Síndrome Metabólica
Síndrome Metabólica
Síndrome Metabólica
Síndrome
metabólica
março de 2023
SÍNDROME METABÓLICA
Introdução
A Síndrome Metabólica (SM) — também conhecida como Síndrome X, Síndrome de Resistência à Insuli-
na ou Síndrome de Reaven — é um conjunto de alterações metabólicas e hormonais que eleva o risco
do indivíduo desenvolver doenças cardiovasculares. A SM é caracterizada pela obesidade central (devi-
do ao acúmulo excessivo de gordura abdominal), hipertensão arterial, diabetes ou intolerância à glicose
e dislipidemia — níveis baixos de colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade, também conhecida
como o “bom colesterol”) e níveis elevados de triglicerídeos. Esse conjunto de doenças tem como base
a resistência insulínica (dificuldade do hormônio insulina agir no nosso corpo e transportar glicose para
o interior das células), ou seja, pela dificuldade de ação da insulina, decorrem as manifestações clínicas
que podem fazer parte dessa síndrome (SBEM, 2011; MAGALHÃES et al, 2018; MANUAL MSD, 2023).
Na década de 80, o pesquisador e endocrinologista Gerald Reaven observou que doenças frequentes
como hipertensão, alterações na glicose e no colesterol estavam, muitas vezes, associadas à obesidade.
Além disso, tais condições apresentavam um elo em comum: a resistência insulínica. Por esse motivo, a
SM também é chamada de Síndrome de Reaven (SBEM, 2011).
O excesso de gordura abdominal (obesidade central) é critério essencial da síndrome. Uma vez combi-
nado às demais comorbidades citadas acima (todas relacionadas à resistência à insulina) forma-se um
complexo de fatores de risco que contribuem, de forma independente, para o desenvolvimento de do-
ença cardiovascular (ABESO, 2023).
É considerada uma doença da civilização moderna e são fatores de risco para o seu desenvolvimento:
os genéticos, excesso de peso (principalmente na região abdominal), alimentação inadequada, inativida-
de física, idade superior a 60 anos, alterações hormonais e estado pró-inflamatório (MAGALHÃES et al,
2018; ABESO, 2023).
Destaca-se a importância da SM do ponto de vista epidemiológico, pois está relacionada a uma mor-
talidade geral duas vezes maior e mortalidade cardiovascular três vezes maior comparada à população
que não apresenta a síndrome (SBEM, 2011; ABESO, 2023). Além disso, é uma condição que afeta uma
grande parte da população mundial, incluindo crianças e adolescentes. Nas últimas décadas, sua inci-
dência tem aumentado progressivamente em todos os países, constatando-se na população adulta uma
elevada prevalência que varia de 25% a 35% (MAGALHÃES et al, 2018). Um estudo transversal de base
populacional utilizando dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, observou que a prevalência de
SM nos brasileiros adultos foi de 38,4%, com maior frequência entre as mulheres, pessoas com baixa
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escolaridade e com idade mais avançada (OLIVEIRA et al., 2020). Em Vitória, capital do Estado do Espírito
Santo, um estudo transversal também identificou elevada prevalência de SM (29,8%) na população entre
25 e 64 anos em ambos os sexos (SALAROLI et al., 2007).
Não existe um único critério aceito universalmente para diagnosticar a Síndrome Metabólica. No Brasil,
os mais utilizados são os recomendados pelo National Cholesterol Education Program – Adult Treatment
Panel III (NCEP – ATP III) e pelo International Diabetes Federation (IDF).
Segundo o IDF, a Síndrome Metabólica em adultos ocorre quando é identificada a obesidade central* e
pelo menos 2 dos critérios listados na Tabela 1:
> 94 cm em Europeus
*Perímetro de Cintura
> 90 cm em Americanos / Africanos
(obesidade central) Homens
> 90 cm em Asiáticos / Chineses
> 85 cm em Japoneses
Já o NCEP – ATP III entende ser necessária a presença de, no mínimo, três dos cinco critérios citados
acima para estabelecer o diagnóstico de SM. Nesse caso, a presença de obesidade central não é obriga-
tória e ela é identificada quando o perímetro de cintura > 88 cm para mulheres e > 102 cm para homens.
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Consequências da Síndrome Metabólica
Vale ressaltar que a SM costuma ser silenciosa, ou seja, a maioria das pessoas não apresenta sintomas,
o que leva ao atraso do diagnóstico e início do tratamento adequado, principalmente naquelas pessoas
que não têm o hábito de realizar acompanhamento médico. Tal situação pode favorecer o desenvolvi-
mento de doenças graves, aumentando o risco de morbidade e mortalidade na população. Como con-
sequências advindas da SM podemos citar algumas doenças: hipertensão arterial, colesterol elevado,
baixo colesterol HDL, glicose elevada e resistência à insulina, fatores estes inerentes ao risco para o
surgimento de diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares (MAGALHÃES et al, 2018).
A SM também tem contribuído para o surgimento de outros problemas de saúde, entre eles: síndrome
de ovário policístico (em mulheres), baixa testosterona plasmática e disfunção erétil (homens), apneia do
sono, doença renal crônica, acantose nigricans (manchas escuras na pele, com textura grossa e avelulada,
que surgem principalmente na região do pescoço, axila e virilha), acúmulo de gordura no fígado, ácido úri-
co elevado, estados pró-trombóticos, pró-inflamatórios e de disfunção endotelial (MANUAL MSD, 2023).
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• Pratique atividade física regularmente (no mínimo 150 minutos por semana). Escolha uma mo-
dalidade de sua preferência, que desperte satisfação e bem-estar, atentando-se para sua ne-
cessidade e condição física. Exemplo: caminhada, corrida, natação, hidroginástica, vôlei, muscu-
lação, pilates, dança etc.
• Tenha uma alimentação saudável. Consuma mais frutas, verduras, legumes, leguminosas (fei-
jões, ervilha, lentilha, grão-de-bico), cereais integrais e carnes magras. Priorize uma alimentação
variada, colorida, caseira, cuja base seja de alimentos naturais e minimamente processados;
• Não fume;
• Beba bastante água, aproximadamente 2 litros por dia ou até a urina ficar bem clara;
• Durma uma noite de sono tranquila, capaz de promover o descanso do corpo e da mente;
• Esteja em dia com exames e consultas médicas de rotina. Não negligencie sua saúde!
O melhor tratamento é a prevenção! Porém, uma vez diagnosticada a SM, a intervenção em saúde deverá
ser imediata. É preciso evitar o agravamento do quadro de saúde e o surgimento de doenças crônicas não
transmissíveis, tendo em vista que tais morbidades são, em sua maioria, difíceis de reversão. Além disso, o
tratamento deve considerar os distúrbios metabólicos e hormonais individuais da síndrome, a fim de mini-
mizar riscos e complicações das doenças cardiovasculares e do diabetes mellitus tipo 2, conhecidas como
as principais causas de morbidade e mortalidade na população (BRASIL, 2005; MAGALHÃES et al, 2018).
Considerações Finais
Para enfrentar tal desafio em saúde pública, é fundamen-
tal consolidar e fortalecer políticas e ações que promovam
estilos de vida saudáveis e que atuem no combate aos fa-
tores de risco da SM. Também é necessário que a popu-
lação esteja informada e consciente sobre os impactos da
SM na saúde e qualidade de vida, e praticar o autocuida-
do como forma de manter-se bem e saudável. Por fim, o
ambiente de trabalho é considerado um local estratégico
para desenvolver educação em saúde e ações que incen-
tivem os trabalhadores a adotarem hábitos de vida mais
saudáveis, bem como prevenir e/ou contribuir no trata-
mento dessa síndrome.
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Referências Bibliográficas
ABESO. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e
Síndrome Metabólica. O que é Síndrome Metabólica? Disponí-
vel em: https://abeso.org.br/conceitos/obesidade-e-sindrome-
-metabolica/
MAGALHÃES, HJC et al. Manual de Prevenção da Síndrome Metabólica, 2018. Disponível em: http://www.
ceuma.br/mestradogpss/wp-content/uploads/2019/05/MANUAL-DE-PREVEN%C3%87%C3%83O-DA-
-S%C3%8DNDROME-METAB%C3%93LICA-COM-FICHA-CATALOGR%C3%81FICA-HIL%C3%81RIO-JOS%-
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OLIVEIRA, LVA et al. Prevalência da Síndrome Metabólica e seus componentes na população adulta bra-
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yjdDz8ccXCGgwj4YhVxKmZc/?format=pdf&lang=pt