de ser sentidos, parecem-se, nos casos previstos ao primeiro
parágrafo (ou inciso) , números 1), 4) e 5). Limita-nos casos previstos ao
regulamento de jurisdição, e ao segundo parágrafo (ou inciso).
ITEM II – (do latim) igual reparação
Art.2 (nota)
Direito da igual reparação (do latim = equa)
1 - Quem tem logo um dano patrimonial ou não patrimonial por efeito de
violação da Convenção pela salvaguarda dos direitos do homem e das
liberdades fundamentais, ratificada aos sensos da lei 4 de agosto de 1955, nº
848, sob o aspecto do malogrado respeito do termino (ou termo) razoável de
cujo ao artigo 6, parágrafo I, da Convenção, tem direito a uma igual reparação.
2 - No acertar a violação o juiz a complexidade do caso e, em relação à
mesma, o comportamento das partes e do juiz do procedimento, ainda mais
aquele de cada outra autoridade chamada a concorrer-vos ou a de qualquer
maneira contribuir à sua definição.
3 – O juiz determina a reparação a norma do artigo 2056 do código civil,
observando as disposições seguintes:
Releva somente o dano referente ao período excedente o termino (ou termo)
razoável de cujo inciso 1.
O dano não patrimonial é reparado, além de que com o pagamento de uma
soma de dinheiro, também através adequadas formas de publicidades da
declaração da advinda violação.
Art.3 (nota)
Procedimento
1 - A pergunta de igual reparação se propõe perante à Corte de apelação do
Distrito em cujo tem sede o Juiz competente aos sensos do Artigo 11 do Código
de procedimento penal para julgar nos procedimentos concernentes aos
magistrados no cujo distrito está concluído ou extinto relativamente aos graus
de mérito ou bem pende o procedimento no cujo âmbito a violação se assume
verificada.
2 – A petição se propõe com recurso depositado na chancelaria da Corte de
apelação, subscrito de um defensor munido de procuração especial e
contundente os elementos de cujo ao artigo 125 do Código de processo civil.
3 – O recurso é proposto nos confrontos do Ministro da Justiça quando se trata
de procedimentos do juiz militar, do Ministro das Finanças quando se trata de
procedimentos do juiz tributário. Nos outros casos é proposto nos confrontos do
Presidente do Conselho dos Ministros.
4 – A Corte de apelação providencia aos sensos dos artigos 737 e seguintes do
código de processo civil. O recurso, em conjunto com o decreto de fixação da
câmara de conselho, é notificado, ao cuidado do recorrente, à administração
convencionada, pegado a advocacia do Estado (Nação). Entre a data da
notificação e aquela da câmara de conselho deve intercorrer um término (ou
termo) não inferior a quinze dias.
5 – As partes têm poder de requisitar que a Corte disponha a aquisição no todo
ou em parte dos atos e dos documentos do procedimento em cujo assume-se
ser verificada a violação de cujo artigo 2 e tem direito juntamente aos
defensores deles, de ser ouvido em câmara de conselho se comparecerem. São
admitidos o depósito de memórias e a produção de documentos até cinco dias
antes da data em cujo está fixada a câmara de conselho, ou bem até o término
(ou termo) que a tal escopo designado da Corte o ocorrido de relativa instância
das partes.
6 – A Corte pronuncia, dentro de quatro meses do depósito do recurso, decreto
impugnável para cassação. O decreto é imediatamente executivo.
7 – A distribuição das indenizações aos adventos direitos advém, nos limites
dos recursos disponíveis, a iniciar no dia 1º do mês de janeiro do ano de 2002.
Art. 4º - Término (termo) e condições de proponibilidade.
8 – A petição de reparação pode ser proposta durante a pendência do
procedimento no cujo âmbito a violação assume-se verificada, ou bem, a pena
de decadência, dentro de seis meses do momento em cujo a decisão que conclui
o mesmo procedimento, tornou-se definitiva.
Art. 5º Comunicações
ART.7
Disposições financeiras
1 – Ao ônus derivante da atuação da presente lei, válido em liras 12.705
milhões no decorrer do ano 2002, provede-se mediante correspondente redução
das projeções da deliberação inscrito, aos fins do Balanço Trienal 2001 – 2003,
no âmbito da unidade previsional da base da parte corrente “fundo especial” do
estado da previsão do Ministério do Tesouro, do Balanço e da Programação
econômica para o ano 2001, ao propósito parcialmente utilizando o
acantonamento relativo ao mesmo Ministério.
2 – O Ministro do Tesouro, do Balanço e da Programação econômica é
autorizada a conduzir, com próprios decretos as ocorrentes variações do
balanço.
A presente Lei, munida do sigilo do Estado (país), será inserida na Reunião
oficial dos Atos Normativos da República Italiana, e ocorrido encargo a
qualquer pessoa competir de observá-la e de fazê-la observar como lei do
Estado (País).
NOTE
ADVERTÊNCIA: O texto das notas aqui publicada foi redigido da
administração competente por matéria, aos sentidos do artigo 10, inciso 3, do
texto único das disposições sobre a promulgação das leis, sobre a emanação dos
decretos do Presidente da República e sobre as publicações oficiais da
República Italiana, aprovado com D.P.R. de 28 de dezembro de 1985, nº1092,
com a finalidade somente de facilitar a leitura das disposições de lei às quais
tem executado o reenvio. Restam invariados o valor e a eficácia dos atos
legislativos aqui transcritos.
Note ao artigo 1 :
Se restitui o texto dos artigos 332, 360 e 378 do código do processo civil.
“ART. 332 (Notificação da impugnação relativa a causas separáveis). _Se a
impugnação de uma sentença pronunciada em causas separáveis foi proposta
somente de alguma das partes ou nos confrontos de alguma delas, o Juiz o
ordena a notificação às outras, fixando o termo no qual a notificação deve ser
feito e, se for necessário, a audiência de comparecimento.
Se a notificação ordenada pelo juiz não acontece, o processo permanece
suspenso até ao que não sejam decorridos os termos previstos nos artigos 325 e
327, inciso primeiro.”
“ART. 360 ( Sentenças Impugnáveis e Motivos de Recursos). _ As sentenças
pronunciadas em grau de apelação ou em único grau podem ser impugnadas
com recurso por cassação.
Por motivos atinentes à jurisdição.
Por violação das normas sobre competência, quando não está prescrito o
regulamento de competência.
Por violação ou falsa aplicação de normas de direito.
Por nulidade da sentença ou do procedimento.
Por omissão, insuficiente ou contraditória motivação acerca de um ponto
decisivo da controvérsia, defrontado das partes ou relevável do ofício.
Pode, além disso, ser impugnada com recurso para cassação uma sentença
apelável do tribunal, se as partes estão de acordo para omitir a apelação: Mas
em tal caso a impugnação pode propor-se somente para violação ou falsa
aplicação das normas de direito.”
“ART. 378 ( Depósito de memórias de partes). _ As partes podem apresentar as
memórias deles em chancelaria não além de cinco dias antes da audiência.”
Notas ao Art. 2:
Se reporta ou restitui o texto do Art. 6 da lei 4 de agosto de 1955, nº 848
( Ratifica a execução da convenção para a salvaguarda dos direitos do homem e
da liberdade fundamental assinada em Roma no dia 4 de novembro de 1950 e
do protocolo adicional à mesma convenção, assinada em Paris no dia 20 de
março de 1952), publicado na Gazzeta Ufficiale de 24 de setembro de 1955,
nº221.
Se reporta ou restitui o texto do ART.2056 do Código Civil.
“ART. Nº 2056 (avaliação dos danos). _ O ressarcimento devido ao danificado
deve-se determinar segundo as disposições dos artigos nº1223, 1226 e 1227.
O lucro cessante e avaliado do Juiz com equo apreço das circunstâncias do
caso.”
Notas ao Art. 3:
Se relata o texto do Art. 11 do código do processo penal.
“ART.11 (Competência para os procedimentos concernente aos magistrados.) –
1, - os procedimentos em cujo um magistrado assume a qualidade de pessoa
submetido a indagações ou bem de pessoa ofendida ou danificado do delito que
segundo as normas deste ponto de questão seriam atribuídos à competência de
um dever judiciário compreendido no distrito da corte de apelação em cujo o
magistrado executa as próprias funções ou o exercitava ao momento do fato,
são de competência do Juiz, igualmente competente por matéria, que tem
residência na localidade do distrito da corte de apelação determinada pela lei.
- Se no Distrito determinado aos sensos do inciso, o magistrado mesmo veio a
exercitar as próprias funções em um momento sucessivo a aquele do fato, e
competente o juiz que tem moradia localizada dos diversos distritos ca Corte de
apelação determinado aos sentidos do mesmo inciso.
– Os procedimentos conexos a aqueles em cujo um magistrado assume a
qualidade de pessoa submetida a indagações, de imputado ou bem de pessoa
ofendida ou danificado do delito, são de competência do mesmo Juiz
especificado a norma do inciso 1.”
Se relata o texto dos artigos 125 e 737 do código do processo civil.
“ART. 125 ( Conteúdo e subscrição dos atos de partes) – Salvo que a lei
disponha de outra maneira e citação, a recurso, o comparecimento, o contra-
recurso, o preceito devem indicar o dever judiciário, as partes, o objeto, as
razões da petição e as conclusões ou a estância e, tanto na original quanto nas
cópias de notificar, devem ser subscritos da parte, se ela está em juízo
pessoalmente, ou então do defensor.
A procuração ao defensor do personagem, pode ser liberada em data posterior à
notificação do ato, contando que anteriormente à constituição da parte
representada.
A disposição do inciso precedente não se aplica quando a lei pede que a citação
seja subscrita do defensor munido de mandato especial.”
“ART. 737 ( Forma da petição e da providência) – As providências que devem
ser pronunciadas da câmara de conselho, se pedem com recurso ao Juiz
competente e tem forma de decreto motivado, salvo que a lei disponha de outro
modo.”
Nota ao Art. 6 :
Para o texto do art. 6 da convenção para a salvaguarda (ou proteção) dos
direitos do homem e das liberdades fundamentais, 04 de agosto de 1955, nº
848, veja nas notas do Art. 2”. A tradução da referida lei foi feita por:
Gaudenzio Di Lello
A respeito dessa lei italiana que regula o procedimento indenizatório pela parte
que sofre dano em razão da demora na entrega da prestação jurisdicional, não
podemos deixar de registrar as conclusões formuladas por Paulo Hoffman, ob.
cit. pp. 215/ 218:
“11. Diante de uma Justiça italiana lenta e morosa, os cidadãos italianos,
apoiados na Convenção Européia, passaram a socorrer-se da possibilidade de
recurso à Corte Européia como forma de salvaguardar seus direitos e exigir a
finalização dos processos judiciais em tempo justo ou indenização pelos
prejuízos materiais e morais advindos da exagerada duração do processo.
12. A Convenzione Per La Salvaguardia Dei Diritti Dell´uomo e Delle Liebertá
Fondamentali, datada de 4 de novembro de 1950, a exemplo da Declaração
Universal dos Direitos do Homem, adotou os principais princípios norteadores
do convívio em sociedade, com respeito mútuo, veto a condições ou situações
de vida indigna, além de diversas determinações de ordem jurídica e prática, a
proteger a pessoa humana em seu próprio país ou quando no exterior, fato
importantíssimo para o desenvolvimento da humanidade, principalmente
naquele período do pós-guerra.
13. Como forma de assegurar o respeito aos preceitos contidos na Convenção,
instituiu-se a formação e o funcionamento permanente da Corte Européia, com
sede em Estrasburgo, com número de juízes igual ao dos países-membro.
14. Com essa previsão de um processo com um término em prazo razoável, a
Convenção Européia dos Direitos do Homem já demonstrava, há mais de 50
anos, a importância de que o julgamento das causas judiciais fosse dotado de
mecanismos que permitissem uma demora que não ultrapasse aquela
estritamente necessária, isso quando nem sequer se imaginava que um processo
pudesse durar 10,20 ou até 30 anos, como, infelizmente,ocorre atualmente em
alguns casos.
15. Importante ressaltar, que a Corte entende que a duração deve ser
compreendida em seu todo, ou seja, não só a parte do processo de
conhecimento, mas também a satisfação do direito reclamado em juízo, ou
isoladamente em cada uma de suas fases. Assim, se até o trânsito em julgado da
sentença o processo tiver sido super eficiente, mas o cumprimento desta for
indesejável, também será devida a indenização. Outro ponto interessante é que
tanto o autor quanto o réu podem pleitear indenização perante a Corte, antes
mesmo do término da demanda judicial e independentemente de quem saia
vencedor na causa, uma vez que a simples indefinição a que são submetidas as
partes quanto ao direito controvertido já é bastante para gerar dano a ser
reparado. Não se discute o direito subjetivo posto em juízo, nem o acerto ou
incorreção da decisão interna, mas somente se o processo teve duração razoável
ou exagerada.
16. Desde 1990 a Itália vem realizando alterações importantes no Código de
Processo Civil, tudo no intuito de tornar mais célere e efetivo o processo civil,
inclusive com reforma do texto constitucional. Dentro desse quadro, no que
concerne à parte processual, destacamos a nova redação do artigo 111 da
Constituição da República Italiana: ‘Art. 111: La giurisdizione si attua
mediatne il giusto processo regolato dalla legge. Ogni processo si svolge nel
contraddittorio tra le parti, in condizione di paritá, davanti a giudice terzo e
imparziale. La legge ne assicura la ragionevole durata’ ”( A jurisdição é
posta sob o efeito e por meio do processo justo regulado por lei. Cada
processo é realizado em oposição entre as partes, nas condições da
paridade, na frente de um do juiz terceiro e imparcial. A lei assegura a
duração razoável) (Tradução livre). .
17. Não há contradição em usar ou defender a expressão justo processo,
porquanto um processo pode existir e terminar, sem nunca ter sido justo,
adequado, honesto e democrático. Entretanto, um processo sem que sejam
rigorosamente respeitados todos os princípios processuais e morais destacados,
mas que tenha uma duração excessivamente longa, não será igualmente justo,
motivo pelo qual sua duração razoável é preocupação que deve orientar o
legislador, o jurista e todos os operadores do direito, sob pena de se transformar
a atividade jurisdicional em seu todo em uma grande fábula, um enorme
dispêndio de tempo e dinheiro, que jamais atinge o fito e princípio maior do
estado democrático, que é a realização da mais lídima forma de justiça.
18. Diante da necessidade de se introduzir lei específica no ordenamento
jurídico italiano sobre o dever de indenizar aquele que sofra prejuízo em
decorrência da duração exagerada do processo, após uma primeira tentativa
infrutífera, em 24 de março de 2001, foi aprovada lei com a previsão da justa
reparação em caso de violação do prazo razoável de duração do processo e de
modificação do artigo 375 do Código de Processo Civil.
19. Reafirma-se que a lei de ‘equa riparazione’ não pode, nem deve ser
considerada um fim em si mesma, mas um primeiro passo a reparar em
pequena parte quem sofre com a demora do processo, ao qual devem seguir-se
as reformas necessárias na legislação e, principalmente, na estrutura da
máquina judiciária estatal.
20. O principal critério para a definição do quantum da indenização é da posta
in gioco, isto é, o valor pessoal, patrimonial e moral envolvido na causa em
discussão, assim como as conseqüências que a demora acarreta na vida, na
honra, nos interesses e no destino do jurisdicionado lesado com a duração
exagerada do processo”.
Paulo Hoffmanna retrata, nas conclusões acima citadas e por ele elaboradas, a
real configuração do direito assegurado pela legislação ordinária, na Itália, a
quem sofre dano pela demora na entrega da prestação jurisdicional.
Inescusável o reconhecimento de que a postula legal italiana influenciou a
aprovação, no Brasil, do inciso LXXVIII, incluído no art. 5º, da CF.
O tema duração razoável do processo em sido motivo, também, de preocupação
dos juristas portugueses.
Fausto Quadros, Doutor em Direito e Professor Catedrático da Faculdade de
Direito de Lisboa, Advogado, em artigo intitulado “A responsabilidade civil
extracontratual do Estado-problemas gerais”, publicado via internet,
www.gplp.mj.pt/home/rcece/Fq340.pdf , ao tratar da responsabilidade do Estado-juiz,
desenvolve as idéias seguintes:
“A responsabilidade do Estado por actos da função judicial constitui hoje um
princípio pacificamente adquirido no Direito Comparado, especialmente, por
exemplo, no Direito espanhol.
Convém começar por se sublinhar que existe um núcleo de decisão da
consciência individual e, por isso, totalmente independente, do juiz. Esse
núcleo é inexpugnável e deve continuar a sê-lo.
Sem prejuízo disso, o Estado é, contudo, responsável:
por atraso na justiça, que se atenuará drasticamente quando também os
tribunais, o Ministério Público e os juízes tiverem, como têm as partes no
processo, prazos obrigatórios e peremptórios e não só prazos meramente
ordenadores ou reguladores;
por erro judiciário, entendido como mero manifesto ou grosseiro na
interpretação e na aplicação do Direito;
por violação, ou colaboração na violação, do segredo de justiça, da qual resulte
prejuízos para outrem;
por sentenças incorretas ou injustas que, por isso, causem prejuízos a alguma
das partes”.
Adverte, porém, o ilustre professor acima citado:
“Esta forma de responsabilidade deve estar sujeita aos mesmos requisitos da
responsabilidade subjectiva, inclusive o regime de solidariedade e o dever de
regresso. A responsabilidade do Estado-Juiz pode nascer de actos não
estritamente jurisdicionais: por exemplo, por acções ou omissões dos serviços
dos tribunais.Também aqui a culpa do serviço deve ser interpretada em termos
restritos”.
A preocupação, em Portugal, com a demora na entrega da prestação
jurisdicional e a indenização às partes quando dano lhes provocar, ensejou a
apresentação de um projeto de lei, de onde destacamos as propostas a seguir
enumeradas:
“Art. 2º - Alteração ao Código de Processo Penal – O art. 225º do Código de
Processo Penal passa a ter a seguinte redacção: - 1 – Quem tiver sofrido prisão
preventiva ou outra medida cautelar de privação, total ou parcial, da liberdade
que sejam ilegais ou se venham a revelar injustificadas por erro na apreciação
dos pressupostos de facto de que dependiam, pode requerer, perante o tribunal
competente, indemnização dos danos sofridos. 2 – Ressalva-se o caso de o
lesado ter concorrido para o erro com dolo ou culpa grave”.
“Art. 12º. Regime geral. Salvo o disposto nos artigos anteriores, é aplicável aos
danos ilicitamente causados pela administração da justiça, designadamente por
violação do direito a uma decisão judicial em prazo razoável, o regime de
responsabilidade por factos ilícitos cometidos no exercício da função
administrativa”.
“Art. 13°. Responsabilidade por erro judiciário. 1 – Sem prejuízo do regime
especial aplicável aos casos de sentença penal condenatória injusta e de
privação injustificada da liberdade, o Estado é civilmente responsável pelos
danos decorrentes de decisões jurisdicionais manifestamente inconstitucionais
ou ilegais ou injustificadas por erro grosseiro na apreciação dos respectivos
pressupostos de facto. 2 – O pedido de indemnização deve ser fundado já
prévia revogação da decisão danosa pela jurisdição competente”.
“Art. 14° - Responsabilidade dos magistrados. 1 – Sem prejuízo da
responsabilidade criminal em que possam incorrer, os magistrados judiciais e
do Ministério Público não podem ser directamente responsabilizados pelos
danos decorrentes dos actos que pratiquem no exercício das respectivas
funções, mas, quando tenham agido com dolo ou culpa grave, o Estado goza de
direito de regresso contra eles. 2 – A decisão de exercer o direito de regresso
sobre os magistrados cabe ao órgão competente para o exercício do poder
disciplinar, a título oficioso ou por iniciativa do Ministro da Justiça”.
Demonstramos, com o panorama doutrinário e legal acima transcrito, a que
patamar está essa importante modificação introduzida no campo da
responsabilidade civil extracontratual do Estado, com reflexos diretos na
atuação jurisdicional do Poder Judiciário e influenciando as transformações que
estão ocorrendo na legislação processual. Todos devem firmar conscientização
sobre esse novo momento criativo do ordenamento jurídico que visa,
unicamente, considerar a demora na entrega da prestação jurisdicional quando
injustificada como sendo uma violação a direito fundamental voltado para
proteger a dignidade humana e os valores componentes da cidadania.
AS REFORMAS CONTEMPORÂNEAS NO DIREITO PROCESSUAL
CIVIL E OS SEUS REFLEXOS NO DIREITO JUDICIÁRIO
TRABALHISTA.
CONCLUSÃO
Temos a convicção de que o Processo Judiciário do Trabalho não tem merecido
as devidas atenções do Poder Legislativo. Urge que ganhe a sua autonomia
integral, desvinculando-se, integralmente, do Direito Processual Civil.
Não obstante os dogmas do Código de Processo Civil estejam envolvidos por
um processo de glorificação da cidadania e do respeito à dignidade humana, os
dogmas do Processo Judiciário do Trabalho são mais amplos, por terem uma
destinação harmônica com a do Direito Material que aplica: tornar efetiva e
eficaz a função social da norma trabalhista.
Cientificamente, o processo de completude hoje realizado pelo relacionamento
entre o Direito Processual Civil e o Processo Judiciário do Trabalho, em casos
omissos e que não contrariem os princípios do último, não encontra obstáculos
filosóficos jurídicos. Contudo, na produção de efeitos há um panorama que
impõe algumas distâncias que desqualificam a Justiça Social trabalhada pelo
Poder Judiciário Trabalhista. Urge que um Código Processual Trabalhista
autônomo, dotado de postulados e princípios específicos, com ritos céleres,
desburocratizados, simples, transparentes, sustentado na transparência e na
confiança da atuação dos juízes e dos advogados, com disciplina normativa
atualizada, seja aprovado.
Lembramos, na oportunidade, pensamento do Min. José Luciano Castilho
Pereira, em “Celeridade Processual e Segurança Jurídica”
www.tst.gov.br/ArtigosJuridicos/GMLCP/CELERIDADEPROCESSUAL.pdf -, com o
desenvolvimento seguinte:
“ Como é sabido, o Processo do Trabalho surgiu, na década de 40 – do século
passado - como uma grande novidade. Simples. Despido de formalismo.
Concentrando os atos processuais numa só audiência, consagrando, em
verdade, o princípio da oralidade. Instituidor da citação via postal. Suprimindo
o despacho da petição inicial, que também passou a ser bem simples. Criador
do forte poder inquisitório do Juiz, a quem se reservou até a iniciativa da
execução, concorrentemente com as partes.
Isso dava ao Processo do Trabalho celeridade e eficácia, diminuindo
substancialmente o campo do abuso processual, pois, a rigor, todos os atos
aconteciam em audiência, que estava sob o comando direto, imediato e
inquisitório do Juiz. Mais ainda. Para se desenvolver o abuso processual,
precisa da complexidade, do formalismo-burocrático e, sempre, de um processo
sinuoso e cheio de armadilhas. A simplicidade alimenta a informalidade e torna
célere e eficaz o provimento do juiz.
Resta dizer, neste ponto, que os puristas do Direito Processual receberam, com
enorme desprezo, os princípios fundamentais do Processo do Trabalho,
confundindo, numa postura bem subdesenvolvida, simplicidade com
vulgaridade, vislumbrando riscos à segurança e à dignidade da Justiça.
Mas, infelizmente, a complexidade da vida foi levando os processualistas do
trabalho a invocar, cada vez mais, o Processo Civil na solução das lides
trabalhistas. Fato que também se deve a um certo e injustificável complexo de
inferioridade cultural.
Assim, as bases do Processo do Trabalho foram ficando cada vez mais
abaladas, sendo que, hoje, até sua autonomia vem sendo questionada e com
razão.
Na medida em que o Processo do Trabalho foi se distanciando de suas
origens, a forma processual foi se fortalecendo, abrindo oportunidade ao abuso
processual, que ao tempo da inflação galopante, chegou a ser um escândalo,
levando o empregado a aceitar qualquer acordo, por mais vil que ele se
mostrasse, pois era impossível esperar o fim do processo, marcado por um sem
número de nulidades.
A inflação está debelada, mas não chegaram ao fim os muitos recursos e a
procrastinação inesgotável, até mesmo quanto a pagamento de salários, que
aprendemos ter caráter alimentar.
No Tribunal Superior do Trabalho, por mais que se procure evitar a decretação
de nulidade, ela, muitas vezes, é acolhida, pois foi armada teia tão fina quanto
ao processo, que é difícil decidir um recurso que não seja aberto com uma
preliminar de nulidade.
Mas, quanto ao Processo do Trabalho, deve ser explicitado que o
número de processos no TST é grande em números absolutos, mas é pequeno
relativamente aos processos ajuizados na primeira instância, fazendo com que,
em verdade, ainda seja rápida a tramitação das reclamações trabalhistas.
Mas, inegavelmente, mais célere seria sua tramitação não fosse a perda da
simplicidade inicial, fazendo com que a CLT tornasse caudatária do Processo
Civil. Tanto isto é verdade, que o Tribunal Superior do Trabalho tem uma
Subseção que somente cuida de mandados de segurança, ações rescisórias e
medidas cautelares, sendo uma das mais difíceis e trabalhosas Seções do
Tribunal.
É de ser lembrado que, para coibir abusos, pouco tem sido feito
especificamente no Processo do Trabalho, uma vez que, ainda aqui, quase
sempre temos aplicado o Processo Civil, nem sempre com importações bem
sucedidas.
Mas há mais.
Volto a lembrar as novidades no Processo Civil, cada vez mais simplificado,
em ordem à celeridade e à eficácia, enquanto estamos ficando presos à antiga
estrutura do Processo Civil, confundindo segurança jurídica com quantidade de
recursos.
Vejam o exemplo do procedimento sumaríssimo, no Processo do Trabalho.
Como todos sabem a grande novidade do procedimento sumaríssimo foi
restabelecer o antigo Processo do Trabalho, numa espécie de volta para o
futuro. Com ele, foi reduzida a possibilidade de recurso para o Tribunal
Superior do Trabalho. E, como se sabe, notadamente em alguns lugares como
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, grande é o sucesso alcançado, sendo que,
em Minas, cerca de 70% das novas reclamações se enquadram no novo
procedimento, que, como disse, é substancialmente velho.
Pois bem, no anteprojeto, que saiu do TST, havia uma outra novidade -
a rigor a grande novidade do projeto – que dizia que o Recurso Ordinário
somente seria admitido por violação legal, constitucional ou por contrariedade
a súmula do Tribunal Superior do Trabalho. Este ponto foi vetado pelo
Presidente da República, sob o argumento de que já havia sido reduzida a
possibilidade de recurso para o Tribunal Superior do Trabalho, sendo, portanto,
inconveniente, diminuir a possibilidade da parte de recorrer para o Tribunal
Regional.
Ora, esse entendimento é incompatível com a celeridade processual; mas veja-
se que ele está vinculado à idéia da segurança jurídica: o número de recursos
assegura uma maior segurança jurídica.
Temo que esta mentalidade acabe por dar razão a CALMON DE PASSOS
nesta crítica dura e candente:
‘centralizamos demasiados poderes nos tribunais em detrimento dos juízes
do primeiro grau, desfigurando a própria independência da magistratura
(...) os julgamentos do primeiro grau’.
Continua o Prof. CALMON DE PASSOS: ‘estão desmoralizados por força
de um sistema de recursos engendrado para fortalecer a posição dos
tribunais, permissivo de liminares deferidas por relatores ou presidentes
de tribunais suspendendo a eficácia de decisões do primeiro grau, muitas
vezes, elas sim, configurando flagrantes ilegalidades (...)’ (op. cit. pp. 109 e
112).
Não ratifico tudo o que está no pensamento do professor CALMON DE
PASSOS, mas, inegavelmente, deveremos ter humildade em analisá-lo com
isenção e muito espírito crítico.
Precisamos resolver o impasse entre celeridade e segurança, mas não
poderemos equacioná-lo sem manifesta e inequívoca confiança nos juízes de
primeiro grau.
Matéria extraordinariamente importante na Justiça do Trabalho, em que o juiz
tem direto e imediato relacionamento com as partes”.
Concordamos, inteiramente, com a manifestação do Min. José Luciano Castilho
Pereira, do TST, que acima foi reproduzida.
Estamos em século de transformações que têm por destinação a valorização da
cidadania e da dignidade humana. Esses valores buscados, na atualidade, por
toda a sociedade global, só serão alcançados se, entre tantas outras
modificações exigidas pela sociedade, concretize-se a de que a entrega da
prestação jurisdicional, especialmente, a trabalhista seja feita de acordo com os
anseios de todos os segmentos da sociedade, isto é, com celeridade, segurança,
confiança e valorizado os postulados democráticos.
BIBLIOGRAFIA:
O presente trabalho está apoiados, entre outras e outros, especialmente nas
obras e artigos seguintes:
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princípios jurídicos”. São Paulo: Editora Malheiros, 6a. ed., set. 2006.
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