Caderno de Atividades - Análise Linguística A2
Caderno de Atividades - Análise Linguística A2
Caderno de Atividades - Análise Linguística A2
ATIVIDADE DE ANÁLISE
LINGUÍSTICA
Já é hora de
praticar, né?! Atividade avaliativa 2 (3,0 pontos):
Bora!? Análise linguística (individual ou em dupla)
Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada. Pensou que fosse cansaço, eram
11 da noite, estava fazendo hora-extra. Escriturário de uma firma de tecidos,
solteiro, 35 anos, ganhava pouco, reforçava com extras. Mas o peso foi
aumentando e ele percebeu que as orelhas cresciam. Apavorado, passou a
mão. Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de cachorro.
Correu ao banheiro. As orelhas estavam na altura do ombro e continuavam
crescendo. Ficou só olhando. Elas cresciam, chegavam a cintura. Finas,
compridas, como fitas de carne, enrugadas. Procurou uma tesoura, ia cortar a
orelha, não importava que doesse. Mas não encontrou, as gavetas das
moças estavam fechadas. O armário de material também. O melhor era
correr para a pensão, se fechar, antes que não pudesse mais andar na rua.
Se tivesse um amigo, ou namorada, iria mostrar o que estava acontecendo.
Mas o escriturário não conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório.
Colegas, não amigos. Ele abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro.
Enrolou uma toalha na cabeça, como se estivesse machucado.
Ao acordar, viu aos pés da cama o monte de uns trinta centímetros de altura.
A orelha crescera e se enrolara como cobra. Tentou se levantar. Difícil.
Precisava segurar as orelhas enroladas. Pesavam. Ficou na cama. E sentia a
orelha crescendo, com uma cosquinha. O sangue correndo para lá, os
nervos, músculos, a pele se formando, rápido. Às quatro da tarde, toda a
cama tinha sido tomada pela orelha. O escriturário sentia fome, sede. Às dez
da noite, sua barriga roncava. A orelha tinha caído para fora da cama.
Dormiu.
E quando todos tinham levado carne para aquele dia e para os outros,
começaram a estocar. Encheram silos, frigoríficos, geladeiras. Quando
não havia mais onde estocar a carne de orelha, chamaram outras cidades.
Vieram novos açougueiros. E a orelha crescia, era cortada e crescia, e os
açougueiros trabalhavam. E vinham outros açougueiros. E os outros se
cansavam. E a cidade não suportava mais carne de orelha. O povo pediu
uma providência ao prefeito. E o prefeito ao governador. E o governador
ao presidente.
Questão 1
O conto que você acabou de ler, escrito por Ignácio de Loyola
Brandão, pode ser classificado como um conto fantástico. Veja,
abaixo, um parágrafo que tenta caracterizar esse gênero literário.
Questão 2
Os contos são textos narrativos curtos, caracterizados por alguns
elementos, como: situação inicial, conflito (apenas 1), clímax e
desfecho. Embora "O homem cuja orelha cresceu" seja considerado
um conto, ele não possui um (1) desses elementos. Qual é esse
elemento? Explique sua resposta.
Questão 3
Quando os hóspedes da pensão se depararam com essa orelha que
não parava de crescer, eles chamaram primeiro policiais e
bombeiros e, depois, açougueiros. Você acha que essas pessoas
seriam capazes de resolver o conflito? Justifique sua resposta.
Você já
conhecia este
conto?
Questão 4
Quando os açougueiros começaram a cortar a orelha do homem, o
prefeito ordenou que distribuíssem a carne aos pobres. Então,
apareceram "os favelados, as organizações de assistência social,
irmandades religiosas, donos de restaurantes, vendedores de
churrasquinho na porta do estádio, donas-de-casa".
a. Por que essas foram as pessoas e/ou grupos sociais escolhidos
para receber a carne de orelha?
b. Embora a ideia pareça absurda, nos últimos anos já aconteceram
diversos casos de (tentativa de) distribuição de comida duvidosa a
alguns grupos sociais no nosso país. Você consegue se lembrar de
algum desses casos? Qual é a semelhança entre as histórias reais e
o conto?
Questão 5
No título do conto, identificamos o uso do pronome relativo "cuja".
a. Qual é o sentido construído pelo uso desse pronome?
b. O título traz o substantivo "orelha" no singular, mas percebemos
que foram as duas orelhas do homem que cresceram. Reescreva o
título colocando o substantivo "orelha" no plural. Haverá alterações
em outros termos da oração? Se sim, justifique-as.
Questão 6
A conjunção "mas" é utilizada para construir a ideia de oposição e é
repetida 3 vezes no 1º parágrafo. Explique a importância dessa
conjunção para a construção do conflito da história.
Questão 7
Na história, há quase que exclusivamente verbos no pretérito. Por
que isso acontece?
Questão 8
Ao longo da narrativa, Loyola emprega diferentes tempos do
pretérito. Releia o primeiro parágrafo e observe os verbos
destacados (em azul e em laranja)
Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada. Pensou que fosse cansaço, eram 11 da
noite, estava fazendo hora-extra. Escriturário de uma firma de tecidos, solteiro, 35
anos, ganhava pouco, reforçava com extras. Mas o peso foi aumentando e ele
percebeu que as orelhas cresciam. Apavorado, passou a mão. Deviam ter uns dez
centímetros. Eram moles, como de cachorro. Correu ao banheiro. As orelhas
estavam na altura do ombro e continuavam crescendo. Ficou só olhando. Elas
cresciam, chegavam à cintura. Finas, compridas, como fitas de carne, enrugadas.
Procurou uma tesoura, ia cortar a orelha, não importava que doesse. Mas não
encontrou, as gavetas das moças estavam fechadas. O armário de material também.
O melhor era correr para a pensão, se fechar, antes que não pudesse mais andar na
rua. Se tivesse um amigo, ou namorada, iria mostrar o que estava acontecendo. Mas o
escriturário não conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório. Colegas, não
amigos. Ele abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro. Enrolou uma toalha na
cabeça, como se estivesse machucado.
Questão 9
No desenrolar da narrativa, outro pretérito do indicativo é empregado.
Releia o trecho a seguir:
"Ao acordar, viu aos pés da cama o monte de uns trinta centímetros de altura. A orelha
crescera e se enrolara como cobra. Tentou se levantar. Difícil. Precisava segurar as
orelhas enroladas. Pesavam. Ficou na cama".
"Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de cachorro. [...] As orelhas
estavam na altura do ombro e continuavam crescendo. [...] Elas cresciam, chegavam
a cintura. Finas, compridas, como fitas de carne, enrugadas. [...] Ele abriu a camisa,
enfiou as orelhas para dentro. Enrolou uma toalha na cabeça, como se estivesse
machucado. [...] Quando chegou na pensão, a orelha saía pela perna da calça. [...] Ao
acordar, viu aos pés da cama o monte de uns trinta centímetros de altura. A orelha
crescera e se enrolara como cobra. Tentou se levantar. Difícil. Precisava segurar as
orelhas enroladas. Pesavam. [...]
O que mais te
chamou a atenção na
leitura do conto?
Fonte: https://www.naauladeportugues.com.br/