As Técnicas de Contar Histórias PDF
As Técnicas de Contar Histórias PDF
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Propósito
Compreender como as histórias que contamos diante de determinados estímulos podem revelar aspectos da
personalidade e o desenvolvimento cognitivo, tornando-se uma forma de ampliar o instrumental do psicólogo no
campo da avaliação psicológica.
Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
Módulo 3
Módulo 4
meeting_room
Introdução
Quando pensamos em caminhos que auxiliem na estimulação da imaginação e transmissão de conhecimentos
com crianças, é comum considerarmos a arte de contar histórias. Essa prática incentiva a criatividade e
possibilita diversas formas de expressão e de interação entre as crianças, sejam elas pequenas ou grandes. Por
meio das histórias, até mesmo os adultos acessam o universo da imaginação, e podem, a partir da representação
mental, aprender diversos ensinamentos e resgatar a criatividade que muitas vezes pode ser prejudicada ao longo
dos anos. Além disso, ao escutarmos ou criarmos histórias em todas as faixas etárias, podemos expressar,
mostrar sentimentos e ter diferentes reações que representem a nossa visão de mundo, podendo compartilhar
vivências e opiniões.
No processo de avaliação psicológica, as histórias podem desempenhar um papel importante ao permitirem que
crianças, adolescentes e adultos associem as histórias que leem, escutam ou constroem com suas vivências,
auxiliando na expressão, verbalização e elaboração de estratégias para lidar com dificuldades. Além disso, as
histórias podem estimular a memória, favorecendo que relembremos experiências passadas, encontrando, assim,
caminhos que permitam relacionar memórias e afetos. Desse modo, ao identificarmos e conhecermos um pouco
mais do mundo interior de uma pessoa a partir das histórias que ela cria, torna-se possível compreendermos
alguns aspectos de sua personalidade.
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A seguir, abordaremos duas ferramentas de avaliação da personalidade por meio da construção de histórias, que
são os testes TAT (Teste de Apercepção Temática) e CAT-A (Teste de Apercepção Infantil – Figuras de Animais).
Alertamos que todas as imagens usadas nesse material são apenas representativas ou ilustrativas. Não usamos
imagens dos testes em questão para preservarmos o material e lembramos que todas as informações aqui
discutidas devem ser consideradas apenas por psicólogos e estudantes de Psicologia.
A seguir, vamos conhecer um dos instrumentos projetivos utilizados para avaliação da personalidade chamado
Teste de Apercepção Temática – TAT. Inicialmente, para que você possa compreender melhor a origem do TAT,
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Faça para você mesmo a seguinte pergunta: o que sei sobre técnicas
projetivas?
Respondendo brevemente a essa questão, podemos definir as técnicas projetivas como ferramentas que visam
favorecer ao máximo a manifestação do mundo interno da pessoa examinada usando material ambíguo, ou seja,
que dê margem a diferentes interpretações. Da mesma forma, as instruções devem dar liberdade quanto ao uso
dos estímulos na elaboração das respostas. O objetivo é fornecer um mínimo de elementos externos, suficientes
apenas para revelar a resposta e permitir uma avaliação do contato com a realidade.
As técnicas projetivas voltam-se para o conteúdo das repostas. No caso do teste que vamos aprender, também é
realizada a análise da apercepção, que geralmente considera o que a pessoa vê e sente, e não como a pessoa vê e
sente, como, por exemplo, ocorre no comportamento expressivo, ou seja, a apercepção é referente ao processo de
interpretar subjetivamente um estímulo, fundamentado em suas experiências anteriores. Assim, mediante essa
forma de elaborar suas experiências, a pessoa revela a atitude e estrutura interna frente à realidade
experimentada.
O TAT tem sua origem definitiva em 1943 e foi desenvolvido por Henry A. Murray e Christina D. Morgan (Murray,
1964 apud Hutz et al, 2018). Henry Murray (1893-1988) foi um médico e historiador, interessado nos trabalhos de
Freud e de Jung, que atuou na Clínica Psicológica de Harvard.
Originalmente, Murray estudou Bioquímica, mas, em 1923, incentivado por Morgan, leu Tipos psicológicos, de
Jung, e se interessou profundamente pela Psicologia. Foi justamente sob influência dessa obra de Jung que
Murray introduziu o conceito de apercepção. Por outro lado, Christiana Morgan (1897-1967) foi paciente de Jung e
teve um relacionamento próximo com Murray. Artista, escritora e psicanalista da Universidade de Harvard, ela
administrou uma das primeiras versões do teste (que inclui imagens produzidas por ela) a um dos primeiros
pacientes com diagnóstico de anorexia, em Boston.
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A partir dos estudos e experimentos que vinham sendo realizados envolvendo a aplicação de cartões ou
desenhos atrelados a inquéritos, e junto com as suas próprias articulações experimentais, Murray constatou que
se pode apreender o funcionamento psíquico de uma pessoa por meio dos relatos de histórias adquiridas a partir
da apercepção de imagens, podendo essas articulações serem consideradas como o fundamento teórico do TAT.
Sendo assim, o termo “projetivo”, no contexto do referido teste, não se assemelha ao conceito psicanalítico de
projeção, embora a base interpretativa do instrumento seja pautada nessa abordagem. O conceito de projetivo
refere-se a um processo natural de apreensão dinâmica dos objetos do mundo externo e sua interação com o
mundo interno da pessoa. Sendo assim, foi atrelado a esse conceito a definição de apercepção, como já explicado
anteriormente.
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A denominação “temático” se dá pelo fato de se solicitar ao examinando que desenvolva uma história ou tema.
São instrumentos ideográficos, ou seja, voltados para a compreensão da pessoa em sua singularidade. Assim, o
TAT:
Tem como público-alvo adolescentes e adultos, frequentemente utilizado na faixa etária entre 14 e
40 anos.
Tem como propósito revelar aspectos da personalidade que podem estar inconscientes, como
impulsos, conflitos, emoções, sentimentos, complexos etc.
Tem sido considerado como uma “radiografia da personalidade”, assim como outros testes
projetivos.
Tem o perfil de um instrumento que contribui para que o mundo interior possa ser observado e
revelado, assim como outros testes projetivos.
Tem como característica revelar a o inconsciente através das respostas aos cartões (ou pranchas)
de aplicação.
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Os cartões apresentam-se com numeração impressa no seu verso, que variam conforme sexo e faixa etária. A
seguir, veremos uma pequena descrição de cada cartão, bem como seus respectivos significados:
Cartão 1 – O menino e o violino – relação com autoridade e aspirações, objetivos, dificuldades e realizações do
herói.
Cartão 2 – A estudante do campo – área das relações familiares, percepção do ambiente, nível de aspiração e
atitude frente aos pais.
Cartão 3 RH – A pessoa está curvada sobre o divã – tristeza, abandono, desespero, depressão, suicídio.
Cartão 4 – A mulher que retém o homem – controle x impulso e conflito nas relações heterossexuais
(abandono, traição, ciúme).
Cartão 5 – A senhora na porta – mãe-esposa (protetora, vigilante, castradora); atitudes antissociais, reações
frente ao inesperado.
Cartão 6 RH – O filho que parte – relação com a figura materna (dependência- independência, abandono,
culpa).
Cartão 6 MF – A mulher surpreendida – relação com a figura paterna que a surpreende escondendo algo,
parceiro ou possibilidade de contato afetivo – sexual.
Cartão 9 RH – O grupo de vagabundos – atitudes frente ao trabalho e ao ócio, sentimentos quanto à própria
capacidade e possibilidade de atuação; relação com o próprio grupo e homossexualidade.
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Cartão 9 MF – As duas mulheres na praia – competência feminina, espionagem, culpa, perseguição; atitude
frente ao perigo, desconhecido ou proibido.
Cartão 10 – O abraço – conflitos do casal e atitudes frente à separação; relações heterossexuais satisfatórias.
Cartão 12 F – A mulher jovem e a mulher velha – atitudes frente à figura da mãe ou da filha, ao envelhecimento
e ao matrimônio; relações mãe-filha.
Cartão 12 H – O hipnotizador – atitude frente à figura de autoridade, à terapia e até à própria situação do teste.
Cartão 13 HF – A mulher na cama e um homem em pé com o braço esquerdo cobrindo o rosto – atitude frente
às mulheres e ao sexo; às vezes, sentimento de culpa e atitude frente ao alcoolismo.
Cartão 18 RH – A mulher que estrangula outra mulher – relações entre figuras femininas.
Inicialmente, nas primeiras versões do TAT, existiam apenas 19 imagens, além do cartão em branco. A série atual,
composta de 31 cartões, foi selecionada pela eficácia de cada um, calculada com a ajuda de outros testes de
personalidade.
Como você pôde ver, alguns cartões apresentam, além do número, algumas letras. Eles se referem ao público-alvo
para o qual é destinada a sua aplicação, sendo divididos em:
Cartões universais
São apenas números.
Aplicando o TAT
Para a aplicação do TAT, é recomendado que antes do processo de aplicação seja previamente construído um
ambiente de confiança, tendo já se estabelecido um rapport, e que o examinador tenha minimamente um
conhecimento da realidade da pessoa que vai se submeter ao teste, sendo o mais indicado aplicá-lo dentro de um
contexto clínico, uma vez que o TAT só constitui um instrumento acessório de diagnóstico e não foi designado
primordialmente para classificação nosológica. Entretanto, o TAT pode ser utilizado em outros contextos, como
avaliações para cirurgias, contexto jurídico etc.
A fim de melhor apreender a subjetividade da pessoa na prática clínica, o examinador geralmente seleciona
cartões (ou pranchas) que, segundo ele, terão maior probabilidade de fornecer informações sobre os problemas
do sujeito. Os cartões selecionados são apresentados, um por vez, ao examinando, que é solicitado para contar
uma história sobre o que está acontecendo em cada um.
Dica
O processo de aplicação pode ser realizado em duas sessões, aplicando em cada uma a sequência de 10 cartões
previamente selecionados, de acordo com o perfil da pessoa que será avaliada (idade e sexo do avaliado),
escolhendo 19 cartões e o cartão em branco, totalizando 20 cartões.
Serão necessários na estrutura do recinto em que seja aplicado o teste os seguintes materiais:
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Cartões de aplicação;
Cadeira (divã ou sofá) confortável (a pessoa a ser avaliada deverá ficar de costas para o psicólogo).
As instruções a serem fornecidas para a pessoa a ser avaliada são padronizadas de acordo com o manual do TAT
e consistem em convidar o examinado a criar uma história para cada cartão que será apresentado.
Recomendação
O psicólogo deve ficar atento para que a história tenha um início, um meio e um fim, que esteja claro sobre o que
se passa em cada imagem apresentada, bem como o que aconteceu antes, qual será o desfecho, assim como
quais são os sentimentos experimentados pelos personagens.
Existem duas formas diferentes para aplicação, de acordo com níveis socioculturais e de instrução, sendo elas:
Forma A expand_more
É aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de inteligência. Assim, a instrução apresentada
no início do teste é a seguinte:
“Este é um teste de imaginação que é uma das formas da inteligência. Vou mostrar a você alguns quadros,
um de cada vez, e a sua tarefa será inventar, para cada um deles, uma história com o máximo de ação
possível. Conte-me o que levou ao fato mostrado no quadro, descreva o que está acontecendo no
momento, o que os personagens estão sentindo e pensando. Diga depois como termina a história. Procure
expressar seus pensamentos conforme eles forem ocorrendo na sua mente. Você compreendeu? Como
você tem cinquenta minutos para os dez quadros, você pode empregar cerca de cinco minutos para cada
história. Aqui está o primeiro quadro”. (MURRAY, 2005, p. 21-23).
Forma B expand_more
É aconselhável para crianças, adultos com grau baixo de inteligência, bem como psicóticos. A instrução
apresentada é:
“Este é um teste para contar histórias. Eu tenho aqui alguns quadros que vou lhe mostrar. Quero que você
faça uma história para cada um deles. Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. Diga
o que as pessoas estão sentindo e pensando e como a história acaba. Você pode fazer o tipo de história
que quiser. Compreendeu? Bom, então está aqui o primeiro quadro. Você tem cinco minutos para fazer
uma história. Faça o melhor que puder.” (MURRAY, 2005 p. 21-23).
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Após o examinado construir a primeira história (referente ao primeiro cartão), é importante que o psicólogo elogie
e, se for necessário, corrija (estimular para que tenha desfecho, tempo, reação e herói – que representa o
personagem principal da história).
Atenção!
É permitido para a aplicação do teste a gravação das histórias, bem como a presença de um psicólogo auxiliar,
fato que deve ser previamente acordado com a pessoa a ser avaliada.
É importante também que a pessoa examinada não saiba que o teste continuará na próxima entrevista, uma vez
que, na aplicação da segunda série de cartões, é solicitado que o examinado se expresse com ainda mais
liberdade. O psicólogo o convida a usar ainda mais a imaginação. Na utilização do cartão 16 (em branco), é dada
uma instrução especial: é solicitado que a pessoa primeiro imagine uma gravura e depois crie uma história
baseada nela.
Após o processo de aplicação, é iniciado o inquérito, a fim de saber a origem das histórias construídas pela
pessoa, ou seja, de onde foram tiradas as ideias de suas histórias, bem como qual a relação delas com suas
experiências pessoais, seus sonhos, fantasias ou se tiveram outra fonte de inspiração, como filmes, séries ou
livros. Durante o inquérito, os enredos das histórias significantes são recordados, estimulando o relato livre e
aberto, isto é, a associação livre.
Isso requer um domínio e um manejo adequado desse instrumento, sendo relevante uma preparação prévia para
que ele seja aplicado da melhor maneira possível. Lembre-se de que para a aplicação e utilização de qualquer
teste psicológico é fundamental também o adequado uso do material do instrumento, o qual deve ser apenas o
material original, assim como seguir de forma fiel o manual e suas instruções.
Recomendação
Lembre-se de que sempre devemos verificar a validade do teste que aparece na SATEPSI – Sistema de Avaliação
dos Testes Psicológicos, site do CFP.
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Aplicação do TAT e suas particularidades
Neste vídeo, a especialista apresenta as particularidades e cuidados na aplicação do TAT.
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Questão 2
Em relação ao número total de cartões (ou pranchas) existentes no TAT, quantos cartões compõem o teste
em sua versão atual?
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A 20
B 31
C 21
D 30
E 19
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Primeiro pressuposto
O primeiro ponto que precisamos levar em consideração está relacionado ao conceito fundamental da
personologia de Murray, ou seja, o sistema teórico centrado na dualidade necessidade – pressão, que é o método
defendido por Murray para a interpretação dos resultados.
Murray colocava como hipótese fundamental a identificação do narrador com o personagem central (herói),
partindo do pressuposto de que diferentes indivíduos experimentam uma mesma situação, cada um a seu modo,
de acordo com sua perspectiva pessoal, revelando então a estrutura da pessoa frente à realidade experimentada
(HUTZ; BANDEIRA & TRENTINI, 2018).
Quando nos identificamos com os diferentes heróis das histórias, vivemos a realização de fantasias e conflitos. A
personologia de Murray está baseada nos fundamentos psicanalíticos, compreendendo a personalidade como um
movimento de formação e relacionando necessidades com pressões do meio e o estado interior.
Para o autor, as pessoas possuem certas necessidades que podem ser conscientes ou inconscientes, e por isso
elas vão em busca de atender a essas suas necessidades.
Entretanto, nessa busca de atender às suas necessidades, a pessoa encontra pressões do meio, que podem ser
favoráveis ou desfavoráveis, gerando, assim, diferentes estados interiores, podendo ser esses de satisfação
(porque as necessidades foram atendidas pelo meio) ou de conflito, e de tensão (porque as necessidades não
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foram atendidas). Murray diz que é nesse movimento que a personalidade vai se desenvolvendo e vai se
estruturando.
Segundo pressuposto
Mediante as histórias contadas pela pessoa durante a aplicação dos testes, são reveladas características de sua
personalidade - é o que diz o segundo pressuposto considerado na interpretação, sendo que tal premissa depende
de duas importantes tendências psicológicas:
A primeira delas é a tendência das pessoas para interpretar uma situação humana
ambígua baseando-se em suas experiências passadas e em seus anseios presentes; a
segunda é a inclinação das pessoas que escrevem histórias para agir de igual maneira.
Assim, quando o narrador utiliza o acervo de suas experiências, ele acaba por expressar seus sentimentos e
necessidades conscientes ou inconscientes (MURRAY, 2005).
Terceiro pressuposto
Para que você consiga interpretar o TAT de forma mais global, o terceiro pressuposto traz a importância de que
você, cada vez mais, treine o olhar clínico com a observação, entrevistas e aplicação de testes.
Lembremos que as histórias geralmente são interpretadas em função das relações do sujeito com figuras de
autoridade, com pessoas contemporâneas de ambos os sexos e em termos dos ajustes entre o id, ego e superego
etc., bem como as necessidades de cada uma dessas instâncias.
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Análise formal
Está relacionada ao estudo da organização, o estilo e a riqueza das formulações com o objetivo de obter
informações sobre as qualidades intelectuais da pessoa.
close
Análise de conteúdo
Está articulada em torno de motivações, fatores internos e traços gerais do herói, forças do meio exercendo
uma influência sobre o herói, desenvolvimento e desfecho da história e análise dos temas (interesses e
sentimentos).
É importante também que você realize a entrevista com a pessoa a ser avaliada a fim de obter alguns dados, tais
como: idade e sexo do avaliado, saber se os pais estão vivos e se são separados, se tem irmãos e qual a(s)
idade(s) e sexo(s), profissão e estado civil.
Após a interpretação da análise formal e a análise de conteúdo, é realizada a síntese do TAT, que segue, de um
modo geral, os cinco pontos de análise de conteúdo (motivações, fatores internos e traços gerais do herói, forças
do meio exercendo uma influência sobre o herói, desenvolvimento e desfecho da história e análise dos temas
(interesses e sentimentos).
Traços gerais do herói são o ponto de partida para a análise e consiste em reconhecer o personagem com o qual
o avaliado se identificou. Aspectos importantes a serem levados em consideração são:
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O personagem que pareceu despertar mais interesse no avaliado, sendo o ponto de vista adotado, bem como os
sentimentos e motivações descritos de forma mais profunda.
where_to_vote
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O personagem que mais apresenta características semelhantes ao avaliado, tais como idade, sexo e profissão,
além de compartilhar mais sentimentos e objetivos.
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O personagem que mais aparece na história (por exemplo, no começo e no fim).
O herói pode estar caracterizado com diferentes traços. Alguns deles são: superioridade (poder/capacidade),
inferioridade, criminalidade, anormalidade psíquica, sentimento de pertinência, liderança, envolvimento em
conflitos interpessoais etc. Geralmente, a maior parte das histórias possui apenas um herói, entretanto, algumas
das seguintes situações podem se apresentar:
Histórias com diversos heróis, sendo que a identificação com o personagem sofre mudanças ao
longo da trama.
Histórias com dois personagens diferentes podem representar duas forças da personalidade.
Histórias podem ser contadas dentro de outras, abrindo a possibilidade de um herói secundário
observando um herói primário.
Histórias com atos ou atitudes heroicas (heroísmo) estão representados por um grupo de pessoas.
Histórias em que não existe uma identificação do sujeito com o personagem, sendo que ele aparece
como um observador distante ou narrador.
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Vamos ver agora cada um dos pontos síntese do TAT, bem como suas respectivas características.
A necessidade pode expressar-se subjetivamente como um impulso, um desejo, uma intenção, ou então,
objetivamente, como uma tendência para um comportamento aberto.
A necessidade pode estar fundida com outras necessidades, de modo que uma única ação satisfaça duas ou
mais delas simultaneamente.
A necessidade pode funcionar como uma força útil, subsidiária à satisfação de outra necessidade dominante.
Os traços ou atitudes podem ser analisados por pontuação. Nesses casos, cada manifestação é computada
numa escala entre 1 e 5, sendo a força de uma variável avaliada pela intensidade, duração, frequência e
importância do enredo.
O avaliador pode usar a lista proposta no manual ou selecionar as variáveis de acordo com os objetivos da
avaliação.
Os motivos, interesses e sentimentos ainda podem estar relacionados com os seguintes fatores:
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Na lista de fatores internos do herói, estão incluídos os seguintes estados interiores e emoções:
Em forças do meio exercendo uma influência sobre o herói, é possível identificar as necessidades das pessoas
com as quais o herói se relaciona que podem ser pontuadas numa escala de 1 a 5:
5. Necessidade das seguintes características dos personagens: incluir ausência de pressões benéficas (falta,
privações, perdas) e distúrbios corporais (deficiências, dores, doenças).
3. Observar qual o poder das forças favoráveis ou benéficas se comparadas às oponentes ou danosas?
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7. Observar até que ponto manipula ou subjuga as forças do ambiente ou é manipulado e subjugado por elas?
Em análise dos temas, a interação de necessidade e pressão ambiental junto ao desfecho podem ser analisadas a
partir dos seguintes pontos:
1º ponto
Ter atenção tomando cada necessidade e anotando a pressão com que ela se combina na maioria das
histórias.
Depois observar com que necessidades e emoções a pressão exageradamente alta interage.
close
2º ponto
Ter atenção ao visualizar cada história como um todo e separar os temas de maior e menor importância, os
enredos principais e os secundários.
Depois observar quais desfechos, conflitos e dilemas têm importância para o sujeito e se possuem temas em
comum.
Considerando que o objetivo da interpretação do TAT é chegar a elementos da personalidade, a fim de obter uma
apreciação global dos recursos da pessoa observada na interpretação, é necessário a realização de uma síntese
para organizar os elementos observados durante a aplicação do instrumento. Esta pode ser elaborada por meio de
um relatório descritivo das observações realizadas ao longo de todo o protocolo de aplicação, tais como
expressões corporais, maneiras de se aproximar de cada cartão, a forma como foram realizadas as narrativas e
os elementos anteriormente descritos.
Atenção!
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Cabe ressaltar que o presente conteúdo a respeito do TAT é para que você possa ser introduzido acerca desse
instrumento, sendo sua utilização restrita ao aprendizado no contexto acadêmico, não sendo aconselhado o seu
uso para outras finalidades.
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Como realizar a síntese do TAT
Neste vídeo, a especialista reflete sobre como organizar os elementos observados durante a aplicação do
instrumento para a realização da interpretação e síntese do TAT.
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A Necessidade – Impulsividade
B Necessidade – Apercepção
C Necessidade – Pressão
D Pressão – Impulsividade
E Apercepção – Impulsividade
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Questão 2
Na análise do TAT uma distinção é importante no que diz respeito à análise formal e à análise de conteúdo.
Com relação a elas podemos afirmar que:
II – A análise formal diz respeito à organização, ao estilo e à riqueza das formulações, dando informações
sobre o intelecto da pessoa.
III – Na análise do conteúdo deve-se observar somente quatro pontos: motivações, fatores internos e traços
gerais do herói, interesses e sentimentos e desenvolvimento e desfecho da história.
A Somente a II.
B Somente I e III.
C Somente a I.
D Somente I e III.
E Somente a III.
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Como a criança utiliza os recursos psicológicos que dispõe para enfrentá-las e quais mecanismos
de defesa que pode estar utilizando.
O público-alvo a que se destina o CAT-A são crianças entre 5 e 10 anos (faixa etária dos novos estudos de
validação para a população brasileira). A partir da definição construída por seus autores, esmiuçando o significado
desse instrumento, podemos compreendê-lo da seguinte maneira:
É considerado um teste projetivo na medida em que, a partir do estímulo ambíguo apresentado por meio dos
cartões, a criança tenderá a exteriorizar aspectos de sua personalidade não perceptíveis de outra forma.
Relembrando
A apercepção é um conceito que está relacionado ao processo pelo qual um estímulo novo é conectado a uma
experiência já existente, dando origem a uma nova interpretação. Os temas que são apresentados nos cartões são
um mecanismo que proporciona a interpretação e a identificação com os personagens a partir do conteúdo
latente, isto é, determinações e motivações inconscientes que são verbalizadas com base nos estímulos
apresentados nos cartões.
O CAT-A é um instrumento composto por 10 cartões que contêm personagens, especificamente animais e outros
ligeiramente antropomórficos (figuras com atributos humanos), podendo ser aplicável como citado anteriormente
a crianças de 5 a 10 anos, de ambos os sexos. Desde sua criação, o CAT-A é um instrumento bastante utilizado
em avaliações psicológicas, principalmente na clínica com crianças.
Alguns estudos de validação apontam que esse instrumento é uma ferramenta que pode
corroborar casos de suspeita de abuso sexual ou violência doméstica.
A utilização de figuras de animais se deve especialmente ao fato de que as crianças tendem a se identificar mais
prontamente com animais do que com pessoas.
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Tal constatação foi relatada pelo psicanalista e historiador da arte Ernst Kris (1900-1957), que ao analisar o teste
no qual o CAT foi inspirado, o TAT, verificou que ele não atendia de forma integral às necessidades práticas com
crianças pequenas, pois muitas situações representadas pelos cartões não eram relevantes no que se refere a
conflitos do crescimento.
Ao elaborar e produzir novos cartões, inicialmente o resultado foi a produção de 18 figuras essencialmente de
animais e outras antropomórficas, mas a partir da análise das figuras e a influência sobre o estímulo que poderia
ser produzido nas crianças, eliminaram-se oito cartões, restando apenas dez, que constituem o teste até o
presente momento. As vantagens do uso de figuras animais em técnicas temáticas para crianças estão
relacionadas ao seguinte papel nas fantasias e angústias infantis:
Sendo assim, os autores do CAT, Leopold Bellak (1916-2002) e Sonya Bellak dedicaram-se à produção de um
material diferente do TAT que fosse mais acessível ao universo infantil, desenvolvendo, então, cartões de
aplicação direcionados para crianças, uma vez que constataram que as crianças pequenas tendem a se identificar
mais facilmente com animais do que com pessoas.
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Tendo como fundamento a teoria psicanalítica, o CAT tem por objetivo eliciar processos projetivos sob a forma de
histórias, de modo a facilitar a compreensão das tendências da criança e suas relações com as figuras mais
importantes de sua vida, a natureza e a força dos impulsos e tendências, as defesas mobilizadas contra eles, a
dinâmica das relações interpessoais, o estudo do desenvolvimento infantil e a compreensão da dinâmica familiar.
Os elementos que os cartões exploram geralmente são analisados com base nesses pressupostos teóricos e
estão relacionados a questões como situações e papéis importantes no desenvolvimento e na vida da criança,
bem como problemas de alimentação, rivalidade entre irmãos, complexo de Édipo e cena primária, agressão,
medos, masturbação, hábitos de limpeza etc.
Os cartões de aplicação que compõem o CAT-A são formados por representações de cenas impressas em tons de
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cinza sobre fundo claro com a presença de personagens animais e são apresentados um por vez à criança, que
deverá narrar uma história a partir da cena apresentada. A sequência da apresentação é determinada pela
numeração de 1 a 10, enquanto os outros cartões permanecem ocultos, favorecendo que a criança se concentre
em apenas uma gravura por vez. A seguir, veremos de forma resumida a descrição de cada cartão e as cenas que
os constituem (HUTZ; BANDEIRA; TRENTINI, 2018):
Cartão 1: Três pintinhos estão sentados em volta de uma mesa, sobre a qual está uma tigela grande de comida.
Mais para o canto, pode ser vista a imagem difusa de uma galinha grande.
Cartão 2: Um urso puxa uma corda em uma ponta, enquanto outro urso e um ursinho puxam na outra ponta.
Cartão 3: Um leão com um cachimbo e uma bengala, sentado em uma cadeira. No canto inferior direito, um
ratinho aparece em um buraco.
Cartão 4: Um canguru, usando um chapéu, leva uma cesta com uma garrafa de leite; em sua bolsa há um bebê
canguru segurando um balão; em uma bicicleta, está uma criança canguru um pouco maior.
Cartão 5: Um quarto escuro, com uma cama grande ao fundo. No primeiro plano, pode-se ver um berço com
dois ursinhos.
Cartão 6: Uma caverna escura com o contorno de dois ursos ao fundo. No primeiro plano, pode-se ver um
ursinho deitado.
Cartão 7: Um tigre com presas e garras expostas salta sobre um macaco, que, por sua vez, pula no ar.
Cartão 8: Dois macacos adultos estão sentados em um sofá, tomando chá. Um macaco adulto, no primeiro
plano, sentado em um pufe, está falando com um macaco pequeno.
Cartão 9: Um quarto escuro é visto por uma porta aberta de um ambiente iluminado. No quarto há uma cama
na qual há um coelho que olha para a porta.
Cartão 10: Um cachorrinho está deitado no colo de um cachorro que está sentado. As duas figuras têm
expressão neutra e estão em um banheiro.
Aplicação do CAT-A
O processo de aplicação do CAT-A tem seu início bem antes da apresentação dos cartões. Como em qualquer
outro teste psicológico, um dos principais ingredientes para uma boa aplicação é o bom estabelecimento do
rapport com a criança, isto é, um bom estabelecimento de um vínculo e aliança terapêutica.
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Após esse passo, é recomendado que o CAT- A seja apresentado à criança como um jogo e não como um teste,
entretanto, ao se tratar de crianças maiores que já possam compreender que se trata de um teste, é relevante
frisar e esclarecer que não se trata de um instrumento de aprovar ou reprovar, mas que o mais importante é ela
inventar uma história para cada figura que será apresentada.
É muito importante também antes de aplicar qualquer teste, que tenhamos domínio sobre ele. Assim, como é
previsto no código de ética profissional do psicólogo, é fundamental que o psicólogo assuma responsabilidades
profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente (CFP, 2005).
A forma de execução do teste consiste em comunicar à criança que serão apresentados cartões sobre os quais
ela terá que inventar uma história a partir do que está sendo observado por ela. É muito importante que o
psicólogo demonstre interesse pelo que a criança está trazendo e anote tudo o que ela disser, bem como seu
comportamento diante de cada cartão.
As instruções originais do teste recomendadas por Bellak e Abrams descreviam o teste como um jogo de histórias
no qual eram usadas 10 figuras. Uma figura por vez era mostrada à criança para que ela criasse uma história de
faz de conta. A criança deveria dizer o que estava acontecendo na figura, o que acontece depois e o fim da
história; ou o que aconteceu antes, o que está acontecendo e o final da história. O importante era ela criar uma
história com começo, meio e fim.
Essa forma estruturada de aplicar o teste e apresentar os cartões permite que a criança compreenda o que
precisa desenvolver ao longo da avaliação. As instruções podem ser retomadas sempre que necessário, devendo
ser realizadas de forma sucinta e adequadas à etapa do desenvolvimento do avaliado.
Exemplo
Se a criança se encontra na fase pré-escolar, ao retomarmos as instruções, elas podem ser fornecidas a partir de
uma sequência temporal no momento propício, perguntando de forma direcionada: “E o que aconteceu antes?”, “E
o que acontecerá depois?”. Se, porventura, ela não conseguir fugir da mera descrição das pranchas, a
recomendação é para que o entrevistador solicite que a criança imagine uma história.
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Ocampo (2003) sugere que durante a aplicação o psicólogo entrevistador pode intervir com perguntas que
esclareçam mais o que foi dito pela criança, a fim de estimular a obter uma resposta mais completa possível,
permitindo que ela se estenda mais em sua construção e finalize cada história. Entretanto, é necessário que o
entrevistador tenha o cuidado para não direcionar e fazer perguntas que possam sugerir situações determinadas,
prejudicando a história originalmente construída pela criança.
Deve-se também evitar perguntas que possam ser respondidas com “sim”
ou “não” em cada tema apresentado.
Dica
Observe como a criança narra a história, de modo a identificar se ela faz apenas uma descrição da cena estática
de cada cartão ou se, a partir do estímulo apresentado pelas cenas, ela consegue desenvolver uma história. Caso
a criança fique mais restrita à mera descrição, pode ser um sinal de uma possível resistência à situação da
aplicação ou maneiras de enfrentamento da ansiedade diante de algum tema difícil. Entretanto, cabe considerar
que toda narrativa apresenta elementos presentes no estímulo.
De acordo com Tardivo (2008), os significados dos temas que surgem em cada cartão de acordo com a
população brasileira são os seguintes:
Cartão 1 expand_more
O significado desse cartão pode fazer referências à figura materna, geralmente percebida como alguém
que nutre e gratifica. Podem surgir temas referentes ao ato de comer, de ser ou não ser alimentado e
atitudes diante da alimentação. O papel da comida como recompensa ou punição e problemas gerais de
oralidade também podem estar presentes.
Cartão 2 expand_more
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O significado desse cartão costuma ser associado à percepção do conflito edípico, como também é
relevante observar com quem o ursinho coopera (mãe ou pai). Podem surgir temas relacionados à
competitividade, revelando segurança ou insegurança da criança no que se refere à sua própria
capacidade, sendo manifestada, por exemplo, como uma luta, com expressão de agressividade da própria
criança ou autonomia, como também por meio da brincadeira (cabo de guerra). A ruptura da corda pode
estar relacionada à preocupação com o castigo ou, de forma simbólica, com o medo da castração.
Cartão 3 expand_more
O significado desse cartão demonstra como o personagem do leão geralmente é associado à figura
paterna, reforçado pelo contexto simbólico do cachimbo e bengala e pelo fato de estar sentado no trono
como um “rei”. O símbolo da bengala pode ser visto tanto como um instrumento de agressividade, como
para depreciação, sendo o leão visto como alguém mais velho que necessita de apoio, que denote
impotência e não imponha temor (nesse caso, é necessário observar se poderia ser uma defesa). É
importante verificar que tipo de força essa figura do leão representa, se é boa ou ruim. O outro
personagem, o ratinho, costuma ser visto como a figura de identificação da criança, o que torna relevante
observar o tipo de relação e interação entre o ratinho e o leão (se é amistosa, consoladora, ameaçadora).
Para confirmar que essa projeção pode estar relacionada à figura paterna, é importante relacionar com
outras histórias e outros dados. Algumas crianças podem alternar a identificação com o leão e o ratinho ao
longo da construção da história, o que pode, por exemplo, ser um indicativo de confusão de papéis ou
conflito de submissão e autonomia.
Cartão 4 expand_more
O significado desse cartão geralmente está relacionado a situações de lazer e relação com a figura
materna, sendo este um aspecto importante. Podem surgir questões relacionadas à rivalidade entre
irmãos e indagação sobre a origem dos bebês. Também podem ser identificados comportamentos
regressivos para ficar mais perto da mãe (identificação com o bebê), ou desejos de autonomia (ênfase no
canguru pequeno andando de bicicleta). A cesta de frutas também pode evocar questões relacionadas à
comida e, em alguns casos, podem surgir temas relacionados à fuga do perigo.
Cartão 5 expand_more
O significado desse cartão comumente pode surgir estando relacionado à cena primária, tais como medo
de abandono, fuga da situação (ex.: os ursinhos estão dormindo e os pais estão fora de casa), e
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necessidades orais (os ursinhos estão com fome ou estão recebendo alimento). Atenção: Nos cartões 5 e
6 podemos observar como a criança se sente com a intimidade dos pais.
Cartão 6 expand_more
O significado desse cartão também está relacionado à cena primária, sendo geralmente uma ampliação de
questões que não foram anteriormente trazidas no cartão 5. Entretanto, temas como ciúmes, castigos,
necessidades de proteção e medo de perder a mãe podem surgir também.
Cartão 7 expand_more
O significado desse cartão costuma evocar e favorecer a expressão do medo da agressividade e de modos
de lidar com ela, tendo as respostas mais típicas relacionadas à figura que ataca, geralmente percebida
como masculina, ameaçadora, hostil e persecutória. A rejeição a esse cartão pode revelar uma defesa
contra a ansiedade da criança diante de situações ameaçadoras que envolvam expressão da
agressividade, bem como histórias que não produzem o efeito esperado a partir do estímulo (ex.: o tigre e
o macaco estão brincando ou são amigos).
Cartão 8 expand_more
O significado desse cartão demonstra que o estímulo costuma revelar qual é o papel da criança na
estrutura e aspectos da dinâmica familiar, bem como também podem surgir significados relacionados à
identificação com a figura parental e sentimento de proteção e aceitação. A figura do adulto em primeiro
plano pode ser percebida tanto como figura materna quanto paterna.
Cartão 9 expand_more
O significado desse cartão pode relacionaar o tema a castigo, agressividade e pesadelos. Podem surgir
temas relacionados ao medo do escuro, de ser abandonado pelos pais ou de ser deixado sozinho.
Eventualmente, a criança pode trazer algum conteúdo relacionado ao que se passa no ambiente ao lado,
provavelmente devido à interferência de mecanismos de defesa diante da ansiedade mobilizadas pelos
temas anteriormente descritos. Em contrapartida, também podem surgir nas histórias significados
relacionados ao desejo de independência e crescimento.
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Cartão 10 expand_more
O significado desse cartão demonstra histórias relacionadas ao controle dos esfíncteres e controle dos
impulsos que podem ser observadas, bem como concepções de moralidade da criança. Ocasionalmente,
foram observados temas de carinho e cuidado entre os personagens, o que pode evidenciar relações
gratificantes da criança ou defesas contra a ansiedade mobilizada pelo estímulo, tais como punição ou
agressividade. Por se tratar do último cartão da avaliação, alguns pontos podem ser mais facilmente
evidenciados, tais como tendências regressivas e controles frágeis.
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Significados dos cartões e aplicação do CAT-A
Neste vídeo, a especialista apresenta os significados atribuídos aos diversos cartões a forma de aplicação do
CAT-A.
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A partir de histórias que o psicólogo conta para as crianças ao apresentar cartões contendo
B
figuras de animais e de pessoas.
Questão 2
No que se refere ao CAT-A, a constatação de que a utilização de figuras de animais em vez de pessoas era
mais adequada para a avaliação de crianças foi realizada por:
A Albert Ellis
B Henry Murray
C Ernst Kris
D Carl G. Jung
E Sigmund Freud
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Interpretando o CAT-A
No processo de interpretação do CAT é necessário, inicialmente, levar em consideração que as técnicas projetivas
exigem um tipo de raciocínio interpretativo diferenciado, de forma que a análise do instrumento não se dá apenas
por meio da observação de cada resposta individualizada e a realização de um somatório de respostas.
Isso significa que a cada resposta analisada dos cartões o psicólogo vai ampliando, aprofundando e esclarecendo
o funcionamento específico da criança avaliada. Sendo assim, podemos considerar que a análise do CAT-A é
fundamentada, basicamente, a partir das interpretações que a criança faz do estímulo, isto é, ela interpreta à sua
maneira, em função de suas necessidades e motivações.
Exemplo
O psicólogo, então, deve buscar compreender ao longo de todo o protocolo, como a ansiedade interfere em cada
produção, ou quando os conteúdos pessoais são retidos ou expressos, ou quando a criança consegue se soltar ou
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se retrai, ou até mesmo quando pode aumentar ou diminuir suas defesas a partir do impacto de um estímulo
específico.
Para tanto, diante da complexidade das possibilidades de interpretação, alguns esquemas foram desenvolvidos a
fim de melhor contribuírem para uma sistematização e organização dos dados observados durante a aplicação.
Vamos abordar aqui uma maneira de analisar e interpretar o CAT-A a partir dos pressupostos teóricos de Bellak e
Abrams (2010), que organizaram uma estrutura conceitual composta por oito categorias:
Autoimagem expand_more
Baseia-se nas características do herói principal – a figura central do relato, em torno da qual a história
transcorre. O herói é considerado a figura de identificação, na qual a criança projeta suas características
reais ou ideais. Quanto menos parecidos com o narrador, mais latentes podem ser os aspectos de sua
personalidade evocados.
Baseia-se na relação sobre como a criança percebe as outras pessoas e o tipo de relação que estabelece
com elas, sejam eles pais, irmãos, amigos, rivais. De um modo geral, as relações podem ser percebidas
como de apoio, rivalidade etc.
Baseia-se na categoria que se refere ao contexto que envolve o herói, e quanto mais coerente for a visão
do ambiente mostrada nas histórias do CAT-A, mais motivos existem para considerá-lo útil de suas reações
na vida diária.
Baseia-se nas necessidades que estão relacionadas ao comportamento do herói ou afirmações explícitas
que ele procura, ou deseja. Os conflitos podem estar relacionados aos impulsos que se opõem ao
superego, sendo importante sua identificação a fim de observar as ansiedades subjacentes e as defesas
utilizadas para enfrentá-la.
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Ansiedades expand_more
Baseia-se nas ansiedades que se refere ao que está por trás dos conflitos, o motivo fundamental de como
os conflitos se configuram, ou seja, àquilo de que a criança realmente se defende. Dentre as ansiedades
mais importantes, estão as relacionadas a danos físicos, abandono (solidão, falta de apoio), medo de ser
desaprovada (perder o amor ou não o ter).
Baseia-se em dois tópicos que foram subdivididos aqui a fim de tornar mais clara a sua compreensão e
análise:
Formação reativa – adoção de um impulso contrário ao que é indesejável que é mantido inconsciente. É
adotada uma postura rígida que impede a expressão de impulsos contrários.
Anulação e ambivalência – a anulação é uma ação que visa cancelar ou negar o que foi verbalizado; a
ambivalência é uma expressão de atitudes e sentimentos contraditórios em relação a uma pessoa ou
objeto.
Repressão e negação – repressão é a operação psíquica na qual é retirado da consciência algum conteúdo
(ideia ou afeto) indesejável. Negação está relacionada ao mecanismo utilizado como último recurso, ou
seja, quando outros mecanismos não foram o bastante para ‘barrar’ algum conteúdo inadequado ou desejo
reprimido.
Projeção e Introjeção – na projeção, o impulso inaceitável é atribuído a outra pessoa, objeto ou evento
externo, onde a pessoa expulsa de si qualidades, sentimentos, desejos ou objetos que não aceita em si
mesmo e localiza nos outros. Na introjeção, a pessoa introjeta em si características de outras pessoas
visando resolver suas próprias dificuldades emocionais.
Regressão – está relacionado a um retorno a formas de gratificação de fases anteriores diante de conflitos
que surgem em estágios posteriores do desenvolvimento, podendo ser percebidos a partir das formas de
expressão e comportamento da pessoa.
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Superego expand_more
A partir dessas categorias conceituais existe uma síntese que é produzida, resultando num último conceito
denominado de totalidade. Com esse oito norteadores mencionados anteriormente é possível ir desenvolvendo
um constructo que permita ao psicólogo identificar as questões referentes à personalidade por meio da fala da
criança e de suas reações.
De acordo com o manual de aplicação do CAT- A, a sistematização dos dados permite organizar e visualizar a
interpretação e análise dos conteúdos. Sendo assim, foi desenvolvido um sistema de pontuação de acordo com
os elementos identificados, referente às categorias de interpretação proposto por Bellak (2010). A seguir,
apresentamos alguns elementos considerados nas diferentes categorias:
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No final a pontuação foi sistematizada com o intuito de auxiliar na identificação de padrões recorrentes no
protocolo, sendo necessário estar atrelado à observação de outros fatores de avaliação contidos no instrumento.
Síntese do CAT-A
Tendo em vista que o objetivo deste instrumento é chegar a elementos da personalidade a fim de obter uma
apreciação global dos recursos da criança observadas na interpretação, é necessária a realização de uma síntese
para organizar os elementos observados durante a aplicação do instrumento. Assim, podemos identificar
diferentes níveis de análise.
Inicialmente, é importante a realização da síntese do tema principal com o objetivo de identificar o conteúdo
latente (a narrativa em seu estado bruto, que não está manifesto) do relato.
É importante, então, descrever de forma sucinta e objetiva o relato (nível descritivo), compreender a partir de uma
generalização formulada em termos de “se... então”, visando uma lógica interpretativa (nível interpretativo) e,
após essa etapa, buscar identificar o conteúdo latente a fim de alcançar a dinâmica da criança (nível diagnóstico).
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Após esse procedimento, é relevante você considerar alguns itens que possam auxiliar na compreensão do
funcionamento da criança, tendo em vista o estágio do desenvolvimento e o nível sociocultural no qual cada
criança se encontra. Alguns aspectos são importantes dentro dessa síntese:
Aspectos intelectuais
Considerar a amplitude do vocabulário, a riqueza do discurso e a diversidade de temas abordados.
Autoimagem
Considerar a percepção da criança e o quanto confia em sua própria capacidade de resolver as dificuldades que
enfrenta (adequação e participação do herói no desenlace; tipos de desenlace).
Encaminhamentos
Considerar a necessidade de intervenções posteriores e possíveis alternativas que ajudem a criança no
enfrentamento de suas dificuldades, relacionadas aos familiares, ao ambiente em geral ou a ela mesma, tais
como atividades em grupo, psicoterapia etc.
A síntese pode usar um relatório descritivo das observações realizadas ao longo de todo o protocolo de aplicação,
tais como expressões corporais, maneiras de se aproximar de cada cartão e a forma como foram realizadas as
narrativas, além dos elementos anteriormente descritos.
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video_library
Elaboração da síntese e relatório na
interpretação do CAT-A
Neste vídeo, a especialista apresenta os elementos e níveis de análise que devem ser considerados na elaboração
da síntese e relatório na interpretação do CAT-A.
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Questão 2
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No Teste de Apercepção Temática – CAT-A é necessária a realização de uma síntese dos elementos
elucidados no teste, a fim de se fazer uma análise global da criança. No que se refere ao tema principal, os
níveis interpretativos referentes ao processo de síntese são os níveis:
Considerações finais
Ao longo de todo o material, foram apresentados alguns dos testes para avaliação de personalidade mais
utilizados no Brasil, a fim de auxiliá-lo(a) em sua futura prática profissional e introduzi-lo(a) no contexto da
avaliação psicológica. Tanto o TAT como o CAT-A são importantes instrumentos na avaliação psicológica que
precisam ser utilizados com destreza, ética e consciência por parte do profissional psicólogo. É sempre
importante frisar que a utilização dos testes é de uso restrito ao psicólogo, sendo vedado o seu compartilhamento
e divulgação dos resultados.
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headset
Podcast
Neste podcast, a especialista apresenta as particularidades dos testes psicológicos TAT e CAT-A na avaliação
psicológica.
Referências
AFFONSO, R. M. L.; FARIA, A. P. de. Avaliação da psicoterapia breve de adulto: contribuição do teste de
apercepção temática T.A.T. Bol. Psicol., São Paulo, v. 65, n. 143, p. 211-228, jul. 2015. Consultado na internet em:
16 mar. 2022.
BELLAK, L; ABRAMS, D. CAT-A: Teste de apercepção infantil: figuras de animais/ Leopold Bellak e David M.
Abrams; adaptado à população brasileira [por] Adele de Miguel … [et al.]; [tradução Maria Cecília de Vilhena Moraes
Silva]. São Paulo: Vetor, 2010. - (Coleção CAT-A; v. 1)
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional dos psicólogos, Resolução nº 10/05, 2005.
Consultado na internet em: 27 mai. 2022.
HUTZ, C.; BANDEIRA, D.; TRENTINI, C. Avaliação psicológica da inteligência e da personalidade. Porto Alegre:
Artmed, 2018.
MURRAY, H. Teste de Apercepção Temática. 3 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
OCAMPO, M. L. S.; ARZENO, M. E. G.; PICCOLO E. G. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. São
Paulo: Martins Fontes, 2003.
TARDIVO, L.; SILVA, M. O Teste de Apercepção Temática com figuras de animais (CAT-A). In: VILLEMOR-AMARAL;
WERLANG. Atualidades em métodos projetivos para avaliação psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.
VILLEMOR-AMARAL, A. E. de; XAVIER, M. de F. Avaliação da relação com a figura materna no CAT-A. Psic: Revista
de Psicologia da Vetor Editora, São Paulo. v. 8, n. 2, p. 195-203, dez. 2007. Consultado na internet em: 19 mar.
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2022.
Explore +
Para que você possa se aprofundar ainda mais nos conceitos que permeiam a análise e interpretação do TAT, uma
dica é você conhecer o Dicionário de psicanálise, de Elisabeth Roudinesco e Michel Plon, publicado pela editora
Zahar em 1998.
Pesquise também pelo Dicionário de avaliação psicológica, de Juliane Callegaro Borsa, Manuela Ramos Caldas
Lins e Hugo Leonardo Rocha Silva da Rosa, publicado pela Vetor Editora em 2022, para que você tenha uma visão
ampla acerca dos instrumentos de avaliação psicológica.
Saiba mais sobre os testes que estão favoráveis e desfavoráveis para uso, bem como sobre o sistema de
validação que realiza essa distinção, acessando o site do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI).
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03567/index.html# 47/47