1999 TCC Gilanobre
1999 TCC Gilanobre
1999 TCC Gilanobre
Fortaleza - CE
Dezembro de 1999
Perícia Judicial Contábil
Fortaleza - CE
Dezembro de 1999
Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, ou-
torgado pela Universidade Federal do Ceará - UFC e encontra-se à disposição dos interessa-
dos na Biblioteca da referida Universidade.
A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo
com as normas de ética científica.
NOTA
NOTA
PROFA.
MEMBRO DA BANCA
NOTA
A DEUS,
Que tudo torna possível, mesmo quando achamos que não somos capazes;
A MEU MARIDO,
Que transformou a minha vida tornando-a maravilhosa. Que é o meu orgulho e
a razão da minha felicidade, me ensinando, pelo exemplo, com sua serenidade
e compreensão, a ser uma pessoa melhor;
A MINHA FAMÍLIA
Meu pai, símbolo da perseverança e coragem de que preciso em todos os mo-
mentos decisivos da minha vida; minha mãe, que sempre mostrou-se disposta
a ajudar e a ceder em favor dos outros; aos meus irmãos, por todo incentivo; e
a minha sobrinha Jéssica que tanta alegria trouxe à nossa família.
AO PROFESSOR OSÓRIO,
por toda acessibilidade, apoio e incentivo com que trata os seus alunos de
monografia, possibilitando a tranqüilidade necessária à realização deste tra-
balho.
A TODAS AS PESSOAS,
que passaram pela minha vida e deixaram um pouco de si, contribuindo de
alguma forma para que eu chegasse até aqui.
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS IV
SUMÁRIO V
RESUMO VI
1. INTRODUÇÃO 1
2. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 2
2.1 Conceituação 2
2.2 0 Perito Contábil 2
2.3 A relação entre o Perito e o Magistrado 2
2.4 O Perito Assistente 3
2.5 A responsabilidade profissional 3
2.6 Etapas de um trabalho pericial 4
2.6.1 Impedimentos para exercer a função de perito 4
2.6.2 Recusa do trabalho pericial por parte do perito 4
2.6.3 A carga do processo 5
2.6.4 Planejamento dos trabalhos 5
2.6.5 Diligências 6
2.6.6 Elaboração e entrega do laudo 6
2.7 0 conhecimento 6
2.8 0 papel do Contador a serviço da Justiça 7
2.9 O limite das atribuições do Perito Judicial 8
2.10 A ética profissional 9
3. PLANO DE TRABALHO PERICIAL 11
3.1 Considerações iniciais 11
3.2 Disposição do Plano de Trabalho 11
3.3 Considerações finais 12
3.4 Modelo de um Plano de Trabalho Pericial 13
I — Síntese 13
II — Cronograma 13
III - Programa de Trabalho 14
IV - Necessidade em Recursos Humanos 14
V — Necessidade em Recursos Materiais 15
VI — Termo de Indagação a Testemunha 15
4. PAPÉIS DE TRABALHO 16
4.1 Conceito 16
4.2 Exemplos de papéis de trabalho 16
4.2.1 Petição para fixação dos honorários periciais 17
4.2.2 Petição para expressar aceite ao valor dos honorários propostos pelo Perito Contábil 18
4.2.3 Petição para solicitar prorrogação do prazo para entrega do laudo pericial 19
4.2.4 Petição para entrega do laudo e solicitação de liberação dos honorários periciais 20
4.2.5 Petição para entrega do laudo do assistente técnico 21
4.2.6 Petição para comunicar fato constrangedor em uma diligência 22
4.2.7 Termo de Diligência 23
5. HONORÁRIOS PERICIAIS 24
5.1 Considerações iniciais 24
5.2 Perito assistente 24
5.3 Perito nomeado 25
5.4 Arbitramento do valor dos honorários pelo juiz 26
5.5 Modelo de uma planilha de custos 28
6. QUESITOS 29
6.1 Conceito 29
6.2 Resposta aos quesitos 29
6.3 Redação e linguagem das respostas aos quesitos 30
6.4 Forma dos quesitos 31
6.4.1 Quesitos impertinentes 31
6.4.2 Quesitos tendenciosos 31
6.4.3 Quesitos semelhantes 31
6.4.4 Quesitos fora da competência do perito 32
6.4.5 Quesitos prejudicados 32
6.4.6 Quesitos suplementares 32
6.5 Normas Brasileiras de Contabilidade - Técnica (NBC T 13) 33
6.6 Código de Ética do Contabilista 33
6.7 Código de Processo Civil 34
7. LAUDO PERICIAL 37
7.1 Conceito 37
7.2 Conteúdo dos laudos 37
7.2.1 Clareza 37
7.2.2 Boa apresentação estética 38
7.2.3 Objetividade 38
7.2.4 Precisão J8
7.3 Disposição do laudo pericial 38
7.4 Resposta aos quesitos 40
7.4.1 Conteúdo 40
7.4.2 Técnica 40
7.5 Entrega do laudo 41
7.6 Parecer do assistente técnico 41
7.7 Considerações finais 42
7.8 Modelo de Laudo Pericial 43
8. CONCLUSÃO 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VII
RESUMO
Abordaremos de forma objetiva em seis capítulos, toda a temática que envolve a Peri-
cia Contábil Judicial, esclarecendo cada passo do decurso de uma perícia e, principalmente,
trazendo de forma prática, toda informação para o profissional contábil fundamentar o seu
laudo.
No capítulo que trata dos honorários periciais, é observado o disposto nas Normas
Brasileiras de Contabilidade - Normas Profissionais de Perito Contábil - NBCP 2 e elaborada
uma sugestão para a Planilha de Custos, que é o documento que fundamenta o valor dos hono-
rários apurado pelo Perito Contábil.
No capítulo, que trata dos quesitos propostos ao Perito Contábil, são enfocados os as-
pectos legais e complementares desse tema, fornecendo orientações sobre a folina de redigir
as respostas aos quesitos, de maneira a torná-los suficientes e esclarecedores.
1
2. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
2.1 CONCETTUAÇÃO
A perícia contábil judicial surge quando a solução dos interesses conflitantes das par-
tes é requerida á Justiça. Dessa forma, inicia-se o processo judicial que irá percorrer todos os
trâmites previstos em lei até a sua solução.
O perito será a extensão dos conhecimentos técnicos e científicos do juiz e por isso di-
vidirá com ele a responsabilidade sobre a solução do processo. Para tanto, o perito deverá
revestir-se de algumas caracteristicas inerentes e imprescindíveis ao bom cumprimento do
encargo que assumiu como o conhecimento, a imparcialidade e a ética profissional.
Sabemos que a relação entre o perito e o juiz é pessoal e subjetiva, baseada na amizade
e na confiança, sendo esta última, o critério utilizado largamente pelos juizes para a escolha
de "seu" perito judicial. De certo que o magistrado necessita de um profundo sentimento de
verdade que emane do perito contábil, pois a certeza quantitativa é o objeto da sentença.
Porém essa relação é mais saudável se for impessoal, pois assim o juiz nomearia di-
versos peritos em cada trabalho que fosse preciso. Isso porque cada juiz nomeará o "seu"
perito sempre que houver um trabalho pericial a ser executado. O que pode levar até mesmo
Código de Processo Civil: Art. 145 - "Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico,
o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no artigo 421."
2
ao profissional se habilitar para um trabalho pericial de área distinta da sua formação univer-
sitária por ter acesso ao magistrado em um nível de amizade.
Ao magistrado, que necessita de um Contador que funcionará como seu auxiliar, su-
prindo o seu desconhecimento que às vezes pode ser total naquele ramo de atuação, nada mais
justo que se preserve e recorra a um profissional cuja qualificação intelectual e moral já é do
seu conhecimento.
Neste tipo de processo temos também a figura do perito assistente, que é tão somente
um profissional de nível de conhecimento técnico e científico equivalente ao do perito nome-
ado pelo juiz, que a parte escolhe para acompanhar os seus interesses na área contábil, além
da presença de seu advogado. Um perito assistente pode figurar como perito nomeado em
uma outra perícia e vice-versa, pois são profissionais de mesma qualificação.
3
2.6 ETAPAS DE UM TRABALHO PERICIAL
Segundo este artigo a parte deverá redigir uma petição com todos os fundamen-
tos para tal pedido, que será julgada pelo juiz. Porém essa solicitação não suspende a
causa e o perito será ouvido no prazo de cinco dias.
O perito poderá também, desde que por motivo justo, recusar o trabalho pericial.
Porém, passado o prazo que o perito tem para apresentar o justo motivo que torna in-
4
viável para ele a execução do trabalho pericial, ele terá a obrigação de assumir o en-
cargo2 .
Um dos casos em que o perito poderá apresentar a sua escusa, será quando a
matéria que envolve a perícia não seja de seu entendimento por completo, ou melhor
dizendo, pode ocorrer de um Contador ser nomeado para realizar trabalho pericial
em uma área contábil diferente daquela em que ele atua e tem um aprofundamento.
Após a leitura minuciosa dos documentos que compõe o processo e tomar ciên-
cia do grau de exigência para os trabalhos, o perito fará o seu planejamento, que será
um documento onde ele deverá descrever as atividades que pretende desenvolver
para buscar a verdade sobre os fatos, com o tempo necessário para o cumprimento de
cada uma, até a feitura e entrega do laudo pericial.
2 Código de Processo Civil: Art. 146 — "O perito tem o dever de cumprir o oficio , no prazo que lhe assina a lei,
empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
Parágrafo único — A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do impedi-
mento superveniente, sob pena de reputar renunciado o direito de alegá-la."
5
Esse planejamento servirá de base para que o perito acompanhe o seu desempe-
nho e certifique-se de estar sempre em dia com o cumprimento dos prazos legais,
como também poderá fornecer o tempo total gasto na pericia, que fundamentará o
valor de seus honorários periciais.
O perito deverá basear-se nos quesitos elaborados pelo magistrado e pelas partes
para a execução de seus trabalhos, pois deverá tão somente, dar resposta a esses que-
sitos, sem estender-se do limite da matéria perguntada.
2.6.5 DILIGÊNCIAS
2.7 O CONHECIMENTO
Perito, por definição, é o profissional considerado hábil, ou para dar mais ênfase, pro-
fundamente versado em determinado assunto. O perito contábil deverá possuir sólidos conhe-
cimentos contábeis para fundamentar o seu trabalho. Entende-se neste ponto que ao perito
6
não somente caberá o conhecimento científico da matéria, mas também, o entendimento coti-
diano da profissão.
Este é um ponto delicado que torna-se importante visto que ninguém facilitará ao pe-
rito o acesso à informações que produzam prova contra si, como também cada parte tentará
induzi-lo ao seu favor e contra a outra parte. Isso significa dizer que o perito deverá conhecer
como se elaboram as fraudes contábeis e os passos que deve seguir para desvendá-las.
De fato, conhecer cada tipo de empresa (sociedade mercantil, sociedade limitada, soci-
edade anônima etc.), os livros que estas empresas devem possuir com suas formalidades ex-
trínsecas e intrinsecas, não será suficiente para que o perito desvende erros, equívocos ou
fraudes que requerem uma maior perspicácia que se some ao saber científico.
Fundamentalmente o perito contábil indicado pelo juiz deverá possuir algumas qualifi-
cações:
O perito contador quando está a serviço da Justiça adquire uma carga maior de respon-
sabilidade profissional, visto que ele produzirá a própria prova que será o objeto da sentença.
Em face desta certeza, todas as recomendações são no sentido da imparcialidade do perito
diante das partes e da causa. Porém ele, além de profissional, é primeiramente uma pessoa e
pode ser falível como tal.
3 Perspicaz adj 1 Que tem agudeza e penetração de vista. 2 Fig. Que tem agudeza de espírito; arguto, sap7.
Melhoramentos minidicionário da lingua portuguesa. - 1. Ed. - São Paulo: Melhoramentos, 1992. Pág. 390.
7
Via de regra, sempre que acontece algo, a tendência das pessoas é inclinar-se para al-
gum dos lados. Isto está no cotidiano de todos e faz parte da cultura em geral ter sempre uma
posição quando há um fato a ser discutido. Sendo assim, o perito judicial também estaria su-
jeito a tomar partido por força do hábito.
Porém, quando o perito enxerga uma situação ele deverá faze-lo racionalmente, des-
provido de juízos, mesmo aqueles que se adquire ao longo da vida. Conscientemente ele de-
verá revestir-se do profissionalismo que lhe é exigido e concentrar-se nos aspectos técnicos da
questão, muito embora a sua inclinação possa ocorrer intimamente, ela não poderá ser levada
para a produção da prova pericial.
O importante é que o perito consiga não envolver-se no conflito das partes, encarando
a matéria de forma técnica. Principalmente, se o motivo da questão impulsioná-lo a reportar-
se a alguma questão pessoal, ou já presenciada, é fundamental que o profissionalismo que ele
adquiriu ao longo de sua formação o impeça de se sugestionar e de tomar algum partido.
Uma das primeiras instruções que o perito contador guardará para utilizar no decorrer
da sua carreira será a de ater-se na matéria contábil, não se deixando enveredar por outras
especialidades que não a sua.
Ocorre que por vezes o perito judicial poderá encontrar-se em um trabalho de pericia,
cuja solução da questão lhe salte aos olhos. Aqui já não se trata de falta de neutralidade e sim
de experiência e conhecimento profissional, mas mesmo dessa forma, o Contador deverá en-
xergar a linha tênue que norteia o seu campo de atuação, para não sentir-se na responsabilida-
de de definir o conflito, que é matéria legal.
8
Este é o encontro perfeito das especialidades, onde o perito contador cumpriu o seu
papel de conhecer a matéria contábil e saber resolvê-la, mas deixando a solução do conflito a
critério do profissional da justiça, cuja formação acadêmica foi exatamente direcionada para a
emissão de juízos.
A ética é uma soma de valores morais que as pessoas adquirem ao longo de suas vidas.
São juízos de valores pessoais que se tornam verdades interiores nas quais cada indivíduo
acredita. E são essas verdades sobre os muitos aspectos da vida que conduzem o modo de
proceder de cada um.
Quando observa-se o ser humano no seu ambiente profissional, a ética é uma virtude
intimamente ligada à pratica de uma conduta sadia. O Professor Antônio Lopes de Sá definiu
com propriedade quatro atributos do espírito que devem ser evocados quando se fala em ética
profissional4:
a Sá, Antônio Lopes de. ÉTICA DA PERFEIÇÃO E CONTABILIDADE. Revista Brasileira de Contabilidade -
N° 115 - Página 71.
5 Resolução CFC n.° 803/96, de 10 de outubro de 1996, alterada pela Resolução CFC n.° 819/97, de 20 de no-
vembro de 1997.
9
O mais importante quando se coloca a questão da ética é a consciência que toda Ciên-
cia deve prestar serviços ao homem em favor da coletividade. Segundo o Professor Antônio
Lopes de Sá6:
6 Sá, Antônio Lopes de. ÉTICA DA PERFEIÇÃO E CONTABILIDADE. Revista Brasileira de Contabilidade -
N° 115 - Página. 71.
10
3. PLANO DE TRABALHO
O planejamento do trabalho pericial é um ato pessoal do perito, onde ele elabora o seu
plano de trabalho, descrevendo todas as atividades que irá desenvolver no transcorrer da peri-
cia. Para que se torne mais completo, é preferível que conste no plano o tempo que o perito
presume gastar para realização de cada tarefa. Este planejamento servirá de base para o pe-
rito contábil acompanhar o desenvolvimento de seus próprios trabalhos e o cumprimento dos
prazos até a entrega do laudo pericial, além de fornecer dados para o perito elaborar a sua
planilha de custos.
A segunda parte deste plano de trabalho é um quadro intitulado Cronograma, que será
o primeiro quadro onde o perito organizará seus pensamentos para iniciar os seus trabalhos
em busca da verdade sobre os fatos. Nele o perito poderá anotar as tarefas que tem que cum-
prir, em quanto tempo (horas) supõe serão realizadas, a data que pretende executá-las e algu-
ma observação que seja pertinente.
11
Por exemplo, o perito poderá contratar um analista de sistemas, para emitir um parecer
comprovando se o lançamento a menor do valor de estoques foi, realmente, originado de uma
falha no programa de controle de estoques adotado pela empresa.
Esse quadro servirá para que o perito se organize de forma a solicitar suas necessida-
des em tempo hábil, como também, fundamentará a sua planilha de custos para a composição
do valor de seus honorários periciais.
A seguir será apresentada uma sugestão para um Plano de Trabalho. Ressalte-se aqui
que o plano de trabalho, como o laudo, é uma peça pessoal a ser desenvolvida por cada perito
contábil. A quantidade e disposição dos quadros irá variar para cada pericia e cada perito, e a
necessidade de detalhamento que ele tenha ao executar as suas tarefas.
12
3.4 MODELO DE UM PLANO DE TRABALHO PERICIAL:
I — SÍNTESE
Ação:
Autora: (...)
Réus: (...)
(...)
Juiz: Exmo Sr. (...)
Entrega do laudo em: / / .
~ II — CRONOGRAMA
:
Retiradaa do processo no cartório do juízo. 1 hora
Exame dos autos do processo, documen-
4 horas Pleno conhecimento da questão
tos anexos e afins.
Entrevista com o(a) Sr(a) (...) para obter Informações pertinentes ao pleno co-
3 horas
informações de (...) nhecimento da questão.
Vistoria no estabelecimento (...) 8 horas Quesito (...) do magistrado
_
Exame de (...) 2 horas Quesito (...) do magistrado
_
Informações pertinentes ao pleno co-
Solicitação e exame dos (...) da Parte Ré. 3,5 horas
nhecimento dos fatos.
Visita a Parte Ré para (...) 2 horas _ Quesito (...) da Autora
Verificação dos fatos (...) 1,5 horas Quesito (...) da Autora
Solicitação dos (...) da Parte Ré para (...) 5 horas _ Quesito (...) da Autora
Visita a Parte Autora para (...) 8 horas _ Quesito (...) do Réu
Exame dos (...) para (...) 1,5 horas _ Quesito (...) do Réu
Comprovação de (...) junto a Parte Auto-
4 horas Quesito (...) do Réu
ra
Papéis de trabalho, Termos de diligén-
Confecção e revisão do Laudo. 20 horas
cias e anexos.
Entrega do Laudo Pericial. 2 horas _ Cartório (...)
13
HI — PROGRAMA DE TRABALHO
14
V — NECESSIDADE EM RECURSOS MATERIAIS
15
4. PAPÉIS DE TRABALHO
4.1 CONCEITO
São diversas as petições que o Perito Contábil no curso de seu trabalho poderá
redigir, entre elas temos: a de entrega do laudo pericial, a de requerimento dos ho-
norários, de prorrogação do prazo para entrega do laudo etc.
O termo de diligência fará parte dos anexos constantes do laudo pericial, prefe-
rencialmente, devem ser numerados e estar de acordo com a seqüência das diligên-
cias no texto do laudo pericial.
16
4.2.1 PETIÇÃO PARA FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS
Processo n.°:
Ação:
Promovente:
Promovido:
(...), Contador, CRC-CE n.° (...), nomeado por V. Ex.a nos autos do processo e já qua-
lificado anteriormente, vem perante a digníssima presença de V. Ex.a, solicitar o arbitramento
de seus honorários periciais, que perfazem um montante de R$ 3.160,00 (três mil cento e ses-
senta reais). Para firmeza do valor acima estipulado, segue em anexo desta, a planilha de
custos que consta todo o detalhamento que o fundamenta.
Nesses termos,
FULANO DE TAL
17
4.2.2 PETIÇÃO PARA EXPRESSAR ACEITE AO VALOR DOS HONORÁRIOS
PROPOSTOS PELO PERITO CONTÁBIL
Processo n.°:
Ação:
Promovente:
Promovido:
O promovente, já qualificado anteriormente nos autos, vem, por meio de seu bastante
procurador (...) que abaixo assina, perante a insigne presença de V. Ex.a, manifestar seu acor-
do diante do valor dos honorários periciais proposto pelo Ilmo. Sr. Perito Contador (...) que
perfazem um montante de R$(...). Desta parte, se a apreciação de V. Ex.a resultar no arbitra-
mento, segue ficando, desde já, justo e contratado o valor acima estipulado. Sem mais para o
momento, tendo sempre consideração.
Nesses termos,
FULANO DE TAL
18
4.2.3 PETIÇÃO PARA SOLICITAR PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA ENTRE-
GA DO LAUDO PERICIAL
Processo n.°:
Ação:
Promovente:
Promovido:
(...), Contador, CRC-CE (...) já qualificado anteriormente nos autos, vem perante a
insigne presença de V. Ex.a, requerer que se digne a conceder prorrogação por trinta dias do
prazo estipulado para conclusão do Laudo Pericial, visto que a juntada de novos quesitos to-
maram sobremaneira tempo destinado à feitura desta peça. Sem mais para o momento, com
toda estima e apreço.
Nesses termos,
FULANO DE TAL
19
4.2.4 PETIÇÃO PARA ENTREGA DO LAUDO E SOLICITAÇÃO DE LIBERAÇÃO
DOS HONORÁRIOS PERICIAIS
Processo n.°:
Ação:
Promovente:
Promovido:
(...), Contador, CRC-CE (...) já qualificado anteriormente nos autos, perante a honrada
presença de V. Ex.a, vem apresentar o Laudo Pericial Contábil concluído tempestivamente e
requerer que se digne a proceder a liberação dos honorários periciais em depósito no Cartório
deste juízo. Sem mais para o momento, tendo sempre consideração.
Nesses termos,
FULANO DE TAL
20
4.2.5 PETIÇÃO PARA ENTREGA DO LAUDO DO ASSISTENTE TÉCNICO
Processo n.°:
Ação:
Promovente:
Promovido:
(...), assistente técnico, anteriormente qualificado nos autos do processo, vem perante a
honrada presença de V. Ex.a, dar-lhe a ciência que concluiu a incumbência que lhe foi atri-
buída como assistente técnico indicado pela parte (autora ou ré) e apresentar-vos o Parecer
Técnico que consta em anexo.
Termos em que,
FULANO DE TAL
21
4.2.6 PETIÇÃO PARA COMUNICAR FATO CONSTRANGEDOR EM UMA DILI-
GÊNCIA
Processo n.°:
Ação:
Promovente:
Promovido:
(...), Perito Contábil, nomeado por V. Ex.a nos autos do processo, vem com o devido
respeito perante a estimada presença de V. Ex.a, trazer ao seu conhecimento que este profissi-
onal em diligência à empresa (...) para solicitar os livros contábeis (...) que fundamentam a
resposta aos quesitos de número (...) elaborados por V. Ex.a, de número (...) elaborado pela
parte (autora ou ré), recebeu a negativa destas solicitações pelo responsável pelo setor de
contabilidade, o Sr. (...). Diante do exposto, solicito a V. Ex.a que se digne a apresentar as
devidas providências sobre o fato. Sem mais em particular para o momento.
Termos em que,
FULANO DE TAL
22
A
4.2.7 TERMO DE DILIGENCIA
Processo n.°:
Ação:
Promovente:
Promovido:
No cumprimento do encargo que me assina a lei e dando início aos trabalhos diligên-
ciais, visitei a empresa Maracutaia Ltda., sediada a Av. da Enrolação, n.° 171 — Centro, aos
dezenove dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e nove, às 14:00, com
o objetivo de obter dados essenciais à fundamentação das respostas aos quesitos de n.° 01
(um) e 02 (dois), formulados pela parte autora e quesito de n.° 05 (cinco), formulado pela
parte ré.
1.(...)
2. (...)
(Nome completo)
Perito Judicial
(Nome completo)
Contador da empresa
23
5. HONORÁRIOS PERICIAIS
Segundo o artigo 20, parágrafo segundo, do código de processo civil: "as despesas
abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem,
diária de testemunha e remuneração do assistente técnico."
Aqui a relação entre o assistente técnico e a parte é particular, não havendo a necessi-
dade de o juiz dar sua aprovação ao valor dos honorários, ele apenas irá tomar conhecimento
desse valor através da petição, que funcionará como instrumento para o valor da remuneração
se somar as outras despesas do processo, como explicado no artigo 33 do código de processo
civil: "cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado; ..."
24
5.3 PERITO NOMEADO
No caso do perito nomeado pelo juiz, não há contrato com nenhuma das partes. Na
realidade é exatamente proibido qualquer remuneração do perito contador nomeado, direta-
mente por alguma das partes que figuram no processo.
Nesse caso o perito precisará quantificar o valor que entende ser justo para remunerar
o seu trabalho, como disposto na Norma Brasileira de Contabilidade Profissional — NBC P 2:
" 2.5.1— O perito contábil deve estabelecer seus honorários mediante avaliação dos servi-
ços, considerando os seguintes fatores:
a) a relevância, o vulto e a complexidade dos serviços a executar;
b) as horas que serão consumidas em cada fase da realização do trabalho;
c) a qualificação do pessoal técnico que irá participar da execução dos serviços;
d) o prazo fixado, quando indicado ou escolhido, ou o prazo médio habitual de liquida-
ção, se nomeação judicial;
e) a forma de reajuste, se houver;
f) o lugar em que os serviços serão prestados e conseqüentes custos de viagens, estadas e
locomoções, se for o caso."
Então, quando o perito nomeado pelo juiz, já de posse dos autos do processo, estuda
toda a ação que envolve a perícia e faz o seu planejamento de trabalho, ele passa a conhecer a
dimensão das atividades que irá realizar até a confecção do laudo pericial.
É do planejamento dos seus trabalhos que o perito irá extrair o total das horas que ele
presume que gastará durante a perícia. E além do total das horas, o perito também poderá ve-
rificar a necessidade de viagens, combustível, diárias suas ou de testemunhas e materiais de
papelaria entre outros gastos.
De posse de todos esses dados, já é possível ao perito judicial elaborar uma síntese das
suas despesas, para ter idéia de em quanto montará o valor de seus trabalhos, ao que comu-
mente se denomina de "planilha de custos".
S
A planilha de custos é o documento onde o Perito fará o detalhamento dos seus custos
para fundamentar o valor de seus honorários. Essa planilha poderá ser entregue ao juiz jun-
tamente com a petição onde o perito solicita a fixação de seus honorários, pois assim, o perito
estará comprovando o valor solicitado.
Se faz também necessário que o perito elabore essa planilha, porque ela fundamentará
não somente perante o juiz, mas como também diante das partes o valor total dos seus honorá-
25
rios, tornando esse valor baseado em gastos reais e horas que serão trabalhadas, sendo sua
apreciação de mais fácil aceitação.
A forma que o perito usa para solicitar os seus honorários é a petição. Ele irá redigir
esta petição ao juiz encarregado do processo, e, em anexo, deve seguir a planilha de custos.
No capítulo anterior, Papéis de Trabalho, encontram-se diversos modelos de petições que o
perito redige, inclusive a que é referente a solicitação de seus honorários.
É válido ressaltar que depois do despacho do juiz ter sido publicado no diário oficial,
convocando as partes, correrá o prazo para elas se pronunciarem sobre a questão, como quase
todos os atos que envolvem um processo, para evitar a morosidade na sua solução.
Sobre esse aspecto, as partes podem, sempre através do seu advogado, que é o seu re-
presentante perante o juiz, expressar:
Como também a parte pode não emitir opinião sobre o valor em questão, ou seja, não
se manifestar a respeito, deixando a decisão a cargo do juiz.
Quando o juiz toma conhecimento da opinião das partes, se acontecer de qualquer uma
delas discordar do valor proposto por achá-lo muito alto, ele poderá:
26
a) acatar a opinião da parte que discordou do valor e determiná-lo a menor do que o
solicitado pelo perito;
b) não achar procedente a justificativa da parte para discordar do valor do perito e fi-
xá-lo no montante solicitado;
Todavia o juiz poderá, logo que receba a petição, arbitrar os honorários sem ouvir as
partes sobre o valor que o perito apresentou.
Isso porque o juiz é quem fornece o parecer final, quantificando os honorários perici-
ais, em um valor que poderá ser o solicitado pelo perito, como também um valor menor como
já visto anteriormente. A esse ato de fixação do valor dos honorários periciais pelo juiz dar-se
o nome de arbitramento, que neste caso tem o sentido de atribuição.
Porém, mesmo depois de fixado pelo juiz, se ainda houver discordância sobre este
valor, seja pelo lado do próprio perito judicial ou por alguma das partes envolvidas, pode ha-
ver recurso da decisão do juiz, ao que dar-se o nome de agravo de instrumento.
Quando conhecido o valor final fixado, o perito deverá requerer que o juiz determine a
parte responsável pelo pagamento', o depósito correspondente a parte ou ao total de seus ho-
norários. Ao passo que, da mesma forma, quando da entrega do laudo, solicitará que o depó-
sito seja liberado, com os acréscimos legais, se for o caso, como por exemplo a correção mo-
netária.
Código de Processo Civil: Art. 33 "Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver indicado;
a do perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as
partes ou determinado de oficio pelo juiz."
27
5.5 MODELO DE UMA PLANILHA DE CUSTOS:
Processo n.°:
Ação:
Promovente:
Promovido:
1 .e
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05 (cinco) diárias incluindo alimentação referente as diligências que serão efetuadas 250,00
no município de trair.
28
6. QUESITOS
6.1 CONCEITO
São perguntas elaboradas pelo magistrado e pelas partes que deverão ser respondidas
pelo perito contábil. Essas perguntas giram em torno do objeto da perícia e atendem as neces-
sidades de cada indagador.
Sempre o perito deve lembrar que a competência para decidir a matéria em questão é
do juiz, mesmo que ele não tenha conhecimentos na matéria contábil, pois este é o justo moti-
vo pelo qual o perito foi nomeado para o assessorar. O perito é a extensão científica dos co-
nhecimentos do juiz.
29
Todos os quesitos deverão ser respondidos, mesmo que tomem posições contraditóri-
as, visto que é um direito de cada parte tentar provar através dos quesitos que formula aquilo
que alegou ao juiz em sua defesa.
E no caso de haver aspectos ocultos nos quesitos, o perito deverá estar atento para le-
vantar questões que possam ser fundamentais e que foram deixadas de lado pelas partes sem
extrapolar os limites da quesitação.
Nunca deverá o perito ser omisso naquilo que as partes deixaram de alegar para não
prejudicarem os seus direitos sob pena de estar contribuindo para uma decisão equivocada por
parte do juiz que lhe tomou de inteira confiança.
Todos os quesitos elaborados pelas partes e pelo magistrado deverão ser respondidos pelo
perito e fundamentados com provas, com documentos, depoimentos, leis e certificações den-
tre outros meios probantes.
Não é admitido como redação de resposta aos quesitos simples "sim" ou "não". Isto deve
ser considerado até mesmo porque se o perito não consegue produzir argumentos para cir-
cunstanciar a sua resposta não se acha preparado para assumir o trabalho pericial que neces-
sita de um profundo conhecedor do assunto em questão.
A linguagem usada pelo perito para redigir as respostas aos quesitos deverá:
Utilizar o mínimo de termos técnicos estranhos aos que necessitarão do conteúdo dos que-
sitos;
Evitar palavras, ou frases inteiras, que tragam duplo sentido na sua compreensão;
- Evitar sair da linha imparcial utilizando palavras pessoais como "acho ";
30
- Não deixar margem para surgirem dúvidas acerca de sua capacidade profissional utilizando
palavras como "talvez",
Muitas vezes os quesitos das partes podem ser elaborados visando conduzir o ra-
ciocínio do perito em seu favor ou contra a outra parte. Por vezes o perito pode se
deparar com estes quesitos, porém, deve sempre guardar o pensamento que as partes
objetivam que a sua versão dos fatos seja a beneficiada pela decisão do juiz, usando
para tanto os quesitos como forma de fazer prova ao seu favor.
É um direito que compete a cada parte tentar provar os fatos que alegou em sua
defesa.
Dessa forma o perito deverá fornecer ao magistrado em sua resposta a esses que-
sitos, todas as opções técnicas e científicas do seu conhecimento para que ele escolha
qual será a que se adequa melhor para elucidar a matéria objeto da pericia.
Seria dificil em uma perícia o perito se deparar com quesitos idênticos, mas pode
ocorrer de haver quesitos semelhantes, que conduzam ao mesmo fato, ou, que com-
portem a mesma resposta sem prejuízo da sua prova.
31
Para a resposta a quesitos semelhantes o perito responderá aquele que primeiro
se encontra na ordem dos quesitos, e, na resposta ao que lhe faz semelhança, o perito
solicita ao leitor que se reporte à resposta dada ao primeiro quesito, identificando-o
com a indicação de sua procedência (quesitos da parte autora, quesitos da ré, ou que-
sitos do magistrado) e com o seu respectivo número.
Os quesitos que envolvam matéria de direito, quando esta não é necessária para
fundamentar a resposta, não são da competência técnico-cientifica do perito. Dessa
forma deverá o perito evitar responder o questionamento jurídico do quesito, cen-
trando seus esforços na parte que esteja no seu âmbito profissional.
8 Códigode Processo Civil: Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares.
Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária."
32
destes novos quesitos, quando perceber a necessidade de se fazer prova a novos fa-
tos.
Dando início ao enfoque legal relacionado com a temática dos quesitos, primeiramente
será exposto o contido na Norma Brasileira Contábil Técnica, NBC T 13, posteriormente o
tema será visto sobre a ótica do Código de Ética do Contabilista e ao final o disposto pelo
Código de Processo Civil.
As disposições contidas na Norma Brasileira Contábil Técnica, NBC T 13, que fazem
referência aos QUESITOS, encontram-se em seu item 13.4 - LAUDO PERICIAL, a saber:
"13.4.3.1- Havendo quesitos, estes serão transcritos e respondidos na seqüência em que fo-
ram formulados, mencionando, quando houver, a juntada de quadros demonstrativos, do-
cumentos e outros anexos.
13.4.3.2 - As respostas aos quesitos serão circunstanciadas, não sendo aceitas as do tipo
`sim' ou `não'.
13.4.3.3 - Não havendo quesitos, a perícia será orientada pelo objeto da matéria."
A norma, como se vê, pouco traz de esclarecimento sobre o tema. O Conselho Fede-
ral de Contabilidade, como cita em seu Boletim, reuniu um Grupo de Trabalho que será res-
ponsável pela reformulação das Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnica e Profissional
de pericia, NBC T 13 e NBC P 2: "Elas têm sido insuficientes e geram muitos problemas
de interpretação."9
A parte do Código de Ética que trata da perícia contábil está no Capítulo II - DOS
DEVERES E PROIBIÇÕES, em seu artigo quinto.
9
Boletim do CFC - Ano 02 - maio/1999 - n.° 13
33
"Art. 5° - O contador quando perito, assistente técnico, auditor, ou arbitro, deverá:
I - recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especia-
lização requerida;"
De acordo com o que foi dito acima podemos raciocinar que para responder aos que-
sitos de forma adequada, o perito nomeado deverá ser um profundo conhecedor do assunto em
questão, caso contrário, pela ética deve recusar o trabalho pericial.
"III - abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua convicção pessoal sobre
os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em que estiver
servindo, mantendo seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos;"
Aqui o Código faz referência a limitação a que o perito deverá seguir, ou seja, evitan-
do estender-se do que lhe foi perguntado nos quesitos, limitando-se a fundamentar tecnica-
mente o que lhe foi perguntado, sem exceder-se com fatos irrelevantes, além do questiona-
mento do quesito.
O Código de Processo Civil é farto em artigos que regulam a matéria de perícia judici-
al. Podemos destacar em relação ao nosso tema os seguintes artigos:
"Art. 147 - O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá
pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado por 2 (dois) anos, a funcionar em
outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer."
34
Neste artigo podemos concluir que o perito ao responder os quesitos deverá ter plena
ciência daquilo que está afirmando, jamais sendo admitido que ele, para favorecer alguma das
partes, preste informações falsas ao juiz.
"Art. 421-
§1° - Incumbe às partes, dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho da nomeação do
perito:
II - apresentar quesitos.
§2° - Quando a natureza do fato permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do
perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que hou-
verem informalmente examinado ou avaliado."
Daqui entendemos que a apresentação dos quesitos das partes será feita dentro de cin-
co dias depois da nomeação do perito. Mas a perícia pode não exigir a quesitação, e, neste
caso, no dia da audiência o juiz fará as perguntas necessárias ao perito para os esclarecimen-
tos inerentes à matéria pericial.
Quando o perito nomeado vai fazer uma visita ao estabelecimento de uma das partes, o
perito assistente, nomeado pelo advogado desta parte, deverá se fazer presente. Desta for-
ma, no decorrer dos estudos que o perito nomeado desenvolve nesta diligência, o perito as-
sistente que o acompanha, poderá encontrar novos fatos que queira constar nos autos do pro-
cesso. Para isso ele solicita ao advogado que o indicou, que adicione os novos quesitos for-
mulados aos que se encontram em poder do perito nomeado. A esses quesitos dar-se o nome
de suplementares.
Quesitos impertinentes são aqueles que contém matéria estranha ao que está sendo
abordado na perícia, são formulados com o intuito de desviar o real objeto da questão levan-
tada, visam apenas aumentar o trabalho pericial etc., ou seja, quesitos que não precisam ser
respondidos para que se solucione o conflito de interesses que gerou a perícia.
35
Os quesitos que o magistrado elabora serão respondidos juntamente com o das partes e
constarão do laudo pericial.
"Art. 435 - A parte, que desejar esclarecimentos do perito e do assistente técnico, reque-
rerá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as
perguntas, sob forma de quesitos."
Entende-se aqui que as partes não poderão abordar, nesses quesitos, matéria que não
tenha sido objeto dos quesitos que formularam no questionário básico. Certamente não há
que se ter dúvidas neste sentido, pois, os esclarecimentos se referem às respostas que o perito
deu à quesitação básica, e, que a parte não considerou bastante elucidativa.
36
7. LAUDO PERICIAL
7.1 CONCEITO
Como conceituado nas Norma Brasileira Contábil Técnica - NBCT - 13 10: "O laudo é
a peça escrita, na qual os peritos contábeis expõem, de forma circunstanciada, as obser-
vações e estudos que fizeram e registram as conclusões fundamentadas da perícia."
7.2.1- CLAREZA: ao expressar a sua opinião, o perito deve ser claro. Ressalte-se
aqui que claro significa suficientemente esclarecedor ao ponto de esgotar o questio-
namento. Por este motivo o perito deverá preocupar-se com a materialidade, ou
seja, a fundamentação documental de seu laudo através dos diversos anexos a se-
rem juntados, além das declarações e dos depoimentos de terceiros.
37
7.2.2 - BOA APRESENTAÇÃO ESTÉTICA: é nesta parte em particular que o pe-
rito expressa a sua capacidade de organização e nível de excelência. A preocupa-
ção de evitar rasuras ou quaisquer borrões que tornem a peça esteticamente mal
apresentada é uma obrigação inerente ao profissional do grau de formação do perito
contábil. Outra preocupação do perito deverá ser a de revisar o seu laudo, verifi-
cando a existência de erros de grafia, datilografia, digitação etc.
7.2.4 - PRECISÃO: o laudo deverá ser inequívoco em seu conteúdo, ou seja, o perito
deverá ter o cuidado de formular frases que sejam exatas em seus sentidos, não dei-
xando margens à dupla interpretação, o que poderá vir a comprometer o sentido da
informação. Como também deverá ao fornecer os esclarecimentos ter absoluta
certeza de sua afirmação e, quando pertinente, baseá-las em provas documentais,
ou, na certificação de fatos através da investigação contábil.
Respeitadas estas pequenas regras para a formulação do conteúdo do laudo, que nada
mais se destinam do que tornar a sua leitura eficiente , o perito estará de uma forma satisfató-
ria atendendo às necessidades de seus usuários.
Não há na lei uma forma preconizada para um laudo pericial, porém geralmente ele é
disposto de maneira a tornar-se compreensível aos leigos em matéria contábil e seguir uma
seqüência lógica visando a praticidade da sua leitura. Ao final deste capítulo será exposta uma
sugestão de modelo para um laudo pericial contábil. - .
13 Citado em Sá, Antônio Lopes de. - Perícia Contábil - 2a ed. - São Paulo: Atlas, 1996. p. 46.
38
No primeiro parágrafo do laudo tem-se um resumo do processo, visando que o leitor, a
qualquer tempo, identifique o processo de que faz parte aquele laudo. Então pode constar:
- o número do processo;
- o tipo de ação; e
- a identificação das partes como autora e ré, com seus respectivos nomes;
Após o parágrafo inicial, o perito poderá expor nos capítulas que se seguem, para
efeito de consolidação de suas informações, a descrição da maneira como foram realizados os
seus trabalhos periciais.
Para tanto pode-se redigir um capítulo que se destine a informar as diligências efetua-
das, descrevendo os procedimentos técnicos para obtenção das provas periciais. Deve constar
neste parágrafo qualquer motivo de impedimento da execução dos trabalhos periciais que ve-
nha a ocorrer em qualquer das diligências. Há também a necessidade de se fazer a referência
aos termos de diligências numerados e em anexo no final do laudo.
Outro capítulo que compõe esta parte da demonstração dos trabalhos efetuados pelo
perito, é o que identifica a equipe técnica do perito. Essa equipe é composta pelos profissio-
nais de outras áreas solicitados pelo perito para auxiliá-lo em seus trabalhos, que podem ser
auxiliares de contabilidade, programadores, analista de sistemas, economistas etc.
Terminada esta parte, o perito deverá proceder a transcrição dos quesitos, se houve-
rem, tal qual foram formulados, distinguindo os quesitos do magistrado, os quesitos da parte
autora e os quesitos da parte da ré, fornecendo para cada um a sua resposta, de forma que esta
venha logo em seguida a leitura do seu quesito respectivo.
O penúltimo capitulo seria os das considerações finais, onde o perito emite os diversos
esclarecimentos necessários para auxiliar o juiz na aplicação da lei e as opiniões de profissio-
nais da área dentre vários outros comentários pertinentes à solução da lide.
39
O capítulo de finalização, será onde o perito dará por encerrada a redação do laudo pe-
ricial contábil. E abaixo, data e assina e pede a juntada aos autos.
7.4.1- CONTEÚDO
7.4.2 - TÉCNICA
A Norma Brasileira Contábil Técnica - NBCT - 13, em seu item 13.4.3.1 pre-
coniza: "Havendo quesitos, estes serão transcritos e respondidos na seqüência
em que foram formulados, mencionando, quando houver, a juntada de qua-
dros demonstrativos, documentos ou outros anexos."
No que concerne aos anexos, estes deverão ser numerados para que ao citar o
anexo na resposta ao quesito o perito faça referência a este número, por um motivo
prático de identificação, e também, para que não se tenha dúvidas da sua juntada ao
laudo concomitante a sua entrega, não podendo assim, haver juntada de anexos
posterior à entrega do laudo.
40
pes de Sá em seu livro Pericia Contábil (2a ed. - São Paulo: Atlas, 1996. p. 49),
"dando a abrangência completa dentro do que se pergunta."
Ao término do prazo fixado pelo juiz para a entrega do laudo, o perito deverá estar
com a peça pronta. Caso, por motivo justo, o laudo não possa ser finalizado no tempo hábil,
deverá o perito solicitar a prorrogação do prazo para a sua entrega 14
Nesse parecer, que é também considerado um laudo, o assistente da parte emite juízo
sobre o laudo do perito nomeado, desenvolvendo considerações favoráveis ou criticas, no
sentido de concordar ou discordar da opinião técnica do perito nomeado. Certamente que,
assim como o laudo, o parecer deverá ser fundamentado.
O perito assistente além disso, poderá oferecer considerações técnicas de questões que
tenha observado durante a execução da pericia e que entenda favorecer a sua parte, como
também, anexar ao seu parecer documentos comprobatórios ou que tragam esclarecimentos
aos fatos observados e nele relatados.
14
CPC: "Art. 432 Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz pode-
rá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio."
15 Resolução 731/92, item 13.4.5 - "O laudo deve ser encaminhado sempre por petição, quando judicial (...)".
41
Os três laudos são independentes, e dessa forma cada perito assistente redigirá o seu
individualmente. O juiz, em sua apreciação dos três laudos, pode entender que o laudo do
assistente técnico transcenderá o laudo pericial, ou seja, que o laudo escrito pelo assitente da
parte — autora ou ré — é melhor elucidativo à questão pericial que o laudo do perito nomeado.
Também pode ocorrer de o juiz desconsiderar os três laudos, neste caso, devendo justificar o
seu ato.
O laudo, na forma que se apresenta, não deverá deixar margens a fraudes posteriores à
sua entrega em cartório pelo perito, por isso este deverá ser rubricado em todas as folhas,
como preconiza a Norma Brasileira Contábil Técnica - NBCT - 13 em seu item 13.4.4: "0
laudo será datado, rubricado e assinado pelos peritos contábeis que nele farão constar a
categoria profissional de Contador e seus números de registro no Conselho Regional de
Contabilidade."
O laudo vai variar de tamanho (quantidade de folhas) de acordo com cada processo,
podendo conter poucos ou muitos capítulos e número de folhas dependendo de cada caso. A
divisão e redação do laudo é particular de cada perito, desde que observados os aspectos for-
mais de comunicação com a autoridade.
O perito contábil deverá apresentar em seu laudo todas as hipóteses que possam fun-
damentar a interpretação e aplicação da lei pelo juiz, porém, sem nunca, mesmo que lhe seja
bastante clara qual a hipótese mais adequada, inclinar-se por uma posição.
Certamente isso não significa que o perito deva encher o laudo de hipóteses técnicas
deixando o juiz sem a certeza que precisa para decidir por uma das hipóteses, o que poderia
faze-lo contratar uma nova perícia para clarificar melhor a questão. Mas sim, não deixar de
abordar nenhuma das hipóteses tomando o cuidado de bem fundamentá-las de modo que elas
não sejam um fator de complicação e sim de esclarecimento.
42
7.8 MODELO DE LAUDO PERICIAL
Il.mo Sr. Dr. Juiz de Direito (...) Vara (...) da Comarca de (...).
A instrução do presente LAUDO PERICAL CONTÁBIL pela Il.ma Sr.a Perita Contadora
GERMANA IRIS LIMA AVELINO NOBRE, CRC-CE n.° (...), nomeada nos autos do
processo n.° (...), cumpre dar suporte à solução da ação (...) em que é Autora (...), e Réu(s)
a. Visita a empresa (...) para tratar de assunto (...), como consta no termo de diligência
n.°(x).
b. Comparecimento ao (...) para requisição dos documentos (...) como consta no termo de
diligência n.° (x);
c. Visita a (...) para (...), onde não nos foi permitida a entrada em (...) prejudicando o tra-
balho pericial, como consta no termo de diligência n.° (x);
I - Magistrado:
a) Quesito
b) Resposta
II - Autora:
a) Quesito
b) Resposta
43
III - Ré:
a) Quesito
b) Resposta
Nestes Termos,
Fortaleza — CE, de de
44
8. CONCLUSÃO
Em face dos estudos desenvolvidos para a elaboração deste trabalho, observou-se vá-
rios aspectos da Perícia Judicial Contábil que carecem de providências citadas por Contadores
e Juristas. Sendo assim, sugere-se:
45
Finalmente, há a necessidade de uma aproximação entre Contadores e Magistrados,
para promover os ajustes necessários, visto que alguns juristas atentam para o fato que é pre-
ciso definir claramente o papel do Contador na Perícia Judicial, para que não ocorra com tanta
freqüência que profissionais não habilitados, ou de outras áreas, desenvolvam um trabalho
pericial, prejudicando a Classe Contábil, ou por inabilidade ou por absorver uma atividade
que é inerente ao Contador.
Considerando-se tal gama de fatos que circundam a Perícia Contábil a serviço da Jus-
tiça, já tem-se a idéia dos níveis de excelência profissional que esse ramo de atuação está
atingindo e, consequentemente, que ele está elevando a qualidade dos serviços profissionais
prestados pelos Contadores que abraçam essa área, surgindo a exigência de um maior apro-
fundamento curricular, com pós-graduações e especializações, para esta especialidade contá-
bil.
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5. MAGALHAES, Antônio de Deus Farias. Et al. Perícia Contábil. São Paulo: Atlas,
1995.
6. ORNELAS, Martinho Mauricio Gomes de. Perícia Contábil. 2a Ed. - São Paulo:
Atlas, 1995.
7. SA, A Lopes de. Perícia Contábil. 2' ed. - São Paulo: Atlas, 1996.