Pediatria Ambulatorial: Rev Med Minas Gerais 2018 28 (Supl 2) : S23-S127
Pediatria Ambulatorial: Rev Med Minas Gerais 2018 28 (Supl 2) : S23-S127
PA 003 ANSIEDADE INFANTIL E SUAS DIFICULDADES: RELATO PA 004 PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS NA PSIQUIA-
DE CASO TRIA INFANTOJUVENIL EM AMBULATÓRIO ESCOLA DE BELO HORI-
MARIANA MARTINS GRASSI SEDLMAIER1, FELIPE CAMBRAIA PEREIRA DE BARROS2 ZONTE -MG
1. FCMMG MARIANA MARTINS GRASSI SEDLMAIER1, MARINA PATRUS ANANIAS DE SOUZA
2. HOSPITAL UNIMED BRANDÃO1, MARIA CAROLINA LOBATO MACHADO1
Introdução: os Transtornos de Ansiedade (TAs) nas crianças e adolescentes estão inclusos nos transtornos 1. FCMMG
mentais de prevalência relevante Epidemiologicamente na atualidade. TAs podem trazer aos pacientes
pediátricos grandes prejuízos funcionais, tanto relacionados ao convívio social, quanto ao desenvolvimento Objetivo: Este estudo teve como objetivo identificar a prevalência de transtornos mentais em pacientes atendidos
pessoal. Descrição do caso: Criança sexo feminino, 6 anos de idade, iniciou quadro agudo de intensa em ambulatório escola de psiquiatria infantil em Belo Horizonte, Minas Gerais. Métodos: Os dados foram coletados
enurese noturna associado à retenção urinária durante resto do dia. Mãe relata que filha não estava a partir da análise do livro de registros de atendimentos (ocorridos durante os anos de 2014 a 2017) preenchido por
aceitando dormir sozinha no seu próprio quarto, além de ter sono agitado. Do quadro social e familiar, médicos docentes e acadêmicos de medicina sob supervisão desses. Resultados: Foram analisados dados de 108
pacientes, com idade entre 3 e 25 anos (idade média ao diagnóstico foi 10,48 ± 4,16 anos), sendo encontrados 76
criança é filha única e presenciou separação conturbada dos pais. Discussão: Tem se tornado cada vez mais
pacientes (70,4) do sexo masculino, e 32 (29,6) do sexo feminino. Dentro dessa amostra os cinco transtornos mais
frequente transtornos psiquiátricos no público pediátrico, seja por predisposição hereditária, fatores de risco
prevalentes foram transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (n = 52, 48,6), transtorno de conduta (n = 20,
ambientais, traumas emocionais ou circunstâncias socioeconômicas. Quadros de Ansiedade estão inclusos
18,7), autismo (n = 18, 16,8), transtorno de ansiedade (n = 14, 13,1) e oligofrenia (n = 12, 11,2). Os sinais e sintomas
nessa incidência e muitas vezes representam reação da criança à alguma situação estressante ou traumática
mais registrados nesses atendimentos foram dificuldade escolar (n = 72, 66,7), dificuldade de concentração (n =
a qual foi submetida. Os TAs podem envolver vários sintomas psicossomáticos ou de somatização, que
51, 47,2), agitação (n = 45, 42,1), agressividade (n = 38, 35,2) e ansiedade (n = 26, 24,3). Além disso, 55 pacientes
muitas vezes constrangem, ridicularizam ou isolam ainda mais uma criança já fragilizada. Essa paciente foi
(65,5) possuíam história familiar de transtorno psiquiátrico e 9 pacientes (11,1) alegaram traumas emocionais
encaminhada ao serviço especializado, seguiu tratamento psicoterápico e não farmacológico do Transtorno no decorrer da vida. Conclusão: Os dados direcionam para os transtornos mentais prevalentes na população
de Ansiedade, alcamçando boa evolução clínica com o controle e atenuação dos sintomas. Conclusão: os pediátrica/hebiatra e reafirmam a relevância de programas preventivos na atenção primária, na comunidade e
transtornos de ansiedade, assim como todos demais transtornos psiquiátricos, merecem devida atenção nas escolas. Além disso, ressalta-se a importância do apoio ambulatorial e multidisciplinar dos pacientes com
médica e psicopedagógica, especialmente na população pediátrica/hebiatra. Suas consequências podem transtornos mentais e de seus familiares.
ser extremamente prejudiciais ao desenvolvimento do indivíduo ao gerar sequelas emocionais ainda mais
fortes. Diante disso, a prevenção primária e a abordagem terapêutica multidisciplinar são essenciais para a Palavra Chave: Psiquiatria Infantil, Saúde Mental Infantil.
condução clínica desse perfil de paciente e a preservação da sua saúde mental.
Agradecimentos: A Faculdade Ciências de Minas Gerais e setores responsáveis pela oportunidade de pesquisa
Palavra Chave: Ansiedade Pediátrica, Transtornos de Ansiedade, Separação. científica
Palavra Chave: Diarreia Aguda, Diarreia Pediátrica, Vulnerabilidade Palavra Chave: Displasia de Quadril, Atenção Primária, Manobra de Ortolani
Palavra Chave: Obesidade, Criança,Terapia Cognitivo-Comportamental Palavra Chave: Doenças do Prematuro, Seguimento Neonatal, Anemia Ferropriva
Agradecimentos: Secretaria Municipal de Saúde de Divinópolis, Ministério Saúde/ Educação - Pet Graduasus e
Fapemig
PA 010 RELATO DE CASO: QUEIMADURA POR ESCALDADURA foi deixada sobre o braço do sofá pela avó enquanto ela buscava água fria. Nesse
intervalo, a banheira caiu sobre o sofá onde a criança estava, provocando queimaduras de 1º
EM LACTENTE E O PAPEL DA PUERICULTURA NA PREVENÇÃO DE e 2º grau no tronco, períneo, membro superior direito e membro inferior esquerdo da criança.
ACIDENTES Após o acidente, a criança permaneceu internada por 75 dias e teve complicações como parada
cardiorrespiratória, estenose subglótica secundária a intubações e extubações e realização de
CAROLINE LUCHESI PAULETTI1, BÁRBARA CHRISTINA NOELLY E SILVA1, BIANCA HELLEN traqueostomia. Discussão: A literatura evidencia grande número de acidentes por queimaduras
SOUSA MARTINS1, DAIANA ELIAS RODRIGUES1, MARIA RITA ALVES BARBOSA DE PAIVA1, em crianças até 4 anos. Estudo retrospectivo realizado no centro de Tratamento de Queimaduras
MAYRA BORGES FONSECA1 na cidade de Ribeirão Preto apontou que a escaldadura por água é o principal agente causal de
queimaduras em crianças de 0 a 3 anos. Questões como aspecto sociocultural, características
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO da faixa etária, baixo nível socioeconômico e de instrução dos cuidadores e moradias pequenas
para o número de residentes são fatores de risco para as queimaduras. Conclusão: Neste relato
Introdução: No Brasil as queimaduras são a quarta causa de morte e hospitalização de crianças de caso, observou-se que a faixa etária da paciente, o local do acidente, o agente causal e o nível
e adolescentes até 14 anos. A escaldadura é um tipo de queimadura provocada por líquidos que socioeconômico da família correspondem aos principais fatores de risco descritos. Assim, fica
pode levar a graves repercussões na vida da criança e da família. Descrição do caso: M.V.S., 1 evidente a relevância da abordagem de medidas de prevenção de acidentes nas consultas de
ano e 9 meses, proveniente de Santo Antônio do Salto, Ouro Preto, Minas Gerais, compareceu puericultura.
ao Centro de Saúde para consulta de puericultura. Criança com história prévia de queimadura
por escaldadura aos 4 meses. Durante o preparo do banho, a banheira com água fervente Palavra Chave: Queimadura, Prevenção de Acidentes, Cuidado da Criança
PA 013 PREVALÊNCIA DE ANEMIA E QUALIDADE DE VIDA EM PA 014 DEPRESSÃO MATERNA E CONDIÇÕES SOCIOECONÔMI-
PRÉ-ESCOLARES CAS: COMO ESTES FATORES AFETAM A SAÚDE FÍSICA DA CRIANÇA
MARCUS VINÍCIUS SOUSA1, JACQUELINE DOMINGUES TIBURCIO1, JOEL ALVES NO PRIMEIRO ANO DE VIDA?
LAMOUNIER1, MÁRCIA REIMOL ANDRADE1, DANIELA DA SILVA ROCHA2 ISABELA RESENDE SILVA SCHERRER1, CLÁUDIA REGINA LINDGREN ALVES1, MARCELO
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI OLIVATI DO AMARAL1
2. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
1. UFMG
Introdução: Cerca de ¼ da população mundial tem anemia e metade dos casos está associada à deficiência Objetivo: Analisar como sintomas depressivos maternos e os fatores socioeconômicos afetam a saúde de crianças
de ferro. Prejuízos cognitivos e imunológicos, fadiga e inapetência são problemas clínicos observados. no primeiro ano de vida. Métodos: Coorte prospectiva, que acompanhou 120 diades em seis avaliações (0, 2,
Objetivos: Estimar a prevalência de anemia em crianças pré-escolares no município, avaliar a percepção 4, 6, 9, e 12 meses). Foram aplicados questionários sobre condições socioeconômicas da família e condições da
dos pais e/ou cuidadores sobre a qualidade vida (QV) das crianças. Métodos: Estudo de caráter descritivo gestação e perinatais, e os sintomas depressivos maternos foram triados pela Edinburgh Postnatal Depression Scale
transversal com base populacional, no qual foram incluídas as crianças matriculadas em creches, sob (EPDS), aos 2 e 9 meses, sendo considerada positiva para sintomas depressivos a pontuação maior ou igual a 10
responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação. A triagem de anemia foi realizada com aparelho pontos em um dos dois momentos. A avaliação da saúde infantil foi feita através da criação do“Escore de saúde
que determina a quantidade de hemoglobina (Hb) no sangue (hemoglobinómetro de leitura rápida) . infantil no primeiro ano de vida”, composto por sete itens (estado nutricional, duração do aleitamento materno
Foram utilizados os padrões diagnósticos da Organização Mundial de Saúde (OMS): sendo definido exclusivo, alimentação com 12 meses, vacinação, adoecimentos, acidentes domésticos e uso de sulfato ferroso). A
como anemia valores de Hb 11g/dl (anemia leve - 9 a 11g/dl, moderada - 7 a 9g/dl, grave 7g/dl). Um análise univariada utilizou a Regressão de Quasipoisson e o método Stepwise na seleção das variáveis. A partir das
questionário padrão, validado internacionalmente, foi utilizado para avaliar a percepção dos pais e/ variáveis selecionadas na análise univariada, foi ajustado um modelo multivariado pelo Quasipoisson e método
ou cuidadores sobre a QV das crianças. Os dados foram analisados por meio de medidas descritivas Backward, adotando um nível de 5 de significância. Resultados: A prevalência de sintomas depressivos foi de 35,8.
e inferência estatística com nível de significância de 5. Resultados: Das 115 crianças que realizaram Na análise univariada, as variáveis com significância foram: depressão, idade gestacional, sexo, peso, procedência,
exame de triagem de anemia, 33 (28,7) foram identificadas como anêmicas, sendo este dado compatível estado civil, classificação ABEP, bolsa família, idade da mãe e renda per capta. Na analise multivariada, porém,
com outros estudos semelhantes. Das 33 crianças identificadas, 32 (27,8) foram triadas como tendo apenas três variáveis permaneceram com significância estatística: depressão, estado civil materno e bolsa família. O
anemia leve e uma (0,9) triada como portadora de anemia moderada. De acordo com a OMS, pode-se escore de saúde infantil teve uma redução de 8 quando a mãe apresentou sintomas depressivos durante o primeiro
classificar a significância populacional da prevalência de anemia como normal ou aceitável (abaixo de ano pós-parto (p=0,04) ou quando ela não tinha companheiro (p=0,03), quando comparado a bebês cuja mãe
5), leve (5 a 19), moderada (20 a 39,9) e grave (maior ou igual a 40). Não houve correlações significativas não teve depressão ou que tinha companheiro, e aumento de 14 quando a família recebia o Bolsa família (p=0,02),
(p-valor0,05) entre anemia e os aspectos que compõem a QV (capacidade física, aspectos emocional, quando comparado as famílias que não recebiam o auxilio. Conclusão: A saúde mental materna e condições
social e escolar). Conclusão: De acordo com os resultados encontrados nesta pesquisa pode-se considerar socioeconômicas da família podem interferir na saúde integral das crianças. Portanto, o reconhecimento da
que a anemia, para o município, constitui um problema de Saúde Pública moderado, que embora não depressão materna e a oferta adequada de cuidados para toda a família, além de políticas públicas de combate à
tenha se apresentado estatisticamente associada com uma menor QV percebida pelos pais e cuidadores pobreza e promoção de apoio social são estratégias úteis na promoção da saúde infantil.
das crianças que compõe população em estudo, merece atenção por ser uma patologia reversível, que pode
ser prevenida e com alto potencial de morbidade. Palavra Chave: Depressão Materna, Saúde Infantil, Fatores Socioeconômicos
Palavra Chave: Anemia, Pré-Escolares, Qualidade de Vida Agradecimentos: Hospital Sofia Feldeman, Grand Challenges Canada/ Saving Brains.
PA 015 SINAIS DE ALERTA PARA O RISCO DE SUÍCIDIO EM PA 016 VERSÃO BRASILEIRA DO INSTRUMENTO DA OMS
CRIANÇAS E ADOLESCENTES PARA AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO NÍVEL
ANA LUIZA LODI BRAGA1, ALESSANDRA SANTOS PEDROSA1, PEDRO NATALE FERREIRA POPULACIONAL (IYCD)
FERNANDES2, ANA SOFIA SILVA MESQUITA3, PATRÍCIA CANUTO3, RACHEL A FERREIRA CLÁUDIA REGINA LINDGREN ALVES1, MARIANA LACERDA GONTIJO1, JANAINA MATOS
FERNANDES3 MOREIRA1, MARINA AGUIAR PIRES GUIMARÃES1, LÍVIA CASTRO MAGALHÃES1
1. PUC-MG 1. UFMG
2. FCMMG
3. UFMG Introdução: Há poucas evidências a respeito de instrumentos com validade preditiva sobre o desenvolvimento de
crianças em nível populacional. Objetivo: Apresentar o processo de criação do instrumento “WHO Indicators of
Introdução: Mundialmente, o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens. A identificação dos Infant and Young Development” (IYCD) e sua versão brasileira. Métodos: A equipe da Organização Mundial da
sinais de alerta para sua iminente ocorrência, em pacientes em risco, é essencial para tomada de medidas Saúde (OMS) e pesquisadores da Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Paquistão e Malaui desenvolveram
que possam evitá-las. Objetivo: Apresentar para a comunidade médica e para a sociedade, os sinais de um instrumento para triagem de problemas de desenvolvimento de crianças de 0 a 3 anos em nível populacional.
alarme para uma atitude de autoextermínio em crianças e adolescentes, que indiquem a necessidade de Realizou-se: revisão da literatura, meta-análise dos bancos de dados disponíveis e testagem do protótipo no Brasil,
uma abordagem imediata. Métodos: Revisão bibliográfica utilizando os descritores “suicídio”, “infância” Paquistão e Malaui. No Brasil foram feitos tradução e retrotradução, grupos focais, entrevistas com profissionais e
e “adolescência” nas bases de dados Scielo, LILACS e Google Acadêmico, delimitando os achados de familiares da zona urbana e interior de Minas Gerais para criação da versão em português. Os itens foram testados
2008 a 2018 em português e inglês. Além de manuais do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira por meio de relato dos pais (N=96) X observação direta das crianças (N=32), de entrevistas cognitivas (N=9) e
de Psiquiatria. Resultados: A discussão dos sinais de alerta para o suicídio em qualquer faixa etária e, testes de confiabilidade inter e intra-avaliadores (N=32). Realizou-se análise do desempenho das crianças em
especialmente em crianças e adolescentes, são frequentemente encobertas e negligenciadas pelos diversos cada item em cada país e verificação da associação da performance com antropometria, nível socioeconômico
tabus morais que cercam o tema. Embora não exista um padrão que deixe explícita as intenções de e indicadores do contexto familiar. Analisou-se a confiabilidade dos itens pelo modelo de resposta ao item (TRI),
autoextermínio nesta população, alguns comportamentos têm sido identificados como “alarme”, dentre com ponto de corte em 80 para sua seleção. Resultados: A versão do instrumento IYCD em português do Brasil foi
eles: Diálogos ou desenhos que abordem morte, suicídio ou “desejo de sumir”, Isolamento de amigos e/ validada e pode ser solicitada à OMS. Removeram-se itens com curva de regressão logística pobre, resultados muito
ou família, Perda de interesse por atividades usuais, Queda no rendimento escolar e recusa a ir à escola, divergentes entre os países, testes cognitivos insatisfatórios e pouca discriminação entre as faixas etárias. Criou-se o
Mudança de hábitos gerais, como de sono, alimentares ou de higiene, Irritabilidade, choro frequente e protótipo com itens de desenvolvimento motor, linguagem/cognitivo, sócio-emocional e comportamentos gerais,
divididos em 5 faixas etárias entre 0 a 36 meses. Criou-se versão eletrônica do instrumento, contendo imagens
agressividade, Uso de álcool e outras drogas, Atitudes de automutilação ou exposição constante a situações
e sons para facilitar a compreensão dos itens pelas famílias. Conclusão: O IYCD foi desenvolvido baseado nas
de risco, Acentuado interesse por filmes violentos e de terror e Cartas de despedidas. Conclusão: O melhores evidências cientificas, com rigorosa metodologia, visando à criação de um instrumento universal para
reconhecimento de fatores de risco para o suicídio em crianças e adolescentes, como doenças mentais, monitoramento do desenvolvimento da primeira infância em nível populacional, ainda sem pretensão de aplicação
bullying, histórico familiar de comportamento suicida e abuso sexual, é essencial para um cuidado clínica individual. A participação do Brasil neste projeto contribui para viabilização de pesquisas epidemiológicas
longitudinal e uma abordagem preventiva com o paciente. No entanto, é a partir da identificação de e de avaliação de políticas de saúde.
sinais de alerta, para eminência ou tentativa do autoextermínio, por profissionais da saúde, familiares,
professores e amigos, que propicia uma intervenção suficientemente precoce, com a implementação de Palavra Chave: Desenvolvimento, Indicadores, Instrumento de Avaliação
medidas emergenciais que impeçam a consumação do ato.
Agradecimentos: Organização Mundial de Saúde, Sec. de Saúde de Belo Horizonte e Diamantina, Hospital Sofia
Palavra Chave: “Suicídio”, “Infância”, “Adolescência” Feldman
Rev Med Minas Gerais 2018;28 (Supl 2): S23-S127 113
PA 017 CONDUTAS NA CRIANÇA QUEIMADA PA 018 LUTO NA INFÂNCIA: RELATO DE CASO
JOSEANE GRANDO1, HELENA MARIA SOUZA SANTOS1, CAROLINE MENDONÇA MARIA TERESA DE ANDRADE SOL1, THOMÁS VIANA DE SOUZA1, MARIA ELIZA
ARRUDA1, RAÍSA FURFURO E SÁ1, DANILO NADAL RODRIGUES1 MACHADO ROMEROS1, KAMYLLA VERSIANI ARAÚJO FARO 1
1. UNIVERSIDADE DE ITAÚNA 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Introdução: A queimadura é a terceira causa de morte por trauma nas diferentes idades e a Introdução: A morte é tratada muitas vezes como tabu na sociedade. Como consequência, adultos frequentemente
segunda em menores de 4 anos. Em crianças a maioria é acidental, ocorrendo no domicilio. adotam a atitude de tentar afastar as crianças desse tema, negando a necessidade de comunicar a elas a ideia de
Constituem um importante problema de saúde pública. No Brasil em de 2016 foram 21.390 morte. Esse silêncio, entretanto, traz consequências psicológicas duradouras, sendo prejudicial ao desenvolvimento
vítimas de queimaduras com idade inferior a 15 anos foram hospitalizados e 221 faleceram. cognitivo da criança. Em vista da escassez de trabalhos a respeito do tema, o presente caso possui como objetivo
Objetivo: Analisar as condutas eficazes para tratamento da criança queimada. Materiais e discutir o luto na infância e suas manifestações. Descrição do Caso: E.T.S., masculino, 9 anos, levado pela mãe
Métodos: Revisão bibliográfica dos últimos 5 anos, utilizando os descritores MeSh/DeCs à Unidade Básica de Saúde para avaliação de perfil lipídico solicitado em consulta prévia. Durante anamnese e
“Child”, “Burns” e “Management” no PubMed, Scielo e CochraneLibrary. Discussão: Os avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor, foram relatadas pela mãe dificuldades escolares, iniciadas há
sobreviventes podem apresentar limitações funcionais além dos prejuízos no âmbito social, cerca de três anos. Paciente demonstrou habilidades matemáticas compatíveis com a idade, demonstrou, porém,
econômico e psicológico. Após o trauma térmico há instalação de resposta inflamatória dificuldades em ler e escrever. Constatou-se que o início da queixa coincide com falecimento de sua avó paterna,
sistêmica. Queimaduras que afetem mais de 10 da superfície corporal Total (SCT) requerem que era sua cuidadora. E.T.S. frequentemente chora e apresenta-se retraído, demonstra também agressividade
hospitalização, sendo que queimaduras que envolvem mais de 30 podem evoluir com choque. principalmente quando abordado o falecimento da avó. Foi aventada a hipótese de dificuldade de aprendizagem
As crianças são mais susceptíveis á desidratação, requerendo maior reposição hídrica (ml/kg) na área de linguagem como uma reação ao luto e depressão, sendo a criança encaminhada à psicologia. Discussão:
em virtude da maior relação área corpórea/peso que os adultos. Caso não se consiga manter A morte exige uma reorganização emocional da criança e da família, capaz de interferir no desenvolvimento
a reposição endovenosa via intraossea faz-se necessária. Devido a menor espessura da pele infantil tanto a curto quanto a longo prazo. Essa resolução dependerá muitas vezes de como a perda ocorreu, sendo
queimaduras tendem a acometer camadas mais profundas a hiportemia é uma complicação a morte repentina associada à perda do sentimento de onipotência da criança e às emoções negativas. Já a morte
possível, devendo-se evitar compressas úmidas. Deve-se atentar a maior necessidade nutricional esperada é passível de um luto antecipatório, possibilitando maior preparo psicológico. A comunicação sobre a
secundária ao estado hipermetabólico, sendo necessário a inserção de um tubo nasogástrico em morte deve ocorrer independentemente da idade da criança, sendo adaptada ao linguajar e nível de compreensão.
crianças com mais de 40 da superfície corporal afetada. A elaboração do luto dependerá de fatores como conhecimento sobre a perda, padrões de relacionamento
familiar e oportunidade que lhe é dada de compartilhar sentimento e emoções. Conclusão: A equipe de saúde e a
Conclusão: A criança queimada possui epidemiologia e fisiopatologia peculiares, requerendo cuidados especiais. família devem ser acolhedores à criança em luto, atentando-se à sua vivência e lhe oferecendo suporte psicológico
A instituição de terapêutica inadequada está relacionada a maior morbimortalidade. necessário. Educar as crianças com conhecimento cognitivo da morte mostra-se como a melhor maneira de
prepará-los para o ajustamento frente a essa situação.
Palavra Chave: Queimadura, Prevenção, Criança
Palavra Chave: Luto, Desenvolvimento Infantil, Deficiências da Aprendizagem
PA 019 NEUROCIÊNCIA DA BRINCADEIRA: UMA FERRAMENTA PA 020 O PAPEL DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA AO PÚBLICO
PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL INFANTOJUVENIL COM TRANSTORNOS MENTAIS
CASSIO FREDERICO VELOSO1, FERNANDA DANTAS MEZEZES1, LIUBIANA ARANTES RACHEL DA SILVA SANTOS1, ISABELA MIE TAKESHITA1, FRANCIELLE DE ÁVILA BOEIRA1,
ARAÚJO1 MICHELLE LACERDA AZEVEDO1, KELLY FÁTIMA BATISTA DIAS1, LUCIANA ALVES
SILVEIRA MONTEIRO1, LUCIANA RAMOS DE MOURA1, ALESSANDRA LIMA SILVA
1. UFMG
JARDIM1, MARCELO MEDEIROS SALLES1, ROSANGELA DURSO PERILLO1
Introdução: Diante do direito de brincar, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), discute-se o
papel do lúdico como recurso para o desenvolvimento infantil, com efeitos a nível cerebral, segundo evidências 1. FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS
neurocientíficas. Objetivo: Descrever, a partir de estudos da neurociência, como o brincar pode ser um recurso Introdução: Entender as diversas possiblidades terapêuticas e a importância da educação em saúde no
potencializador da aprendizagem. Método: Revisão bibliográfica a partir de artigos nas bases de dados Pubmed
processo de adaptação e reinserção social, pode garantir que o enfermeiro pratique uma assistência
(321) e Lilacs (63) e documentos disponibilizados virtualmente por associações médicas de pediatria, utilizando-
mais qualificada para este público. Objetivo: Descrever, á luz da literatura, o papel do enfermeiro no
se os descritores DeCS e MeSH,: “brincadeira”, “aprendizagem”, “desenvolvimento infantil”, entre 2010 e 2018.
atendimento ao público infantojuvenil com transtornos mentais. Métodos: Revisão integrativa da
Resultados: encontrados 384 artigos e 3 documentos, dos quais foram selecionados 31. Excluiu-se aqueles estudos
que envolviam síndromes e transtornos mentais ou de aprendizagem e, selecionados aqueles que descreviam os literatura nacional e internacional sobre as publicações relacionadas ao papel do enfermeiro na assistência
impactos do lúdico no desenvolvimento de habilidades cognitivas e nos processos de aprendizagem das crianças. a crianças e adolescentes com transtornos psiquiátricos. Como base de dados foram utilizados a BVS e
As atividades que envolvem o brincar ativam as conexões cerebrais e o Sistema Límbico, produzindo sensação EBSCO. A amostra constituiu-se de 15 artigos, publicados entre 2013 a 2017, nos idiomas português e
de bem estar, prazer e alegria. Assim, a aprendizagem através de recursos lúdicos possibilita o desenvolvimento inglês. Resultados: O enfermeiro atua de maneira integral, abrangendo desde a gestão e organização do
cerebral, com formação de maior número de conexões entre as diferentes áreas, como aquelas entre o sistema cuidado, perpassando o atendimento diferenciado com olhar individualizado e respeitoso, valorizando
límbico e neocórtex, otimizando o potencial da cognição, da criatividade e das funções executivas, os quais a promoção da autonomia e ressocialização desses jovens e de suas famílias e chegando a inclusão do
favorecem a aprendizagem. Além disto, há liberação de neurotransmissores como a dopamina e endorfina, que familiar/cuidador no planejamento do cuidado. Conclusão: O enfermeiro executa um papel complexo
ativam a mielinização e sinaptogênese cerebral e outros órgãos do corpo, aprimorando a neuroplasticidade e o e fundamental frente a assistência à crianças e adolescentes com transtornos mentais, a fim de garantir
aprendizado duradouro. Promove também o desenvolvimento da afetividade, percepção, expressão, raciocínio a manutenção da qualidade de vida desses jovens. Essa complexidade é resultante da variedade de
e socialização. Conclusão: Profissionais da saúde devem orientar famílias e educadores, partindo de evidências, intervenções e olhares que esse profissional pode desempenhar. Ao mesclar cuidado e gestão o enfermeiro
sobre o brincar e suas contribuições para o aprendizado efetivo e o desenvolvimento de aspectos cognitivos, sociais se torna diferenciado, entretanto, apesar dessa completude profissional, é importante que este, desenvolva
e emocionais das crianças. conhecimento aberto, reflexivo e embasado.
Palavra Chave: Desenvolvimento, Neurociência, Lúdico, Brincar, Cérebro Palavra Chave: Child Psychiatry, Adolescent Psychiatry, Community Mental He
PA 021 IMPORTÂNCIA DE PUERICULTURA REGULAR COM PA 022 O MANEJO AMBULATORIAL DA CELULITE ORBITÁRIA
AVALIAÇÃO DO PERÍMETRO CEFÁLICO PARA A SUSPEITA DE TUMOR PRÉ-SEPTAL NA CRIANÇA
ENCEFÁLICO SABRINA CAMPOS DA ENCARNAÇÃO MARTINS1, RAIANE CRISTINA DE ALMEIDA LOPES1
AUGUSTO RANGEL MATTOS JARDIM1, MARIA PASSOS BIANCHINI1, MARIA PAULA DE 1. UNIVERSIDADE DE ITAÚNA
MELLO NOGUEIRA1, SOFIA GONZAGA GARCIA1, LUISA LEAL BARBOSA CORREIA DE
ANDRADE1 Introdução: A celulite pré-septal (CPS) é a infecção de partes moles caracterizada pela presença de
sinais inflamatórios periorbitários, sem envolvimento de estruturas oculares. O tratamento adequado
1. FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS depende da distinção entre celulite orbitária pré e pós-septal. Descrição do Caso: Paciente BARH,
6 anos, sexo feminino, evoluiu com edema periorbital, dor, calor e rubor de pálpebras, associado
Introdução: Relato de caso de paciente pediátrico com papiloma de plexo coroide que foi investigado devido ao a local de drenagem em olho direito com resolução espontânea. Iniciou com mesmo quadro em
correto acompanhamento e avaliação do perímetro cefálico (PC) durante as consultas de puericultura. Descrição olho esquerdo, porém sem melhora espontânea, sendo necessário tratamento ambulatorial. Paciente
do Caso: Paciente B. S. K., 4 anos e 9 meses, nascido a termo com PC de 36 cm, foi acompanhado desde o primeiro em bom estado geral, sem outras alterações no exame clínico. Sendo a hipótese diagnóstica
mês em consultas de puericultura, nas quais o valor de PC se manteve dentro do esperado para a idade até os 8 CPS, foi prescrito Amoxicilina-Clavulanato 250mg/5ml, 07 ml de 8/8 horas por 7 dias, orientado
meses, quando era de 46 cm. Aos 10 meses seu PC atingiu 48,5 cm, ultrapassando a linha do escore +2. O paciente higienização local e retorno se não houver resolução do quadro. Discussão: A celulite orbitária pode
continuou a ser acompanhado a cada 2 meses para investigar possível causa de macrocrania. O PC continuou ser produzida por traumatismos locais, extensão de uma infecção vizinha ou raramente por via
acima do esperado para a idade, porém acompanhando a curva de crescimento e sem apresentar alterações
hematogênica, associado ou não a sinusite. A criança apresenta fatores predisponentes como ossos
neurológicas significativas. Aos 2 anos e 5 meses, quando a curva do paciente se distanciou significativamente
mais porosos, orifícios vasculares mais largos ou deiscência das suturas ósseas. Pacientes acima de
da linha do escore +2, este foi encaminhado para acompanhamento neurológico e foram solicitados exames
um ano, com infecção local leve e sem sinais de infecção sistêmica são tratados ambulatorialmente
complementares para a investigação. Aos 2 anos e 11 meses foi feito o diagnóstico de papiloma do plexo coroide,
localizado no terceiro ventrículo, com obstrução e hidrocefalia. Discussão: Os tumores do sistema nervoso central com antibióticos por via oral, porém devem ser avaliados em 24 horas. A celulite orbitária pré-septal
representam a segunda neoplasia mais frequente na infância e seu primeiro sinal pode ser o aumento do PC. A pode ser tratada com amoxicilina-clavulanato, sendo que o comprometimento de tecidos orbitários
criança pode também apresentar alterações de humor e comportamento, redução do aproveitamento escolar, requer antibioticoterapia venosa e drenagem cirúrgica. O uso de cefadroxila, cefalexina e cefuroxima
cefaleia, vômito e anorexia. Esses sintomas são muito comuns e inespecíficos, o que pode desviar o médico da mostrou bons resultados nos casos de CPS. O diagnóstico diferencial entre celulite pré e pós-septal
suspeita de uma neoplasia cerebral. Nesse contexto, a medição do PC é de grande importância tendo em vista é essencialmente clínico, complementado com tomografia computadorizada das órbitas e dos seios
o paralelismo entre seus valores e o crescimento do cérebro. Medindo-o rotineiramente em seu consultório, o paranasais quando necessário. Conclusão: A CPS corresponde à 87-94 dos casos de celulite da órbita.
pediatra está em condições de detectar precocemente importantes patologias intracranianas, como neoplasias, Cerca de 6 dos casos podem complicar com meningites e abcessos palpebrais. Nos casos pré-septais
contribuindo assim para um melhor prognóstico dessas doenças. Conclusão Os sintomas das neoplasias do sem critérios de internação, a via oral deve ser a preferida, recaindo a escolha sobre a amoxicilina
sistema nervoso central em crianças podem ser muito inespecíficos, o que dificulta um diagnóstico precoce. com ácido clavulânico de acordo com as principais referências. A implementação de um protocolo
Assim, a aferição da circunferência cefálica passa a ter extrema relevância para que este aconteça, o que ressalta a de atuação que privilegia o tratamento da CPS por via oral em ambulatório é condição importante
importância do acompanhamento do paciente pela Puericultura. para diminuição significativa de internações.
Palavra Chave: Puericultura, Perímetro Cefálico, Papiloma de Plexo Coroide Palavra Chave: Celulite Orbitária, Celulite Pré-Septal, Criança.
O transtorno do espectro autista (TEA) se manifesta antes dos 3anos de idade, caracterizado pela presença de um
desenvolvimento anormal e/ou comprometimento, percebido por déficits persistentes na comunicação e interação
social em múltiplos contextos e padrões de comportamento, interesses ou atividades restritas e repetitivas. Criança,
sexo feminino, nasceu parto cesariana com 34 semanas, devido a sofrimento fetal por provável oligohidrâmnio.
Nasceu com dificuldade respiratória, recebeu os cuidados de reanimação na sala de parto. O desenvolvimento
neuropsicomotor descrito pela mãe foi que a criança firmou a cabeça com 2meses, sentou sem apoio com 6meses,
engatinhou aos 9meses. A primeira alteração no desenvolvimento infantil notada foi atraso da fala com 1 ano
e 6 meses, a criança emitia apenas sons inteligíveis. A família procurou atendimento com neurologista infantil,
geneticista, porém não foi realizado um diagnóstico definitivo. Iniciou acompanhamento com fonoaudióloga
com 2anos e 2meses, apresentou boa resposta aos estímulos. O diagnóstico do TEA só ocorreu com 3anos e
6meses com psiquiatra infantil. Desde o diagnostico criança é acompanhada pela neuropscicologa infantil.
Atualmente a criança está com 4 anos e 6 meses apresenta o desenvolvimento das habilidades comprometidas
como fala/comunicação, socialização, cognitivas. Está inserida em uma escola regular e na série compatível com
sua idade cronológica, está em processo de alfabetização (silábica quantitativa), tem amigos, é independente,
realiza práxis, resolução de problemas, tem comunicação eficaz. A identificação de sinais precoces de problemas
na criança possibilitou a instauração imediata de intervenções, uma vez que os resultados positivos em resposta
a terapias são tão mais significativos quanto mais precocemente instituídos. A maior plasticidade das estruturas
anátomo-fisiológicas do cérebro nos primeiros anos de vida e o papel fundamental das experiências de vida de
um bebê, para o funcionamento das conexões neuronais e para a constituição psicossocial, tornam este período
um momento sensível e privilegiado para intervenções. Conclui-se apesar de o autismo apresentar dificuldades,
no relacionamento social e no processo de aprendizagem, é possível que o autista se torne uma pessoa capaz de
conviver em sociedade e evoluir como qualquer outro indivíduo não portador do transtorno, sobretudo quando
são realizadas as intervenções adequadas o mais precoce possível.
Palavra Chave: AUTISMO, APRAXIA DE FALA
Agradecimentos: CLÍNICA ESTIMULAR