De Paula, Costa - A Entrevista Clínica em Neuropsicologia - Malloy-Diniz Et Al. Neuropsicologia Na Prática Clínica - in Press
De Paula, Costa - A Entrevista Clínica em Neuropsicologia - Malloy-Diniz Et Al. Neuropsicologia Na Prática Clínica - in Press
De Paula, Costa - A Entrevista Clínica em Neuropsicologia - Malloy-Diniz Et Al. Neuropsicologia Na Prática Clínica - in Press
Jonas Jardim de Paula, Ph.D. Psicólogo, mestre em neurociências e doutor em medicina (UFMG). Pós-doutorando do Instituto Nacional
de Ciência e Tecnologia em Medicina Molecular (INCT-MM-UFMG). Professor do curso de graduação em psicologia e do curso de
pós-graduação em Neuropsicologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
Danielle de Souza Costa, Ms.C. Psicóloga, mestre e doutoranda em medicina molecular (UFMG). Clínica e consultora na prática provada
em neuropsicologia, psicologia infantil e transtornos do neurodesenvolvimento. Neuropsicóloga do Núcleo de Investigação da
Impulsividade e da Atenção (UFMG).
Identificação Correto cadastro do paciente e cuidadores se for o caso, profissional ou instituição que realizou o encaminhamento, registro de a quem o
laudo ou relatório será encaminhado.
Motivo da consulta Qual solicitação deve ser atendida com o exame neuropsicológico, em qual contexto ela foi solicitada, quais sintomas ou características do
paciente levou ao encaminhamento
Histórico e Quais são os sintomas cognitivos, sensoriais, motores, comunicacionais, comportamentais ou funcionais. Classificar como eles surgiram,
progressão dos como se desenvolveram, em quais contextos são mais proeminentes, como comprometem ou limitam a adaptação do sujeito à vida diária,
sintomas histórico de tratamento farmacológico ou não farmacológico dos sintomas, sucesso das intervenções
Histórico do Gravidez, parto, história neonatal, desenvolvimento sensorial, desenvolvimento da linguagem, desenvolvimento motor, desenvolvimento
desenvolvimento intelectual, desenvolvimento social.
Histórico de saúde Presença de doenças ou outros transtornos ao longo da vida. Tipo de tratamento, propósito, duração e resposta terapêutica. Quais são as
geral doenças ou transtornos atuais ou que ocorrem associados aos sintomas centrais que trouxeram o paciente à consulta.
Histórico familiar Principais doenças ou transtornos comuns na família do indivíduo, sobretudo em parentes de primeiro grau. Essa avaliação deve ter como
foco os transtornos comumente avaliados em neuropsicologia ou doenças que possam estar associadas à sua etiologia (Ex.: doenças
cardiovasculares e acidente vascular encefálico; transtornos psiquiátricos etc)
Vida escolar Escolaridade atual, escolas nas quais estudou, desempenho geral por ano estudado desde o início da educação formal, histórico detalhado
de repetências (quais séries/anos, em quais domínios, em quais bimestres/trimestres etc), necessidade de educação especial ou apoio
extraclasse e sucesso das intervenções; histórico de alfabetização (leitura/escrita), habilidades matemáticas, atenção, comportamento,
motivação para os estudos e adaptação social; desenvolvimento de habilidades escolares primárias
Vida profissional Quais as atividades profissionais o paciente desempenha ou já desempenhou. Como seus sintomas interferem na vida profissional e em quais
processos ou ambientes específicos essa dificuldade ocorre. Qual a provável aptidão do paciente em realizar essas atividades.
Vida social Quais aspectos da vida social do indivíduo são afetados pelos sintomas. Como é o relacionamento do paciente com a família, amigos,
colegas, figuras de autoridade ou subordinados. Quais mudanças sociais ocorreram antes, durante ou depois do início dos sintomas. Empatia
e adequação social.
Memória Esquecimentos cotidianos como a perda de objetos e compromissos, dificuldade em memória prospectiva, déficits no aprendizado de
conteúdo novo, desorientação temporal e espacial (memória episódica), comprometimento dos hábitos, perícias e rotinas fortemente
consolidadas (memória não-declarativa).
Linguagem Agramatismo, anomia, alexia, agrafia, dislexia. Dificuldade em localizar palavras, sensação de “ponta da língua”, parafasias semânticas e
fonêmicas, dificuldades de compreensão de ordens simples e complexas, dificuldades na articulação de palavras incomuns ou irregulares,
dificuldades de repetição.
Matemática Acalculia, discalculia. Dificuldade no aprendizado da tabuada (adição, subtração, multiplicação e divisão), dificuldade para resolver
problemas matemáticos, prejuízo na memorização de funções matemáticas, menor familiaridade com o vocabulário de matemática,
problemas para medir as coisas, dificuldades para estimar custos ao fazer compras, para aprender conceitos matemáticos mais complexos
(além dos fatos numéricos), menor habilidade no gerenciamento financeiro, problemas para estimar a passagem do tempo (o que pode levar
a problemas para seguir cronogramas ou estimar a duração das atividades), dificuldade para realizar cálculos mentais (sem auxílio de
calculadora ou lápis e papel), dificuldade para achar mais de uma solução para um mesmo problema ou na resolução de problemas complexos
(com muitas operações simultâneas, por exemplo), dificuldade para estimar com precisão velocidade ou julgar distâncias (p. ex., ao dirigir
ou praticar esportes).
Habilidades Desorientação espacial, dificuldade em aprender novas rotas e trajetos, episódicos de apagão, dificuldades em montar desenhos ou
Visioespaciais diagramas, dificuldades de percepção visual (agnosia).
Funções Executivas Comportamento perseverativo e estereotipado, impulsividade, tomada de decisões inadequadas, dificuldades na percepção e compreensão
de emoções e regras sociais, dificuldade na resolução de problemas e autorregulação.
Atenção e velocidade Baixa responsividade, passividade quanto ao ambiente, apatia, lentificação psicomotora, desatenção, dificuldades em manter o tônus
de processamento atencional por períodos prolongados, déficits em alternar o foco atencional em diferentes estímulos, redução da eficiência da busca visual e
auditiva, impulsividade atencional.
O formato mais comumente utilizado nas entrevistas e o conjunto de sintomas em uma hipótese diagnóstica - como
clínicas em neuropsicologia é o modelo semiestruturado, no o processo mais complexo e o maior limitador da prática clínica
qual o clínico parte de um conjunto predeterminado de em neuropsicologia. Em nossa experiência, observamos uma
perguntas e conduz a entrevista com a flexibilidade necessária tendência de cursos de formação em neuropsicologia e dos
para abordar outros tópicos ou questões que surgirem durante o alunos que os procuram pela busca do foco nos métodos de
processo. Entrevistas fechadas, questionários ou escalas testagem objetiva (questionários, escalas e testes), conhecendo
raramente contemplam o conjunto de sintomas, curso clínico, e investindo pouco nos campos de epidemiologia e semiologia
comprometimento funcional, sofrimento psicológico e clínica. Embora os métodos de testagem objetivos sejam
diagnósticos de exclusão necessários para a detecção correta importantes, os mesmos não são definidores da neuropsicologia
dos transtornos comumente atendidos pelo neuropsicológico. ou de sua aplicação clínica (Haase et al., 2012). Quando o
Por outro lado, entrevistas abertas, sem estruturação prévia ou profissional carece dessas habilidades, há uma tendência da
sem um roteiro de pergunta ou tópicos a serem abordados supervalorização dos resultados da avaliação quantitativa
devem ser reservadas a neuropsicólogos mais experientes, (geralmente feita por meio de testes) e o direcionamento das
tendo em conta a maior probabilidade de erro em sua condução. conclusões do processo de avaliação apenas pelo uso dessas
As entrevistas abertas, geralmente, são mais confortáveis tanto informações. Essa prática é problemática em neuropsicologia.
para o profissional quanto para o paciente e seus cuidadores, Efetivamente, os testes cognitivos são necessários para o
além de permitir grande flexibilidade em termos clínicos. No diagnóstico de poucas condições clínicas, a saber, deficiência
atendimento de crianças e adolescentes, recomenda-se que a intelectual, transtorno específico de aprendizagem, transtorno
entrevista clínica seja realizada primeiramente com os pais ou neurocognitivo maior e transtorno neurocognitivo leve,
responsáveis pelo paciente, sem a presença da criança, e deve segundo os critérios diagnósticos propostos no Manual de
ter como foco o desenvolvimento cognitivo, motor e Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5² edição
comportamental da criança, sua relação com os sintomas atuais (DSM-5, American Psychiatric Association, 2014). Embora
e quais os prejuízos decorrentes (Yeates, Ris, Taylor & certamente existam transtornos e síndromes não compreendidos
Pennington, 2009). A criança ou adolescente pode então ser de forma direta pelo DSM-5 e que dependem da avaliação
abordada em seções individuais de entrevista ou durante os objetiva das funções cognitivas para sua compreensão (como o
demais procedimentos do exame neuropsicológico. Para Transtorno Não-verbal de Aprendizagem, a variante sluggish
adultos e idosos a entrevista deve ser conduzida com o paciente cognitive tempo do Transtorno de Déficit de
em si, porém é altamente recomendado a consulta adicional de Atenção/Hiperatividade), o uso dos testes neuropsicológicos é,
outro informante (geralmente um familiar ou pessoa que em geral, secundário à observação clínica dos sintomas. A
conviva com o paciente no dia a dia) de forma a se obter um avaliação por meio de testes deve ser compreendida meramente
segundo relato, visto que, muitas vezes, o paciente pode como um método para testagem de hipóteses clínicas, e esse
apresentar dificuldades ou limitações em relatar os próprios processo deve conciliar tanto perspectivas de natureza
sintomas ou seu curso clínico (Anderson & Tranel, 1989). nomotética - comparação do paciente com o referencial
Durante a entrevista, é importante que o paciente seja normativo - quanto idiográfica - interpretação dos sintomas e
informado e tenha clareza do objetivo da avaliação, como ela particularidades do paciente em um contexto individual,
será realizada e como poderá beneficiá-lo, seja em termos de considerando suas particularidades e características específicas
diagnóstico ou prognóstico. Um bom acolhimento do paciente (Haase, Gauer & Gomes, 2010).
e seus cuidadores, assim como a formação de um bom
rapport/aliança terapêutica é de grande importância para a Nas próximas seções, detalhamos características,
condução do caso clínico. comportamentos e sintomas específicos a serem avaliados na
entrevista clínica e que podem ser úteis para o diagnóstico e
Durante a entrevista clínica, o profissional deve ser prognóstico nos contextos desenvolvimento
capaz de traduzir o relato informal, geralmente pouco infantil/aprendizagem, doenças e síndromes neurológicas,
estruturado e leigo do entrevistado em uma formulação clínica, transtornos mentais e demência/comprometimento cognitivo
como feito tradicionalmente em qualquer área da saúde, leve. Aspectos mais específicos associados à avaliação do
sobretudo as relacionadas à saúde mental (Berrios & Hauder, estado mental, funcionalidade e sinais neurológicos são
1988, Berrios, 1996). Em nossa prática como docentes e discutidos em outros capítulos desta obra, assim como em
supervisores em neuropsicologia clínica, percebemos essa manuais clínicos.
dificuldade - transformar o relato em um conjunto de sintomas
12+ Vocabulário de 50000+ palavras por volta dos 12 anos; raciocínio formal, abstrato
(insight, julgamento, inferências)
Comportamentos internalizantes
Apego inseguro ou desinibido (não diferenciação entre adultos familiares e não familiares)
Privação social igual ou superior a 12 meses (p.ex., tempo com
famílias desestruturadas antes da adoção) Traços de autismo, maior taxa de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
Baixo desempenho acadêmico
Menor desempenho em Funções Executivas
Cuidado institucionalizado superior aos primeiros 12 meses Prejuízo na identificação e nomeação de emoções
Percepção de intencionalidade Teoria da mente
Transtornos do Dificuldades cognitivas globais associadas ao desenvolvimento, atraso ou complicações no desenvolvimento neuropsicomotor,
Neurodesenvolvimento presença de desatenção ou hiperatividade, problemas de aprendizagem de grande magnitude, alterações no desenvolvimento da
linguagem, fala ou comunicação, problemas na percepção e julgamento social, presença de traços autísticos, alterações no
desenvolvimento da coordenação motora fina e grossa, tiques, estereotipias. Curso de sintomas associado ao desenvolvimento, com
início na infância/adolescência.
Esquizofrenia e outros Presença de alucinações (visuais, auditivas, gustativas, olfativas, táteis ou mistas), presença de delírios (ciúmes, ruína, persecutório,
transtornos psicóticos somático, paranoia), presença de conteúdo bizarro nas alucinações ou delírios, discurso e comportamento desorganizado, catatonia e
sintomas associados, sintomas negativos.
Transtorno Bipolar e Sintomas associados à mania ou hipomania (humor expansível, irritável, euforia, elação, aumento da energia e da autoestima,
transtornos relacionados grandiosidade, redução no sono, verborragia, distratibilidade), sintomas associados à depressão (humor deprimido, diminuição do
prazer, alterações no peso, alterações no sono, agitação ou retardo psicomotor, problemas de concentração, pensamentos recorrentes
de morte, sentimentos de inutilidade ou culpa). Mudanças súbitas, cíclicas e bem caracterizadas entre esses dois polos.
Transtornos depressivos Humor deprimido, perda de prazer com atividades antes prazerosas, apatia, retardo ou lentificação psicomotora, esquecimentos,
fadiga, dificuldades de concentração, alterações de sono, mudança no padrão alimentar, pensamentos recorrentes de morte,
sentimentos de inutilidade ou culpa, explosões de raiva ou agressividade, sintomas de humor intensos associados à semana anterior à
menstruação,
Transtornos de ansiedade Sensações de medo ou ansiedade exacerbadas e incompatíveis com o contexto, preocupação persistente e excessiva com eventos
indesejados, pesadelos recorrentes, dificuldades em se separar da figura materna/paterna ou afetiva, dificuldades intensas em falar em
público, medo excessivo de um objeto ou situação específica, dificuldades intensas nos relacionamentos sociais por ansiedade ou
preocupação, medo excessivo em situações de avaliação por outras pessoas, episódios de pânico.
Transtorno obsessivo- Obsessões (pensamentos, imagens ou impulsos intrusivos, recorrentes e persistentes que causam ansiedade ou sofrimento),
compulsivo e transtornos compulsões (comportamentos repetitivos ou atos mentais realizados em resposta a uma obsessão, seguindo regras rígidas, de forma a
relacionados aliviar o desconforto das obsessões), preocupação excessiva com o próprio corpo ou imagem corporal, comportamento acumulativo,
escoriação, tricotilomania, automutilação.
Transtornos relacionados a Mudanças na afetividade, comportamento e emoções frente aos cuidadores e figuras de apego na presença de cuidado insuficiente
trauma e estressores pelos cuidadores, desinibição acentuada (tanto física, quanto verbal, afetiva e social), exposição a evento traumático seguido de
pensamentos, sonhos e lembranças intrusivas e angustiantes associadas ao trauma, reações dissociativas ou comportamento de evitação
associado ao trauma, problemas associados ao humor ou ansiedade após o trauma, dificuldades cognitivas, problemas ou dificuldades
excessivas de adaptação a novos contextos.
Transtornos dicossiativos Alterações na identidade ou self ou presença/sensação de múltiplas personalidades, lacunas ou lapsos de memória autobiográfica,
problemas na recordação de eventos traumáticos ou estressantes, sensações de despersonalização ou irrealidade (percepção e reações
sensoriais atípicas).
Transtornos somáticos e Presença de sintomas somáticos seguidos de aflição ou perturbação do dia a dia, percebidos de forma mais intensa do que realmente
transtornos relacionados o são e seguidos de ansiedade. Presença de dor intensa ou descontextualizada, hipocondria, preocupação excessiva com a saúde,
sintomas de conversão sem etiologia neurológica clara (fraqueza, paralisia, movimento anormal, deglutição, fala, convulsões/ataques,
perda sensorial), simulação ou exacerbação dos próprios sintomas.
Transtornos alimentares Ingestão compulsiva recorrente de alimentos, ingestão de substâncias não-alimentares, ruminação alimentar, mudança radical
(restritiva/evitativa) no padrão alimentar, medo e preocupação excessivo com o próprio peso, perda ou ganho de peso significativos,
deficiência nutricional, amenorréia, compulsão alimentar purgativa (vômitos, diuréticos, laxantes...).
Transtornos da eliminação Enurese (eliminação repetida e involuntária de urina) ou encoprese (eliminação repetida e involuntária de fezes) recorrentes com início
após ous 5 ou 4 anos de idade respectivamente sem desencadeante claro.
Transtornos do sono-vigília Dificuldades para iniciar ou manter o sono, sonolência excessiva durante o dia, dificuldades em permanecer acordado ou vigil mesmo
após um sono reparador ou despertar abrupto, narcolepsia, cataplexia, apneia, hipopneia, problemas na respiração noturna,
sonambulismo, terror noturno, pesadelos recorrentes e intensamente disfóricos, movimentação excessiva durante o sono, pernas
inquietas.
Disfunções sexuais Ejaculação precoce/prematura ou retardada, dificuldades acentuadas em obter ou manter uma ereção, ausência ou dificuldades intensas
em atingir o orgasmo, redução nas sensações orgásmicas, ausência ou redução expressiva da atividade sexual ou pensamentos/fantasias
de conteúdo sexual, dificuldades/medo/dor persistente durante a penetração vaginal.
Disforia de gênero Incongruência acentuada entre o gênero experimentado/expresso e o gênero designado associada a sofrimento psicológico ou prejuízo
funcional importante.
Transtornos disruptivos, do Humor raivoso ou irritável, comportamento questionador ou desafiante frente a figuras de autoridade, índole vingativa, explosões
controle de impulsos e da comportamentais recorrentes decorrentes da incapacidade ou falha em controlar a raiva ou os impulsos, reações desproporcionais ao
conduta contexto e incompatíveis com o nível de desenvolvimento, violação de regras sociais, agressão a pessoas e animais, provocações ou
brigas físicas, destruição de propriedade, falsidade, furto, crueldade, piromania, cleptomania.
Transtornos relacionados à Ocorrência de padrões problemáticos, abusivos ou com pouco controle clinicamente significativos associados ao uso de álcool,
substâncias e transtornos cafeína, cannabis, alucinógenos, inalantes, opioides, sedativos, ansiolíticos, hipnóticos, estimulantes, tabaco ou outras substâncias.
aditivos Jogo (apostas ou equivalente) patológico.
Transtornos da personalidade Padrões persistentes tanto internos quanto comportamentais muito diferentes dos padrões típicos para a cultura associados à cognição,
afetividade, funcionamento ou controle de impulsos, a ponto de abranger várias áreas da vida do sujeito, levarem a sofrimento
significativo e não serem associados a outro transtorno mental ou condição médica. Transtornos: paranoide, esquizoide, esquizotípica,
antissocial, borderline, histriônica, narcisista, evitativa, dependente e obsessivo-compulsiva.
Transtornos parafílicos Presença de comportamento parafílico (exibicionismo, frotteurismo, masoquismo, sadismo, pedofilia, fetichismo, transvestismo) por
período de tempo prolongado, colocado em prática sem o consentimento de outras pessoas, durante a vida adulta e com prejuízo
funcional ou sofrimento psicológico associado.
Demência e Comprometimento Cognitivo Leve prejuízo funcional expressivo se faz o diagnóstico de demência.
Ressaltamos que os diagnósticos ‘comprometimento cognitivo
O DSM-5 mudou a nomenclatura mais consensual na leve’ ou ‘demência’ são sindrômicos e sua etiologia deve ser
literatura de demência/comprometimento cognitivo leve para investigada. Os critérios diagnósticos mais recentes incorporam
transtorno neurocognitivo maior/leve. As definições são em biomarcadores para o diagnóstico etiológico (American
grande medida sobrepostas, embora os novos critérios do DSM- Psychiatric Association, 2014). A Figura 1 apresenta os
5 limitem a caracterização de subtipos mais específicos do sintomas clínicos mais comumente associados a diferentes tipos
comprometimento cognitivo leve (Petersen et al., 2014). Essa de demência como revisados em duas coletâneas recentes
mudança propõe ainda um termo inadequado, dado que um (Malloy-Diniz et al., 2013; Caixeta & Teixeira, 2014). Nesse
transtorno de natureza neurocognitiva permitiria a ocorrência contexto, salienta-se a importância do curso clínico dos
de transtornos cognitivos não associados a um aspecto “neuro”, sintomas. Um mesmo comprometimento cognitivo, por
o que implicaria uma perspectiva dualista, inacurada (Lilienfeld exemplo, da memória episódica, pode ocorrer de forma
et al., 2015). A despeito de tais mudanças os procedimentos relativamente semelhante e em mesma intensidade em dois
para entrevista permanecem relativamente semelhantes. A tipos diferentes de demência (Alzheimer e Vascular). Os testes
entrevista clínica em casos onde há suspeita de demência ou seriam pouco precisos na distinção de ambas, assim como na
comprometimento cognitivo leve deve ter como foco distinção entre estágios iniciais ou avançados do
caracterizar o perfil de habilidades cognitivas, comportamentais comprometimento cognitivo (de Paula et al., 2013). Contudo, o
e funcionais que o paciente apresentava antes dos sintomas e curso clínico dos sintomas e sua progressão são, em geral,
como eles se apresentam atualmente (de Paula, Diniz & distintos nas duas condições (Salmon & Bondi, 2009).
Malloy-Diniz, 2014).
Figura 1: sintomas característicos da demência, do comprometimento cognitivo leve e especificidades associadas às etiologias
mais comuns