Educação Do Campo
Educação Do Campo
Educação Do Campo
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃODO
DO CAMPO
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Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Angela do Céu Ubaiara Brito
Raimunda Kelly Silva Gomes
Janaina Freitas Calado
(Organizadoras)
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do
Bailique, Carvão e Macacoari
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2023
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Imagem da capa: Freepik
Revisão: Os autores
Ed24
Educação do campo: vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari / Angela
do Céu Ubaiara Brito, Raimunda Kelly Silva Gomes, Janaina Freitas Calado (organizadoras) –
Curitiba : CRV: 2023.
236 p.
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-4984-4
ISBN Físico 978-65-251-4983-7
DOI 10.24824/978652514983.7
2023
Foi feito o depósito legal conf. Lei nº 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: [email protected]
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Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Altair Alberto Fávero (UPF)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Ana Chrystina Venancio Mignot (UERJ)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Andréia N. Militão (UEMS)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Anna Augusta Sampaio de Oliveira (UNESP)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Barbara Coelho Neves (UFBA)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Cesar Gerónimo Tello (Universidad Nacional
Carmen Tereza Velanga (UNIR) de Três de Febrero – Argentina)
Celso Conti (UFSCar) Cristina Maria D´Avila Teixeira (UFBA)
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Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
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APRESENTAÇÃO������������������������������������������������������������������������������������������ 13
PREFÁCIO����������������������������������������������������������������������������������������������������� 15
Salomão Hage
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PARTE 1
PROCESSO EDUCATIVO NA EDUCAÇÃO DO CAMPO
P E R C E P Ç Õ E S S O C I O E C O N Ô M I C A S D A S FA M Í L I A S D O S
EDUCANDOS DA ESCOLA FAMÍLIA AGROECOLÓGICA DO
MACACOARI, NA AMAZÔNIA-AP�������������������������������������������������������������� 105
Carolina Sobral Pereira
Raimunda Kelly Silva Gomes
PARTE 3
SUSTENTABILIDADE E EMPREENDEDORISMO NO CAMPO
A S C O N T R I B U I Ç Õ E S D A P E D A G O G I A D A A LT E R N Â N C I A
DESENVOLVIDA NA ESCOLA FAMÍLIA AGROECOLÓGICA DO
MACACOARI������������������������������������������������������������������������������������������������ 217
Walmir Sobral Pereira
Maik Roberto Balacó Santos
E
ste livro, visa despertar reflexões ao leitor sobre a educação do campo: vivên-
cia e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari, localizadas na
Amazônia Amapaense, ao traçar discussões sobre novos caminhos para se
pensar a educação na Amazônia, em especial em lugares mais longínquos, em que
a “monocultura do saber” deve ser confrontada por uma “ecologia de saberes”, a
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Logo, este livro demonstra que as EFAs podem se tornar um espaço em que
se constroem as relações, e suas complexidades por envolver uma análise que leva
em consideração muitos atores e muitas relações sociais, propostas pela própria
Pedagogia da Alternância, em que a educação é pensada com os povos ribeirinhos
amazônicos, para que suas particularidades e anseios integrem uma proposta peda-
gógica que tenha representatividade para o coletivo, pois, a educação do campo,
das águas e da floresta vislumbra estratégias que ajudem a reafirmar as identidades
dos sujeitos que habitam esses territórios
C
om muita satisfação aceitei o convite para prefaciar o livro Educação do
Campo: Vivência e Práticas nos Territórios do Bailique, Carvão e Maca-
coari, organizado por Ângela Brito, Kelly Gomes e Janaina Calado, com o
apoio do Núcleo de Desenvolvimento Territorial Sustentável dos Territórios Ama-
zônicos Amapaenses (Nutex), da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), e
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isso acontece pela riqueza bio e sócio pluriversa inigualável que tem sido cons-
truída há milênios pelos povos amazônicos, originários, tradicionais, quilombo-
las, ribeirinhos, pescadores, extrativistas, camponeses, assentados, acampados, e
migrantes de outros territórios/regiões brasileiras e estrangeiras.
Desde o processo de colonização, iniciado com a invasão dos portugueses e
espanhóis nos idos de 1500, as nossas riquezas ambientais e socioculturais têm sido
exploradas e saqueadas, pelos grupos com maior poder na sociedade, atualmente
articuladas por meio do agro/hidro/mineral/carbono negócio, que insistem em tratar
A sabedoria ancestral dos povos das Amazônias, com seus saberes de expe-
riência feito, como nos diz Paulo Freire, com seus valores, costumes e modos de
vida e produção diferenciados, coletivos e cooperados, com suas lendas, segredos
e encantarias, suas danças e festas, suas memórias e narrativas, suas tecnologias e
epistemologias; pode contribuir muito para a mudança de rota, de sentido, de direção,
de condução desse modelo hierárquico, darwinista e excludente de desenvolvimento
social e mesmo de governança coletiva, solidária e generosa das comunidades e
territórios, do Estado e das organizações e instituições sociais, com a afirmação de
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(Salomão Hage)1
PARTE 1
EDUCAÇÃO DO CAMPO
PROCESSO EDUCATIVO NA
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MEMORIAL DO PROFESSOR
JORGE DIAS: três décadas
formando a juventude ribeirinha
Jorge Dias
Ramon de Oliveira Santana
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Introdução
O
presente memorial acadêmico visa, deforma descritiva, apresentar as minhas
experiências no âmbito educacional, compreender os caminhos percorridos
e meu amadurecimento no decorrer do tempo – desde do minha cidade
natal localizada no Espirito Santo até o Estado do Amapá, onde desempenho minha
profissão como monitor/professor na Escola Família Agroextrativistado Carvão.
Como se sabe, a formação inicial de professores vem passando por profundas
mudanças, onde se observa diversas pesquisas sendo realizada na área de Educa-
ção, muitas dessas investigam o processo de constituição da identidade docente dos
licenciandos, além disso, há uma necessidade de o profissional de educação buscar
por uma formação continuada.
Entrelaçando esses dois aspectos me fez apresentar o referido memorial com
objetivo de descrever, de forma sucinta, meu relato de vida, e o porquê de ter esco-
lhido a profissão de professor de matemática, além do amor que tenho pela EFAC.
Um pouco de mim
Meu nome é Jorge Dias, nasci no dia treze de janeiro de mil novecentos e ses-
senta esete, sou natural de São Mateus, estado do Espírito Santo. Filho de agriculto-
res, meu pai é o senhor Sebastião Pedro Dias e minha mãe é a dona Theresinha de
Jesus Dias. Na minha família somos entre irmãos e irmãs, onze filhos, cinco irmãos
e seis irmãs, sendo uma adotiva. Tenho formação no Ensino Médio como Técnico
Agrícola e Licenciatura Plena em Matemática, pela Universidade Federal do Amapá,
pós-graduado em Agronomia pela FAVENI – São Paulo. Resido no Distrito do Car-
vão, município de Mazagão, onde atuo na Escola Família Agroextrativistado Carvão.
Nos tempos da minha escolarização estudei de 1ª à 4ª Série em uma escola
municipal na comunidade Nossa Senhora das Dores Palmitinho-ES, onde só tinha as
séries iniciais. Terminei a 4ª série com 14 anos de idade. Permaneci sem ir à escola
por não ter condições de estudar na cidade, com isso, fiquei 4 anos parado sem estu-
dar. Após completar 18 anos, em 1985 fui estudar na Escola Família Agrícola, no
município de Jaguaré-ES a 28 km de minha comunidade, onde concluí a 8ª série em
22
1988. Em 1989, iniciei o Ensino Médio na Escola Família de Boa Esperança. Nessa
escola, no ano de 1991, terminei o Ensino Médio Técnico em Agropecuária. Em
1992, fui convidado a prestar serviço na escola municipal onde tinha feito as minhas
séries iniciais, na qual trabalhei com as disciplinas de Matemática e Estudos Sociais.
Durante as andanças dentro do meu memorial, o leitor vai se deparar comi-
das e vindas. Não é repetição, mas uma forma que encontrei de recontar a minha
história. Uma história que começou no estado do Espírito Santo e chegou em terras
amapaenses no início da década de1990. Tudo sempre esteve interligado, minhas
No ano de 1993, recebi um convite para vir trabalhar nas Escolas Famílias do
Amapá, sempre tive a intenção de conhecer a região Norte, o convite chegou, então
aceitei. Viajamos de ônibus pelo Nordeste, quando chegamos em Belém, pegamos
um barco cargueiro que demorou 36 horas para chegar no porto de Santana. No
dia 28 de janeiro de 1993 cheguei em terras amapaenses, as quais estou até os dias
de hoje. Nesse período fiquei uns dias em Macapáe depois viajei para a escola do
Rio Cachorrinho, em Pedra Branca do Amaparí, lá prestei serviço por alguns dias,
depois voltei a Macapá e me encaminharam para a Escola Família do Rio Coqueiro
no município de Afuá no Pará, onde trabalhei por quase 4 anos, até janeiro de1997.
Saindo da escola de Afuá, retornei para Macapá onde morei por alguns meses.
No tempo que passei em Macapá conheci o Sr. Tomé Belo que, na época, era o
presidente do Sindicato Dos Trabalhadores Rurais do Estado do Amapá. O sr. Belo
falou que estava implantando uma Escola Família no município de Mazagão e que
a construção do prédio estava avançando, demonstrado pela Figura 1. Aproveitei a
oportunidade e falei de minha experiência na EFA de Afuá e que era ex-aluno de
escalo família, ele me convidou para fazer parte da equipe que estavam fazendo os
trabalhos de base (visita as comunidades), aceitei o convite e viajei por várias comu-
nidades para divulgar a proposta educacional que chegava na região.
No dia 21 de abril de 1997, cheguei na comunidade do Carvão juntamente
com o professor Railton e participamos de uma reunião onde estavam discutindo os
processos legais de implantação da escola. Na reunião foi decidido que precisávamos
fazer a divulgação da escola nas comunidades e, nesse mesmo dia, foi formada uma
pequena equipe composta pelos professores Railton, Roberto e o Severino. Utiliza-
mos o carro cedido pelo antigo Terrap, onde além de fazer a divulgação da escola, já
fazíamos a pré-matrícula do aluno que estava apto a estudar a 5ª série.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 23
Quando eu tinha quatorze anos de idade, tive contato com a Escola Família de
Jaguaré-ES, onde um dos meus irmãos mais velhos cursou o Ensino Médio, nesse
período terminei a quarta série do Ensino Fundamental básico. Fiquei quatro anos
parado e com dezoito anos resolvi voltar a estudar, na época Jaguaré era distrito de
São Matheus, hoje, tornou-se município do Estado do Espírito Santo.
Comecei meus estudos na EFA em 1985, onde fui para cursar a minha quinta
série e segui até a conclusão da oitava série. Terminei em 1988 e no ano seguinte fui
para a Escola Família Agrícola, no município de Boa Esperança-ES, onde fui fazer o
24
Ensino Médio e me formei em técnico agropecuário. Fiquei de 1989 até 1991 nessa
escola, e foi quando tive mais contato com a realidade de uma Escola Família e com
a Pedagogia da Alternância. A referida experiência educacional me ajudou muito,
pois para quem mora e vive do campo é a melhor alternativa para ser educado no
campo e para o campo.
A minha formação em alternância ajudou a melhorar as técnicas de trabalho na
propriedade da minha família, uma vez que eu sou filho de agricultor, minha família
cultivava feijão, milho, mandioca e café, tinha também criações de frango caipira,
Após ter contato com a Pedagogia da Alternância comecei a ter mais respon-
sabilidade e interesse com os trabalhos na propriedade da minha família. Sempre
gostei da metodologia das EFAs, foi uma coisa que mexeu comigo desde o pri-
meiro dia. Dentro da Pedagogia da Alternância o processo de ir e vir faz com que
o jovem não perca o vínculo com a família e comunidade, isso me ajudou muito
a não perder meu relacionamento com a minha origem. A alternância possibilita
que o aluno possa estudar e estar sempre do lado da sua ascendência, tendo sempre
o apoio dos meus pais e irmãos, a motivação dos familiares é muito importante
dentro da Pedagogia da Alternância. Outro fator importante é você estar sempre em
contato com pessoas diferentes, aprendendo coisas novas, trabalhando os planos de
estudo, visitando as famílias dos colegas, fazendo estágios comunitários e técnicos
nas propriedades da região.
Caliari (2013) apresenta sua pesquisa intitulada: “A presença da Família Cam-
ponesa na Escola Família Agrícola: o caso de Olivânia” a importância da Família
no processo formativo. A pesquisa teve como objetivo analisar as relações entre a
família camponesa e a Escola Família Agrícola de Olivânia, localizada no Municí-
pio de Anchieta. Os resultados mostraram que as relações construídas promoveram
a autoestima dos sujeitos envolvidos, garantindo uma autorrepresentação, criando
outras percepções da realidade e valorização dos saberes camponeses gerados nas
relações de ancestralidades.
Partindo do pressuposto que a vida ensina mais que a escola e os livros, per-
cebi na dinâmica diária vivida dentro de uma EFA, que precisamos desenvolver
o trabalho a partir da realidade socioprofissional, econômico e cultural do jovem,
pois a aprendizagem acontece também na experiência do trabalho, na família, na
comunidade, em grupo e entre amigos. Em nossa realidade, percebemos que muitas
vezes a formação por alternância acontece de forma parcial, pois os tempos escola e
comunidade, acontecem em espaços diferentes, onde isso fortalece as relações entre
a escola, família e comunidade. A participação da família na vida educacional do
jovem faz parte da metodologia das escolas por alternância.
Para entendermos melhor a Pedagogia da Alternância precisamos ficar aten-
tos para não sintetizarmos toda a experiência educacional em um “simples método
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 25
porque um tempo ele está na escola e outro tempo, em casa, contribuindo com as
atividades produtivas da sua família e da comunidade, com isso precisamos entender
que os dois espaços de tempo são educativos, interconectados e potencializam ações
concretas que fortalecem a pedagogia da alternância.
A EFA propõe uma formação profissional integrando o jovem num processo
de formação continuada e em estreita relação com o ambiente escolar e familiar. Em
nossa realidade percebemos que, muitas vezes, a formação por alternância acontece de
forma parcial, onde a família é a principal formadora da vida social dos jovens, mas
outras vezes, a falta de conhecimento dos pais ou até mesmo a falta de escolaridade,
proporciona o distanciamento de ideias entre os jovens e seus pais.
Segundo Jean Claude Gimonet, a alternância permite o adolescente entrar no
mundo dos adultos. Ela lhe dá possibilidade de encontrar um lugar, uma posição
social, uma consideração, um reconhecimento, ela ajuda vislumbrar o seu futuro. A
alternância é uma sequência de rupturas e de relações sucessivas que obrigam cada
vez, o adolescente a uma revertida de novas situações. Por ser assim, ela contribui para
desenvolver a capacidade de adaptação. A alternância pode agir nesse sentido porque
oferece e diversifica os lugares e espaços para realizar tentativas, para apreender,
experimentar, manifestar-se, realizar-se, vencer quaisquer dificuldades. Ela forma pos-
síveis experiências, tanto de ordem familiar, quanto de ordem profissional ou social.
A alternância oferece possibilidades de encontros com a realidade e suas rique-
zas, suas contradições, suas exigências, com esforços que ela impõe, ela permite o
confronto entre o sonho e a realidade. Foi nesse processo formativo que entendi a
importância de buscar uma formação acadêmica. Precisava dominar algo mais espe-
cífico, pois assim teria o domínio demais instrumentos pedagógicos para fortalecer
a minha prática diária.
No dia 08 de setembro de 1997 entrei na sala pela primeira vez na EFAC (Figura
3). De todos os professores presentes, eu era o mais experiente da época, por ter traba-
lhado na escola em Afuá e no Cachorrinho, tal experiência me credenciou para minis-
trar a primeira aula na EFAC. Na primeira aula, fizemos uma dinâmica para conhecer
os alunos e trabalhamos a introdução das noções básicas de matemática, nessa aula
estavam presentes 14 alunos, eram alunos da 5ª série do Ensino Fundamental.
Aproveitamos o momento para ouvir os estudantes, pois só assim entenderíamos
os seus anseios e objetivos. Aos poucos as nossas aulas foram ganhando significa-
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O extrativismo não era uma palavra conhecida, e começou a ser tratada por pesqui-
sadores que vieram fazer trabalho aqui na Amazônia (borracha), eles começaram
28
a escrever. Dentro de uma escola, até hoje, se vê falar pouco sobre o extrativismo.
Nossas escolas não são preparadas para a formação agrícola e nem para a extrati-
vista. Aí, arrumamos esse nome agroextrativista para ver se conseguíamos alguma
coisa! Por que estou lhe dizendo isso? Porque o extrativismo, se for perguntar
para um técnico agrícola que nos assessora, convencional, nenhum não sabem
responder como é que se faz para tirar as aponização, acidez do azeite de andiroba,
para melhorar a extração da copaíba, como é que eu faço para extrair o azeite do
pracaxi, como faço para tirar o óleo do açaí e da bacaba, ele não sabe!
Dentro da Pedagogia da Alternância, Paulo Freire foi um dos que eu mais tive
contato com a leitura, inclusive agora nessa pós-graduação em educação do campo
que estamos fazendo. Nós estudamos um pouco a pedagogia do campo com a pro-
fessora Elice, isso nos ajudou muito, assim como um pouco da história da educação
no campo, que também tem nos ajudado muito. E existem algumas falas do Paulo
Freire que me chamam muita atenção pela dinâmica usada, pela capacidade que ele
tinha de potencializar ações concretas de construção de conhecimento, então ele
coloca a gente a pensar, para propor investigações a partir da nossa realidade, é um
autor muito importante, principalmente para quem mora no campo.
Na obra “Pedagogia da Autonomia”, Freire (1996, p. 29) tece aspectos que
intercalam o universo temático com a dimensão educativa da investigação, esses
aspectos fundamentam o nosso fazer pesquisa, pois está estruturada na capacidade
de compreender as premissas de que:
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encon-
tram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino
porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar,
constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que
ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (Freire, 1996, p. 29).
30
Considerações finais
trabalho por causa desse contato com as famílias, em alguns casos, nós tivemos êxito
no trabalho.
A apresentação que faço do meu memorial comprova que trabalhos com um viés
econômico, político, religioso, social, educacional e ecológico, podem potencializar
experiências formativas dentro da EFAC. Gostaria de encerrar por aqui a minha fala
e dizer que a luta continua, a luta não deve parar, porque só através do nosso conhe-
cimento que nós podemos ajudar o desenvolvimento das nossas famílias e da nossa
comunidade, fazer com que a nossa comunidade seja atraente e que o jovem possa
viver tranquilo e dignamente na mesma.
32
REFERÊNCIAS
CALIARI, Rogério. A presença da família camponesa na Escola Família agrícola:
o caso de Olivânia. 2013. 563 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade
Federal do Espírito Santo, Vitória, 2013.
Introdução
E
ste trabalho aborda a Pedagogia da Alternância e suas metodologias aplicadas
no ensino semipresencial, do qual o aluno convive quinze dias na escola e
quinze dias em sua casa. Desta forma, busca-se compreender que influências
a aplicação do plano de estudo fundamentado na Pedagogia da Alternância têm na
valorização dos conhecimentos locais e na formação de profissionais engajados no
desenvolvimento sustentável das comunidades de difícil acesso aos alunos dos ter-
ritórios que a Escola Família Agroextrativista do Carvão atua.
Contudo, busca-se verificar os impactos que a aplicação dessa metodologia tem
sobre os conhecimentos locais, visando identificar o perfil dos profissionais formados
a partir da Aplicação do Plano de Estudo. Uma vez que, é por meio dos questionários
produzidos a partir da realidade do aluno, sobre diversas abordagens que vão desde
questões sanitárias, até relacionadas a atividades produtivas.
Neste contexto, os aportes teóricos consultados para melhor embasamento e
considerações, destacam-se: Estevam (2003), relata que no Brasil, a Pedagogia da
Alternância foi implementada na década de 60, mais precisamente no ano de1968,
após diálogo no Estado do Espirito Santo; Souza (2016/org.) aborda a trajetória de
luta das Escolas Família com base na Educação do Campo, em regime de alternância,
aliados a movimentos sociais de trabalhadores rurais; a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN nº 9.394/96), lei vigente que faz menção a especificidade
da educação e gestão escolar democrática; Silva (2013), em estudos anteriores, temos
insistindo que, mais que pelos intervalos de tempo e escalas parciais, a alternância
também deve ser concebida como processo de construção e transmissão de conhe-
cimentos, em uma dinâmica contínua, por meio da relação pratica, teoria e prática;
Gimonet (1998) relata o instrumento básico o Plano de Estudo, da vida quotidiana.
Quanto a organização da pesquisa, divide-se por tópicos, abordando a Pedago-
gia da Alternância e suas metodologias – que envolve prática com teoria e vida na
família com vida na escola; metodologia aplicada e seus impactos no conhecimento
local Profissionais e seus perfis formativos – que são ações de intervenções do edu-
cando em si, ou, no seu meio socioprofissional, referente a cada tema pesquisado
34
envolvendo, famílias e comunidades sob várias formas. Por fim, espera-se que esse
trabalho possa contribuir para uma análise não apenas metodológica, mas despertar
reflexões quanto ao papel da escola para com as comunidades do campo que muitas
vezes não usufruem das mesmas condições de quem vive na cidade.
Metodologia da pesquisa
O foco principal desta pesquisa foi obter dados para analisar e descrever os
É importante ressaltar que foi por meio de muitas discussões e de lutas sociais
que incorporaram leis voltadas para a Educação do Campo, porém sabe-se que ainda
faltam muitos investimentos para os alunos do campo tenham uma educação mais
justa e igualitária.
Há a evidência da proposição de uma educação rural condicionada historica-
mente pelas matrizes culturais escravistas, latifundiárias e controlada pelo poder
político e econômico das oligarquias. Carrega consigo a histórica desvalorização do
sujeito do campo na qual predomina a produção da ausência de um povo e de suas
idiossincrasias, visto como carente de instrução devido a sua incivilidade perante o
homem moderno e urbano (Cavalcante; Vergutz, 2014, p. 380).
Diante desse contexto, a Pedagogia da Alternância se expandiu no Brasil a partir
de movimentos principalmente de agricultores que precisavam pôr seus filhos em
escolas focadas na sua realidade. “A escola voltada para a realidade do educando,
torna-se cúmplice do seu pleno desenvolvimento, levando-os a serem sujeitos autôno-
mos, críticos, criativos e comprometidos com a democracia e justiça social” (Alencar;
Amancio; Caliari, 2011, p. 4).
Neste sentido, a Pedagogia da Alternância no Brasil nasce e se propaga como
proposta educacional vinculada ao grupo de pessoas envolvidas em movimentos
religiosos ou culturais locais e ou regionais, em sua grande maioria agricultores e
agricultoras, que percebem a necessidade de mudanças nas concepções e interven-
ções no campo, mesmo que, de forma contraditória, sob a égide de um momento de
ditadura política no país (Cavalcante; Vergutz, 2014, p. 378).
36
- 2022
TEMAS GERADORES DOS PLANOS DE ESTUDOS BIMESTRAIS
ENSINO FUNDAMENTAL - EFA CARVÃO
7º ano 8º ano 9º ano
Séries 6º ano
Arividades
A Família e o Trabalho Fatores de Risco nas A Comunidade Econômicas e
Temas Relações Sociais
Organizações Sociais.
Geradores
Para que isso aconteça é importante que o estudante realize diversos está-
gios orientativos que acontece no decorrer da sua vida estudantil na Escola Família
Agroextrativista do Carvão. Cada um deles tem como finalidade de colocar o jovem
em situações de trabalho diferentes e observar o meio mais que analisar a função
socioeconômica da profissão. O estágio ajuda na formação de perfis formativos ao
jovem como planejamento da EFAC, sustentando-se dentro dos objetivos espaços
e tempos papéis e funções socioeducativas na formação dos jovens do meio rural.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Edgar; AMÂNCIO, Robson; CALIARI, Rogério Omar. Pedagogia da
alternância e desenvolvimento local. [S.l.], 2011.
BRASIL. Lei Darcy Ribeiro. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 200
LIMA, Francisca das Chagas Silva; CARDOSO, Maria José Pires Barros. Diversidade
e Gestão Democrática no Contexto Educacional. Revista Existus, Santarém, PA, v.
8, n. 1, p. 87-111, jan./abr. 2018.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 45
O
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
1. uma Associação responsável que lida com diversos pontos, como os aspec-
tos econômicos, jurídicos e de gestão;
2. metodologia pedagógica adotada que é a Alternância Pedagógica, esta
integra o meio socioprofissional como meio escolar;
3. a educação e a formação integral da pessoa que, nada mais é do que a
contribuição para a construção da personalidade do jovem e do seu futuro,
tanto para si, como para o meio onde vive e;
4. o desenvolvimento do meio local que a partir da formação do jovem,
recebe contribuições do mesmo para o avanço da comunidade (UNE-
FAB, 1999). No que diz respeito à Associação, a EFA Carvão possuía
Associação Nossa Amazônia – ANAMA, que é uma entidade sem fins
48
quanto mais cedo introduzirmos este hábito na vida dos nossos alunos e/ou futuros
alunos, mais eficaz se torna este processo.
Para atendermos a demanda apresentada acima, escolhemos adotar a contação
de história, aliada à observação da evolução e interesse dos participantes, uma vez
que diversos autores relatam que para a formação de futuros leitores, a técnica de
contação de histórias é de grande importância, pois além de desenvolver o imaginativo
da criança, também colabora no processo de fala, escrita e leitura, além de colaborar
no desenvolvimento emocional das mesmas (Beltrame; Cavalheiro; Sbeghen, 2015;
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Dantas, 2019; Kirchof; Maria; Silveira, 2009; Souza; Bernadino, 2011). Outro ponto
a se levar em consideração é que quando se trata de aquisição de leitura e escrita,
contar histórias, além de oferecer um mundo ficcional, carrega em si a transferência
de valores (Simões, 2000).
Sabemos que a contação de histórias é comum no dia a dia das comunidades
que a EFAC atende, visto que os mais velhos são responsáveis por repassar contos
regionalmente conhecidos e, que depois são reproduzidos pelos mais novos, mantendo
a nossa cultura viva; e que estas crianças são acostumadas em ouvi-los e possuem
gosto por este hábito de ouvir, portanto, um trabalho que incentiva a leitura a partir
da contação de histórias foi a nossa alternativa para o referido contexto educacional.
Portanto, o nosso objetivo é apresentar o projeto de intervenção pedagógica
denominado Maré das Letras realizado na comunidade ribeirinha Rio Mutuacá, desen-
volvendo uma intervenção que resulte no incentivo e ao despertar das crianças par-
ticipantes pela leitura, assim como sua família, ao decorrer do processo. O projeto é
fundamentado na metodologia de contação de história. A presente ação tem a intenção
de fazer conexão com os esforços educacionais que a EFAC já realiza na região.
Caminhos metodológicos
Fonte: Autor.
Feito isso, direcionamos as nossas ações para a organização dos livros a serem
utilizados no projeto, entramos em contato com o poder público e privado e conse-
guimos uma doação de 169 exemplares de livros de histórias infantis da iniciativa
Angelita Produções1.
1 Angela de Carvalho – Socióloga, autora dos livros: Pescadores de sonhos, Sonhos de Assis e Jonielson: um
livro para chamar de meu, Contadora de histórias e Vendedora de livros. Instagram:@angelitaproducoes
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 51
escolhido para a execução do projeto foi a Igreja Católica local, onde normalmente
ocorrem reuniões da comunidade, já o deslocamento ficou a cargo da ANAMA, com
o empréstimo do seu barco. Além da Emilly e da Angelita, contamos com a ajuda de
duas monitoras (Daiane Damacena e Meyris Rose) e o analista de comunicação da
EFAC (Rafael Eckhardt), assim como da presidente da ANAMA, Dalva Miranda.
Com o escopo do projeto encaminhado, precisávamos saber como criar um
ambiente de aprendizado para desenvolver nas crianças o interesse pelo tema. Tendo
em vista que o nosso público-alvo eram crianças dos anos iniciais do Ensino Funda-
mental, nosso foco foi, então, a contação de histórias, uma vez que é uma atividade
vista por diversos autores, a exemplo de Beltrame (2015) e Simões (2000), como um
processo educacional que colabora para a potencialização da imaginação infantil,
como também, um forte aliado para o exercício pedagógico da leitura e escrita. Por-
tanto, nosso cronograma de atividades se pautou na contação de histórias, seguido de
roda de conversa que incitasse a discussão com os pequenos e que, em um segundo
momento fossem eles que contassem as suas próprias histórias.
Em seguida, como aliada da contação de histórias, tivemos a exposição dos
livros do projeto, ilustrado pela Figura 2, onde deixamos claro que a interação não
era obrigatória, ou seja, as crianças tiveram a oportunidade de manusear e escolher
se queriam ou não levar consigo um livro para casa.
Fonte: Autor.
52
Resultados e discussões
O ato de contar histórias é uma realidade das crianças ribeirinhas. Os mais velhos
das comunidades contribuem na formação dos mais jovens contando as experiências,
saberes e fazeres compartilhados por seus ancestrais.
É atento a essa prática milenar que nós observamos um caminho possível para
aproximarmos os jovens da comunidade do Rio Mutuacá com a dinâmica formativa de
alfabetização. Observamos em vários relatos que essa prática acaba sendo trabalhada
nos sistemas de ensino local de forma mecânica valorizando apenas a memorização,
afastando a criança da sua realidade e transformando o prazer dele em um processo
punitivo que padroniza, elimina e escraviza o imaginário infantil.
Um dos pontos que nos faz perceber quão importante é a contação de histórias
orais feitas pelos educadores é o advento de novas mídias que cercam as crianças e
diminuem sua capacidade criativa, de memória e de abstração (Dantas, 2019; Gior-
dano, 2013), as enchendo de enredos que as aprisionam, cabendo a nós, libertar estas
jovens mentes, as tornando menos alienadas e mais críticas.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 53
Fonte: Autor.
A maioria das crianças acolhidas no primeiro dia tinham entre três e cinco anos
de idade e ainda não sabem ler. A Angelita, nossa contadora de história interpretou
duas histórias, uma delas autoral. A sua história autoral abordava duas crianças ribei-
rinhas e a relação trabalho x escola, o que aproximou mais ainda o público-alvo do
tema, uma vez que tivemos até um caso de uma criança que deixaria de ir ao encontro
educativo por conta de ser “o seu dia de tirar o açaí”. A representatividade mostra
54
como nossas vidas, nossas histórias importam e como podemos e somos protagonistas
das nossas próprias vidas, o que pregamos fielmente na Pedagogia da Alternância e
esperamos começar a conscientizar as crianças participantes do projeto.
Observando a Figura 3, o leitor deve perceber que as crianças ficaram animadas e
envolvidas com a atividade. Muitas pesquisas aplicam questionário, fazem entrevistas
para entender se determinada atividade alcançou o objetivo. Aqui, nossa avaliação
foram os olhos brilhantes, os quais não piscavam, a concentração era interrompida
por uma risada ou entonação diferente que representava um trecho ou novo perso-
junto aos pequenos, compartilhando cada risada e comentário com eles. Durante a
contação, a mudança na entonação vocal, arrancava risos até dos mais velhos que não
se continham com a surpresa ao perceber que cada linha podia conter um universo
particular. Ao final de cada conto, parávamos para discutir o que as crianças achavam
da história, o que elas mais tinham gostado ou o que fariam de diferente. Feito isso,
ao final, abrimos a fala ao público.
No início, todos ficaram envergonhados, então os próprios membros da equipe
começaram contando histórias de quando eram pequenos, de quando se machucaram
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Fonte: Autor.
Esta experiência nos fez enxergar cada vez mais, como a contação de história
está tão firmemente atrelada à aquisição da leitura e escrita, uma vez que para ensi-
nar, precisamos manter o interesse da criança, para que, como diz (Simões, 2000)
o aprendizado não se perca no curso do tempo. E é com a contação de história que
este interesse é construído, uma vez que incentiva o imaginativo dos envolvidos,
potencializando o desenvolvimento da capacidade de ou virou a habilidade de narrar
as suas próprias histórias.
Percebemos que uma limitação detivemos neste segundo encontro foi fato de
que, para conciliarmos a agenda da comunidade com a do projeto, tivemos que optar
56
por um dia em que a maré estava baixa, o que diminuiu, consideravelmente, o número
de participantes. Neste encontro, contamos com a presença de 25 pessoas, aproxi-
madamente um terço do quantitativo inicial, presentes não diminuiu a qualidade do
trabalho apresentado e do interesse das mesmas pelo projeto, já que os membros da
equipe ainda são abordados sobre o retorno do projeto à comunidade e, mesmo após
o segundo encontro, o continuamos ativamente com os empréstimos de livros. Os
resultados apontam caminhos de reflexão que mostram respostas ao nosso objetivo,
uma vez que plantamos a sementinha da leitura a partir da contação de histórias na
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ANAMA. Associação nossa Amazônia. 2021. Disponível em: https://associacao-
nossaamazonia.org. Acesso em: 5 nov. 2021.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criati-
vidade. 34 ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
SOUSA, Romier da Paixão; CRUZ, Carlos Renilton Freitas; SILVA, Ruth Corrêa
da; SILVA, Franciara Santos; MORAES, Maura Rejane Lameira de. Educação do
campo na Amazônia: a experiência histórica das Escolas Famílias do estado do
Amapá. [S.l: s.n.], 2016.
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ANÁLISE DA METODOLOGIA E
DOS PROCESSOS AVALIATIVOS
NA ESCOLA FAMÍLIA
AGROEXTRATIVISTA DO CARVÃO
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Introdução
A
Pedagogia da Alternância (PA), está presente no Brasil desde 1969 por meio
dos Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs). Seu reconhe-
cimento ganhou força nos últimos anos no marco jurídico da educação bra-
sileira após pressão dos movimentos ligados à luta pela Educação do Campo. Como
exemplo, pode-se citar o Parecer (CNE/ CEB nº 1/2006) do Conselho Nacional de
Educação reconhece a Pedagogia da Alternância. Em seguida, o Decreto Presidencial
nº 7.352/2010 reconhecendo a universalização do direito à educação e a obrigatorie-
dade de promover intervenções que atendam às especificidades de cada realidade.
Por fim, a Lei nº 12.695/2012, vinculada ao Programa Nacional de Educação do
Campo (PRONACAMPO), para garantir financiamento público, inclui os CEFFAs
no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Sousa et al., 2016).
Em 1977, Paolo Nosella fez o primeiro estudo sobre a Pedagogia da Alternância
no Brasil, o qual sistematizou a experiência das EFAs do Espírito Santo-ES e fez parte
da história do Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (MEPES) e
ajudou na sua construção. Por meio da ação pastoral dos Jesuítas, liderada por Padre
Humberto Pietro Grande e como apoio das lideranças comunitárias da região sul do
Espírito Santo, que compreende os municípios de Anchieta, Iconha, Rio Novo do
Sul e Alfredo Chaves, iniciou em 1969 a primeira experiência de educação com o
sistema da Pedagogia da Alternância no Brasil (Nosella, 2014). A Lei de Diretrizes
da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96 (Brasil, 1996), no seu artigo 23, cita a
alternância como uma das formas de organização escolar e a importância no ensino
e aprendizagem.
Para Nascimento (2021), a Pedagogia da Alternância oferece condições para
que os alunos que residem na zona rural tenham acesso à educação, permanecendo
15 dias na escola e 15 dias em casa, possibilitando o aluno a permanecer no convívio
família rediminuindo o êxodo rural nas comunidades. Segundo Gnoatto et al. (2006),
a PA é uma das poucas propostas de educação rural voltadas ao desenvolvimento e
formação integral do jovem no/do campo.
No Amapá, a história das EFAs não foi pautada por um projeto externo, mas
pela iniciativa dos próprios trabalhadores e trabalhadoras rurais que vivenciavam as
60
continua...
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 61
continuação
Diante de tudo que foi exposto acima, o presente artigo tem como objetivo
apresentar e analisar a importância da avaliação e seus processos metodológicos
ancorados nos instrumentos da Pedagogia da Alternância, utilizados pelos professores
da Escola Família Agroextrativista do Carvão.
Metodologia
pesquisa de campo, o tipo de pesquisa, os critérios para coleta dos dados e procedi-
mentos para sistematização das informações, assim como os aspectos legais e éticos
envolvidos na pesquisa.
Área de estudo
Tipo de pesquisa
Quanto à sua natureza, esta é uma pesquisa qualitativa, a qual pode ser definida
como a que se fundamenta principalmente em análises qualitativas, caracterizando-se,
em princípio, pela não utilização de instrumental estatístico na análise dos dados.
É um tipo de pesquisa que responde a questões muito particulares e, além disso,
trabalha como universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças,
dos valores e das atitudes (Severino, 2016).
Quanto aos objetivos, trata-se de uma pesquisa descritiva, entendida por Marconi
e Lakatos (2017) como aquela que se baseia na análise pormenorizada do fenômeno a
ser estudado, caracterizando-o concretamente, o que pode servir de base para inves-
tigação que requeiram um maior nível de aprofundamento.
Por fim, quanto aos procedimentos técnicos, trata-se de uma pesquisa de campo
que é aquela que realiza a coleta de novos dados de fontes primárias para um propó-
sito específico; é um método de coleta de dados qualitativos que visa compreender,
observar e interagir com as pessoas em seu ambiente natural; é um estudo que permite
obter dados da realidade; oferece a possibilidade de estudar os fenômenos à medida
que ocorrem em seu contexto (Gil, 2010).
64
O método adotado para coleta das informações foi a roda de conversa, formada
por nove educadores, entre professores, coordenador pedagógico e diretor.
A roda de conversa foi construída utilizando as definições apresentadas por Melo
e Cruz (2014), acerca dessa dinâmica de pesquisa. Para a construção das definições
de roda de conversa, os autores apresentados acima se inspiraram nas considerações
de autores como Lervolino e Pelicioni (2001), Gatti (2005) sobre Grupo Focal.
Abordagem
Área de
Público alvo
estudo
PESQUISA PERCURSO
Período
METODOLÓGICO
Aspectos Coleta de
legais e éticos dados
Sistemantização
Resultados e discussões
Fonte:Autora (2022).
continuação
Professores Descrição
Reforçando a fala de P1, esta docente manifesta acreditar que outra vantagem do tipo de avaliação da
EFAC é levar a escola a conceber o aluno para o coletivo, como ser crítico, que possa “sair da escola
P8 [...], ir além da escola, não só da escola família, mas quando ele for entrar em uma universidade,
quando ele for mudar de cidade, estado ou país, ele ter esse conceito enraizado que a escola prega
aqui, coletivo, participativo”.
Considerações finais
Com base nos resultados obtidos neste estudo, viu-se que os docentes pesqui-
sados têm um bom nível de conhecimento sobre avaliação quantitativa e qualitativa,
o que permite melhorar o processo de ensino-aprendizagem, pois é possível avaliar a
aprendizagem não apenas com escalas avaliativas, mas com aspectos qualitativos, o
que se refletirá no uso de novas estratégias que são consideradas no desenvolvimento
de todo o processo. A compreensão integral dos instrumentos permite que se analise
resultados obtidos da atividade diária e também sirva de informativo para a tomada
de decisões sobre a sequência do processo pedagógico, ocasionando um ambiente
mais positivo, tanto para os docentes quanto para os estudantes.
Outro ponto positivo observado quanto à metodologia de avaliação prática na
EFAC é a adoção de vários instrumentos de avaliação quantitativa e qualitativa, o que
permite a obtenção de diversos cenários que levam a uma análise mais profunda dos
72
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, R. de M.; MELO, M. A. Avaliação da aprendizagem escolar: do fazer
mecânico à intencionalidade teórico-metodológica emancipatória. Lisboa, Portugal:
Novas Edições Acadêmicas, 2017.
GIL, A. C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SEVERINO, A. Metodologia do trabalho científico. 24. ed. rev. atual. São Paulo:
Cortez, 2016.
Introdução
N
o processo de evolução da Educação do Campo no Brasil, as Escolas do
Campo têm um papel e uma responsabilidade fundamental. Por isso é
urgente uma ampla discussão, um sério debate e permanente aprofunda-
mento nesta construção, sobretudo na perspectiva de elaboração de políticas públi-
cas, com a participação dos povos do campo, para que a escola não seja tratada de
maneira isolada, mas como parte e como instrumento que possibilite um autêntico
projeto de sociedade, onde a educação seja compreendida e concretizada na dimensão
transformadora (Queiroz, 2012).
As Escolas do Campo contribuem para a melhoria constante da vida e da rea-
lidade dos povos do campo. Para isso é preciso pensar em propostas pedagógicas a
partir da realidade dos alunos do campo, ou seja, trata-se de criar escolas ligadas à
vida, mergulhadas na realidade dos povos do campo, aprofundando esta realidade e
contribuindo para transformar esta realidade e a vida dos povos do campo.
A Pedagogia da Alternância envolve teoria e prática, resultando em uma práxis,
onde o aluno passa determinado tempo estudando e em seguida volta a sua comuni-
dade, ao convívio familiar, executando as práticas educativas, os alunos são levados
a compreender e refletir suas realidades junto com a família (Ribeiro, 2013).
Diante do exposto, este artigo propõe apresentar, aspectos com foco no desen-
volvimento da educação do campo, bem como, destacar temas importantes na uti-
lização da Pedagogia da Alternância e os impactos causados por ela no processo de
ensino aprendizagem de alunos egressos da EFAC. Para essa construção, parte-se
da compreensão que há uma profunda relação entre escola, campo e Pedagogia
da Alternância.
Pina (2017) enfatiza que a proposta a respeito da educação do campo surgiu
na década de 1990 no Brasil, considera necessária uma reflexão pedagógica sobre
os sujeitos do campo, que nasça das práticas camponesas e se reflita na educação
desenvolvida no âmbito local e por estes sujeitos.
76
profissional, entre outros é que orientam os estudos, a pesquisa, isto é, vão ao encontro
da teoria. O que muitas vezes contraria o que vem fazendo a academia, pois, parte das
experiências, do empírico para a teorização, e nesta relação, estuda-se algo próximo,
aplicável: a vida pessoal, profissional e cultural, com ganhos de aprendizagem para
todos os envolvidos no processo.
Caldart (2002, p. 69) relata que as Diretrizes Operacionais para a Educação
Básica nas Escolas do Campo representam uma conquista dessa caminhada. E uma
mostra dessa conquista está o parágrafo único do Artigo 2º:
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produção agrícola familiar e o Estado tinha como prioridade a educação urbana, não
havia planos de melhoria para os agricultores e, por conseguinte, para a educação
de seus filhos. Logo, aos jovens do campo havia duas possibilidades: sair do campo
para continuar os estudos ou permanecer no campo desistindo deles (Piatti, 2014).
Assim, a Alternância se inicia com ênfase em uma educação que articulasse
escola, família e trabalho na perspectiva de manter o jovem no campo. A ideia inicial
apontava para a necessidade de alternar os tempos educativos, priorizando os con-
teúdos básicos a serem ensinados durante o tempo em que os jovens permaneciam
Metodologia da pesquisa
Locus de pesquisa
liação Qualitativa (AQ), Ficha de Alternância (FA), Alta Avaliação (AV), Projeto de
Organização Profissional do Jovem (POPJ), Projeto Profissional da Família (PPF),
Intervenções externas, estágios técnico e social.
Trata-se de uma escola rural. Ao redor da escola há residências de alojamen-
tos, biblioteca, aviário, pocilga e plantações de manga rosa, caju, banana, açaizal
e árvores silvestres de grande porte. Por se tratar de uma escola família, a mesma
abrange alunos várias comunidades ribeirinhas (Rio Preto, Maracá, Ilha do Pará
etc.). A escola possui cerca 300 alunos matriculados, oferecendo o Ensino Funda-
mental II e Ensino Médio.
O trabalho foi realizado por meio de pesquisa com alunos que já haviam con-
cluído seus estudos na EFAC, sobre a Pedagogia da Alternância; se o processo de
ensino por alternância contribui para sua formação. No entanto, a pesquisa foi reali-
zada em apenas uma etapa, onde se aplicou questionário para avaliar o conhecimento
prévio dos alunos e que posteriormente poderá servir de base para comparativos sobre
a avaliação do aproveitamento e posteriores inferências.
Para realização da entrevista foi feito um roteiro contendo 10 perguntas dire-
cionadas a dez ex-alunos egressos de 2019 a 2021, três professores e a gestão escolar
(direção da escola e pedagogo). O estudo visou respeitar a integridade física do
direito dos alunos ao participarem da pesquisa, contudo o projeto foi submetido ao
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UEAP e assim, respeitadas as orientações
da Resolução CNS nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, que preconiza
proteger a identidade, integridade, dignidade dos participantes, e para contribuir no
desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos Conselho Nacional de Saúde
(CNS), a Resolução CNS 510/2016 (Brasil, 2016).
Aos responsáveis dos participantes, solicitou-se a assinatura do Termo de Con-
sentimento Livre e Esclarecido (TCLE), enquanto aos alunos, por serem menores
de idade, foi solicitado a assinatura do Termo de Assentimento Livre e Esclare-
cido (TALE) que fizeram os esclarecimentos, antes e durante o curso da pesquisa,
sobre a metodologia, informando a possibilidade da liberdade do sujeito se recu-
sar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem
penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado Conselho Nacional de Saúde
(Resolução n° 196/96).
84
Resultados e discussões
o método de ensino proporcionado pela escola. No entanto, a direção relatou que sim,
pois através desse método de ensino que a escola proporciona, vários alunos hoje em dia
são grandes profissionais. Utilizar a metodologia da pedagogia proporciona aos alunos
melhor convívio social, buscando adaptar o aluno entre escola-comunidade e família.
No sétimo questionamento, questionou-se se a direção da escola possui condi-
ções de participar de forma satisfatória do ENEM ou de outra seleção, como concurso
público, processo seletivo, tendo em vista a qualidade do ensino disponibilizado. Foi
notável na fala da direção da escola que o ensino proporcionado pela escola prepara
os alunos para a vida profissional, no entanto, muitos alunos que passaram pela escola
são concursados hoje, graduados.
No oitavo questionamento perguntou-se sobre as principais vantagens da educa-
ção disponibilizada pela EFAC. No entanto, conforme a resposta da direção escolar
são aulas práticas, que além do aluno aprender na teoria ele também aprende prati-
cando no campo.
Contudo, a formação integral dos alunos e a promoção do meio rural são os
principais objetivos da Escola Família-Agrícola (EFA), sendo que se busca como
fundamental interagir escola-família, articulando esses dois ambientes como espaços
de aprendizagem contínua, valorizando as informações da cultura rural e o calen-
dário agrícola.
No nono questionamento, questionou-se para direção da escola o que precisa
mudar na educação da EFAC. Com base na resposta a mesma relata a falta de con-
dições financeiras, melhorias no laboratório de pesquisa.
É de suma importância que a estrutura escolar deva ser pensada para possibilitar
a total exploração desses ambientes e gerar intervenções que possibilitem interações
de alto nível entre os alunos e professores e os campos de experiência. Contudo, a
falta de recursos financeiros para melhoramento de laboratórios de pesquisa é um
entrave que deve ser vencido, pois como se trata de escola do campo, é fundamental
associar teoria e prática.
"É a educação voltada para o campo, para o aluno do campo. é o ensino que pensa o
Aluno 02 indivíduo integral”.
perceber que ela proporciona oportunidade para alunos do campo, curso técnico,
conhecimento de técnicas agrícolas, que poderão ser usadas na comunidade como
meio de renda familiar. Além do mais a escola forma cidadãos disciplinados.
No oitavo questionamento, perguntou para os ex-alunos com a base em suas
experiências de alunos da escola, o que precisaria melhorar na educação da EFAC,
pois com base nas respostas dos entrevistados podemos destacar o foco no ensino
voltado, por exemplo, para vestibulares e concursos.
No nono questionamento, sobre a Pedagogia da Alternância utilizada pela EFAC
Considerações finais
REFERÊNCIAS
AMAPÁ. GEA. Características gerais do Amapá. Disponível em: http://www.
amapa.net/info/mostra. Acesso em: 31 ago. 2021.
Introdução
O
açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmeira nativa da Amazônia que
se destaca entre os diversos recursos biológicos e vegetais. Seja pela abun-
dância, seja por produzir importante alimento para as populações locais, além
de se constituir na principal fonte de matéria-prima para a agroindústria de palmito. É
encontrado habitando toda a região do estuário amazônico. Apresenta-se como uma
espécie componente da floresta nativa ou em formas de verdadeiros maciços naturais
conhecidos como açaizais. Sua predominância se manifesta nas áreas de várzeas, nota-
damente quando há constante extração de madeira e palmito (Nogueira et al. 1998).
Os produtos derivados do extrativismo dos açaizeiros ocupam lugar de desta-
que na economia do Estado do Pará e Amapá, pela produção de frutos e palmito. Os
quais juntos, mobilizam, anualmente, recursos da ordem de 200 milhões de dólares.
Sendo 10% desse valor proveniente da exportação de palmito para outros países
(Pará, 1990; Sudam, 1992).
Vale ressaltar que os estudos fitossociológicos de uma floresta representam o
passo inicial para o seu conhecimento. Uma vez que associados à sua dinâmica, pode
construir uma base teórica para subsidiar a preservação e o uso de recursos da flora,
a conservação de ecossistemas similares e a recuperação de áreas ou fragmentos flo-
restais degradados. Isso contribui substancialmente para seu manejo (Arruda, 2007).
A estrutura sociológica, indica sobre a composição florística nos diferentes
estratos da floresta em sentido vertical. A presença de espécies nos diferentes estra-
tos é de fundamental importância fitossociológica, pois uma espécie tem presença
assegurada na estrutura e dinâmica da floresta, quando se encontra representada em
todos seus estratos (Longhi, 1987).
O Brasil é detentor da maior porção da floresta amazônica, que por sua vez
é uma das principais repositoras da biodiversidade do mundo. Por isso ampliar o
conhecimento sobre as espécies que formam essa floresta é de extrema importância,
para que possa haver melhora nas informações que relacionam espécies e fatores
ambientais (Silva et al., 2014).
Durante anos o açaí vem sendo consumido pelas populações tradicionais, mas
elas não tinham conhecimento da importância nutricional dessa fruta. Somente há
pouco tempo se passou a pesquisar o teor proteico de alimento. No Brasil, o gênero
Metodologia
dos estipes do açaí, essa atividade não venha trazer problemas na questão ambiental
e que o mesmo venha contribuir com os estudos em sala de aula. Foi realizada uma
abordagem quali-quantitativa, ou seja, mesclando dados quantitativos e qualitati-
vos. Visou-se levantar as consequências ecológicas enfrentadas pelo uso indevido
no processo de manejo da flora, que, no entanto, esse trabalho dê subsídio para que
no final da pesquisa possam ser executadas orientações nas comunidades e famílias
dos alunos, sobre a importância do manejo do açaí todos os requisitos ambientais.
A Escola Família Agroextrativista do Carvão, está localizada na comunidade
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Fonte: Autor
Amostragem
Medições e avaliações
Fonte: Autor
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Resultados e discussões
Li= 204,12
Intervalo de confiança para a média
Ls= 236,88
Li= 3878,25
Intervalo de confiança para a população
Ls= 4500,75
Fonte: Autor.
98
Com base na Tabela 2, pode-se perceber que o número médio por hectare de
touceiras na área da escola é de 220,50, com uma variação média de 297, 84. Nas
áreas destinadas para a produção de frutos, normalmente, são eliminados os estipes
de açaizeiros excedentes das touceiras. Deixa-se no máximo três ou quatro estipes
e, também, algumas plantas de outras espécies, com vistas à redução competição
por água, luz e nutrientes, no sistema de consórcio entre espécies (Carvalho, 2018).
Li = 415,19
Intervalo de confiança para a média
Ls = 453,81
Li= 3878,25
Intervalo de confiança para a população
Ls= 4500,75
Fonte: Autor.
continuação
Fonte: Autor.
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Fonte: Autor.
Li = 586,11
Intervalo de confiança para a média
Ls = 622,89
Li = 11136,00
Intervalo de confiança para a população
Ls = 11835,00
Fonte: Autor.
Conclusão
Com base nos dados obtidos, pode-se observar que o número de plantas adultas
de açaizeiro é menor, comparado ao de jovens, na área da escola. Fato esse que está
ligado ao manejo realizado que contribui com o melhor e maior desenvolvimento
do açaizal. Contudo, foi perceptível o número médio de touceiras de açaí por hec-
tare, na área da escola, foi de 220,50 e variação média de 297, 84. Vale ressaltar que
há nessa análise estatística três estágios: o número médio por hectares, que foi de
2294,00; o intervalo de confiança para média, no valor de 2276,69 a 2311,13 e o
intervalo de confiança para população, de 43.257,03 a 43.914,97. Esses resultados
foram encontrados em uma área de 19 hectares. Contudo, a principal característica
das áreas destinadas para a produção de frutos é a realização do manejo, ou seja, são
eliminados os estipes de açaizeiros excedentes das touceiras, deixando-se no máximo
três ou quatro estipes. Isso contribui para a melhor produção de frutos.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 101
REFERÊNCIAS
AMAPÁ. Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá.
Zoneamento Ecológico Econômico da Área Sul do Estado do Amapá – ATLAS.
Macapá: IEPA/GEA/AP, 2000.
PARTE 2
SABERES, HISTÓRIA E
IDENTIDADE DO CAMPO
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PERCEPÇÕES SOCIOECONÔMICAS
DAS FAMÍLIAS DOS EDUCANDOS DA
ESCOLA FAMÍLIA AGROECOLÓGICA
DO MACACOARI, NA AMAZÔNIA-AP
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Introdução
A
EFAM através de sua base de ensino aprendizagem buscam viabilizar melho-
rias a seus educandos, agregando a seus conhecimentos empíricos, nesse
viés da agroecologia, nova janela de sustentabilidade, com os recursos da
natureza de forma social, ambiental e sustentável.
A missão da EFAM é promover a garantia do direito a uma educação que
considere o contexto da Comunidade Agroecológica do Macacoari, mediando os
princípios éticos, colaborativos e sustentáveis, a partir de um trabalho coletivo e
compartilhado, norteado pelo compromisso de todos os sujeitos, tendo o diálogo como
ação contínua e geradora de um processo de formação de cidadãos críticos, criativos
e proativos, com vistas ao desenvolvimento individual e da comunidade em que está
inserido. Diante a esta análise da missão da escola agroecologica, adentraremos com
referências ao conceito de agroecologia.
A agroecologia está ainda mais presente dentro das diversas estratégias de desen-
volvimento rural, com propostas de sustentabilidade ambiental, econômica e social
(Silveira Filho et al., 2011). Aquino e Assis (2005) reforçam sobre essa transformação
dentro dos aspectos de inclusão social, soberania alimentar, equidade, diversidade
cultural, construção social de qualidade e outros que se apresentam além do circuito
tecnológico. Assim proporcionando conhecimento para algo em âmbito consciente,
produtivo e economicamente viável (Gliessman, 2009).
Desta forma, Silva (2010) ressalta referente a valorização das atividades agroe-
cológicas e extrativistas, adentrando a conjecturas curriculares da educação for-
mal, através do vínculo entre a diversidade sociocultural e ambiental presente nas
comunidades rurais. Sendo assim, as EFAs se apresentam com capacidade de aliar
os conhecimentos científicos com os saberes regionais, na ascensão de sociedades
sustentáveis, por meio de educação ambiental integral (Pereira, 2020).
O açaí é um fruto brasileiro cultivado predominante na região amazônica,
onde tem nos chamados atenção de ser um produto apenas de consumo endó-
geno, passando a ser consumido por outros mercados fora da Amazônia, inclusive
no exterior, e de uma forma completamente diferente do consumo tradicional.
106
Aréa de estudo
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Macacoari
no
5
al
0º16’0’’N
Legal
7
Ilhas do 6 - Igarapé Amazonas
Brasil 8 Pará
7 - Bacaba
Elaboração: 8 - Ipixuna Miranda
Jodson C. Almeida 9
Taiane F. Dourado 9 - Carapanantuba
Geodados:
TERROA, GERCO/IEPA 50º48’0’’W 50º39’30’’W 50º31’0’’W
UEAP/PROEXT *Floresta de várzea de alto porte com grande frequência de palmeiras
2020
Metodologia
Resultados e discussões
As famílias, 80% delas recebem benefício social, bolsas que variam entre R$
400,00 e R$ 500,00. A grande maioria não participa de nenhum programa de assis-
tência estudantil, é mantido pelos pais que acham o custo alto dos materiais, onde
muitas vezes se torna um impedimento para a conclusão do curso.
Os produtores entrevistados exercem a agricultura familiar, é mostrada as pes-
soas que utiliza mão de obra exclusivamente familiar, ou seja, o manejo de açaí
é realizado somente pelos integrantes da família como marido, mulher e filho. A
quantidade de açaí que coleta no período da entressafra é de 50 sacas.
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O manejo do açaí
A produção é de 100 à 400 sacas, e é realizado ape-
na entressafra cai para 50 sacas, no nas pela família.
Igarapé Entre1salário Inferior a 1 salário
2 verão o esposo trabalha de diárias Somente a lim-
Amazonas mínimo mínimo
(carpinteiro), auxiliar de peza do açaizal
Cozinha. é realizada por
terceiros.
esposa e filhos, não contratando outra mão de obra para ajudar na extração do pro-
duto, pois quando isso acontece, a produção é dividida, entre o produtor (dono) e o
contratado para a extração.
A produção na safra do açaí é de 100 à 400 sacas em todas as comunidades
estudadas e cai para 50 sacas de açaí em todas as famílias envolvidas, muitas das vezes
essa produção é até menos disso, por tanto essa produção não se destina a venda é
mais para o sustento da família, é por essa ocasião que as famílias não havendo outra
alternativa tendem a trabalhar em outra atividade secundaria de renda.
com os dados obtidos onde a presença masculina no cenário da produção de açaí está
em maior quantidade, são eles em sua maioria que lideram as atividades de colheita.
entretanto, as mulheres também atuam na produção do açaí, principalmente nas etapas
de debulha e catação, além de auxiliar no processo de pesagem e comercialização.
Tendo como profissão o extrativismo e agricultura.
A população visitada informou fazer cultivo de outras culturas para subsistên-
cia e comercialização. Contudo 50% da população recebe benefício social da Bolsa
Família. Predomina-se a escolaridade do 1º ao 4º ano do Fundamental Incompleto.
O estudo teve com o requisito o perfil socioeconômico das famílias dos edu-
candos em relação as atividades extrativas, as mais rentáveis, sendo viáveis outras
práticas de atividades sustentáveis, além da organização das famílias em realização
ao manejo como atividades extrativas de sustentabilidade.
A pesquisa realizada apontou dados significantes, onde observou-se que nas
safras do açaí as famílias têm um poder aquisitivo economicamente mais evidente,
enquanto nos meses de entressafra as famílias reduzem pela metade o poder de
sustentabilidades das famílias, fazendo que as mesmas busquem outras atividades
extrativas, agrícolas, além das criações de animais de pequenos portes, e dos progra-
mas ofertados pelos governos para subsidiar a sustentabilidade familiar.
Conclui-se com isso que as famílias visam adaptar as práticas educacionais
desenvolvidas no ambiente educacional de ensino, praticada na Pedagogia da Alter-
nância, uma nova perspectiva inovadora de conhecimento, visando ampliar, expandir,
melhorar, não apenas o conceito de conservação, mais na prática de conservar, extrair
sua sustentabilidade, visando com isso não somente sua vida econômica, a parte
financeira, mas o meio em geral no qual todos estão inseridos.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 115
REFERÊNCIAS
AGUIAR, A. G. R.; MARTINS, P. F. da S.; SIMÕES, A. V. Efeitos da intensidade
do desbaste de estipes de açaizeiros (Euterpe oleácea Mart.) nativos na composição
de parcelas de produção em várzea do estuário amazônico. Revista Cienc. Agrar.,
Belém-PA, v. 60, n. 4, p. 358-365, out./dez. 2017.
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Introdução
O
presente trabalho faz um recorte temporal para o ano letivo de 2020, referente
às proposições educacionais feita pela Escola Família Agroextrativista do
Carvão (EFAC), em relação à sua oferta de ensino, num cenário de isola-
mento social, suspensão de aulas presenciais e cumprimentos dos pareceres do Minis-
tério da Educação e Cultura (MEC), para estudantes de comunidades tradicionais que
a escola atende, nos segmentos dos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino
Médio, em regime de Alternância. A relevância ao escolher essa temática pauta na
importância de mostrar estratégias de ensino que são construídas na coletividade, com
criatividade e, principalmente, a instituição tem em suas pautas o cuidado e o respeito
de olhar suas demandas educacionais a partir do território que o aluno está inserido
Este trabalho aborda algumas questões referentes ao impacto que a pandemia
causou na EFAC, por ser uma escola do Campo em regime de Alternância Pedagó-
gica, no que diz respeito à questão educacional, mais especificamente as deliberações
conforme o novo formato de aula, durante o isolamento social. O que norteou este
trabalho foram as dificuldades observadas e enfrentadas pela instituição e de como a
mesma criou estratégias para atender aos dispositivos legais, cumprindo os Decretos,
sem causar mais impactos negativos aos alunos e evitar a evasão escolar.
Esta pesquisa mostra o Plano de Estudo, um dos instrumentos pedagógicos
utilizados pela escola, trabalhado durante o ano letivo de 2020. É “remando contra a
maré”, expressão bastante conhecida no contexto linguístico amazônico, que significa
ir contra algo bem forte e complicado, como a maré nos rios amazônicos, no que se
refere à uma educação que considere os sujeitos locais, os estudantes, em todas as
dimensões, articulado ao ensino formal.
A metodologia utilizada foi de caráter documental e bibliográfico. Os objetivos
postos foram observar os desafios, dificuldades da instituição, analisar as temáticas
118
e atividades escolares trazendo especificidades do dia a dia dos estudantes, que já faz
parte do processo de ensino e aprendizagem, em Alternância, seguindo as diretrizes
pedagógicas da Alternância familiar, já vivenciadas pelos estudantes.
A ÁGUA. Olá! Eu sou a Água doce! Mas, apesar de meu nome eu não tenho
gosto doce não! Viu?! Sou chamada assim porque sou a Água que dá pra beber,
tipo aquela que você pega no rio, no poço ou na torneira. Sou um líquido muito
conhecido por todo o mundo e aposto que vocês adoram! Sabiam que eu posso
me transformar? É... eu posso sim! Posso ficar na forma líquida (que é a Água
que vocês bebem), na forma sólida (que é o gelo) e na forma gasosa (o vapor).
Sou formada por uma molécula bem conhecida, sabem qual é? É o H20! Mas, eu
estou tão triste ultimamente... Porque fiquei sabendo que daqui a um tempo corro
o risco de ficar imprópria para o consumo humano, ou pior, eu posso não mais
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existir. Isso está acontecendo porque as pessoas não pensam que podem me pre-
judicar. Jogam lixo em mim, venenos, criam búfalos nos lagos e me desperdiçam
muito, pois muitas vezes não sabem o quanto eu sou importante. Sem a minha
presença, não haveria vida. Vocês podem e devem ajudar a cuidar de mim! Afinal,
e eu estiver boa não haverá mais vida (Associação Nossa Amazônia, 2020a, p. 1).
Com esse texto norteador, solicitou-se aos alunos uma pesquisa (empírica)
com 11 perguntas e, cada professor, conforme seu componente curricular continuava
articulando o tema gerador ao seu componente. As perguntas foram:
Dar ênfase aos saberes locais é também dar voz aos atores sociais que são
pais, avós de alunos, comunidade, que em sua grande maioria tiveram seu direito
negado, no que se refere ao ensino escolar público. Pessoas que mesmo com baixa
escolarização, tem muito a contribuir, a ensinar. E fortalecer nossa defesa de um
currículo diferenciado é também trazer esses conhecimentos para o espaço escolar,
onde se compreende e defende que o espaço familiar é espaço de aprendizado, de
construção de conhecimento.
O que se constata no primeiro Plano de Estudo e a atividade proposta citada
como exemplo, do componente curricular de Língua Portuguesa é que nesta atividade
há uma concatenação entre o texto norteador e a proposta de atividade, podendo, o
aluno compartilhar com demais pessoas de sua família, de sua convivência, infor-
mações para enriquecer seu texto.
Uma questão a ser destacada quanto ao primeiro Plano de Estudo é que o tema
não foi diretamente ligado à temática pandêmica, ou especificamente, a covid-19,
pois naquele contexto temporal havia muitas dúvidas em relação a essa doença.
Sabe-se que a temática da água tem relevância para os alunos, pois a maioria do
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 129
que a associação mantenedora está se articulando para novos rumos da escola no que
se refere a políticas educacionais internas e que irão impactar externamente juntamente
com as famílias de alunos, pois o desenvolvimento do meio, onde as famílias estão
inseridas, também faz parte do processo educativo dela.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel. Outros sujeitos, outras pedagogias. 2. ed. Petrópolis:
Vozes, 2012.
FAMÍLIA AGROEXTRATIVISTA DO
CARVÃO – EFAC, MAZAGÃO-AP
Janilson Morais de Leão
Marcio Moreira Monteiro
Introdução
A
educação é importante para formação cidadã e, nos dias atuais é ofertada com
diferentes técnicas que nem sempre trazem em sua base o reconhecimento
da identidade, deixando de lado seus princípios oriundos de processo de
formação cultural específico a cada realidade.
Quando se trata de modelos educacionais específicos, como Educação do
Campo, é sempre importante destacar que essa responsabilidade aumenta, à medida
que se verifica que cada território de atuação que está inserido estas unidades edu-
cacionais, necessitam de estratégias à altura.
O presente artigo está organizado com uma breve revisão de literatura contex-
tualizando sobre as lutas pela terra das populações tradicionais, a Escola Família
Agroextrativista do Carvão e sua condução da educação do campo e as questões de
territorialidades na área que a escola vem atuando.
No bojo epistemológico, alguns autores foram importantes para condução do
estudo, como Molina e Antunes-Rocha (2014) discorrendo sobre Educação do Campo,
Silva e Schwendler (2021) com reflexões sobre as questões de sexos nas escolas,
Gadotti (2005) nas reflexões sobre ecopedagogia e Filocreão e Silva (2016) contri-
buindo com a questão fundiária.
Assim, os principais meios de atingir educação emancipatória que contemple
cada educando, é construir essa de maneira participativa, considerando que é funda-
mental caminhar em função de desenvolver seu território, respeitando as riqueza e
modo de vida local, através das especificidades ligadas a cada região.
Assim a Escola Família Agroextrativista do Carvão-EFAC, sua mantenedora,
Associação Nossa Amazônia (Anama) e seu braço político comunitário Associação da
Escola Família Agroextrativista do Carvão – AEFAC, vem trabalhando em um amplo
134
quantidade ainda maior de grupos. Para que as terras que pertencem legalmente aos
Estados, possam ser destinadas a terceiros, foram elaboradas legislações que autori-
zam o poder público a fazer tais destinações.
O final dos anos 1970 e começo dos anos 1980 aconteceram reconfigurações
políticas, sociais e econômicas no campo brasileiro. Impulsionado pelo fim da ditadura
militar, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST se institucionalizou,
passando a ser reconhecido como um “movimento social”, que teria como objetivo
principal o que tem sido chamado de luta pela terra, (Loera, 2009, p. 73).
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(PAE – Maracá) e outra localizada no Distrito do Carvão, onde vem sendo construído
como espaço de formação multidisciplinar, para profissionais no e do meio rural. O
nome da escola, diferente das demais criadas, acresce o termo “agroextrativista”, tal
modificação ocorrida em 2003, por sugestão de lideranças do Conselho Nacional das
Populações Extrativistas – CNS (Santos; Santana; Mól, 2021).
De acordo com o projeto político pedagógico PPP, a Escola Família Agroextra-
tivista do Carvão, autorizada e reconhecida pelo Conselho Estadual de Educação, sob
o Parecer nº 31/2016, amparada pela Lei do FUNDEB – Lei nº 11.494/2007 alterada
As lutas das populações do campo, das florestas e das águas, são sinais da
resistência contra a desterritorialização, sendo compreendido o seu território como
espaço de manutenção diária da vida em suas diferentes dimensões, seja, sociais,
econômicas, política, culturais, reafirmando o seu lugar histórico no mundo como
forma de organização social que se liga a esse território, onde a vida vem se perpe-
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Metodologia
Área de estudo
MARACÁ
São Tomé FURO SECO
N São Livramento
CAJARI
Bom Jardim
Canindé
Jericó
Abordagem metodológica
Resultados e discussão
destacando com 31 famílias, Rio Preto com 26, e Carvão com 22, Rio Maracá com 15
e Ilha das Cinzas e Rio Cajari com 10 Famílias, evidenciando assim o papel de ascen-
são de políticas voltadas a Educação do Campo não só meramente ligado no direito
ao território, mas também direito a escolarização (Molina; Antunes-Rocha, 2014).
Para que a EFAC estivesse ainda presente na comunidade, sendo alicerce para
potencializá-las, foi necessário buscar estratégias para fortalecer seu Instrumento
Pedagógico denominado de Visita às Famílias1 em conjunto aos demais instrumen-
tos, e assim, ligar a Pedagogia da Alternância, cada vez mais ao desenvolvimento
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Ilha das Cinzas contempla projetos de assentamentos extrativistas, Ilha das Cin-
zas, criado em 2006 e Ilha das Pracuúbinhas criado em 2006 (Incra, 2021), localizado
no Rio Amazonas, com acesso mais viável, via fluvial, e, com rios que se destacam
pela diversidade de comunidades tradicionais, que diariamente retiram seu sustento
da floresta e dos rios locais.
O local é responsável em produzir quantitativo bastante elevado de rasas de
açaí (unidade que corresponde em 14 kg de frutos), hoje sendo priorizados grandes
faixas de terra, nas colocações (área delimitada e de posse de indivíduo ou grupo
familiar) para o cultivo de açaí, e agricultura familiar.
É um local conhecido nacionalmente, pois, a organização comunitária local, e
governamental (Embrapa) protagonizaram projetos, como uso dos recursos naturais da
biodiversidade de forma planejada (pesca de camarão e manejo de recursos florestais
com mínimo de impacto). A Ilha das Cinzas vem inspirando outras comunidades na
foz do Amazonas com manejo racional da pesca que é fator importante, pois, algu-
mas famílias ainda, às técnicas para seleção de pescado de qualidade superior, tanto
o peixe como camarão.
Núcleo Rio Furo Seco está situado no Projeto de Assentamento Extrativista
Ilha do Pará criado em 2009 (Incra, 2021) um local muito importante, geografica-
mente, pois, está interligado a outros diversos rios, facilitando o acesso, além de ser
considerado o centro, quando se considera outras comunidades que, participaram
desse núcleo. Possui acesso via fluvial, pelo Rio Amazonas e os alunos todos deste
estão cursando o Ensino Médio.
Suas principais fontes de renda estão ligadas diretamente ao extrativismo e
criação de pequenos animais (suínos, galinhas, patos). Sendo o açaí, o responsável
por movimentar grande parte da renda desses, também existem instalados nas mar-
gens de rios que contemplam esse, pequenas serrarias, com exploração de árvores
nativas de várzea.
Todas as comunidades possuem influência das marés, onde, a pesca artesanal,
durante grande parte do ano também contribui com à alimentação e aumento na renda
das famílias, contudo, os recursos naturais são importe para cada ribeirinho e muito
importante para gerações atuais e futuras.
Existe uma dinâmica, pautada toda nas águas, quando às marés, são respon-
sáveis, pela logística de pesca, extração de madeira e coleta de frutos. Ponto muito
importante, pois, à sustentabilidade é o caminho para que o êxodo rural seja uma
opção e não o único caminho.
144
60 Feminino
50 Masculino 44
40 Total
30 28 27
18 17
20
8 12 16 12 8 9
10 7 6
1
0
6ºAno 7ºAno 8ºAno 9ºAno TF-TM-TG
Séries
TF=total de alunos do sexo feminino, TM=total de alunos do sexo masculino e TG=somatória total dos gêneros
masculino e femininos.
Fonte: EFAC, Mazagão, AP (2022). Elaborado pelo autor.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 145
100 Masculino
80 Total 66
60 53
41 43
35
40
19 22 19 24 15 20
20
0
1ª Série 2ª Série 3ª Série Total F-M-G
TF=total de alunos do gênero feminino, TM=total de alunos do gênero masculino e TG=somatória dos gêneros
masculino e femininos.
Fonte: EFAC, Mazagão, AP (2022). Elaborado pelo autor.
150% masculino
Percentual de alunos
feminino
100%
soma
100%
0%
% Total % EF % EM
% Total= percentual total, %EF= percentual de alunos ligados ao Ensino Fundamental, %EM=percentual de
alunos ligados ao Ensino Médio.
Fonte: EFAC, Mazagão, AP (2022). Elaborado pelo autor.
Considerações finais
A EFAC foi fundamental para que o ano letivo atípico que distanciou os alunos
da sua sede e das práticas educacionais nos laboratórios da instituição não tivessem
prejuízos, pois o ensino foi até a comunidade em estratégias moldadas pela família
ANAMA, AEFAC e organizações da sociedade civil, fortalecido pelos seus Núcleos
de Conexões Formativos, que além do ensino promovido pela ida de monitores até
estes, fortaleceu o processo organizacional reconhecendo importância das diferentes
produções existente no território de atuação da EFAC, pautado no processo sustentável
e proteção a territorialidade de cada comunidade.
Com um caminhar constante na educação, a escola vem consolidado a cada dia,
um modelo de gestão escolar participativo, e na condução do processo formativo
construído da base, com alunos, família destes e organização da sociedade civil,
destacando que não se pode conduzir educação do campo de qualidade, que não
tenha no planejamento estratégico as populações tradicionais, que são hoje mais
penalizados pelo atual modelo educacional “regular” que distância a educação da
vivência com seu território.
Entretanto, além de muitas questões, traz consigo no eixo educativo o real
significado de comunidade, juntando todos em espaços políticos para debaterem e
quebrarem tabus, que a religiosidade, a mídia capitalista e os interesses individuais
os distanciam. E vem cada dia sendo exemplo de unidade educacional modelo, con-
duzindo uma educação emancipadora.
148
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. W. B. Territóriose territorialidades específicas na Amazônia: entre
a “proteção” e o “protecionismo”. Caderno CRH, Salvador, v. 25, n. 64, p. 63-71,
jan./abr. 2012.
GIL, A. C. Métodos e técnicas em pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
RIBEIRO, A.; MORAES, A.; PENHA, W.; LEÃO, J.; CHUCRE, S.; SALGADO,
J.; XAVIER, G. Plantas alimentícias não convencionais (PANC) e plantas medici-
nais na Reserva Extrativista do Rio Cajari, Amapá. In: RIBEIRO, A.; MORAES,
A.; PENHA, W.; LEÃO, J.; CHUCRE, S.; SALGADO, J.; XAVIER, G. Ensino,
pesquisa e extensão na Reserva Extrativista do Rio Cajarí. Mazagão, AP: NEA/
UNIFAP/MZG, 2021.
150
Introdução
O
presente trabalho pretende apresentar o processo histórico que culmina na
existência de propostas alternativas de educação, amparadas em processos
dialógicos que buscam aproximar a escola e o ensino do cotidiano do seu
educandário. A construção de uma Escola Família perpassa por processos como luta
política, reconhecimento e garantia de direitos, compreendidos como universais rei-
vindicados e protagonizados pelos trabalhadores do campo em seus múltiplos movi-
mentos em prol da qualidade de vida da população do campo (Borges; Castro, 2007).
Uma Escola Família é nesse sentido um fruto das lutas da população camponesa
em prol de uma educação voltada para os conhecimentos e necessidades de qualificação
técnica da população do campo na zona rural. Articulada com o propósito de fortalecer
a identidade coletiva da população e as necessidades do território (Sousa et al., 2016).
Com a pretensão de abordar com maior profundidade os desafios acerca do
processo de implementação de uma escola família, o artigo se dedicou a estudar o
caso da escola família do Bailique. Iniciando a partir de um levantamento histórico
da existência de escolas famílias no Brasil, como forma de compreender como essas
iniciativas se desenvolveram e no que se sustenta essa proposta.
A partir de então o estudo buscou estabelecer uma análise regional buscando
identificar a trajetória das escolas famílias no Amapá, visando estabelecer a partir de
então paralelos acerca de como se desenvolveram as escolas famílias no estado para,
por fim, apresentar o estudo de caso acerca da escola família de Bailique,
O estudo de caso realizado a partir de técnicas qualitativas de pesquisa buscou
historicizar o processo de implementação da escola família no Bailique, um processo
que se encontra em curso, mas que ainda assim fornece muitos subsídios para discus-
sões importantes acerca dos desafios e potencialidades para um modelo alternativo
de educação amparado no modo de vida e no fortalecimento da identidade coletiva
da população que reside no arquipélago do Bailique.
Percurso metodológico
Coleta de dados
do
e
Ba
iliqu
UEAP/PROEXT
e
(EFAB)
as
UTEX
on Macapá
o
az
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Ilha do Curuá
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Resultados e discussões
A EFA de Bailique
1 O grupo reúne 602 entidades filiadas, ONGs e movimentos sociais em nove estados da Amazônia Legal.
2 A Rede GTA é formada por 20 coletivos regionais em nove estados brasileiros que ocupam mais da metade do
tamanho do país, envolvendo mais de 600 entidades representativas de agricultores, seringueiros,indígenas,
quilombolas, quebradeiras de coco babaçu, pescadores, ribeirinhos e entidades ambientalistas, de assessoria
técnica, de comunicação comunitária e de direitos humanos.
3 Cooperativa dos produtores agroextrativistas do Bailique e Beira Amazonas.
4 O Protocolo Comunitário do Bailique é uma experiência no coração da Floresta Amazônica que visa diminuir
desigualdades estruturantes por intermédio da criação de um instrumento de proteção aos direitos da
comunidade, gestão se seu território, manejo e uso sustentável dos recursos naturais.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 157
A proposta de EFAB foi motivada por uma série de fatores, um dos mais rele-
vantes se trata da necessidade da comunidade escolar em se reconhecer no ambiente
e no conhecimento produzido a partir da experiência na escola. O currículo, segundo
os entrevistados, mostra-se como uma significativa incidência, haja a vista a partici-
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A diferença está no currículo escolar do aluno, vai entrar matérias que diz res-
peito às famílias, votadas em assembleia e escolhidas pelas famílias, entre outras
disciplinas voltadas para áreas específicas não só as disciplinas definidas pela
LDB como na escola pública – tradicional. As disciplinas que possam refletir o
meio socioprofissional em que está inserido, no Bailique sobre o extrativismo.
Inicia com duas turmas se der muito aluno, às vezes faz duas turmas de Ensino
Fundamental II, começa com duas séries 6º e 7º ano e cada ano entra uma ou
duas turmas, todo tempo há uma renovação aí vai aumentando a escola, aumenta
estrutura física, quantidade de aluno, recurso e fica mais complexo de administrar
por isso o crescimento tem que ser gradativo e a ideia era seguir até o profis-
sionalizante fazer outras unidades em outros polos. Um anexo desta escola em
outras comunidades. Crescimento depende da estrutura, do fôlego financeiro.
mento que contribuem com setores importantes para as suas comunidades, conforme
expressa a seguir:
Considerações finais
iniciado no distrito do Pacuí buscou não só uma nova proposta de ensino e apren-
dizado, mas sim possibilidades de permanência dos estudantes em suas trajetó-
rias escolares.
O caso da EFA no arquipélago do Bailique nos revela a importância da organi-
zação coletiva de setores da sociedade civil e movimentos sociais na reivindicação
pelos direitos da população do campo. Observa-se a necessidade do fortalecimento
da base, ou seja, das famílias que juntas e através do associativismo, construíram
uma EFA com potencial de transformar a vida das populações tradicionais extrati-
REFERÊNCIAS
ARROYO, M. G.; CALDART, R. S.; MOLINA, M. C. (org.). Por uma Educação
do Campo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. p. 87.
CALDART, Roseli Salete. Educação do campo: notas para uma análise de percurso.
Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 35- 64, 2009.
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PARTE 3
SUSTENTABILIDADE E
EMPREENDEDORISMO NO CAMPO
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CARACTERIZAÇÃO DAS PRÁTICAS
PRODUTIVAS DE CULTURAS
EXISTENTES NA ESCOLA
FAMÍLIA AGROEXTRATIVISTA
DO CARVÃO – EFAC – DISTRITO
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DO CARVÃO, MAZAGÃO-AP
Danilo Fabriciano da Silva
Fernando Galvão Rabelo
Introdução
A
Escola Família Agroextrativista do Carvão – EFAC, localizada na zona
rural do Distrito do Carvão, município de Mazagão – AP, nas seguintes
coordenadas geográficas S 00°11’49,9” W 051 ‘21’ 59.2”, é um estabeleci-
mento de ensino particular de caráter comunitário, que nasceu dos anseios da própria
comunidade. Fundado dia 8 de setembro de 1997, hoje com 24 anos de existência.
Atende alunos dos Estados do Amapá e Pará. Ao longo de sua trajetória educacional,
vem buscando na educação do campo, transformar positivamente a realidade dos
educandos, através do seu próprio protagonismo.
Na concepção educacional, a Pedagogia da Alternância é fundamental e, em
conjunto com os seus instrumentos pedagógicos, deve ser concretizada como modelo
que se molda em torno da realidade dos alunos, e se transforma em metodologias
adaptadas, em aulas tanto de cunho prático, quanto teórico, e nos laboratórios exis-
tentes no espaço escolar.
No distrito do Carvão, em relação ao setor produtivo, o padrão característico
é o de subsistência, onde prevalece o uso da mão de obra familiar e de baixo uso
de recursos tecnológicos. “É um sistema produtivo, cujas atividades são definidas
segundo os condicionantes naturais e com respostas mais decorrentes de vetores
sociais do que econômicos” (Silva, 2010, p. 72). Nesse contexto, deve-se levar em
conta a lógica deste sistema produtivo, a qual é “baseada na estratégia de sobrevi-
vência para garantir a permanência da unidade familiar e, nessas condições, o extra-
tivismo é um dos elementos principais deste sistema produtivo, juntamente com as
atividades agrícolas e pequenas criações” (Rabelo et al., 2005).
Para um maior desenvolvimento nos sistemas produtivos locais, são sugeridas
por este trabalho três culturas agrícolas alternativas: açaí, coco e manga, que poderão
ser consideradas como estratégias competitivas, inovadoras para a agricultura familiar.
166
Metodologia
Este trabalho foi uma pesquisa de campo, realizada no pomar da Escola Família
Agroextrativista do Carvão, localizada na zona rural do Distrito do Carvão, muni-
cípio de Mazagão-AP, nas seguintes coordenadas geográficas S 00°11’49,9” W 051
‘21’ 59.2”, a 36 km da capital do estado (Macapá). Com uma área estimada em
13.131 Km², a escola atua com Ensino Fundamental II (6º ao 9º) e Ensino Médio,
e é composta por famílias das comunidades da região da Foz do Mazagão Velho,
Mutuacá, Mazagão Novo, Rio Preto, Maracá, Cajarí, Ilha do Pará, e Comunidade do
Carvão. São moradores tradicionais, denominados de extrativistas e ribeirinhos, que
desenvolveram uma relação harmoniosa com a natureza, onde a sua sobrevivência
depende fortemente da conservação dos recursos naturais.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 167
2
cultivadas. A cultura da manga possui uma área de mais de 500m , comum total de
8 plantas, tendo sido implantada também no ano de 2002.
A cultura do coqueiro possui características importantes, como: floresce pre-
cocemente, iniciando sua produção a partir do terceiro ou quarto ano após o plantio;
atinge até 20m de altura, seu período econômico de produção dura em média 50 anos
e produz entre 130 e 150 frutos/planta/ano.
A coleta dos dados ocorreu em fevereiro de 2021. A área foi medida com auxí-
lio de fita métrica, assim como o número de planta existentes na área, com objetivo
principal de levantar as principais potencialidades e dimensionar os dados referentes
à capacidade produtiva e estimativa das culturas do açaí, do coco e da manga.
Os dados foram analisados e tabulados com auxílio do programa Microsoft
Excel e estão expostos nas Tabelas 1 e 2.
Resultados e discussão
o coqueiro anão pode florescer com pouco mais de dois anos de idade e atingir, em
função dos tratos culturais, de 200 a 250 frutos/pé/ano, o que proporciona maior
rapidez no retorno dos investimentos realizados (Sebrae, 2021).
No Brasil, o rendimento médio é de 7,5 mil frutos por hectare aproximada-
mente. Na região Norte, o estado com maior destaque na produção nacional de coco
é o Pará, com uma produtividade de 9,3 toneladas/hectare em 2017 (IBGE, 2017).
Sabe-se que o coco pode ser comercializado in natura ou para fins agroindustriais
(Siqueira et al., 2002).
se trata dos produtos processados, à base de açaí, os Estados Unidos é o maior expor-
tador e, ainda, o principal mercado importador do açaí brasileiro, recebendo 77% do
total exportado do Brasil (Conab, 2019).
Em território nacional, o açaí contribui fortemente para o desenvolvimento
socioeconômico do norte do país, servindo como base alimentar para milhares de
famílias e formação de renda de expressivo grupo de agricultores familiares e extra-
tivistas da região (Oliveira; Tavares, 2016).
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Conclusão
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, G. V. B.; ARAÚJO, J. L. P.; LIMA, J. R. F. de. Mercado de manga: ten-
dências e desafios para o Vale do São Francisco. XXVI CONGRESSO BRASILEIRO
DE FRUTICULTURA, 2018. Juazeiro. Anais […]. Juazeiro, BA, 2018.
em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1913146/tecnicas-de-irriga-
caopossibilitama-producao-de-acai-na-entressafra. Acesso em: 4 nov. 2021.
MELO, E. de A.; ARAÚJO, C. R. de. Mangas das variedades espada, rosa e tommy
atkins: compostos bioativos e potencial antioxidante. Semina: Ciências Agrárias,
Londrina, v. 32, n. 4, p. 1451-1460, 2011. ISSN 1679-0359
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 173
Introdução
A
educação deve ser vista como um processo democrático, alcançando as popu-
lações que, por muito tempo, foram marginalizadas e excluídas do processo
educacional formal. A educação do campo visa abranger não apenas as comu-
nidades do campo, mas também comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas.
Pensando em uma educação abrangente, surgiram as Escolas Famílias Agrícolas,
chamadas EFAs. Essas escolas utilizam como pedagogia a Alternância, que consiste
na união dos saberes formais e informais, mediante a educação conjunta entre escola,
família e comunidade.
Um dos grandes nomes para a educação do campo, o educador Paulo Freire,
defendia bravamente esse tipo de ensino, onde a liberdade dos alunos é o foco prin-
cipal, tornando possível as experiências pautadas na prática e não apenas na teoria.
Assim, a educação do campo sempre teve como objetivo considerar os conhecimen-
tos ditos como “informais”, adquiridos por meio do convívio com a família e com
a comunidade.
A educação do campo é um grande passo para a produção familiar – fonte de
renda de grande parte da população do campo, população ribeirinha, indígena e qui-
lombola. Ela vem se tornando cada vez mais abrangente, mostrando-se como uma
solução educacional para populações que antes não tinham suas realidades colocadas
em pauta. As EFAs são um excelente modelo de educação abrangente, capaz de pro-
porcionar, aos alunos, uma educação de qualidade e utilitária para a sua realidade.
As EFAs possuem laboratórios voltados para as práticas dos alunos, permi-
tindo que seus conhecimentos sejam ampliados e avaliados. Esses laboratórios são
de extrema importância para a formação de seus educandos, pois, através deles, é
possível conhecer, na prática, tudo o que lhe é ensinado teoricamente. As EFAs e
seus laboratórios possibilitam pensar na produção familiar como fonte de renda
sustentável para a população, bem como considera a realidade desses povos em seu
processo educacional.
Um aspecto fundamental para esclarecer a importância desse modelo de educa-
ção é a demonstração da relação criada entre as EFAs, as famílias e as comunidades.
Como o ambiente escolar, como por exemplo as aulas práticas nos laboratórios influen-
ciam a produção familiar e, contribuem para a sustentabilidade da vida no campo.
176
Metodologia
Para a realização deste artigo, foram utilizados dois tipos de pesquisa: a pesquisa
Desenvolvimento
Trata-se de uma visão revolucionária para a educação e que teve efeitos gran-
diosos para aqueles que, por muito, não tiveram acesso a nenhum tipo de educação
formal, muito menos uma educação que considerasse sua realidade e contexto social.
Paulo Freire foi peça fundamental para os avanços na educação do campo e dedicou
seus estudos para uma parte da sociedade, historicamente, esquecida.
O grande nome da educação brasileira defendia o ato de ensinar pautado na
humildade e no respeito aos saberes adquiridos fora do contexto escolar. Segundo
Gama (2015, p. 58):
Freire, com seus pensamentos libertadores e seu olhar crítico para o processo
educacional convencional, revolucionou a história da educação do campo, tornando
possível a reflexão acerca das práticas de ensino. A partir do seu pensamento, muitos
educadores foram e são capazes de expandir o olhar para os educandos do campo,
comunidades quilombolas e ribeirinhas etc., valorizando, cada vez mais, suas vivên-
cias e contemplando suas realidades distintas.
A Pedagogia da Alternância
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A formação por alternância também não pode ser reduzida, como é o caso muitas
vezes, a simples relações binárias do tipo: teoria-prática, escola-empresa, trabalho
profissional-formação escolar, emprego-formação, saber experiêncial – saber
livresco... na medida em que se coloca o acento sobre o institucional, o cognitivo,
o relacional ou outras aprendizagens (Gimonet, 1998, p. 51).
180
Observa-se, de acordo com estes sete pontos, que o foco do debate é o educando,
bem como se considera seu ponto de vista, valorizando sua experiência e aplicando-a
num contexto educacional. Prioriza-se o bem-estar interacional do educando e não
se coloca o formador como único detentor do conhecimento, proporcionando, assim,
uma educação abrangente às diferentes formas de saber.
No caso do Brasil, a Pedagogia da Alternância se fez presente, pela primeira
vez, em 1968, com a implantação de uma EFA, em Espírito Santo, revolucionando
a educação rural da época:
Sustentabilidade
[...] ser ecologicamente correto: não esgotar os recursos da natureza, tratar o meio
ambiente com respeito, haver um equilíbrio entre o que retiramos da natureza e
Sob influência da França, logo o Brasil tomou como modelo as CFRs e iniciou a
formação das EFAs, visando o maior desenvolvimento educacional dos camponeses:
No Brasil as CFRs nasceram sob influência da União Nacional das Casas Fami-
liares Rurais (UNMFRs) francesas. Silva (2003) destaca três momentos por oca-
sião da implantação das CFRs no Brasil: Um primeiro momento, no qual foram
realizados os primeiros ensaios de organização das CFRs no nordeste brasileiro;
um segundo momento, que registra a ocorrência da migração dos projetos das
CFRs para o sul do Brasil, caracterizando, assim, a implantação e o desenvol-
vimento das primeiras experiências educativas no Paraná. Com a consolidação
dessas experiências no Paraná, teve início um terceiro momento da trajetória das
CFRs, com a sua expansão para outras regiões do Paraná, ao mesmo tempo em
que ocorreu também o início dessas experiências em outros estados da Região
Sul do Brasil. Poderíamos, ainda, inserir um quarto momento, referente à fase
atual, em que vem ocorrendo uma expansão ofensiva das CFRs em vários estados
brasileiros integrantes da área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento
do Nordeste (Sudene) (Lima, 2016, p. 548).
escola e da comunidade.
Conclusão
A educação do campo deve ser pautada na realidade das comunidades que dela
fazem uso, assim como deve possibilitar aos educandos uma ampla formação, visando
contribuir para as suas necessidades sociais e, também, econômicas. O surgimento das
EFAs se mostrou como uma grande revolução educacional para a população que vive
afastada dos centros urbanos, possibilitando aos homens do campo, aos indígenas,
ribeirinhos e quilombolas, uma educação adequada as suas condições.
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 187
O método pedagógico utilizado nas EFAs traz resultados muito positivos, pois
através da Pedagogia da Alternância, as escolas associam o saber formal com os
saberes adquiridos através das famílias e das comunidades. A junção desses saberes
proporciona, aos alunos, uma melhor compreensão de sua realidade, bem como,
suas necessidades.
A produção familiar contribui para a formação educacional, na mesma proporção
em que a educação das EFAs contribui para o processo produtivo agrícola. Trata-se
de uma via de mão dupla, onde os saberes são compartilhados e somados à vivência
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REFERÊNCIAS
CALDART, R. S.; PEREIRA, I. B.; ALENTEJANO, P.; FRIGOTTO, G. (org.). Dicioná-
rio da Educação do Campo. 2. ed. Rio de Janeiro; São Paulo: Expressão Popular, 2012.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Luidis Pereira
Janaina Freitas Calado
Introdução
O
pracaxi (Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze) é uma leguminosa comum
na Amazônia. Seu óleo é conhecido por seus benefícios e nos últimos anos
vem ganhando destaque nas indústrias de fármacos e cosméticos, por possuir
propriedades medicinais, sendo usado no tratamento de dores musculares, inflama-
ções, picada de cobra e até no tratamento do câncer, segundo relatos populares de
comunidades (Dantas, 2015).
A extração desse óleo envolve técnicas semelhantes a extração de outros óleos
vegetais, contudo, algumas características são únicas em cada comunidade tradicional
onde ela ocorre (Guabiraba et al., 2019). O processo envolve várias técnicas como:
coleta e lavagem das sementes, descascamento, secagem ao sol por dois ou três dias,
trituração das sementes e prensagem.
Historicamente, a extração de óleos vegetais na Amazônia é realizada de forma
tradicional em diversas comunidades. Na comunidade do Limão do Curuá, Arqui-
pélago do Bailique, Macapá-Amapá, a extração do óleo de pracaxi e de andiroba
ocorre há bastante tempo, e é realizado por algumas famílias da própria comunidade.
No ano de 2018, foi criado o Grupo de Mulheres Extratoras de Óleo de
Pracaxi, composto por mulheres da própria comunidade que durante a safra das
sementes trabalham na coleta, beneficiamento e comercialização do óleo extraído
das sementes do pracaxi. Esse grupo vem promovendo a troca de conhecimento,
experiências, maior protagonismo entre as mulheres e maior desenvolvimento
comunitário. Outras frentes do grupo são: desenvolver a autonomia feminina; apri-
morar cada vez mais o processo de extração e preservar o meio ambiente. Com
apoio da Embrapa-AP, em 2021, o grupo se destacou por comercializar mais de
duas toneladas de óleo de pracaxi.
O presente estudo busca descrever o processo histórico de organização social
e protagonismo feminino das extratoras de pracaxi da comunidade do Limão do
Curuá, no arquipélago do Bailique, distrito da capital Macapá, no estado do Amapá.
190
Metodologia
Amapá
Macapá
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Ilha do Franco
ba
itu
ur
uc
l Ur
ba
na
riju
Ca
Canal
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na
Ca
Gu
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Ilha do Curuá
Limão do Salmo
Curuá 121
N
tico
A tlân
ano
Oce
km
0 5 10
Coleta de dados
Resultados e discussão
Macapá
Naturalidade Limão do Curuá
Jaburuzinho
Fundamental incompleto – 3
Escolaridade Fundamental completo – 1
Ensino Médio Completo – 2
Casadas – 3
Estado civil Solteiras – 2
União Civil – 1
Número de filhos 2 a 9 filhos
Faixa etária dos filhos 6 a 43 anos
Renda média R$ 2.000 a R$ 4.000
Safra do pracaxi
Fonte de renda Agricultura
Programas sociais
Faltava uma melhor organização entre as mulheres, então o grupo foi criado atra-
vés de encontros e reuniões. Durante o processo de construção do grupo surgiram
parceiros que apoiaram o nosso projeto. A formação se deu na verdade, a partir
das famílias, cada uma foi formando o seu núcleo familiar até formar um coletivo.
E através da venda coletiva tudo começou. Inicialmente com poucas mulheres,
depois foi só crescendo. E conhecimento foi repassado de uma extratora para outra.
Melhorar a estrutura é uma forma de melhorar cada vez mais o serviço. Isso for-
talece o coletivo, permite uma maior inserção do produto no mercado e promove
o desenvolvimento, sobretudo, do coletivo.
Esses direitos criaram novos desafios na esfera pública para esses países no que se
refere ao estabelecimento de normas para uma democracia plural e igualitária que
respeite as diferenças culturais. No plano econômico, porém, existe um desafio
ainda maior: elaborar padrões de desenvolvimento econômico que levam em conta
essa riqueza cultural. Esse desafio é particularmente difícil de ser superado devido
às pretensões universalistas do desenvolvimento que não reconhecem diferenças
frente às tarefas de modernização burocrática e tecnológica e à ideologia neoli-
beral vigente que tenta enquadrar a diversidade cultural dentro da categoria de
consumidores diferenciados (Little, 2002, p. 36).
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Considerações finais
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, M. H. M. B. Memória, narrativas e pesquisa autobiográfica. Revista
História da Educação, Porto Alegre, RS, v. 7, n. 14, 2003. Disponível em: http://
seer.ufrgs.br/index.php/as-phe/article/view/30223. Acesso em: 2 mar. 2022.
MAIR, Lucy. Introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1972.
MORAES, Lorena Lima de. Eu escuto o lado bom! Um estudo sobre mulheres rurais
do sertão pernambucano que enfrentam julgamentos e ampliam desejos a partir da
participação política. Amazônica: Revista de Antropologia, v. 8, p. 264-282, 2017.
Introdução
A
origem etimológica da palavra efetividade remete à ideia da “produção de
efeito”, a “uma prática que produz um efeito esperado”. No caso educacional,
avaliar se a oferta escolar produz ou não o efeito esperado é um processo
complexo, pois, a educação não é uma tecnologia perfeita.
A Pedagogia da Alternância é uma prática reconhecida mundialmente, que
também é desenvolvida na Escola Família Agroextrativista do Carvão- EFAC. É uma
proposta educacional que promove a formação integral do jovem residente nomeio
rural. Dessa maneira, é a tentativa de efetivar uma política educativa para a população
rural, promovendo o homem do campo, ao mesmo tempo em que difunde o desenvol-
vimento tecnológico, econômico e sociocultural da comunidade, propiciando condi-
ções para o jovem se fixar ao seu meio. Assim, a Pedagogia da Alternância atua como
uma formação integral e transformadora do jovem rural e consequentemente de seu
meio. Por meio do trabalho coletivo, escola e família, possibilita o desenvolvimento
dos pequenos agricultores no seu território. Com as constantes transformações na
sociedade, nos deparamos com as cobranças quanto à qualidade da educação, devendo
esta preparar o aluno para atuar na vida em sociedade e no mundo do trabalho. Assim,
a escola deve proporcionar aos seus alunos conhecimentos que façam dele um ser
social e sociável, com valores que são construídos ao longo do processo de ensino
e aprendizagem de qualidade. O desafio é propiciar uma ação educativa dinâmica e
dialética, propondo desenvolver entre seus participantes a consciência da realidade
humana e social, da qual a escola faz parte.
Destarte, buscamos nesse trabalho analisar a efetividade do modelo pedagógico
utilizado no âmbito da EFAC, tomando como embasamento a teoria da aprendizagem
social, os desafios e as possibilidades desse modelo pedagógico na consolidação da
educação do campo.
Na perspectiva da Aprendizagem Social, segundo Bandura, ‘‘O aprendizado é
bidirecional: nós aprendemos com o meio e o meio aprende e se modifica graças às
nossas ações”. Assim, o meio social em que o indivíduo vive determina de maneira
significativa como será o seu desenvolvimento humano. As interações na família,
202
Os amazônidas
ser superado. Essa é a visão mais preconceituosa, pois nega os conhecimentos empíri-
cos de tais pessoas, como se a vivência nessas localidades fossem apenas um estágio
evolutivo, que muitos ainda não superaram, ou seja, não evoluíram. Daí a necessidade
de estudos no sentido de mostrar a realidade de tais populações, o que vem dando
certo na promoção do seu desenvolvimento, as suas necessidades, desejos, anseios
e mostrar possíveis caminhos, buscando uma educação democrática e participativa.
Ressalte-se que o processo de reconstrução mental no que tange aos saberes que nas-
cem e se reproduzem socialmente atrelado às concepções empíricas não se desenvolve
sem antes haver um processo prévio de adaptação do intelecto. No campo desses
saberes tradicionais as ações e práticas respondem por um entendimento formulado
na experiência das relações com a natureza informando o processo de acumulação
de conhecimento através das gerações. Trata-se de maneiras diversas de perceber no
âmbito local, de representar e de agir sobre o território, concepções que subjazem
às relações sociais.
O ser humano é um ser social. Vive em grupo, é influenciado por ele e exerce
influência sobre seu entorno. Neste sentido, a Teoria da Aprendizagem Social ou Cog-
nitiva, encontra em Albert Bandura, psicólogo canadense, seu maior representante,
oferece uma base teórica consistente para percebermos o indivíduo como integrante
de um grupo, que influencia e é influenciado pelo mesmo. Nessa teoria, o autode-
senvolvimento e a mudança de comportamento humano são explicados a partir da
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Figura 1
Comportamento
intencionalmente a forma de viver de uma pessoa. Esta visão afirma que nós somos
proativos, organizados, autorreflexivos e autorregulados.
O ser humano é constantemente influenciado pelos seus familiares, amigos e
ambientes em que convive. As experiências que uma pessoa tem nas comunidades
das quais participa contribuem para a formação do seu caráter, de modo a orientar
as suas atitudes em diferentes momentos da vida. A escola é o ambiente em que o
aluno passa grande parte do seu tempo. É natural, então, que seu comportamento
seja afetado pelas relações estabelecidas com a comunidade escolar. Neste sentido,
necessidades dos cidadãos vem sendo negado à uma parcela significativa da popula-
ção. Analisar a importância das experiências populares de educação requer reconhecer
todo um esforço que vem sendo realizado por inúmeros sujeitos na perspectiva da
criação de uma proposta educacional para o campo, significa reconhecer que exis-
tem outros espaços socioeducativos que podem contribuir significativamente com a
formação dos jovens do campo, principalmente na Amazônia.
Figura 2
Planejamento
amostral
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Problema
Planejamento e
redação do
Questionário
Discussão dos
Resultados
Realização de
campo
Análise
Estatística
Obtenção
dos dados
Tabela 1
Pergunta % Resposta
continuação
Pergunta % Resposta
Tenho aproveitado as oportunidades para colocarem
100% Sim.
prática o que foi ensinado na EFAC?
Quais os conteúdos que você História, Ciências, Geografia, Português,
100%
considera importantes no currículo da EFAC? Biologia
O que você julga ser necessário incluir na proposta curricular de Criação de frango, Piscicultura, Cuidar de
100%
sua escola? horta, empreendedorismo.
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Conclusão
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Ronaldo Marcos de Lima; RODRIGUES, Doriedson do S. Filosofia da
Práxis e Ensino Integrado: para além da questão curricular. Revista do NETE, Belo
Horizonte, MG, 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FLICK, U. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Porto
Alegre: Penso, 2013.
Introdução
O
presente trabalho apresenta uma pesquisa bibliográfico-descritiva, onde, pre-
tende-se apresentar as contribuições da pedagogia da Alternância desenvol-
vida na Escola Família Agroecológica do Macacoari, tendo como principal
objetivo descrever como é trabalhada a Pedagogia da Alternância nesta instituição
e como se estabelece a relação de ensino com as realidades e peculiaridades de
seus educandos.
Ressalta-se que no aspecto de reflexão sobre a pedagogia da Alternância no
contexto educacional, esta perspectiva aponta para a necessidade de se conhecer um
pouco mais essa prática, como é desenvolvida a Pedagogia da Alternância na Escola
Família agroecológica do Macacoari. Diante disso, questiona-se: quais as contribui-
ções da Pedagogia da Alternância trabalhada na Escola Família agroecológica do
Macacoari como metodologia de ensino, visando a formação técnica e agricultura
familiar dos educandos?
Diante disso, busca-se compreender a importância da Pedagogia da Alternân-
cia na formação técnica dos estudantes e suas contribuições, bem como, descrever
aspectos fundamentais para compreensão da prática da mesma dentro da instituição
de ensino. Sabe-se que diante das diversas mudanças no campo educacional, torna-se
necessária uma nova visão pedagógica, que venha contribuir de forma positiva para
desenvolvimento de práticas pedagógicas significativas. E diante de tal preocupação
inspirou-se investigar sobre as contribuições da Pedagogia da Alternância desenvol-
vida na Escola Família agroecológica do Macacoari, afim, de analisar sua real função
na formação técnica e na agricultura familiar dos educandos.
E para fundamentar tal estudo, fez-se uso da pesquisa bibliográfica e descritiva,
explicitando as concepções de diferentes autores sobre as contribuições da Pedagogia
da Alternância na formação técnica dos estudantes. “Trata-se de uma leitura atenta e
sistemática que se faz acompanhar de anotações e fichamentos que, eventualmente,
poderão servir à fundamentação teórica do estudo” (Forte, 2006, p. 22), utilizando-se
livros, resenhas e artigos científicos.
218
Pedagogia da Alternância
Esta proposta é um método que busca a interação entre o estudante que vive no
campo e a realidade que ele vivência em seu cotidiano, de forma a promover constante
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 219
troca de conhecimentos entre seu ambiente de vida e o escolar, ou seja, é usada com
o propósito de mesclar os períodos de internato na escola com outros em casa.
A Pedagogia da Alternância vem sendo usada na formação de jovens e adultos
do campo, visto ser esta uma proposta pedagógica e metodológica capaz de atender
as necessidades da articulação entre escolarização e trabalho, propiciando a esses
indivíduos o acesso à escola sem que tenham que deixar de trabalhar (Cordeiro;
Reis; Hage, 2011).
Nesse sentido, a sabedoria prática e a teoria se juntam e por meio da Alternância
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o aluno analisa sua realidade através das atividades trabalhadas nos períodos escolares
e a partir de observações constantes que faz no seu meio familiar, de suas experiências
brotam novos conhecimentos que são retomados pela escola para aplicação imediata
em outras situações de aprendizagem.
Conforme afirma Ribeiro et al. (2007), a pedagogia da Alternância é uti-
lizada como forma de resgate a cultura de vida, ao se voltar para os jovens do
campo, integrar as famílias de agricultores no processo educativo e assegurar
uma formação que favoreça a permanência no meio que lhes é próprio. Onde,
faz-se Alternância geralmente por meio de períodos de quinze dias na escola
e quinze dias na família, com o intuito de que o conhecimento seja construído
a partir da interpretação e mergulho na própria realidade e das práxis.
Diante disso, vale destacar, que a Pedagogia da Alternância permite que os
conteúdos ensinados na Escola Família Agrícola sejam verdadeiramente vinculados
ao meio de vida do aluno.
Esse sistema educativo permite uma tomada de distância, assim o jovem busca
perspectivas, avalia o seu fazer cotidiano, estimulando a tomada de posições
pessoais. Essa trajetória vai e volta sucessivamente e tornam o/a estudante pro
tagonista principal do projeto educativo e os demais agentes envolvidos: famílias,
comunidades e mestres de estágio participantes ativos de seu processo de forma-
ção, fazendo valer o princípio de que a vida é o eixo central da aprendizagem, o
ponto de partida e de chegada da formação (Costa, 2016, p. 29).
aliar a reflexão com ação se tornando ator do seu desenvolvimento local, familiar,
comunitário e que consiga unir conhecimentos técnicos com saberes empíricos.
Considerações finais
REFERENCIAS
CORDEIRO, N. K. G.; REIS, Neila da Silva; HAGE, Salomão Mufarrej. Pedagogia
da Alternância e seus desafios para assegurar a formação humana dos sujeitos e a
sustentabilidade do campo. Em Aberto, Brasília, v. 24, n. 85, p. 115-125, abr. 2011.
COSTA, João Paulo Reis. Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul – EFASC:
uma contribuição ao desenvolvimento da região do Vale do Rio Pardo a partir da
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
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princípio educativo para o desenvolvimento do campo do semiárido baiano. I CON-
GRESSO INTERNACIONAL DA DIVERSIDADE DO SEMIÁRIDO – CONIDIS,
1., 2016. Camina Grande-PB. Anais [...]. Campina Grande-PB, 2016. ISSN 2526-
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php?idtrabalho=80. Acesso em: 15 jan. 2022.
89, 93, 95, 96, 101, 102, 106, 107, 116, 118, 119, 121, 122, 131, 135, 137,
138, 140, 148, 149, 151, 153, 154, 156, 159, 161, 162, 165, 184, 189, 190,
191, 196, 197, 198, 199, 229, 230, 231, 232, 233
Análise Estatística Descritiva 97, 98, 99, 100
Ano letivo 68, 81, 117, 118, 120, 121, 124, 134, 139, 140, 144, 145, 146,
147, 158
Aprendizagem social 201, 203, 207, 213
Arquipélago do Bailique 151, 160, 163, 189, 190, 194, 197, 198, 201
B
Bailique 3, 4, 13, 15, 151, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 163, 189,
190, 191, 192, 194, 195, 197, 198, 201
C
Carvão 3, 4, 13, 15, 21, 22, 23, 27, 28, 30, 33, 34, 37, 41, 42, 44, 47, 57, 59,
60, 63, 65, 75, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 91, 93, 95, 117, 119, 121, 122, 124, 131,
133, 134, 135, 136, 137, 138, 140, 141, 147, 149, 150, 165, 166, 170, 174,
201, 210, 230, 231, 232, 233, 234
Comunidade do Carvão 22, 82, 95, 119, 166, 210
Comunidades 15, 17, 22, 23, 29, 30, 33, 34, 36, 37, 40, 41, 47, 49, 52, 53, 54,
56, 59, 65, 69, 76, 77, 78, 82, 83, 87, 95, 105, 106, 107, 109, 111, 112, 113,
117, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 127, 129, 130, 134, 136, 139, 140, 141,
142, 143, 144, 146, 148, 155, 156, 157, 158, 159, 166, 175, 176, 177, 179,
181, 184, 186, 187, 189, 190, 191, 192, 196, 197, 203, 205, 208, 210, 219, 221
Contação de histórias 49, 51, 52, 53, 54, 56, 57
E
Educação Básica 35, 39, 48, 59, 60, 79, 89, 122, 131, 144, 145, 177, 183,
208, 209, 230, 232
226
Educação do Campo 3, 4, 13, 15, 17, 19, 29, 32, 33, 35, 41, 44, 45, 47, 48,
57, 59, 61, 66, 74, 75, 76, 77, 78, 88, 89, 90, 91, 118, 120, 121, 124, 131, 133,
134, 135, 140, 141, 146, 147, 149, 152, 153, 154, 161, 162, 165, 175, 176,
177, 178, 179, 184, 186, 188, 201, 203, 209, 218, 220, 223, 229, 230, 231, 232
Educandos 64, 69, 77, 78, 81, 105, 107, 108, 110, 114, 120, 146, 165, 170,
175, 176, 177, 178, 179, 181, 184, 185, 186, 203, 210, 217, 220, 221, 222
Empreendedorismo no campo 165
F
Família agrícola 21, 23, 24, 26, 27, 32, 57, 60, 74, 83, 89, 90, 119, 136, 147,
153, 162, 180, 185, 188, 219, 223, 230
Famílias 13, 15, 17, 22, 24, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 34, 37, 38, 40, 41, 45, 47,
50, 56, 57, 60, 70, 74, 76, 78, 82, 83, 88, 90, 95, 105, 106, 107, 109, 110, 111,
112, 113, 114, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 130, 131, 135, 136, 139,
140, 141, 142, 143, 151, 153, 154, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 162, 166,
167, 169, 171, 175, 176, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 189,
190, 193, 194, 210, 211, 218, 219, 221, 222, 223
I
Instrumentos da Pedagogia 61, 62, 63, 64, 65, 67, 83, 121, 136
Intervalo de Confiança 96, 97, 98, 99, 100
L
Limão do Curuá 15, 155, 189, 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 198
EDUCAÇÃO DO CAMPO:
vivência e práticas nos territórios do Bailique, Carvão e Macacoari 227
M
Macacoari 3, 4, 13, 15, 105, 106, 107, 109, 110, 111, 115, 185, 217, 218,
219, 220, 221, 222
Mercado de trabalho 30, 60, 84, 85, 208, 230
Metodologias avaliativas 70, 71
Modelo de educação 86, 153, 154, 159, 175
Movimentos sociais 15, 17, 33, 47, 48, 69, 79, 90, 119, 120, 140, 142, 150,
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
O
Óleo de Pracaxi 111, 189, 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199
Organização Social das Mulheres 195, 196, 197
P
Pedagogia 4, 13, 17, 23, 24, 25, 26, 29, 30, 32, 33, 34, 35, 36, 38, 43, 44,
48, 54, 57, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 73, 74, 75, 76, 78, 79, 80,
82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 107, 114, 115, 120, 121, 122, 123, 134,
136, 139, 141, 145, 148, 149, 155, 157, 159, 161, 165, 175, 177, 178, 179,
180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 201, 202, 203, 209, 213, 215,
217, 218, 219, 220, 221, 222, 223, 229, 230, 231, 232, 233
Pedagogia da Alternância 4, 13, 17, 23, 24, 25, 26, 29, 30, 32, 33, 34, 35,
36, 38, 43, 44, 48, 54, 57, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 73, 74, 75,
76, 78, 79, 80, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 107, 114, 115, 120, 121,
122, 123, 134, 136, 139, 141, 148, 155, 157, 159, 161, 165, 179, 180, 181,
182, 183, 184, 186, 187, 188, 201, 202, 203, 209, 217, 218, 219, 220, 221,
222, 223, 230, 231
Plano de Estudo 33, 34, 35, 36, 37, 38, 40, 42, 61, 62, 68, 69, 79, 81, 83, 84,
86, 88, 117, 118, 122, 123, 124, 125, 126, 128, 129, 131, 136
Políticas Públicas 16, 37, 75, 76, 77, 78, 115, 118, 122, 137, 154, 161, 198,
218, 229, 231, 232
População do Campo 151, 152, 153, 154, 159, 160, 175, 176, 178, 184, 186
Populações tradicionais 115, 118, 133, 134, 135, 137, 140, 147, 161, 205,
206, 215
Povos do campo 17, 75
228
Processo educacional 51, 68, 84, 88, 134, 137, 139, 140, 142, 146, 153, 156,
175, 176, 177, 179
Processos avaliativos 59, 64, 65, 66, 122
Programa Nacional de Educação 48, 59, 152, 177
R
Recursos naturais 16, 82, 109, 127, 137, 142, 143, 156, 167, 204, 205,
S
Sala de aula 13, 29, 60, 66, 67, 68, 69, 70, 95, 107, 154, 157, 186, 209,
210, 220
Sindicato dos Trabalhadores Rurais 22, 82, 135, 153
Sociedade civil 118, 147, 157, 158, 160, 209
Sustentabilidade 4, 97, 105, 106, 112, 114, 115, 116, 144, 149, 165, 176, 181,
182, 186, 188, 222, 223
T
Teoria da aprendizagem 201, 207, 213
Teoria e prática 33, 37, 75, 85, 123, 124, 170, 183, 202, 220, 221
Território de Atuação 108, 121, 122, 133, 138, 139, 147
Trabalhadores rurais 22, 33, 60, 82, 135, 152, 153, 177
Z
Zona rural 34, 35, 59, 60, 63, 151, 165, 166, 209
SOBRE OS ORGANIZADORES
E AUTORES
Organizadores
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Autores
Jorge Dias
Licenciado pleno em Matemática, pela Universidade Federal do Amapá. Profes-
sor cofundador da Escola Família Agroextrativista do Carvão (EFAC). Atua como
extensionista e na monitoria da EFAC. Possui experiência na Educação do Campo
(Pedagogia da Alternância).
Luidis Pereira
Possui graduação em Licenciatura plena em Pedagogia pela Universidade Paulista
(2018). Atualmente é professora na escola Maria José Campelo da Silva.
Ciências Ambientais.
SOBRE O LIVRO
Tiragem: Não comercializada
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5 | 11,5 | 13 | 16 | 18
Arial 8 | 8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal | Supremo 250 g (capa)