Energia Eólica
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2.
Energia Eólica
Este capítulo faz referência à energia eólica como fonte de geração, assim como
dos elementos que intervêm nela. Adicionalmente, é feita uma descrição sucinta do
processo de funcionamento da energia eólica que permitirá ao leitor compreender de
forma geral detalhes técnicos da dinâmica da geração eólica, pois até agora, tem-se
apresentado principalmente as premissas pelas quais se torna importante o uso da energia
eólica na geração de eletricidade, salientadas pelas cifras da geração de energia eólica
tanto no mundo quanto no Brasil, além das distintas abordagens na modelagem da
geração de energia eólica.
2.1.
Origem do Vento
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Latitude, a força de Coriolis impede que o vento continue para os Pólos, criando altas
pressões onde o vento desce. Assim, os ventos do Norte e do Sul são atraídos para o
Equador devido às baixas pressões. A Figura 2.1 mostra a formação dos ventos devido ao
deslocamento das massas de ar.
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Figura 2.1 – Formação dos ventos na terra. (Fonte: Amarante et al., 2001)
Devido à Rugosidade superficial da Terra, os ventos até 100 metros de altura são
muito influenciados pela rugosidade do terreno, isto é, quanto maior a rugosidade do
terreno, menor a velocidade do vento. Estas rugosidades estão classificadas (Ver Tabela
2.1) de acordo com a quantidade de energia que pode ser aproveitada da velocidade do
vento, segundo o tipo de superfície.
2.2.
Conversão da Energia Eólica
Uma das formas antigamente usadas para aproveitar a energia eólica era na forma
de barcos à vela. As velas capturavam a energia no vento para empurrar o barco ao longo
da água. Outra forma de utilizar a energia eólica foi através dos primeiros moinhos de
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depende de quatro fatores: da quantidade de vento que passa pelo conjunto de pás; do
diâmetro da hélice, da dimensão do gerador e do rendimento de todo o sistema.
2.3.
Potência Extraída do Vento
1
E mV 2 (2.1)
2
V V v' (2.2)
1
Pd A V 3 (2.3)
2
Onde:
𝑃𝑑 = potência média do vento disponível em Watts (W);
𝜌 = densidade do ar seco equivalente a 1,225 kg/m3;
𝐴 = área de varredura do rotor (m2);
𝑉 = velocidade média do vento (m/s).
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A quantidade de energia que o vento possui varia com o cubo da velocidade média
do vento, porém não é possível obter toda esta potência através de um aerogerador. Desta
forma, o máximo da energia cinética do vento, que pode ser convertido para energia
mecânica por uma turbina eólica, é determinado pela "Lei de Betz". A fração da potência
obtida depende do Coeficiente 𝐶𝑝 de cada turbina; quer dizer que o coeficiente de
potência "𝐶𝑝 " (rendimento aerodinâmico) indica a fração da potência eólica disponível,
𝑃𝑑 , convertida em potência mecânica. Portanto, a potência extraída é dada por:
1
Pa A V 3 C p (V ) (2.4)
2
2.3.1.
Curva de Potência
Figura 2.2 – Forma típica de uma curva de potência. (Fonte: Pessanha et al., 2010).
40
A velocidade do vento pode apresentar diferentes regimes, pelo que a escolha das
funções de densidade deve ser consistente com os padrões do vento. Segundo Custódio
(2009), as distribuições de Weibull ou de Rayleigh são os modelos probabilísticos que
melhor descrevem a distribuição de frequência da velocidade do vento e cuja função
densidade de probabilidade é descrita como:
k
k 1 v
k v
f v e c (2.5)
cc
1
c 1 (2.6)
k
2 1
2
c 1 1
2 2
(2.7)
k k
Valores maiores de k indicam maior constância dos ventos, com menor ocorrência
de valores extremos. Em geral, nas distribuições anuais da velocidade do vento o
parâmetro k situa-se entre 2 e 3. Excepcionalmente, o parâmetro k da distribuição mensal
da velocidade do vento pode atingir valores superiores a 6 em regiões de ventos alísios,
como no Nordeste brasileiro (Amarante et al., 2001). Por sua vez, o fator de escala c tem
relação com a velocidade média. Na Figura 2.3 pode ser observado o comportamento da
velocidade do vento associado a uma distribuição Weibull com diferentes valores de k e
c.
41
2.3.3.
Lei da Potência
A velocidade do vento varia de acordo com a altura, isto significa que a medida
que aumenta a altura, a velocidade do vento também aumenta em magnitude. Desta
forma, a relação entre as velocidades 𝑣1 e 𝑣2 nas alturas ℎ1 e ℎ2 pode ser aproximada
pela lei da potência (Jangamshetti & Rau, 1999):
v2 h2
(2.8)
v1 h1
Onde α é o expoente de potência (adimensional) que pode ser estimado a partir das
velocidades médias das alturas ℎ1 e ℎ2 específicas, da seguinte forma:
42
v2
ln
v1
(2.9)
h2
ln
h1
h
v3 v2 3 (2.10)
h2
Por meio da relação entre a altura e a velocidade do vento, podem ser estimadas as
velocidades do vento para diferentes alturas quando os valores reais de ditas velocidades
não são conhecidos. A velocidade 𝑣2 e a altura ℎ2 para o calculo desta relação se
convertem em uma velocidade e uma altura de referência.
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2.3.4.
Fator de Capacidade Eólica
anuais), isto significa que durante 30% ou menos do ano há produção de energia, e nos
outros 70% a produção não é significativa.
O fator de capacidade no Brasil tem incrementado ao longo do tempo, como
resultado de aumentos sucessivos no porte das instalações, acompanhado de
desenvolvimento tecnológico, além da escolha de melhores sítios onde se localizariam os
novos parques eólicos. Todo isto, permite um melhor aproveitamento dos ventos, e
consequentemente levou a que o país se posicionasse como o primeiro em fator de
capacidade com um valor que ascende a 36,2%, superando em 53% o fator de capacidade
mundial que se encontra atualmente em 23,7% (MME, 2014). A Figura 2.3 apresenta o
histórico do fator de capacidade médio em periodicidade mensal nos últimos 3 anos. O
fator de capacidade é calculado como a relação entre a geração média mensal e a potência
instalada a cada mês. São consideradas apenas usinas do Tipo I, as quais se caracterizam
por ser:
n
Eelétrica f i pi t (2.11)
i 1
Onde
𝑓𝑖 = frequência anual de ocorrência de uma velocidade de classe i;
𝑃𝑖 = potência equivalente para velocidade de classe i (Watts);
𝑡 = intervalo de tempo entre as medições (horas).
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E
FC (2.12)
P T
Onde:
𝐸 = é a energia gerada no período de tempo t, (MWh);
𝑃 = é a potência instalada, assegurada, ou garantida (MW);
𝑇 = é o intervalo de tempo considerado.
Potência Média P
FC média (2.13)
Potência Máxima Pmáxima
1
Pmáxima C p m g A v n3 (2.14)
2
0 v vp
1
C p m g A v 3 v p v vn
Pv 2 (2.15)
1 C p m g A vn3 v n v vc
2
0 v vc
Pmédia Pv f v dv
(2.16)
0
vn vc
C p m g Av 3 f v dv C p m g Avn3 f v dv
1 1
Pmédia (2.17)
2 2
vp vn
vn v c
1
v 2 p m g
C Av 3
f v dv v 2 C pm g Avn f v dv
1 3
Potência Média
FC p n
Potência Máxima 1
C pm g Avn3
2
vn vc
v 3 f v dv f v dv
1
FC (2.18)
vn3 v v
p n
características da curva de potência da turbina eólica (vp, vn, vc) e da função densidade de
probabilidade da velocidade do vento na altura do rotor da turbina.
No próximo capítulo, será apresentada uma revisão da literatura técnica da previsão
da geração de energia eólica no curto prazo, identificando os tipos de modelos usados,
assim como as abordagens desde diferentes áreas do conhecimento como, por exemplo, a
área de Estatística e de Inteligência Computacional. Este análise leva em consideração a
relação que guarda a velocidade do vento com a produção de energia eólica.