Vicente-Kuperman-Funahashi-61CBC4880-Termicos e DEF Eólicas

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Como reduzir a probabilidade de fissuração de origem térmica e

formação de etringita tardia em bases de aerogeradores de torres


eólicas?
How to minimize the probability of thermal cracking and delayed ettringite formation in
concrete blocks of wind turbine tower?

(1) Grazielle Ribeiro Vicente (2) Selmo Chapira Kuperman (3) Eduardo I. Funahashi Jr.

(1) Engenheira Civil, Desek Ltda., [email protected]


(2) Diretor, Desek Ltda., [email protected]
(3) Engenheiro Civil, Desek Ltda., [email protected]
Av. Nove de Julho, 3229, cj. 1511 – Jardim Paulista – São Paulo, SP

Resumo
Bases de aerogeradores de usinas eólicas normalmente são estruturas massivas de concreto, portanto são
mais suscetíveis à fissuração de origem térmica e à formação da etringita tardia, por este motivo torna-se
necessário o controle da elevação de temperatura em seu interior, através da utilização de dosagem de
concreto adequada e definição do plano de concretagem, conforme condições da obra. Este trabalho mostra
como é possível reduzir a ocorrência dessas manifestações patológicas em bases de aerogeradores e
apresenta os resultados do estudo de temperaturas e tensões de origem térmica. Para o zoneamento das
temperaturas de lançamento do concreto e definição do plano de camadas de concretagem o estudo
empregou um modelo tridimensional de elementos finitos utilizando-se o software B4cast. As bases dos
aerogeradores, objeto deste estudo, possuem diâmetro de 17,6m, altura de 2,85m, com volume teórico de
464 m³ e foram concretadas em uma única etapa. A resistência característica do concreto é de 30 MPa aos
28 dias. Para comparação com os valores de temperaturas obtidos nas simulações, durante e após a
concretagem, foram instalados termômetros no interior da estrutura. Os resultados demonstraram a
importância dos estudos térmicos, através de simulação computacional, para definição do nível de
refrigeração do concreto fresco e escolha da metodologia construtiva e logística adequada. Chama-se a
atenção para a importância de simulação computacional para diminuição dos riscos de fissuração do
concreto, permitindo a construção de estruturas mais seguras e duráveis.
Palavra-Chave: concreto massa, fissura, software b4cast, estudo térmico, refrigeração do concreto.

Abstract
Foundation blocks of wind turbine tower are usually massive concrete structures, therefore they are more
susceptible to thermal cracking and delayed ettringite formation, for this reason it is necessary to control
temperature elevation, through the use of adequate mix design and concrete placement planning according
to the local conditions. This work presents how it is possible to reduce the occurrence of these pathological
manifestations in foundation blocks and the results of the study of temperatures and thermal stresses. This
study used a three-dimensional model of finite elements using the B4cast software to define the temperature
at the time of concrete placement and the concrete placement planning. The blocks of this study have a
diameter of 17.6m, 2.85m high comprising a theoretical volume of 464 m³. The concrete was specified as a
characteristic strength of 30 MPa at 28 days. Thermometers were installed inside the structure for
comparison with the temperature values obtained in the simulations, during and after concreting. The results
demonstrated the importance of thermal studies through computational simulation to define the placing
temperature and concrete placement planning. It shows the importance of computational simulation to
reduce the risks of concrete cracking and making structures safer and more durable.
Keywords: mass concrete; crack; b4cast software, thermal study, cooling concrete.

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1. Introdução
A realização de estudos térmicos para estruturas de concreto massa é importante para
mitigar a probabilidade de algumas manifestações patológicas que afetam a sua
durabilidade.

Neste trabalho é apresentado um exemplo que mostra a eficiência do uso de simulações


computacionais, através do método dos elementos finitos, para avaliar as evoluções de
temperaturas e das tensões de tração de origem térmica geradas pelo concreto.

Em algumas obras observa-se que ainda há dúvidas sobre quais estruturas podem ser
consideradas como concreto massa e como minimizar a elevação de temperatura nestas
estruturas para mitigar as manifestações patológicas devido as reações de hidratação do
cimento. Por definição, concreto massa é qualquer volume de concreto com dimensões
grandes o suficiente que requeiram meios especiais para controlar o calor gerado pela
hidratação do cimento e a consequente mudança de volume, a fim de minimizar o risco de
fissuração (ACI COMMITTE 116, 2000).

A fissuração de origem térmica pode ocorrer em peças cuja menor dimensão seja
inclusive de 1 m, dependendo das restrições existentes e do calor gerado (Sachs, 2012).
Uma estrutura massiva de concreto apresenta grande geração de calor, devido às
reações exotérmicas do material cimentício e a seguir queda de temperatura até o
equilíbrio com o meio ambiente. Esta queda de temperatura poderá originar elevadas
tensões de tração que, se superarem a resistência à tração do concreto, resultarão em
fissuras que podem ser indesejáveis. Além disso, é importante considerar como fator
limitante a temperatura máxima no interior da estrutura de 65°, para evitar a possibilidade
de eventual formação de etringita tardia no futuro.

A chamada etringita tardia ou, internacionalmente conhecida como DEF (Delayed


Ettringite Formation) pode danificar de maneira severa uma estrutura de concreto. A
etringita primária (trisulfoaluminato de cálcio) consiste em um produto comum formado
durante a hidratação do cimento a partir de reações do C3A (aluminato tricálcico) e do
C4AF (ferroaluminato tetracálcico) com gesso, na fase ainda plástica do concreto.
Entretanto, já foi comprovado que se a temperatura no interior do concreto atingir valores
superiores a 65°C os sulfatos podem ser incorporados a outras fases do cimento. Este
efeito também pode vir a ocorrer, em alguns casos, para temperaturas superiores a 60°C.
Após o endurecimento do concreto, caso haja presença de água pode ocorrer a formação
de uma etringita secundária com aumento de volume e consequente expansão deletéria.

O aparecimento da DEF pode ocorrer após poucos meses ou alguns anos após a
execução da estrutura, dependendo de vários fatores, sendo o principal deles a
disponibilidade de água. O processo expansivo pode resultar em fissuração e redução
das características mecânicas do concreto podendo provocar deformações não previstas
em projeto além de aumento nas tensões de tração no concreto e na armadura, por este
motivo é importante mitigar esta manifestação patológica.

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2. Informações de projeto
Foram construídas 26 bases de aerogeradores, todas iguais, com diâmetro de 17,6m,
altura de 2,85m e volume teórico de 464 m³. As bases de concreto com fck=30 MPa foram
concretadas em uma única etapa, sobre concreto magro (fck=15MPa) com espessura de
10 cm e uma base de concreto de fck=25 MPa na parte central com 33 cm de espessura
sobre uma camada de isopor de 20 cm.

De acordo com a especificação do projeto, a temperatura máxima atingida pelo concreto


deveria ser de 60°C.

3. Estudo térmico
Para determinar as condições necessárias para a execução das bases, a fim de evitar
manifestações patológicas, decidiu-se fazer uma simulação computacional, usando o
software de elementos finitos B4cast versão 4.03.

3.1. Dosagem do concreto


A Tabela 1 apresenta o traço de concreto utilizado na execução das bases.

Tabela 1. Dosagem do concreto (fck=30MPa)


Material Consumo (kg/m³)
Cimento CP IV 32 383
Areia natural 771
Brita 0 983
Água 55,2
Gelo 128,8
Aditivo Sika Plast 800 BM 3,33

Com base na dosagem do concreto, a massa específica adotada na simulação foi de


2320 kg/m³. Para realização dos estudos térmicos, além destas informações, torna-se
necessário conhecer as propriedades térmicas e mecânicas do concreto, tais como
elevação adiabática de temperatura, resistência à compressão, resistência à tração,
módulo de elasticidade, calor específico, condutividade térmica, coeficiente de dilatação
térmica, entre outros.

3.2. Propriedades mecânicas do concreto


O coeficiente de Poisson do concreto foi estimado a partir da dosagem do concreto. O
valor adotado para os cálculos foi de 0,20.

Os resultados dos ensaios de resistência à compressão aos 2, 7 e 14 dias foram


fonecidos com base nos ensaios realizados em laboratório. Os valores de resistência à
compressão aos 28 dias e 61 dias foram estimados. Para o estudo de tensões de origem
térmica adotou-se os valores de resistência à tração calculados a partir dos resultados de
resistência à compressão, conforme a NBR 6118:2014. Os resultados de resistência à
tração e compressão estão apresentados no Gráfico 1.
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Resistência à Tração e Compressão - Base dos aerogeradores
45

40

35 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

30
Resistência(MPa)

25

20

15

10

5 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo(dias)
Resistência à Tração Resistência à Compressão
Gráfico 1. Evolução estimada da resistência à tração e à compressão (fck=30MPa)

Os valores de módulo de elasticidade do concreto e sua evolução foram estimados de


acordo com a fórmula da NBR 6118:2014, que leva em conta os resultados de resistência
à compressão, considerando o agregado graúdo como calcário. O Gráfico 2 mostra a
evolução do módulo de elasticidade secante utilizado na simulação térmica.

Módulo de Elasticidade - Base dos aerogeradores


35000

30000
Módulo de Elasticidade (MPa)

25000

20000

15000

10000

5000

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo (dias)
MÓDULO DE ELASTICIDADE (MPa)
Gráfico 2. Evolução do módulo de elasticidade secante do concreto.

Como parte dos dados relativos ao concreto foram obtidos da bibliografia, considerou-se
adequado supor que a fluência reduzisse as tensões de tração em cerca de 30%,
seguindo comentários do comitê ACI-207 “Mass Concrete”.

3.3. Propriedades térmicas do concreto


Como as propriedades térmicas do concreto não foram determinadas através de ensaios,
as mesmas foram estimadas com base em dados de bibliografias, considerando a litologia
dos agregados.

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A empresa fornecedora do concreto informou que a areia natural é de quartzo e que a
areia artificial e as britas de calcário. Com base nisso, os valores estimados para este
concreto foram:

- Calor específico: 0,94 kJ/kg.°C;


- Condutividade térmica: 10,0 kJ/m.h.°C;
- Coeficiente de dilatação térmica: 11,3x10-6/°C.

Os valores do calor de hidratação do cimento CP IV 32 foram os obtidos em ensaio. Estes


valores são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Calor de hidratação do cimento CP IV 32


Resultados (J/g)
24h 41h 72h 120h 168h
221 245 258 264 278

A partir destes valores, foi ajustada uma curva de evolução do calor de hidratação do
cimento CP IV 32, conforme apresentado no Gráfico 3.

Calor de Hidratação - Cimento Portland CP IV 32


300

270
264 278
240 258
245
210
Calor de Hidratação (J/g)

221
180

150

120

90

60

30

0
0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Tempo(horas)
CURVA DA EVOLUÇÃO DO CALOR DE HIDRATAÇÃO - CP IV 32
DADOS DO ENSAIO (CALOR DE HIDRATAÇÃO)
Gráfico 3. Evolução do calor de hidratação do cimento CP IV 32

A partir da evolução do calor de hidratação, do consumo do cimento, da massa específica


e do calor específico do concreto foram calculados os valores de elevação adiabática a
partir da fórmula de Rastrup. A evolução da elevação adiabática do concreto é
apresentada no Gráfico 4.

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Elevação adiabática - Base dos aerogeradores
50
Elevação de Temperatura (°C)

40

30

20

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Tempo(dias)
Gráfico 4. Evolução da Base
elevação adiabática do concreto
aerogeradores

3.4. Condições de contorno


Para os cálculos das tensões de origem térmica é relevante ter-se conhecimento das
condições climáticas da região da obra. Para este caso utilizou-se o valor da temperatura
média igual a 33°C e da velocidade média do vento igual a 10 m/s. Estes valores foram
adotados na simulação.

As características adotadas para a base de apoio foram estimadas com base em dados
de bibliografia, periódicos e dissertações existentes, considerando apoiada em solo-
cimento com concreto magro de nivelamento com espessurra de 10 cm e f ck=15MPa,
base de concreto de fck=25 MPa na parte central de 33 cm de espessura sobre uma
camada de isopor de 20 cm.

3.5. Malha de elementos finitos


A malha utilizada nos cálculos é apresentada na Figura 1. Para facilitar a realização dos
estudos térmicos, a base foi dividida em 4 partes e foi considerada a sua simetria.

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Figura 1. Exemplo de malha de elementos finitos gerada através do software B4cast

4. Resultados dos estudos térmicos


A Figura 2 apresenta as isotermas fornecidas pelo software a partir dos cálculos de
temperaturas.

Figura 2. Isotermas na seção longitudinal a partir dos cálculos de temperaturas – 45 horas após o início do
lançamento do concreto – Temperatura de lançamento do concreto=15°C
A partir das isotermas, para análise dos resultados, foram escolhidas as regiões mais
críticas, ou seja, onde ocorrem as maiores temperaturas e com probabilidade de maiores
tensões. A localização dos pontos de estudo é apresentada na Tabela 3.

Tabela 3. Localização dos pontos de estudo


Coordenadas (m)
Pontos de estudo
X Y Z (altura)
A 0,00 4,75 0,80
B 4,75 0,00 0,90
C 6,50 3,80 1,00
D 6,50 0,00 1,10
E 0,00 4,40 2,04
F 0,00 4,20 2,20
G 3,70 0,00 2,36
H 0,00 4,10 2,45
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O Gráfico 5 e o Gráfico 6 apresentam as temperaturas máximas atingidas em cada ponto
de estudo, independentemente do instante em que ocorreram.

Resumo das Máximas Temperaturas - Concreto fck=30 MPa


(Pontos A, B, C e D)
74

72

70
Temperaturas Máximas (°C)

68

66

64 Temperatura Máxima =65°C

62

60
Temperatura Máxima =60°C
58

56

54
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
Temperatura de Lançamento (°C)
A (h=0,80m) B (h=0,90m) C (h=1,00m) D (h=1,10m)

Gráfico 5. Resumo das máximas temperaturas – Concreto fck=30MPa – Pontos A, B, C e D

Resumo das Máximas Temperaturas - Concreto fck=30 MPa


(Pontos E, F, G e H)
66

64
Temperatura Máxima =65°C
Temperaturas Máximas (°C)

62
Temperatura Máxima =60°C
60

58

56

54

52

50
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
Temperatura de Lançamento (°C)
E (h=2,04m) F (h=2,20m) G (h=2,36m) H (h=2,45m)

Gráfico 6. Resumo das máximas temperaturas – Concreto fck=30Pa – Pontos E, F, G e H

Os cálculos possibilitaram identificar o desenvolvimento das tensões máximas prováveis


de ocorrerem, em cada ponto estudado, quando da construção da base. Para cada ponto
foi realizada uma comparação da resistência média à tração considerando Fluência (30%)
e Fatores de Segurança (FS) iguais a 1,1 e 1,2.

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O Gráfico 7 e o Gráfico 8 apresentam as tensões principais maiores atingidas nos pontos
de estudo da base.

Resumo das Tensões Principais Maiores - Concreto fck=30 MPa


(Pontos A, B, C e D)
6,5
Tensões Principais Maiores Máximas (MPa)

6,0

5,5

5,0

4,5 fct =4,6MPa (Fluência e FS=1,1)


4,0
fct =4,1MPa (Fluência e FS=1,2)
3,5

3,0

2,5

2,0

1,5
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Temperatura de Lançamento (°C)

A (h=0,80m) B (h=0,90m) C (h=1,00m) D (h=1,10m) fct(Fluência e FS=1,2) fct(Fluência e FS=1,1)

Gráfico 7. Resumo das tensões principais maiores – Concreto fck=30MPa – Pontos A, B, C e D

Resumo das Tensões Principais Maiores - Concreto fck=30 MPa


(Pontos E, F, G e H)
5,0
Tensões Principais Maiores Máximas (MPa)

4,5 fct =4,6MPa (Fluência e FS=1,1)


4,0
fct =4,1MPa (Fluência e FS=1,2)
3,5

3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
Temperatura de Lançamento (°C)
E (h=2,04m) F (h=2,20m) G (h=2,36m) H (h=2,45m) fct(Fluência e FS=1,2) fct(Fluência e FS=1,1)

Gráfico 8. Resumo das tensões principais maiores – Concreto fck=30MPa – Pontos E, F, G e H

Em uma primeira análise de possibilidade de fissuração da base, foi realizada uma


comparação entre a evolução da resistência à tração do material e a evolução das
tensões de origem térmica em cada ponto estudado.

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A partir dos cálculos e análises efetuados, a seguir sugere-se um zoneamento de
temperatura máxima de lançamento do concreto para que a possibilidade de fissuração
seja minimizada.

A Figura 3 mostra o zoneamento de temperaturas máximas de lançamento do concreto, já


nas fôrmas, considerando uma etapa de concretagem, fluência (30%), Fator de
Segurança (FS) igual a 1,1 e a limitação de temperatura de 60°C.

Figura 3. Zoneamento de temperaturas de lançamento máximas do concreto fresco (dimensões em metros)

A partir da dosagem e características dos materiais empregados, foi estimada a


temperatura de lançamento do concreto com a utilização de gelo, como substituição
parcial da água de amassamento. Dependendo das condições ambientais, temperaturas
dos materiais e condições de carregamento e transporte do concreto durante a
concretagem estas quantidades poderiam variar.

Segundo informações fornecidas pelo fornecedor de concreto, baseado em testes práticos


realizados em obra, com a adição de 51 kg/m³ de gelo a temperatura do concreto resulta
em 28,2°C. Com base nisso foram feitos balanços térmicos para determinar a quantidade
de gelo necessária para obter o concreto com temperaturas de lançamento iguais a 18°C
e 21°C.

A temperatura dos agregados medida nas baias foi de 36°C na superfície e 26°C no seu
interior, por este motivo foi adotado o valor médio de 31°C. Além disso, considerou-se a
umidade da areia igual a 3% e da brita igual a 1%.

A Tabela 4 apresenta o balanço térmico do concreto para obter a temperatura de


lançamento máxima de 21°C.

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Tabela 4. Balanço térmico do concreto – fck = 30 MPa – Temperatura de lançamento=21ºC

A Tabela 5 apresenta o balanço térmico do concreto para obter a temperatura de


lançamento máxima de 18°C.
Tabela 5. Balanço térmico do concreto – fck = 30 MPa – Temperatura de lançamento=18ºC
BALANÇO TÉRMICO - (30MPa/28d) GELO 61%
Materiais Consumo Calor esp. q = mc E Ti Tf Ti - Tf Quant.Calor (kcal/m³)
Mistura (kg/m3) (kcal/kg.C) (kcal/m³.°C) (kcal/m³) (C) ( C ) (C) Positivo Negativo
Cimento 383 0,159 60,90 60,90 60,0 60,0 3654
Areia Natural 771 0,191 147,26 147,26 31,0 31,0 4565
Brita 0 983 0,176 173,01 173,01 31,0 31,0 5363
Água 39 1,000 38,80 38,80 28,0 28,0 1086
Gelo 112 0,500 56,12 56,12 -3,0 0 -3,0 0 -168
Fusao do Gelo 112 0,000 0,00 0,00 0,0 0 0,0 0 -6734
Gelo/Agua 112 1,000 112,24 112,24 -3,0 0 -3,0 0 -337
Aditivo (Sikam ent RM 300 NE) 3,3 1,000 3,33 3,33 28,0 28,0 93
Umidade Areia A 23,1 1,000 23,13 23,13 31,0 31,0 717
Umidade Brita B 9,8 1,000 9,83 9,83 31,0 31,0 305
Mistura Betoneira - - - - - - - 2000,00
Equivalente em água (E=mc) = 624,6 kcal/m³
Quantidade total de calor (Q) = 10544,1 kcal/m³.°C
Calor específico (c ) = 0,27 kcal/kg.°C

Temperatura de saída do concreto da betoneira (Q / E) = Tc = 16,9 °C


Ganho de temperatura no transporte até o local de lançamento = Tt = 1,0 °C
Temperatura de lançamento do concreto = TL = 17,9 °C

Com base nisso, foi necessário adicionar, no mínimo, 112 kg/m³ de gelo para obter um
concreto com temperatura de lançamento igual ou inferior a 18°C e 75 kg/m³ de gelo para
obter um concreto com temperatura de lançamento igual ou inferior a 24°C.
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5. Monitoramento das temperaturas em campo
Além do controle da temperatura de lançamento do concreto, foi feito o monitoramento
das temperaturas durante e após a concretagem, através da instalação de termopares no
interior da estrutura.

As leituras das temperaturas foram realizadas a partir de registrador automático de dados


(Data Logger) programado para realizar leituras a cada 5 minutos, totalizando 145 horas
de monitoramento. As temperaturas máximas ocorreram aproximadamente a 48 horas
após o início do lançamento.

Entre o Gráfico 9 e o Gráfico 16 são apresentadas as comparações entre as temperaturas


medidas através dos termopares e as temperaturas calculadas através da simulação
computacional.

Gráfico 9. Comparação das temperaturas do Gráfico 10. Comparação das temperaturas do


termopar A termopar B

Gráfico 11. Comparação das temperaturas do Gráfico 12. Comparação das temperaturas do
termopar C termopar D

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Gráfico 14. Comparação das temperaturas do
Gráfico 13. Comparação das temperaturas do termopar F
termopar E

Gráfico 15. Comparação das temperaturas do Gráfico 16. Comparação das temperaturas do
termopar G termopar H

6. Conclusões
Com base na análise dos resultados deste estudo foi possível perceber que os resultados
de temperaturas obtidos através das simulações computacionais se aproximaram dos
valores reais obtidos em campo e isto mostra a eficiência dos estudos térmicos.

Neste caso, além de evitar possíveis fissuras de origem térmica, foi possível também
reduzir a probabilidade de formação de etringita tardia no futuro, através da especificação
da temperatura de lançamento máxima do concreto fresco. Essas manifestações
patológicas, caso ocorressem, poderiam afetar o desempenho e durabilidade das
estruturas, gerando custos adicionais referentes aos serviços de reparos e/ou
recuperação, além também de prejudicar o cronograma da obra.

Em estruturas de concreto massa, é recomendável que além das propriedades


mecânicas, aspectos relacionados a durabilidade dos materiais constituintes do concreto
e metodologias construtivas sejam verificados com cuidado, de modo a evitar possíveis
problemas relacionados às elevadas temperaturas geradas pelo concreto.
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No caso dos estudos realizados para a base dos aerogeradores, os parâmetros térmicos
relacionados ao concreto foram estimados a partir de bibliografia e informações sobre
materiais disponíveis na região da obra, portanto, isso pode explicar as diferenças entre
os picos de temperaturas lidas por meio dos termopares instalados e as temperaturas
obtidas por meio da simulação.

Apesar de alguns parâmetros adotados e condições de contorno não serem idênticos às


condições reais impostas à estrutura, pode-se concluir que os resultados apresentaram
boa representatividade, comprovando a utilidade de aplicação deste tipo de estudo para
definição de metodologia adequada visando minimizar a probabilidade de fissuração por
tensões de origem térmica e formação de etringita tardia.

A simulação computacional contribui para a diminuição dos riscos de fissuração do


concreto, permitindo a construção de estruturas mais seguras e duráveis.

7. Referências
ACI Committee 207, Mass Concrete. American Concrete Institute.

Equipe de FURNAS - Editor Walton Pacelli de Andrade – Concretos: Massa, Estrutural,


Projetado e Compactado com Rolo - Ensaios e Propriedades - Ed. Pini, São Paulo-
SP, 1997.

Gambale, E. A.; Castro, A.; Andrade, M. A. S.; Traboulsi, M. A. Análise estatística dos
parâmetros que intervêm no fenômeno térmico do concreto massa. 52° Congresso
Brasileiro do Concreto, IBRACON. Fortaleza, 2010.

Kuperman, S. C.: Concreto Massa Convencional e Compactado com Rolo para


Barragens. Concreto-Ensino, Pesquisa e Realizações, IBRACON, vol. 2, 2005.

NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. ABNT, 2014.

Sachs, A. Calor sob controle: Concretagem de peças estruturais de grande volume


exige controle tecnológico rigoroso para evitar fissuras e patologias que afetem sua
durabilidade. Tecnhe, Edição 190, 2012.

ANAIS DO 61º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2019 – 61CBC2019 14

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