870-Texto Do Artigo-2008-1-10-20230831
870-Texto Do Artigo-2008-1-10-20230831
870-Texto Do Artigo-2008-1-10-20230831
Diulia Figueiredo1
Rodrigo Rabuske2
RESUMO
ABSTRACT
This article aimed to elaborate calculations of sentence settlement in a process of labor claim of the
district of Cruz Alta - RS. The applied methodology is characterized as descriptive, with a quantitative
and qualitative approach. The data collection procedure is presented in a documentary way, starting
from the meticulous reading of the judicial process, analysis of the decisions given, and ending with
the execution of the labor expert calculations in accordance with the technical standards of
accounting. The analysis was performed through excel spreadsheets, where the balance and
corresponding amount of overtime 50% and 100% were calculated, the reflection of the 13th salary
and the vacation on such. The amount due to the food aid and the intraday interval was also
calculated, calculating the difference of the FGTS plus a 40% fine. The results indicate that the
claimed Safe Vigilância LTDA and Vigilância Guard S.A. owe the plaintiff João da Silva the amount of
R$ 14,875.60, referring to the labor funds recalculated based on the court decisions given. It is
noteworthy that the personal data of the parties were preserved, and fictitious data were used in the
study.
1. INTRODUÇÃO
Revista de Contabilidade Dom Alberto, Santa Cruz do Sul, v.12, nº.23, p.28-53, 1º semestre 2023
29
para 2016, houve um aumento de 3,65% nas Varas do Trabalho, isso devido à
presença do famoso “jeitinho” brasileiro para o descumprimento das obrigações
sociais, econômicas e morais. Desta maneira, o estudo de Irene Caires da Silva,
Mári Ângela Pelegríni (2017) e Paulo Cordeiro de Mello (2013), validam a relevância
da perícia contábil e sua indispensabilidade, no auxílio para os magistrados
trabalhistas no resultado efetivo da ação, evidenciando de forma mais prática e
objetiva os principais procedimentos técnicos da perícia contábil.
Cumpre destacar que os trabalhadores estão cada vez mais se inteirando
sobre seus direitos, consequentemente, a procura pelo judiciário e por perícias
trabalhistas também vem aumentando, obrigando cada vez mais o magistrado a
nomeação de peritos contábeis, devidamente qualificados e de confiança do juízo,
na execução dos processos trabalhistas. Diante do exposto, o presente estudo visa
responder ao seguinte problema de pesquisa: Qual a contribuição da perícia contábil
como meio de prova na execução de cálculos de liquidação em processo de
reclamatória trabalhista?
Ao encontro ao objetivo geral buscou-se verificar a contribuição da perícia
contábil na execução de cálculos de liquidação em processo de reclamatória
trabalhista, desta maneira, os objetivos específicos baseiam-se em acessar o
processo e realizar a leitura minuciosa e pormenorizada dos autos, apresentar
conceitos sobre perícia contábil e verbas trabalhistas, organizar os critérios de
sentença, levantar as informações sobre as verbas a serem calculadas e assim
executar os cálculos trabalhistas de liquidação de sentença de acordo com as
normas técnicas do Conselho Federal de Contabilidade, especialmente a NBC TP
01 (R1) de 2020.
O presente estudo possui uma alta contribuição acadêmica para quem deseja
conhecer mais sobre a área, proporcionando o aprofundamento dos estudos
teóricos, dos valores essenciais e da legislação trabalhista. Como também,
possibilita a vivência prática, uma vez que o objeto em estudo foi um processo em
tramitação, onde se procedeu e se aplicou os procedimentos da atividade pericial.
Este estudo também se demonstra relevante para demonstrar a importância do
trabalho pericial aos magistrados e advogados, na medida em que auxilia na tomada
de decisão e na liquidação dos julgados.
Logo, esse artigo encontra-se estruturado em cinco tópicos. Inicialmente,
apresenta-se a introdução, a fim de destacar o tema, problema, objetivos e justificar
31
2. REFERENCIAL TEÓRICO
entende-se como empregado toda pessoa física que presta serviços de natureza
não eventual ao empregador, sob o comando deste e sob pagamento.
Nesse porvir, o salário é o valor devido ao empregado pela prestação de
serviços em decorrência de seus trabalhos (SABINO E CUNHA, 2016; CLT,
ART.457). Os adicionais de insalubridade e periculosidade, onde as operações
insalubres são aquelas que, por seus métodos de trabalho, expõe os empregados a
agentes nocivos à saúde. O adicional de insalubridade possui, conforme os riscos,
grau máximo de 40% (quarenta por cento), grau médio de 20% (vinte por cento) e o
mínimo de 10% (dez por cento) do salário mínimo da região. Já as atividades
periculosas, são aquelas que expõe o trabalhador a inflamáveis, explosivos e
energia elétrica; segurança de pessoas ou patrimônios, assegurando ao empregado
um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário.
No que tange às horas extras, o art. 59 da CLT, estipula o acréscimo máximo
de duas horas de trabalho diário. A remuneração da hora extra será, pelo menos,
50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. Quanto ao 13° salário, a
Constituição em seu art. 6º cita que ele será pago pelo empregador até o dia 20 de
dezembro de cada ano e, proporcionalmente, ao tempo de serviço do empregado
na empresa, considerando-se a fração de 15 (quinze) dias de trabalho como mês
integral (JUNIOR, 2012).
A CLT menciona em seu art. 134, que as férias serão concedidas em um só
período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver
adquirido o direito. Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão
ser usufruídas em até 3 (três) períodos. Nota-se que a CLT usa o termo
“remuneração” em vez de simplesmente “salário”. A partir dessa informação,
entende-se que os adicionais recebidos no mês também são devidos nas férias
(REITER, 2014).
Assim, as verbas são divididas em verbas indenizatórias e verbas
remuneratórias. Sendo que as indenizatórias, são para pagamentos de
indenizações ao trabalhador que possua alguma desvantagem no trabalho ou que
tenha sofrido algum dano. As remunerações são utilizadas para se referir aos
valores pagos pelo serviço prestado, como uma retribuição ao trabalhador. Por
conseguinte, concluída a abordagem do referencial teórico, na sequência do
presente estudo apresenta-se a metodologia utilizada na pesquisa.
36
3. METODOLOGIA
trabalhava dentro do período de seis horas diárias, não fazendo jus ao benefício e
tão pouco direito ao adicional da troca de uniforme. Em razão da petição de AJG, as
reclamadas corroboram que não há nos autos prova alguma da efetiva necessidade
do autor que justifique a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita,
circunstância esta que por si só impõe o seu indeferimento.
Após a apresentação das alegações na inicial e na contestação, a sentença
foi reconhecida e declarada pela existência do grupo econômico entre as
reclamadas. Porém, foram indeferidos os reflexos em adicional noturno, o
enquadramento do autor como vigilante, a litigância de má-fé, o benefício da
assistência judiciária gratuita e o adicional pela troca de uniforme, sendo assim, já
que o reclamante não exercia a função de vigilante, não houve razão para fazer jus
ao adicional de periculosidade no percentual de 30%. Por derradeiro, a juíza
condenou o reclamante ao pagamento de honorários de sucumbência em favor dos
advogados da parte ré, no valor de R$ 1.212,35, de acordo com os critérios acima
estabelecidos.
Todavia, diante dos pedidos que foram expostos por João da Silva contra
Safe Vigilância LTDA e Vigilância Guard S.A. a magistrada deferiu, de maneira
solidária, as seguintes reparações trabalhistas: Horas extras, 50% e 100% com
reflexos, pela média física, em férias proporcionais com acréscimo de 1/3, décimos
terceiros salários e FGTS com acréscimo de 40%. A remuneração em dobro dos
feriados laborados, com devidos reflexos, bem como o auxílio-alimentação relativo a
todos os meses da contratualidade e os honorários de sucumbência em favor dos
advogados da parte autora no valor de R$ 1.627,23.
Após a sentença proferida, o autor João da Silva, apresentou um recurso
ordinário, onde se requereu deferimento da gratuidade de justiça, deferimento do
seu enquadramento como vigilante e as respectivas diferenças salariais e adicional
de periculosidade. As reclamadas solicitaram a improcedência desse recurso,
baseando-se que fora comprovado que o reclamante foi contratado para o cargo de
auxiliar de segurança, recebendo o salário de acordo com sua categoria.
Os magistrados da 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região
por maioria acordaram, pelo provimento parcial ao recurso do reclamante para
deferir o benefício da gratuidade de justiça. Diante do exposto, após a procedência
parcial das alegações de João da Silva, apresenta-se no próximo tópico a execução
40
100% realizadas, fora analisado a carga horária de João e percebeu-se que sua
jornada diária como trabalhador era de 8 horas, equivalentes a 9,14 em horas
noturnas, de segunda à quinta e sábados, domingos e feriados de 10 horas diárias
equivalentes a 11,29 em horas noturnas, ou seja, ele trabalhava 52 horas semanais
normais, o que é proibido por lei, pois de acordo com a CLT o trabalhador pode
exercer no máximo 44 horas semanais normais.
Entretanto, ressalta-se que os feriados do mês de abril e o labor aos
domingos não foram considerados para base de cálculo das horas extras 100%, pois
ambos os feriados caíram nas na sexta-feira, dia da semana em que o autor era
compensado por laborar aos domingos. Dessa forma, realizou-se o levantamento de
quantos dias deveriam ser considerados como hora extra 100%, constatou-se que
seriam três dias, onde considerando sua jornada de trabalho, sabemos que o
mesmo laborava durante 10 horas em cada dia trabalhado.
Para fins de cálculo, descobriu-se o valor hora 100% do empregado, mês a
mês, dividindo o salário bruto do respectivo mês por 220 horas (carga horária
mensal) e multiplicando por dois (por ser 100%), após multiplicou-se o valor hora
100% pela quantidade de horas extraordinárias realizadas em cada mês,
descobrindo assim, o valor da hora extra 100% devida que sofreu atualização de
acordo com o índice de correção do período, conforme elucidado na Tabela 5.
Tabela 7 - 13º salário sobre Intervalo Intrajornada e Horas Extras 50% e 100%
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
COSTA, João Carlos Dias da. Perícia Contábil: aplicação prática. São Paulo:
Atlas, 2017.
MELO, Thaís Assunção. Perícia Contábil: uma análise de sua aplicação nas
ações trabalhista e influência na decisão judicial. 2017. Trabalho de conclusão
do curso (Bacharel em Ciências Contábeis) - Universidade Católica do Salvador,
SALVADOR-BA, 2017.
54
MELLO, Paulo Cordeiro de. Perícia Contábil. São Paulo: Senac São Paulo, 2013
NEVES JÚNIOR, Idalberto José das; CERQUEIRA, João Guilherme Moreira de;
GOTTARDO, Michelle dos Santos Povoas; BARRETO, Marcelo Daia. Perícia
Contábil Judicial: A relevância e a Qualidade do Laudo Pericial Contábil na
Visão dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro. Pensar Contábil, Rio de
Janeiro, v. 16, p. 49-57, 21 mar. 2014.
ORNELAS, Martinho Mauricio Gomes de. Perícia Contábil. 5.ed. São Paulo: Atlas,
2011.
SILVA, Irene Caires da; PELEGRÍNI, Mári Ângela. A perícia contábil no processo
do trabalho. • Colloquium Socialis, Presidente Prudente, v. 01, n. Especial.,
Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Faculdade de Direito, Presidente
Prudente, SP., p. p.349-353. jan. 2017.
ZANNA, Remo Dalla. Prática de Perícia Contábil. 6. ed. São Paulo: IOB SAGE,
2017.