Pavimentos Betuminosos Permeáveis
Pavimentos Betuminosos Permeáveis
Pavimentos Betuminosos Permeáveis
Engenharia
iii
iv
AGRADECIMENTOS
Começo por agradecer à minha orientadora, Professora Doutora Marisa Sofia Fernandes Dinis
de Almeida, pelo apoio incondicional, pela ajuda, pela disponibilidade, pelo constante
incentivo e encorajamento, pelos conselhos e principalmente pela amizade e pelos momentos
de boa disposição passados ao longo do presente trabalho.
A todos os docentes que marcaram este meu percurso académico e me transmitiram todo o seu
conhecimento para poder chegar a esta etapa final.
À CEPSA Portuguesa S.A., pelos betumes disponibilizados e pelo seu contributo na realização
deste trabalho.
Aos Srs. Albino, Félix e Luciano, técnicos dos laboratórios de construção do Departamento de
Engenharia Civil e Arquitetura, pela grande ajuda prestada na execução de todo o trabalho
experimental.
Ao meu amigo Micael, pela amizade, companheirismo, incentivo, ajuda e motivação ao longo
deste trabalho.
Aos meus companheiros e amigos de casa, Tiago e Manuel, pelos cinco magníficos anos que
pude partilhar com eles e que levarei para a vida, e também ao meu amigo Filipe que, mesmo
não morando, marcou a sua presença, companhia e grande amizade.
Ao Mauro e ao Luís que embora fisicamente ausentes durante este ano, deram apoio, motivação
e grande amizade mesmo com os milhares de quilómetros que nos separaram.
Às minhas colegas e amigas, Liliana e Márcia, por toda a amizade, motivação, incentivo e ajuda
durante todo o trabalho laboratorial, sem elas nada seria possível.
v
Ao meu grande amigo Fábio, pela amizade que perdura ao longo dos anos e me permitiram
chegar aqui graças aos seus conselhos e incentivos.
A todos os meus verdadeiros amigos, que de alguma forma, sempre souberam transmitir a força
necessária, e um incansável apoio moral.
À minha família, em especial aos meus pais, ao meu irmão, à minha cunhada, aos meus avós e
aos meus padrinhos de batismo, por me acompanharem ao longo da vida e me terem dado
carinho e condições para a minha formação.
Por último, mas não menos importante, à minha namorada, Inês Mendonça, por todo o apoio,
motivação, encorajamento, ajuda, incentivo e compreensão. Agradeço-lhe toda a paciência
que teve comigo durante a elaboração do presente trabalho. Prometo devolver-lhe todo o
tempo que passei no laboratório durante a parte experimental. Que esta dissertação seja o
virar de uma página na nossa vida e assim possamos progredir no futuro.
vi
RESUMO
Este estudo tem como principal objetivo avaliar a viabilidade do uso de fibras celulósicas em
misturas betuminosas drenantes a aplicar em camadas superficiais de pavimentos permeáveis,
com vista a garantir um adequado desempenho mecânico no que diz respeito à resistência à
deformação permanente deste tipo de misturas. Com esta solução será possível conceber
melhores práticas de resiliência e adaptação adequada para fazer face ao agravamento dos
fenómenos climáticos extremos que conduzem a riscos associados a inundações e secas.
No estudo de formulação de cada tipo de mistura, realizado com base no ensaio cântabro,
observou-se que a temperatura da água é um fator bastante relevante no comportamento de
misturas com adição de fibras, verificando-se um aumento na ordem dos 50 % de perdas de
massa quando se passa de uma temperatura de água de 20 ºC para 60 ºC.
Ainda na presente dissertação, realizou-se o ensaio de simulação, wheel tracking test, tendo
em conta o preconizado para equipamento pequeno e acondicionamento ao ar, procedimento
B, adotando-se uma temperatura de ensaio de 60 ºC e aplicando-se a cada lajeta 10 000 ciclos
de carga. Dos resultados obtidos verificou-se que as misturas com adição de fibras apresentam
um incremento na resistência à deformação permanente, obtendo-se uma profundidade de
rodeira nas lajetas bastante inferior em comparação com as misturas sem adição de fibras.
Palavras-chave
vii
viii
ABSTRACT
The expanding urban occupation and the development of road access, especially in urban areas,
has led to increased soil sealing, leading to an extraordinary runoff and then to a decrease in
the rate of water infiltration into the groundwater. This creates an urge to rethink the
pavements used.
The main goal of this study is to evaluate the feasibility of using cellulosic fibers in porous
asphalt to be applied in superficial layers of permeable pavements, ensuring proper mechanical
performance concerning the resistance to permanent deformation of such kind of mixtures.
With this solution, it will be possible to create better practices of resilience and adaptation,
suitable to face extreme weather events that lead to risks associated with floods and droughts.
While studying the formulation of each kind of mixture, based on cântabro particle loss test, it
was verified that water temperature has a very important impact on the behavior of mixtures
with the addition of fibers. An increase of around 50 % on mass losses was observed when going
from a water temperature of 20 ºC to one of 60 ºC.
Also in this essay, it was performed the wheel tracking test simulation, observing the
recommended requirements of small-size devices conditioned in air, procedure B, adopting a
test temperature of 60 ºC and applying to each specimen 10,000 load cycles. The results have
shown that the mixtures with the addition of fibers presented an improved resistance to
permanent deformation, obtaining a much lower rut depth than in mixtures without the
addition of fibers.
Overall, during the current essay, it has been concluded that the addition of cellulosic fibers
has led to an important improvement on the response of porous asphalt to permanent
deformation, allowing the use of this kind of mixtures to ensure a proper functioning, durability
and, ultimately, an enhanced user safety.
Keywords
Mechanical characterization; Permanent Deformation; Cântabro Particle Loss Test; Cellulosic
Fibers; Porous Asphalt; Permeable Pavements; Wheel Tracking.
ix
x
ÍNDICE
xi
4.3.1 Composição de agregados .................................................................... 61
4.3.2 Estimativa da quantidade inicial de betume .............................................. 62
4.3.3 Teor ótimo de betume ........................................................................ 62
4.4 Caracterização das misturas betuminosas drenantes ......................................... 72
4.4.1 Módulo de rigidez por ensaio de tração indireta ......................................... 72
4.4.2 Deformação permanente ..................................................................... 74
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.11 - Estrutura tipo II (adaptado de Briggs et al., 2009 citado por Korkealaaskso et
al., 2014) ................................................................................................. 17
Figura 2.12 – Estrutura tipo III (adaptado de Basch et al., 2012) ................................. 17
Figura 2.13 – Estrutura tipo IV (adaptado de Terra Tech, 2009 citado por Korkealaaskso et
al., 2014) ................................................................................................. 18
Figura 2.16 – Estrutura tipo VII (adaptado de Tomaz, P., 2009) .................................. 19
Figura 2.20 – Varredoura com sistema de lavagem de baixa pressão (Fonte: Certona, 2011). 22
xiii
Figura 3.1 – Representação esquemática dos vários tipos de cavados de rodeira observados
em pavimentos flexíveis (adaptado de NCHRP, 2002 citado por Gardete, 2006) ............... 25
Figura 3.4 – Zonas climáticas de Portugal Continental (Baptista, 1999 citados por Freire,
A., 2002) .................................................................................................. 27
Figura 3.6 – Efeito da quantidade de betume numa mistura betuminosa com uma mesma
granulometria (adaptado de Erkens, 2002 citado por Gardete, 2006) ............................ 30
Figura 3.9 – Efeito do excesso de peso por eixo nos pavimentos, contribuição das diversas
camadas para a profundidade de rodeira (Chen et al., 2004 citados por Gardete, 2006) ..... 32
Figura 3.10 – Correlação entre a textura do agregado, determinada por análise de imagem
e a deformação obtida no GLWT (Massad et al., 2004 citados por Gardete, 2006) ............. 33
Figura 3.13 – Estabilómetro do ensaio Hveem (adaptado de Asphalt Institute, 1993) .......... 36
Figura 3.14 – Ensaio de compressão uniaxial estático (Freire, A., 2002) ......................... 37
Figura 3.15 – Ensaio de compressão uniaxial cíclico (Freire, A., 2002) ........................... 38
Figura 3.16 – Curva típica de deformação obtida em ensaios de compressão uniaxial cíclicos
(Freire, A., 2002) ........................................................................................ 38
Figura 3.17 – Curva típica de deformação obtida em ensaios de compressão uniaxial cíclicos
(Gardete, 2006) .......................................................................................... 39
xiv
Figura 3.20 – Cilindro oco e dimensões utilizadas para realização do ensaio (TRB, 2004) ..... 42
Figura 3.21 – Fases da evolução da deformação permanente (Freire, A., 2002) ................ 44
Figura 3.23 – a) Pista de ensaios circular interior CAPTIF (Cartebury Accelerated Pavement
Testing Indoor); b) Pista de ensaios circular exterior do Laboratoire Centrale des Ponts et
Chaussées ........................................................................................ ......... 47
Figura 3.26 – Perda por desgaste no ensaio cântabro (adaptado de Chen et al., 2015) ........ 50
Figura 3.27 – Resultados do ensaio wheel tracking (adaptado de Chen et al., 2015) ........... 51
Figura 4.9 – a) Colocação da mistura nos moldes Marshall; b) Colocação de filtro de papel
no topo da mistura; c) Compactação da mistura com o compactador de impacto .............. 65
Figura 4.12 – a) Maquina de ensaio de Los Angeles; b) Provete antes do ensaio; c) Provete
após ensaio ............................................................................................... 69
xv
Figura 4.14 – a) Pesagem do material de cada lajeta; b) Mistura dos materiais na
misturadora elétrica; c) Colocação da mistura no molde .......................................... 75
Figura 4.16 – a) Lajetas após desmoldagem; b) Medição das lajetas para cálculo da
baridade; c) Pesagem das lajetas para cálculo da baridade ....................................... 76
Figura 4.18 – a) Lajeta após ser retirada da máquina de ensaio; b) Pormenor do cavado de
rodeira .................................................................................................... 77
Figura 4.19 – a) Lajeta de mistura fina com fibras antes do ensaio wheel tracking; b) Lajeta
de mistura fina com fibras após ensaio wheel tracking ............................................. 78
xvi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 – Sistemas de pavimentos permeáveis (adaptado de Azzout et al., 1994) ....... 8
Tabela 3.3 – Declive máximo da rodeira no intervalo 5 000 a 10 000 ciclos para camada
de desgaste (EN 12697-22 (mm por 103 ciclos de carga), (PG-3, 2013) ........................ 45
Tabela 4.1 – Massa volúmica do pó de pedra e das britas 5/10 e 5/15 ......................... 57
Tabela 4.7 – Requisitos do fuso granulométrico imposto pelo CE EP para PA 12,5 (BBd) .. 60
Tabela 4.11 – Percentagem de betume inicial para as misturas drenantes (PA 12,5 Grossa
e PA 12,5 Fina) ........................................................................................ 62
Tabela 4.12 – Formulação de cada mistura para a percentagem de betume estudados .... 63
Tabela 4.14 – Baridades (Média de oito provetes por cada teor de betume) .................. 67
Tabela 4.15 – Propriedades das misturas (Média de oito provetes por cada teor de
betume) ............................................................................................ .... 68
Tabela 4.16 – Ensaio cântabro dos provetes dos grupos húmidos e dos grupos secos (media
de quatro provetes por cada grupo) ................................................................ 70
xvii
Tabela 4.17 – Ensaio cântabro húmido para temperatura de água de 20 ºC e de 60 ºC
(média de quatro provetes por cada grupo) ....................................................... 71
Tabela 4.19 – Módulo de rigidez das misturas (média de seis provetes) ..................... 74
Tabela 4.20 – Baridade e porosidade média das misturas nas lajetas ........................ 76
Tabela 4.21 – Baridade e porosidade média das misturas nas lajetas e nos provetes
cilíndricos ...................................................................................... ........ 76
xviii
LISTA DE ACRÓNIMOS
xix
NAT Nottingham Asphalt Tester
NP Norma Portuguesa
PA Porous Asphalt
PL Perda de partículas.
RT Rise time
UE União Europeia
Vm Porosidade
xx
WTSair Taxa de deformação média para o procedimento B
ρ Massa volúmica
xxi
xxii
CAPÍTULO 1 – Introdução
CAPÍTULO 1 - Introdução
A sociedade enfrenta nos dias que correm graves problemas relativamente à ocorrência de
fenómenos de cheia em zonas habitacionais, devidas maioritariamente à impermeabilização
dos solos. A utilização de pavimentos betuminosos permeáveis em áreas urbanas tem a
característica positiva de contribuir para a redução do volume de escoamento, devido à
infiltração e recarga subterrânea dos aquíferos.
Com vista a ajudar a ultrapassar a problemática das cheias, surge a necessidade de garantir
uma confiança absoluta na utilização deste tipo de pavimentos, assim sendo, os mesmos serão
alvo de uma investigação profunda, no que toca, principalmente, aos procedimentos de
formulação e avaliação estrutural da sua camada superficial.
Os pavimentos permeáveis podem ter na sua camada superficial vários tipos de materiais, tais
como, blocos de betão, blocos vazados, betão poroso e mistura betuminosa drenante, a qual
será alvo de investigação durante a presente dissertação.
O objetivo do presente estudo passa pela avaliação da viabilidade do uso de fibras celulósicas
em misturas betuminosas drenantes, com vista a garantir um adequado desempenho mecânico
no que diz respeito à resistência à deformação permanente deste tipo de misturas. Com este
estudo, pretende-se garantir uma adequada formulação de misturas drenantes a aplicar em
camadas superficiais de pavimentos permeáveis.
Ricardo Tenreiro 1
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
O presente trabalho é constituído por cinco capítulos, cuja organização e o conteúdo mais
relevante se sintetiza nesta mesma secção.
No presente capítulo, sendo ele o primeiro, começa-se por fazer um breve enquadramento do
tema em estudo, seguido da definição dos objetivos da investigação e uma breve síntese da
organização do trabalho.
2 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 1 – Introdução
betume e, por fim, a escolha do teor ótimo de ligante através da realização do ensaio cântabro,
da baridade e da porosidade. Por fim, as misturas com teor ótimo são caracterizadas através
do módulo de rigidez e do ensaio de deformação permanente.
No capítulo 5 são apresentadas as conclusões da presente dissertação bem como sugestões para
trabalhos futuros.
Ricardo Tenreiro 3
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
4 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
2.1 Introdução
No presente capítulo aborda-se o tema dos pavimentos permeáveis com o intuito de perceber
qual o seu verdadeiro significado, assim como a sua utilidade, o seu desenvolvimento ao longo
dos séculos e também conhecer o seu funcionamento hidráulico e estrutural. Realiza-se um
enfoque detalhado em assuntos direcionados para o tema desta dissertação, tais como os tipos
de pavimentos permeáveis, os materiais empregues na sua construção, a caracterização das
suas camadas ao nível mecânico, a avaliação da sua durabilidade tendo em conta aspetos
relativos à sua manutenção e aos problemas de colmatação.
Os pavimentos permeáveis surgem como um novo sistema de drenagem, permitindo que a água
se movimente através da sua estrutura porosa, impedindo acumulações na superfície que
podem ser prejudicais, quer para a sua própria durabilidade, quer para a segurança dos utentes
(NAPA, 2009).
Por outro lado, verifica-se que a maioria dos pavimentos de baixo tráfego, apresentam uma
superfície impermeável, não permitindo uma recolha e encaminhamento das águas pluviais. No
entanto, começaram a surgir os pavimentos com camada superficial drenante, permitindo que
a água que incide no mesmo não fique retida na superfície e assim possa provocar um
agravamento dos fenómenos de hidroplanagem, aumentando assim a segurança rodoviária
sobretudo em redes de estrada de alta velocidade (Elvik, R. and Greibe, P., 2005).
Ricardo Tenreiro 5
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Entende-se por um pavimento permeável ou poroso, o pavimento que pelas suas características
permite a passagem de água e ar pela sua estrutura porosa. As suas propriedades de
permeabilidade e porosidade elevada permitem que este tipo de solução, independentemente
do local de instalação, influencie significativamente a hidrologia da zona, permitindo uma
redução da taxa de escoamento superficial (Diniz, E., 1980).
Os motivos que levaram ao estudo e utilização deste tipo de pavimentos, passam sobretudo
por:
6 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
tipo de pavimentos. Por outro lado, estudos económicos demonstraram que o uso de pavimentos
permeáveis era mais económico que os convencionais (Hernandez, J., 2008).
Também no Japão surge o pavimento permeável que é integrado nos programas que incluem
todas as técnicas de infiltração. Tais técnicas são utilizadas principalmente nos bairros das
grandes cidades, em lugares com forte probabilidade de serem inundados tais como, pátios de
escolas, campos de desporto, etc. Pode-se citar, como exemplo, a cidade de Yokohama, que
atingiu a marca de 4,4 milhões de habitantes em 1994 e por isso, desde 1982 tem estudado
técnicas de controlo do escoamento superficial, entre as quais o pavimento permeável
(Watanabe, 1995).
Ricardo Tenreiro 7
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Segundo Azzout et al. (1994), os pavimentos permeáveis podem ser divididos em quatro tipos,
os pavimentos com revestimento drenante com ou sem infiltração no solo e os pavimentos com
revestimento impermeável com ou sem infiltração no solo. Ilustra-se em seguida esses tipos de
pavimentos.
Dispositivo de
infiltração
Dispositivo de
retenção
No caso dos pavimentos com saída de água por encaminhamento, a água que será armazenada
no dispositivo coletor pode ser reutilizada para fins não potáveis, ao invés de ser libertada para
a rede de drenagem (Pratt, 1999).
O mesmo autor refere ainda que o funcionamento hidráulico dos pavimentos permeáveis é um
processo que se baseia em três aspetos fundamentais:
Um aspeto particular deste tipo de pavimentos incide no facto de existir uma base granular que
assume a função de filtro e reservatório, o que induz a uma redução na contaminação dos solos
(Marchioni, M. e Silva, C., 2010).
No que diz respeito ao tipo de solo onde se insere a estrutura reservatório, a mesma ainda pode
ser subdividida em três sistemas distintos tendo em conta o tipo de infiltração no solo, incluindo
assim o sistema de infiltração total, o sistema de infiltração parcial e o sistema onde não existe
qualquer tipo de infiltração (Shueler, T., 1987).
8 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
O sistema de infiltração parcial insere-se nos casos em que o solo não possui capacidade
suficiente para infiltrar água. Neste tipo de sistema, deve ser inserida uma drenagem
subterrânea, constituída por tubos perfurados. O mesmo funciona no sentido de encaminhar as
águas que não seriam suportadas pelo reservatório de britas, levando-a para uma saída central
(Acioli, L., 2005).
Ricardo Tenreiro 9
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Por fim, o sistema onde não ocorre qualquer tipo de infiltração, permite uma completa
captação da água usando uma membrana impermeável e flexível para o efeito. Este tipo de
sistema pode ser aplicado em situações onde o solo de fundação possui baixa capacidade de
carga e reduzida permeabilidade, podendo ser danificado pela acumulação de água (Interpave,
2010). Este tipo de sistemas também são utilizados em zonas contaminadas com vista a prevenir
a infiltração dos agentes poluentes para os aquíferos. Uma outra vantagem deste sistema passa
também pela retenção/detenção das águas para fins diversos, tais como irrigação, lavagem, ou
águas sanitárias (Acioli, L., 2005).
Em relação ao tipo de material escolhido para a camada de desgaste, existem atualmente vários
tipos de materiais utilizados no seu dimensionamento, sendo os mais utilizados a mistura
betuminosa drenante, o betão poroso e os blocos de betão vazados (Acioli, L., 2005).
10 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
Segundo Fergunson B.K. (2005), os pavimentos permeáveis podem classificar-se com base no
tipo de camada de desgaste de acordo com as famílias de materiais, entre as quais, agregados,
coberto vegetal, geocélulas plásticas, betão poroso, blocos vazados, blocos intertravados com
betão, mistura betuminosa drenante, entre outros.
- Agregados
A utilização de agregados nas camadas superficiais constitui uma das formas mais económicas
e benéfica para o meio ambiente, dado ser um dos materiais mais abundantes e também
natural. Como agregados, podem ser utilizados vários tipos de materiais, tais como granito,
xisto, material reciclado de betão (RCD) ou outro tipo de material que não tenha qualquer
função no meio em que se insere. A utilização deste tipo de material deverá garantir um grau
de porosidade de cerca de 30 a 40 % garantindo assim a principal função permeável de
encaminhar as águas ao longo da sua estrutura porosa (Virgiliis, A., 2009).
- Coberto vegetal
Relativamente a superfícies que usam como camada superficial relva ou outro tipo de espécies
herbáceas, as mesmas são capazes de suportar tráfego pedonal e até mesmo algum tráfego de
veículos. Em relação à porosidade deste tipo de pavimentos esta aumenta quando os mesmos
não sofrem qualquer tipo de compactação por excesso de tráfego. A sua utilização remete
maioritariamente para zonas de passeios e áreas de estacionamento que não sejam muito
movimentadas. Por outro lado, com a utilização de grelhas, geocélulas ou blocos vazados, os
mesmos podem suportar maiores cargas devidas ao tráfego. É ainda importante referir que
pavimentos com este tipo de material requerem uma manutenção constante, tendo especial
atenção ao replantio, ao espalhamento de terra, à irrigação e uso de fertilizantes (Virgiliis, A,
2009).
- Geocélulas plásticas
Ricardo Tenreiro 11
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
- Betão poroso
- Blocos Vazados
Os blocos vazados baseiam-se em blocos de betão dimensionados com células ou aberturas que
permitem o preenchimento com agregados ou outro tipo de material. São colocados lado a lado
numa malha regular no entanto, apresentam como desvantagem o custo de aplicação. Por outro
lado, apresentam um tempo de vida útil considerável. Esta solução apresenta uma capacidade
suficiente para carregamentos exigentes. Relativamente à sua aplicação deverá garantir-se que
12 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
os mesmos apresentem pelo menos 20 % de vazios ao longo da sua área superficial (Acioli, L.,
2005).
Na Figura 2.6 apresenta-se uma solução de blocos vazados com uma permeabilidade de 100 %.
No que diz respeito a pavimentos revestidos com blocos intertravados de betão, a mesma
solução poderá ser aplicada para vários tipos de tráfego. São geralmente aplicados sobre uma
camada de areia que confere ao pavimento a porosidade e permeabilidade exigida. Este tipo
de solução apresenta uma vida útil bastante alargada, assim como uma durabilidade e
resistência bastante mais longa. Quando assentes devem ser confinados a bordas rígidas que
impeçam que os blocos fiquem livres de tensão e corram o risco de se soltar. Habitualmente
são limitados nas extremidades a sarjetas ou vigotas de betão.
No que diz respeito à mistura betuminosa drenante como material de revestimento salienta-se
que a mesma foi desenvolvida com o intuito de reduzir os picos de cheia nas zonas urbanas.
Este tipo de pavimento apresenta um aspeto similar aos pavimentos betuminosos
convencionais, no entanto a sua estrutura é bastante porosa permitindo o fluxo da água através
dos seus vazios. Relativamente à porosidade deste tipo de pavimentos, a mesma é conseguida
Ricardo Tenreiro 13
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Quer os sistemas de mistura betuminosa drenante, quer de betão poroso estão periodicamente
sujeitos a problemas de colmatação, para um período aproximado de três anos após a
instalação, resultando uma perda de porosidade devido ao preenchimento dos vazios. As
principais causas da colmatação devem-se a sedimentos provocados pelo tráfego e tensões
causadas por inúmeras ações que provocam o colapso dos poros (Scholz, M. and Grabowiecki,
P., 2007).
14 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
Habitualmente recorre-se a agregados não ligados de grande resistência para a camada de sub-
base dado ser esta a camada que recebe a maior percentagem de esforços. Poderá optar-se
pelo uso de filtros geotêxteis com vista a retardar a problemática da colmatação e, por outro
lado, beneficiar a qualidade de água que pode ser infiltrada no solo (Collins, K.A., 2007).
Camada de desgaste
Camada de base
Camada de sub-base
Figura 2.9 – Representação esquemática de pavimento com as três camadas fundamentais. (adaptado de
Drainage Design Manual, 2009)
Ricardo Tenreiro 15
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Os pavimentos de estrutura porosa têm sido desenvolvidos e investigados ao longo dos tempos
por um vasto conjunto de investigadores. Dado não existir qualquer disposição normativa
relativamente ao dimensionamento deste tipo de pavimentos foi recolhido, neste subcapítulo,
um conjunto de estruturas tipo, levadas a cabo por investigadores de vários países, com o
intuito de servir de exemplo para pavimentos que pretendam ser dimensionados no futuro.
Estrutura tipo I: Estrutura proposta por Diniz (1980) no manual da EPA (Environmental
Protection Technology). Estrutura porosa composta por 3 camadas. A camada superficial
constituída por mistura betuminosa drenante com uma espessura de 6,35 cm. De seguida, é
proposta uma camada constituída por um agregado fino (Dmax=1,27 cm) com uma espessura de
5,08 cm. Segue-se a última camada, com funções de reservatório, que pode ser calculada por
equações hidráulicas e hidrológicas, com base em informações de precipitação local, com vista
a garantir espessura suficiente para suportar a acumulação de água.
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Agregado britado fino;
- Camada de reservatório;
- Solo de fundação.
Estrutura tipo II: A estrutura foi proposta por Briggs et al. (2009) e citada por Korkealaaskso et
al. (2014). Pavimento permeável com estrutura composta por 5 camadas. A camada de desgaste
é constituida por mistura betuminosa drenante com uma espessura que poderá variar entre os
10 a 15 cm. Segue-se uma camada de base composta por brita que poderá variar entre os 10 e
os 20 cm de espessura. De seguida coloca-se uma camada composta por cascalho com uma
espessura que pode variar dos 20 aos 30 cm. Na base desta camada, segue-se outra com uma
espessura de 8 cm de gravilha. Por fim, os investigadores propoem uma camada de reservatorio
de 10 cm.
16 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Agregado fino;
- Cascalho;
- Gravilha;
- Camada reservatório;
- Solo de fundação.
Figura 2.11 - Estrutura tipo II (adaptado de Briggs et al., 2009 citado por Korkealaaskso et al., 2014)
Estrutura tipo III: Segundo Basch, E. et al, (2012), no mapa rodoviário para pavimentos
permeáveis na cidade de Nova Iorque, proposto em 2012, é indicado um perfil tipo para os
pavimentos permeáveis. A camada de desgaste é constituída por mistura betuminosa drenante
de 5 a 10 cm de espessura, seguida por uma camada de base com agregado britado com uma
espessura de 2,5 a 5 cm. Por fim, é proposto uma camada de reservatório com uma espessura
que poderá variar entre os 45 e os 92 cm, dependente da pluviosidade da zona em que se insere
o pavimento.
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Agregado britado;
- Camada de reservatório;
- Solo de fundação.
Figura 2.12 – Estrutura tipo III (adaptado de Basch et al., 2012)
Estrutura tipo IV: Estrutura proposta por Terra Tech (2009), citado por Korkealaakso, J. et al.
(2014), com uma camada superficial de mistura betuminosa drenante de 10 cm, seguida de uma
camada de macadame betuminoso com 10 cm, para controlo da qualidade das águas, e com
uma porosidade de 40 %. Seguidamente, propõe-se uma camada com aproximadamente 30 cm
de espessura e uma porosidade de 25 %, composta por cascalho com funções de filtro. O mesmo
autor apresenta ainda uma camada de 8 cm de gravilha confinada por geotêxtil. Por fim, segue-
se a camada de reservatório com uma espessura de 10 cm, drenada através de um sistema
constituído por tubos.
Ricardo Tenreiro 17
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Macadame betuminoso;
- Cascalho;
- Gravilha;
- Camada reservatório;
- Solo de fundação.
Figura 2.13 – Estrutura tipo IV (adaptado de Terra Tech, 2009 citado por Korkealaaskso et al., 2014)
Estrutura tipo V: Lebens propõe em 2012 uma estrutura tipo para um pavimento betuminoso
permeável, no entanto, sem fazer qualquer referência à espessura das camadas, sendo estas
compostas pelos seguintes materiais:
- Camada de Desgaste – Mistura betuminosa drenante, com agregados de 1,27 cm a
1,91 cm;
- Camada de Base – Camada composta por agregado britado de 1,27 cm;
- Reservatório – Camada de armazenamento das águas, com agregado britado de 2,54
cm a 5,08 cm;
- Geotêxtil – Na superfície de separação, entre o solo de fundação e o reservatório.
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Agregado britado;
- Camada de reservatório;
- Solo de fundação.
Estrutura tipo VI: Estrutura proposta por investigadora na Universidade da Beira Interior em
2015 com base em análises bibliográficas e experiência de outros investigadores. A autora
propõe uma estrutura composta por uma camada superficial de mistura betuminosa drenante
com 8 cm, seguida de uma camada de base de brita 5/15 com 9 cm de espessura, e por fim
uma camada de reservatório com 25 cm de espessura composta por brita 15/25.
18 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Camada de base;
- Camada de reservatório;
- Solo de fundação.
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Camada de base (brita);
- Camada de reservatório;
- Camada de Filtro (brita);
- Solo de fundação.
Figura 2.16 – Estrutura tipo VII (adaptado de Tomaz, P., 2009)
Estrutura tipo VIII: Em 2009, Virgiliis propõe um pavimento composto por 4 camadas. Uma
primeira camada superficial de mistura betuminosa drenante de 5 cm, seguida de uma de
macadame betuminoso com 5 cm de espessura. A camada de reservatório composta por
material britado, com 30 cm de espessura. Na base da estrutura, o mesmo autor propõe uma
camada de pó de pedra com 5 cm de espessura. Por fim, aconselha-se a colocação de uma
membrana geotêxtil.
Ricardo Tenreiro 19
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Macadame betuminoso;
- Camada de reservatório;
- Pó de pedra;
- Solo de fundação.
Estrutura tipo IX: Em 2005, Acioli propõe uma estrutura composta por duas camadas, uma
superficial com 7 cm de mistura betuminosa drenante e uma camada de reservatório com uma
espessura de 26 a 34 cm. Na interface entre o reservatório e o solo de fundação este propõe a
colocação de um filtro geotêxtil.
Legenda:
- Mistura betuminosa drenante;
- Camada de reservatório;
- Solo de fundação;
Estrutura tipo X: De acordo com o guia de dimensionamento LID (Dhalla, S. e Zimmer, C., 2010),
a estrutura tipo é composta por mistura betuminosa drenante com uma espessura de 5 a 10 cm
e uma porosidade mínima de 16 %. Aconselha-se a adição de polímeros com o objetivo de
oferecer ao pavimento maior capacidade de carga.
20 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 2 – Estado de arte sobre pavimentos permeáveis
No que diz respeito aos pavimentos convencionais um dos principais problemas que se verifica
é o aumento da permeabilidade ao longo do tempo, provocando consequências negativas
devidas à ação da água. Numa situação completamente oposta encontram-se os pavimentos
permeáveis, nos quais o principal problema passa pela colmatação e uma consequente redução
da sua capacidade de infiltração (Hernandez, J., 2008).
A colmatação é sem dúvida um dos fatores que mais influencia a durabilidade e o bom
funcionamento deste tipo de pavimentos, sendo devida a inúmeros fatores. O tráfego é um dos
fatores que mais influencia este fenómeno, dado ter-se verificado que em vias de tráfego
intenso a colmatação surge de forma lenta e progressiva, pelo facto de existir uma sucção
provocada pela passagem de veículos, que induzem a uma espécie de aspiração natural dos
poros (Virgiliis, A., 2009).
É de salientar que em locais de tráfego lento e pouco intenso, o problema de colmatação surge
com maior incidência, uma vez que o efeito de sucção não acontece de forma suficiente para
garantir a desobstrução dos poros do pavimento (Virgiliis, A., 2009). Segundo Pariat (1992)
citado por Virgiliis, A. (2009), após a aplicação da camada de desgaste, ocorrem fenómenos de
modificação momentânea do equilíbrio interno da camada, que ocasiona uma diminuição inicial
da permeabilidade.
Relativamente à manutenção deste tipo de pavimentos, é sem dúvida importante garantir uma
superfície livre de partículas que impossibilitem que a água se possa movimentar livremente na
estrutura porosa (Lebens, M and Troyer, B., 2012). Para isto, deve recorrer-se a métodos de
limpeza tais como a aspiração do pavimento com recurso a uma varredoura compacta (Figura
2.19).
Ricardo Tenreiro 21
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Figura 2.20 – Varredoura com sistema de lavagem de baixa pressão (Fonte: Certoma, 2011)
Segundo Wilson, M. (2002), as quantidades de sedimento máximas que podem ser depositadas
sem que a camada drenante do pavimento seja afetada dependem da porosidade da mesma.
Com base em ensaios experimentais, camadas com 34 % porosidade aumentam o período de
manutenção recomendado.
Numa análise detalhada, no que diz respeito ao nível de permeabilidade dos pavimentos ao
longo dos tempos, constatou-se que os pavimentos permeáveis na sua generalidade perdem
cerca de 90 % da sua capacidade de transportar água ao longo da sua estrutura porosa. No
entanto, os 10 % restantes serão mais do que suficientes para lidar com eventos de precipitação
intensa (Tota-Maharaj, 2010).
Com vista a manter a função deste sistema de drenagem, aconselha-se a aspiração dos
pavimentos, pelo menos, quatro vezes por ano e uma lavagem da camada superficial com o
objetivo de remover as partículas finas (EPA, 1999).
Em zonas com temperaturas negativas, a água infiltrada na camada superficial drenante pode
tornar-se um problema com consequências sérias para o esqueleto da estrutura do pavimento
ao solidificar. No entanto, isso não acontece num pavimento permeável, uma vez que a água
consegue atravessar a totalidade da estrutura porosa muito antes de congelar (Interpave,
2010). O mesmo não acontece em pavimentos convencionais com camada superficial drenante,
onde a água pode ficar retida durante longos períodos de tempo à superfície e congelar,
provocando um aumento de volume na ordem dos 5 % e, consequentemente, originando graves
problemas como o aparecimento de fissuras.
22 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
3.1 Introdução
Torna-se deste modo fundamental conseguir avaliar a suscetibilidade das misturas betuminosas
à deformação permanente, através de ensaios laboratoriais, tais como, o ensaio de wheel
tracking, o ensaio triaxial cíclico entre outros (Gardete, D. e Picado Santos, L., 2006).
Ricardo Tenreiro 23
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
As elevadas temperaturas que se fazem sentir no verão assumem um papel crítico na formação
dos cavados de rodeira. As mesmas provocam uma acentuada redução da viscosidade dos
ligantes betuminosos, proporcionando o aparecimento de deformações permanentes nas
camadas betuminosas.
24 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
Figura 3.1 – Representação esquemática dos vários tipos de cavados de rodeira observados em
pavimentos flexíveis (adaptado de NCHRP, 2002 citado por Gardete, 2006)
No caso C, as depressões são causadas por deformação nas camadas betuminosas sendo
acompanhadas por elevações nas zonas laterais contiguas. Para esta deformação contribui,
essencialmente, a camada superficial (Freire, A., 2002), podendo ainda existir deformação nas
camadas betuminosas que se encontram sob esta. A deformação nas camadas betuminosas
acontece geralmente na parte superior do pavimento, que é a zona mais sujeita às cargas
circulares e ações climatéricas desfavoráveis, nomeadamente, temperaturas elevadas. Em
Portugal, a formação deste tipo de rodeiras é mais preocupante devido às elevadas
temperaturas que se fazem sentir no verão.
Têm-se estudado métodos para, com base no perfil superficial transversal do pavimento, se
determinar qual a origem da deformação permanente, isto é, quais as camadas do pavimento
que mais terão contribuído para a deformação em análise (NCHRP, 2002 citado por Gardete,
2006). Num pavimento todas as camadas podem contribuir em maior ou menor grau para a
deformação total (Chen et al., 2004 citados por Gardete, 2006).
Ricardo Tenreiro 25
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Figura 3.2 – Representação esquemática das rodeiras causadas por deformações permanentes nas
camadas granulares do pavimento (adaptado de Santucci, 2001)
Ao longo desta dissertação irá ser realizado um enfoque detalhado na deformação permanente
de misturas betuminosas drenantes pelo que, embora relevantes, não serão desenvolvidas as
outras causas da formação de rodeiras.
- Temperatura
26 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
As elevadas temperaturas que se fazem sentir no verão em território português provocam uma
redução na viscosidade do betume, proporcionando o aparecimento de deformações
permanentes, mais propriamente, os cavados de rodeira. Por este motivo, a temperatura é
assumida como um dos fatores que deve merecer mais atenção, pois a sua influência nas
propriedades da mistura betuminosa é enorme, aumentando muito a sua suscetibilidade à
deformação permanente com o aumento da temperatura (Barbosa, F., 2012).
Deste modo, e com vista a estabelecer rigor na escolha das temperaturas, é apresentado na
Figura 3.4 o zonamento climático para Portugal Continental, elaborado por Freire, A., (2002),
no âmbito de um estudo acerca da temperatura a usar neste tipo de ensaios para misturas
aplicadas em camadas de desgaste.
Figura 3.4 – Zonas climáticas de Portugal Continental (Baptista, 1999 citado por Freire, A., 2002)
Ricardo Tenreiro 27
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Zona quente 50
Zona temperada 40
- Compactação
A compactação é um outro fator que influencia bastante a deformação permanente, pelo facto
de estar diretamente relacionada com o volume de vazios da mistura e, consequentemente,
com os contactos entre partículas no seu esqueleto sólido.
Uma boa compactação leva a volumes de vazios reduzidos podendo desse modo aproximar, quer
a baridade da mistura quer a porosidade, aos valores estabelecidos laboratorialmente. Ao
diminuir-se o volume de vazios na mistura, esta deforma-se menos quando sujeita à passagem
do tráfego, pois caso o volume de vazios seja muito elevado, quando solicitada a mistura irá
densificar-se, originando deformações. Este fenómeno ocorre devido à falta de contactos entre
partículas de agregados em misturas com compactação deficiente. Deste modo, quando a
camada é sujeita a carregamento, as partículas mudam de posição dentro da mistura (rodando),
provocando deformações à superfície. Por outro lado, o volume de vazios da mistura após
compactação não deve ser muito elevado, pois a mistura poderá tornar-se instável piorando
muito o seu comportamento. O volume de vazios para o qual este fenómeno se verifica é
designado por “volume de vazios crítico” e é de aproximadamente 3 %, dependendo das
misturas (Capitão, S., 2003). No caso das mistura betuminosas drenantes este volume crítico
de vazios não se verifica, uma vez que as porosidades destas misturas são superiores a 16 %.
28 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
Analisando a Figura 3.5 é mostrado um exemplo de como os provetes de uma mesma mistura
betuminosa apresentam diferentes resultados dependentes da forma como foram compactados,
para o ensaio de compressão uniaxial estático.
Segundo Linden, F. e Van der Heide, J. (1987) citados por Freire, A., (2002), é realçada a
importância das operações de compactação e concluem que o grau de compactação é um dos
principais parâmetros de qualidade a exigir à mistura betuminosa, especialmente em misturas
que apresentam baixos teores de betume, com o objetivo de aumentar a resistência à
deformação permanente. As misturas bem formuladas e cujos processos construtivos tenham
sido bem controlados comportar-se-ão melhor, ou seja, terão uma maior durabilidade e
apresentarão melhores características mecânicas, desde que bem compactadas.
- Tipo de betume
Ricardo Tenreiro 29
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Figura 3.6 – Efeito da quantidade de betume numa mistura betuminosa com uma mesma granulometria
(adaptado de Erkens, 2002 citado por Gardete, 2006)
Sendo o betume mais duro, ou seja mais viscoso a uma determinada temperatura, melhor será
o seu comportamento à deformação permanente (Prowell, B.D., 1999 e Barreno et al., 2004).
Se o betume se apresentar menos fluído, quando solicitado, sofrerá deformações mais baixas,
tendo também uma menor componente de deformação viscosa responsável pelas deformações
permanentes.
É possível misturar com o betume aditivos que modifiquem o seu comportamento. Entre os
aditivos mais comuns, e que são referenciados por alguns autores como passíveis de melhorar
o comportamento à deformação permanente, encontram-se o polímero SBS (copolímero de
estireno butadieno), tal como evidenciado na Figura 3.3, e a borracha vulcanizada. A adição de
diversos tipos de fibras, tais como, as de carbono, de celulose ou, até mesmo, as de poliéster,
melhoram o comportamento à deformação permanente das misturas betuminosas.
- Tráfego
O aumento do tráfego essencialmente pesado, o aumento das cargas transportadas por eixo, a
constante substituição dos rodados duplos por rodados simples de base larga e o aumento da
pressão de enchimento dos pneus são os principais agentes de formação de patologias em
pavimentos rodoviários, nomeadamente os cavados de rodeira (COST 334, 2001).
30 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
Prevê-se que existirá até 2030 um crescimento anual no sector do transporte de cargas de 2,1
% para países pertencentes à UE. Na Figura 3.7 apresenta-se a distribuição prevista de
transportes de carga por diferentes modos de transporte, excetuando-se o transporte marítimo
e pipeline, para os estados membros da UE desde 1990 até 2030. O transporte de mercadorias
por estrada terá uma importância crescente, prevendo-se que em 2030 represente 77,4 % do
transporte de mercadorias (DG TREN, 2003).
Figura 3.7 – Evolução da repartição modal do transporte de mercadorias na EU, previsão até 2030 (DG
TREN, 2003 citado por Gardete, 2006)
Na Figura 3.8 é apresentada uma repartição modal do transporte de bens para diversos países
da Europa em 2002. Analisando os dados apresentados, verifica-se que em Portugal o transporte
rodoviário de mercadorias é claramente superior ao dos outros meios de transporte, à
semelhança do que ocorre na grande maioria dos países europeus.
Figura 3.8 – Repartição modal do transporte de mercadorias em diversos países da EU em 2002 (exceto
transporte marítimo) (DG TREN, 2004 citado por Gardete, 2006)
O aumento constante do tráfego leva a que se realizem pavimentos com espessuras superiores
de misturas betuminosas, pelo qual, cada vez mais devem ser acauteladas questões
relacionadas com a composição e execução das misturas betuminosas, bem como fenómenos
relacionados com estas, tal como, a deformação permanente. Devido a estas alterações no
transporte rodoviário torna-se fundamental procurar soluções, em termos de projeto,
construção e conservação, que permitam mitigar estes problemas (Gardete, 2006).
O aumento das cargas nos eixos dos veículos pesados nos pavimentos traduz-se em danos
significativos quando se compara o efeito da passagem de um eixo com 100 kN com um de 80
kN. No primeiro caso observa-se uma maior profundidade de rodeira com um acréscimo da
Ricardo Tenreiro 31
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
contribuição das camadas betuminosas. Tal como se observa na Figura 3.9 as camadas
superiores são aquelas onde se regista um maior acréscimo da contribuição para a deformação
permanente (Chen et al., 2004 citados por Gardete, 2006).
Figura 3.9 – Efeito do excesso de peso por eixo nos pavimentos, contribuição das diversas camadas para
a profundidade de rodeira (Chen et al., 2004 citados por Gardete, 2006)
A tendência que se verifica atualmente em substituir os rodados duplos por rodados simples de
base larga é outro fator que agrava a formação de cavados de rodeiras, dado a área de
pavimento afetada ser menor e a pressão de enchimento do pneu ser superior, provocando
tensões no pavimento bastante superiores (COST 334, 2001).
Por outro lado, a velocidade de tráfego também influencia a deformação permanente. Com
base em estudos experimentais, verificou-se que para baixas velocidades de tráfego a resposta
do pavimento é menos rígida. Este fenómeno ocorre pelo simples facto da carga sobre uma
determinada zona do pavimento atuar durante mais tempo, ou seja, um tempo superior de
carregamento. Desta forma, resultam deformações superiores onde uma parcela é irreversível.
Com base em diversos investigadores, é referido que a extensão vertical máxima em camadas
betuminosas provocada por um veículo pesado a 20 km/h é cerca do dobro da provocada pelo
mesmo veículo a 80 km/h (Chen et al., 2004 citados por Gardete, 2006).
Um outro fator importante é a distribuição lateral dos veículos. Em locais onde o tráfego é mais
canalizado, com uma menor distribuição lateral, os rodados solicitam sempre a mesma zona do
pavimento observando-se assim um crescimento mais rápido das rodeiras com o número de
eixos. Verifica-se que quando a distribuição lateral dos veículos é maior, a formação de rodeiras
por deformação das misturas betuminosas é menor com o número de rodados (Gardete, 2006).
A coesão fornecida pelas propriedades do betume e o atrito interno dos agregados são duas
componentes que contribuem para a resistência das misturas betuminosas (Pereira, P. e Picado
Santos, L., 2002).
32 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
A textura dos agregados também influi na resistência das misturas betuminosas à deformação
permanente. Quando os agregados apresentam uma textura superficial mais rugosa, como é o
caso dos agregados graníticos, apresentam melhores resultados quando comparados com
agregados com textura superficial lisa, como acontece com os agregados calcários. Assim, com
o uso de agregados mais rugosos consegue-se uma maior resistência nos contactos das
partículas, aumentando a fricção interna e, consequentemente, a resistência à deformação
permanente. Na Figura 3.10 apresenta-se a correlação estabelecida entre a textura do agregado
e a deformação obtida.
Figura 3.10 – Correlação entre a textura do agregado, determinada por análise de imagem e a
deformação obtida no GLWT (Massad et al., 2004 citados por Gardete, 2006).
Ugé, P. e Van de Loo, P.J. (1974) e Brien, D., (1976) citados por Freire, A., (2002), concluíram
que misturas betuminosas fabricadas com agregados angulosos (obtidos por britagem)
apresentam menores deformações e têm um comportamento mais estável do que misturas com
a mesma composição e granulometria com agregados de natureza aluvionar.
Ricardo Tenreiro 33
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
O pavimento é uma das partes da obra rodoviária mais sujeita a ações agressivas, que podem
levar ao aparecimento de vários tipos de anomalias, as quais devem ser evitadas ou
rapidamente reparadas. A função essencial de um pavimento rodoviário é assegurar uma
superfície de rolamento que permita a circulação dos veículos com comodidade e segurança,
durante um determinado período de vida do pavimento, sob a ação do tráfego, e nas condições
climáticas que se verifiquem no local (Branco et al, 2011).
Da formação de rodeiras por deformação permanente advêm várias consequências, como por
exemplo a diminuição de segurança em tempo de chuva, dado a drenagem transversal ser
dificultada. Desta patologia resultam acumulações de água nas depressões geradas no
pavimento, agravando assim os fenómenos de hidroplanagem. Em países com invernos rigorosos
ao nível de baixas temperaturas, onde haja a ocorrência de fenómenos de formação de gelo, a
situação é mais gravosa, já em países com climas secos, a existência de rodeiras no pavimento
tornam a condução mais difícil e imprecisa aumentando as dificuldades dos condutores e
diminuindo a sua comodidade e segurança (Freire, A., 2002).
34 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
- Marshall
No que diz respeito a mistura betuminosas a quente realizadas em Portugal (exceto misturas
betuminosas drenantes), o método de Marshall, no qual se insere este ensaio, é o mais utilizado
em todo o mundo para a formulação de misturas betuminosas (Gardete, 2006).
Este ensaio é realizado de acordo com a norma EN 12697-34:2004, Bituminous mixtures – Test
methods for hot mix asphalt – Part 34: Marshall test, e o seu principal objetivo é o de
quantificar a resistência mecânica e a deformação sofrida por uma mistura betuminosa
compactada laboratorialmente, sob determinadas condições de ensaio. Este ensaio é utilizado
como parte da metodologia de formulação de misturas betuminosas mais utilizada em todo o
mundo, para obtenção do teor ótimo de betume, e de baridades de referência com vista ao
controlo da qualidade das misturas aplicadas (Freire, A., 2002).
Ricardo Tenreiro 35
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
- Hveem
Neste ensaio, os provetes são levados até à rotura através do “estabilómetro de Hveem” (Figura
3.13). Como tal, o provete é inserido numa manga de borracha, dentro de um cilindro metálico
que contém um líquido. É registada a pressão horizontal desenvolvida pelo provete em ensaio,
quando submetido a uma carga axial sendo mantido dentro do molde a 60 ºC.
Este tipo de ensaio consiste em submeter provetes cilíndricos ou prismáticos a uma carga
constante ao longo do tempo, atuando na direção do eixo do provete. Para isso, o mesmo é
colocado entre dois pratos, estando um deles fixo e o outro, sobre o qual a força é aplicada,
deslocando-se axialmente.
36 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
Para a realização do ensaio devem ser definidas igualmente as condições de carregamento como
sejam a tensão aplicada, a duração do tempo de carregamento e de repouso, a forma do
carregamento e o número de carregamentos. O tempo de carregamento nestes ensaios varia,
sendo usualmente na ordem dos 10 segundos, após o qual se segue um tempo de repouso com
uma duração superior, de forma que o provete recupere toda a extensão reversível.
Ricardo Tenreiro 37
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Este tipo de ensaio, cíclico, surge pelo facto do ensaio de compressão uniaxial estático não
simular a passagem do tráfego, ação fundamentalmente dinâmica.
Estes ensaios têm uma configuração igual aos anteriores mas a aplicação de carga é cíclica,
com tempos de carga na ordem dos 0,1 a 1 segundos, com tempos de repouso de 0,5 a 1
segundos (Gardete, 2006).
Do resultado deste ensaio surge uma curva de evolução da deformação axial permanente
acumulada com o número de carregamentos (Figura 3.16).
Figura 3.16 – Curva típica de deformação obtida em ensaios de compressão uniaxial cíclicos (Freire, A.,
2002)
38 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
Fase 2 – a inclinação da curva é mais ténue com as repetições da carga. Nesta fase, a
deformação permanente é devida a deformações por corte;
A norma EN 12697-25:2003 refere que se devem utilizar temperaturas de ensaio na ordem dos
40 ºC e 60 ºC. No que diz respeito à tensão de confinamento a mesma pode ser aplicada por
água ou através de uma membrana sujeita a vácuo. Na Figura 3.17 apresenta-se o exemplo de
um equipamento de compressão triaxial cíclico no qual a tensão de confinamento é aplicada
com água, podendo observar-se na figura a câmara que envolve o provete e permite aplicar a
tensão de confinamento.
Figura 3.17 – Curva típica de deformação obtida em ensaios de compressão uniaxial cíclicos (Gardete,
2006)
Ricardo Tenreiro 39
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
- Ensaios de corte
Este tipo de ensaios apresenta uma maior divulgação e utilização em países como os Estados
Unidos da América, estando incluídos no programa SHRP (Strategic Highway Research Program)
com vista a avaliar a resistência à deformação permanente de misturas betuminosas quando
sujeitas a temperaturas elevadas (Sousa, J. et al., 1991).
O equipamento de ensaios de corte permite realizar diversos tipos de ensaio. Na Europa não é
comum a sua utilização, não estando prevista nenhuma norma para a sua realização, no entanto
nos EUA a norma AASHTO TP7-01 define os seguintes ensaios (Gardete, 2006):
Ensaio de corte com varrimento de frequência com altura constante (Shear Frequency
Sweep Test at Constant Height), em que é aplicada ao provete uma extensão de forma
sinusoidal com uma amplitude de 0,0001 mm/mm, as frequências testadas são de 10,
5, 2, 1, 0.5, 0.2, 0.1, 0.05, 0.02 e 0.01 Hz, durante o ensaio a altura do provete é
mantida constante;
Ensaio de corte simples a altura constante (Simple Shear Test at Constant Height),
onde se aplica uma tensão de corte que varia com a temperatura utilizada no ensaio
variando entre 345 kPa (T = 4 ºC) e 35 kPa (T = 40 ºC). Esta tensão é mantida constante
durante 10 segundos após o que se segue um período de repouso de igual duração.
Durante o ensaio a altura do provete é igualmente mantida constante;
Ensaio de corte cíclico a altura constante (Repeated Shear at Constant Height), este é
um ensaio dinâmico em que o provete é sujeito a um carregamento sinusoidal com
repouso. É aplicada uma tensão máxima de corte de 69 kPa, com um tempo de
carregamento de 0,1 segundos seguido de um repouso de 0,6 segundos. Este tipo de
ensaio tem a duração de 5000 ciclos e é igualmente mantida constante a altura do
provete.
Na Figura 3.18 representa-se a instrumentação dos provetes para o ensaio de corte a altura
constante (Santucci, 2001).
40 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
Figura 3.18 – Esquema da instrumentação de um provete para o ensaio de corte a altura constante
(adaptado de Santucci, 2001)
Com vista á realização deste ensaio existem dois tipos de equipamentos entre os mais
divulgados, tais como o Nottingham Asphalt Tester (NAT) e o Universal Asphalt Tester (MATTA).
Este tipo de ensaios poderá ser realizado de forma estática ou com aplicação de cargas cíclicas
(Gardete, 2006). Na Figura 3.19 é representado o ensaio de compressão diametral NAT
disponível nos laboratórios do Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura da Universidade
da Beira Interior (DECA-UBI).
Ricardo Tenreiro 41
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
O ensaio de cilindro oco surge como um ensaio bastante complexo utilizado essencialmente em
trabalhos de investigação. Neste tipo de ensaio é possível aplicar ao provete forças axiais e de
corte simultaneamente. Torna-se assim possível simular com mais rigor as solicitações a que o
material está sujeito quando solicitado pelo rodado de um veículo, nomeadamente a rotação
das tensões principais (Gardete, 2006). Para este ensaio o provete é um cilindro oco, podendo
ser obtido por carotagem do interior de um provete cilíndrico e utilizando a parte exterior no
ensaio. Na Figura 3.20 apresenta-se um exemplo de um provete para este ensaio.
Figura 3.20 – Cilindro oco e dimensões utilizadas para realização do ensaio (TRB, 2004)
Neste tipo de ensaios o objetivo é simular as ações do tráfego utilizando para efeito um rodado.
Dentro deste tipo de ensaios encontram-se os ensaios de simulação em pista de laboratório e
os ensaios de simulação em pista à escala real. Tanto os ensaios de simulação em pista de
laboratório como os de simulação em pista à escala real não possibilitam a obtenção de
propriedades fundamentais dos materiais ensaiados, permitem no entanto, efetuar uma
avaliação comparativa do seu comportamento quando sujeitos à ação de passagens sucessivas
de um rodado sob determinadas condições de ensaio. No âmbito da presente dissertação o
ensaio de simulação em pista de laboratório, wheel tracking test, será descrito com maior rigor
dado ter sido escolhido para avaliar o comportamento à deformação permanente de vários tipos
de misturas betuminosas.
42 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
Os ensaios de simulação em pista de laboratório, designados por wheel tracking test, têm como
objetivo representar as ações do tráfego através de passagens sucessivas de um rodado, para
avaliação do comportamento à deformação permanente de misturas betuminosas. Embora seja
de natureza empírica, permite caracterizar de forma comparativa o comportamento à
deformação permanente de duas ou mais misturas betuminosas (Mendes, S.F., 2011).
Este ensaio consiste na medição da profundidade de rodeira formada após sucessivas passagens
de uma roda sobre o provete em condições de temperatura elevadas. É realizado de acordo
com a norma europeia EN 12697-22:2003 e é vulgarmente denominado como ensaio de pista
devido às características do equipamento usado.
A norma europeia EN 12697-22: 2003 (Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt
– Part 22: Wheel tracking) considera a utilização de dois tipos de equipamentos, o equipamento
de grandes dimensões (designado por large-size device no termo inglês) e o equipamento de
pequenas dimensões (designado por small-size device no termo inglês).
Ricardo Tenreiro 43
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
O declive máximo da rodeira ao ar (WTSair) é obtido com base na profundidade de rodeira após
10 000 ciclos (d10000) e a profundidade de rodeira após 5 000 ciclos (d5000), tal como será exposto
no capítulo 4.
Segundo Brown et al. (2001) citados por Freire, A. (2002), os ensaios de wheel tracking são à
priori aqueles que mais facilmente poderão ser implementados no mercado para utilização
geral, em termos de análise e controlo de qualidade. São ensaios simples e cujo equipamento
apresenta preços acessíveis. No entanto, é ainda necessário estabelecer características de
ensaio e valores limite para os resultados, de forma a tornar mais coerente a sua utilização e a
interpretação destes, nomeadamente, em termos de aceitação ou rejeição de uma mistura para
ser utilizada num pavimento sujeito a determinadas ações de temperatura e de tráfego.
Os resultados de wheel tracking podem ser apresentados de forma gráfica, obtendo-se curvas
com forma semelhante à indicada na Figura 3.21.
Numa primeira fase (A), verifica-se uma variação rápida e acentuada da inclinação da curva.
Este tipo de comportamento justifica-se pela deformação verificada devido a tensões de corte
e também pela densificação na camada betuminosa. O facto de existir uma densificação, leva
a uma maior quantidade de pontos de contacto entre as partículas de agregados da mistura,
fenómeno que se estende até a mistura ter resistência suficiente para suportar as cargas sem
sofrer mais redução de volume, passando as deformações a ocorrer a volume constante
(Gardete, 2006).
Resultante do fenómeno de densificação surge a segunda fase (B), onde se verifica uma
velocidade de deformação inferior e praticamente constante. Nesta fase a curva de deformação
é quase linear, pelo que a velocidade de deformação obtida nesta fase é usualmente o indicador
utilizado para a caracterização das misturas betuminosas à deformação permanente.
44 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
Por fim, a última fase (C) a velocidade de deformação cresce rapidamente, facto esse que leva
o provete a sofrer deformações apreciáveis. Esta última fase é associada à rotura do provete
(Freire, A., 2002; Gardete, 2006).
No que diz respeito a misturas betuminosas drenantes sabe-se que as mesmas apresentam uma
menor resistência à deformação permanente do que as misturas densas convencionais pelo
facto de possuírem níveis de porosidade muito superiores. Para este tipo de misturas, não
existem valores preconizados para os resultados do ensaio Wheel tracking, existindo apenas
valores obtidos por outros investigadores, tal como será apresentado no subcapítulo 3.4.
No que diz respeito à generalidade das misturas betuminosas, mais propriamente misturas
densas convencionais, não existem em Portugal valores preconizados para os resultados do
ensaio wheel tracking, existindo unicamente a condição no CE EP (2014) da realização do ensaio
a 60 ºC. No entanto, em Espanha estão definidos valores nas especificações técnicas (PG-3,
2013) de acordo com a norma EN 12697-22:2003, para camadas de desgaste de pavimentos, tal
como se apresenta na Tabela 3.3.
Tabela 3.3 – Declive máximo da rodeira no intervalo 5 000 a 10 000 ciclos para camada de desgaste (EN
12697-22 (mm por 103 ciclos de carga), (PG-3, 2013)
Temperada 0,10 -
Ricardo Tenreiro 45
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Figura 3.22 – Ensaio de pista de laboratório para determinação da resistência à deformação permanente
(Wheel tracking) (DECA-UBI)
O ensaio de simulação em pista à escala real foi desenvolvido para, entre outras características,
simular em escala real o comportamento às deformações permanentes de um pavimento. O
facto de ser um ensaio realizado à escala real induz algumas limitações, nomeadamente, o seu
elevado custo e a dificuldade de montagem do equipamento. Por outro lado, torna-se difícil
introduzir algumas condicionantes como é o caso do fenómeno de envelhecimento dos materiais
(Mendes, S.F., 2011).
A principal vantagem deste tipo de ensaio é a obtenção de resultados num intervalo de tempo
substancialmente reduzido, quando comparado com a situação real observada nos pavimentos
em serviço (Freire, A., 2002).
Em todo o mundo existem diversos tipos de pistas de ensaio, lineares ou circulares, interiores
ou exteriores, em vários países. Na Figura 3.23 ilustram-se duas pistas de ensaio circulares,
uma interior e outra exterior. Este tipo de pistas simula a ação do tráfego através da aplicação
de um ou dois rodados a velocidades que variam entre 4 e 20 km/h, sobre pavimentos contruídos
à escala real. No caso das pistas interiores, uma das principais vantagens é o controlo da
temperatura de ensaio (Corté, J., et al.1997 citados por Freire, A., 2002).
46 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
a) b)
Figura 3.23 – a) Pista de ensaios circular interior CAPTIF (Cartebury Accelerated Pavement Testing
Indoor); b) Pista de ensaios circular exterior do Laboratoire Centrale des Ponts et Chaussées.
Em Espanha existe uma pista de ensaios do CEDEX (Centro de estudos) que possui a
particularidade de ter uma forma que possibilita a existência de dois troços retos e curvilíneos
(Figura 3.24) (Freire, A., 2002).
Figura 3.24 – Pista de ensaios à escala real do CEDEX – Espanha (Fonte: www.cedex.es).
As misturas betuminosas drenantes surgem como uma medida inovadora de drenagem rápida
de águas pluviais que se poderiam acumular na superfície de pavimentos. As características
Ricardo Tenreiro 47
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
estruturais deste tipo de misturas são um conceito muito pouco abordado e de pouca confiança
a nível de capacidade de carga. Em seguida apresenta-se um conjunto de conclusões citadas
por vários investigadores que realizaram ensaios de deformação permanente neste tipo de
misturas betuminosas (Homem, T., 2002).
Huet et al. (1990) constataram que o uso de 1 % de fibras minerais nas misturas betuminosas
drenantes aumentava significativamente a resistência à deformação permanente em
comparação com as misturas onde estas não foram introduzidas.
O uso de ligantes modificados, combinado com o uso de fibras foi alvo de estudos por parte de
Mallick et al. (2000) sendo realizados ensaios de deformação permanente a uma temperatura
de 64 ºC e 8000 ciclos de carregamento. Numa análise dos resultados verificou-se uma melhoria
no comportamento à deformação permanente em misturas com fibras e ligantes modificados.
48 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
entre 0 e 0,5 % qualquer aumento do teor de ligante traduz-se numa redução da resistência ao
desgaste.
No que diz respeito à deformação permanente, o presente investigador observou que uma
adição de fibras até 0,4 % provoca uma diminuição da deformação permanente. Por outro lado,
o acréscimo de fibras após os 0,4 % induz num aumento da deformação permanente. No que diz
respeito ao uso de ligantes verificou-se que um aumento do teor de ligante provoca um aumento
na deformação permanente. De um modo geral, no estudo levado a cabo por Homem, T. (2002),
concluiu-se que a utilização de fibras não revela nenhuma vantagem significativa em relação a
misturas sem fibras.
O processo de compactação de lajetas em laboratório, segundo Oliveira, C., (2003), surge como
uma causa para resultados insatisfatórios no que diz respeito à deformação permanente, dado
a baridade estabelecida não se conseguir alcançar, levando a um aumento da porosidade que
favorece uma maior deformação permanente. No estudo de avaliação do desempenho de
misturas betuminosas drenantes à deformação permanente, o investigador recorreu às
especificações francesas onde é referido que determinada mistura betuminosa é considerada
resistente à deformação permanente quando apresenta, no máximo, uma profundidade de
rodeira de 10 % em relação à espessura da lajeta, após 30 000 ciclos. Durante o estudo
laboratorial não foi possível concluir os 30 000 ciclos uma vez que a presente especificação
limita o ensaio até uma deformação máxima de 15 %. Apresenta-se na Figura 3.25 os resultados
em forma de gráficos do ensaio wheel tracking para duas lajetas, a lajeta IV com uma baridade
de 1718 g/cm3 e uma porosidade de 31 %, e uma lajeta V com uma baridade de 1813 g/cm3 e
porosidade de 28 %.
Como se pode observar nos resultados da deformação permanente o autor concluiu que a
compactação da lajeta IV ficou muito aquém do desejado resultando uma maior porosidade que
induz num pior desempenho à deformação permanente, tal como é demonstrado.
Em 2005, Dumke verificou que o uso de fibras celulósicas em misturas betuminosas drenantes
levou a um aumento da percentagem de vazios comunicantes e da permeabilidade. A presença
Ricardo Tenreiro 49
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
de fibras celulósicas levou a uma diminuição da perda por desgaste no ensaio cântabro seco,
no entanto, no ensaio húmido a 60 ºC, verificou-se uma perda por desgaste bastante superior.
Tendo em conta a elevada porosidade das misturas betuminosas drenantes, combinada com as
altas temperaturas e o tipo de ambiente onde se inserem, Jiang e Xiao (2012) salientam que o
uso do índice de avaliação convencional, tais como a estabilidade sob altas temperaturas e a
estabilidade sob o efeito de água, por forma a avaliar o desempenho deste tipo de misturas, é
único. O estudo levado a cabo em misturas betuminosas drenantes com o mesmo tipo de
agregados, mas diferentes composições, quando comparados com mistura do tipo AC-13,
mostraram que o ensaio Hamburg Wheel Tracking não só considera o efeito das altas
temperaturas mas também um reduzido desempenho da mistura sob uma carga de longa
duração. Durante a realização do ensaio Hamburg Wheel Tracking obteve-se uma profundidade
media de rodeira de 3,89 mm. Deste estudo concluiu-se que para o mesmo tipo de materiais
constituintes das misturas e para a mesma porosidade, as misturas drenantes de granulometria
mais grossa possuem uma melhor estabilidade para altas temperaturas e sob o efeito de água.
Em 2015, Chen et al., levaram a cabo um estudo onde se pretendeu avaliar o comportamento
ao desgaste no ensaio cântabro e o desempenho à deformação permanente de misturas com
diferentes tipos de ligantes. Para isso, foram realizadas misturas com betume convencional
(AR), polímeros (SBS), betume modificado (MA) e betume de alta viscosidade (HV). Esta última
é caracterizada pela elevada viscosidade a temperaturas de 60 ºC. Foi ainda avaliado o efeito
da adição de uma percentagem de fibras celulósicas na ordem dos 0,3 % nas misturas AR e MA.
No que diz respeito ao ensaio Cântabro, a mistura HV foi a que apresentou menores perdas. Na
Figura 3.26 são apresentados os resultados do ensaio de desgaste.
40
Perda por desgaste [%]
30
20
10
0
AR MA AR+fibras MA+fibras HV
Figura 3.26 – Perda por desgaste no ensaio cântabro (adaptado de Chen et al., 2015)
No que diz respeito à deformação permanente, a profundidade de rodeira mostrou ser sensível
ao tipo de ligante utilizado. As cinco misturas foram sujeitas a 6 000 ciclos e nenhuma delas
ultrapassou uma profundidade de rodeira superior a 5 mm. Na Figura 3.27 é apresentado o
resultado do ensaio de deformação permanente para as cinco misturas, verificando-se que o
50 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 3 – Caracterização mecânica de misturas betuminosas drenantes
uso de betume modificado com polímeros apresenta uma maior resistência à deformação
permanente do que misturas fabricadas com ligante convencional.
Número de ciclos
Figura 3.27 – Resultados do ensaio wheel tracking (adaptado de Chen et al., 2015)
Ricardo Tenreiro 51
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
52 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
4.1 Introdução
Pretende-se neste capítulo perceber a real influência das fibras celulósicas nas duas misturas
que compõe a camada superficial de um suposto pavimento betuminoso permeável, tanto ao
nível das formulações a aplicar, bem como no seu comportamento mecânico, avaliado através
de ensaios de rigidez e de deformação permanente.
A escolha dos teores ótimos de betume de cada mistura efetuou-se através da porosidade e da
determinação da perda por desgaste no ensaio Cântabro, de acordo com o estabelecido no
Caderno de Encargos tipo obra das Estradas de Portugal (CE EP, 2014).
Ricardo Tenreiro 53
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
4.2.1 Agregados
No presente trabalho experimental utilizaram-se quatro tipos de agregados, sendo eles a brita
5/10 proveniente da pedreira de Fornos de Algodres, localizada no distrito da Guarda, brita
5/15, e pó de pedra provenientes da pedreira da Capinha, localizada no concelho do Fundão.
É apresentado na figura seguinte os respetivos agregados.
a) b)
c)
- Análise Granulométrica
Com vista a realizar a análise granulométrica dos agregados, foi tida em conta a Norma
Portuguesa NP EN 933-1:2000, Ensaios das propriedades geométricas dos agregados – Parte 1:
Análise granulométrica – Método de peneiração. Colocaram-se os agregados num agitador
mecânico durante um período de 5 minutos (Figura 4.2). Seguidamente, cada um dos peneiros
foi pesado obtendo-se a percentagem de material retido em cada um.
54 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
a) b) c)
Figura 4.2 – a) Colocação do agregado na série de peneiros; b) Cronometragem da peneiração;
c) Pesagem de cada peneiro com o material retido.
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
20,00
12,50
2,00
10,00
4,00
0,063
1,00
- Massa Volúmica
Ricardo Tenreiro 55
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
O cálculo da massa volúmica dos agregados grossos foi realizado de acordo com a NP EN 1097-
6:2003, referida anteriormente O procedimento adotado é retratado na Figura 4.5.
a) b)
Depois do ensaio ter sido realizado e se terem obtido os valores, recorreu-se à seguinte
expressão:
M1
ρ ρw (4.1)
M1 M2 M3
Em que:
56 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
Em seguida apresenta-se na Tabela 4.1 o resumo dos valores obtidos para a massa volúmica
de todos os agregados:
Pó de Pedra 2690
O ligante betuminoso utilizado nas misturas drenantes foi o betume modificado com polímeros
PMB 45_80-60. Este betume foi fornecido pela CEPSA Portuguesa, S.A. e tem a designação
comercial de Betume Elaster 13/60. Na Tabela 4.2 apresenta-se a caracterização deste betume,
elaborado pelo Laboratório Controlo Qualidade, em Matosinhos.
Limites
Ensaio Método Resultado Unidade
Min Max
Por forma a melhorar as características das misturas betuminosas, utilizaram-se Fibras Viatop
Premium (Figura 4.5), formadas por grânulos constituídos por uma mistura de fibras naturais
de celulose com betume. A sua utilização proporciona um aumento da durabilidade e
desempenho das misturas betuminosas, nomeadamente nas misturas betuminosas drenantes
que pelo facto de não possuírem finos, apresentam uma menor superfície específica e de
Ricardo Tenreiro 57
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
contacto entre os agregados grossos. Nas Tabelas 4.3, 4.4 e 4.5 apresentam-se as características
das fibras que foram utilizadas.
Características do granulado
Aspeto Grânulos cilíndricos
Conteúdo de fibras 87 a 93 %
Penetração
50/70 (0,1 mm)
(de acordo com a EN 1426) a 25ºC
Conteúdo de fibras 87 a 93 %
Características da fibra
Fibra de celulose
Composição básica
técnica
Conteúdo em celulose 80 5 %
58 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
No que diz respeito à formulação das misturas betuminosas drenantes da camada de desgaste,
optou-se por uma dupla camada com vista a melhorar a eficácia das misturas e reduzir o
problema de colmatação. Segundo o manual de pavimentação da CEPSA (CEPSA, 2014), esta
dupla camada drenante, consiste em aplicar uma camada com um agregado mais grosso, de
dimensão máxima entre 12 e 20 mm, com vista a proporcionar vazios de maior tamanho e mais
difíceis de colmatar pelas poeiras, de seguida é aplicada uma camada superficial de mistura
drenante composta por agregado mais fino, de dimensão entre os 8 e 10 mm, com o objetivo
de proporcionar um maior conforto ao utente e também diminuir o ruído dos veículos que sobre
ele circulam.
Ricardo Tenreiro 59
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Tanto para a mistura drenante fina, como para a mistura drenante grossa foi adotado o fuso PA
12,5 (BBd) para camadas de desgaste. O fuso apresentado na Tabela 4.7 é indicado no Caderno
de Encargos Tipo Obra das Estradas de Portugal (CE EP, 2014), com a rubrica 14.03.2.4.2.
Nesta dissertação será tida em conta a influência da adição de fibras no desempenho das
misturas betuminosas drenantes. Assim, para a mistura fina e para a mistura grossa serão
elaboradas em paralelo, misturas com e sem fibras.
Tabela 4.7 – Requisitos do fuso granulométrico imposto pelo CE EP para PA 12,5 (BBd).
Rubrica
14.03.2.4.2
Percentagem
Peneiros Série Base+ acumulada do
Série 2 material passado
20 100
12,5 90 - 100
10 55 - 75
4 12 - 30
2 11 – 18
1 6 - 14
0,063 2-5
Quanto à caracterização das misturas drenantes, o Caderno de Encargos Tipo Obra das Estradas
de Portugal, apresenta propriedades/requisitos a respeitar. No entanto, estes requisitos são
indicados para camadas de desgaste de misturas betuminosas drenantes e não para pavimentos
permeáveis. Na Tabela 4.8 apresenta-se um conjunto de requisitos propostos por autores de
vários países, apresentados no capítulo 2, entre os quais o Caderno de Encargos (Portugal), as
especificações Espanholas (Espanha), o manual da UNHSC (Estados Unidos da América) e o
manual da FHWA (Estados Unidos da América).
60 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
Conhecidas as diferentes granulometrias dos agregados que compõe os dois tipos de misturas,
grossas e finas, procedeu-se à formulação das duas misturas drenantes com fibras e das duas
misturas sem fibras. Desta forma, recorreu-se ao Caderno de Encargos Tipo Obra das Estradas
de Portugal, e foram-se arbitrando diferentes percentagens de cada tipo de agregado e de cal
hidráulica, para que a granulometria da composição de agregados da mistura cumprisse o fuso
imposto, PA 12,5 (BBd). Por indicação do fabricante das fibras celulósicas adotou-se uma
percentagem de adição de 0,5 % de fibras Viatop Premium com vista a aumentar a durabilidade
e o desempenho das misturas betuminosas drenantes.
É importante salientar que foram estudadas outras formulações antes desta, tendo sido
produzidas as respetivas misturas, compactados os provetes e determinada a porosidade. No
entanto nenhuma delas cumpria este parâmetro fundamental tendo sido por isso rejeitadas.
Foram elaboradas novas formulações até se conseguir níveis satisfatórios de porosidade. Por
outro lado, a tentativa de cumprir a porosidade condicionou pontualmente a verificação do
fuso granulométrico estabelecido pelo Caderno de Encargos (CE EP, 2014) tal como é retratado
na Tabela 4.10.
10 97 79 55 - 75
4 25 12 12 - 30
2 12 8 11 – 18
1 8 6 6 - 14
0,063 2 2 2-5
Ricardo Tenreiro 61
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Para ambas as misturas betuminosas permeáveis foi necessário determinar a quantidade inicial
de betume utilizando-se, para tal, a seguinte expressão:
Em que:
Pb – percentagem de betume em relação ao peso total da mistura [%];
A – percentagem de agregados retidos no peneiro 2,36 mm;
B – percentagem de agregados que passa no peneiro 2,36 mm e fica retido no peneiro 0,075
mm;
C – percentagem de agregados que passa no peneiro 0,075 mm;
K – constante, função da quantidade de material que passa no peneiro 0,075 mm;
K = 0,15 para 11-15% de passados no peneiro 0,075 mm
K = 0,18 para 6-10% passados no peneiro 0,075 mm
K = 0,20 para ≤5% passados no peneiro 0,075 mm
F – fator de absorção dos agregados (entre 0 e 2 %). Na falta de informação F = 0,7 %.
Tabela 4.11 – Percentagem de betume inicial para as misturas drenantes (PA 12,5 Grossa e PA 12,5 Fina)
De salientar, como já foi referido, que anteriormente foram elaboradas outras misturas com
diferentes teores de betume, no entanto, nenhuma delas cumpriu a porosidade, tendo sido por
isso rejeitadas.
Determinadas as formulações para as duas misturas drenantes, tanto ao nível dos agregados
(Tabela 4.9) como ao nível da percentagem inicial de betume (Tabela 4.11), procedeu-se à
preparação de provetes com uma variação de 0,5 % relativa à percentagem de betume
estabelecida inicialmente com vista a encontrar o teor ótimo de betume. Nesta seleção, para
as misturas betuminosas drenantes, são considerados parâmetros como a baridade, a
porosidade e a perda de massa no Ensaio Cântabro.
62 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
Produziram-se quatro tipos de misturas diferentes, sendo elas as misturas finas e grossas sem
adição de fibras celulósicas e as misturas finas e grossas com adição de fibras celulósicas. Nas
misturas com fibras, as percentagens dos agregados sofrem uma ligeira alteração. Apresenta-
se na Tabela 4.12 as formulações estudadas com as percentagens de betume em relação ao
peso total das misturas.
Com vista a calcular a baridade máxima teórica fez-se uso da seguinte expressão:
100
ρmax (4.3)
Pb N
P
i
ρb i 1 ρi
Em que:
ρmáx – baridade máxima teórica [kg/m3];
pb – percentagem de betume [%];
Ricardo Tenreiro 63
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
4,2 2380
Mistura Fina Com
4,7 2360
Fibras - MFF
5,2 2340
4,2 2420
Mistura Fina Sem
4,7 2410
Fibras - MFSF
5,2 2390
4,1 2420
Mistura Grossa Com
4,6 2400
Fibras - MGF
5,1 2390
4,1 2470
Mistura Grossa Sem
4,6 2450
Fibras - MGSF
5,1 2440
- Baridade
Para o cálculo quer da baridade quer da porosidade foi necessário avançar para a produção de
provetes, sendo assim possível avaliar as características das misturas betuminosas.
Começou-se por colocar os agregados, o betume e os moldes na estufa a 160 ºC, por um período
de 60 minutos (Figura 4.8 (a)). Em seguida pesaram-se as quantidades de cada material para a
produção de um provete de aproximadamente 1050 g (Figura 4.8 (b)) e procedeu-se à sua
mistura manual (Figura 4.8 (c)).
64 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
a) b) c)
Figura 4.8 – a) Colocação do material na estufa a 160 ºC; b) Pesagem de cada material;
c) Mistura manual
Retirados os moldes Marshall da estufa, os mesmos foram untados com óleo e colocou-se um
filtro de papel na base. Imediatamente a seguir foi colocada a mistura betuminosa no respetivo
molde (Figura 4.9 (a)) colocando-se, de igual modo, um filtro no topo do provete (Figura 4.9
(b)). Procedeu-se à sua compactação no compactador de impacto aplicando-se 50 pancadas em
cada face do provete (Figura 4.9 (c)).
a) b) c)
Figura 4.9 – a) Colocação da mistura nos moldes Marshall; b) Colocação de filtro de papel no topo da
mistura; c) Compactação da mistura com o compactador de impacto.
Ricardo Tenreiro 65
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Ao fim de 4 horas desmoldaram-se os provetes, tal como se ilustra na Figura 4.10 (a), de onde
resultou o conjunto de provetes que se ilustra na Figura 4.10 (b).
a) b)
m1
ρb,dim (4.4)
π
h d2
4
Em que:
ρb,dim – baridade do provete [kg/m3];
m1 – massa do provete seco [g];
h – altura do provete [mm];
d – diâmetro do provete [mm];
Apresenta-se na Tabela 4.14 os valores das baridades médias de oito provetes, para cada
mistura betuminosa drenante com betume Elaster, grossa e fina, com e sem adição de fibras.
66 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
Tabela 4.14 – Baridades (Média de oito provetes por cada teor de betume)
4,2 1940
Mistura Fina Com
4,7 1930
Fibras - MFF
5,2 1960
4,2 1930
Mistura Fina Sem
4,7 1940
Fibras - MFSF
5,2 1940
4,1 1930
Mistura Grossa Com
4,6 1930
Fibras - MGF
5,1 1940
4,1 1930
Mistura Grossa Sem
4,6 1950
Fibras - MGSF
5,1 1890
- Porosidade
ρ m ρ b
Vm 100 (4.5)
ρm
Em que:
Vm – porosidade da mistura [%];
ρm – baridade máxima teórica da mistura [kg/m3];
ρb – baridade do provete [kg/m3].
Ricardo Tenreiro 67
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Tabela 4.15 – Propriedades das misturas (Média de oito provetes por cada teor de betume)
4,2 18,1
Mistura Fina Com
4,7 18,3
Fibras - MFF
5,2 16,6
4,2 20,5
Mistura Fina Sem
4,7 19,6
Fibras - MFSF
5,2 19,0
4,1 20,2
Mistura Grossa Com
4,6 19,8
Fibras - MGF
5,1 18,6
4,1 21,9
Mistura Grossa Sem
4,6 20,7
Fibras - MGSF
5,1 22,2
Como se pode observar, todas as misturas cumprem a porosidade mínima de 16,0 % estabelecida
de acordo com o FHWA e o UNHSC. Tendo em conta os limites impostos pelo caderno de
encargos das Estradas de Portugal (CE EP, 2014) apenas a mistura grossa sem fibras e 5,1 % de
betume cumpre o requisito imposto. Por outro lado, e tendo em conta o limite imposto pelo
PG-3 de um mínimo de 20 %, um maior número de misturas e respetivos teores de betume
cumpriram este limite. De um modo geral, e como já foi referido, assumiu-se como limite
mínimo de porosidade os 16 %, dado as dificuldades impostas pelo fuso granulométrico e
sobretudo devido ao método de compactação Marshall.
- Ensaio Cântabro
O ensaio cântabro consiste num ensaio de caracterização que permite avaliar a perda por
desgaste de misturas betuminosas drenantes a utilizar na camada de desgaste do pavimento,
para isso fez se uso da norma EN 12697-17:2004, Bituminous mixtures – Test methods for hot
mix asphalt – Part 17: Particle loss of porous asphalt specimen e do Pliego de Prescripciones
Técnicas Generales para Obras de Carreteras y Puentes (PG-3, 2013).
Para cada mistura foram produzidos oito provetes Marshall por cada teor de betume, ou seja
24 provetes por mistura, os quais foram divididos em dois grupos consoante as suas baridades.
Cada grupo foi mantido em condições diferentes antes da realização do ensaio. Um grupo
68 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
a) b)
Figura 4.11 – a) Grupo de provetes imersos; b) Grupo de Provetes secos.
b)
a) c)
Figura 4.12 – a) Maquina de ensaio de Los Angeles; b) Provete antes do ensaio; c) Provete após ensaio.
W 1 W 2
PL 100 (4.6)
W1
Em que:
PL – Perda de partículas [%];
W1 – massa da amostra inicial [g];
W2 – massa da amostra final [g].
Na Tabela 4.16 apresentam-se os resultados obtidos na perda por desgaste das misturas
betuminosas drenantes.
Ricardo Tenreiro 69
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Tabela 4.16 – Ensaio cântabro dos provetes dos grupos húmidos e dos grupos secos (media de quatro
provetes por cada grupo)
Secos 17
4,2
Húmidos 30
Secos 11
Mistura Fina Com Fibras -
4,7
MFF
Húmidos 36
Secos 7
5,2
Húmidos 28
Secos 15
4,2
Húmidos 14
Secos 12
Mistura Fina Sem Fibras -
4,7
MFSF
Húmidos 15
Secos 9
5,2
Húmidos 16
Secos 23
4,1
Húmidos 31
Secos 17
Mistura Grossa Com Fibras -
4,6
MGF
Húmidos 17
Secos 9
5,1
Húmidos 22
Secos 11
4,1
Húmidos 13
Secos 7
Mistura Grossa Sem Fibras -
4,6
MGSF
Húmidos 8
Secos 8
5,1
Húmidos 15
De acordo com o Caderno de Encargos Tipo Obra das Estradas de Portugal (CE EP, 2014) é
imposto um limite de 25 % para a perda por desgaste. Por outro lado, e de acordo com o Pliego
de Prescripciones Técnicas Generales para Obras de Carreteras y Puentes (PG-3, 2013), é
estabelecido um limite de 35 % ou 40 %, consoante o tipo de tráfego.
A presença de fibras celulósicas na mistura levou a uma diminuição da perda por desgaste no
que diz respeito a provetes secos, por outro lado, os provetes húmidos sofreram uma perda por
desgaste muito superior aos provetes húmidos sem fibras. Posto isto, conclui-se que a presença
70 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
de fibras é um fator vantajoso pois permite aumentar os teores de betume nas misturas, sem
que se verifique o escorrimento do mesmo, e, assim, aumentar a sua durabilidade. No entanto,
nas misturas com adição de fibras, sujeitas à presença de água a uma temperatura de 60 ºC, a
perda por desgaste revelou-se muito superior.
Para aferir a interferência da temperatura da água nos resultados do ensaio cântabro húmido,
e em especial nas misturas com adição de fibras, optou-se por repetir o ensaio cântabro para
os teores ótimos alterando a temperatura da água para 20ºC, tal como proposto por Khalid e
Pérez-Jiménez (1996) citado por Homem (2002). Apresentam-se na Tabela 4.17, os resultados
do ensaio cântabro obtidos para estas condições.
Tabela 4.17 – Ensaio cântabro húmido para temperatura de água de 20 ºC e de 60 ºC (média de quatro
provetes por cada grupo)
Perda por
Misturas Betume Elaster [%] Grupo
desgaste [%]
Húmidos com
13
Mistura Fina Com imersão a 20 ºC
5,2
Fibras - MFF Húmidos com
28
imersão a 60 ºC
Húmidos com
14
Mistura Grossa imersão a 20 ºC
5,1
Com Fibras - MGF Húmidos com
22
imersão a 60 ºC
Deste modo verifica-se que para uma temperatura da água de 20 ºC a perda por desgaste das
misturas com fibras apresenta valores bastante inferiores. Conclui-se assim, que a temperatura
da água é um fator bastante relevante no comportamento de misturas com adição de fibras ao
Ricardo Tenreiro 71
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Tabela 4.18 – Formulação final das misturas betuminosas drenantes (percentagem em relação ao peso
total da mistura)
Pó de Cal Fibras
Brita Brita Betume
Misturas Pedra hidráulica Viatop
5/10 [%] 5/15 [%] [%]
0/4 [%] [%] [%]
A caracterização mecânica das misturas betuminosas drenantes surge como um assunto muito
pouco estudado e no qual não existem qualquer tipo de normas/requisitos para definir os seus
valores limite. Este trabalho de investigação surge com o objetivo de verificar quais os valores
que se podem obter em misturas de estrutura porosa, com e sem a adição de fibras, com vista
a dar informação sobre o seu comportamento mecânico que se poderá esperar in situ, tendo
em conta os estudos de formulação elaborados anteriormente.
O ensaio de módulo de rigidez por tração indireta (ITSM – do inglês Indirect Tensile Stiffness
Modulus) foi realizado no equipamento designado Nottingham Asphalt Test (NAT) tendo em
conta o Anexo C da norma europeia EN 12697-26:2004, Bituminous mixtures – Test methods for
hot mix asphalt – Part 26: Stiffness. Para isso, realizou-se um conjunto de seis provetes
cilíndricos para cada uma das misturas selecionadas com o teor ótimo de betume. Com vista a
garantir uma coerência das condições de ensaio para todas as misturas, adotaram-se alguns
parâmetros de acordo com o preconizado na norma europeia EN 12697-26: 2004, tais como,
temperatura de ensaio de 20 ºC, coeficiente de Poisson de 0,35, tempo de crescimento de carga
(RT) (Rise Time em inglês) 124 ms, deformação horizontal máxima de 5 m e pré-carregamento
72 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
de 10 aplicações de carga. No que diz respeito à altura e diâmetro dos provetes foi realizada a
média de 4 medições.
a) b)
c) d)
Figura 4.13 – a) Temperatura de ensaio de 20ºC; b) Colocação dos provetes na estrutura de suporte do
ensaio; c) Ensaio de rigidez por tração indireta; d) Computador de ensaio.
Ricardo Tenreiro 73
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Apresenta-se, na seguinte tabela, o resultado do módulo de rigidez por tração indireta para as
quatro misturas (média de seis provetes).
Dos resultados obtidos, conclui-se que a adição de fibras não induz nenhuma alteração
significativa relativamente à rigidez das misturas.
Na presente dissertação, com vista a avaliar as deformações permanentes dos quatro tipos de
misturas estudadas anteriormente, recorreu-se ao ensaio de simulação em pista de laboratório,
mais propriamente wheel tracking test.
Dado que as misturas em análise são usadas com espessuras não superiores a 4 cm na
generalidade, utilizaram-se moldes de 30x30x4 cm tendo em conta a norma europeia EN 12697-
22:2003, Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 22: Laboratory mixing.
Adotou-se o procedimento B, realizando-se para tal duas lajetas por cada uma das quatro
misturas. A produção das lajetas realizou-se de acordo com a norma europeia EN 12697-
35:2004, Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 35: Laboratory mixing,
tendo em consideração a formulação apresentada na Tabela 4.18. A mistura MGSF com teor de
betume de 4,6 %, a mistura MFSF com teor de betume de 4,7 %, a mistura MGF com teor de
betume de 5,1 % e a mistura MFF com teor de betume de 5,2 %. Quer na produção quer na
compactação das lajetas teve-se especial cuidado no controlo da temperatura, de modo a que
a mistura fosse compactada a uma temperatura nunca inferior a 150 ºC, de acordo com os
valores indicados pelo fornecedor do betume. A compactação foi realizada com recurso a placa
vibratória por um período aproximado de 60 segundos. Apresenta-se na Figura 4.14 e 4.15 o
esquema de produção das lajetas.
74 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
a) b) c)
Figura 4.14 – a) Pesagem do material de cada lajeta; b) Mistura dos materiais na misturadora elétrica;
c) Colocação da mistura no molde.
a) b)
Figura 4.15 – a) Compactação da mistura; b) Lajetas após compactação.
Por fim, as lajetas foram colocadas à temperatura ambiente por um período de 7 dias antes da
realização do ensaio (Figura 4.16). A baridade foi determinada de acordo com o preconizado
na norma europeia EN 12697-6:2003, Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt
– Part 6: Determination of bulk density of bituminous specimens, procedure D: Bulk density by
dimensions, procedimento que integra a medida geométrica do volume aparente. Para isso
recorreu-se à seguinte expressão:
m1
ρb,dim (4.7)
hl w
Em que:
ρb,dim – baridade do provete [kg/m3];
m1 – massa do provete seco [g];
h – altura do provete [mm];
l – comprimento do provete [mm];
w – largura do provete [mm];
Ricardo Tenreiro 75
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
a) b) c)
Figura 4.16 – a) Lajetas após desmoldagem; b) Medição das lajetas para cálculo da baridade; c) Pesagem
das lajetas para cálculo da baridade.
Do cálculo atrás mencionado resultou as baridades médias para cada uma das misturas
betuminosas drenantes descritas na Tabela 4.20. De forma análoga com o descrito no ponto
4.3.3 determinou-se a porosidade média das lajetas.
Analisados os resultados, pode concluir-se que a porosidade das lajetas apresenta valores
superiores aos obtidos nos provetes cilíndricos. Esta diferença deve-se ao método de
compactação utilizado. Tal diferença é apresentada na Tabela 4.21.
Tabela 4.21 – Baridade e porosidade média das misturas nas lajetas e nos provetes cilíndricos.
Teor Ótimo Baridade média [kg/m3] Porosidade média [%]
Misturas de Betume Provetes Provetes
Lajetas Lajetas
[%] cilíndricos cilíndricos
Mistura Fina Com 5,2 1810 1860 23 21
Fibras - MFF
Mistura Fina Sem 4,7 1830 1940 24 19
Fibras - MFSF
Mistura Grossa Com 5,1 1750 1900 27 21
Fibras - MGF
Mistura Grossa Sem 4,6 1780 1940 27 21
Fibras - MGSF
76 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
Após os 7 dias de cura dos provetes à temperatura ambiente, deu-se início ao ensaio tendo em
consideração o preconizado na norma EN 12697-22:2003, para equipamento pequeno e
acondicionado ao ar, procedimento B.
Adotou-se uma temperatura de 60 ºC para a realização do ensaio, tendo em conta que a zona
em estudo se insere numa zona quente, tal como indicado na Figura 3.4. Procedeu-se a um
aquecimento prévio das lajetas e do equipamento durante 4 horas, à temperatura de ensaio.
Apresenta-se na Figura 4.17 a sequência do procedimento adotado desde a colocação da lajeta
na câmara de ensaio até ao registo do valor da deformação.
a) b) c)
Figura 4.17 – a) Colocação da lajeta no interior da câmara de ensaio; b) Aquecimento prévio da lajeta no
interior da camada; c) Ensaio wheel tracking em curso.
O ensaio termina ao fim de 10 000 ciclos de carga ou quando os provetes atinjam uma rodeira
com profundidade de 20 mm. Na Figura 4.18 apresenta-se o aspeto das lajetas no final do
ensaio.
a) b)
Figura 4.18 – a) Lajeta após ser retirada da máquina de ensaio; b) Pormenor do cavado de rodeira.
Em jeito de comparação, apresenta-se na Figura 4.19 o antes e depois de uma lajeta composta
por mistura fina com adição de fibras no fim de 10 000 ciclos a uma temperatura média de
60 ºC.
Ricardo Tenreiro 77
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
a) b)
Figura 4.19 – a) Lajeta de mistura fina com fibras antes do ensaio wheel tracking; b) Lajeta de mistura
fina com fibras após ensaio wheel tracking.
Através dos ensaios realizados foi possível obter dois parâmetros fundamentais para cada tipo
de mistura, o declive máximo de rodeira – Wheel Tracking Slope (WTS) e a média de
profundidade de rodeira (RD) para os dois provetes ensaiados em cada mistura. Apresentam-se
nas Figuras 4.20 e 4.21 os resultados obtidos no ensaio de deformação permanente para os
quatro tipos de misturas. Nas seguintes figuras em forma de gráfico dividiram-se os resultados
consoante a mistura, fina e grossa, respetivamente.
MFF MFSF
16,0
14,0
Deformações (mm)
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
0,00 2000,00 4000,00 6000,00 8000,00 10000,00
Nº de ciclos (RPM)
Figura 4.20 – Linha de tendência logarítmica para as deformações máximas obtidas no ensaio de
simulação de pista (wheel tracking) para as misturas finas com e sem adição de fibras celulósicas.
78 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
MGF MGSF
16,0
14,0
Deformações (mm)
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
0,00 2000,00 4000,00 6000,00 8000,00 10000,00
Nº de ciclos (RPM)
Figura 4.21 – Linha de tendência logarítmica para as deformações máximas obtidas no ensaio de
simulação de pista (wheel tracking) para as misturas grossas com e sem adição de fibras celulósicas.
Analisando as curvas obtidas observa-se uma clara diferença no andamento das linhas de
tendência logarítmicas. Na generalidade, as misturas sem adição de fibras apresentam um pior
comportamento à deformação permanente, verificando-se uma deformação nas lajetas
bastante superior em comparação com as misturas com adição de fibras.
d10000 d5000
WTSair (4.8)
5
Onde,
WTSair – Declive máximo da rodeira [mm/103 ciclos];
d 10000 – profundidade da rodeira após 10 000 ciclos [mm];
d 5000 – profundidade da rodeira após 5 000 ciclos [mm].
Na Tabela 4.22 são apresentados os resultados obtidos para o declive máximo de rodeira
(WTSair) e a profundidade média de rodeira (RD).
Ricardo Tenreiro 79
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Analisando os resultados obtidos do ensaio wheel tracking a adição de fibras revelou ser
favorável no desempenho mecânico das misturas à deformação permanente. Contrariando os
resultados obtidos por outros investigadores, verificou-se, no presente estudo, que para
maiores percentagens de betume o comportamento à deformação permanente melhorou. Este
fenómeno só foi possível graças às propriedades das fibras que permitem reter o betume. Deste
modo, para altas temperaturas, as lajetas com adição de fibras e maior percentagem de betume
apresentaram um melhor comportamento. Nas misturas sem adição de fibras verificou-se que
o betume funcionou como um lubrificante nas ligações dos agregados, aumentando assim a
profundidade de rodeira.
Pelo facto das fibras celulósicas permitirem o aumento da percentagem de betume sem que
ocorresse o escorrimento deste durante a fase de mistura e, consequentemente, um melhor
comportamento à deformação permanente, um aumento do teor de ligante traduz-se num
aumento significativo da durabilidade da mistura.
Uma vez que não existem valores preconizados para este tipo de misturas, decidiu-se comparar
os resultados do presente estudo com os obtidos por Oliveira (2003) na sua investigação em
misturas drenantes, com betume do tipo CAP-20, modificado com polímeros do tipo SBS. Na
Tabela 4.23, apresenta-se um resumo dos resultados obtidos por Oliveira (2003) comparados
com os obtidos durante a realização da presente dissertação.
80 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 4 – Trabalho experimental
Tabela 4.23 – Resultados do ensaio à deformação permanente (comparação com Oliveira (2003)).
Teor de
Baridade Porosidade Número % de RD
Misturas Betume
[kg/m3] [%] de Ciclos Deformação [mm]
[%]
Ricardo Tenreiro 81
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
82 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 5 – Considerações finais
5.1 Conclusões
Tendo em conta o aumento do tráfego pesado, o aumento das cargas por eixo e a utilização de
rodados simples com pneus de pressão de enchimento elevada, a caracterização de misturas
betuminosas drenantes à deformação permanente merece um estudo aprofundado, dado estes
fatores serem bastante prejudiciais à formação do cavado de rodeira.
- A presença de fibras celulósicas nas misturas betuminosas drenantes, levou a uma diminuição
da perda de massa por desgaste no que diz respeito aos provetes secos, por outro lado, nos
provetes húmidos verificou-se uma perda de massa por desgaste muito superior
comparativamente com as misturas sem fibras. Conclui-se que a presença de fibras é um fator
vantajoso pois permite aumentar os teores de betume nas misturas, sem que se verifique o
escorrimento do mesmo, e, assim, aumentar a sua durabilidade. No entanto, nas misturas com
adição de fibras, sujeitas à presença de água a uma temperatura de 60 ºC, a perda de massa
por desgaste revelou-se muito superior.
- No que diz respeito ao ensaio cântabro húmido, verificou-se que para uma temperatura da
água de 20 ºC, a perda por desgaste das misturas com fibras celulósicas apresenta valores
bastante inferiores aos realizados a uma temperatura de 60 ºC, na ordem dos 50 %. Concluiu-
se assim, que a temperatura da água é um fator bastante relevante no comportamento de
misturas com adição de fibras celulósicas.
- Relativamente à caracterização das misturas, no que diz respeito ao módulo de rigidez por
tração indireta, verificou-se que a adição de fibras não induz em nenhuma alteração
Ricardo Tenreiro 83
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
significativa. Foram obtidos valores na ordem dos 2151 MPa para a mistura grossa com fibras e
2282 MPa para a mistura grossa sem fibras, para a mistura fina com fibras obtiveram-se valores
de 1947 MPa e de 1946 MPa para a mistura fina sem fibras.
- Na caracterização das lajetas, de forma análoga aos provetes cilíndricos, foi analisada a
baridade e a porosidade. Dos resultados obtidos concluiu-se que a porosidade das lajetas
apresenta valores superiores aos obtidos nos provetes cilíndricos utilizados para o ensaio de
tração indireta. Este fenómeno surge devido ao processo de compactação utilizado ter sido
diferente. A compactação surge assim como um fator com bastante influência na baridade das
misturas e, consequentemente, na porosidade. A temperatura de produção e compactação das
misturas betuminosas drenantes, também é um fator que influência os resultados da baridade
e da porosidade. Por essa razão, o controlo da temperatura durante estas duas fases foi sempre
realizado de forma cuidada de modo a cumprirem-se os valores indicados pelo fornecedor do
ligante.
- O ensaio de simulação, wheel tracking test, realizou-se tendo em conta o preconizado para
equipamento pequeno e acondicionamento ao ar, procedimento B, adotando-se uma
temperatura de ensaio de 60 ºC e aplicando-se a cada lajeta 10 000 ciclos de carga. Analisando
as linhas de tendência resultantes do ensaio em cada uma das misturas, observou-se uma clara
diferença no andamento das mesmas. Na generalidade, as misturas sem adição de fibras
apresentam um pior comportamento à deformação permanente, verificando-se uma
deformação nas lajetas bastante superior em comparação com as misturas com adição de fibras.
- Analisando os resultados obtidos do ensaio wheel tracking a adição de fibras revelou ser
favorável no desempenho mecânico das misturas à deformação permanente. Contrariando os
resultados obtidos por outros investigadores, verificou-se no presente estudo que para maiores
percentagens de betume o comportamento à deformação permanente melhorou. Este
fenómeno só foi possível graças às propriedades das fibras que permitiram reter o betume. As
misturas com adição de fibras e maior percentagem de betume, apresentaram um melhor
comportamento. Nas misturas sem adição de fibras verificou-se que o betume funcionou como
um lubrificante nas ligações dos agregados, aumentando assim a profundidade de rodeira.
84 Ricardo Tenreiro
CAPÍTULO 5 – Considerações finais
- Ainda dos resultados obtidos, constatou-se que um aumento da porosidade leva a uma maior
percentagem de deformação das lajetas. Este tipo de comportamento está associado ao
fenómeno de densificação na mistura betuminosa que ocorre enquanto se verifica redução de
volume.
Com vista a dar resposta ao objetivo principal desta dissertação, acerca da viabilidade da
adição de fibras celulósicas em misturas drenantes, pode concluir-se que a adição de fibras
celulósicas na formulação elaborada ao longo da presente investigação, induz numa melhoria
bastante significativa no comportamento das misturas à deformação permanente, permitindo
assim a sua utilização com garantias de bom funcionamento e consequente segurança para os
utentes. Deste modo, é possível reduzir a problemática dos cavados de rodeira que induzem a
fenómenos prejudiciais de hidroplanagem.
Ricardo Tenreiro 85
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
86 Ricardo Tenreiro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Azzout, Y., Barraud, S., Cres, F.N., Alfakih, E. (1994). “Techniques alternatives en
assainissement pluvial”. Paris: Technique et Documentation – Lavoisier. 372 p.
Basch, E.; Brana, R; Briggs, E.; Chang, C.; Iyalla, A.; Logsdon, D.; Meinke, R.; Moomjy, M.;
Price, O.D.; Sinckler, S. (2012). “Roadmap for pervious pavement in New York city. A strategic
plan for the New York city department of transportation”. Master of Science in Sustainability
Management. Columbia University School of Continuing Education.
Cahill Associates. “Porous Pavement Operation and Maintence Protocol”. San Diego County
Facilities, San Diego, USA.
Cahill, T.; Adams, M.; Marm, C. (2003). “Porous Asphalt: The right choice for porous
pavements”. Hot Mix Asphalt Technology.
Ricardo Tenreiro 87
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Chen, J.; Chen, S; Liao, M. (2015). “Laboratory and field evaluation of porous asphalt
concrete”. Asian Transport Studies. Vol. 3, Issue 3. Pag 298-311.
Collins, Kelly Alyssa (2007). “A Field Evaluation of Four Types of Permeable Pavement with
Respect to Water Quality Improvement and Flood Control”. (Under the direction of Dr.William
F. Hunt.)
COST 334 (2001). “COST 334 Effects of Wide Single Tyres and Dual Tyres, Final Report of the
Action”. European Commission, Directorate General Transport, Office for official Publications
of the Europeans Communities, Luxembourg.
DG TREN (2003). “European Energy and Transport Trends to 2030”. European Commission,
Directorate-General Energy and Transport, Office for Official Publications of the European
Communities, Luxembourg.
DG TREN (2004). “European Union Energy and Transport in Figures: Statistical Pocketbook
2004”. European Commission, Directorate-General Energy and Transport, Office for Official
Publications of the European Communities, Luxembourg.
Diniz, E. (1980). “Porous Pavement. Phase I. Design and Operational Criteria”. Municipal
environmental Research Laboratory. USA.
Drainage Manual (2009). “Drainage Design and Erosion Control Manual for Olympia”. Volume
V. Stormwater Treatment BMPs. Olympia, USA.
88 Ricardo Tenreiro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dumke (2005). “Concreto asfáltico drenante com fibras de celulose, ligante modificado por
polímero e asfalto-borracha”. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, Brasil.
Elvik, R. and Greibe, P. (2005). “Road safety effects of porous asphalt: a systematic review
of evaluation studies”. Accident Analysis and Prevention. Vol. 37, pag. 515–522.
EPA (1999). “Storm Water Technology Fact Sheet, Porous Pavement”. EPA 832-F-99-023 Office
of Water, Washington, D.C.
Fergunson, B.K. (2005). “Porous pavements. Boca Raton: CRC Press. Taylor & Francis.
Integrative Studies in Water Management and Land Development”; 6. Series Editor Robert L.
France. ISBN: 0-8493-2670-2.
FHWA (2015). “Porous Asphalt Pavements with Stone Reservoirs”. U.S. Department of
Transportation. Federal Highway Administration.
Gonçalves, F.J.; Ceratti, J.; Somacal, L., (2000). “Investigação do desempenho de misturas
asfálticas convencionais e modificadas com polímeros: proposição de um estudo envolvendo
ensaios acelerados de pavimentos com um simulador linear de tráfego”. In: Simpósio
Internacional de Manutenção e Restauração de Pavimentos e Controle Tecnológico. São Paulo,
Brasil.
Grabowski, W and Slowik, M. (2004). “Performance of Creep of the Polymer Modified Binders
in the Laboratory Conditions”. Proceedings of the 3rd Eurasphalt and Eurobetume Congress,
Viena, Book II, pp. 1638-1644.
Ricardo Tenreiro 89
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Hernandez, J. (2008). “Estudio, anàlisis y diseño de secciones permeables de firmes para vías
urbanas con un comportamieno adecuado frente a la colmatación y con la capacidade portante
necesaria para soportar tràficos ligeiros”. Tesis doctoral. Universidad de Cantabria, Santander,
Espanã.
Huet, A.; De Boissoudy; Gramsammer, C.; Baudin, A.; Samanos, J. (1990). “Experiments
with Porous Asphalt on the Nantes Fadigue Test Track. Transportation Research Record, nº
1265. pp. 54-58. National Research Council, Whashington.
Interpave (2010). “Permeable pavements: guide to the design, construction and maintence
concrete block permeable pavements”. Edition 6. Uniclass L534:L217. Acedido em 20 de Janeiro
de 2016, em http://www.paving.org.uk.
Jiang e Xiao (2012). “Hamburg Wheel Tracking Test for Porous Asphalt Concrete”. Applied
Mechanics and Materials Vols. 178-181. pp 1338-1343. Trans Tech Publications, Switzerland.
Khan, A., Wahab, A., Asi, I. and Ramadhan, R. (1998). “Comparative Study of Asphalt
Concrete Laboratory Compaction Methods to Simulate Field Compaction”. Construction and
Building Materials, Elsevier Science, vol. 12, pp. 373-384.
Lebens, M. and Troyer, B. (2012). “Porous Asphalt Pavement Performance in Cold Regions”.
Minnesota Department of Transportation. Minnesota, USA.
Mallick, R. B.; Khandal, P. S.; Cooley Jr., L. A.; Watson, D. E. (2000). “Design, construction,
and performance of new generation of open-graded friction courses”. National Center for
Asphalt Technology. Auburn University. NCAT Report nº 2000-1.
90 Ricardo Tenreiro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Martinho, F.; Lanchas, S.; Nunez, R.; Batista, F.; Miranda, H. (2013). “A experiencia
portuguesa em misturas betuminosas do tipo SMA com fibras celulósicas”. VII Congresso
Rodoviário Português, 10-12 Abril 2013, Lisboa.
NAPA (2009). “Porous Asphalt Pavements for Stormwater Management”. National Asphalt
Pavement Association.
Pais, J.C.; Pereira, P.A.A.; Azevedo, M.C.M. (2000). “Ensaios mecânicos para caracterização
de misturas betuminosas”. 1º Congresso Rodoviário Português – Estrada 2000, Lisboa, 2000, p.
639-649.
Pereira, P. e Picado Santos, L. (2002). “Pavimentos Rodoviários”. Edição de autor (ISBN 972-
8692-02-1), Braga.
Perez-Jiménez, F. and Gordillo, J. (1990). “Optimization of Porous Mixes Through the Use of
Special Binders”. Transportation Research Record, nº 1265. pp. 59-68. National Research
Council, Washington.
PG-3 (2013). “Pliego de Prescripciones Técnicas Generales para Obras de Carreteras y Puentes
(PG-3) (OC29/2011)”. Artículo 542 – Mezclas betuminosas en caliente tipo hormigón
betuminoso. Ministerio de Fomento, Dirección General de Carreteras, España.
Pratt, C.J. (1999). “Use of permeable, reservoir pavement constructions for stormwater
treatment and storage for re-use”. School of The Built Environment, Coventry University,
Coventry, CV1 5FB,UK.
Ricardo Tenreiro 91
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
Prowell, B.D. (1999). “Selection and evaluation of performance-graded asphalt binders for
Virginia”. Virginia Transportation Research Council. Charlottesville, Virginia
Santucci, L. (2001). “Rut Resistant Asphalt Pavements”. Technology Transfer Program and
Pavement Specialists, Pavement Research Center, Institute of Transportation Studies,
University of California, Berkeley.
Shueler, T. (1987). “Controlling Urban Runoff: A Practical Manual for Planning and Designing
Urban” BMPs.
Tota-Maharaj, K (2010). Geothermal paving systems for urban runoff treatment and renewable
energy efficiency. Tese de Doutoramento, The University of Edinburgh, Scotland, U.K.
UNHSC (2009). “UNHSC Design Specifications for Porous Asphalt Pavement and Infiltration
Beds”. University of New Hampshire Stormwater Center. Durham, New Hampshire.
Yang and Jiang (2003). “Experimental study on properties of pervious concrete pavement
materials”. Cement and Concrete Research. Vol. 33. pag. 381-386.
92 Ricardo Tenreiro
ACERVO NORMATIVO
ACERVO NORMATIVO
EN 12697-5:2002 Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 5:
Determination of the maximum density.
EN 12697-6:2003 Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 6:
Determination of bulk density of bituminous specimens.
EN 12697-8:2003 Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 8:
Determination of void characteristics of bituminous specimens.
EN 12697-17:2004 Bituminous mixtures - Test methods for hot mix asphalt - Part17:
Particle loss of porous asphalt specimen.
EN 12697-22:2003 Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 22:
Wheel tracking.
EN 12697-25:2003 Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt. Cyclic
compression test.
EN 12697-26:2003 Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 26:
Stiffness.
EN 12697-34:2004 Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 34:
Marshall test.
EN 12697-35:2003 Bituminous mixtures – Test methods for hot mix asphalt – Part 35:
Laboratory mixing.
Ricardo Tenreiro 93
Pavimentos Betuminosos Permeáveis. Resistência à Deformação Permanente da Camada Superficial
94 Ricardo Tenreiro