Fórmulas Práticas para Cálculo de Flechas de Vigas de Concreto Armado - José Milton de Araújo (FURG)
Fórmulas Práticas para Cálculo de Flechas de Vigas de Concreto Armado - José Milton de Araújo (FURG)
Fórmulas Práticas para Cálculo de Flechas de Vigas de Concreto Armado - José Milton de Araújo (FURG)
Frmulas prticas para clculo de flechas de vigas de concreto armado Practical formulas for calculation of deflections of reinforced concrete beams
Jos Milton de Arajo Escola de Engenharia - FURG, Rio Grande, RS e-mail: [email protected] RESUMO: O objetivo deste trabalho apresentar duas frmulas prticas para o clculo de flechas de vigas de concreto armado. Essas frmulas foram desenvolvidas a partir do modelo bilinear do CEB. A primeira frmula permite calcular a flecha de vigas para diversos estgios do carregamento. Nessa frmula utilizam-se as reas de ao realmente existentes nas sees da viga. Uma segunda frmula, independente das armaduras, permite calcular a flecha de vigas para as cargas de servio, antes mesmo do detalhamento das armaduras. A preciso das duas frmulas demonstrada por comparao com o mtodo bilinear. ABSTRACT: The subject of this work is to present two practical formulas for calculation of deflections of reinforced concrete beams. Those formulas were developed with base in the bilinear model of CEB. The first formula allows to calculate beam deflections in several stages of the loading. This formula uses the existent reinforcement in the cross sections of the beam. A second formula allows to calculate deflections under service loads, before of the detailing of the reinforcement. The precision of the two formulas is demonstrated by comparison with the bilinear method. 1 - INTRODUO Em trabalhos anteriores [1,2,3], o Autor analisou diversos mtodos disponveis para clculo de flechas de vigas de concreto armado. Nesses artigos foram analisados um modelo no linear, o mtodo bilinear do CEB, o mtodo do ACI, o qual adotado na NBR-6118, e uma frmula prtica apresentada no CEB/90. Em outro artigo, o Autor prope uma melhoria no modelo do ACI para clculo de flechas de vigas [4]. Nesses estudos ficou constatado que ambos os mtodos simplificados apresentam uma boa concordncia entre si e com o modelo no linear, no que se refere ao clculo das flechas iniciais das vigas de concreto armado. A opo por um ou por outro mtodo, como, por exemplo, o mtodo bilinear do CEB [5,6] ou a frmula de Branson, adotada na NBR-6118 [7], pode ser uma questo de preferncia ou de costume do projetista. Porm, quando se consideram as deformaes diferidas do concreto, verifica-se uma boa concordncia entre o mtodo bilinear e o modelo no linear. Entretanto, o mtodo da NBR-6118 no reproduz satisfatoriamente os efeitos das deformaes diferidas do concreto na resposta das vigas de concreto armado. Esse mtodo subestima as flechas das vigas pouco solicitadas, quando elas ainda se encontram no estdio I, ou no incio do estdio II (na regio de formao das fissuras). Por outro lado, o mtodo da NBR-6118 superestima as flechas das vigas mais solicitadas, em um estado de fissurao mais adiantado. Em vista desses estudos, o Autor tem recomendado o emprego do mtodo bilinear do CEB, como sendo o mtodo simplificado mais preciso, desaconselhando o uso do mtodo da NBR-6118 para o clculo de flechas de vigas sob cargas de longa durao. Entretanto, o emprego do mtodo bilinear pode no ser muito simples, especialmente em clculos manuais de verificao de flechas das vigas sob as cargas de servio. Nesse sentido, o CEB apresenta uma frmula prtica, derivada do mtodo bilinear, a qual permite um clculo rpido. Essa frmula possui boa preciso para o nvel de carregamento a que
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as vigas dos edifcios esto submetidas usualmente. Porm, a frmula prtica do CEB no permite alterar o nvel de carga, o coeficiente de fluncia ou a resistncia do concreto. A frmula apresenta valores razoveis da flecha para concretos com resistncia caracterstica compresso f ck da ordem de 20 a 25 MPa, coeficiente de fluncia 2 e um nvel de carga tpico das vigas dos edifcios residenciais e de escritrios. O objetivo deste trabalho desenvolver uma frmula prtica, nos moldes da frmula do CEB, porm, que permita variar os principais parmetros envolvidos no problema: nvel de carregamento, coeficiente de fluncia e resistncia compresso do concreto. Para isto, foram desenvolvidos dois conjuntos de frmulas: uma para verificao, a qual depende das taxas de armaduras existentes na viga, e outra para projeto, a qual pressupe que as armaduras existentes so exatamente iguais quelas obtidas no dimensionamento. 2 O MTODO BILINEAR DO CEB
para , calculado para uma seo crtica. Do mesmo modo, as flechas W1 e W2 devem ser calculadas considerando a rigidez da seo crtica. Assim, a rigidez no estdio I, K I , e a rigidez no estdio II puro, K II , so obtidas com as armaduras existentes na seo crtica. No caso de uma viga biapoiada ou de uma viga contnua, a seo crtica considerada no meio do vo. Para os balanos, a seo crtica corresponde ao extremo engastado. Observa-se que a flecha calculada em uma seo de referncia, que pode no coincidir com a seo crtica. O momento de fissurao dado por
Mr = K I f ct E cs (h x I )
(4)
De acordo com o mtodo bilinear do CEB, descrito em detalhes na referncia[8], a flecha W de uma viga obtida por interpolao da flecha W1 , calculada no estdio I, e da flecha W2 , calculada no estdio II puro. Assim, a flecha W , levando em conta a colaborao do concreto tracionado entre fissuras, interpolada na forma
W = (1 )W1 + W2
onde Ecs = 0,85Ec o mdulo de deformao longitudinal secante do concreto, h a altura da seo transversal da viga e x I a profundidade da linha neutra no estdio I. As expresses de x I , K I e K II podem ser obtidas na referncia [8]. Se as armaduras forem desprezadas, x I = 0,5h e K I = Ecs bh 3 12 , resultando a expresso aproximada para o momento de fissurao
M r = bh 2 f ct 6
3 A FRMULA PRTICA DO CEB
(5)
= 0 , se M M r
= 1 0,5 M r M , se M > M r
Uma vez que as flechas W1 e W2 so calculadas atravs de uma anlise linear, pode-se escrever
W1 = C C ; W2 = KI K II
(6)
Nas equaes (2 e (3), M o momento fletor solicitante na seo crtica da viga e M r o momento de fissurao. As parcelas W1 e W2 so calculadas levandose em conta a fluncia e a retrao do concreto. Deve-se observar que o coeficiente varia ao longo do eixo da viga pois, tanto M , quanto M r , variam de seo para seo transversal. Na prtica, necessrio adotar um valor constante
onde C uma constante que depende da carga, do vo e das condies de contorno da viga. Por exemplo, para uma viga biapoiada de vo l , submetida a uma carga uniformemente distribuda p , tem-se C = 5 pl 4 384 . Ao empregar a equao (6), os efeitos da fluncia devem ser includos diretamente nas rigidezes K I e K II . Para isto, deve-se trabalhar
( )
65
com o mdulo secante efetivo do concreto E cse = Ecs (1 + ) . Os efeitos da retrao podem ser includos separadamente, como uma flecha adicional (ver referncia [8].) A flecha de referncia Wc , considerando a rigidez E cs I c da seo de concreto simples, tem a expresso C Wc = (7) E cs I c Para uma seo retangular com largura b , altura total h e altura til d , pode-se escrever
bh 3 Ic = 12
onde K t , dado em uma tabela em funo da taxa de armadura tracionada , foi ajustado pelo Autor [8] expresso K t = 0,09547 0,71186 (12)
(13)
(8)
(9)
onde os adimensionais k1 e k 2 dependem das taxas de armadura e , da relao entre o mdulo de elasticidade do ao e o mdulo efetivo do concreto, n = E s Ecse , e do parmetro = d d (ver referncia [8]). Observa-se que, para incluir a fluncia do concreto, trabalha-se com o mdulo efetivo Ecse . Considerando as equaes (6) a (9), pode-se mostrar que a equao (1) pode ser escrita na forma
1 h W = (1 + ) 12k + 12k Wc d 1 2
3
(10)
1 O termo 12k + 12k depende das taxas de 1 2 armadura e , do coeficiente de fluncia (que est inserido no parmetro n = E s Ecse ), da resistncia trao do concreto e do nvel de carga, representado pelo parmetro . Considerando os valores de referncia j mencionados, pode-se escrever a relao aproximada (1 + ) 1 + 12k1 = K t (1 20 ) 12k 2
Seguindo o procedimento anterior, prope-se uma frmula prtica melhorada, a qual permite levar em conta diferentes valores para , f ck e . Esse ltimo parmetro leva em conta a influncia dos nveis de carregamento da viga. Essa primeira frmula prtica proposta tambm dependente das taxas de armadura e , o que permite que ela seja utilizada para calcular a flecha de uma viga em qualquer estgio do carregamento (evidentemente, dentro da validade do mtodo bilinear). Como os diversos parmetros so includos, as expresses so mais complexas do que a frmula do CEB. Porm, a preciso melhorada, mantendo-se a facilidade de uso que se espera de um clculo prtico. O momento de fissurao M r obtido atravs da equao (5), considerando a resistncia trao do concreto
f f ct = 1,40 ck 10
23
, MPa
(14)
, MPa
(15)
(11)
O parmetro obtido das equaes (2) e (3), conforme a intensidade do momento fletor M na seo crtica.
66
Teoria e Prtica na Engenharia Civil, n.18, p.63-70, Novembro, 2011 A flecha da viga calculada com a expresso
h W = (1 + )[(1 ) f1 + f 2 ]Wc d
3
compresso com rea As = 0,39 cm2, o que corresponde a duas barras de 5 mm. Tabela 1 Cargas e armaduras das vigas pk Mk As As 2 (kN/m) (kNm) (cm ) (cm2) 5 10 1,39 0,39 10 20 1,85 0,39 15 30 2,81 0,39 20 40 3,82 0,39 25 50 4,86 0,39 30 60 5,95 0,39 35 70 7,10 0,39 40 80 8,30 0,39 Na tabela 2 , apresentam-se as flechas mximas obtidas com o mtodo bilinear e com a frmula proposta, para o caso de carga de curta durao, ou seja, = 0 . Tabela 2 Flechas para curta durao Wb pk Wa Wb (kN/m) (mm) (mm) Wa 5 0,53 0,56 1,06 10 5,71 5,80 1,02 15 7,16 7,40 1,03 20 7,98 8,35 1,05 25 8,56 9,00 1,05 30 8,99 9,46 1,05 35 9,32 9,79 1,05 40 9,59 10,04 1,05 Mtodo bilinear: Wa Primeira frmula proposta: Wb Na tabela 3, apresentam-se os resultados para coeficiente de fluncia = 2 . Neste caso, tambm se comparam os resultados obtidos com a frmula prtica do CEB (equao (13)). Conforme se observa nas tabelas 2 e 3, a frmula proposta apresenta excelente ajuste em relao ao mtodo bilinear. Em geral, o erro inferior a 10%. A frmula prtica do CEB apresenta um erro maior, particularmente para vigas com baixo valor da carga de servio. Na fig. 2, apresentam-se as respostas cargaflecha para a viga cuja carga de servio p k = 20 kN/m. Essa viga possui reas de
(16)
As funes f 1 e f 2 , obtidas por regresso, so dadas por f1 = 0,75 0,85(n ) (17) f 2 = c1 (n )c 2 c1 = 0,247 0,078 (18)
(19)
c 2 = 0,786 + 0,088
n=
(20)
(1 + )E s Es = Ecse Ecs
(21)
Observa-se que a relao modular, dada na equao (21), considera o coeficiente de fluncia do concreto. Nessas expresses deve-se considerar a relao 1 . Se > , deve-se adotar = 1.
5 VERIFICAO DA PRIMEIRA FRMULA PRTICA
Fig. 1 Viga biapoiada Na tabela 1, indicam-se os valores da carga de servio p k , do momento mximo de servio M k e das reas de ao obtidas no dimensionamento, considerando um concreto com f ck = 30 MPa e o ao CA-50. Em todos os casos, resultou armadura simples, tendo sido adotada uma armadura de
Teoria e Prtica na Engenharia Civil, n.18, p.63-70, Novembro, 2011 armadura iguais a As = 3,82 cm2 e As = 0,39 cm2. Nesta figura, considera-se = 0 . Tabela 3 Flechas para Wb pk Wa Wb (kN/m) (mm) (mm) Wa 5 1,52 1,61 1,06 10 7,48 7,88 1,06 15 9,47 9,90 1,05 20 10,76 11,08 1,03 25 11,77 11,88 1,01 30 12,61 12,44 0,99 35 13,32 12,82 0,96 40 13,96 13,09 0,94 Mtodo bilinear: Wa Primeira frmula proposta: Wb Frmula prtica do CEB: Wc
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mesmo nvel de preciso. O comportamento das frmulas aproximadas e as concluses so as mesmas da viga biapoiada.
30
=2
Wc (mm) 6,07 9,91 11,04 11,83 12,45 12,94 13,31 13,61
Wc Wa 3,99 1,32 1,17 1,10 1,06 1,03 1,00 0,97
Carga p (kN/m)
20
10
0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
30
Bilinear Frmula proposta
Fig. 3 Relaes carga-flecha ( = 2 ) A frmula prtica foi desenvolvida para sees retangulares. Ela pode ser empregada para outras formas de seo, mas os resultados sero menos precisos. Para isto, a seo deve ser transformada em um retngulo de mesma altura e com a largura calculada de forma a preservar o momento de inrcia I c da seo real. As taxas de armadura e deve ser referidas seo retangular equivalente. A equao (16) no inclui os efeitos da retrao do concreto. Conforme apresentado na ref. [8], o acrscimo de flecha Wcs , devido retrao, pode ser obtido por
8 10 12 14
Flecha (mm)
Carga p (kN/m)
20
10
0 0 2 4 6
Fig. 2 Relaes carga-flecha ( = 0 ) Na fig. 3, apresentam-se as respostas para a mesma viga, considerando = 2. Neste caso, tambm includa a relao carga-flecha de acordo com a frmula prtica do CEB. Conforme se observa pelas figuras 2 e 3, a frmula proposta se aproxima bastante do mtodo bilinear. Alm disso, seus resultados so significativamente melhores do que aqueles obtidos com a frmula prtica do CEB. Esse mesmo estudo foi feito para os tramos de extremidade das vigas contnuas, chegando-se ao
Flecha (mm)
Wcs = rcs 2 cs
l2 fr 8d
(22)
onde l o vo da viga, d a altura til, cs a deformao especfica de retrao e f r um coeficiente que vale 1,0 para as vigas biapoiadas e para os balanos, 0,7 para os vos extremos das vigas contnuas e 0,5 para os vos intermedirios das vigas contnuas. No caso dos balanos, o denominador 8 deve ser substitudo por 2.
68
Teoria e Prtica na Engenharia Civil, n.18, p.63-70, Novembro, 2011 Se < 1 , tem-se
O coeficiente rcs 2 encontra-se tabelado em funo das taxas de armadura na ref. [8]. Como uma aproximao, esse coeficiente pode ser calculado como rcs 2 = 1,0 0,5
5 SEGUNDA FRMULA PRTICA PROPOSTA
(27)
(23)
A frmula prtica proposta anteriormente s pode ser usada aps o dimensionamento da viga, j que ela depende das taxas de armadura e . Neste caso, utilizam-se as taxas que realmente sero empregadas na viga, as quais so obtidas em funo das armaduras existentes nas sees crticas. Entretanto, pode ser conveniente avaliar as flechas das vigas antes mesmo do dimensionamento e detalhamento das armaduras. Neste caso, as flechas poderiam ser determinadas juntamente com o clculo dos esforos solicitantes, utilizando-se o mesmo programa de clculo de esforos. Para isto, admite-se que as armaduras existentes na viga sejam exatamente iguais s armaduras efetivamente obtidas no dimensionamento. Assim, dado o momento fletor M , realiza-se o dimensionamento e calcula-se a flecha com as armaduras obtidas. Empregando-se essa soluo e a equao (10), chegou-se a uma segunda frmula prtica atravs de regresso. Nessa segunda frmula, a flecha da viga obtida atravs da expresso
h W = Wc d
3
Na equao (27), f ck deve estar em MPa. Deve-se observar que a equao (24) no serve para determinar uma resposta completa da viga. Essa frmula pressupe que as reas de ao so aquelas requeridas pelo dimensionamento para o momento fletor de clculo M d = 1,4 M k . Logo, os resultados somente so corretos para o momento fletor M = M k , ou seja, para o carregamento de servio da viga. Para determinar uma resposta carga-flecha, deve-se empregar a primeira frmula prtica, como mostrado anteriormente. Havendo necessidade, a retrao pode ser includa como na primeira frmula, podendo-se adotar rcs 2 = 1,0 a favor da segurana. Observa-se que o coeficiente diminui com a reduo de , ou seja, com o aumento do momento fletor M . Isto ocorre porque, quanto maior for o momento M , maior ser a rea de ao da viga.
5 VERIFICAO DA SEGUNDA FRMULA PRTICA
A viga da fig. 1 empregada para a verificao da segunda frmula prtica. Na tabela 4, apresentam-se os resultados para carga de curta durao ( = 0 ). Na tabela 5, apresentam-se os resultados para = 2 . Tabela 4 Flechas para curta durao Wd pk Wa Wd (kN/m) (mm) (mm) Wa 5 0,53 0,56 1,06 10 5,71 6,16 1,08 15 7,16 7,23 1,01 20 7,98 8,05 1,01 25 8,56 8,70 1,02 30 8,99 9,24 1,03 35 9,32 9,68 1,04 40 9,59 10,06 1,05 Mtodo bilinear: Wa Segunda frmula proposta: Wd
(24)
(25)
= 0,75 + 0,65
(26)
69
Tabela 5 Flechas para = 2 Wd pk Wa Wd (kN/m) (mm) (mm) Wa 5 1,52 1,54 1,01 10 7,48 8,62 1,15 15 9,47 10,12 1,07 20 10,76 11,27 1,05 25 11,77 12,18 1,03 30 12,61 12,93 1,03 35 13,32 13,56 1,02 40 13,96 14,09 1,01 Mtodo bilinear: Wa Segunda frmula proposta: Wd
Conforme se observa pelas tabelas 4 e 5, os resultados obtidos com a segunda frmula prtica so muito prximos do mtodo bilinear. O nvel de preciso o mesmo obtido com a primeira frmula, cujos resultados encontram-se nas tabelas 2 e 3. Deve-se observar que os resultados das tabelas 2 e 3 tambm correspondem ao caso em que a armadura existente igual armadura calculada. Porm, uma vez que a primeira frmula depende de e de maneira explcita, ela pode ser empregada mesmo que a armadura existente seja bem diferente da armadura calculada. Com isso, pode-se obter a flecha de uma viga nos diversos estgios do carregamento. Por outro lado, na segunda frmula subentende-se que a armadura existente igual armadura calculada. Logo, essa segunda frmula s pode ser usada para avaliar a flecha das vigas sob as cargas de servio.
6 A RIGIDEZ EQUIVALENTE
rigidez equivalente para cada um desses elementos. Um procedimento bastante utilizado consiste em fazer uma primeira anlise elstica linear, considerando as rigidezes das sees de concreto simples das vigas e das lajes no estado no fissurado. Dessa anlise, obtm-se os esforos solicitantes de clculo, com os quais so dimensionadas as armaduras. Em seguida, a estrutura analisada novamente, considerando as combinaes de servio das aes e atribuindo-se rigidezes equivalentes para os elementos finitos. Com isso, avaliam-se as deformaes da estrutura com a considerao dos efeitos da fissurao e da fluncia do concreto e incluindo as armaduras obtidas no dimensionamento. Uma vez que a primeira frmula prtica proposta permite obter a flecha das vigas nos diversos estgios do carregamento, ou seja, para diversos valores do momento fletor M , ela tambm pode ser empregada para a determinao da rigidez equivalente dos elementos finitos de vigas. De modo anlogo equao (7), a equao (16) tambm pode ser escrita na forma
W= C EI eq
(28)
onde EI eq a rigidez equivalente. Substituindo a equao (7) em (16) e considerando a equao (28), obtm-se
3 Ecs I c d EI eq = h (1 + )[(1 ) f1 + f 2 ]
(29)
Ao se fazer a anlise estrutural de uma estrutura mais complexa, como, por exemplo, o pavimento completo de um edifcio, composto por vrias vigas e lajes, pode ser conveniente introduzir a no linearidade fsica de maneira aproximada, sem a necessidade da realizao de uma anlise iterativa e incremental. Isto pode ser feito adotando-se rigidezes equivalentes para os elementos estruturais. Quando se emprega o Mtodo dos Elementos Finitos, as vigas so discretizadas em vrios pequenos elementos, devendo-se atribuir uma
O coeficiente dado nas equaes (2) e (3), considerando o momento fletor mximo M que atua no elemento finito de viga. As funes f1 e f 2 so determinadas a partir das taxas de armadura e do elemento. Observa-se que, para o emprego da equao (29), M o momento mximo em cada elemento e no mais o momento na seo crtica da viga. Desse modo, cada elemento finito ter uma rigidez equivalente diferente, mesmo que a armadura seja constante em todo o vo da viga. A anlise estrutural feita para uma viga de rigidez varivel.
70
7 - CONCLUSES
Neste trabalho foi apresentada a origem da frmula prtica do CEB para o clculo de flechas das vigas de concreto armado. Essa frmula possui boa preciso para o nvel de carregamento de servio a que as vigas dos edifcios esto submetidas usualmente. A frmula apresenta valores razoveis da flecha para concretos com resistncia caracterstica compresso f ck da ordem de 20 a 25 MPa e coeficiente de fluncia 2. Com base no mesmo procedimento, foram desenvolvidas duas frmulas prticas para o clculo de flechas de vigas. A primeira frmula depende das taxas de armadura efetivamente usadas na viga e serve para o clculo das flechas em vrios estgios do carregamento. Essa frmula ideal para verificaes, aps a escolha das armaduras das vigas. Ela tambm permite o clculo da rigidez equivalente, como foi mostrado. A segunda frmula foi determinada, considerando que as armaduras existentes na viga so aquelas obtidas no dimensionamento. Desse modo, a frmula no depende explicitamente das armaduras. Essa frmula permite calcular a flecha da viga para a carga de servio, antes do dimensionamento, podendo ser inserida diretamente no programa de clculo dos esforos. A preciso das duas frmulas foi demonstrada atravs de comparaes com os resultados do mtodo bilinear.
4. Arajo, J. M. Improvement of the ACI method for calculation of deflections of reinforced concrete beams. Revista Teoria e Prtica na Engenharia Civil, n. 7, p.49-60, Ed. Dunas, Rio Grande, Setembro, 2005. 5. Comit Euro-International du Bton CEB Design Manual on Cracking and Deformations. Lausanne, 1985. 6. Comit Euro-International du Bton - CEB-FIP Model Code 1990. Lausanne, 1993. 7. Associao Brasileira de Normas Tcnicas Projeto de Estruturas de Concreto. NBR-6118. Rio de Janeiro, 2003. 8. Arajo, J. M. Curso de Concreto Armado, v.2, 3.ed., Ed. Dunas, Rio Grande, 2010.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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