Quando Tudo Se Encaixa
Quando Tudo Se Encaixa
Quando Tudo Se Encaixa
Pode parecer que a empresa tenha que lançar mão de técnicas mirabolantes ou
tecnologias de outro planeta para chegar lá. Nada disso. O segredo é integrar a
utilização de diferentes técnicas e materiais construtivos, obtendo um conjunto
racionalizado. Mas como? O caminho mais curto, mostra a experiência dessas
empresas, passa pela formulação e aplicação de um padrão construtivo. A Inpar forma
grupos de desenvolvimento tecnológico responsáveis por áreas diversas, como
canteiros de obras, estruturas, vedações e acabamentos, impermeabilização,
instalações prediais, projetos, segurança do trabalho e informatização.
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Texto extraído da revista Técnhe 37 – nov/dez – 1998 – p. 28-32
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Esses comitês são formados por engenheiros, arquitetos e profissionais de diferentes
níveis hierárquicos da empresa e desenvolvem novas soluções e procedimentos
padronizados para a construtora. Duas vezes por ano, é feita uma sessão de
homologação das propostas. Trata-se de algo semelhante ao trabalho de normalização
realizado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), porém, sem as
dificuldades enfrentadas por essa entidade, em especial no que se refere ao setor da
construção civil. Homologados, os procedimentos passam a ser obrigatórios nos
canteiros da Inpar. “Na obra, quero engenheiro na frente de trabalho e não bolando ou
improvisando nada. Ninguém precisa inventar a roda duas vezes”, afirma o diretor-
técnico da Inpar, Luiz Henrique Ceotto.
Padronização de procedimentos
O resultado é visível a olho nu. As obras da Inpar possuem, em linhas gerais, a mesma
cara (veja ilustração), com algumas diferenciações próprias de cada empreendimento.
Alguns exemplos: todos os canteiros trabalham com grua para transporte de materiais,
a menos que isso não seja viável do ponto de vista técnico. Ninguém entra no
almoxarifado a não ser o almoxarife ou o ajudante. Nenhum operário pode entrar com
um saco de cimento nas costas, visto que o transporte vertical é todo feito pela grua,
que descarrega o material dentro do almoxarifado, em um pequeno cercado. Essa área
é toda aberta, protegida apenas por um alambrado telescópico, que pode ser
reaproveitado em outros canteiros. “Isso obriga o funcionário a manter tudo limpo e
organizado. Fica tudo visível”, afirma Ceotto. O transporte horizontal é inteiramente
paletizado.
As diferenças com outras obras começam logo na entrada do canteiro. Dois painéis
com reproduções de obras de arte, fruto de um convênio entre a Inpar e o Museu de
Arte Contemporânea, estão presos ao tapume de obras e chamam a atenção dos
visitantes do canteiro e até dos pedestres e motoristas que transitam por ali. Também
desperta a curiosidade o número reduzido de operários no canteiro de obras. Menos de
80 trabalhadores estão erguendo os 11.350 m2 de área construída da torre.
Para permitir que tudo se encaixe, no entanto, são necessários alguns ajustes. Para
“desvincular” as etapas de estrutura e fechamento da execução das instalações
hidráulicas, a opção pelo sistema PEX de tubos de polietileno reticulado foi
fundamental. Só depois que a estrutura está de pé e as paredes externas de
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fechamento são executadas é que começa a montagem das instalações hidráulicas. A
flexibilidade dos tubos e o número reduzido de conexões facilita o trabalho, que é feito
ponto por ponto, ou seja, da prumada até o ponto de saída d’água. Apesar da
necessidade de cortar paredes para permitir a passagem das tubulações, segundo a
equipe técnica da obra, o resultado final será compensador. Detalhe: atrás do chuveiro
de cada unidade será instalado um shaft visitável.
A parte elétrica segue o mesmo conceito. Uma prumada geral de alimentação com
barramentos blindados vai distribuir a energia para os pavimentos. Nas unidades, a
fiação ficará embutida entre o forro e a laje superior ou nas paredes de gesso
acartonado. Nada de quebra-quebra. Outro aspecto interessante em relação à parte
elétrica será o processo de medição. A recém-privatizada Eletropaulo Metropolitana,
responsável pelo fornecimento de energia na Grande São Paulo, fará a medição de
consumo na portaria do prédio por uma central de dados. Um sensor em cada unidade
vai informar o consumo de cada apartamento para a central. O sistema de medição
remota vai substituir centenas de relógios e permitir à Eletropaulo um trabalho mais
rápido e s eguro.
A eliminação das interfaces promovida pela Inpar diminui os custos fixos com
empreiteiros e facilita a fiscalização. Tal procedimento chega a ser vital para uma
construtora que terceiriza quase todos os serviços para empresas subcontratadas. “É
preciso mexer no processo construtivo para facilitar o controle”, afirma o engenheiro
Flávio Rios Vieira Lino, responsável pela obra do Caesar Towers Nações Unidas.
Gerenciamento e controle
Como as paredes de gesso acartonado não podem ser instaladas com os vãos das
janelas abertos, a fachada, que mistura pele de vidro com painéis de alumínio da
Alucobond, será executada em panos horizontais e não verticais. Serão fechados
“anéis” em volta dos andares, eliminando os vãos das janelas e liberando a instalação
dos painéis de gesso.
SEGURAÇA PRIORITÁRIA
Dos diversos comitês de desenvolvimento tecnológico criados pela Inpar para a padronização dos
procedimentos nos canteiros, o único que conta com a coordenação do diretor de Construção, Luiz Henrique
Ceotto, é o de segurança da obra. Não é à toa. O cumprimento das determinações da NR-18 (Norma Regu-
lamentadora no 18 do Ministério do Trabalho) é considerado prioritário pela empresa. Com 24 obras na cidade
de São Paulo, entre edificações residenciais, comerciais e flats, a Inpar ainda não conseguiu zerar o índice de
acidentes em seus canteiros, mas vem reduzindo o número de ocorrências a cada ano.
A empresa, que conta com a consultoria de José Carlos de Arruda Sampaio, da JDL Qualidade, Produtividade e
Segurança do Trabalho, possui um caderno que padroniza todos os detalhes sobre uniformes, EPIs
(Equipamentos de Proteção Individual), bandejas, balancins e entelamento de fachada, proteção de taludes,
passarelas, lajes em execução ou concretadas, escadaria, poço de elevador, shafts e vazios de laje. As
informações e especificações contidas ali devem ser seguidas à risca.
Em cada obra, a equipe técnica elabora um projeto de canteiro com base nos quesitos da NR-18 e nas
necessidades de estoque, entrada e saída de materiais e áreas de vivência. “Primeiro montamos a fábrica para
depois executar a obra”, explica Alexandre Moura, gerente-coordenador de obras da Inpar, destacando que
acaba direcionando as frentes de serviço para atender aos itens da norma. O PCMAT (Programa de Condições
e Meio Ambiente do Trabalho), um dos itens mais importantes da NR-18, é levado a sério e nele são levantadas
todas as áreas de risco e as medidas e proteções para prevenir acidentes.
Para quem acredita que os custos com o cumprimento da NR-18 são exorbitantes, aí vai o recado. Na
construção do flat Caesar Towers Nações Unidas, em São Paulo, a Inpar não vai gastar mais do que 2% do
custo total da obra com segurança. Além de oferecer banheiros, vestiários, armários em número suficiente,
refeitório e área de vivência, a empresa se preocupa em mudar a mentalidade dos operários em relação à
organização e à limpeza. Cartazes são espalhados pelos canteiros lembrando ao trabalhador os cuidados que
precisam ser tomados em cada situação de trabalho. Segundo Ceotto, todos os manuais da construtora serão
transformados em filmes para ser exibidos aos operários em todas as obras da empresa.
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CHÃO DE ESTRELAS
A rede de hotéis Caesar Towers, cuja composição acionária é de 80% para a empresária Chieko Aoki e 20%
para a Funcef, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, deve operar mais 44
empreendimentos de três, quatro e cinco estrelas até o ano 2003 no Brasil. Cerca de nove mil apartamentos
vão entrar em operação nos próximos três anos. Os investimentos nesses empreendimentos que levam a
marca Caesar Towers devem superar a marca de um bilhão de dólares e serão realizados por empresas,
fundos de pensão e investidores.
O Caesar Towers Nações Unidas, cujo empreendimento deve consumir cerca de 17 milhões de reais, faz parte
desse pacotão e vem sendo bancado pelos próprios investidores, que compraram todas as unidades
disponíveis no primeiro final de semana de comercialização do flat, incorporado pela Inpar. Voltado para
executivos que possuem negócios com as empresas sediadas na avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini e na
marginal do rio Pinheiros, zona sul de São Paulo, o empreendimento de quatro estrelas terá 146 unidades de
26 m2 e 24 unidades VIP com 39 m2. Deve estar pronto em julho do ano que vem.