Design de Móveis: Aula 5
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AULA 5
O objeto desta aula é estudar mais a fundo os tipos de materiais metálicos que podemos utilizar
para produção de móveis, seus acabamentos e ferragens empregadas, relacionando com o processo
produtivo para esse tipo de material. Sendo assim, ao longo desta aula, estudaremos sobre:
CONTEXTUALIZANDO
mobiliário para interiores, pensam, automaticamente, em fazer esse produto em madeira, porém, e
embora menos comum, os móveis também podem ser executados em aço ou outros metais. São
outras formas.
Sendo assim, esta aula é muito importante para você, aluno e futuros designer de interiores e
arquiteto, pois trará fundamentos básicos e gerais sobre o uso de materiais metálicos para mobiliário.
Dominando esses conhecimentos, você poderá agregar valor em seus projetos de móveis para
São várias as opções de metais para se utilizar em móveis, como o ferro, aço carbono, aço inox,
alumínio, cobre, entre outros. Cada metal possui propriedades fisioquímicas e estéticas próprias, e a
escolha de qual utilizar no desenvolvimento de um mobiliário vai depender de cada caso, que pode
Cada tipo de metal possui uma tonalidade própria e pode ser identificado visualmente por sua
aparência, desde que esteja em seu estado natural ou apenas envernizado em que a coloração
permanece aparente. O aço carbono, o aço inox e o alumínio possuem uma coloração mais prateada,
enquanto o ferro é mais escuro e o cobre possui um tom avermelhado, conforme Figura 1. Neste
tema, iremos estudar os metais mais comumente empregados em mobiliário, sendo: aço carbono, aço
inox e alumínio.
Figura 1 – Ilustração mostrando da esquerda para direita: (1) tubo de aço carbono, (2) aço inox, (3)
O aço carbono é composto principalmente pelos componentes ferro e carbono, enquanto o aço
inoxidável, também conhecido como aço inox, é constituído por ferro, carbono e cromo, podendo
apresentar também molibdênio, níquel, entre outros elementos. O aço inox apresenta em sua
composição aproximadamente 12% de cromo, fato este que o torna resistente à corrosão. Na
superfície do aço inox, forma-se uma finíssima camada de óxido de cromo, que é insolúvel e
Dessa forma, a grande diferença entre esses dois tipos de aço é a elevada resistência contra
corrosão atmosférica do aço inox, tornando-o especial para diversas finalidades. A corrosão, também
conhecida como ferrugem, é uma camada porosa que se forma quando o aço carbono ou outros
metais ferrosos entram em contato com o oxigênio (Abinox, 2021). No caso do aço inox, a fina
camada formada pelo cromo não permite que a ferrugem aconteça, diferente do aço carbono, que
necessita de um tratamento especial e pintura para não enferrujar. Na sequência, poderemos ver
No caso do aço inox, não há necessidade de acabamentos extras, pois o material já vem acabado,
inclusive, para preservar sua superfície contra riscos durante a produção, as chapas e tubos de aço
inox podem vir com uma película adesiva de proteção, a qual pode ser retirada apenas nas fases finais
da produção.
Por apresentar baixa porosidade superficial, permite fácil limpeza e higienização e, por isso, é
muito empregado em hospitais e cozinhas de restaurantes. É muito comum utilizar nesse produto um
estilo de acabamento conhecido como “Aço Escovado”. Trata-se de um efeito estético parecido com
ranhuras uniformes na superfície, a qual é produzida por meio de lixamentos. Mesmo não
necessitando de acabamentos, o aço inox pode receber camadas de vernizes ou outros tipos de
Para os aços, existe uma classificação muito empregada que é conhecida pela sigla SAE, que
Automotivos. Trata-se de um sistema que possui geralmente quatro dígitos e que identifica a
mais empregados por sua ótima plasticidade e soldabilidade, contêm cerca de 0,20% de carbono
(Brunatto, 2016).
Outro material muito interessante para emprego em móveis é o alumínio, pois, devido à sua
produção de mobiliário é a sua leveza, pois seu peso específico é aproximadamente 35% menor que
o peso do aço. Outra grande vantagem é a sua alta resistência a corrosão, pois possui uma fina
película invisível de óxido que protege de oxidações, assim, também dispensa pinturas, embora possa
das melhores qualidades do alumínio é que pode ser infinitamente reciclado sem perder suas
propriedades fisioquímicas. Todas essas qualidades demonstradas aqui proporcionam ao alumínio
O aço normalmente é comercializado em chapas, tubos, perfis ou barras maciças, que podem ser
cortadas, dobradas e soldadas de forma a estruturar os mais diversos objetos, como: móveis, carros,
Os formatos dos materiais a serem empregados em um produto irão depender de cada projeto,
ao mesmo tempo que o desenvolvimento de um novo produto já deve ser elaborado prevendo os
materiais, seus tamanhos e formatos disponíveis no mercado. Neste Tema, iremos estudar os tipos de
2.1 CHAPAS
As chapas (Figura 2) são materiais extremamente versáteis e que podem ser aplicadas em
inúmeras situações, pois permitem dobras, estampas, furações e soldagem, podendo, assim, se
conformar e transformar em uma infinidade de objetos, inclusive, móveis para interiores. As chapas,
geralmente, são vendidas em um tamanho padrão e com diversas espessuras diferentes. Com isso,
podem ser adquiridas cruas (sem tratamento) ou galvanizadas, que é um tipo de acabamento que
podem ser encontradas, porém não é tão comum. As espessuras das chapas de aço carbono, inox e
galvanizadas são denominadas por uma numeração padrão internacional conhecida como bitolas
MSG, cuja sigla, em inglês, significa Manufacturer's Standard Gauge e, traduzindo para o português,
Medidor Padrão do Fabricante (Kyodai, 2015). Quanto maior for o número MSG, menor será a
espessura da chapa e, embora essa inversão pareça meio estranha, trata-se de uma linguagem bem
12 2,65 20 0,90
13 2,25 22 0,75
14 1,90 24 0,60
16 1,50 26 0,45
18 1,20 28 0,38
19 1,06 30 0,30
Fonte: desenvolvido por Clécio Zeithamer com base em Kyodai, 2015.
carbono mais comumente empregadas em mobiliário para interiores variam entre 0,60 até 1,50mm,
ou seja, são as chapas 24, 22, 20, 19, 18 e 16, embora outras espessuras maiores ou menores possam
2.2 TUBOS
Temos também os tubos de aço carbono, inox e alumínio, que possuem alta resistência mecânica
devido ao seu formato e, por isso, são ótimos para suportar grandes esforços, ao mesmo tempo que
são relativamente leves por serem ocos. No mercado, existem inúmeros formatos e tamanhos de
tubos de aço carbono, inox e alumínio, podendo ser: com seção transversal retangular, quadrada,
Durante o processo produtivo, podem ser cortados, dobrados, calandrados[2] e soldados. Com
relação ao acabamento, assim como as chapas, podem ser comprados crus ou galvanizados. Para
tubos de alumínios, além dos formatos apresentados aqui, existe uma gama enorme de outros
formatos de perfis, muito empregados em acabamentos para fazer quadros de portas com vidro para
armários, esquadrias de janelas, entre outros.
Figura 4 – Imagem mostrando da esquerda para direita, tubos de seção transversal (1) quadrada, (2)
retangular, (3) oblonga e (4) redonda
Para cada tipo de seção tubular encontrado no mercado, existem inúmeras variações
dimensionais, podendo alterar de um fabricante para outro. Por exemplo, para execução da estrutura
de móveis, é bem usual tubos de seções transversais quadradas de 15x15mm, 20x20mm, 50x50mm
conhecidos no mercado por “Metalons” e a unidade de medida mais empregada para esse material é
em milímetros, já para tubos de seção redonda a unidade de medida mais usada é em polegadas.
Os tubos mais comuns e encontrados no mercado são fabricados a partir de chapas, que,
dobradas, ficam com seções quadradas ou retangulares ou calandradas no formato circular, por isso,
pelo fato dos tubos serem executados com chapas, estes apresentam uma sutil emenda longitudinal
soldada em uma das faces, que é conhecida como costura, conforme Figura 6, e indicado pela seta.
Existem tubos sem costura também, porém são mais caros e empregados em situações em que se
Figura 6 – Foto mostrando tubos de aço carbono de seção Retangular com indicação da costura
Crédito: Evannovostro/ Shutterstock.
especificar a espessura da chapa desse tubo. Para mobiliário, é muito usual tubos com espessuras
(paredes) de 1,2 e 1,5mm, porém outras medidas menores ou maiores podem ser empregadas,
dependendo da situação. A norma que especifica tubos de aço-carbono com solda longitudinal de
seção circular, quadrada, retangular e especial para fins industriais é a ABNT NBR 6591.
Figura 7 – Foto mostrando mesa de centro executada com estrutura em tubo de aço carbono de
2.3 BARRAS
As barras maciças são outra variedade de aços disponíveis no mercado, que são encontradas em
seções transversais quadradas, redondas barras chata (Figura 8), entre outros formatos. As barras de
seção redonda e que possuem um acabamento bem homogêneo e liso são chamadas de aço
trefilado, muito empregadas na execução de gradis de porta-livros em carteiras escolares ou
Figura 8 – Imagem mostrando da esquerda para direita, barras maciças de seção transversal (1)
quadrada, (2) chata e (3) redonda
As barras maciças podem apresentar um efeito estético bem interessante, quando empregadas
Figura 9 – Foto mostrando mesa lateral executada com barra de aço trefilado (seção redonda) e
tampo em madeira
Crédito: nuwatphoto/ Shutterstock.
Com relação a móveis executados em metal, assim como para móveis executados em madeira, a
sequência de operações de produção não se altera significativamente de uma empresa pequena para
uma grande, o que modifica basicamente é o maquinário empregado. No caso das grandes indústrias,
costumam ter maquinários mais automatizados para produção seriada e as pequenas empresas,
normalmente, são serralherias que executam diversos tipos de produtos e serviços utilizando chapas,
Serralherias são empresas que cortam, furam, dobram, soldam, fazem polimento e pintura, entre
outros tipos de serviços em peças de metal. Além de executarem produtos novos, serralherias podem
fazer também pequenos reparos em residências e obras. Podem fabricar esquadrias, grades, portas,
O início do processo para execução de móveis em metal, assim como para móveis executados em
madeira, também envolve planejamento de corte, de forma que haja o melhor aproveitamento
podem se alterar de acordo com a metodologia de trabalho de cada empresa e conforme maquinário
disponível (Pinheiro, 2015). Iremos explanar a seguir as etapas 2 a 7, pois as outras são similares ao
O corte em chapas pode ser executado por puncionadeiras CNC (Controle Numérico
Computadorizado), que são máquinas que utilizam códigos gerados por um programa de
estampa, realiza operações de corte, furação e repuxo em chapas metálicas, conforme Figura 11.
Figura 11 – Foto mostrando puncionadeira CNC estampando e fazendo repuxo para venezianas em
Os cortes em chapas também podem ser executados por máquinas de corte a laser, com grande
agilidade, qualidade e precisão dimensional (Figura 12). A grande vantagem do corte a laser é a
liberdade de formas que permite cortar, desde linhas retas a infinitos formatos orgânicos, enquanto
as puncionadeiras necessitam de ferramentas específicas para cada tipo de corte e furação, limitando
um pouco o processo produtivo. Antes de colocar as chapas em uma puncionadeira ou corte a laser,
estas podem passar por um pré-corte em uma guilhotina, reduzindo a chapa original para um
tamanho mais adequado ao corte final.
Figura 12 – Foto mostrando máquina executando corte a laser em chapa de aço carbono
Crédito: Guryanov Andrey/ Shutterstock.
As chapas também podem ser cortadas com equipamentos mais simples, como guilhotinas, por
exemplo, porém, como estas geralmente exigem uma complexidade maior de corte e furação, é cada
vez mais comum empresas executarem cortes de chapas em puncionadeiras CNC ou laser, mesmo
que para isso precisem terceirizar esse serviço.
Sendo assim, existem muitas empresas especializadas apenas em cortar, furar e dobrar chapas de
metal, seja aço carbono, inox ou alumínio e, desta forma, atendem várias serralherias e até grandes
empresas. Esse tipo de prestação de serviços terceirizado é bem comum, pois o maquinário
empregado para realizar cortes e dobras de grande precisão em chapas de metal exige equipamentos
de alta tecnologia e com custo de aquisição elevado, o que dificulta que pequenas empresas
adquiram esse tipo de maquinário ou até grandes empresas, que não possuam alto volume de
Os tubos podem ser cortados por uma serra de bancada ou máquinas portáteis, como
esmerilhadeiras por exemplo (Figura 13), as quais empregam discos de corte em modelos específicos
para cada tipo de aço. Os tubos podem ainda ser cortados em modernas máquinas CNC ou a laser, de
acordo com o tipo de trabalho a ser executado ou equipamentos disponíveis em cada empresa.
Figura 13 – Foto mostrando corte de tubo com esmerilhadeira
Saiba mais
Assistindo aos vídeos disponibilizados nos links a seguir, você poderá entender um pouco
melhor sobre corte de chapa e tubo, por puncionadeiras, cortes a laser e, inclusive, cortes por jato
de água.
WM7oCRQ>; <https://www.youtube.com/watch?v=Ulz2lgB-eyo>.
Nz-g>; <https://www.youtube.com/watch?v=jYn40K5VIMo>.
3.2 DOBRA
As dobras, seja em chapas ou tubos de metal, são executadas por meio de esforços de tração e
compressão, sendo que, ao dobrar uma peça metálica, a sua superfície interna fica comprimida e a
externa fica tracionada. Mais especificamente no caso dos tubos, a parede interna tende a engrossar,
e a parede externa estica e fica mais fina. Por isso, ao dobrar tubos, é necessário tomar um cuidado
extra, pois raios muito pequenos podem deformar o material, criando um tipo de um enrugamento
pelo lado interno e pelo lado externo tendendo a romper.
O raio mínimo de dobra para que um tubo não deforme vai depender de vários fatores, como:
de dobra. As dobras em tubos podem ser executadas em dobradeiras manuais, CNC ou por robôs. No
caso das máquinas com tecnologias mais avançadas, é comum possuírem um dispositivo que reduz
significativamente os riscos de deformação nos tubos, conhecido como “Alma”.
dispositivo reduz as deformações ao mesmo tempo que permite atingir raios menores de dobras.
Alguns equipamentos dobram tubos de aço carbono com raio mínimo de 3 vezes o diâmetro do
tubo, porém isso é apenas uma referência, podendo-se conseguir raios menores ou maiores, dependo
do equipamento e material (Metálica, 2021). Além da dobra, os tubos e chapas podem ser também
As dobras de chapas podem ser executadas em dobradeiras manuais, ou, então, em dobradeiras
CNC. Para realização da dobra da chapa, as dobradeiras empregam uma ferramenta em forma de “V”
ou “U”, variando de acordo com a forma pretendida para a dobra e que, por meio de punções,
Saiba mais
Para conhecer mais sobre dobradeiras, acesse os seguintes links:
3.3 SOLDA
As soldas mais empregadas para fixação de peças metálicas são conhecidas pelas siglas TIG e
MIG, cada qual com suas particularidades conforme iremos apresentar a seguir. A solda MIG funciona
por adição de material, ou seja, ela une duas peças de metal pelo acréscimo de um arame de solda no
local da união, o qual forma uma saliência e precisa ser lixado posteriormente para melhorar o
acabamento do produto, sendo a solda MIG muito empregada para união de peças de aço carbono.
Por outro lado, a Solda TIG funciona por fusão de materiais, ou seja, um eletrodo de Tungstênio
transmite corrente elétrica (contínua e/ou alternada) na união das peças de metal, fazendo com que
essas se unam, podendo ser com ou sem adição de material, dependendo do sistema empregado. A
solda TIG foi criada para atender a necessidade de união em materiais que apresentam grande
dificuldade, para isso, como o alumínio, sendo também muito empregada para uniões em peças de
aço inox.
Embora já existam robôs para se fazer soldas, estas, em geral, são executadas manualmente por
profissionais com muita experiência (Figura 18), o que pode se tornar um desafio para as empresas,
A soldagem TIG é mais resistente e oferece excelente acabamento se comparada com a solda
MIG, porém possui uma complexidade de execução muito maior também. A soldagem TIG possui
uma ampla gama de utilizações, podendo ser empregada com diversos tipos de metais, como aços
inox, ligas de alumínio, níquel, magnésio, cobre e também com aços carbono.
A sigla TIG vem das palavras em inglês Tungsten Inert Gas ou, em português, gás inerte de
tungstênio, enquanto a MIG vem das palavras em inglês Metal Inert Gas, que significa, em português,
gás inerte de metal, ou seja, em seu processo de solda, emprega um tipo de gás de proteção inerte
(Alumaq, 2018).
Saiba mais
Caso você tenha o desejo de conhecer mais sobre processo de solda, pode acessar o link a
3.4 LIXA
Após corte, estampagem, dobra e solda de chapas e tubos de aço, já se encaminhando para a
etapa final de produção de um móvel, é necessário fazer o lixamento das peças e, assim, retirar
rebarbas, excessos de soldas e corrigir outras imperfeições que possam surgir no produto, durante os
possível.
anteriormente, que é a esmerilhadeira manual, que, além de cortar, pode lixar e fazer acabamentos
em produtos de aço. Conhecida também por retificadora, rebarbadeira e esmeriladora, pode ser
Figura 19 – Foto de profissional lixando produto executado em aço carbono com auxílio de uma
esmerilhadeira
O nome esmerilhadeira vem do verbo esmerilhar e, de acordo com Dicio (2021), significa “Lustrar
e retirar o brilho para tornar fosco”. Sendo assim, trata-se de um processo de desgaste da peça de
esmerilhadeira, além de cortar peças de aço, pode lixar e até remover ferrugem, pois sua função se
Sendo assim, para esmerilhadeiras, podemos encontrar diferentes tipos de disco, os mais usuais
são: disco de lixa, boinas de polimento, discos de desbaste, de corte, discos flap, disco escova de aço,
sendo alguns desses modelos para remoção de ferrugem, tinta e soldas, variando, também, conforme
a granulatura das lixas.
Para executarmos a pintura em peças de aço carbono, é de grande importância antes tratarmos
adequadamente suas superfícies, deixando-as com uma base estável e inerte para receber a pintura.
Sendo assim, a etapa de limpeza e tratamento nas peças de aço carbono, antes da aplicação de tintas,
é essencial no processo de fabricação de um móvel. O tratamento pode ser por imersão, pulverização
ou aplicação manual.
imersão, em que as peças passam por diversos tanques em uma sequência de banhos, havendo
nos tanques.
decapante, enxague, refinador, fosfatizante, enxágue e passivador. Iremos descrever aqui os banhos
Banho decapante – como o próprio nome diz, tem a finalidade de remover a “capa” de óxidos
ou ferrugem que podem surgir durante o processo de transporte e armazenamento. Para que o
banho decapante seja eficiente, é imprescindível que o banho desengraxante tenha sido bem
executado, pois oleosidades e gorduras podem prejudicar a ação dos produtos decapantes.
metálicas dos móveis com uma boa aderência para receber a tinta, ao mesmo tempo que
Logo após o banho fosfatizante, as peças metálicas não podem mais ser tocadas por mãos sem
proteção de luvas, pois a gordura que possuímos nos dedos podem contaminar as peças que já estão
tratadas, comprometendo, assim, a posterior qualidade da pintura, ou seja, pode haver um
descascamento da tinta, exatamente nas partes tocadas anteriormente. Por isso, que a fosfatização
sozinha não protege as superfícies metálicas contra a corrosão e precisa ser associada a etapa final,
que é a pintura.
O Banho fosfatizante pode ser à quente, com temperaturas acima de 80º, com temperatura
tépida, entre 50 e 80º, e frias, sendo abaixo de 50º. O tempo do banho de fosfatização é de 5
minutos, podendo ser mais ou menos dependendo de cada situação (Gentil, 2011).
Secagem – para o processo de pintura, as peças metálicas precisam antes estar totalmente
secas, sendo a secagem das peças geralmente em fornos.
4.2 PINTURA
Para pintura de móveis ou outros produtos executados em aço carbono, tem sido cada vez mais
outros metais.
formar um pó seco, o qual é aplicado por processo eletrostático diretamente sobre a superfície a ser
pintada. Para aplicação da tinta em pó em produtos metálicos, um dos métodos mais empregados
O pó é projetado na superfície metálica com uma carga positiva, enquanto isso, a peça metálica é
ligada à terra, gerando, desta forma, uma força de atração eletrostática entre o produto a ser pintado
e o pó. Por esse motivo, a quantidade de tinta em pó que se adere à superfície metálica é bem maior
Após isso, a peça metálica com o pó aplicado, é conduzida a um forno para realizar o processo
de cura por meio de calor, desta forma, a fina camada de tinta pó polimeriza na superfície do produto
metálico, formando uma resistente película de polímero colorido. Esse processo de pintura pode ser
automatizado também, em que as peças a serem pintadas são penduradas em uma correia que
desloca-se para dentro de uma cabine de pintura, em que as peças metálicas são borrifadas com pó
Integrado com a cabine de pintura, pode haver um dispositivo de recuperação do pó que não
aderiu às peças metálicas ou, mesmo no processo manual, boa parte da tinta que caiu no chão da
cabine de pintura pode ser recuperada para posterior reutilização. Desta forma, dois grandes
Nesse sentido, a pintura eletrostática pó gera uma economia de material, de tempo de aplicação
e cura da tinta, pois, em menos de uma hora, um produto pintado com tinta pó pode estar curado.
Também esse sistema de pintura é considerado amigável para o meio ambiente por apresentar baixo
ou nenhuma emissão de solventes. Por todas essas vantagens, além da robustez e qualidade da
pintura, os revestimentos em pó são cada vez mais empregados, seja no setor automotivo, na linha
geral.
4.3 GALVANIZAÇÃO
A galvanização é outro processo de proteção para produtos metálicos, sendo muito utilizada em
buchas, dispositivos de montagem, molas, rebites, corrediças, dobradiças, trilhos, fechaduras, entre
outros. As chapas de aço carbono podem ser encontradas no comércio já galvanizadas de zinco nos
dois lados e são muito empregadas para fabricação de portões, telhas, móveis, entre outros produtos.
Podem ser empregados diversos tipos de metais para executar a galvanização, porém o zinco é
um dos mais utilizados para proteção de superfícies de aço ou ferro contra a corrosão (Brepohl, 2001).
processo muito empregado para galvanização é por imersão, em que as peças metálicas são
mergulhadas em um banho quente de zinco derretido ou outro metal (Figura 21).
Assim como para pintura eletrostática á pó, as peças metálicas, antes de serem galvanizadas,
também precisam passar por alguns tratamentos, sendo: desengorduramento, decapagem ácida e
fluxagem. Feito isso, as peças podem ser mergulhadas em banho de zinco ou outro metal mais nobre,
permanecendo dentro do tanque até atingirem a temperatura do banho. Após a remoção das peças
do banho, estas precisam passar por um processo chamado arrefecimento e isso pode ser feito por
A galvanização pode ser feita também a frio por um processo conhecido por galvanização
eletrolítica, em que o zinco ou outro metal é depositado sobre as superfícies do aço ou ferro por meio
eletrodeposição de metais e pode ser executado com zinco, níquel, cobre, latão, bronze, ouro, cromo,
executada em materiais não metálicos, porém não é tão comum. A Anodização é outro processo de
pintura, mais empregado para o alumínio, e serve para proteger e melhorar a aparência do material.
As cores alcançadas com esse acabamento geralmente possuem um aspecto metalizado, em que as
As ferragens são uma boa opção para estruturar e assegurar o bom funcionamento de móveis de
metal, quando estes possuem partes que precisam ser fixas entre si e, por algum motivo, não podem
ser soldadas. Nos móveis metálicos, assim como no mobiliário executado em madeira, podemos usar
as ferragens para fixação de partes ou para auxiliar na articulação e deslizamento de peças, como é o
Na sequência, iremos apresentar algumas ferragens e acessórios que são bastante empregados
na execução de móveis metálicos. No caso das corrediças, não iremos demonstrar aqui porque
podem ser as mesmas empregadas para móveis de madeira.
O parafuso faz parte da sociedade há muitos séculos e, ao longo do tempo, ganhou inúmeras
formas, sendo hoje empregado em diferentes setores industriais. Existem modelos no mercado para
as mais diversas aplicações, seja especialmente para madeira, metal, plástico e também para uso
sozinho ou associado a outras ferragens, como buchas, rebites com rosca, porcas, entre outras,
Existem vários modelos de parafusos para se empregar em peças metálicas, alguns permitem
montagem e desmontagem do móvel e outros não, conforme veremos a seguir.
Parafuso autoatarraxante – apresenta ponta fina e rosca cortante que auxilia na aplicação do
colaborar no início da rosca, porém, em chapas mais finas, o próprio parafuso já fura e faz a
rosca na chapa. Como vantagem desse parafuso, tem-se baixo custo e facilidade na aplicação.
Como desvantagem, não é indicado para situações em que o próprio cliente vai montar o móvel
ou quando o móvel precisa ser montado e desmontado outras vezes. Pode ser empregado em
pelo passo, ou seja, pela distância existente entre os filetes da rosca. As roscas podem ser
medição para identificar. Os parafusos do sistema métrico ou polegada são parafusos sem
ponta e muito empregados na área de móveis metálicos, sendo que os dois sistemas cumprem
indica o seu tamanho, por exemplo, M5x25 significa que o parafuso tem 5mm de diâmetro e
25mm de comprimento, e assim por diante, conforme Figura 23.
São parafusos que precisam de uma rosca pronta na peça metálica em que serão aplicados,
diferente dos parafusos autoatarrachantes que fazem a rosca sozinhos ao entrar na peça. A rosca
pode ser executada na chapa, tubo ou barra maciça de diversas formas, sendo por meio de uma
porca previamente soldada, de furo roscado[3] ou rebites com rosca, lembrando que o sistema da
rosca do parafuso deve ser o mesmo do sistema de rosca do furo em que será acoplado, ou seja, ou
métrico ou polegada.
comparado com outros modelos, uma delas é que não possui fenda em sua cabeça, sendo esta
abaulada. A outra diferença é que logo abaixo da cabeça possui um volume de seção quadrada,
o qual tem a função de se encaixar perfeitamente em um furo de mesma seção de uma chapa
metálica, travando, assim, o giro do parafuso. Da mesma forma que o parafuso métrico, não
possui ponta e é utilizado com uma porca. Pode ter rosca parcial ou inteira, ou seja, apenas na
extremidade da haste do parafuso ou em toda a sua extensão. Pode ser com rosca do sistema
Cabeças e fendas – é por meio da cabeça dos parafusos que se realiza o aperto e uma vez
instalados, é a parte do parafuso que normalmente mais aparece. Por isso, é muito importante
arquitetos não saberem exatamente qual modelo indicar em seus projetos, quando isso for
necessário. Sendo assim, iremos explanar aqui alguns dos modelos mais empregados e conhecidos e
que podem ser com fenda simples, fenda Phillips e fenda Allen, nos mais variados tipos de cabeça,
conforme iremos mostrar na Tabela 2, além dos tipos de rosca que já estudamos.
que o parafuso praticamente desapareça. Nesse sentido, existem também modelos que vem com um
acabamento plástico para esconder a cabeça. O mercado oferece uma infinidade de modelos de
parafusos, fruto da combinação dos diversos tipos de rosca, com os mais variados tipos de fenda e
cabeça, além das inúmeras dimensões diferentes.
Porcas – são elementos de fixação utilizados em conjunto com parafusos. As porcas são muito
empregadas em móveis de metal, em que seu objetivo principal é fixar duas ou mais peças entre si,
desta forma, o parafuso é transpassado por um furo em comum a todas as peças, e a porca, por sua
vez, é deslocada por meio de giro na rosca do parafuso, até travar todo o conjunto. As porcas
normalmente apresentam formato sextavado para facilitar o encaixe da chave, pois, com seis faces,
aumenta-se a quantidade de lados para se acessar a porca e fazer o posterior giro de travamento
(Figura 25).
Outro modelo de porca é a autotravante, cuja aplicação é muito interessante, pois, por meio de
um anel de nylon interno, é possível alcançar um travamento extra na porca. Esse anel de nylon,
Arroelas – são ferragens em formato de pequenos discos com um furo central, sendo
empregadas em conjunto com porcas e parafusos. Sua função principal é auxiliar no travamento
do parafuso, aumentando a área de contato da cabeça dessa ferragem com a peça a ser fixada
(Figura 26).
Figura 26 – Imagem de arroela
Rebite de repuxo, também conhecido como rebite POP, é amplamente empregado em móveis
caso precise ser retirado posteriormente à montagem, pode ser feito rompendo o rebite com o auxílio
de uma furadeira. Com o emprego do rebite, as peças podem ser pintadas separadamente e
montadas após a pintura. Quando as peças de um móvel são todas soldadas, o produto se torna
Antes da aplicação, o rebite possui um corpo cilíndrico com uma flange em uma das
extremidades e uma longa haste cilíndrica, sendo essa haste rompida durante a colocação (Figura 26).
Para aplicação, é necessário um furo passante prévio executado nas peças que serão unidas, sendo os
rebites instalados com auxílio de uma rebitadeira manual ou pneumática (Figura 28). Os rebites
podem ser em aço, cobre, alumínio ou latão, apresentando mais ou menos resistência, dependendo
do material.
Os rebites de repuxo só apresentam bom acabamento no lado externo, ou seja, pelo lado que
foram instalados. Pelo lado interno, formam uma bolinha metálica desforme que ajuda a travar o
rebite, porém que não apresenta bom acabamento e, na medida do possível, devem ficar em áreas de
pouca visibilidade.
Rebite com rosca, também conhecido como “rebite RIVKLE[4]”, é um substituindo para a porca
soldada em peças metálicas, sendo empregado quando se necessita de rosca em peças de metal. Da
mesma forma que o rebite convencional, pode ser aplicado com uma rebitadeira manual ou
Não necessita de tratamento de pintura e não deforma a chapa. Funciona de forma similar aos
parafusos com buchas para madeira, possibilitando que o mobiliário seja montado e desmontado
várias vezes e sem prejuízo para sua estruturação. Assim como as buchas para madeira, utiliza
5.3 DOBRADIÇAS
A principal função das dobradiças é fazer o giro de portas. São vários modelos existentes no
mercado (Figura 30), e a fixação no caso de móveis de metal pode ser com parafusos, rebites ou,
inclusive, ter suas abas soldadas diretamente no móvel. No caso de as dobradiças metálicas serem
soldadas, é importante desmembrá-las antes da pintura e remontá-las após o móvel ter sido pintado.
Gonzo é um outro tipo de dobradiça menos complexa, executada em metal e “composta por
duas partes que ligam ao mesmo eixo, permitindo movimento em portas, janelas, tampas, etc.”
(Priberam, 2021). O Gonzo é formado, basicamente, por um pino chamado de espigão (macho) que se
encaixa no furo de uma peça cilíndrica chamada cachimbo (fêmea) (Ecivil, 2021). São muito
empregados em móveis metálicos e, geralmente, são soldados diretamente no móvel, sendo uma das
partes no corpo e a outra parte na porta (Figura 31 e 32).
TROCANDO IDEIAS
Nesta aula, falamos sobre metais, sendo aço, carbono, aço inox e alumínio, que podem ser
encontrados no mercado em diversos formatos, como chapas, tubos, barras maciças, entre outros.
Então, vamos agora trocar ideias com os colegas (via fórum on-line) sobre como empregar esses
metais em mobiliário e, assim, exponha em detalhes de que forma você desenharia um móvel nesses
materiais. Diga: ele seria todo feito em metal ou apenas uma parte? Qual metal utilizaria? Para que
NA PRÁTICA
Pratique o que aprendeu aqui pesquisando em sites e em lojas físicas, móveis executados em
metal, localize pelo menos uma imagem de cada material, sendo aço carbono, aço inox e alumínio.
Também analisem se para execução desses móveis foram empregados chapas, tubos e/ou barras
FINALIZANDO
Nesta aula, estudamos os tipos de metais, seus acabamentos e relacionamos com o processo
produtivo de mobiliário, por meio de diferentes tipos de ferragens que podem ser empregadas para
construção de móveis metálicos. Sendo assim, abordamos uma gama enorme de assuntos que
poderão contribuir muito com o futuro profissional de quem irá trabalhar com design de móveis para
REFERÊNCIAS
quente sobre uma chapa de aço livre de intersticiais. [s.l.] Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, 2001.
BRUNATTO, S. F. Introdução ao estudo dos aços. [s.l.] Universidade Federal do Paraná, 2016.
<http://www.crvindustrial.com/blog/tipos-de-parafusos-e-suas-aplicacoes?gclid=CjwKCAjw2P-
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<http://crvindustrial.com/blog/tipos-de-cabecas-de-parafusos?gclid=Cj0KCQjwt-
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EDWARDS, J. Coating and surface treatment systems for metals: a comprehensive guide to
selection. United Sta ed. [s.l.] Finishing Publications Ltd. and ASM International, 1997.
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2021.
2021.
[1] Imagens meramente ilustrativas. Elas tratam de uma referência para cada tipo de material
[2] O tubo ou chapa calandrada é o produto que inicialmente era reto e, por meio de uma
executados manualmente com uma ferramenta conhecida por Macho ou por meio de máquinas CNC.
[4] “Prisioneiros RIVKLE®” é um nome registrado pela empresa Boellhoff para seu modelo de